PEDAGOGIA HOSPITALAR: A EDUCAÇÃO E O LÚDICO...
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Curso de Pedagogia Artigo Original
PEDAGOGIA HOSPITALAR: A EDUCAÇÃO E O LÚDICO ASSOCIADOS À
SAÚDE
HOSPITAL PEDAGOGY: THE EDUCATION AND HEALTH ASSOCIATE LUDIC
Daniela Alessandra O. Maciel Gomes1, Liliane Correia de Souza Rodrigues
1, Patrícia Mattão
2
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Resumo
A educação e o lúdico associados à saúde permitem que a criança hospitalizada tenha acesso à escolarização e a infância. O presente
trabalho tem por objetivo central verificar a importância do lúdico como facilitador da aprendizagem da criança que se encontra
hospitalizada e a forma com que esse recurso contribui para amenizar o sofrimento das crianças que diariamente são submetidas a
procedimentos médicos. Constatamos a importância da brinquedoteca e da classe hospitalar, pois elas têm como objetivo disponibilizar
um atendimento pedagógico, realizado pelo pedagogo, e recuperar a socialização da criança por meio de um processo de inclusão.
Palavras-chave: Classe hospitalar; Educação; Lúdico; Pedagogo.
Abstract
Education and playfulness associated with health allow hospitalized children have access to schooling and childhood.This work has as
main objective to verify the importance of playfulness as a facilitator of learning that the child is hospitalized and the way that this feature
helps to alleviate the suffering of children who are daily subjected to medical procedures.We note the importance of the hospital
playroom and class as they aim to provide an educational service, conducted by the teacher, and recover the socialization of the child
through a process of inclusion.
Keywords:hospital class, education,Playful, educator.
1 Graduanda do Curso de Pedagogia.
2Professora especialista do curso de Pedagogia do Icesp/Promove
2
INTRODUÇÃO
Abordaremos a importância do lúdico como
facilitador da aprendizagem da criança que se
encontra hospitalizada e a forma com que esse
recurso contribui para amenizar o sofrimento das
crianças que diariamente são submetidas a
procedimentos médicos, muitas vezes dolorosos.
A humanização hospitalar, que se entende
como atendimento humanizado aos pacientes e
seus acompanhantes, tem sido objeto de
preocupação desde a primeira metade do século
passado. Entretanto, em nosso país, apenas
ganhou a devida atenção e importância,
constituindo-se em política nacional de saúde, na
última década.
As Brinquedotecas Hospitalares surgem
como uma das iniciativas para desenvolver a
humanização no hospital, por meio do
atendimento diferenciado à criança em consulta
ambulatorial ou em internação em decorrência de
acidente ou doença, e ganha status de
obrigatoriedade junto ao setor de pediatria
hospitalar a partir do ano de 2005, por meio da
Lei Federal nº 11.104/2005 que dispõe sobre a
obrigatoriedade de instalação de brinquedotecas
nas unidades de saúde que ofereçam
atendimento pediátrico em regime de internação.
Quando uma criança ou um adolescente
hospitalizado brinca ou consegue ter momentos
de distração e de divertimento no contexto
hospitalar, mergulham em um universo de
possibilidades, pois nestes espaços eles recriam
e enfrentam situações vividas por eles no seu
cotidiano. É por isso que crianças e adolescentes
precisam usufruir dos benefícios emocionais,
intelectuais e culturais que as atividades lúdicas
proporcionam.
Na revisão de literatura, é possível
encontrar nas produções de Cunha3 (2001),
Friedmann (1992), Fonseca4 (2008), Kishimoto
(1998), diferentes concepções sobre a
importância da brinquedoteca e do brincar para o
desenvolvimento infantil e humano. Através das
3Nylse Helena da Silva Cunha Pedagoga, Presidente da
Associação Brasileira de Brinquedotecas. Membro da
Associação Internacional de Brinquedotecas. Pesquisadora na
Área Infantil.
4Eneida Simões da Fonseca PhD em Desenvolvimento e
Educação de Crianças Hospitalizadas (Inglaterra), Mestre em Educação Especial (Noruega), Docente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro e da Classe Hospitalar do Hospital Municipal Jesus do Rio de Janeiro.
brincadeiras, crianças e adolescentes exploram,
descobrem, aprendem sobre o mundo à sua volta
e, principalmente que, em uma situação de
internação hospitalar, toda a sua rotina é
modificada.
O trabalho com brinquedoteca no hospital é
atual e necessário para o bem estar de crianças
que estão internadas. A brinquedoteca é um
espaço onde os pacientes aprendem a
compartilhar brinquedos, histórias, emoções,
alegrias e tristezas sob a condição de
hospitalização.
Além da brinquedoteca hospitalar, temos
também no hospital a classe hospitalar. De
acordo com Fonseca (2008) a classe hospitalar é
um espaço que tem como objetivo atender às
necessidades pedagógicas- educacionais
relativas ao desenvolvimento psíquico, físico e
cognitivo do jovem e da criança dada as suas
condições de saúde. A classe hospitalar garante
procedimentos didáticos, recursos humanos,
materiais diferenciados e espaço físico adequado
ao atendimento das necessidades do educando.
Sabemos que a educação é um fenômeno
humano, e, portanto, histórico cultural, político,
filosófico e social que perpassa os limites da
escola.
A classe hospitalar, dentre os seus
objetivos e funções, busca disponibilizar um
atendimento pedagógico e recuperar a
socialização da criança por meio de um processo
de inclusão. Outro fator abordado e que contribui
para o aprendizado da criança no contexto
hospitalar é o pedagogo que tem como objetivo
dentro da classe hospitalar de dar continuidade
ao processo de escolarização da criança
hospitalizada utilizando na sua práxis o lúdico
como recurso facilitador desse processo.
Dentro dessa perspectiva pergunta-se,
como os recursos lúdicos são utilizados no
atendimento pedagógico realizado pelo professor
na classe hospitalar? Recurso esse, de suma
importância utilizado nas brinquedotecas e
classes hospitalares. O lúdico ajuda a criança a
entender o que está ao seu redor, e a construir
aprendizagens necessárias para o seu cotidiano,
como respeitar regras, socializar-se, comunicar-
se, raciocinar buscando soluções para problemas
que lhe são impostos ou encontrados. Auxilia a
criança enquanto internada, facilitando uma
melhor aceitação dos procedimentos médicos.
Focado na premissa de que a atividade
lúdica é inerente à vida humana e que a criança
3
se constrói na ação do brincar, jogar, imaginar,
fantasiar, criar, nas interações com o outro, nos
processos de ensino e aprendizagem, o presente
estudo objetiva contribuir com as discussões
sobre a educação lúdica na classe hospitalar em
vista da crescente expansão desses ambientes
educacionais. A elaboração do objetivo geral que
conduziu esse trabalho consistiu em investigar e
compreender como os recursos lúdicos são
utilizados no atendimento pedagógico realizado
pelo professor no contexto da classe hospitalar.
No intuito de ampliar e complementar os
conhecimentos a serem adquiridos delineamos
três objetivos específicos, Descrever a
importância da brinquedoteca hospitalar como
espaço de reafirmação da infância; Conhecer e
compreender a concepção pedagógica sobre a
importância do lúdico com suas implicações e
contribuições nos processos de desenvolvimento
e recuperação da criança hospitalizada; Identificar
o papel do pedagogo na classe hospitalar.
