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ISSN 2316-7610

AVALIANDO IDEPB2015

SISTEMA ESTADUAL DE AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO DA PARAÍBA

REVISTA PEDAGÓGICAMatemática9º ano do Ensino Fundamental

Ricardo Vieira CoutinhoGovernador do Estado da Paraíba

Ana Lígia Costa FelicianoVice-Governadora

Aléssio Trindade De BarrosSecretário de Estado da Educação

Roziane Marinho RibeiroSecretária Executiva de Gestão Pedagógica da Educação

Luciane Alves CoutinhoSecretária Executiva de Administração de Suprimento e Logística da Educação

Iara De Oliveira Barros AraujoGerente Executiva da Educação Infantil e Ensino Fundamental

Aparecida de Fátima Uchoa RangelGerente Executiva de Ensino Médio

Iara Andrade de LimaJerusa Pereira de AndradeCoordenação Geral do Avaliando Idepb

Equipe Técnica - GEEIEF - SEEAndrea Freire de AmorimÉlida Medeiros e SilvaIvanê Leite de AndradeJúlia Gislandia de AraujoValdemí Pereira de Souza

CarosEDUCADORES,

A Secretaria de Estado da Educação – SEE tem o prazer de socializar com todos os integrantes das escolas da rede estadual de ensino a coleção de divulgação de resultados do Sistema Estadual de Avaliação da Educação da Paraíba – Avaliando IDEPB, como resultado do processo avaliativo dos estudantes do 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio, realizado em 2015. Foram várias etapas percorridas, entre elas, o planejamento, a execução, a sistematização e o acompanhamento das ações inerentes a todo o processo de avaliação.

O Avaliando IDEPB consiste numa proposta de avaliação institucional com foco no processo de ensino e aprendizagem, sobretudo no desempenho dos alunos em Língua Portuguesa e Matemática, instituindo, anualmente, o índice de qualidade da educação paraibana e relacionando seus indicadores à construção de aprendizagens significativas, à realização de programas e projetos e ao aperfeiçoamento da gestão escolar. A SEE, em parceria com o Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação – CAEd da Universidade Federal de Juiz de Fora – UFJF, implementou, em 2011, o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica da Paraíba – IDEPB, por meio de aplicação de provas escritas junto aos estudantes e aplicação de questionários e entrevistas com gestores, professores e estudantes.

Estes dados coletados formam um conjunto de informações importantes que são mensuradas e analisadas, compondo um diagnóstico do desempenho das escolas da rede pública estadual que permite a SEE posicionamentos e ações interventivas que possibilitem melhorar as práticas de ensino e de aprendizagem. Nesse sentido, foi implantando em 2015 o Pacto de Aprendizagem, composto pelo Plano de Metas por escola e pelo Projeto de Intervenção Pedagógica, com o objetivo de ampliar as práticas significativas de ensino e alcance de melhores resultados de aprendizagens por parte dos educandos.

As informações contidas nestas Revistas, além de se constituírem numa importante fonte de dados, orientam a prática de ensino dos professores, coordenadores pedagógicos e gestores, uma vez que abordam sobre o processo avaliativo do IDEPB, explicitando as matrizes de referência e a metodologia utilizada; explicitam o desempenho da escola e dos estudantes e discutem sobre práticas pedagógicas relacionadas às habilidades e competências avaliadas.

Ao reconhecer que a construção da qualidade educacional é responsabilidade de todos, nos diferentes âmbitos pedagógicos, perfazendo mudanças de valores, atitudes e posturas didáticas, continuamos a lutar pelo êxito do Sistema de Avaliação e de todas as ações, processos e mecanismos que venham garantir maior legitimidade à educação paraibana e, com isso, o sentimento de satisfação e construção coletiva. Assim, desejamos uma leitura prazerosa que possa resultar em boas práticas de ensino e de aprendizagem.

Aléssio Trindade de BarrosSecretário de Estado da Educação da Paraíba

SUMÁRIO

9 1. A APROPRIAÇÃO E O USO DOS RESULTADOS

DA AVALIAÇÃO EXTERNA PELOS PROFESSORES

14 2. INTERPRETAÇÃO

DE RESULTADOS E ANÁLISES

PEDAGÓGICAS

48 3. ESTUDO DE CASO

55 4. REFLEXÃO PEDAGÓGICA

63 5. OS RESULTADOS

DESTA ESCOLA

1Refletir sobre a avaliação educacional em larga escala como estratégia efetiva para a melhoria da qualidade do ensino passa diretamente por compreender a importância da figura do educador nesse contexto. Afinal, como se apropriar dos resultados das avaliações e utilizar os dados, de forma prática, no trabalho pedagógico?

Pensando nisso, esta Revista foi desenvolvida especialmente para você, profes-sor(a). Nas próximas páginas, é possível conferir informações sobre os principais elementos da avaliação educacional e os resultados da sua escola. Apresen-tando os princípios da avaliação, sua metodologia e seus resultados, o objetivo desta publicação é fomentar debates na escola que sejam capazes de aprimorar o trabalho pedagógico, com base na Matriz de Referência, que serve de parâ-metro aos testes, na modelagem estatística utilizada, na estrutura da Escala de Proficiência e sua interpretação, na definição dos Padrões de Desempenho e nos resultados obtidos no AVALIANDO IDEPB.

A APROPRIAÇÃO E O USO DOS RESULTADOS DA AVALIAÇÃO EXTERNA PELOS PROFESSORES

As avaliações externas em larga escala vêm se reve-lando, progressivamente, uma importante ferramenta para o trabalho das equipes gestoras e pedagógicas das escolas em nosso país. O ato de avaliar a rede pú-blica de ensino demonstra que a educação brasileira está atingindo um nível de maturidade tal, que permite pensar além dos limites do espaço escolar.

As práticas de avaliação, anteriormente, se restringiam à avaliação interna, conduzida pelos professores, em suas turmas. Como o nome indica, essa avaliação tem sentido no interior da escola; faz-se necessário, porém, verificar se os estudantes de toda a rede de ensino estão desenvolvendo aquelas habilidades con-sideradas essenciais para que consigam avançar em sua caminhada educacional. As escolas avaliam muito mais do que essas habilidades mínimas, pois trabalham com um currículo amplo, que focaliza diversos elementos, com o objetivo de expandir ao máximo o nível de conhecimento de seus estudantes: a avaliação interna aborda, portanto, mui-tos aspectos que vão além das habilidades mensuradas pelas avaliações externas.

A avaliação externa surgiu da constatação daquela necessi-dade. Por suas características, as avaliações internas não objetivam estabelecer um paralelo com outras unidades escolares, ou mesmo com ou-tras redes de ensino. Já as avaliações exter-nas têm essa intenção, fornecendo, aos gestores de rede e aos gestores escolares, informações a respeito do desempenho dos estudantes naquelas habilidades que se espera tenham consolidado, em determinada disciplina e etapa de escolaridade. De posse dessas informações, os gestores de rede podem verificar as políticas implementadas pelas secretarias de educação que se revelaram eficazes, e as que merecem revisão.

