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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARABA UEPB

    CENTRO DE HUMANIDADES OSMAR DE AQUINO

    DEPARTAMENTO DE GEO HISTRIA DHG

    GRADUAO EM LICENCIATURA PLENA EM HISTRIA

    Estgio Supervisionado Obrigatrio

    RELATRIO DE ESTGIO SUPERVISIONADO EM

    HISTRIA

    EXPERINCIAS DA SALA DE AULA

    JULIANA RODRIGUES DE SOUZA

    GUARABIRA-PB

    DEZEMBRO DE 2011

  • 1

    JULIANA RODRIGUES DE SOUZA

    Relatrio de Estgio Supervisionado Obrigatrio

    RELATRIO DE ESTGIO SUPERVISIONADO EM

    HISTRIA

    EXPERINCIAS DA SALA DE AULA

    Relatrio de Estgio Supervisionado apresentado

    como Trabalho de Concluso de Curso

    Coordenao do Curso de Histria do Centro de

    Humanidades da Universidade Estadual da

    Paraba como requisito parcial para obteno do

    Ttulo de Licenciatura Plena em Histria.

    Orientadora: Prof Maringela de Vasconcelos Nunes

  • 2

    FICHA CATALOGRFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA SETORIAL DE

    GUARABIRA/UEPB

    S719r Souza, Juliana Rodrigues de

    Relatrio de estgio supervisionado em histria: experincias de sala de aula / Juliana Rodrigues de Souza. Guarabira: UEPB, 2011.

    26f.: Il. Color.

    Trabalho de Concluso de Curso (Graduao em Histria) Universidade Estadual da Paraba.

    Orientao Prof. Ms. Maringela de Vasconcelos

    Nunes.

    1. Estgio Supervisionado 2. Planejamento Didtico 3. Histria - Ensino I.Ttulo.

    22.ed. CDD 372.12

  • 3

    JULIANA RODRIGUES DE SOUZA

    RELATRIO DE ESTGIO SUPERVISIONADO EM

    HISTRIA

    EXPERINCIAS DA SALA DE AULA

    Avaliado em: ______/_____/_____

    Nota: _________

    BANCA EXAMINADORA

    _________________________________________________________________

    Orientador (a): Prof. Maringela de Vasconcelos Nunes

    ____________________________________________________________________

    Examinador: Prof. Ms. Martinho Guedes dos Santos Neto

    _____________________________________________________________________

    Examinador: Prof. Ms. Jos Elson Carvalho Lira

  • 4

    AGRADECIMENTOS

    Agradeo a Deus pela vida, por me manter com f, fora e perseverana para chegar at aqui.

    A minha famlia. A minha me, Luzinete e meu irmo, Yuri e so a razo pela qual me

    levanto e luto todos os dias.

    Aos meus amigos, aqueles que se foram, mas deixaram em mim marcas que jamais sero

    apagadas e, aqueles que esto presentes e me deram foras nos momentos de tristeza e

    vibraram nos momentos de alegria.

    Aos obstculos, pois estes me fizeram crescer e me tornar mais forte, aprendendo com as

    experincias a lidar com os impasses da vida.

    A Prof Maringela (UEPB/GBA) por me orientar to pacientemente neste relatrio.

    Enfim, sou grata a todos que contriburam direta ou indiretamente para realizao deste

    trabalho.

  • 5

    RESUMO

    Este Trabalho de Concluso de Curso consiste na apresentao do texto do Relatrio de

    Estgio Supervisionado, apresentado ao componente curricular Prtica pedaggica IV, no ano

    letivo 2010.1, do Curso de Licenciatura Plena em Histria do centro de Humanidades da

    Universidade Estadual da Paraba. Nele discuto trs questes: a observao da escola onde

    estagiei, a Escola de Ensino Fundamental e Mdio Prof Jos Soares de Carvalho, localizada

    na cidade de Guarabira PB; as descries das aulas por mim regidas e por fim fao uma

    breve discusso a cerca da indisciplina e do planejamento didtico.

    Palavras-chave: Estgio Supervisionado; Indisciplina; Planejamento didtico.

  • 6

    SUMRIO

    AGRADECIMENTOS

    RESUMO

    1. INTRODUO.....................................................................................................................7

    2. DESENVOLVIMENTO DO ESTGIO...............................................................................8

    2.1 OBSERVAOESTRUTURA FSICA/MATERIAL DA E.E.E.F.M. PROF. JOS

    SOARES DE CARVALHO......................................................................................................8

    2.2. OBSERVAO O PROFESSOR NA SALA DE AULA............................................14

    2.3. ESTGIO REGNCIA....................................................................................................16

    3. INDISCIPLINA OU FALTA DE PLANEJAMENTO DIDTICO?.................................20

    3.1. (RE) PENSANDO O PLANEJAMENTO DIDTICO...................................................23

    CONSIDERAES FINAIS

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ANEXOS

    ANEXO 1 TEXTO COMPLEMENTARErro! Indicador no definido.

  • 7

    1.INTRODUO

    O presente relatrio tem como objetivo relatar o processo de estgio supervisionado

    realizado em dupla por todos os alunos do curso de Licenciatura Plena em Histria da turma

    2007.1 do turno da tarde, do Campus III da UEPB, na disciplina de Estgio Supervisionado

    Obrigatrio. O Estgio escolar uma exigncia da Lei de Diretrizes e Bases da Educao

    Nacional (n 9394/96). Dando assim a oportunidade ao profissional em formao associar

    teoria a prtica docente.

    A metodologia utilizada para cumprir as metas do estgio supervisionado consistiu

    primeiramente na observao da escola em que ocorreu o estgio, o que propiciou uma

    aproximao com a realidade escolar na qual estagiei. Assim, observei a comunidade

    estudantil durante vrias visitas a instituio escolar, para em seguida com o conhecimento

    bsico da estrutura fsica e da comunidade estudantil, iniciar as observaes das aulas.

