Pedagogia do movimento humano: pesquisa do ensino e da preparação profissional

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Rev. paul. Educ. Fs., Sªo Paulo, v.18, p.111-22, ago. 2004. N.esp. _ 111 Pedagogia do movimento humano Pedagogia do movimento humano: pesquisa do ensino e da preparaªo profissional Osvaldo Luiz FERRAZ* Myrian NUNOMURA* Elisabeth de MATTOS* Luzimar Raimundo TEIXEIRA* * Escola de Educação Física e Esporte da USP Consideraıes iniciais A área de estudo denominada Pedagogia do Movimento Humano envolve a investigação acadê- mica do ensino e a formação daquele que ensina. A primeira estuda como os alunos adquirem conheci- mento, ações didáticas e seu impacto no processo de aprendizagem, e o currículo ou programa de ensino. A segunda investiga a preparação do profis- sional que ensina, a saber: professores, treinadores e instrutores de atividade física (B RUNELLE & TOUSIGNANT, 1992; OKUMA & FERRAZ, 1999). Apesar de ser relativamente jovem, essa área de investigação tem sido bastante ativa nas últimas décadas. Entretanto, a complexidade do objeto de estudo aliada a produção científica recente, quando comparada a outras áreas de investigação, tem gera- do publicações caracterizadas pela variedade de te- mas investigados, por métodos de pesquisa em fase de consolidação e, por conceitos ainda não defini- dos. Na literatura internacional, por exemplo, são encontrados diferentes termos para definir a área de Pedagogia do Movimento Humano, tais como: Pedagogia da Atividade Física, Pedagogia das Ciên- cias da Atividade Física, Pedagogia do Esporte e Ensino de Educação Física. Sendo assim, visando estabelecer o ponto de par- tida para compreensão da área no qual esse texto se fundamenta, serão definidos dois conceitos básicos, a saber: atividade física e educação física. Entende- se por atividade física qualquer movimento corpo- ral produzido pelos músculos que resulte num substancial aumento do gasto das reservas energéticas, o que inclui as atividades físicas de lazer, a ginástica, o esporte, as tarefas da vida diária, den- tre outras (BOUCHART & SHEPHARD, 1994). Já o ter- mo educação física refere-se aos conhecimentos sistematizados sobre o movimento humano, conhe- cimento este que deve capacitar o aluno/cliente para, com autonomia, otimizar suas potencialidades e possibilidades de movimentos para se regular, interagir e transformar o meio ambiente em busca de uma melhor qualidade de vida (FERRAZ, 1996; MARIZ DE OLIVEIRA, 1991). Portanto, nem toda atividade física é educação física, pois as atividades do cotidiano, do trabalho e da vida social implicam movimentos, mas isto não caracteriza educação física. Tudo indica que a dife- rença fundamental está na relação meio/fim. No primeiro caso, a atividade física se constitui em um fim em si mesmo e, no segundo caso, a atividade física é um meio para a educação física (FERRAZ, 2001a; TANI, 1998, 1996). É possível praticar atividades físicas como, por exem- plo, o futebol e a ginástica para se alcançar objetivos de lazer, melhorar a condição física ou com finalida- des estéticas. Todavia, esses objetivos são variados e definidos pelo praticante em um amplo universo de possibilidades. São, portanto, da ordem do possível e da vontade do praticante. Já essas mesmas atividades, como conteúdos de um programa de educação física, são os meios para se alcançar objetivos definidos a priori, que são da ordem do necessário, isto é, aquilo que não pode deixar de ser. Nesse sentido, a educação física, analisada como parte da cultura humana, diz respeito ao conhecimento que possibilita o aluno/cliente a participar de programas de atividades físicas tais como: ginástica, natação, danças, esportes, entre outros; avaliando sua qualidade e adequação para a promoção da saúde e bem estar. Além disso, a educação física deve contribuir para a formação de um consumidor crítico dos espetáculos esportivos e informações veiculadas nos meios de comunicação, através de elementos conceituais e perceptivos que lhe permitam apreciar e refletir sobre a estética e a

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Artigo: Pedagogia do movimento humano: pesquisa do ensino e da preparação profissional. Autores: Osvaldo Luiz FERRAZ*; Myrian NUNOMURA*; Elisabeth de MATTOS*; Luzimar Raimundo TEIXEIRA*. * EEFEUSP Fonte: Rev. paul. Educ. Fís., São Paulo, v.18, p.111-22, ago. 2004. N.esp

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Pedagogia do movimento humano

Pedagogia do movimento humano:pesquisa do ensino e da preparação profissional

Osvaldo Luiz FERRAZ*

Myrian NUNOMURA*

Elisabeth de MATTOS*

Luzimar Raimundo TEIXEIRA*

* Escola de EducaçãoFísica e Esporte daUSP

Considerações iniciaisA área de estudo denominada Pedagogia do

Movimento Humano envolve a investigação acadê-mica do ensino e a formação daquele que ensina. Aprimeira estuda como os alunos adquirem conheci-mento, ações didáticas e seu impacto no processode aprendizagem, e o currículo ou programa deensino. A segunda investiga a preparação do profis-sional que ensina, a saber: professores, treinadores einstrutores de atividade física (BRUNELLE &TOUSIGNANT, 1992; OKUMA & FERRAZ, 1999).

Apesar de ser relativamente jovem, essa área deinvestigação tem sido bastante ativa nas últimasdécadas. Entretanto, a complexidade do objeto deestudo aliada a produção científica recente, quandocomparada a outras áreas de investigação, tem gera-do publicações caracterizadas pela variedade de te-mas investigados, por métodos de pesquisa em fasede consolidação e, por conceitos ainda não defini-dos. Na literatura internacional, por exemplo, sãoencontrados diferentes termos para definir a áreade Pedagogia do Movimento Humano, tais como:Pedagogia da Atividade Física, Pedagogia das Ciên-cias da Atividade Física, Pedagogia do Esporte eEnsino de Educação Física.