Os gestores escolares, por seu turno, em diálogo com a gestão de rede, atuam como mediadores entre os resultados da avaliação externa e seu impacto no co-tidiano da escola. Entra em ação, nesse momento, a equipe pedagógica da unidade escolar: junto à equipe gestora, coordenadores pedagógicos e professores podem se debruçar sobre os resultados da avaliação,

verificando o desempenho da escola, das turmas e dos estudantes. Essa verificação tem o intuito de observar quais são as habilidades desenvolvidas pelos estu-dantes, e quais as que merecem atenção diferenciada. Entretanto, há que se ter cuidado com uma visão redu-cionista desses resultados: não se pode compreender tais habilidades como as únicas a serem trabalhadas em sala de aula. A Matriz de Referência, base para as avaliações em larga escala, consiste em um “recorte” do currículo, relacionando aquelas habilidades míni-mas já referidas, passíveis de serem avaliadas em um teste de proficiência com questões objetivas.

Embora os resultados de desempenho não sejam os únicos a serem levados em consideração, quando se avalia a trajetória escolar de um estudante, eles po-dem auxiliar na tomada de decisões sobre as estra-

tégias a serem adotadas, visando à melhoria da qualidade do ensino ofertado pelas

redes e pelas escolas. A expectativa é que, de posse desses resultados,

a equipe pedagógica repense suas práticas, analisando cada ângulo possível. A avaliação externa em larga escala pode ser o marco inicial de uma dis-cussão acerca do desempenho da escola e do sistema de en-

sino em que ela está inserida: partindo de seus dados, é possível

refletir sobre o trabalho pedagógico desenvolvido e elaborar e implementar

ações que tenham como foco as dificuldades de aprendizagem observadas.

Para tanto, é necessário, em primeiro lugar, ler e inter-pretar pedagogicamente os resultados da avaliação. Essa leitura não se resume às médias de proficiência e à comparação com as médias da rede e de outras escolas; essas informações são importantes para situar a unidade escolar no conjunto de escolas que formam o sistema, mas não são suficientes para compreen-der, na totalidade, o desempenho específico daquela escola. Cada instituição precisa, portanto, estudar as informações produzidas, verificando, por exemplo, a distribuição dos estudantes pelos Padrões de Desem-penho, e o que isso significa em termos de desempe-nho desses estudantes. Essa distribuição é ponto de

A avaliação externa em larga escala

pode ser o marco inicial de uma

discussão acerca do desempenho da

escola e do sistema de ensino em que

ela está inserida.

AVALIANDO IDEPB 2015 10 REVISTA PEDAGÓGICA

partida para detectar problemas mais amplos, comuns à maioria dos estudantes da escola, mas a leitura dos resultados não se deve limitar a ela, também: é extre-mamente importante que seja realizado um movimen-to de interpretação dos resultados das turmas e dos estudantes, individualmente.

Ao analisar os dados produzidos pela avaliação, a equipe pedagógica poderá entender o que funcionou e o que precisa ser aperfeiçoado, com relação às me-todologias adotadas. Estratégias que se mostraram efi-cazes, em um determinado momento, podem não ser mais produtivas, por motivos diversos: esses motivos, muitas vezes, só podem ser percebidos por aqueles que lidam dia a dia com a realidade da escola, ava-liando as condições de oferta do ensino e o perfil dos estudantes atendidos.

Efetuada a revisão das metodologias de ensino, torna-se relevante pensar em intervenções pedagógicas mais ou menos abrangentes. Algumas po-dem ser pontuais, direcionadas a casos individualizados; outras podem ter um caráter sistêmi-co, abarcando turmas ou até mesmo a escola em si. O que importa, aí, é detectar as ques-tões levantadas pelos resultados da avaliação externa e averiguar como podem ser solucionadas, con-tribuindo para a melhoria do processo de ensino e aprendizagem.

Outro ponto que merece destaque é a formação para o uso dos resultados. É possível que tanto os gestores escolares, como as equipes pedagógicas tenham difi-culdades em entender e usar esses resultados. Essas dificuldades podem ser oriundas não só da complexi-dade própria dos sistemas de avaliação em larga es-cala, mas também da formação dos profissionais que atuam na escola. No caso dos professores, os cursos de atualização e de especialização podem contribuir para que novas ideias sejam agregadas às práticas já existentes, quando se perceber que, depois de ade-quadamente lidos e interpretados os resultados da avaliação, é necessário rever os processos pedagógi-cos adotados pela escola.

Esta Revista tem por objetivo divulgar os resultados da avaliação externa em larga escala, detalhando suas eta-pas. São apresentados os fundamentos da avaliação: a Matriz de Referência, que traz as habilidades avaliadas pelo teste; a composição dos cadernos de teste; a di-ferença entre Teoria da Resposta ao Item (TRI) e Teo-ria Clássica dos Testes (TCT); a estrutura da Escala de Proficiência, com seus Domínios e Competências; os Padrões de Desempenho Estudantil, acompanhados de itens exemplares. Como sugestão de trabalho para os docentes, a publicação oferece, ainda, um estudo de caso que aborda questões que podem se apresentar como um problema para os professores, e como as mesmas podem ser enfrentadas.

O artigo disponibilizado na seção Reflexão pedagógi-ca, por sua vez, tenciona servir como subsídio para a

prática pedagógica da disciplina e da etapa ava-liadas, especificamente. Muitas vezes os

professores se deparam com habilida-des que, de forma recorrente, apre-

sentam um desempenho abaixo do esperado, em suas turmas. A avaliação externa possibilita ob-servar que, de modo generaliza-do – e não apenas na escola em questão –, essas habilidades se

revelam mais complexas, para os estudantes dessa etapa de esco-

laridade. O texto traz apontamentos acerca dessas habilidades, e suges-

tões de atividades que podem auxiliar o professor em seu trabalho nas salas de aula.

Importa lembrar que gestão de rede, gestão escolar e equipe pedagógica – coordenadores e professores – são corresponsáveis pelas ações adotadas em prol de um ensino equânime. Certo é que o professor assume papel de destaque nesse processo, dado ser ele quem está presente todos os dias em sala, acompanhando passo a passo a evolução de seus estudantes. E é aos docentes que dedicamos esta publicação, esperando que a leitura concorra para que sua prática seja cada vez mais bem-sucedida.

Ao analisar os dados produzidos

pela avaliação, a equipe pedagógica

poderá entender o que funcionou e

o que precisa ser aperfeiçoado, com

relação às metodologias adotadas.