    Posteriormente, ministrei aulas numa turma do Ensino Fundamental. Sendo assim, este

    trabalho tem como objetivo relatar a trajetria do estgio desde a observao at o estagio

    regncia.

    O estgio supervisionado um momento de fundamental importncia no processo de

    formao, e constitui-se em um treinamento que possibilita ao discente vivenciar o que foi

    estudado na Universidade e desloc-lo para a sala de aula, aproximando-o da escola, dos

    alunos, do seu futuro ambiente de trabalho. Ainda que a formao oferecida na Universidade

    seja de fundamental importncia, ela por si s no suficiente para formar e preparar o

    estudante para o pleno exerccio de sua profisso. Faz-se, ento, necessria a insero do

    aluno na realidade do cotidiano escolar para aprender com a prtica dos profissionais da

    docncia (PIMENTA, 1995).

    De acordo com Almeida (1995) os estgios curriculares devem ser desenvolvidos em

    trs etapas: a primeira a observao, em que o aluno colocado em contato direto com as

    turmas e fica incumbido de observar a aula do professor destas, anotando num caderno

    prprio o desenrolar da aula; a segunda a participao do aluno-estagirio, que fica

    invariavelmente dependendo da vontade do professor da classe, e traduz-se no cotidiano da

    sala de aula, mas na maioria das vezes, a participao simplesmente no existe; e a ltima a

    regncia das aulas, atravs da interveno, quando o aluno elabora um plano de aula sobre

    determinado assunto, em seguida executa aquilo que foi planejado na classe onde est fazendo

    o estgio. Cabe ao professor supervisor assistir a aula, e mediante a um roteiro, ele faz crticas

    ou elogios ao desenvolvimento e desempenho do aluno-mestre durante a regncia das aulas.

  • 8

    O presente relatrio faz, portanto, referncia aos seguintes tpicos: as discusses

    realizadas em sala de aula sobre o estgio (ESO II), em que tive toda uma base terica a partir

    do debate de textos para a produo deste relatrio; a observao da escola e do cotidiano

    escolar, bem como a relao entre professores e alunos; a regncia que o estgio

    propriamente dito; e por fim minha experincia em sala de aula expondo meu cotidiano como

    professora regente e a minha relao direta com os alunos da escola.

    2.DESENVOLVIMENTO DO ESTGIO

    2.1 Observao- estrutura fsica/material da E.E.F.M. Prof Jos Soares

    de Carvalho

    Inicialmente, fui a campo para coletar informaes sobre a escola e a partir das

    observaes realizadas elaborei a caracterizao da estrutura fsica/material da escola. Tais

    dados correspondem ao ms de Junho do ano de 2010.

    A Escola Estadual de Ensino Fundamental e Mdio Prof. Jos Soares de Carvalho

    reconhecida pelo CEE (Conselho Estadual de Educao) pelo Decreto 4.587/84 est

    localizada na Rua Henrique Pacfico n 45, Bairro Primavera, na cidade de Guarabira/PB.

    Fonte: Arquivo da autora

    Foto: Juliana Rodrigues de Souza, 2010

    A escola oferece dois nveis de ensino, o Fundamental do 6 ano ao 9 ano, e o Ensino

    Mdio. A escola conta ainda com um programa federal: o Pr Jovem. Este oferece aos jovens,

    durante um ano, chance de acelerao de aprendizagem (para concluso da 8 srie), incluso

  • 9

    digital e qualificao profissional bsica. O aluno matriculado recebe um incentivo mensal de

    R$ 100,00, alm disso, ele deve desenvolver aes sociais em suas comunidades.

    Abaixo podemos observar a distribuio dos professores por disciplina e titulao

    (Quadro 01):

    Disciplina N de Professores Graduados Especialistas Mestres

    Artes 03 03 - -

    Biologia 03 03 - -

    Cincias 08 08 - -

    Educao Fsica 04 04 - -

    Filosofia 01 01 - -

    Fsica 03 03 - -

    Formao p/ Vida 02 02 - -

    Geografia 08 04 04 -

    Histria 08 04 04 -

    Ingls 05 05 - -

    Matemtica 12 12 - -

    Portugus 12 06 06 -

    Qumica 04 04 - -

    Sociologia 02 02 - -

    TOTAL: 75 61 14 -

    Quadro 01 Distribuio dos Professores por Disciplina e Titulao. Fonte: Pesquisa de campo, 2010.

    Em um total de 75 professores, todos formados, apenas 14 so especialistas, no

    havendo nem mestres nem doutores. Ademais nem todos os professores lecionam nas reas

    para os quais so formados. Assim, a sala em que realizei o estgio de observao estava a

    cargo de uma professora de Geografia, embora a disciplina ensinada fosse Histria.

    Encontram-se matriculados na instituio 2.024 alunos, sendo 824 do turno da manh,

    750 da tarde e 450 da noite. A escola possui vinte salas de aula, todas espaosas. Cada sala de

    aula tem bir e quadro negro. No entanto, nem todas possuem cesto de lixo e somente

    algumas tm ventiladores em bom estado de funcionamento. Tambm possui aparentemente

    uma boa iluminao.

  • 10

    Fonte: Arquivo da autora

    Foto: Juliana Rodrigues de Souza, 2010

    A escola dispe de uma sala de vdeo que se encontra num local amplo, com uma

    televiso de 29 polegadas, um DVD e um data show. Todos esses recursos esto disposio

    dos professores, para sua utilizao quando necessrio. Todas as atividades fsicas so

    realizadas no Ginsio da escola, que dispe de uma boa estrutura fsica e bom estado de

    conservao. Tais espaos so de fato utilizados pelos alunos, entre duas a trs vezes durante

    a semana para prticas de esportes como futebol, vlei, handebol e as aulas de educao

    fsica, disciplina esta includa no componente curricular da escola.