Sendo assim, visando estabelecer o ponto de par-tida para compreensão da área no qual esse texto sefundamenta, serão definidos dois conceitos básicos,a saber: atividade física e educação física. Entende-se por atividade física qualquer movimento corpo-ral produzido pelos músculos que resulte numsubstancial aumento do gasto das reservasenergéticas, o que inclui as atividades físicas de lazer,a ginástica, o esporte, as tarefas da vida diária, den-tre outras (BOUCHART & SHEPHARD, 1994). Já o ter-mo educação física refere-se aos conhecimentossistematizados sobre o movimento humano, conhe-cimento este que deve capacitar o aluno/cliente para,

com autonomia, otimizar suas potencialidades epossibilidades de movimentos para se regular,interagir e transformar o meio ambiente em buscade uma melhor qualidade de vida (FERRAZ, 1996;MARIZ DE OLIVEIRA, 1991).

Portanto, nem toda atividade física é educaçãofísica, pois as atividades do cotidiano, do trabalho eda vida social implicam movimentos, mas isto nãocaracteriza educação física. Tudo indica que a dife-rença fundamental está na relação meio/fim. Noprimeiro caso, a atividade física se constitui em umfim em si mesmo e, no segundo caso, a atividadefísica é um meio para a educação física (FERRAZ,2001a; TANI, 1998, 1996).

É possível praticar atividades físicas como, por exem-plo, o futebol e a ginástica para se alcançar objetivosde lazer, melhorar a condição física ou com finalida-des estéticas. Todavia, esses objetivos são variados edefinidos pelo praticante em um amplo universo depossibilidades. São, portanto, da ordem do possível eda vontade do praticante. Já essas mesmas atividades,como conteúdos de um programa de educação física,são os meios para se alcançar objetivos definidos apriori, que são da ordem do necessário, isto é, aquiloque não pode deixar de ser.

Nesse sentido, a educação física, analisada comoparte da cultura humana, diz respeito aoconhecimento que possibilita o aluno/cliente aparticipar de programas de atividades físicas taiscomo: ginástica, natação, danças, esportes, entreoutros; avaliando sua qualidade e adequação para apromoção da saúde e bem estar. Além disso, aeducação física deve contribuir para a formação deum consumidor crítico dos espetáculos esportivos einformações veiculadas nos meios de comunicação,através de elementos conceituais e perceptivos quelhe permitam apreciar e refletir sobre a estética e a

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técnica destas manifestações. Convém esclarecer quea perspectiva do praticante em um programa deeducação física pode ser diferente da perspectiva doprofissional, isto é, o aluno pode jogar futebol comoum fim em si mesmo, mas o profissional deve terclareza dos objetivos educacionais envolvidos naatividade (FERRAZ, 2001a).

Resumindo, propõe-se instrumentalizar o alunopara que, com autonomia, possa: a) gerenciar suaprópria atividade física; b) atender adequadamenteos movimentos do cotidiano e; c) apreciar e usufruir

dos elementos que compõem a cultura corporal demovimento (FERRAZ, 1996, 2001a, 2001b).

A seguir, apresentaremos o panorama geral daspesquisas nas subáreas de ensino e preparação pro-fissional, considerando-se os principais periódicosnacionais e internacionais. Em seguida, a partir dastendências atuais dos estudos e políticas públicasserão analisadas as perspectivas de investigação e opapel da Escola de Educação Física e Esporte daUSP mediante produção dos laboratórios e respec-tivas linhas de pesquisa.

Produção científica em pedagogia do movimento:ensino, preparação profissional e métodos de pesquisaAnálise de alguns dos principais periódicos in-

ternacionais da área (Journal of Teaching in PhysicalEducation, Research Quarterly for Exercise and Sport,Journal of Teacher Education, Quest e EuropeanPhysical Education Review) indica que, das duassubáreas de investigação da Pedagogia do Movimen-to Humano (ensino e preparação profissional), a doensino tem recebido maior atenção dos pesquisa-dores, o que é corroborado pelas obras de BRUNELLE

e TOUSIGNANT (1992) e GRABER e TEMPLIN (2002).Já a preparação profissional tem sido maisinvestigada, particularmente no Brasil, em torno dasquestões Bacharelado e Licenciatura, generalista“versus” especialista (MARIZ DE OLIVEIRA, 1988), tal-vez, pelo fato de os cursos de Educação Física ain-da, em sua grande maioria, serem de Licenciatura.No âmbito geral da escolarização, a questão da for-mação inicial e formação continuada têm recebidoatenção especial dos pesquisadores (BRACHT, 2003;DARIDO, 2001; FERRAZ, 2001b, 2001c; GÜNTHER

& MOLINA NETO, 2000; RANGEL-BETTI, 2001).As pesquisas em ensino têm focado basicamente

três aspectos: planejamento curricular, ação didáti-ca e resultados de aprendizagem. No caso do plane-jamento curricular, as pesquisas investigam,principalmente, o sentido e o significado do pro-grama em uma perspectiva filosófica, ou seja, con-cepção de homem e de sociedade. Já os estudos sobreação didática têm procurado verificar a adequaçãodos objetivos, a eficiência de diferentes metodologiase as relações entre os objetivos e os conteúdos deensino. Quanto aos resultados de aprendizagem, oefeito da manipulação de alguns comportamentosdo professor sobre a aprendizagem tem sido o alvoprincipal (ARNOLD, 1981; ROSENSHINE, 1976;

SÁNCHEZ, 1997). Entretanto, esses aspectos não têmsido pesquisados articuladamente e, ao que tudoindica, são raras as pesquisas que testam eficiênciade programas abarcando todos esses elementos.