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 11 AVALIANDO IDEPB 2015

ITENS

Os itens que compõem os testes são analisados, pedagógica e estatisticamente, permitindo uma maior compreensão do desenvolvimento dos estudantes nas habilidades avaliadas.

página 39

PADRÕES DEDESEMPENHO

A partir da identificação dos objetivos e das metas de aprendizagem, são estabelecidos os Padrões de Desempenho estudantil, permitindo identificar o grau de desenvolvimento dos estudantes e acompanhá-los ao longo do tempo.

página 39

CONTEÚDOAVALIADO

Reconhecida a importância da avaliação, é necessário definir o conteúdo que será avaliado. Para tanto, especialistas de cada área de conhecimento, munidos de conhecimentos pedagógicos e estatísticos, realizam uma seleção das habilidades consideradas essenciais para os estudantes. Esta seleção tem como base o currículo.

MATRIZ DEREFERÊNCIA

O currículo é a base para a seleção dos conteúdos que darão origem às Matrizes de Referência. A Matriz elenca as habilidades selecionadas, organizando-as em competências.

página 16

POLÍTICA PÚBLICA

O Brasil assumiu um compromisso, partilhado por estados e sociedade, de melhorar a qualidade da educação oferecida por nossas escolas. Melhorar a qualidade e promover a equidade: eis os objetivos que dão impulso à avaliação educacional em larga escala.

DIAGNÓSTICOS EDUCACIONAIS

Para melhorar a qualidade do ensino ofertado, é preciso identificar problemas e lacunas na aprendizagem, sendo necessário estabelecer diagnósticos educacionais.

1POR QUE AVALIAR?

2O QUE AVALIAR?

3COMO TRABALHAR OS RESULTADOS?

AVALIANDO IDEPB 2015 12 REVISTA PEDAGÓGICA

ESCALA DEPROFICIÊNCIA

As habilidades avaliadas são ordenadas de acordo com a complexidade em uma escala nacional, que permite verificar o desenvolvimento dos estudantes, chamada Escala de Proficiência. A Escala é um importante instrumento pedagógico para a interpretação dos resultados.

página 20

COMPOSIÇÃO DOS CADERNOS

Através de uma metodologia especializada, é possível obter resultados precisos, não sendo necessário que os estudantes realizem testes extensos.

página 18

PORTAL DAAVALIAÇÃO

Para ter acesso a toda a Coleção e a outras informações sobre a avaliação e seus resultados, acesse o site

http://www.avaliacaoparaiba.caedufjf.net.

ESTUDO DE CASO

Esse estudo tem como objetivo propiciar ao leitor um mecanismo de entendimento sobre como lidar com problemas educacionais relacionados à avaliação, a partir da narrativa de histórias que podem servir como exemplo para que novos caminhos sejam abertos em sua prática profissional.

página 48

RESULTADOS DAESCOLA

A partir da análise dos resultados da avaliação, um diagnóstico confiável do ensino pode ser estabelecido, servindo de subsídio para que ações e políticas sejam desenvolvidas, no intuito de melhorar a qualidade da educação oferecida.

página 63

AVALIAÇÃO

Para que diagnósticos sejam estabelecidos, é preciso avaliar. Não há melhoria na qualidade da educação que seja possível sem que processos de avaliação acompanhem, continuamente, os efeitos das políticas educacionais propostas para tal fim.

No diagrama ao lado, você encontrará, de forma sin-tética, os fundamentos principais do sistema de avalia-ção, começando pelo objetivo que fomenta a criação da avaliação em larga escala até a divulgação de seus resultados. Aqui, também, encontram-se as indicações das páginas nas quais alguns conceitos relativos ao tema são apresentados com mais detalhes.

O CAMINHO DA AVALIAÇÃO EM LARGA ESCALA

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 13 AVALIANDO IDEPB 2015

Nesta seção, encontram-se os principais elementos que regem o desenvolvimento dos testes e os resultados de proficiência do AVALIANDO IDEPB, como a Matriz de Referência, o conteúdo dos cadernos de testes, uma introdução à Teoria de Res-posta ao Item (TRI) e a Escala de Proficiência, além da apresentação dos Padrões de Desempenho ilustrados com alguns exemplos de itens.

INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS E ANÁLISES PEDAGÓGICAS

2

O ato de avaliar compreende uma série de etapas que precisam ser observadas, para que essa atividade alcance seu objetivo. As etapas das avaliações educacionais em larga escala passam pela definição do que e como se pretende avaliar; para tanto, é preciso estabelecer os conceitos que nortearão esse processo.

Realizar uma avaliação externa em larga escala pressupõe, de início, definir o que se preten-de avaliar. Esse conteúdo está registrado nas chamadas Matrizes de Referência, que descre-vem as habilidades a serem avaliadas por meio dos testes de proficiência. Importa perceber, porém, que Matriz de Referência não corresponde a Matriz Curricular, ou Currículo. As ava-liações em larga escala têm por objetivo verificar se os estudantes desenvolveram as habili-dades consideradas essenciais, para que consigam avançar em seu processo educacional; a Matriz de Referência, base para os testes dessas avaliações, relaciona tais habilidades. As Matrizes Curriculares, por seu turno, abarcam conteúdos mais amplos que aqueles focaliza-dos pelas Matrizes de Referência, pois levam em conta não só aquelas habilidades essen-ciais, mas também uma série de conhecimentos, bem mais abrangentes, que se espera que os estudantes adquiram em determinada etapa de escolaridade.

Desse modo, é relevante observar que a Matriz de Referência não pode ser tomada como mais importante do que a Matriz Curricular, nem deve substituí-la. As equipes gestoras e pedagógicas da escola necessitam ter em mente que as habilidades presentes na Matriz de Referência também são parte da Matriz Curricular: é comum referir-se à Matriz de Referência como um “recorte” da Curricular. A escola pode, a partir dos resultados da avaliação externa, reavaliar o Currículo, verificando quais conteúdos precisam ser reforçados, ou mesmo modi-ficados por completo. Para levar a efeito essa tarefa, é importante compreender a ideia de competência e de habilidade.

Os conceitos de competência e habilidade fundamentam as Matrizes de Referência. A COM-PETÊNCIA compreende um grupo de habilidades que, em conjunto, correspondem a um re-sultado; já a HABILIDADE busca verificar se o estudante detém um conhecimento específico. As habilidades são explicitadas, na Matriz de Referência, por meio de descritores. É relevante observar que cada descritor corresponde a somente uma habilidade: cada item (“questão”) do teste se relaciona a apenas um descritor.

A avaliação em larga escala objetiva, portanto, fornecer informações sobre o desempenho dos estudantes, no que diz respeito àquelas habilidades relacionadas nas Matrizes de Refe-rência. Entretanto, ela só será bem-sucedida se seus resultados forem analisados em con-sonância com os resultados das avaliações internas, efetuadas no âmbito da escola: dessa maneira, será possível agregar os dados obtidos pela avaliação externa às informações que os professores já possuem, visando à melhoria da qualidade da educação ofertada.