Este artigo trata de uma pesquisa
exploratória. Onde buscamos esclarecer como se
dá o processo lúdico com crianças hospitalizadas.
O meio utilizado foi a pesquisa
bibliográfica. Foi feito um apanhado geral sobre
os principais trabalhos já realizados, revestidos
de importância, pois nos forneceram dados atuais
relacionado com o tema.
Quanto à abordagem do problema, a
pesquisa foi tratada de forma qualitativa.
REFERENCIAL TEÓRICO
1- LÚDICO: UM OLHAR HISTÓRICO
A palavra ludicidade tem sua origem na
palavra latina "ludus" que quer dizer "jogo".
Mas este termo não está apenas ligadoà
sua origem, pois dessa forma estaria se referindo
apenas ao jogo, ao brincar, ao movimento
espontâneo. Porém, este conceito evoluiu e
deixou de ser considerado apenas sinônimo de
jogo. Segundo Luckesi (2002), o lúdico é algo
espontâneo e faz parte da atividade humana.
Para esse autor o fenômeno da ludicidade
foca a atividade lúdica como uma experiência
interna do sujeito.
O lúdico ajuda a criança a entender o que
está ao seu redor, e a construir aprendizagens
necessárias para o seu cotidiano, como respeitar
regras, socializar-se, comunicar-se, raciocinar
buscando soluções para problemas que lhe são
impostos ou encontrados. Sendo assim a
brincadeira é um instrumento que a criança
possui para comunicar-se com outras crianças.
Nessa perspectiva, podemos dizer que o
desenvolvimento da criança acontece através do
lúdico, ela precisa brincar para crescer.
O brinquedo, a brincadeira, o jogo, o
brincar são meios pelos quais refletem a
ludicidade e preenchem um lugar importante na
vida da criança e no seu desenvolvimento.
A ludicidade faz parte da história da
humanidade. De acordo com Huizinga5 (2000) na
antiguidade os jogos eram um dos principais
meios por onde aconteciam às interações sociais,
estavam ligados a cultos sagrados, rituais
religiosos e ao teatro que era determinado para a
alta sociedade. Eram caracterizados por
elementos como ordem, tensão, mudança,
movimento, solenidade e entusiasmo.
O autor explica que ao jogar, o indivíduo se
transportava para um mundo diferente do seu dia
a dia.
Kishimoto6 (1994) sustenta que as
primeiras reflexões sobre a importância do
brinquedo e do jogo na educação acontecem em
Roma e na Grécia, contextos em que o lúdico se
fazia presente.Os romanos usavam os jogos para
formar soldados e cidadãos obedientes. Para os
gregos os jogos eram utilizados para promover a
formação estética, espiritual e também a cultura
física.
É importante salientar a importância das
atividades lúdicas desde o princípio da
humanidade, em seus diversos contextos. O
lúdico envolvia os adultos e não apenas as
crianças, sendo utilizado para diversos fins.
Volpato (2002) acredita que assim como o
jogo, o brinquedo, em algumas sociedades,
também possuía uma característica mística e
mágica e a sua produção não era destinada para
a criança, como ocorre atualmente, pois
antigamente, a infância não possuía um lugar
separado do mundo adulto. Não existia
separação entre as atividades lúdicas do adulto e
da criança. Havia uma falta de atenção com a
criança que não recebia afeto e eram poucos os
cuidados com elas, contribuindo para um alto
índice de mortalidade.
5 Johan Huizingafoi professor de História Geral e holandês em
Groningen e em Leiden 6Tysuko Morchida Kishimoto ProfessoraTitular da
Universidade de São Paulo Coordenadora do Laboratório de Brinquedo e Materiais Pedagógicos da USP. Autora de diversas obras sobre jogos, brinquedos e educação infantil.
4
Mesmo na sociedade antiga, em que a
ludicidade não estava vinculada diretamente ao
mundo infantil, Kishimoto (1994), mostra que
alguns filósofos como Platão e Aristóteles,
julgavam que era importante aprender brincando
e acreditavam na introdução do brinquedo e do
jogo na educação como agente que gera prazer e
conhecimentos sociais.
Nos dias atuais, existe no Brasil uma
cultura lúdica que utiliza seus recursos como
elementos que reforçam o desenvolvimento da
linguagem, da imaginação, da criatividade, do
cognitivo, desenvolvem a socialização e a
interação, provocando novas competências,
habilidades e aprendizagens.
2-BRINQUEDOTECA
A brinquedoteca é um espaço criado para
favorecer o brincar. É um local de descobertas,
estimulação e criatividade, objetiva resgatar o
lúdico e a ludicidade infantil. É um espaço que
tem possibilidade e o potencial para desenvolver
características lúdicas.
De acordo com Cunha (1994) a
brinquedoteca é um território onde são
defendidos os direitos da criança à infância, ela
foi criada para as crianças que, em nome do
progresso de nossa civilização, perderam o
espaço e o tempo para brincar.
A criança que vai entrar em uma
brinquedoteca precisa ser tocada pela magia dos
brinquedos, das cores, dos livros de histórias.
Precisa ser um ambiente colorido que estimule o
faz de conta, a dramatização, a construção, a
solução deproblemas, a socialização e a vontade
de inventar.
Santos7 (1997) relata que uma
Brinquedoteca não significa apenas uma sala
com brinquedos, mas em primeiro lugar, uma
mudança de postura frente à educação. É mudar
nossos padrões de conduta em relação a criança;
é abandonar métodos e técnicas tradicionais; é
buscar o novo; é acreditar no lúdico como
estratégia do desenvolvimento infantil.
7Santa Marli Pires dos Santos - Mestre em Educação,
Professora da Universidade Federal de Santa Maria, Diretora do Núcleo de Desenvolvimento Infantil, do Centro de Educação.Presidente da Associação Gaúcha de Brinquedotecas.
As brinquedotecas brasileiras surgiram na
década de 80, sendo consideradas como espaços
criados com o intuito de proporcionar estímulos
para que a criança possa brincar de forma livre.
De acordo com Cunha (1995), nesses
espaços se encontram brinquedos dos mais
variados, coloridos, novos, usados, de madeira,
plástico, metal, pano, antigos, contemporâneos,
os baratos, os caros. Brinquedos que vão realizar
sonhos, desmistificar fantasias ou simplesmente
estimular a criança a brincar de forma
espontânea. Nesse sentido, as brinquedotecas
são depósitos de objetos que não tem vida em
caixas e estantes, mas quando chegam às mãos
das crianças criam vida.
A partir disso, as funções das
brinquedotecas são caracterizadas como:
Terapêuticas, na qual a recuperação de diversos
distúrbios psicomotores é feita através ou com
ajuda dos brinquedos; Comunitárias, que são
brinquedotecas feitas, organizadas e mantidas
pela comunidade; Sucatoteca, lugar onde os
brinquedos são confeccionados pelos próprios
usuários, no qual os materiais utilizados são
recicláveis; Escolar, são as brinquedotecas das
instituições de ensino; Pedagógica, são os
laboratórios para estudos sobre brinquedo em
universidades que possuem cursos em caráter de
licenciaturas; Itinerantes, são brinquedotecas
móveis, construídas dentro de ônibus ou
caminhões que possibilitam que os brinquedos
vão até as crianças mesmo em lugares distantes
ou de difícil acesso; Hospitalar, são
brinquedotecas instaladas em hospitais.