    Os banheiros so amplos e se encontram em local acessvel a todos os alunos, porm o

    estado de conservao das portas ruim, pois se encontram riscadas e algumas no fecham.

    No que se refere a limpeza, esta feita com frequncia pelos auxiliares de servios gerais da

    escola. Os bebedouros tambm esto em locais acessveis, apenas um deles est bastante

    desgastado e desperdia muita gua, pois h um constante vazamento.

    Fonte: Arquivo da autora

    Foto: Juliana Rodrigues de Souza, 2010

    A escola possui biblioteca, no muito grande, mas que corresponde as necessidades

    bsicas dos alunos, pois possui uma boa quantidade de livros, revistas e jornais que so

  • 11

    utilizados como fonte de pesquisas para os alunos. Observei ainda a ausncia de bibliotecrio

    nos turnos vespertino e noturno, pois este s est presente no perodo da manh. Existem dois

    laboratrios: um de informtica e outro de cincias. O primeiro utilizado por professores e

    alunos e tem acesso a internet; o segundo est em timas condies de conservao e possui

    grande quantidade de materiais a serem trabalhados, sobretudo nas aulas de Qumica, Fsica,

    Biologia e Cincias. Nota-se a falta de material de pesquisa para as disciplinas de Histria e

    Geografia, havendo apenas alguns mapas expostos em sala de aula, mas sem uma significativa

    utilidade tanto para o aluno quanto para o professor.

    Fonte: Arquivo da autora

    Foto: Juliana Rodrigues de Souza, 2010

    O auditrio muito amplo, possui um palco onde so realizadas apresentaes dos

    alunos e de palestras realizadas por possveis visitantes. A merenda acondicionada na

    cozinha, onde preparada. As merendeiras dispem de um cardpio variado para a semana,

    composto por sanduches, cuscuz, entre outros, mas que visivelmente no corresponde a uma

    boa dieta para os alunos que, em sua maioria, so jovens em fase de crescimento. No,

    havendo refeitrio na escola, na maioria das vezes os alunos fazem as refeies no ptio

    interno ou ento dentro das salas de aulas. Os auxiliares administrativos trabalham na

    secretria, que fica numa sala ampla, com boas condies fsicas, prxima a entrada da escola.

  • 12

    Fonte: Arquivo da autora

    Foto: Juliana Rodrigues de Souza, 2010

    A diretoria est num local de fcil acesso, tanto para os professores quanto para os

    alunos. A sala dos professores grande, possui mesas com cadeiras e sofs, armrios para os

    professores guardar os seus materiais. Alm disso, durante o intervalo servido aos

    professores um lanche que contm frutas, bolos, caf e sucos.

    Fonte: Arquivo da autora

    Foto: Juliana Rodrigues de Souza, 2010

    A seguir apresento a distribuio dos funcionrios de acordo com o cargo ocupado e

    por turno (Quadro 02):

    CARGO QUANTIDADE MANH TARDE NOITE

    Diretor (a) 01 TODOS OS TURNOS

    Vice-Diretores (as) 03 01 01 01

  • 13

    Secretrios (as) 01 TODOS OS TURNOS

    Coordenadores (as) Pedaggicos 01 TODOS OS TURNOS

    Supervisores (as) 03 01 01 01

    Psiclogo 00 00 00 00

    Assistente Social 00 00 00 00

    Agentes Administrativos 12 04 04 04

    Auxiliar de Servios Gerais 09 03 03 03

    Merendeiras 06 02 02 02

    Porteiros 03 01 01 01

    Vigias 03 00 01 02

    Arquivistas 01 TODOS OS TURNOS

    Bibliotecrios 01 01 00 00

    Quadro 02 Distribuio dos Funcionrios de Acordo com o Cargo Ocupado/Turno. Fonte: Pesquisa de campo, 2010.

    De acordo com o quadro acima, a escola conta com diretor, vice-diretores, um

    coordenador pedaggico e trs supervisores escolares. Todos os funcionrios que compem o

    quadro possuem curso superior e alguns com especializao. No entanto, a escola no possui

    psiclogo, nem assistente social para acompanhar os alunos e sua famlia.

    Durante o estgio observei alguns dos seguintes problemas, como salas de aula super

    povoadas tendo em mdia de 50 a 55 alunos cada; salas de aula barulhentas e quentes (sem ar-

    condicionado, com ventiladores barulhentos); falta de mveis; depredao de portas, janelas,

    cadeiras, ventiladores, banheiros, o que levou a direo a instalar cmeras de vdeo em alguns

    locais da escola para monitorar os alunos. muito comum tambm encontrarmos professores

    que lecionam em mais de uma escola o que cansativo e desgastante, entretanto, necessrio

    para sua prpria sobrevivncia visto que os salrios so baixos. Existem tambm aqueles que

    atuam em reas diferentes de sua formao acadmica (professores formados em Geografia

    lecionando Histria).

  • 14

    2.2 Observao- o professor na sala de aula

    Neste momento, busquei observar a prtica pedaggica adotada pelo professor e

    observar o cotidiano da sala de aula, atentando para vrias questes como: identificar as

    estratgias de ensino utilizadas pelo professor, os recursos utilizados por ele, como ele utiliza

    o livro didtico, o tipo de avaliao frequentemente aplicada por ele, a receptividade dos

    alunos com relao aula desenvolvida pelo professor, a forma de disciplina em sala de aula,

    a participao dos alunos na aula de Histria, a relao professor-aluno, entre outras coisas.

    A observao das aulas propriamente dita ocorrera entre os dias 02/06 e 16/06,

    perfazendo um total de seis aulas, sendo duas por dia. Realizei a observao juntamente com

    uma colega de turma que posteriormente dividiu comigo a experincia do estgio regncia.