Outro aspecto que tem caracterizado as pesqui-sas em ensino, diz respeito ao problema da “valida-de ecológica”. Quando os pesquisadores testam suashipóteses, através de situações artificiais de labora-tório em nome do rigor científico das ciências na-turais, a complexidade da situação de ensinoaprendizagem induz sérias limitações quanto àaplicabilidade destes estudos.

Em BRUNELLE e TOUSIGNANT (1992) podemos en-contrar um breve histórico sobre a evolução daspesquisas em Pedagogia do Movimento. Segundoos autores, os estudos podem ser caracterizados pelaênfase descritivo-analítica, processo-produto ouanálise qualitativa. Durante as duas últimas déca-das, as pesquisas que adotaram o paradigma descri-tivo-analítico procuraram identificar, classificar equantificar os vários fenômenos que ocorrem du-rante o processo ensino-aprendizagem, como porexemplo, quantidade de prática, tempo de esperado aluno, tempo na tarefa, “feedback” e entusiasmodo professor, entre outros. Esses estudos proveramà comunidade profissional de uma variedade de in-formações e instrumentos de observação a respeitodo que acontece na “quadra” (por exemplo, verANDERSON & BARRET, 1978; PIERON, 1986, 1988).

Com a sofisticação e desenvolvimento dastécnicas descritivas de análise, as pesquisasdeslocaram sua atenção para a efetividade do ensino.Através de estudos correlacionais, também chamadosde pesquisas processo-produto, a preocupaçãocentral foi investigar as relações entre o que acontece

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na quadra (processo) e a aprendizagem dos alunos(produto). Em essência, o estudo correlacionalprocura demonstrar quais são as variáveis maisimportantes para a eficiência no ensino. Umexemplo desta perspectiva pode ser o deSIEDENTOP (1983) que utilizou as variáveis detempo de espera, tempo em atividade, grau deadequação e a porcentagem de sucesso na tarefapara determinar a eficiência no ensino.

Além disso, utilizando delineamentos experimen-tais mais clássicos, as pesquisas em ensino testaramos efeitos de diferentes condições específicas deaprendizagem como os métodos de ensino diretivoe solução de problemas, o método global ou partes,ou a quantidade e tipo de “feedback”. Essas investi-gações buscaram estabelecer parâmetros para a adap-tação de modelos genéricos de ensino a situaçõesparticulares (METZLER, 1982; MOSSTON &ASHWORTH, 1986; SIEDENTOP, 1986).

Atualmente, as pesquisas em Pedagogia do Mo-vimento têm utilizado metodologia qualitativa paraentender como o processo ensino aprendizagemacontece no ambiente “natural” da prática pedagó-gica dos professores. As pesquisas nessa abordagem,

utilizando técnicas derivadas da antropologia, psi-cologia e sociologia, têm descrito detalhadamente eem profundidade o que os professores e aprendizesfazem e pensam (DAÓLIO, 1994; DARIDO, 1997;FERRAZ, 2001c; HARRINGTON, 1987).

Diferentemente das análises descritivas, os pes-quisadores qualitativos não observam o “ambienteestudado” com categorias de análise pré determina-das. Imergindo no contexto que está sendo investi-gado, pressupõem ser possível o entendimento darealidade social com toda sua complexidade eespecificidade (TRIVIÑOS, 1987). A literatura cien-tífica nesta abordagem têm proporcionado conhe-cimentos sobre a prática pedagógica dos professores,articulando as decisões de planejamento, as diferen-tes formas de implementação e as possibilidades deavaliação de programas em educação física.

A conscientização crescente de que a EducaçãoFísica é uma área profissionalizante, tem demons-trado a necessidade de pesquisas aplicadas queobjetivem uma investigação sistemática dos temasprofissionais (BRESSAN, 1982; ELLIS, 1990; LOCKE,1990; SIEDENTOP, 1990) e esse aspecto enfatiza aimportância da área de Pedagogia do Movimento.

Tendências de investigação acerca da saúde e �fitness�No decorrer do texto, faremos referência à saú-

de, aptidão física/“fitness”, qualidade de vida eestilo de vida. Ainda que não aja consenso emrelação à definição destes termos, segue-se brevedefinição e suas implicações para as pesquisas naárea de Pedagogia do Movimento.

O conceito de saúde, aqui, não diz respeito àtradicional área de conhecimento, mas a um estadocompleto de bem-estar físico, mental, social eespiritual, e não simplesmente à ausência de doenças(NIEMAN, 1999). Um nível ótimo de saúde incluialto nível mental, social, emocional, físico e espiritualdentro dos limites de cada um (CORBIN & LINDSEY,1994). Aptidão física/“fitness” refere-se à capacidadede realizar as atividades diárias com vigor e estáassociada a um menor risco de doença crônica(NIEMAN, 1999). A Organização Mundial de Saúdedefine “fitness” como a capacidade de realizarsatisfatoriamente qualquer esforço muscular(BOUCHARD, SHEPHARD & STEPHENS, 1994).

A qualidade de vida é considerada como condi-ção humana resultante de um conjunto deparâmetros individuais e sócio-ambientais,

modificáveis ou não, que caracterizam as condiçõesem que vive o ser humano (NAHAS, 2001), sendoum nível de satisfação subjetiva nos aspectos de saú-de física e do bem-estar psicológico, social, intelec-tual e espiritual (CHODZKO-ZAIKO, 1999). A noçãode estilo de vida compreende um conjunto de açõese comportamentos habituais de escolha do indiví-duo que podem afetar o status de “fitness” relacio-nados à saúde (BOUCHARD, SHEPHARD & STEPHENS,1994), englobando o conjunto de ações que refle-tem as atitudes, os valores e as oportunidades navida das pessoas (NAHAS, 2001). CORBIN e LINDSEY

(1994) define estilo de vida como padrões de com-portamento ou forma individual de viver.