Hospitais que utilizam o brinquedo e a
brincadeira na recreação hospitalar buscam
momentos descontraídos e agradáveis que
proporcionem a aproximação da criança com a
realidade que existe fora do hospital.
De acordo com Cunha (1995) a
brinquedoteca que é um ambiente de encontro de
pacientes e acompanhantes, auxilia no processo
de sociabilização da criança, pois na presença de
outras, a criança não se sentirá isolada em seu
quarto, mas compartilhará sua passagem no
hospital com outros amigos.
A brinquedoteca tem como objetivo
valorizar as atividades lúdicas e criativas. Ela
também estimula o desenvolvimento global das
crianças, dando condições para que as crianças
brinquem com espontaneidade, despertando o
interesse por uma nova forma de animação
cultural que pode diminuir a distancia entre as
gerações.
5
Para esse autor a brinquedoteca é um
espaço criado para favorecer a brincadeira. É um
espaço aonde as crianças (e os adultos) vão para
brincar livremente, com todo o estímulo a
manifestação de suas potencialidades e
necessidades lúdicas.
De acordo com Cunha (1997), as
brinquedotecas têm entre seus objetivos oferecer
um espaço onde a criança brinque sossegada,
sem cobranças e sem sentir que está
atrapalhando ou perdendo tempo;Estimular o
desenvolvimento e a capacidade de se
concentrar; Favorecer o equilíbrio
emocional;Oportunizará expansão de
potencialidades;Desenvolver a inteligência,
criatividade e sociabilidade;Proporcionar acesso a
um número maior de brinquedos, de experiências
e de descobertas;Incentivar a valorização do
brinquedo como atividade geradora de
desenvolvimento intelectual, emocional e
social;Valorizar os sentimentos afetivos e cultivar
a sensibilidade.
Na atualidade, as atividades lúdicas
envolvem diferentes setores da sociedade como:
grandes empresas, universidades, escolas,
hospitais e presídios que reconhecem o valor da
ludicidade para a melhoria de vida das pessoas.
No âmbito escolar, o brincar é reconhecido como
uma das atividades fundamentais para o
desenvolvimento da identidade e autonomia,
conforme expresso no Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil (Brasil, 2000).
Seguindo esta tendência é que surgem as
brinquedotecas hospitalares como uma das
iniciativas para promover a humanização no
hospital, através do atendimento diferenciado à
criança que necessita de internação em
decorrência de acidente ou doença.
2.1-BRINQUEDOTECA HOSPITALAR
Quando uma criança sofre uma internação
hospitalar, há uma modificação no seu curso de
desenvolvimento e na sua forma de ver o mundo.
A internação promove uma série de alterações na
rotina e na vida da criança e dos seus familiares.
Para assisti-los, faz-se necessária uma atuação
que busque diminuir os efeitos da doença e do
seu tratamento, pois, muitas vezes, eles
acometem às crianças de forma global.
Durante a hospitalização a criança poderá
ser prejudicada nos aspectos biológico,
psicológico e social, devido ao afastamento
familiar, intervenções médicas, interrupção da
escolaridade e, principalmente, aos
comprometimentos oriundos da patologia.
Geralmente, o ambiente hospitalar não atende
sua condição de criança no que diz respeito às
suas necessidades sociais, emocionais intensas e
desorganizadoras impregnam o ambiente,
afetando profundamente o comportamento e a
disposição dos pequenos pacientes (Sigaud8,
1996).
A hospitalização infantil promove um
confronto com a dor, a limitação física e a
passividade, aflorando sentimentos de culpa,
punição e medo da morte. Para dar conta de
elaborar essa experiência, torna-se necessário
que a criança possa dispor de instrumentos de
seu domínio e conhecimento. Nessa perspectiva,
o brincar aparece como uma possibilidade de
expressão de sentimentos, preferências, receios,
hábitos, mediação entre o mundo familiar e
situações novas ou ameaçadoras e elaboração
de experiências desconhecidas ou
desagradáveis.
A promoção de atividades lúdicas no
ambiente hospitalar traz a possibilidade de
atender a criança de forma integral, mesmo
estando ela num espaço limitado, de estar
acometida pelo mal estar do corpo doente e de
ter que enfrentar algumas dificuldades como a
rotina hospitalar, a hegemonia do adulto e da
própria fragilidade infantil decorrente da doença.
Assim, a brinquedoteca é o lugar onde a
criança pode expressar seus sentimentos,
tornando a internação menos dolorosa. Na origem
da sua história, as brinquedotecas brasileiras
diferem-se desses primeiros espaços que se tem
notícia. Em outros países, como por exemplo, nos
Estados Unidos, as brinquedotecas são vistas
como locais de empréstimos de brinquedos.
Para garantir as atividades lúdicas às
crianças hospitalizadas, em 1999 foi criado o
projeto Lei Nº 2.087, transformado posteriormente
na Lei Nº 11.104 de 21 de março de 2005. Esta
lei obriga os hospitais com atendimento pediátrico
de internação, instalarem em suas dependências
uma sala de recreação. Nesse sentido, a
brinquedoteca hospitalar tem por objetivo
amenizar a estadia da criança, possibilitando a
ela, momentos menos traumáticos, mais felizes
durante sua recuperação. Este é o espaço que a
criança possui para brincar de forma livre sem
que o adulto a atrapalhe, na qual predominam a
criatividade e a imaginação (Cunha, 1998).
8 Cecília Helena de Siqueira Sigaud- Professora da Escola de
Enfermagem, Universidade de São Paulo
6
O brincar é algo inerente à criança. O
lúdico vai ter muita importância durante a
internação, para amenizar o sofrimento dela em
ficar longe da escola, dos amigos e da família.
Sobre os benefícios da brinquedoteca
hospitalar, Ortiz (2005) aponta que estes, hoje, se
apresentam como alternativa real de melhora na
qualidade de assistência e de garantia do direito
de brincar. Resultados visíveis em relação à
abordagem do familiar têm sido alcançados,
muitas vezes, até indiretamente, levando a uma
melhor adaptação de toda a família durante o
período de hospitalização e a um menor desgaste
da relação com a criança.
3-PEDAGOGIA HOSPITALAR
No decorrer da história, a Pedagogia
Hospitalar tem apresentado avanços
consideráveis dentro de sua área de atuação. No
decorrer dos anos seu campo de estudo vem
sendo mais debatido e seu conceito está cada
vez mais divulgado, porém, antes dela ser
amplamente expandida, no século XVIII, o
hospital não era visto como um lugar onde os
doentes recebiam tratamento, eram vistos como
pobres moribundos. Assim, o atendimento era
sem fim terapêutico, sendo que as pessoas que
trabalhavam nos hospitais não buscavam
necessariamente a cura dos doentes, mas a
salvação eterna por meio de obras caritativas
(MONTARROYOS apud França, 2011).
Nesse momento, segundo Zardo9 (2007) o
hospital era visto principalmente como uma
instituição de assistência, separação e exclusão
dos pobres. Dessa maneira a função do hospital
era recolher o pobre para livrar a sociedade do
perigo de contágio.