    Observei as aulas em uma turma de Ensino Mdio no turno da tarde, ministradas por uma

    professora de geografia que estava substituindo a professora titular que se encontrava afastada

    por problemas de sade. As observaes foram realizadas no Ensino Mdio, mas o estgio

    regncia foi feito numa sala de Ensino Fundamental. Esse remanejamento ocorreu em

    decorrncia do excesso de estagirios e poucas salas de aula para realizao do estgio.

    A sala que observamos, possua 38 alunos, numa faixa etria entre 16 e 18 anos

    aproximadamente, de ambos os sexos, sendo a maioria residente na cidade de Guarabira e

    alguns de municpios vizinhos, como Pirpirituba, entre outros.

    A primeira aula observada iniciou-se com a chamada. Logo aps, a professora utilizou

    trinta minutos da aula para que os alunos terminassem uma atividade de outra disciplina e

    para organizao da sala, isto arrumao das cadeiras e disposio dos alunos em seus

    lugares. Apesar de ter um bom relacionamento com a turma, a professora no detm o

    domnio da classe, ficando a cargo de alguns alunos impor a ordem na sala de aula. Durante

    a chamada a maior parte dos alunos estava tirando fotos na sala, ouvindo MP3 e outros

    respondiam a chamada e se ausentavam da sala, alm de ficarem escrevendo no quadro textos

    no pertinentes a aula. Somente na observao da segunda aula foi explanado o contedo pela

    professora que tratava do Segundo Reinado, fora realizado inicialmente com uma leitura

    rpida do livro didtico Histria hoje (CARDOSO, 2006) que durou aproximadamente dez

    minutos para posteriormente a professora comentar o assunto. Percebemos que a professora

    tinha dificuldade em ministrar a aula, por ser substituta, havendo assim confuso entre os

    contedos a serem trabalhados em sala de aula, uma vez que os alunos diziam estarem dois

  • 15

    captulos a frente daquele que a professora queria trabalhar. Assim, a mesma se ateve ao

    mtodo de ensino tradicional, utilizando somente o livro didtico, pedindo aos alunos que

    lessem o contedo, depois respondessem os exerccios propostos no mesmo. Os alunos

    limitavam-se a copiar trechos do contedo como resposta para o exerccio. Outros recursos

    utilizados foram o quadro negro e giz.

    Nesse contexto, as aulas de histria eram vistas pelos alunos como aulas

    desinteressantes, cabendo a eles memorizar os contedos, uma vez que a avaliao se dava

    atravs do estudo dos exerccios propostos no livro didtico em que o trabalho do aluno era

    basicamente decorar os contedos.

    De acordo com o artigo 35, da Lei n. 9.394/96 de Diretrizes e Bases da Educao

    Nacional (LDB), o Ensino Mdio, etapa final da educao bsica, tem como finalidades: o

    aprimoramento do educando como ser humano, sua formao tica, desenvolvimento de sua

    autonomia intelectual e de seu pensamento crtico, sua preparao para o mundo do trabalho e

    o desenvolvimento de competncias para continuar seu aprendizado. Baseando-me nesta

    proposta, pensei o posterior estgio regncia, com base em uma perspectiva que buscasse

    estimular a criatividade dos alunos a cerca dos contedos que viriam a ser trabalhados nas

    aulas e tentando deslocar para a realidade em que vivem.

    Ao fim da aula, a professora nos informou sobre o rendimento nas avaliaes dos

    alunos, limitando-se apenas a comentar sobre aqueles que estavam na mdia e eram a maioria

    na sala. Os demais, ou seja, aqueles que estavam abaixo da mdia eram marginalizados em

    suas falas.

    2.3 ESTGIO REGNCIA

    O Estgio o momento de exteriorizao da aprendizagem, constitudo em uma atividade que se efetiva mediante a insero no espao educacional e no

    contato com os professores que se dispem a receber, acompanhar e orientar

    os futuros professores no processo de aprendizagem da docncia (FRANA,

    2006).

    As aulas de regncia foram ministradas entre os dias 07 de outubro a 18 de novembro,

    tendo uma carga horria de duas aulas por dia de estgio e sendo realizadas nas quintas-feiras

    num total de dez aulas de regncia. O estgio foi feito no Ensino Fundamental no turno da

  • 16

    tarde. Assim, fiquei numa sala diferente do perodo de observao (3 ano do ensino Mdio),

    sendo acompanhada a partir de ento, por outra professora da escola.

    A turma do Ensino Fundamental, em que regi as aulas de Histria, era composta por 43

    alunos, que tinham entre 13 e 15 anos aproximadamente, de ambos os sexos, sua maioria

    residindo na cidade de Guarabira e os demais em cidades circunvizinhas.

    Com base nas observaes realizadas anteriormente, busquei elaborar planejamentos do

    que seria ministrado na primeira aula, esquematizando um plano de aula com base na

    realidade dos alunos, de modo que os eles possam perceber a importncia do que est sendo

    ensinado. O planejamento das aulas contribui para a realizao de aulas satisfatrias em que

    os estudantes se sintam estimulados, tornando o contedo mais agradvel com vistas a

    facilitar a compreenso.

    No dia 07/10/10, foi ministrada a primeira aula regncia. Minha colega de estgio e eu

    nos apresentamos aos alunos buscando uma relao amistosa com a turma. Ministramos duas

    aulas seguidas, a primeira antes do intervalo e a segunda aula logo em seguida. Aproveitamos

    esta aula para expor o contedo: Os conflitos no Oriente Mdio. Iniciamos a aula com a

    leitura do assunto. Procuramos a efetiva participao dos alunos por meio da leitura do

    contedo juntamente conosco, no entanto, apenas uma aluna se prontificou a ler e os demais

    que foram por ns solicitados, se recusaram. Foram discutidas dentro do contedo as origens

    dos conflitos atentando para os pases que participaram deste e seus interesses, bem como

    questes territoriais e raciais.