Historicamente, os objetivos da Educação Físicatêm refletido a dinâmica cultural da sociedade sen-do influenciado pelas mais variadas perspectivas, taiscomo: higienista, militarista, esporte rendimento,educação integral, saúde, entre outros (ver BETTI,1991; CASTELLANI FILHO, 1988; HOFFMAN &HARRIS, 2002 para revisão detalhada). Entretanto,atualmente há um número elevado de publicaçõesque enfatizam o aspecto da saúde e, sendo assim,

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convém circunscrever nossa análise na gênese e de-senvolvimento desta tendência nas pesquisas em Pe-dagogia do Movimento especificamente e, emtermos gerais, na área de Educação Física.

Durante o início do século XX, os princi-pais objetivos da educação física já estavam re-lacionados à saúde e higiene. No entanto, estaperspectiva teve forte influência dos EstadosUnidos da América. Em períodos próximos asduas Guerras Mundiais, ela foi vista como umaoportunidade para treinamento físico da ju-ventude americana. Nesta ocasião, estudos deKRAUS e WEBER revelaram que a condição físi-ca das crianças americanas era inferior a daseuropéias. A partir de então, houve umaredefinição dos objetivos da Educação Físicaque passaram a valorizar a saúde ao invés dodesempenho de hab i l idades e spor t i va s(RATLIFFE & RATLIFFE, 1994).

Deste modo, a inclusão de aspectos de saúde ou“fitness” não é recente e sempre fez parte dosprogramas de Educação Física. Porém, a ênfaserecaia sobre as atividades em si e a manutenção daforma física, ao invés de aspectos educacionais de“porque” e “como” praticá-los.

Especificamente, a abordagem da saúde na Educa-ção Física se fortalece internacionalmente por voltados anos 60 nos EUA e nesse período houve um“fitness boom”, originando-se no contexto universitá-rio e, duas décadas depois, disseminando-se para oscurrículos escolares (MASURIER & CORBIN, 2002). Em1980, a American Alliance for Health, PhysicalEducation, Recreation and Dance (AAHPERD) lan-çou uma bateria de testes que procurava avaliar com-ponentes de “fitness” tais como: resistênciacardiorrespiratória, força, resistência muscular, com-posição corporal e flexibilidade. Em 1989, aAAHPERD publicou um “kit” para promoçãoda educação de “fitness” nas escolas. E, mais re-centemente, o conceito de “wellness” que enfatizaa prevenção ao invés do tratamento de doenças ea educação para “fitness” se amplia, procurandoabranger todos os componentes relacionados aobem-estar humano, que inclui o exercício vigo-roso e regular, a dieta, a eliminação do fumo, ocontrole do estresse e do uso responsável de dro-gas e álcool (MELOGRANO, 1996). Por volta dosanos 90, diversas ações públicas aliadas a inicia-tivas privadas têm promovido à abordagem desaúde na Educação Física reconhecendo-a comoaspecto fundamental para a melhora da saúde eda qualidade de vida da nação.

Desde o início da revolução industrial, a falta deatividade física tem aumentado e hoje ela é vistacomo um problema de saúde pública mundial. Aquestão da inatividade física tornou-se uma ameaçapública à saúde e atualmente, é considerado o quartofator de risco (MURRAY, 2000).

Para tentar atenuar os males que afligem a socie-dade contemporânea e considerando que educaçãopara saúde é um processo de longo prazo, progra-mas de Educação Física escolar são reconhecidoscomo um componente-chave na promoção da saú-de (BIRCH & KANE, 1999; GRAHAM, HOLT-HALE &PARKER, 2004). WUEST e LOMBARDO (1994) defi-nem a promoção de hábitos saudáveis como uma“herança importante” da Educação Física escolar. PATE,CORBIN, SIMONS-MORTON e ROSS (1987) afirmam queuma abordagem da Educação Física orientada parasaúde já é apoiada em cientificidade convincente. NoBrasil, a relação entre atividade física e saúde públi-ca tem incentivado investigações nesta direção, ehá avanço expressivo de um novo campo de pes-quisas e intervenções: a epidemiologia da atividadefísica (NAHAS, 2001).

Atualmente, investigações para evidenciar a rela-ção positiva entre atividade física e saúde e, progra-mas de intervenções em diversos setores e grupospopulacionais são cada vez mais freqüentes.

Estudos atuais, cujo foco é a população idosa,têm revelado que, apesar do aparente benefício daatividade física regular sobre a saúde destes, não hápaís em que a inatividade dos indivíduos idosos nãomereça atenção (CHODZKO-ZAIKO, 1999). De acor-do com o autor, pouco se sabe sobre a complexida-de dos fatores de motivação à prática regular deatividade física, em todas as faixas etárias. Há, por-tanto, necessidade de mais estudos sistemáticos queexaminem tais fatores. Certamente, não se esperaque haja consenso sobre um programa e conteúdoideais. Mas há fortes indícios de que os programasdevam ter abordagem multidimensional e que seusobjetivos sejam direcionados para a prevenção emanutenção da qualidade de vida.

A associação entre níveis de atividade física,“fitness” relacionado à saúde e saúde ainda écomplexa. Há indicativo de que a atividade físicaregular influencie o nível de “fitness” e, este, porconseqüência, influenciaria o nível de participaçãoem atividade física. Todo este processo poderiarefletir sobre a saúde, em uma relação dereciprocidade (BOUCHARD, SHEPHARD & STEPHENS,1994). Entretanto, os autores ressaltam que háoutros fatores que também estão associados ao

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“status” de saúde. Ou seja, o nível de “fitness” não étotalmente determinado pelo nível de atividadefísica, mas ao estilo de vida, às condições físicas esociais do ambiente, aos atributos pessoais e àscaracterísticas genéticas.