Para essa autora, a humanização do
hospital de modo necessário passa por mudanças
da instituição hospitalar como um todo e pela
própria transformação social. Dessa maneira, os
hospitais infantis passam a se esforçarem para
que sejam realizados trabalhos
inter/multidisciplinares, para que os pacientes
tenham atendimentos de qualidade. Com isso na
segunda metade do século XX, iniciam-se os
trabalhos da pedagogia hospitalar e com ela as
9Sinara Pollom Zardo, Doutora em Educação pela
Universidade de Brasília. Professora Visitante do Departamento de Teoria e Fundamentos da Faculdade de Educação da UnB. Professora pesquisadora do grupo de pesquisa Gerações e Juventude da Faculdade de Educação/UnB.
classes hospitalares vindas de estudos, práticas e
observações realizadas por psicanalistas e
psiquiatras em orfanatos, asilos, creches e
demais instituições de atendimento à infância, em
países como a Inglaterra, os Estados Unidos e o
Canadá.
O atendimento educacional que a classe
hospitalar propõe vem dar novo significado para a
internação, cada vez que se valoriza o potencial
da criança hospitalizada, deixando que ela
participe do mundo que a rodeia e tome posse
dos conhecimentos que fazem parte desse
mundo. Dessa maneira a criança não se sente
privada e diferente por sua condição de doente,
sendo respeitados seus limites clínicos, psíquicos
e emocionais sem que se subestime sua
capacidade de aprender, ensinar e se relacionar.
Na experiência adquirida em sua trajetória,
a Pedagogia, permitiu uma análise, um acervo
teórico-prático de ensino e aprendizagem,
credenciando-a a auxiliar a Pedagogia Hospitalar,
o que deixa claro a necessidade da existência de
um aperfeiçoamento, para que exista o
desenvolvimento de uma prática educativa
competente e comprometida. (MATOS &
MUGGIATTI, 2006)
A hospitalização, de certa forma, ameaça o
ser humano de forma muito profunda e quase
sempre vem acompanhada pelos sentimentos de
medo e angustia. Para crianças e jovens, essa
ameaça é ainda mais dolorosa, pois percebe o
hospital como um ambiente de sofrimento e dor, o
que geralmente é reforçado por procedimentos
invasivos a que quase sempre são submetidos
durante o tratamento.
Dessa maneira se faz necessárias
adaptações do hospital à criança, como o
atendimento pedagógico que procura oferecer a
essas crianças momentos práticos de
envolvimento que, vão permitir que continuem
aprendendo e se desenvolvendo no hospital,
possibilitam amenizar a dor causada tanto pelos
procedimentos médicos, como pela carência
ocasionada pelo fato de estar longe de familiares,
amigos, enfim, de sua rotina diária. Por isso a
prática educativa dentro do hospital é tão
importante para a criança que se encontra
hospitaliza, pois nada impede que ela adquira
novos conhecimentos.
3.1- O PAPEL DO PEDAGOGO HOSPITALAR
O campo de atuação do pedagogo está
crescendo muito, por esse motivo o pedagogo
7
tem que estar bem preparado para atuar não só
na escola, na gestão, supervisão e coordenação,
mas em empresas e hospitais. Segundo Libâneo
(2001), o pedagógico passa toda a sociedade,
ultrapassando o âmbito escolar formal,
estendendo-se pelas esferas mais amplas da
educação informal e não formal. O pedagogo pode atuar em diferentes
âmbitos sociais, pois a educação está presente
em todos os contextos. Portanto é necessário ter
uma prática educativa competente e
comprometida.
Segundo Vasconcelos (2006) as primeiras
intervenções por pedagogos ocorridas em
hospitais iniciaram-se no ano de 1935, nos
arredores de Paris, quando Henri Sellier
inaugurou uma escola para crianças inadaptadas.
Seu trabalho foi expandido por seguidores – na
Alemanha, França, em outros países da Europa e
nos Estados Unidos – que visavam o atendimento
às crianças infectadas pela tuberculose, moléstia
muito comum nessa época que, por ser muito
contagiosa, acabava por afastá-las da escola.
O pedagogo no ambiente hospitalar pode
ter uma função múltipla, ele pode trabalhar nos
recursos humanos, no processo de formação
continuada dos funcionários, na capacitação de
profissionais independente se é da área de
educação ou não.
O papel do pedagogo no contexto
hospitalar é o de estimular a aprendizagem para
tornar o ambiente menos hostil. A criança
continua se desenvolvendo no período em que se
encontra hospitalizada, portanto cabe ao
educador o papel de estimulá-la no processo de
construção do seu conhecimento.
O pedagogo auxilia a criança a ter contato
com o mundo fora do hospital, ajudando na
elevação da autoestima e a entender melhor a
doença e o ambiente no qual está inserida. Com
sua assistência o ambiente de dor é
transformado, mudando o foco da doença e
trazendo uma nova perspectiva de vida para a
criança internada; a figura do professor acalma e
tranquiliza por ser uma pessoa conhecida do
cotidiano escolar. Fonseca (2008) ressalta que o
professor da escola hospitalar vai ser um
mediador das interações da criança com o
ambiente hospitalar.
A pedagogia hospitalar e o pedagogo têm
por objetivo não deixar a criança à margem do
processo educativo durante sua internação, não
se voltando apenas para o currículo escolar, mas
também a criação de condições concretas que
permitam à criança continuar se desenvolvendo
em todos os aspectos.
3.2- OS DIREITOS DAS CRIANÇAS:
PRINCÍPIOS LEGAIS DA PEDAGOGIA
HOSPITALAR
Ao buscar promover a educação para os
educandos impossibilitados de frequentar a
escola regular, encontramos no Brasil a
discussão sobre a educação especial que ganhou
força com a Constituição de 1988, pois nela está
expresso o direito à educação por meio do direito
à aprendizagem e a escolarização, sendo
exercido principalmente por meio do acesso a
escola de educação básica. A Constituição
Federal (BRASIL,1988) estabelece que a
educação é direito de todos e dever do Estado e
da família e visa o pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Porém, muitas circunstâncias podem
interferir na frequência escolar, permanente ou
temporariamente, diante disso é necessário que
essa direito seja garantido em diferentes
situações. A Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional (LDB) nº 9.394 de dezembro
de 1996 respaldada na Constituição Federal de
1988, garante aos portadores de necessidades
especiais os serviços necessários para a sua
aprendizagem e desenvolvimento, respeitando
suas particularidades e necessidades. Ainda em
seu capitulo V da Educação Especial, a LDB,
dispõe que: Art. 58 – Entende-se por educação especial, para o efeito desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente da rede regular de ensino, para educando portador de necessidade especial. §2º - o atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições especificas
dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular. (BRASIL, 1996)
No mesmo sentido, a Lei nº 8.069 de julho
de 1990, dispõe sobre a proteção integral à
criança e ao adolescente, com as modificações
introduzidas pela Lei nº 8.242 de outubro de
1991, em seu Capitulo IV Do direito, à cultura, ao
esporte e ao lazer, estabelece que: Art. 3º - A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta lei, assegurando lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, intelectual, moral,
8
espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade (BRASIL, 1991).