    Para uma melhor compreenso do assunto pelos alunos utilizamos como recurso

    metodolgico desta aula o data-show. Explanamos de maneira mais dinmica a relao entre

    os pases envolvidos nos conflitos utilizando mapas e fotos pertinentes ao contedo. Em

    seguida, discutimos a parte dos conflitos propriamente dita, desde seu advento. Busquei fazer

    ligao com o que se v em noticirios e me baseando-me em dados atuais, buscava

    novamente a participao dos alunos na aula, atravs do seu prprio conhecimento. Na

    segunda parte da aula, houve certo descontrole no horrio, pois os alunos demoraram a se

    reorganizarem na classe. Logo que a situao estava organizada, continuei a explicao do

    contedo enfatizando aos conflitos entre israelenses e palestinos devido complexidade de tal

    assunto e por ser um tema discutido na atualidade. Segundo Callai,o contedo deve est

    sempre interligado com a realidade do aluno, de forma que ele possa construir sua cidadania e

    criticidade (CALLAI, 2001).

  • 17

    Finalizada a explanao, partimos para a aplicao do exerccio contido no livro

    didtico e feito no caderno, em que os alunos levaram o restante da aula, cerca de 25 minutos,

    para responder as questes propostas.

    A aula ministrada no dia 14/10/10 foi utilizada para correo do exerccio aplicado na

    aula anterior, em que novamente foi solicitada a participao dos alunos e os mesmos foram

    mais dinmicos. No entanto, nos chamou a ateno para a padronizao das repostas. Elas

    eram cpias de trechos do contedo, mostrando a dificuldade dos alunos em refletir e

    elaborar textos ou comentrios prprios.

    Aps a correo seguiu-se o intervalo, e depois deste, abrimos um debate sobre os

    textos complementares contidos no livro didtico e referentes ao contedo sobre Os

    conflitos no Oriente Mdio. O formato do debate fora o seguinte: dividimos a classe em dois

    grupos, em que deixamos a critrio dos alunos a diviso da turma. Os mesmos optaram por

    uma diviso sexual: meninos e meninas. Divididos os grupos, partimos para explicao da

    temtica central dos textos escritos pelo palestino Edward Said e o outro, pelo israelense

    Ams Oz. O grupo dos meninos ficou com o texto Crise mostra importncia da questo

    palestina de Edward Said e o grupo das meninas discutiu com o texto Israel e Palestina:

    entre o certo e o certo de Ams Oz. Encontramos dificuldade, pois no havia livros

    suficientes para toda a turma. Depois da leitura, pedimos para os alunos exporem os pontos de

    vista de ambos os autores, j que os textos tratavam de duas perspectivas diferentes sobre os

    conflitos entre Israel e Palestina. Respondidas as questes pertinentes aos textos

    complementares, partimos para o debate propriamente dito, em que os dois grupos de alunos

    leram as respostas. Buscamos assim, estimular os alunos a reelaborar suas falas, mas a

    maioria das respostas foram simplesmente copiadas dos textos complementares. O

    experimento de utilizar tais textos complementares objetivava a participao mais efetiva dos

    alunos de maneira crtica, j que os textos mostravam pontos de vista diferentes a cerca da

    questo palestina e israelense. Depois de concludo o debate, a professora regente recolheu as

    questes e disse que iria atribuir nota de participao. Assim, conclumos as aulas sobre Os

    conflitos no Oriente Mdio.

    No dia 21/10/10 ministramos nossa terceira aula, apresentando o contedo Populismo

    na Amrica Latina. Discutimos esse tema a partir do resumo do assunto em tpicos, expostos

    no quadro negro e copiados no caderno pelos alunos. Atentamos para aspectos sobre os

    principais regimes populistas e seus lderes na Amrica Latina. Esclarecemos as perspectivas

    do populismo, destacando-se na Amrica Latina a Argentina, tendo como lder Juan Pron e

  • 18

    na Bolvia, Vctor Paz Estenssoro. A turma se mostrou um pouco mais atenta durante esta

    aula e menos agitada. Acredito que isto foi devido a utilizao do quadro negro como recurso

    metodolgico. As anotaes no quadro negro prenderam a ateno dos alunos. Nos

    perguntamos por que a estratgia da cpia mobiliza mais os alunos do que o debate? No

    temos uma resposta pronta. Apenas indagaes. Ser que os alunos esto mais habituados a

    prtica de memorizao e resistem a outras que sugerem operaes mentais mais complexas?

    Assim, seguiu-se a aula.

    Aps o intervalo, buscamos elucidar o significado principal da palavra populismo,

    atentamos para algumas fotos contidas no contedo do livro didtico que mostrava o

    presidente Juscelino Kubitschek no auge de seu governo (1959), numa visita a fbrica da

    Volkswagen. A outra foto revelava o presidente Lula (2003) numa visita a mesma fbrica no

    ano de comemorao de 50 anos da Volkswagen. Identificamos os dois presidentes como

    populistas, um dos aspectos flagrantes que apareciam nas fotos era a aglomerao de pessoas

    ao redor doa lderes. Nesse sentido, buscamos mostrar que a relao entre as massas e o lder

    populista uma das caractersticas do populismo. Deste modo, encerramos a aula deste dia.

    Na aula do dia 11/11/10 continuamos o assunto sobre Populismo. No entanto,

    expomos para os alunos o populismo no Brasil, j que o livro didtico fala apenas do

    Populismo na Amrica Latina. Selecionamos o texto Democracia e populismo extrado do

    site Brasil escola. Devido inquietude da turma, a leitura do texto levou os 50 minutos da

    primeira aula. Decorrido o intervalo, retornamos a sala de aula e demos prosseguimento a aula

    referente ao texto. Assim, dividimos a turma para uma gincana. A diviso se deu em grupos

    de seis componentes cada, totalizando sete grupos. Ambos os grupos iriam formular questes

    sobre o texto e expor para os demais. Num primeiro momento, tivemos dificuldade, pois se

    tratando de uma gincana os alunos acabaram por tumultuar a aula e foi necessrio chamar a

    ateno dos mesmos algumas vezes. Por fim, percebemos que as respostas dadas para as

    questes formuladas, no passavam de cpias de trechos do texto. Mais uma vez retomamos

    o debate buscando levar os alunos a expor suas prprias interpretaes, mas apenas alguns

    alunos conseguiram interpretar e compreender de fato o tema principal do texto.