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 15 AVALIANDO IDEPB 2015

(M081205E4) Uma caçamba de entulho sem tampa tem o formato de um paralelepípedo retângulo, cujas medidas internas estão apresentadas no desenho abaixo.

1,5 m

2,6 m

3 m

Qual é a capacidade máxima, em m3, dessa caçamba?A) 7,1B) 9,3C) 11,7 D) 24,6

Matriz de Referência de Matemática9º ano do Ensino Fundamental

O tema agrupa por afinidade um conjunto de habilidades indicadas pelos descritores.

Os descritores associam o conteúdo curricular a operações cogni-tivas, indicando as habilidades que serão avaliadas por meio de um item.

Tema

Descritores

T

D

O item é uma questão utilizada nos testes de uma avaliação em lar-ga escala e se caracteriza por avaliar uma única habilidade indicada por um descritor da Matriz de Referência.

ItemI

AVALIANDO IDEPB 2015 16 REVISTA PEDAGÓGICA

MATRIZ DE REFERÊNCIA DE MATEMÁTICA – AVALIANDO IDEPB 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

I. GEOMETRIA

D1 Identificar a localização/movimentação de objeto em mapas, croquis e outras representações gráficas.

D2 Identificar propriedades comuns e diferenças entre figuras bidimensionais e tridimensionais, relacionando-as com as suas planificações.

D3 Identificar propriedades de triângulos pela comparação de medidas de lados e ângulos.

D4 Identificar relação entre quadriláteros por meio de suas propriedades.

D5 Reconhecer a conservação ou modificação de medidas dos lados, do perímetro, da área em ampliação e/ou redução de figuras poligonais usando malhas quadriculadas.

D6 Reconhecer ângulos como mudança de direção ou giros, identificando ângulos retos e não-retos.

D7 Reconhecer que as imagens de uma figura construída por uma transformação homotética são semelhantes, identificando propriedades e/ou medidas que se modificam ou não se alteram.

D8 Resolver problema utilizando propriedades dos polígonos (soma de seus ângulos internos, número de diagonais, cálculo da medida de cada ângulo interno nos polígonos regulares).

D9 Resolver problema utilizando relações métricas no triângulo retângulo.

D10 Resolver problema utilizando razões trigonométricas no triângulo retângulo.

D11 Reconhecer círculo/circunferência, seus elementos e algumas de suas relações.

II. GRANDEZAS E MEDIDAS

D12 Resolver problema envolvendo o perímetro de figuras planas.

D13 Resolver problema envolvendo área de figuras planas.

D14 Resolver problema envolvendo noções de volume.

D15 Resolver problema utilizando relações entre diferentes unidades de medida.

III. NÚMEROS E OPERAÇÕES / ÁLGEBRA E FUNÇÕES

D16 Identificar a localização de números inteiros na reta numérica.

D17 Identificar a localização de números racionais na reta numérica.

D18 Efetuar cálculos com números inteiros, envolvendo as operações (adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação).

D19 Resolver problema com números naturais, envolvendo diferentes significados das operações (adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação).

D20 Resolver problema com números inteiros envolvendo as operações (adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação).

D21 Reconhecer as diferentes representações de um número racional.

D22 Identificar fração como representação que pode estar associada a diferentes significados.

D23 Resolver problemas utilizando frações equivalentes.

D24 Reconhecer as representações decimais dos números racionais como uma extensão do sistema de numeração decimal, identificando a existência de “ordens” como décimos, centésimos e milésimos.

D25 Efetuar cálculos que envolvam operações com números racionais (adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação).

D26 Resolver problema com números racionais envolvendo as operações (adição, subtração, multiplicação, divisão, potenciação).

D27 Resolver problema que envolva porcentagem.

D28 Resolver problema que envolva variação proporcional, direta ou inversa, entre grandezas.

D29 Identificar uma equação ou inequação do 1º grau que expressa um problema.

D30 Resolver problema que envolva equação do 1º grau.

D31 Identificar a equação do 2º grau que expressa um problema.

D32 Resolver problema que envolva equação do 2º grau.

D33 Identificar a expressão algébrica que expressa uma regularidade observada em sequências de números ou figuras (padrões).

D34 Identificar um sistema de equações do 1º grau que expressa um problema.

IV. ESTATÍSTICA, PROBABILIDADE E COMBINATÓRIA

D35 Resolver problema elementar envolvendo o princípio fundamental da contagem.

D36 Resolver problema envolvendo probabilidade de um evento.

D37 Resolver problema envolvendo informações apresentadas em tabelas e/ou gráficos.

D38 Associar informações apresentadas em listas e/ou tabelas simples aos gráficos que as representam e vice-versa.

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 17 AVALIANDO IDEPB 2015

COMPOSIÇÃO DOS CADERNOS

TEORIA DE RESPOSTA AO ITEM (TRI) E TEORIA CLÁSSICA DOS TESTES (TCT)

O desempenho dos estudantes em um teste pode ser

analisado a partir de diferentes enfoques. Através da

Teoria Clássica dos Testes – TCT, os resultados dos estu-

dantes são baseados no percentual de acerto obtido no

teste, gerando a nota ou escore. As análises produzidas

pela TCT são focadas na nota obtida no teste.

A título de exemplo, um estudante responde a uma série

de itens e recebe um ponto por cada item corretamente

respondido, obtendo, ao final do teste, uma nota total,

representando a soma destes pontos. A partir disso, há

uma relação entre a dificuldade do teste e o valor das

notas: os estudantes tendem a obter notas mais altas em

testes mais fáceis e notas mais baixas em testes mais

difíceis. As notas são, portanto, “teste-dependentes”,

visto que variam conforme a dificuldade do teste aplica-

do. A TCT é muito empregada nas atividades docentes,

servindo de base, em regra, para as avaliações internas,

aplicadas pelos próprios professores em sala de aula.

Língua Portuguesa e Matemática

Ao todo, são 21 modelos diferentes de cadernos.

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Língua Portuguesa

Matemática

91 x

91 x

1 item

Composição dos cadernos para a avaliação

91 itensdivididos em

7 blocos por disciplinacom 13 itens cada

2 blocos (26 itens) de cada disciplina

formam um caderno com 4 blocos (52 itens)

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AVALIANDO IDEPB 2015 18 REVISTA PEDAGÓGICA

A Teoria da Resposta ao Item – TRI, por sua vez, adota um procedimento diferente. Baseada em uma sofisticada modelagem estatística computacional, a TRI atribui ao desempenho do estudan-te uma proficiência, não uma nota, relacionada ao conhecimento do estudante das habilidades elencadas em uma Matriz de Referência, que dá origem ao teste. A TRI, para a atribuição da proficiência dos estudantes, leva em conta as habilidades demonstradas por eles e o grau de dificuldade dos itens que compõem os testes. A proficiência é justamente o nível de desempe-nho dos estudantes nas habilidades dispostas em testes padronizados, formado por questões de múltiplas alternativas. Através da TRI, é possível determinar um valor diferenciado para cada item.