O direito à continuidade de escolarização
às crianças e jovens que estão hospitalizados é
reconhecido através do Estatuto da Criança e do
Adolescente Hospitalizado, por meio da
Resolução nº 41 de outubro de 1995, do
Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente, (CONANDA), que estabelece em
seus artigos oitavo e nono, o direito ao aluno de
ser hospitalizado quando necessário sem que
haja diferença de cada indivíduo, além de que
esse tenha conhecimento adequado do seu
diagnóstico e do tratamento sobre sua
enfermidade, respeitando-se sua fase cognitiva,
havendo amparo psicológico quando necessário,
e permitindo-o desfrutar de alguma forma de
recreação, programas de educação para a saúde
e acompanhamento do currículo escolar.
As Diretrizes Nacionais para a Educação
Especial na Educação Básica de 2001, trata do
atendimento em Classe Hospitalar estabelece
que o atendimento educacional especializado
pode ocorrer fora de espaço escolar, nesses
casos, certificada a frequência do aluno mediante
relatório do professor.
A Lei 2.809 de outubro de 2001 estabelece
o direito da criança e do adolescente ao
atendimento pedagógico e escolar na atenção
hospitalar do DF, em Unidade de Saúde do
Sistema Único de Saúde do Distrito Federal,
SUS/DF, onde é garantido às crianças e
adolescentes hospitalizados em Unidades do DF
o atendimento pedagógico (BRASIL, 2001).
Diante disso, dizemos que o atendimento
às crianças e jovens hospitalizados é um direito
do todos os educandos, garantindo por lei, pelo
tempo que estiverem afastados ou impedidos de
frequentar a escola, seja por dificuldades físicas,
psicológicas ou mentais. Portanto o hospital tem
possibilidades de dar o direito ao atendimento das
necessidades e interesses da criança mesmo
quando ela está com a sua saúde comprometida. Em outras palavras, não seria errôneo considerar o ambiente hospitalar como aquele onde coexistem dor, debilidade orgânica e a necessidade de muito repouso se, neste mesmo ambiente, não coabitassem também vida, movimento e energia. Pelo menos é o que acontece nas interações entre os profissionais da educação e as crianças no dia-a-dia da escola no ambiente hospitalar, desde que nela não se menospreze (...) a dimensão vivencial, e de fato se escute o que o aluno tem a dizer. Assim, a escola hospitalar (...) não é segregativa, mas transparece com o caráter inclusivo, apesar das características do hospital (FONSECA, 2008, p. 15).
Assim, propiciar um aprendizado
significativo para as crianças e jovens
hospitalizados está intimamente ligada a tornar a
difícil experiência causada pela internação em
momentos de aprendizado e autoconhecimento.
De acordo com a resolução CNE/CEB, nº 2 de 11
de setembro de 2001, a Educação Especial
enquadra-se como modalidade de educação
escolar, entendendo-a como processo
educacional definido por uma proposta
pedagógica que assegure recursos e serviços
educacionais especiais de modo a garantir a
educação escolar e promover o desenvolvimento
das potencialidades dos educandos que
apresentam necessidades educacionais
especiais.
Nos dias atuais as políticas educativas
entendem que a Educação Especial engloba
várias necessidades educativas especiais, seu
objetivo principal é promover uma qualidade de
vida melhor àqueles que, necessitam de um
atendimento mais especializado, ou seja,
direciona-se ao atendimento de pessoas que
precisam de métodos, recursos e procedimentos
especiais durante o seu processo de ensino-
aprendizagem.
O MEC em seu documento Classe
Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar:
Estratégias e Orientações (2002) declara que
quando o aluno encontrar-se impossibilitado de ir
a escola, durante o período em que trata da
saúde ou de assistência psicossocial, é
necessário formas alternativas de organização e
oferta de ensino de modo que se cumpra os
direitos à educação e à saúde.
Em 2008 o MEC faz um documento
denominado Política Nacional de Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva
que afirma que o atendimento educacional
especializado tem a função de identificar, elaborar
e organizar recursos pedagógicos e de
acessibilidade que acabem com as barreiras para
a participação dos alunos, considerando as
necessidades específicas de cada um. Assim
podemos dizer que um dos papeis do pedagogo
hospitalar é auxiliar o educando a transpor
barreiras.
Segundo Sartoretto (2011) os direitos das
pessoas com necessidades educacionais
especiais não precisariam estar em leis, pois,
segundo ele, “são direitos originários
fundamentais, que decorrem do simples fato de o
sujeito desses direitos ser pessoa humana”
(SARTORETTO, 2011, p. 2). Porém para que
9
sejam mais explícitos e fiquem mais claras as
responsabilidades de quem deve garantir esses
direitos, se faz necessário que estejam contidos
em textos legais.
Tais direitos foram reconhecidos pela
primeira vez, na Declaração Universal dos
Direitos do Homem, em 1948, onde é declarado
que todas as pessoas nascem livres e iguais em
dignidade e direitos, sem distinção de raça, cor,
sexo, língua, religião, opinião política ou de
qualquer outra natureza. Ou seja, ao afirmar que
todas as pessoas nascem iguais, afirmaram
também que o direito a educação não está
condicionado a nenhum pré-requisito.
(SARTORETTO, 2011)
Mesmo diante de vários documentos que
garantem o acesso do aluno com necessidades
educacionais especiais temporárias em razão de
adoecimento, seja no hospital, seja em domicílio,
e a sua inclusão no processo educativo, fica claro
que a legislação ainda é desconhecida por
grande parte das escolas, dos pais e dos próprios
hospitais.
Estes devem incluir nas suas ações de
humanização, meios de parceria com os sistemas
de educação a fim de disponibilizar em suas
unidades de saúde, o acesso à escola, atendendo
às necessidades físicas, cognitivas e afetivas das
crianças enfermas, garantindo o seu direito ao
acesso e/ou continuidade ao currículo escolar de
acordo com os Parâmetros Curriculares
Nacionais. Se essas ações forem realizadas,
haverá a possibilidade de se evitar a exclusão
escolar e social, ao mesmo tempo em que se
garante a participação destes indivíduos na
sociedade, no exercício pleno da cidadania.
3.3- CLASSE HOSPITALAR E O LÚDICO
No ambiente hospitalar, o ensino e
aprendizagem são realizados na classe
hospitalar. É um local que garante à criança e ao
jovem hospitalizado o direito à educação.
Fonseca (2008) acredita ser um espaço que tem
como objetivo atender às necessidades
pedagógicas-educacionais relativas ao
desenvolvimento psíquico, físico e cognitivo do
jovem e da criança dada as suas condições de
saúde.
A educação em classe hospitalar é um
direito garantido por uma extensa legislação, que
de forma direta ou indireta criam margem para
interpretações que justifiquem essa modalidade
de ensino. Atualmente é reconhecida e orientada
pelo Ministério da Educação (MEC).
Anteriormente à existência da legislação, era um
espaço concreto dentro de alguns hospitais
brasileiros, todavia sem amparo de uma lei.
No cenário das normativas brasileiras, o
Decreto 1044/1969 (BRASIL, 1969), é um dos
primeiros documentos brasileiros que fala acerca
da educação integrada à saúde. Trás em seu
texto a possibilidade do atendimento em classes
especiais aos educandos que, por condições de
saúde, não possam frequentar a escola.