    Tal dificuldade de interpretao se dava, sobretudo, pela indisciplina e consequente

    falta de ateno e concentrao por parte dos alunos. Possivelmente o cerne dessa dificuldade

    seja devido ao fato dos alunos no serem exercitados para o debate. Assim sendo, demos por

    encerrada a aula deste dia.

  • 19

    No ltimo dia de nosso estgio regncia em 18/11/10, comeamos a aula aplicando o

    exerccio proposto no livro didtico segundo recomendaes da professora regente, pois este

    serviria como base de estudo para a prova a ser aplicada posteriormente pela mesma. Devido

    indisciplina por parte dos alunos a resoluo do exerccio tomou toda a primeira aula. A

    professora regente chamava a ateno deles constantemente.

    Na segunda aula, seguimos com a correo do exerccio. Contamos com a participao

    dos alunos que escreviam no quadro negro suas respostas. Como uma ltima tentativa de

    desenvolver nos alunos um raciocnio mais crtico, procuramos faz-los refletir sobre as

    respostas que eles escreviam no quadro, j que mais uma vez as respostas no passavam de

    trechos copiados do livro didtico sem nenhum tipo de interpretao por parte dos alunos.

    Alguns corresponderam as nossas expectativas, mostrando-se realmente interessados em

    compreender o contedo, mas a maioria continuou atrelada a cpias de trechos do assunto

    sem a compreenso interpretativa.

    Os alunos esto habituados a estudar a Histria e demais disciplinas como meramente

    decorativas, resultado do uso equivocado do livro didtico como depsito de dados a serem

    simplesmente extrados pelo aluno sem a tentativa de faz-los compreender o que est ali

    escrito. Se faz necessrio explorar mais a compreenso do aluno, buscando uma leitura

    interpretativa, fazendo-o entender o que l. A forma como o livro didtico utilizado durante

    suas aulas est desvirtuada da sua verdadeira funo, que de servir como apoio a prtica

    docente. Muitas vezes ele tido como dono da verdade absoluta, e ao professor cabe

    simplesmente transmiti-las aos alunos. Todavia a questo no o livro, mas a metodologia

    usada pelos professores.

    Assim, demos por encerrada nossa ltima aula. Nos despedimos da professora regente,

    agradecendo pela colaborao prestada quando nos foi necessrio j que se trata de uma

    profissional habituada a realidade da sala de aula, e dos alunos agradecendo pelos dias de

    regncia que foram muito proveitosas.

    3.INDISCIPLINA OU FALTA DE PLANEJAMENTO DIDTICO?

    Durante a etapa de estgio, me deparei com uma questo que decorrente na maioria

    das salas de aula, sobretudo nas de Ensino Fundamental II e Mdio: a indisciplina dos alunos.

    Os professores falam sobre a indiferena e m vontade dos alunos e estes, falam sobre a

    incompreenso dos professores e a monotonia em sala de aula. Diante destas duas

    perspectivas opostas e crticas que valem ser discutidas, onde realmente est o problema? O

  • 20

    que vem primeiro: a atitude do aluno ou do professor? Um destes aspectos mencionados ou

    ambos juntos explicam a indisciplina?

    O progresso testemunhado nas ltimas dcadas do sculo XX e incio do XXI se

    reflete diretamente nas relaes civis. Tal progresso nos faz perceber que o convvio social

    toma uma maior complexidade e as relaes entram em crise. As instituies sociais passam

    por uma crise em sua autoridade e o espao educacional est inserido nestas instituies. Essa

    crise se estabelece no campo escolar em decorrncia da pouca credibilidade institucional entre

    escola e famlia. Essa divergncia parte do fato das prticas escolares contemporneas se

    sobressarem s anteriores, onde a relao professor-aluno ainda se configura por prticas

    excludentes e autoritrias.

    Partimos da crtica lanada pelos educadores a respeito da insignificncia do professor

    no espao escolar. Tal insatisfao pude presenciar durante o Estgio, em que a indisciplina

    uma insatisfao prima entre os professores. Embora o estgio tenha sido realizado em uma

    escola de ensino pblico, a insatisfao no est restrita apenas a esta, mas em todos os

    contextos e nveis escolares. Trata-se, ento, de uma problemtica que est alm do espao

    escolar (seja pblico ou privado) e da prtica docente, mas no a exclui.

    Por ser uma questo constante, num breve esboo, podemos pensar a indisciplina

    atrelada a dois eixos: uma estrutura maior, em que temos famlia e o espao social, onde o

    aluno est inserido e uma estrutura menor, que se encontra o campo escolar e a prtica

    docente. De acordo com Leal (2005) o planejamento um processo que exige organizao,

    sistematizao, previso, deciso e outros aspectos na pretenso de garantir a eficincia e

    eficcia de uma ao, quer seja em um nvel micro, quer seja no nvel macro. nesse espao

    menor que centro minha discusso a respeito da indisciplina, j que nesta rea que estou

    inserida enquanto educadora.

    A relao existente entre a indisciplina e a poltica pedaggica no interior do espao

    escolar uma problemtica a ser discutida com ateno, pois gira em torno de uma dupla

    insatisfao e submisso envolvendo diferentes atores sociais. De um lado, o professor se

    queixa da indisciplina escolar, da falta de domnio da turma, da desateno, do desinteresse e

    acaba por criar os ditos alunos-problema em que Julio Groppa insere:

    A justificativa do aluno-problema uma espcie mxima muito recorrente no meio pedaggico, que se traduziria num enunciado mais ou menos parecido

    com este: se o aluno aprende/obedece, porque o professor ensina/manda; se

    ele no aprende/obedece, porque no quer ou porque apresenta algum tipo

    de distrbio, carncia ou falta de pr-requisito (GROPPA, 2003).