No passado, as atividades diárias exigiam esforçofísico e trabalho vigoroso. As crianças se locomoviame brincavam mais nas ruas. Hoje, por questões desegurança e restrições de tempo dos pais, as crian-ças ficam confinadas em suas casas e apartamentose em atividades como a televisão, o videogame, oscomputadores, os equipamentos eletrônicos e asconveniências da vida moderna, o que têm atraídocada vez mais as crianças ao sedentarismo (GRAHAM,HOLT-HALE & PARKER, 2004). Sem contar os hábi-tos alimentares que passaram a incluir mais produ-tos industrializados e de alto teor calórico (LIMA,1999). Ao compararmos os níveis de massa adiposaentre crianças de duas décadas atrás, verificamos quea infância atual apresenta índices mais elevados(RATLIFFE & RATLIFFE, 1994).

O desafio da sociedade atual é como ajudar crianças adesenvolver um comprometimento com a sua condiçãofísica e saúde por toda a vida. Partindo-se do pressupostode que as crianças têm motivação natural para a atividadefísica, o ponto-chave é iniciar um programa de atividadeso mais cedo possível, constituído de atividades interessan-tes e motivadoras e garantindo que as crianças possam serbem sucedidas nesse envolvimento.

De acordo com GRAHAM, HOLT-HALE e PARKER

(2004), em nenhum outro momento, a Educação Fí-sica foi tão importante para as crianças como nos diasatuais. Os autores evidenciam o fato apontando paradados alarmantes da juventude americana (12 a 21anos de idade), em que apenas 50% relatam praticar,regularmente, atividade física vigorosa.

Pesquisas também se reportam ao nível de ativi-dade física das crianças e adultos, ou seja, em todasas idades o nível de atividade física tem diminuídoem relação a algumas décadas atrás. No caso dosadultos, além da inatividade superior a de seus an-tepassados, os dados associam o hábito do fumo ealimentação irregular a falta de atividade física, oque não colabora para disseminar, entre as crian-ças, a idéia de se cultivar hábitos saudáveis. O fatode problemas de saúde e doenças devido à inativi-dade também ter sido constatado entre crianças,reforça a dúvida sobre o status de saúde da infânciae da juventude atual.

Por este e outros tantos motivos, a escola,através da Educação Física, tem sido um doscaminhos para promover a saúde. As experiências

das crianças na escola têm grande impactoduradouro, sejam negativas ou positivas.Portanto, é preciso conduzir os programas deEducação Física com muita responsabilidade(RATLIFFE & RATLIFFE, 1994) e esta ação deve estarassociada ao apoio de familiares e do poder público;uma vez que diferenças culturais, hereditariedade,hábitos familiares, oportunidades, entre outrasvariantes, afetam o nível de atividade física e de“fitness” dos indivíduos.

Para atingir objetivos de promoção da saúde, épreciso considerar que este é um processo de longoprazo. No ápice do processo, o indivíduo seria ca-paz de planejar e conduzir seu próprio programade“fitness” e torná-lo parte essencial de sua vida.

Embora os meios de comunicação promovam oestilo de vida mais ativo, dados estatísticos reve-lam que o nível de atividade física da populaçãoem geral ainda está muito abaixo do desejado.NIEMAN (1999) salienta que, apesar de não havercusto para prevenir o quadro ora instalado, amaioria das pessoas não tem se esforçado paramudar a situação de inatividade, embora tenhamconsciência da importância da atividade física ede sua relação com a qualidade de vida.

No Brasil, a Pesquisa Nacional do Datafolha(1997), revelou que 60% dos entrevistados não pra-ticam nenhum tipo de atividade física, dados quepoderiam ser considerados alarmantes.

Nos Estados Unidos, onde esses estudos sãofreqüentes, pesquisas revelaram os seguintes va-lores: 45% dos adultos são sedentários e 65% dascrianças participam regularmente de alguma ati-vidade física; 35% dos adultos se exercitam apro-ximadamente uma vez por semana; 10% dosadultos praticam atividade física intensa com re-gularidade; 10% dos adultos sedentários prova-velmente iniciarão um programa de exercícioregular dentro de um ano e 50% dos adultos quecomeçam um programa de exercícios desistem emum intervalo de 06 meses (KING, BLAIR, BILD,D ISHMAN , DUBBERT , MARC U S , OLDRIDGE ,PAFFENBARGER, POWELL & YEAGER, 1992). Alémdisso, a porcentagem de estudantes do ensinomédio envolvidos em atividade física diária, deno mínimo 20 minutos, é de apenas 22%(MASURIER & CORBIN, 2002).

MURRAY (2000) também revela dados de ina-tividade progressiva entre a população infantil ejuvenil e que, coincidentemente, a porcentagemde crianças e adolescentes acima do peso dupli-cou em comparação há 30 anos.

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FERRAZ, O.L. et al.

Segundo WEINBERG e GOULD (2001), estes dadosnão são muito distintos em outros países. Estimativasrevelam que menos de 20% da população da Grã-Bretanha pratica regularmente alguma atividade física,com o intuito de obter benefícios à saúde. De acor-do com GRAÇA e ALMEIDA (1998), em Portugal, aporcentagem da população sedentária é de aproxi-madamente 60%, entre os quais estão geralmenteincluídos aqueles mais desprotegidos pelo sistemade saúde do país e, ao mesmo tempo, aqueles quemenos se envolvem em atividades potenciais paramelhora da sua saúde e do bem-estar.