A classe hospitalar vai garantir em seus
procedimentos didáticos, recursos humanos,
materiais diferenciados e espaço físico adequado
ao atendimento das necessidades do educando.
A Política Nacional de Educação Especial a
classe hospitalar (BRASIL, 1994) diz que um
ambiente hospitalar deve possibilitar o
atendimento educacional de crianças e jovens
internados que estejam em tratamento hospitalar.
No contexto do Distrito Federal, foi criada a
Lei nº 2.809/2001, para dispor sobre a garantia do
direito da criança e do adolescente ao
atendimento pedagógico e escolar durante o
período de internação hospitalar. Trata-se de uma
lei distrital que relata a obrigatoriedade da
escolarização no hospital como forma de garantia
dos direitos constitucionais da criança. É uma lei
que em seu texto define a classe hospitalar como
um lugar de promoção da infância, saúde e
educação. Em sua proposta a lei afirma que cabe
ao poder público local promover o atendimento
educacional em instituições hospitalares públicas
conveniadas e particulares contratadas pelo
Sistema Único de Saúde do Distrito Federal -
SUS/DF.
Dentro do convênio da classe hospitalar
existem as atribuições específicas vinculadas ao
atendimento da criança hospitalizada. O objetivo
da classe hospitalar é o de dar continuidade à
escolarização da criança internada. É o direito da
criança está internada e receber o atendimento
educacional, independente da sua situação de
saúde, isso é garantido pelo Estatuto da Criança
e do Adolescente (ECA10
) e pela Lei de Diretrizes
e Base Nacional (LDBEN11
).
10
Resolução nº 41 de outubro de 1995, do Conselho Nacional
dos Direitos da Criança e do Adolescente, que estabelece em seus artigos oitavo e nono, o direito ao aluno de ser hospitalizado quando necessário sem que haja diferença de
cada indivíduo. 11
Art. 58 §2º - o atendimento educacional será feito em
classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições especificas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular. (BRASIL, 1996)
10
Em seu funcionamento a classe hospitalar
pressupõe a criação de hábitos e rotinas
específicas ao cotidiano hospitalar, assim como
ocorre na escola regular. O estabelecimento de
uma rotina facilita o trabalho a ser desenvolvido
na classe quanto ao planejamento do pedagogo.
Fonseca (2008) afirma que, em geral, as
classes hospitalares funcionam no período
vespertino, uma vez que a rotina médico-
hospitalar tende a ser mais intensa no período da
manhã. Portanto, a diferentes acontecimentos da
rotina hospitalar, faz com que as interferências no
atendimento pedagógico façam parte da dinâmica
das atividades.
Como por exemplo, durante a realização de
uma atividade pode surgir à necessidade do
aluno se ausentar para realizar um procedimento
médico, ou receber uma visita. Essa rotina
diferenciada exige que o pedagogo faça um
planejamento, desenvolva, registre e avalie,
assim como no contexto escolar. Porém, o
planejamento e o currículo devem ser
fundamentados em práticas flexibilizadas e
principalmente humanizadas. A prática deve ser
dinamizada e flexível.
A classe hospitalar deve se adequar à
criança, e não a criança a ela. Ou seja, deve estar
disponível a criança quando esta dela precisar.
Essa especificidade da criança hospitalizada
coloca constantemente o pedagogo frente a
desafios distintos. Em situações que exigem que
ele crie estratégias para, por exemplo, incluir uma
criança que chega à classe após iniciada as
atividades, ou precisa sair antes do término das
atividades.
A classe hospitalar, dentre os seus
objetivos e funções, busca disponibilizar um
atendimento pedagógico e recuperar a
socialização da criança por meio de um processo
de inclusão. Isso requer um espaço físico
organizado e adequado às necessidades da
criança.
Aspectos como o tamanho da mobília, a
decoração, os recursos lúdicos, a disposição dos
materiais e a limpeza são elementos que
interferem no desenvolvimentodas atividades, nas
interações entre pares e no funcionamento da
classe.
O objetivo geral do pedagogo dentro da
classe hospitalar é o de dar continuidade ao
processo de escolarização da criança
hospitalizada, porém existem objetivos
específicos intrínseco a esse processo, por
exemplo, crianças em faixa etária escolar fora da
escola, (seis a quatorze anos) que estejam
internadas numa situação ou de vulnerabilidade
social, ou numa desestrutura familiar e que está
fora da escola. O papel do professor da classe
hospitalar é o de encaminhar junto com o serviço
social essa criança, se certificar porque ela está
fora da escola e encaminhá-la para o
procedimento de matrícula.
O professor da classe hospitalar tem vários
objetivos específicos ligados ao objetivo maior
que é o de dar continuidade ao processo de
escolarização. O trabalho realizado por esse
profissional, não se baseia em propiciar
atividades que ocupem o tempo da criança, mas
seu atendimento busca criar condições para dar
continuidade ao seu desenvolvimento, estimular a
sua aprendizagem e propiciar meios que a
ajudem em sua recuperação.
Dentro do hospital ela representa para a
criança uma pessoa confiável, pois faz parte de
seu mundo real e vivido fora do contexto
hospitalar. A presença desse profissional auxilia
de forma efetiva para o desenvolvimento da
criança e ajuda a construir uma nova concepção
de atendimento hospitalar fundamentado na
abordagem humanista. O professor é um
importante elo de interação entre a criança, pais
ou acompanhantes, o hospital, a doença, e o
mundo exterior.
A presença desse profissional proporciona
a criança condições que contribuem para o seu
desenvolvimento e a aprendizagem, auxiliando-a
a ter autonomia para reagir diante da nova
realidade. Na percepção de Rodrigues; Acredita-se que o trabalho do educador da Classe Hospitalar é de um facilitador, ou seja, ele vai mostrar aquele aluno enfermo, que mesmo diante de todas as dificuldades por ele enfrentadas, está tendo a possibilidade de não parar com o seu processo de desenvolvimento. O fato de estar longe da escola e da relação com seus amigos, não priva a criança ou o adolescente de dar continuidade no seu processo de aprendizagem e desenvolvimento como aluno e como pessoa.Rodrigues (2012, p. 59)
Matos e Mugiatti (2009) afirmam que, por
ser um lugar desafiador, a classe hospitalar
proporciona a oportunidade de um fazer
pedagógico diferenciado do ambiente escolar. O
contexto hospitalar exige do pedagogo um novo
olhar sobre a educação. Ensinar consiste
estimular a criança a reconhecer-se como sujeito
capaz de desenvolver habilidades e construir
conhecimentos, respeitando, sobretudo, sua
rotina, seu estado psicológico, emocional e físico.
Assim, a classe hospitalar é um espaço
desafiador para o pedagogo, precisa-se promover
interações entre a equipe profissional (médicos,
11
enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais
dentre outros), fazer a mediação das interações
da criança com o ambiente hospitalar, favorecer a
construção de conhecimentos de forma
contextualizada a nova rotina da criança e utilizar
variados recursos na promoção dos processos de
ensino e aprendizagem.
É importante salientar que a aprendizagem
da criança torna-se mais fácil e prazerosa por
meio do lúdico.