De maneira geral, a Teoria de Resposta ao Item possui três parâmetros, através dos quais é possível realizar a comparação entre testes aplicados em diferentes anos:

PARÂMETRO “A”

Envolve a capacidade de um item de discriminar, entre os estudantes ava-liados, aqueles que desenvolveram as habilidades avaliadas daqueles que não as desenvolveram.

PARÂMETRO “B”

Permite mensurar o grau de dificuldade dos itens: fáceis, médios ou difíceis. Os itens estão distribuídos de forma equâni-me entre os diferentes cadernos de testes, possibilitando a criação de diversos cader-nos com o mesmo grau de dificuldade.

PARÂMETRO “C”

Realiza a análise das respostas do estu-dante para verificar aleatoriedade nas respostas: se for constatado que ele er-rou muitos itens de baixo grau de dificul-dade e acertou outros de grau elevado, situação estatisticamente improvável, o modelo deduz que ele respondeu aleato-riamente às questões.

A TCT e a TRI não produzem resultados incompatíveis ou excludentes. Antes, estas duas teo-rias devem ser utilizadas de forma complementar, fornecendo um quadro mais completo do desempenho dos estudantes.

O AVALIANDO IDEPB utiliza a TRI para o cálculo da proficiência do estudante, que não depen-de unicamente do valor absoluto de acertos, já que depende também da dificuldade e da capa-cidade de discriminação das questões que o estudante acertou e/ou errou. O valor absoluto de acertos permitiria, em tese, que um estudante que respondeu aleatoriamente tivesse o mesmo resultado que outro que tenha respondido com base em suas habilidades, elemento levado em consideração pelo “Parâmetro C” da TRI. O modelo, contudo, evita essa situação e gera um balanceamento de graus de dificuldade entre as questões que compõem os diferentes cader-nos e as habilidades avaliadas em relação ao contexto escolar. Esse balanceamento permite a comparação dos resultados dos estudantes ao longo do tempo e entre diferentes escolas.

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 19 AVALIANDO IDEPB 2015

DOMÍNIOS COMPETÊNCIAS DESCRITORES 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

ESPAÇO E FORMA

Localizar objetos em representações do espaço. D01 Identificar figuras geométricas e suas propriedades. D02, D03 e D04. Reconhecer transformações no plano. D05 e D07. Aplicar relações e propriedades. D06, D08, D09, D10 e D11.

GRANDEZAS E MEDIDAS

Utilizar sistemas de medidas. D15 Medir grandezas. D12, D13 e D14. Estimar e comparar grandezas. *

NÚMEROS E OPERAÇÕES/ ÁLGEBRA E FUNÇÕES

Conhecer e utilizar números. D16, D17, D21, D22, D23 e D24. Realizar e aplicar operações. D18, D19, D20, D25, D26 e D27. Utilizar procedimentos algébricos. D28, D29, D30, D31, D32, D33 e D34.

TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO

Ler, utilizar e interpretar informações apresentadas em tabelas e gráficos.

D37 e D38. Utilizar procedimentos de combinatória e probabilidade. D35 e D36.

PADRÕES DE DESEMPENHO - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Escala de Proficiência de Matemática

A ESCALA DE PROFICIÊNCIA foi desenvolvida com o

objetivo de traduzir medidas em diagnósticos qualitati-

vos do desempenho escolar. Ela orienta, por exemplo,

o trabalho do professor com relação às competências

que seus estudantes desenvolveram, apresentando os

resultados em uma espécie de régua onde os valores

obtidos são ordenados e categorizados em intervalos

ou faixas que indicam o grau de desenvolvimento das

habilidades para os estudantes que alcançaram deter-

minado nível de desempenho.

Em geral, para as avaliações em larga escala da Educa-

ção Básica realizadas no Brasil, os resultados dos estu-

dantes em Matemática são colocados em uma mesma

Escala de Proficiência definida pelo Sistema Nacional

de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Por permiti-

rem ordenar os resultados de desempenho, as Escalas

são importantes ferramentas para a interpretação dos

resultados da avaliação.

* As habilidades relativas a essas competências não são avaliadas nesta etapa de escolaridade.

AVALIANDO IDEPB 2015 20 REVISTA PEDAGÓGICA

DOMÍNIOS COMPETÊNCIAS DESCRITORES 0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

ESPAÇO E FORMA

Localizar objetos em representações do espaço. D01 Identificar figuras geométricas e suas propriedades. D02, D03 e D04. Reconhecer transformações no plano. D05 e D07. Aplicar relações e propriedades. D06, D08, D09, D10 e D11.

GRANDEZAS E MEDIDAS

Utilizar sistemas de medidas. D15 Medir grandezas. D12, D13 e D14. Estimar e comparar grandezas. *

NÚMEROS E OPERAÇÕES/ ÁLGEBRA E FUNÇÕES

Conhecer e utilizar números. D16, D17, D21, D22, D23 e D24. Realizar e aplicar operações. D18, D19, D20, D25, D26 e D27. Utilizar procedimentos algébricos. D28, D29, D30, D31, D32, D33 e D34.

TRATAMENTO DA INFORMAÇÃO

Ler, utilizar e interpretar informações apresentadas em tabelas e gráficos.

D37 e D38. Utilizar procedimentos de combinatória e probabilidade. D35 e D36.

PADRÕES DE DESEMPENHO - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

A partir da interpretação dos intervalos da Escala, os professores, em parceria com a equipe pedagógica, po-dem diagnosticar as habilidades já desenvolvidas pelos estudantes, bem como aquelas que ainda precisam ser trabalhadas em sala de aula, em cada etapa de escola-ridade avaliada. Com isso, os educadores podem atuar com maior precisão na detecção das dificuldades dos estudantes, possibilitando o planejamento e a execução de novas ações para o processo de ensino-aprendiza-gem. A seguir é apresentada a estrutura da Escala de Proficiência.

A gradação das cores indica a complexidade da tarefa.

Abaixo do Básico

Básico

Adequado

Avançado

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 21 AVALIANDO IDEPB 2015

A estrutura da Escala de Proficiência

Na primeira coluna da Escala, são apresentados os

grandes Domínios do conhecimento em Matemática

para toda a Educação Básica. Esses Domínios são agru-

pamentos de competências que, por sua vez, agregam

as habilidades presentes na Matriz de Referência. Nas

colunas seguintes são apresentadas, respectivamente,

as competências presentes na Escala de Proficiência e

os descritores da Matriz de Referência a elas relaciona-

dos.