Mas, se existem evidências e estudos que com-provam a influência positiva da atividade física re-gular sobre a saúde, por que as pessoas não persistemneste hábito? Por que elas tendem a adotar estilosde vida os quais não incluem a atividade física?

Embora a tendência seja internacional, aindapersiste equívoco em relação aos níveis dos compo-nentes de “fitness” e há limitação de testes paraavaliá-los, assim como de parâmetros que expres-sem, efetivamente, o “status” de saúde satisfatório(MASURIER & CORBIN, 2002). Há um somatório defatores que determinarão, em certa medida, a op-ção dos indivíduos para a prática de atividade físi-ca. Crianças ativas nem sempre serão adultos ativos.Da mesma forma, crianças sedentárias obrigatoria-mente não se tornarão adultos e idosos inativos. Amudança de hábitos, tanto positiva como negativa,é possível e em grande medida dependerá da quali-dade das experiências e orientações recebidas nasfases de vida anteriores.

É importante ressaltar que, ainda que haja umarelação de causa e efeito entre atividade física e saú-de, é prudente alertar que ela não é absoluta etampouco determinante. Muitas vezes, a atividadefísica é utilizada como produto para fins estéticos,cujas prescrições podem não condizer com os prin-cípios teóricos da Educação Física, e seria incoeren-te admitir sua contribuição para a saúde ouqualidade de vida dos indivíduos.

Infelizmente, o que se tem visto em abundân-cia, é esta abordagem mercadológica da ativida-de física, a promessa de milagres em poucos dias,com pouco suor e dedicação.

Em muitos países, o apelo ao estilo de vida ativa e àqualidade de vida levou a criação de verdadeira indústriada saúde. Tudo em prol da saúde, vestimentas, inscriçãoem academias, alimentação balanceada, barras de cereais,bebidas isotônicas, etc., tem levado cada vez mais consu-midores desinformados a acreditar que, caso adquiramestes produtos, terão sua saúde garantida.

Caso a atividade física, por si só, fosse boa, boaparte dos problemas de saúde do mundo estaria re-solvida, mas não é esta a verdade.

O convite à atividade física e à vida ativa temsido insistente na mídia, no meio acadêmico e nasociedade como um todo. Mas, será que estas ma-nifestações têm acontecido com o acompanhamen-to qualificado? Esta questão demonstra aimportância de pesquisas em ensino e preparaçãoprofissional em pedagogia do movimento.

Portanto, partindo do pressuposto de que ní-veis de “fitness” estão altamente relacionados coma saúde, um dos grandes desafios da área é justa-mente esclarecer se os resultados de indicadoresassociados ao “fitness” evidenciam, efetivamen-te, níveis satisfatórios de saúde (GUEDES, GUEDES,BARBOSA & OLIVEIRA, 2002). Especificamente, hánecessidade de estudar parâmetros que estabele-çam o limite entre saúde-risco-morbidade para adiversidade populacional.

Outro desafio é compreender o processo com-plexo de envolvimento e manutenção dos indiví-duos à prática regular de atividade física e seucomprometimento com a saúde. Sabe-se, atualmen-te, que este processo não pode ser analisado somen-te em uma perspectiva e é preciso considerar quecada fase da vida reflete sobre as outras. Os estudosainda não conseguiram levantar consenso sobre osmotivos que levam à adoção do exercício, entre adiversidade populacional e a de segmentos distin-tos da sociedade. Os determinantes do estilo de vidafisicamente ativa, em estágios distintos da vida, neces-sitam consideração detalhada, tais como: os processosenvolvidos nos padrões de estabilidade e mudanças naatividade física e, fatores que delineiam a estabilidadeou instabilidade nas dimensões variadas da atividadefísica (MALINA, 2001).

Apesar do número crescente de estudos emPedagogia do Movimento, há carência de co-nhecimento a respeito dos processos de apren-dizagem e desenvolvimento humano em todoo ciclo de vida. Este é imprescindível e, por-tanto, deve ser integrado à produção científi-ca desta área para auxiliar na elaboração deprogramas de educação física. Há necessidadede que outras subáreas, como Aprendizagem eDesenvolvimento Motor, Fisiologia do Esfor-ço, Biomecânica e Psicologia, Antropologia eSociologia da Educação Física, dentre outras,enfatizem em suas pesquisas temas profissio-nais através de pesquisas aplicadas, o que tam-bém se constitui em grande desafio para a área.

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Pedagogia do movimento humano

Finalizando, um importante aspecto que me-rece investigação refere-se aos programas de in-tervenção entre os grupos populacionais distintos.Sabe-se que a abordagem de saúde na EducaçãoFísica deve ter olhar multidimensional sobre oser humano e considerações sobre os vários fato-res. Portanto, é, na verdade, um problema socialamplo que preocupa, não só a Educação Física eque necessita de uma investigaçãointerdisciplinar.

Por ora, a escola tem sido foco principal dasações para a promoção da saúde, o que se justifica,pois os hábitos, os comportamentos, as atitudese os estilos de vida são estabelecidos, sobretudo,a partir da infância. Evidências científicas sobre

a influência positiva da atividade física regularsobre a saúde têm sido reportadas com bastanteinsistência, assim como na mídia em geral.

Porém, como citado anteriormente, dados es-tatísticos ainda apontam para a prevalência deníveis insatisfatórios de atividade física em todosos grupos populacionais, assim como o de índi-ces progressivos do aumento dos fatores de ris-co, principalmente entre a população infantil ejovem. Portanto, atingir dados estatísticos favo-ráveis que apontem para a melhoria do “status”atual da saúde mundial é o grande desafio dasociedade contemporânea e, assim sendo, as pes-quisas em Pedagogia do Movimento Humanotêm alto potencial de contribuição.