  • 21

    Assim quando, o aluno corresponde s expectativas do professor este se diz merecedor

    de todo mrito e quando o aluno no atinge o esperado pelo professor, ele colocado um

    lugar margem e visto como problemtico? Desta forma o docente no est se ausentando da

    responsabilidade de tal problema?

    Se atentarmos para o eixo maior que envolve o sistema educacional, ns discutiremos os

    fatores famlia e espao social e de um modo geral, a sociedade, onde o aluno vive e

    estes, influenciam sim na relao professor-aluno e no comportamento do aluno em sala de

    aula. Mas, quando atentamos para o eixo menor, em que nos limitamos ao espao escolar, no

    podemos ausentar a responsabilidade da prtica docente no comportamento do aluno.

    Podemos pensar num primeiro momento que professores e alunos devem se perceber

    como estando em uma relao de construo do conhecimento e se este processo no est se

    concretizando em sala de aula, deve ser compreendido como um indcio de que a pedagogia

    aplicada no est sendo satisfatria, acabando por no atingir s expectativas preteridas pelo

    docente.

    Remetendo a questo da indisciplina ao estgio pude perceber que tal problemtica

    ocorre em parte por omisso do professor, no que diz respeito do planejamento didtico, ou

    para ser mais concisa, a ausncia do mesmo. Nesse sentido, busco mostrar que durante o

    estgio percebi quo importante para o professor o ato de planejar a aula, como meio de

    envolver o aluno, para chamar-lhe a ateno para a aula de maneira prazerosa e no pela fora

    do poder autoritrio na sala de aula. Isto nos leva a questo suscitada por Foucault em que:

    A disciplina no pode identificar com uma instituio nem com um aparelho;

    ela um tipo de poder, uma modalidade para exerc-lo, que comporta todo um

    conjunto de instrumentos, de tcnicas, de procedimentos, de nveis de

    aplicao, de alvos (FOUCAULT, 1975).

    Dentre os instrumentos para a construo desta disciplina temos como referncia o

    planejamento didtico. Sua finalidade, se pensada de maneira a englobar todo o ambiente

    educacional, pode diversificar o modo tradicional, disciplinarizante e subordinador da prtica

    pedaggica. A ao pedaggica atinge diferentes sujeitos que experienciam situaes

    diversas. Sabendo de tal envolvimento do professor, auferimos o questionamento de Corazza,

    que diz:

    Ento como ir para escola (significada como um territrio de luta por sentidos

    e identidades) e exercer uma pedagogia (entendida como uma forma de

    poltica cultural), sem planejar nossas aes? Ora, agir assim demonstraria que

  • 22

    no mnimo, no levamos muito a srio as responsabilidades pedaggicas e

    polticas do nosso trabalho! (CORAZZA, 1997).

    Quando realizamos uma previso bem feita do que ser realizado em sala de aula,

    melhoramos muito o aprendizado dos alunos, que demonstram maior interesse e aperfeioa a

    prtica pedaggica do professor, deixando de ser mero interceptor entre contedo do livro

    didtico e o aluno. Tal assertiva nos leva a concluir que o planejamento didtico umas das

    ferramentas essenciais para um desenvolvimento pedaggico satisfatrio. A partir da crtica

    dos alunos se pode, ento, repensar as prticas na escola. Podemos concluir, a partir de

    Corazza que devemos:

    Planejar sim, mas colocar nossos planos sob suspeio. Sabendo que, ao

    realiza-los, estamos sempre comprometidos como poder-saber integrante da

    ao de planejar, correndo o risco de enunciar uma dada ontologia moral e

    identitria nos alunos. Tendo presente que, ao planejar e ensinar, estamos

    implicados por determinados interesses, privilgios, sentidos e que somos

    fabricadores ativos de culturas, subjetividades, identidades e significaes

    (CORAZZA, 1997).

    O planejamento, o domnio do contedo so ferramentas importantes para o

    estabelecimento de uma relao de poder necessrio entre professor e aluno, mas tambm

    construo de troca de conhecimento, onde o primeiro tem uma posio privilegiada, na

    medida em que tem por obrigao ser possuidor de uma maturidade intelectual superior ao

    seu aluno, buscando torn-lo mais autnomo. O uso do poder por parte do professor deve ser

    recomposto de maneira a tender as necessidades dos jovens, ou seja, um poder que tambm

    construdo atravs do respeito e alcanado atravs do planejamento de uma aula interativa e

    instigante para o aluno, em que este sinta sua importncia como parte integrante para a

    formao daquele espao escolar. Assim, ns educadores estaremos contribuindo

    efetivamente para a insero dos alunos no eixo maior1, que foi citado no incio, e que trata do

    espao social. interessante mostrar para o aluno que a escola reproduz, em uma escala

    menor, as normas e hierarquias existentes na sociedade.

    1 Entendo que indisciplina envolve questes relacionadas a aspectos mais amplos que podem ser localizados

    tanto na sociedade como tambm dentro da escola. Neste caso ela extrapola o mbito do planejamento, fazendo

    parte da Sociedade contempornea brasileira de nossa cultura escolar.

  • 23

    3.1 (Re) Pensando o Planejamento Didtico

    O planejamento faz parte de um processo constante atravs do qual a preparao, a

    realizao e o acompanhamento esto intimamente ligados (KLOSOUSKI & REALI, 2008).