As competências estão dispostas nas várias linhas da

Escala. Para cada competência há diferentes graus de

complexidade representados por uma gradação de co-

res, que vai do amarelo-claro ao vermelho. Assim, a cor

amarelo-claro indica o primeiro nível de complexidade

da competência, passando pelo amarelo-escuro, laran-

ja-claro, laranja-escuro e chegando ao nível mais com-plexo, representado pela cor vermelha.

Na primeira linha da Escala de Proficiência, podem ser observados, numa escala numérica, intervalos divididos em faixas de 25 pontos, que estão representados de zero a 500. Cada intervalo corresponde a um nível e um conjunto de níveis forma um Padrão de Desempenho. Esses Padrões são definidos pela Secretaria de Estado da Educação da Paraíba (SEEPB) e representados em tons de verde. Eles trazem, de forma sucinta, um qua-dro geral das tarefas que os estudantes são capazes de fazer, a partir do conjunto de habilidades que desen-volveram.

Para compreender as informações presentes na Escala de Proficiência, pode-se interpretá-la de três maneiras:

Primeira

Perceber, a partir de um determinado Domínio, o grau de complexidade das competências a ele associadas, através da gradação de cores ao longo da Escala. Desse modo, é possível analisar como os estudantes desenvolvem as habilidades relacionadas a cada competência e realizar uma interpretação que contribua para o planejamento do professor, bem como para as intervenções pedagógicas em sala de aula.

Segunda

Ler a Escala por meio dos Padrões de Desempenho, que apresentam um panorama do desenvolvimento dos es-tudantes em um determinado intervalo. Dessa forma, é possível relacionar as habilidades desenvolvidas com o percentual de estudantes situado em cada Padrão.

Terceira

Interpretar a Escala de Proficiência a partir da abrangência da proficiência de cada instância avaliada: estado, Gerên-cia Regional de Educação (GRE) e escola. Dessa forma, é possível verificar o intervalo em que a escola se encontra em relação às demais instâncias.

AVALIANDO IDEPB 2015 22 REVISTA PEDAGÓGICA

competências descritas para este domínio

Espaço e forma

Professor, na Matemática, o estudo do Espaço e forma é de fundamen-tal importância para que o estudante desenvolva várias habilidades, tais como percepção, representação, abstração, levantamento e validação de hipóteses, orientação espacial; além de propiciar o desenvolvimento da criatividade. Vivemos num mundo em que, constantemente, necessita-mos nos movimentar, localizar objetos, localizar ruas e cidades em mapas, identificar figuras geométricas e suas propriedades para solucionar pro-blemas. O estudo deste domínio pode auxiliar a desenvolver, satisfatoria-mente, todas essas habilidades, podendo, também, nos ajudar a apreciar, com outro olhar, as formas geométricas presentes na natureza, nas cons-truções e nas diferentes manifestações artísticas. Estas competências são trabalhadas desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, permitindo que, a cada ano de escolaridade, os estudantes aprofundem e aperfeiçoem o seu conhecimento neste domínio, desenvolvendo, assim, o pensamento geométrico necessário para solucionar problemas.

Localizar objetos em representações do espaço.

Identificar figuras geométricas e suas propriedades.

Reconhecer transformações no plano.

Aplicar relações e propriedades.

DOMÍNIOS E COMPETÊNCIAS

Ao relacionar os resultados a cada um dos Domínios da Escala de Proficiência e aos respectivos intervalos de gradação de complexidade de cada competência, é possível observar o nível de desenvolvimento das habilidades aferido pelo teste e o desempenho esperado dos estudantes nas etapas de escolaridade em que se encontram.

Esta seção apresenta o detalhamento dos níveis de complexidade das competências (com suas respectivas habilidades), nos diferentes intervalos da Escala de Proficiência. Essa descrição focaliza o desenvolvimento cognitivo do estudante ao longo do processo de escolarização e o agrupamento das competências básicas ao aprendizado de Matemática para toda a Educação Básica.

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 23 AVALIANDO IDEPB 2015

LOCALIZAR OBJETOS EM REPRESENTAÇÕES DO ESPAÇO

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Um dos objetivos do ensino de Espaço e forma em Matemática é propiciar ao estudante o desenvolvimento da competência de localizar objetos em representações planas do espaço. Esta competência é desenvolvida desde os anos iniciais do Ensino Fundamental por meio de tarefas que exigem dos estudantes, por exemplo, desenhar, no papel, o trajeto casa-escola, identificando pontos de referências. Para o desenvolvimento desta competência, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, são utilizados vários recursos, como a localização de ruas, pontos turísticos, casas, dentre outros, em mapas e croquis. Além disso, o uso do papel quadriculado pode auxiliar o estudante a loca-lizar objetos utilizando as unidades de medidas (cm, mm), em conexão com o domínio de Grandezas e Medidas. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, papel quadriculado é um importante recurso para que os estudantes localizem pontos utilizando coordenadas. No Ensino Médio os estudantes trabalham as geometrias plana, espacial e analítica. Eles utilizam o sistema de coordenadas cartesianas para localizar pontos, retas, circunferências entre outros objetos matemáticos.

CINZA 0 A 150 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 150 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência.

AMARELO-CLARO 150 A 200 PONTOS

Estudantes cuja proficiência se encontra no intervalo de 150 a 200 pontos na Escala, marcado pelo amarelo--claro, estão no início do desenvolvimento desta competência. Esses estudantes são os que descrevem cami-nhos desenhados em mapas e identificam objeto localizado dentro/fora, na frente/atrás ou em cima/embaixo.

AMARELO-ESCURO 200 A 250 PONTOS

Estudantes cuja proficiência se encontra no intervalo amarelo-escuro, 200 a 250 pontos na Escala, realizam atividades que envolvem referenciais diferentes da própria posição, como, por exemplo, localizar qual objeto está situado entre outros dois. Também localizam e identificam a movimentação de objetos e pessoas em mapas e croquis.

LARANJA-CLARO 250 A 300 PONTOS

O laranja-claro, 250 a 300 pontos na Escala , indica um novo grau de complexidade desta competência. Nes-te intervalo, os estudantes associam uma trajetória representada em um mapa à sua descrição textual. Por exemplo: dada uma trajetória entre duas localidades, no mapa, o estudante verifica qual a descrição textual que representa esse deslocamento e vice-versa.

LARANJA-ESCURO 300 A 375 PONTOS

No intervalo de 300 a 375 pontos, cor laranja-escuro, os estudantes já conseguem realizar atividade de loca-lização utilizando sistema de coordenadas em um plano cartesiano. Por exemplo: dado um objeto no plano cartesiano, o estudante identifica o seu par ordenado e vice-versa.

