Pereira Miguel tem mais anos de Saúde do que o SNS · de serviço em Março e ontem viu a sua...

7
José Pereira Miguel tem mais anos de "Saúde" do que o SNS Começou a exercer medicina no Santa Maria em 1978, um ano antes da criação do SNS. Desde então ocupou vários cargos dirigentes. José Pereira Miguel foi eleito a "Personalidade Saúde Sustentável"

Transcript of Pereira Miguel tem mais anos de Saúde do que o SNS · de serviço em Março e ontem viu a sua...

José PereiraMiguel tem maisanos de "Saúde"do que o SNS

Começou a exercer medicinano Santa Maria em 1978, um anoantes da criação do SNS. Desde então

ocupou vários cargos dirigentes.José Pereira Miguel foi eleito a"Personalidade Saúde Sustentável"

Pouco conhecido junto do grandepúblico, mas muito reconhecido en-tre os pares. José Pereira Miguelreúne uma experiência de mais de

30 anos na área da Saúde e recebeu

ontem o galardão de "Personalida-de Saúde Sustentável".

José Pereira Miguel começou a

exercer medicina interna no Hos-

pital Santa Maria antes mesmo da

criação do Serviço Nacional de Saú-

de (SNS), em 1979. Manteve-se nes-

sas funções até 1988, altura em quesaiu para dirigir o Hospital da CruzVermelha.

Ontem, na entrega do prémio, o

especialista Mendes Ribeiro carac-terizou José Pereira Miguel comouma "pessoa com um contributo

únicopara o nosso sistema de saú-

de". "E um singelo tributo para todaávida e carreirana causa da saúde",continuou Mendes Ribeiro, listan-do as várias funções desempenha-das pelo médico e professor. "Dasmuitas missões que tem abraçado,o premiado tem posto todo o seu co-nhecimento ao serviço do nosso

País, com uma preocupação perma-nente pela melhoria e sustentabili-dade do Sistema de Saúde", con-cluiu.

Visivelmente emocionado, o ga-lardoado disse que toda a vida se in-teressou pela "questão da preven-ção". "Trabalhar na promoção da

saúde. A minha vida tem estado ao

serviço deste ideal", frisou, depoisde revelar que quando contactado

pela organização da iniciativa ficou

nadúvidasedeveriaaceitarpelofac-tode estar envolvida a indústria far-macêutica. "E um diálogo que temde ser feito com cuidado", explicou,acrescentando que pediu a opiniãoa um interlocutor que lhe respon-deu "estás com o presidente Jorge

MARLENE CARRIÇO

[email protected] muitasmissões que temabraçado, o

premiado temposto todo o seuconhecimento aoserviço do País,com umapreocupaçãopermanente pelasustentabilidade.

JOSÉ MENDES RIBEIROPresidente do grupo técnico para

a reforma hospitalar

Sampaio, estás bem!".O médico de 64 anos dirige o Ins-

tituto de Medicina Preventiva des-

de 1995, função que tem acumula-do com outras posições dirigentes,independentemente da cor parti-dária no poder. Foi subdirector ge-ral da Saúde em 1998-1999; direc-

tor-geral da Saúde entre 2001 e2005 e alto-comissário da Saúde

entre 2001 e 2006. Desde 2006 pre-side também ao Instituto Nacionalde Saúde Doutor Ricardo Jorge(INSA).

Este responsável é ainda profes-sor catedrático de Medicina Pre-ventiva e Saúde Pública da Faculda-de de Medicina de Lisboa desde1998. Acumula ainda experiência naárea da investigação em epidemio-logia e prevenção cardiovascularese avaliação de tecnologias da saúde.Desde 1998 que representa Portu-gal em diversos grupos e comités da

União Europeia e da OMS.

Bruno Simão

Jorge Sampaio I

O presidente do

júri entrgou o

prémio de

"Personalidade

Saúde Sustentável"

a José Pereira

Miguel.

Três ex-ministros I

Maria de Belém e

Lufs Filipe Pereira

foram ministros da

Saúde, enquantoCouto dos Santos

teve a pasta da

Educação.