O lúdico como recurso utilizado no hospital
possibilita a criação de espaços que favorecem a
proteção à infância e a continuidade do
desenvolvimento integral da criança enferma. É
uma alternativa para o professor tornar as
atividades mais dinâmicas dentro da classe
hospitalar e mediar os processos de ensino e
aprendizagem. A cultura lúdica possibilita um
conjunto de procedimentos que beneficiam o
atendimento pedagógico, retomam parte do
cotidiano da criança e impulsionam o seu
processo de cura e recuperação da saúde.
O lúdico no hospital resgata o brincar e o
jogar, atividades essenciais à infância. O brincar
reafirma a condição de criança ao pequeno
paciente, pois permite explorar novos contextos,
expressar comportamentos não demonstrados no
cotidiano hospitalar, interagir com o outro e com
objetos, liberar a criatividade e a imaginação,
fantasiar e superar situações de medo,
ansiedade, dor, e sofrimento.
Conforme Vygotsky (2007), o jogo auxilia
na manifestação da subjetividade da criança e
ajuda a preservar a sua autoestima e
autoconfiança. Para a criança que diariamente é
submetida a intervenções médicas, os momentos
que esses recursos propiciam repercutem de
maneira positiva no seu tratamento e
desenvolvimento. Contudo, a finalidade das
atividades lúdicas não consiste somente em
momentos de recreação e de diversão, que
distanciam a criança do possível sofrimento
gerado pelo evento da hospitalização. A
necessidade lúdica excede as demarcações do
brincar, da diversão e as dimensões educacional
e terapêutica, sendo uma necessidade básica da
personalidade, do corpo e da mente. Segundo
Fortuna (2007): O brincar no hospital não deve servir para distanciá-la da realidade, distraindo-a, tal como uma manobra diversionista, mas deve auxiliá-la a vivê-la: desenvolvendo seu raciocínio, sua capacidade de expressão, melhorando seu ânimo, a criança reúne forças e instrumentos intelectuais para compreender a realidade que vive. Fortuna (2007, p. 38):
A abordagem lúdica permite a vivência
plena da realidade, integra a ação, pensamento e
sentimento, promove o restabelecimento físico,
cognitivo, social e psicomotor da criança
hospitalizada, auxilia seu processo de cura e
permite conexões com vida externa ao hospital
(educação, família, amigos, escola, brinquedos,
brincadeiras, dentre outros).
Para Kramer (2007), a ludicidade faz parte
da vida humana e permite momentos de diversão,
espontaneidade, conhecimento, prazer e
satisfação. Incentivar o desenvolvimento e a
aprendizagem infantil de forma lúdica baseia-se
em respeitar a criança, seus tempos, suas
capacidades, enfermidade e subjetividade.
Favorecer essa prática humaniza a atuação dos
profissionais e os tratamentos médicos e
terapêuticos, desperta a sensorialidade,
motricidade, inteligência infantil, estimula a
construção da identidade e autoestima da
criança, permite espaços para a vivência da
infância, do brincar e do enfrentamento da
doença e a reafirma a identidade do professor
como mediador do lúdico, da educação e da
saúde.
A criança aprende por meio do brincar. Ela
brinca naturalmente e quase tudo se transforma
em objeto do brincar, ou seja, um pedaço de
papel vira um avião, uma caixinha se transforma
em cama, entre tantas outras possibilidades.
De acordo com Cunha (2000) nas décadas
de 1920 e 1930, já havia algumas pesquisas
sobre o brincar, mas foi entre as décadas de 1940
e 1950, com os trabalhos de Piaget, que as
pesquisas sobre a importância das brincadeiras
para as crianças despontaram.
A brincadeira representa um fator de
grande importância para a socialização da
criança, auxiliando-a desenvolver sua
imaginação, interesse e iniciativa, favorecendo
dessa forma a viver socialmente no mundo. A
criança não perde o direito ao brincar por estar
hospitalizada, pelo contrário, a brincadeira vai
amenizar o impacto da internação deixando o
ambiente do hospital mais humanizado.
Independente se a criança está
hospitalizada ou não, é necessário o lúdico. Pois
para aprender tem que brincar. É inato da
criança, ela brinca desde que nasce, cabe ao
professor estimular e canalizar isso por um
processo de aprendizagem.
12
A criança hospitalizada, segundo Viegas12
(2006), fica muito ansiosa, por estar em ambiente
diferente do que ela está acostumada. E, ainda,
as crianças, na maioria das vezes, ficam sem
ninguém da família, o ambiente hospitalar é frio,
as pessoas são geralmente muito técnicas, falam
algumas coisas que nem sempre as crianças
entendem.
Conforme esse mesmo autor, a criança no
contexto hospitalar sente dificuldades de
adaptação, por estar longe da família, e de todos
com quem convive no seu dia a dia, sem os seus
brinquedos ela fica triste, não dorme direito,
torna-se apática, podendo mostrar-se agressiva
pelo estresse que ela sofre.
Nesta perspectiva, o lúdico, as brincadeiras
e os brinquedos vêm para suavizar a dor da
criança e tornar o ambiente hospitalar mais
humano, ajudando-a a superar o momento de
enfermidade, por meio das atividades lúdicas.
Permitindo-lhe usar o seu imaginário e suas
fantasias, minimizando dessa forma a sua dor,
promovendo segurança, distração e confiança.
O lúdico é um instrumento utilizado para
animar a criança a se levantar do leito, a
brinquedoteca e a classe hospitalar lembram um
pouco mais a criança do seu universo infantil,
retirando-a um pouco da realidade em que está
vivendo, de remédio e tratamentos que por sua
vez à amedronta, trazendo estresse e deixando a
criança arredia, principalmente quando é a
primeira internação.
O lúdico independente do contexto é
importante no desenvolvimento da criança. No
ambiente hospitalar o lúdico estimula a criança a
sair do leito, faz com que a criança fique menos
estressada e aceite melhor os procedimentos,
exames e medicações que muitas vezes lhes
causam dor.
Dentro do estresse da situação de
internação o brinquedo ameniza o processo de
adoecimento. A criança que está apática e muito
acamada, quando existe um lugar onde ela possa
brincar, estudar e fazer seu dever, isso faz com
que a autoestima dessa criança melhore e ela
deseje levantar do leito.
O pedagogo precisa ter uma escuta
sensível e um olhar diferente em frente a essa
criança, pois ela trabalha com a questão da dor e
tem momentos que ela precisa ficar mais
quietinha. Terá o momento adequado para levá-la
12
Drauzio Viegas- Médico, Professor titular de Pediatria e
Puericultura da Faculdade de Medicina do ABC/SP.
ao contexto da classe hospitalar ou o material
adequado ao leito, dependendo da situação, pois
tem aquelas que estão em isolamento, nesse
caso é o pedagogo que vai a leito.
Quando a criança brinca ela reage de
maneira mais espontânea, interage melhor, pois o
lúdico é uma linguagem mais comum a ela. No
ambiente hospitalar quando você chega com um
bloquinho de colorir e não com um termômetro,
há um significado diferente, o contexto é
diferente.
Deve-se salientar a importância do brincar
no hospital, visto que o processo pelo qual as
crianças passam no período de internação gera
choque, causando medo e angústia, e os
procedimentos muitas vezes invasivos e
dolorosos desatam uma conduta de instabilidade
e introversão, impedindo assim a realização do
tratamento e a sua recuperação.