VERMELHO ACIMA DE 375 PONTOS

No intervalo de 375 a 500 pontos, representado pela cor vermelha, os estudantes localizam figuras geométri-

cas por meio das coordenadas cartesianas de seus vértices, utilizando a nomenclatura abscissa e ordenada.

AVALIANDO IDEPB 2015 24 REVISTA PEDAGÓGICA

IDENTIFICAR FIGURAS GEOMÉTRICAS E SUAS PROPRIEDADES

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Nesta competência, a denominação de “figuras geométricas” será utilizada de forma geral para se referir tanto às figuras bidimensionais como às tridimensionais. Em todos os lugares, nós nos deparamos com diferentes formas geométricas – arredondadas, retilíneas, simétricas, assimétricas, cônicas, esféricas, dentre muitas outras. A percep-ção das formas que estão ao nosso redor é desenvolvida pelas crianças, mesmo antes de entrarem na escola. Nos anos iniciais do Ensino Fundamental, os estudantes começam a desenvolver as habilidades de reconhecimento de formas utilizando alguns atributos das figuras planas (um dos elementos que diferencia o quadrado do triângulo é o atributo número de lados) e tridimensionais (conseguem distinguir a forma esférica de outras formas). Nas séries finais do Ensino Fundamental, são trabalhadas as principais propriedades das figuras geométricas. No Ensino Médio, os estudantes identificam várias propriedades das figuras geométricas, entre as quais destacamos o Teorema de Pitágoras, propriedades dos quadriláteros, dentre outras.

CINZA 0 A 125 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência.

AMARELO-CLARO 125 A 200 PONTOS

No intervalo de 125 a 200 pontos, representado pelo amarelo-claro, os estudantes começam a desenvolver as habilidades de associar objetos do cotidiano às suas formas geométricas.

AMARELO-ESCURO 200 A 250 PONTOS

No intervalo de 200 a 250 pontos, representado pelo amarelo-escuro, os estudantes começam a desenvol-ver as habilidades de identificar quadriláteros e triângulos, utilizando como atributo o número de lados. Assim, dado um conjunto de figuras, os estudantes, pela contagem do número de lados, identificam aqueles que são triângulos e os que são quadriláteros. Em relação aos sólidos, os estudantes identificam suas propriedades comuns e suas diferenças, utilizando um dos atributos, nesse caso o número de faces.

LARANJA-CLARO DE 250 A 300 PONTOS

Estudantes cuja proficiência se encontra entre 250 e 300 pontos identificam algumas características de qua-driláteros relativas a lados e ângulos e, também, reconhecem alguns polígonos, como pentágonos, hexá-gonos entre outros, considerando, para isso, o número de lados. Em relação aos quadriláteros, conseguem identificar as posições dos lados, valendo-se do paralelismo. Com relação aos sólidos geométricos, esses estudantes identificam os objetos com forma esférica a partir de um conjunto de objetos do cotidiano e reco-nhecem algumas características dos corpos redondos. A partir das características dos sólidos geométricos, os estudantes discriminam entre poliedros e corpos redondos, bem como identificam a planificação do cubo e do bloco retangular. O laranja-claro indica o desenvolvimento dessas habilidades.

LARANJA-ESCURO DE 300 A 375 PONTOS

No intervalo laranja-escuro, de 300 a 375 pontos na Escala , os estudantes reconhecem um quadrado fora de sua posição usual. É muito comum, ao rotacionarmos um quadrado 45 graus, os estudantes não identificarem a figura como sendo um quadrado. Nesse caso, os estudantes consideram essa figura como sendo um losan-go. Em relação às figuras tridimensionais, os estudantes identificam alguns elementos dessas figuras como,

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 25 AVALIANDO IDEPB 2015

por exemplo, faces, vértices e bases, além de contarem o número de faces, vértices e arestas dos poliedros. Ainda, em relação às figuras planas, os estudantes reconhecem alguns elementos da circunferência, como raio, diâmetro e cordas. Relacionam os sólidos geométricos às suas planificações e também identificam duas planificações possíveis do cubo.

VERMELHO ACIMA DE 375 PONTOS

Estudantes que apresentam proficiência a partir de 375 pontos já desenvolveram as habilidades referentes aos níveis anteriores e, ainda, identificam a quantidade e as formas dos polígonos que formam um prisma, bem como identificam sólidos geométricos a partir de sua planificação (prismas e corpos redondos) e vice--versa. A cor vermelha indica o desenvolvimento das habilidades vinculadas a esta competência.

RECONHECER TRANSFORMAÇÕES NO PLANO

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Existem vários tipos de transformações no plano. Dentre elas, podemos citar as isometrias que têm como caracte-rísticas a preservação de distâncias entre pontos do plano, como translações, rotações e reflexões e as transfor-mações por semelhança que preservam a forma, mas não preservam, necessariamente, o tamanho. As habilidades relacionadas a esta competência dizem respeito às transformações por semelhança e, devido à sua complexidade, começam a ser desenvolvidas em níveis mais altos da Escala de Proficiência.

CINZA 0 A 325 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 325 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência.

AMARELO-CLARO 325 A 350 PONTOS

Estudantes que se encontram entre 325 e 350 pontos na Escala, marcado pelo amarelo-claro, começam a de-senvolver as habilidades desta competência. Esses estudantes são os que resolvem problemas envolvendo escalas e constante de proporcionalidade.

AMARELO-ESCURO 350 A 375 PONTOS

O amarelo-escuro, 350 a 375 pontos, indica que os estudantes com uma proficiência que se encontra neste intervalo já conseguem realizar tarefas mais complexas, pois reconhecem a semelhança de triângulos a partir da medida de seus ângulos, bem como comparam áreas de figuras planas semelhantes desenhadas em uma malha quadriculada, obtendo o fator multiplicativo.

VERMELHO ACIMA DE 375 PONTOS

No intervalo representado pela cor vermelha, os estudantes reconhecem que a área de um retângulo quadru-

plica quando as medidas de seus lados são dobradas.

AVALIANDO IDEPB 2015 26 REVISTA PEDAGÓGICA

APLICAR RELAÇÕES E PROPRIEDADES

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

A resolução de problemas é uma capacidade cognitiva que deve ser desenvolvida na escola. O ensino da Mate-mática pode auxiliar nesse desenvolvimento considerando que a resolução de problemas não é o ponto final do processo de aprendizagem e sim o ponto de partida da atividade matemática, propiciando ao estudante desen-volver estratégias, levantar hipóteses, testar resultados e utilizar conceitos já aprendidos em outras competências. No campo do Espaço e forma, espera-se que os estudantes consigam aplicar relações e propriedades das figuras geométricas – planas e não planas – em situações-problema.

CINZA 0 A 300 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 300 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência.