O papel da Escola de Educação Física e Esporte da USPOs Laboratórios da Escola de Educação Física e

Esporte da USP que tem como objetivo principal odesenvolvimento de linhas de pesquisa que visamorganização e síntese de conhecimentos básicos so-bre o ser humano e a atividade física, para aplicá-los no desenvolvimento de programas e métodosde educação física e esporte estão concentrando suasações nas seguintes linhas de pesquisa, a saber: Edu-cação Física Escolar, Educação Física não formal(não escolar) e Educação Física Adaptada (escolar enão escolar).

Educação Física EscolarNa Educação Física Escolar, o LAPEM tem

focado sua atenção na formação de professores eimplementação de propostas curriculares de edu-cação física na educação infantil e no ensino fun-damental.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na-cional (BRASIL, 1996 - Lei 9394/96) estabele-ce como princípio e finalidade da educaçãoescolar o pleno desenvolvimento do educan-do, seu preparo para o exercício da cidadaniae sua qualificação para o trabalho. Emborahaja consenso sobre o objetivo de promover odesenvolvimento integrado dos aspectos físi-cos, emocionais, cognitivos e sociais do alunocomo um ser indivisível, divergências têm sur-gido, no contexto da educação escolarizada,em função do que seja trabalhar com esses as-pectos a partir de cada disciplina curricular.

Considerando-se a Educação Física, como pro-por e implementar um projeto pedagógico em queeste componente curricular não seja simplesmentejustaposto aos demais componentes curriculares?Como estabelecer uma intervenção pedagógica ondea especificidade de cada área seja integrada em umtodo maior, considerando, entretanto, que as capa-cidades humanas constituam-se em espaços dife-renciados? Além disso, a noção de desenvolvimentodo educando precisa ser adjetivada, pois desenvol-ver-se implica em uma direção. Mas, desenvolver-se para repetir ou transformar o já instituído?Acumular conhecimentos úteis? Úteis para quem epara quê? Esta tomada de posição é fundamentalna escolarização, uma vez que educação é um pro-cesso permanente de valoração (MACHADO, 1995).

O pressuposto de que a educação em uma institui-ção escolar não pode ocorrer independentemente doensino de conteúdos escolares tem sido tema freqüen-te das discussões acadêmicas e dos profissionais daescolarização. Conforme nos esclarece José Sérgio F.de CARVALHO (1997), escolarização implica em ensi-no e a noção do verbo “ensinar”, seja qual for a defini-ção que se tenha de desenvolvimento, pede umaestrutura triádica. Sempre que há ensino, “há alguémque ensina, algo a ser ensinado e alguém a quem seensina”. Embora pareça trivial, argumenta o autor,essa é a especificidade e concretude do trabalho doprofessor; demonstrando o compromisso da edu-cação escolar com as realizações históricas que cons-tituem os conteúdos, as disciplinas e os valoressocialmente escolhidos.

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Em essência, considerando-se este panorama é quese pode compreender a inserção das linhas de pesquisadesenvolvidas no LAPEM, descritas a seguir:1. Desenvolvimento Curricular: estudo dos aspectos filo-

sóficos, históricos e pedagógicos ligados à construçãode currículo, a elaboração de programas, a integraçãovertical e horizontal dos componentes da gradecurricular de educação física na escola brasileira.

2. Preparação acadêmica e profissional em Educação Fí-sica: estudo das variáveis pertinentes à preparação aca-dêmica e profissional como a filosofia do ensino superior,estrutura curricular e recursos humanos.

Educação Física não EscolarUma das linhas de pesquisa instituída na Educa-

ção Física não Escolar é a da Educação Física paraIdosos, com a criação do projeto Vida Ativa, em1994, que vem se consolidando a partir da criaçãodo GREPEFI - Grupo de Estudo e Pesquisa emEducação Física para idosos.

O estudo do envelhecimento humano atual pautasuas investigações sobre o potencial de desenvolvimen-to inerente ao homem durante todo o ciclo vital, aoinvés de olhar para as perdas e limitações associadas aeste momento de vida, pois todos têm potencial dereserva latente (ou capacidade de reserva), que podeser ativado pela aprendizagem, pelo exercício ou trei-namento (BALTES & BALTES, 1991; SHEPHARD, 1997).

Para tal, devem ser criados planos e ações quepossibilitem o contínuo desenvolvimento do idoso,ao mesmo tempo em que previnam ou diminuamo período de morbidade ou estados disfuncionaisde pré-morbidade que acometem parte desta popu-lação. Dentre estes mecanismos preventivos, a ati-vidade física é um componente fundamental.

Sendo assim, são desenvolvidas as seguin-tes linhas de pesquisa:1. Testagem de programa de educação física para a

população acima de 60 anos de idade, no qualsão investigadas características de aprendizageme desenvolvimento e a interação de objetivos,conteúdos, estratégias e avaliação;

2. Atitudes e comportamentos de profissionais frenteao idoso e ao envelhecimento e as diferentes pos-sibilidades de formação inicial e continuada.

Educação Física AdaptadaA educação física adaptada é considerada uma

subárea da educação física que tem como foco o estudodo movimento humano e pessoas com necessidades

especiais (PNE). O termo educação física adaptadasurgiu na década de 50, sendo definida pela AmericanAlliance of Health Physical Education Recreation andDance (AAHPERD) como um programa diversificadode atividades desenvolvimentistas, jogos e ritmosadequados aos interesses, capacidades e limitações dealunos com deficiências (SEAMAN & DE PAUW, 1982).Outros consideram a educação física adaptada e oesporte adaptado, como disciplinas emergentes quenão mais apenas adaptam os conteúdos da educaçãofísica, mas cria novos conhecimentos (SHERRILL, 1986,1997). Desta forma, diversos nomes têm definido àdisciplina que se dedica aos estudos do ensino deatividades motoras para PNE: educação física especial,educação física adaptada, educação física paradeficientes, educação física para PNE (PEDRINELLI,TEIXEIRA, FERREIRA, MATTOS & CONDE, 1994).