Jorge Sampaio,Paulo Macedo eJosé MendesRibeiro 1 0 ministro

da Saúde fez

questão em estar

presenta na

entrega dos

prémios.

Jon Fairest e

Miguel Abalroado

1 0 director-geral da

Sanofi, que

patrocinou os

prémios, conversa

com o responsávelda Cofina Eventos.

OS ELEITOS DO JÚRI

Cuidados continuadosPortas de Cantanhedecontinuam abertaspara as famílias

Fechar com chave de ouro I Vítor Leonardo, presidente

do Conselho de Administração, terminou a sua comissão

de serviço em Março e ontem viu a sua gestão premiada.

Aproximidadeeacentralizaçãonodoente, os trunfosdo Hospital de Cantanhede, valeram à instituição a

atribuição do prémio Saúde Sustentável na categoriade cuidados continuados. Esta instituição de saúde foi

a única finalista nesta área, mas para o júri pesaramindicadores como o elevado nível de satisfação dos

utentes ou o facto de as famílias terem total liberdade

para acompanhar a evolução dos doentes.O júri entendia que, no sector dos cuidados conti-

nuados, a sustentabilidade é fundamental, merecen-do especial atenção a racionalização dos custos, ocu-

pação das camas e gestão dos recursos humanos. Can-tanhede é exemplar em cadaum destes indicadores: éum hospital sem dívidas, que paga a 30 dias aos seus

fornecedores, conseguiu uma redução de 20% nos cus-

tos em 2011. A taxa de ocupação de camas foi de 87%em 2010 e, nos recursos humanos, a administração op-tou por contratar médicos em regime de prestação de

serviços. "Aqui, o que pagamos aos médicos é aquilo

que eles fazem", garante o presidente do Conselho de

Administração, Vítor Leonardo.

Contudo, a atenção que dedica ao doente é aquilo

que mais distingue o Hospital de Cantanhede. É nes-ta unidade de saúde que os doentes podem usar as suas

próprias roupas, para se sentirem mais autónomos e

menos doentes. "Uma vez esteve aqui um senhor queficou muito satisfeito por se ver ao espelho: já não o fa-ziahátrês meses, desde que tinha sido internado numoutro hospital", descreveu, durante a visita do Negó-cios, o enfermeiro responsável pela unidade de Con-

valescença, João Paulo Pereira

Programas como o SOS Morse, de prevenção de

quedas entre os doentes, ou a monitorização de ansie-

dade e de úlceras de pressão têm garantido resultadosmuito positivos ao hospital. Por exemplo, só houveuma taxa de prevalência de quedas de 4% em 2010 -que aconteceram por desorientação do doente, expli-ca a enfermeira-directoraÁurea Andrade. O hospitalconsegue atingir uma taxa de 97% na prevenção das

úlceras de pressão. A formação de doentes e familia-

res, para que saibam como tratar as mazelas após aalta,é uma grande preocupação do pessoal. BS

Cuidados primários0 único suspiro quese ouve em Valongoé para o estetoscópio

USF de Valongol Foi na métrica "centralização dos

cuidados no doente" que este centro de saúde melhor

pontuo. O prémio foi entregue por Jon Fairest, da Sanofi.

Da entrada no edifício, em que o porteiro Simão Vi-cente tem um ar mais simpático que o habitual sisudodos seguranças; passando pela sala de espera, em queo ritmo no atendimento nem dá tempo para suspirosde impaciência e muda a cada dez minutos os rostos

que ali se vêem; prosseguindo pelo sorriso de Carla Ro-

cha, a secretária que vai até "mais feliz para o trabalhoe rende mais" por "toda a equipa trabalhar para umobjectivo comum"; e terminando no testemunho de

Narciso Alves, da comissão de utentes, que vê melho-rias de "200% ou 300%" num serviço "espectacular"e que apenas se queixa contra o poder local pela "mi-séria" doestacionamento.AchegadaàUSF de Valon-

go indicia uma "paz social" pouco comum em serviçosde saúde, assente na tese mais repetida durante a visi-ta do Negócios: "o utente é o centro do sistema".