Frente esta situação problemática, o
brincar, o jogo, as atividades criativas e até
mesmo o dever que a professora passa, ou seja,
o lúdico é um auxílio essencial para amenizar o
estresse da internação e anular a impessoalidade
e indiferença que habitualmente acomete o
ambiente hospitalar.
Ainda sobre a importância do brincar, de
acordo com Fortuna (2007), além de permitir com
que a criança não interrompa o seu processo de
desenvolvimento cognitivo, tende a contribuir para
que o enfermo enfrente a sua doença ou estado
de enfermidade com outro olhar, o que
automaticamente influencia no seu tratamento.
O lúdico é algo prazeroso que traz alegria e
resgata a condição de ser criança. A criança
mesmo acamada vira outra e em consequência
disso, ela vai sentir-se mais próximo do normal se
afastando da doença.
A criança hospitalizada que tem um
momento na brinquedoteca ou classe hospitalar
aceita melhor a internação, os procedimentos da
enfermagem, esse momento onde o lúdico é
utilizado ajuda a amenizar o processo de
adoecimento.
4 - ANÁLISE DOS DADOS
Nesta seção, será descrita a metodologia
adotada nessa pesquisa.
4.1- PERCURSOS METODOLÓGICOS
O presente artigo está dividido em quatro
títulos e pretende explicitar os procedimentos
13
metodológicos que serviram de base para
compreender como os recursos lúdicos
contribuem para o atendimento pedagógico
realizado pelo professor no hospital.
Trata-se de uma pesquisa exploratória,
quetem como objetivo levar o pesquisador
familiarizar-se com o objeto de estudo. No nosso
artigo buscamos esclarecer como se dá o
processo lúdico com crianças hospitalizadas.
O meio utilizado foi a pesquisa bibliográfica
que é um estudo sistematizado sobre a ludicidade
no contexto hospitalar.
Quanto a abordagem do problema é uma
pesquisa qualitativa, que dá ênfase na
compreensão das intenções do significado dos
atos humanos.
A pesquisa bibliográfica está embasada
nas ideias teóricas de pesquisadores e
educadores como: I) Huizinga ((2000) que relata
a historicidade do jogo, abordando sua
importância no meio social e educacional;
II)Cunha (1998) que aborda os objetivos da
brinquedoteca; III)Kishimoto(1994) que relata a
importância do brincar; IV) Ortiz (2005),
Zardo(2007), Fonseca (2208), Fortuna(2007) e
Vasconcelos(2006)que abordam a tríade
educação, saúde e criança, corroboram sobre a
importância do lúdico na práxis do pedagogo no
contexto hospitalar, como forma de garantir os
direitos inerentes aos menores que se encontram
internados. Os eixos centrais das concepções
analisadas priorizam pelo desenvolvimento das
atividades lúdicas como forma de possibilitar o
acompanhamento educacional e a recuperação
da criança.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse artigo buscou através da pesquisa
bibliografia verificar a problemática de como os
recursos lúdicos cooperam para o atendimento
pedagógico executado pelo professor no contexto
da classe hospitalar e da brinquedoteca
hospitalar, buscamos conhecer as implicações e
contribuições da atividade lúdica no atendimento
pedagógico e nos processos de recuperação da
criança hospitalizada.
Ao apresentar essa pesquisa sobre a
importância e contribuições do lúdico na prática
pedagógica procuramos entender as perspectivas
do pedagogo como um sujeito capaz de efetivar
ações para que os processos de educação no
contexto do hospital estimulem a escolarização
da criança enferma, garanta a continuidade de
seu desenvolvimento, promova transformações
sociais e amenize os impactos da hospitalização.
Os conhecimentos construídos na
produção do referencial teórico, por meio da
pesquisa, demonstram que os recursos lúdicos
contribuem para que o atendimento pedagógico
seja humanizado e vá de encontro às
necessidades educacionais da criança enferma.
Verificamos de que forma os recursos lúdicos são
utilizados na prática pedagógica hospitalar.
O hospital é um lugar que tem suas
particularidades e que devido às demandas
sociais precisa criar espaços para as relações
entre saúde e educação. A construção de
espaços lúdicos no ambiente hospitalar contribui
para transformações nos paradigmas que
caracterizam o hospital apenas como local de
tratamento médico-hospitalar voltados para
diagnosticar e intervir em patologias. Mas como
lugar que ocorre interações sociais pode-se
concluir que o lúdico no hospital contribui nos
processos de relações interpessoais, na criação
de espaços de comunicação e desenvolvimento.
Nessa perspectiva, por meio da pesquisa
pode-se conhecer e entender sobre a importância
do lúdico com suas implicações e contribuições
na promoção da assistência integral da criança
hospitalizada, bem como nas aprendizagens e
como auxílio na recuperação da criança.
Portanto entendemos que, o professor da
classe hospitalar atende as crianças com suas
particularidades e esse local é organizado de
forma a respeitar as singularidades e as
necessidades de cada uma, auxiliando-as,
principalmente, em seus processos de
recuperação, desenvolvimento e aprendizagem.
O pedagogo hospitalar dentro da equipe de
multiprofissionais tem a possibilidade de afirmar
seu papel como educador e mediador de
interações, bem como trabalhar com cada aluno
individualmente com seus conteúdos de forma
lúdica e dinâmica.
O lúdico no hospital contribui para o bem
estar da criança, auxilia numa melhor
compreensão de sua hospitalização, favorece
interações, é suporte para que o atendimento do
professor seja de qualidade.
Dessa forma, a Pedagogia Hospitalar vai
além do conceito de escola e de hospital, à
medida que se propõe não somente a oferecer
continuidade da escolarização, mas também
mostra que é possível a integração da criança
hospitalizada, auxiliando não somente na
escolaridade e na hospitalização, mas em todos
14
os aspectos que decorrem do afastamento,
necessário, do seu cotidiano.
A Pedagogia Hospitalar ainda é um campo
pouco estudado, mas ela está em
desenvolvimento e cada vez mais aparece como
objeto de estudo de pesquisas na área de
educação. É importante salientar que a criança
que precisa ficar internada não para de se
desenvolver e nada impede que novos
conhecimentos possam ser adquiridos por ela
nesse novo contexto. Dessa forma é importante a
presença do pedagogo hospitalar, pois seu papel
é proporcionar à criança hospitalizada situações e
espaços variados, onde ela vivenciará
aprendizagens significativas que cooperem para
garantir o processo de desenvolvimento e
aprendizagem e ao mesmo tempo, por meios das
atividades lúdicas realizadas pelo pedagogo,
elaborem maneiras de lidar com os
procedimentos médicos de forma mais tranquila.
A Pedagogia Hospitalar é de suma
importância, mas como observamos é pouco
estudada.
Dessa maneira, se faz necessário elaborar
estudos futuros sobre o tema, que ainda está
carente de prática e, principalmente de teorias.
Ficando evidente a necessidade de aprofundar os
estudos sobre a Pedagogia Hospitalar e a
importância do lúdico como recurso facilitador da
aprendizagem e a forma com que esse recurso
contribui para amenizar o sofrimento das crianças
que diariamente são submetidas a procedimentos
médicos, muitas vezes dolorosos.
3
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