A atuação do profissional de educação física eesporte estão em constante evolução e com isto,oferece situações de desafio, necessitando dacriatividade, atualização e dedicação dos profis-sionais envolvidos. Com a introdução da novaLei de Diretrizes e Bases (1996) muitas modifi-cações foram e ainda devem ser implementadasnos programas de educação física escolar, as quaisirão refletir nos programas esportivos escolares enão escolares. Um dos assuntos mais polêmicosgerado por estas mudanças foi sem dúvida a in-clusão de alunos portadores de necessidades es-peciais (PNE) no ensino regular. Essa polêmicatem diversas facetas, desde as posições contráriasa inclusão, onde o aluno PNE poderia ficar comseu atendimento prejudicado em função da de-manda do grupo, com dos que tem receio de nãosaber como lidar com esta população, uma vezque a inclusão das disciplinas que abordam o as-sunto tem ocorrido apenas na última década emesmo assim os conteúdos abordados nem sem-pre são realmente preparatórios para uma atua-ção adequada do profissional de educação físicae esporte (MATTOS, 1996).

Adaptar programas para ajustá-los às necessidadesde alunos especiais pode ser uma tarefa desafiadora,porém administrável. Todas as atividades podem seradaptadas de alguma forma, visando necessidades eníveis de habilidades de todos os participantes, parti-cularmente se o objetivo for a ação, o sucesso e a par-ticipação com segurança de todos os alunos (CLANCY

& RUBIN, 1998). Quando se reestrutura uma tarefa,considerações quanto a características, preferências enecessidades únicas das PNE podem auxiliar no de-senvolvimento de uma adaptação apropriada.

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Atualmente, verifica-se no Brasil que o trabalhorealizado na educação física e esporte com aquelesque possuem alguma deficiência tem se desenvolvidoe multiplicado. Um exemplo é a criação de entidadescomo o Comitê Paraolímpico, a fundação daSociedade Brasileira de Atividade Motora Adaptada(SOBAMA) e os temas que têm sido abordados namaioria dos congressos e simpósios nacionais (SILVA,1997) e internacionais como exemplo o “OlympicCongress” no ano de 2004.

Historicamente, as pesquisas da área iniciaramcom a descrição de processos pedagógicos resul-tantes de experiências e vivências. Já na décadade 80 surgiram programas de especialização,mestrado e doutorado, favorecendo o desenvol-vimento de pesquisas comparativas (DALY,MALONE & VANLANDEWIJCK, 2003; SHEPHARD,1990; SILVA, 1999) e o surgimento de novas teo-rias (LIBERMAN, 2002; NABEIRO, 1999).

A Escola de Educação Física e Esporte da Uni-versidade de São Paulo tem desenvolvido disci-plinas em seus cursos (Bacharelado em Esporte,Bacharelado em Educação Física e Licenciaturaem Educação Física) que abordam esta proble-mática. Os programas de pós-graduação na áreade Biodinâmica do Movimento Humano e de Pe-dagogia do Movimento Humano têm produzidotrabalhos que contribuem para o desenvolvimen-to da área (GIMENEZ, 2001; GREGUOL, 2001;MATTOS, 1996, 2001; NABEIRO 1999; PEDRINELLI,1989; TEIXEIRA, 1990, 1993).

O Laboratório de Desempenho Esportivo doDepartamento de Esporte (LADESP) temacompanhado o desempenho de atletasportadores de deficiência, bem como avaliado osparticipantes do curso de extensão “NataçãoInclusiva” que atende portadores de deficiênciasjuntamente com não portadores. A inclusãoreversa e motivação têm sido os temas mais

recentes investigados através do Grupo deEstudos “Esporte e Deficiência”, ligado aoLADESP e ao laboratório de Psico-sociologia doEsporte (LAPSE), também desse mesmoDepartamento.

No Departamento de Pedagogia do MovimentoHumano, o Laboratório do Comportamento Motor(LACOM) tem produzido diversos trabalhos na áreada educação física adaptada, mantendo constantes es-tudos a respeito do tema da aprendizagem e desenvol-vimento motor e portadores de necessidades especiais.Também vinculado a este Departamento, tem-se olaboratório de Pedagogia do Movimento Humano(LAPEM) onde são desenvolvidas as seguintes linhasde pesquisa: asma e atividade física; atividade física eobesidade na infância e adolescência.

Junto ao Departamento de Biodinâmica está olaboratório de Biomecânica que tem conduzido es-tudos relativos à análise da marcha de pessoas comdeficiência e, o laboratório de Nutrição e Metabo-lismo da Atividade Motora que investiga aspectosda composição corporal de portadores de deficiên-cia, bem como os laboratórios de FisiologiaMolecular e Celular do Exercício, Hemodinâmicada Atividade Motora e Bioquímica da AtividadeMotora que investigam a atividade física e os porta-dores de doenças cardíacas e metabólicas.

Finalizando, constata-se que o trabalho com omovimento de pessoas portadoras de necessida-des especiais é de natureza complexa e dinâmica.Sendo assim, buscamos a integração de conheci-mentos e criação de interfaces com outras áreascomo a fisioterapia, psicologia, entre outras. Istoé uma característica da área e, atualmente, veri-f ica-se um número crescente de gruposmultidisciplinares procurando compreender egerar conhecimentos para um grande número dedeficiências e suas relações com a atividade física(TEIXEIRA, 1998).

Referências

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ENDEREÇOOsvaldo Luiz Ferraz

Depto. Pedagogia do Movimento do Corpo HumanoEscola de Educação Física e Esporte /USP

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