    A partir do que vivenciei no estgio, no qual no me foi dada autonomia para a construo de

    um planejamento, me senti instigada para a produo deste tpico. Neste, explano um breve

    esquema das etapas de um planejamento, que corresponda a algumas especificidades do

    aluno. Portanto, a partir do que vivenciei no estgio, percebi como as prticas do professor

    tambm inspiram posturas nos alunos. Assim, observei que quando elaborado e, sobretudo,

    executado o planejamento, isto , acionar o que havia planejado anteriormente para a aula, os

    alunos respondiam de forma mais positiva as minhas expectativas; eles participavam da

    discusso e ficavam mais quietos na sala. Todavia, devido a interferncias da professora

    durante a regncia das aulas2, no era possvel o desenvolvimento pleno do que foi planejado.

    Neste caso, os alunos respondiam de maneira inversa, eles conversavam, mantinham-se

    agitados e dispersos, atrapalhando a dinmica da aula.

    Devemos pensar constantemente para quem serve o planejamento, o que se est

    planejando e para qu vo servir as suas aes. Para nos auxiliar na construo um

    planejamento se faz necessria algumas indagaes como: O que se pretende fazer, por que e

    para quem? Quais os objetivos? Que meios e estratgias podero ser utilizados para alcanar

    tais objetivos? Como avaliar se os resultados esto sendo alcanados?

    De acordo com Klosouski & Reali (2008) com base nessas perguntas e nas suas

    respectivas respostas que so determinadas algumas etapas dentro do planejamento e que

    busquei usar como norte para a construo do planejamento das aulas de estgio:

    Diagnstico da realidade Etapa onde o professor deve fazer uma pesquisa sobre a

    realidade que se encontram os seus alunos, qual o nvel de aprendizagem em que esto

    e quais as dificuldades existentes. A partir da o professor elabora seu plano de ensino.

    Definio do tema e Fase de preparao Nesta fase feita a escolha do tema e so

    previstos todos os passos que faro parte da execuo do trabalho. Nela so definidos os

    2Compreendo que a inteno da professora ao interferir era no sentido de ajudar no desenvolvimento da aula.

  • 24

    objetivos gerais e especficos, e so selecionados e organizados os contedos, os

    procedimentos de ensino, as estratgias a serem utilizadas, bem como os recursos

    metodolgicos.

    Avaliao Nesta etapa devem ser elaborados instrumentos e estratgias apropriadas

    para a verificao dos resultados. Contudo, no podemos considerar a avaliao

    simplesmente como um resultado final, pois ela deve ser analisada durante todo

    processo de ensino-aprendizagem.

    Apesar do planejamento da ao educativa ser de suma importncia, existem professores

    que so negligentes na sua prtica, improvisando suas atividades, em consequncia disso,

    ficam inseguros e no conseguem alcanar os objetivos quanto formao do cidado crtico.

    Embora haja o contraste entre teoria e prtica, devemos ter conscincia que mudar a

    forma de ensinar possvel, mas a mudana deve comear aos poucos para que os alunos

    possam se acostumar e se sentirem atrados por esse ensino mais dinmico. necessrio

    trazer os alunos para as discusses e pouco a pouco ir introduzindo na sala de aula novos

    recursos e materiais didticos. O aluno precisa construir seus prprios conhecimentos, s

    assim possvel formar um cidado consciente dos seus direitos e deveres perante a

    sociedade.

    CONSIDERAES FINAIS

    Ao final da experincia no campo de estgio, foi possvel perceber o choque entre a

    teoria e a prtica, pois nem sempre os contedos estudados durante nosso curso so

    apresentados ainda que considerando o nvel ao qual se destina: Ensino Fundamental II e

    Mdio. Portanto, sugere uma reestruturao de ambos, como uma maneira de promover o

    melhor entrosamento tanto do estudante em formao acadmica quanto em sua futura

    profisso de professor atuante em sala de aula, onde ir atuar numa realidade totalmente

    diferente.

    A realidade observada durante o perodo do estgio de uma educao tradicional, em

    que o professor utiliza como instrumento metodolgico indispensvel o livro didtico e

    automaticamente acionam uma metodologia que reprime e limita a fala do aluno e sua

    capacidade interpretativa. Isso se reflete diretamente na aprendizagem dos alunos, pois estes

  • 25

    se acostumam somente a copiar dos livros e a receber contedos prontos e, quando so

    instigados a escrever e a dizer o que pensam de um assunto, apresentam muitas dificuldades.

    O professor precisa trabalhar novas metodologias de ensino e renovar suas prticas,

    deixando de trabalhar somente com o livro didtico e com assuntos que no tem ligao com

    a realidade dos alunos. Isso acaba por gerar desinteresse nas aulas, em que muitos alunos

    estudam apenas para passar de ano sendo necessrio apenas memorizar e transcrever o texto

    para a prova. A partir do entrelaamento dos saberes, a aprendizagem em todos os sentidos se

    torna mais prtica e de grande importncia funcional durante o processo ensino-

    aprendizagem.

    Seria, portanto, conveniente adotar uma prtica de ensino que tivesse mais relao com a

    realidade e o cotidiano do alunado. As experincias dos alunos devem ser aproveitadas e

    problematizadas em sala de aula, pois a escola tem um forte papel social para a formao do

    ser humano e de sua cidadania. Todavia, trabalhar este saber cotidiano um desafio para

    todos ns.

    Deste modo, cabe a ns futuros professores vencer e superar a prtica de uma Histria

    como disciplina esttica que foi e continua sendo trabalhada nas escolas. Para romper com tal

    modelo, preciso estimular a curiosidade e a criatividade do aluno para que ele possa se sentir

    envolvido o suficiente para trazer suas contribuies para a sala de aula, suscitando um espao

    onde exista trocas de conhecimento, dilogo e relao com realidades diferentes. Essas

    possibilidades no podem ser dissipadas, pois a escola deve permitir situaes para que o

    aluno desenvolva-se de forma mais autnoma, adquirindo criticidade para se posicionar na

    sociedade da qual faz parte.

  • 26

    REFERNCIAS

    ALMEIDA, Jane Soares de. Prtica de ensino e estgio supervisionado na formao de

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