A"centralização dos cuidados de saúde no doente"foi precisamente o critério em que aunidade pontuoumelhor neste concurso. A métrica mostra que o ven-cedor do prémio "Saúde Sustentável", na categoria"cuidados primários", conseguiu o primeiro lugar no

ranMng de candidatos em quatro dos seis indicadoresanalisados. Tem a melhor taxa de utilização global de

consultas médicas (74%) e de consultas de planeamen-to familiar (60,8%), não tem um único utente inscri-to sem médico de família e nenhuma outra unidadeconcorrente garantiu em 2010 uma percentagem tãoelevada de consulta na vida efectuada até aos 28 dias

como aquela que é avalizada aos bebés de Valongo.Margarida Abreu Aguiar, a coordenadora da USF

Valongo que lidera uma equipa de oito médicos, oito

enfermeiros, seis secretárias e cinco internos, indica

que racionalizaram a procura ao adaptar os horáriosdos profissionais ao fluxo de doentes, através da mo-

nitorização mensal e pelo aumento da capacidade de

consulta, que, inclusive, reduziu o absentismo. Cadamédico tem uma média de 1.900 doentes e, de 2010

para 2011, reduziu em 19,5% a despesa com medica-mentos e em 29% os gastos com meios complemen-tares de diagnóstico. Outra "vantagem comparativa",salienta, é a acreditação internacional que assegura a

qualidade da actuação e avaliações periódicas, al

Cuidados hospitalaresBuáaa e as provas deque o utente está nocentro de Leiria

Santo André I O programa de assistência a mães, o Buáaa,

é uma das justificações para a entrega do prémio a Hélder

Roque, presidente do Hospital, pela mão de Paulo Macedo.

Umberçário. Várias camas. Vários bebés. Umauscul-tador para cada bebé. Na sala de lazer, há caixotes en-costados à parede. E aí que os funcionários da entida-de colocam os brinquedos depois de utilizados pelas

crianças internadas nos serviços. Só depois de lavadosvoltam a estar disponíveis. Evitar o contágio de doen-

ças é uma palavra-chave na pediatria do Hospital de

Santo André, em LeiriaEstes são dois exemplos que podem justificar o fac-

to de o hospital de Leiria ter ficado em primeiro lugarno critério que mede as infecções hospitalares na ava-

liação para o Prémio Saúde Sustentável. São poucomais de três casos, em cada cem, aqueles em que háuma infecção devido a cuidados de saúde.

De dimensão distrital, Santo André ganhou o pri-meiro prémio nos cuidados hospitalares, pelas mãos

de Paulo Macedo. Na opinião do júri , o facto de se cen-trar apenas no que consegue fazer bem é um dos pon-tos positivos. Apediatria, quejátinha recebido um pré-mio da revista "Sábado", e a cardiologia, renovada hámenos de dois anos, são dois dos serviços em destaquena entidade liderada por Hélder Roque.

O Hospital de Santo André consegue boa nota na"inovação do serviço ao paciente". Houve uma reno-vação, há dois anos, da unidade de cardiologia de He-modinâmica - em que se realizam práticas invasivas

para fins terapêuticos ou de diagnóstico - e que con-quistou as atenções da administração, tendo supera-do, ao longo dos dois anos em que está a funcionar, as

expectativas iniciais. O sistema de quiosque de aten-dimento automático - que evita o "check in" em bal-cão e dispensa o "check out" - também é elogiado pelojúri. Os programas "Buáaa" e "CirAmb24" são inicia-tivas que, na opinião de quem premiou, mostram um"enfoque nos doentes". Com eles, o hospital está dis-

ponível para ajudar os utentes, mesmo depois de saí-

rem do hospital. O que falta? Conquistar funcionários

para melhorar serviços. Um dos exemplos é a otorri-nolaringologia. "Temos muita procura [de utentes],mas temos umaenorme dificuldade em encontrar pro-fissionais disponíveis", na opinião de João Coucelo,director clínico da instituição. DC