AMARELO-CLARO 300 A 350 PONTOS

O amarelo-claro, de 300 a 350 pontos na Escala, indica que os estudantes trabalham com ângulo reto e reconhecem esse ângulo como sendo correspondente a um quarto de giro. Em relação às figuras geométri-cas, conseguem aplicar o Teorema da soma dos ângulos internos de um triângulo para resolver problemas e diferenciar os tipos de ângulos: agudo, obtuso e reto. Em relação ao estudo do círculo e circunferência, esses estudantes estabelecem relações entre as medidas do raio, diâmetro e corda.

AMARELO-ESCURO 350 A 375 PONTOS

No intervalo representado pelo amarelo-escuro, de 350 a 375 pontos, os estudantes resolvem problemas geométricos mais complexos, utilizando o Teorema de Pitágoras e a lei angular de Tales, além de resolver problemas envolvendo o cálculo do número de diagonais de um polígono e utilizar relações para o cálculo da soma dos ângulos internos e externos de um triângulo. Em relação ao estudo do círculo e circunferência, esses estudantes calculam os ângulos centrais em uma circunferência dividida em partes iguais.

LARANJA-CLARO 375 A 400 PONTOS

Estudantes cuja proficiência se encontra entre 375 e 400 pontos, marcado pelo laranja-claro, resolvem pro-blemas mais complexos, envolvendo o Teorema de Pitágoras e relações métricas no triângulo retângulo.

VERMELHO ACIMA DE 400 PONTOS

Os estudantes resolvem problemas utilizando conceitos básicos da Trigonometria, como a Relação Fun-damental da Trigonometria e as razões trigonométricas em um triângulo retângulo. Na Geometría Analítica identificam a equação de uma reta e sua equação reduzida a partir de dois pontos dados. Reconhecem os coeficientes linear e angular de uma reta, dado o seu gráfico. Identificam a equação de uma circunferência a partir de seus elementos e vice-versa. Na Geometria Espacial, utilizam a relação de Euller para determinar o número de faces, vértices e arestas.

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 27 AVALIANDO IDEPB 2015

UTILIZAR SISTEMAS DE MEDIDAS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Um dos objetivos do estudo de Grandezas e medidas é propiciar ao estudante o desenvolvimento da competência: utilizar sistemas de medidas. Para o desenvolvimento desta competência, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, podemos solicitar aos estudantes que marquem o tempo por meio de calendário. Destacam-se, também, atividades envolvendo culinária, o que possibilita um rico trabalho, utilizando diferentes unidades de medida, como o tempo de cozimento: horas e minutos e a quantidade dos ingredientes: litro, quilograma, colher, xícara, pitada e outros. Os estudantes utilizam também outros sistemas de medidas convencionais para resolver problemas.

CINZA 0 A 125 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência.

AMARELO-CLARO 125 A 175 PONTOS

No intervalo de 125 a 175 pontos, representado pelo amarelo-claro, os estudantes estão no início do desen-volvimento desta competência. Eles conseguem ler horas inteiras em relógio analógico.

competências descritas para este domínio

Grandezas e medidas

O estudo de temas vinculados a este domínio deve propiciar aos estu-dantes conhecer aspectos históricos da construção do conhecimento; compreender o conceito de medidas, os processos de medição e a ne-cessidade de adoção de unidades padrão de medidas; resolver proble-mas utilizando as unidades de medidas; estabelecer conexões entre gran-dezas e medidas com outros temas matemáticos como, por exemplo, os números racionais positivos e suas representações. Através de diversas atividades, é possível mostrar a importância e o acentuado caráter prá-tico das Grandezas e medidas, para poder, por exemplo, compreender questões relacionadas aos Temas Transversais, além de sua vinculação a outras áreas de conhecimento, como as Ciências Naturais (temperatu-ra, velocidade e outras grandezas) e a Geografia (escalas para mapas, coordenadas geográficas). Estas competências são trabalhadas desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, permitindo que, a cada ano de esco-laridade, os estudantes aprofundem e aperfeiçoem o seu conhecimento neste domínio.

Utilizar sistemas de medidas.

Medir grandezas.

Estimar e comparar grandezas.

AVALIANDO IDEPB 2015 28 REVISTA PEDAGÓGICA

AMARELO-ESCURO 175 A 225 PONTOS

No intervalo representado pelo amarelo-escuro, de 175 a 225 pontos, os estudantes conseguem ler horas e minutos em relógio digital e de ponteiro em situações simples, resolver problemas relacionando diferentes unidades de uma mesma medida para cálculo de intervalos (dias e semanas, minutos e horas), bem como estabelecer relações entre diferentes medidas de tempo (horas, dias, semanas), efetuando cálculos. Em rela-ção à grandeza comprimento, os estudantes resolvem problemas relacionando metro e centímetro. Quanto à grandeza Sistema Monetário, identificam quantas moedas de um mesmo valor equivalem a uma quantia inteira dada em reais e vice-versa.

LARANJA-CLARO 225 A 300 PONTOS

Estudantes que apresentam uma proficiência entre 225 e 300 pontos, marcado pelo laranja-claro, desenvol-vem tarefas mais complexas em relação à grandeza tempo. Esses estudantes relacionam diferentes unidades de medidas como, por exemplo, o mês, o bimestre, o ano, bem como estabelecem relações entre segundos e minutos, minutos e horas, dias e anos. Em se tratando da grandeza Sistema Monetário, resolvem proble-mas de trocas de unidades monetárias, que envolvem um número maior de cédulas e em situações menos familiares. Resolvem problemas realizando cálculo de conversão de medidas das grandezas comprimento (quilômetro/metro), massa (quilograma/grama) e capacidade (litro/mililitro).

LARANJA-ESCURO 300 A 350 PONTOS

No intervalo de 300 a 350 pontos, marcado pelo laranja-escuro, os estudantes resolvem problemas realizan-do conversão e soma de medidas de comprimento (quilômetro/ metro) e massa (quilograma/grama). Neste caso, os problemas envolvendo conversão de medidas assumem uma complexidade maior do que aqueles que estão nos intervalos anteriores.

VERMELHO ACIMA DE 350 PONTOS

Percebe-se que, até o momento, as habilidades requeridas dos estudantes para resolver problemas utilizan-do conversão de medidas envolvem as seguintes grandezas: comprimento, massa, capacidade. Há proble-mas que trabalham com outras grandezas como, por exemplo, as grandezas volume e capacidade, estabe-lecendo a relação entre suas medidas – metros cúbicos (m³) e litro (L). Acima de 350 pontos na Escala de Proficiência, as habilidades relacionadas a esta competência apresentam uma maior complexidade. Neste nível, os estudantes resolvem problemas envolvendo a conversão de m³ em litros. A cor vermelha indica o desenvolvimento das habilidades relacionadas a esta competência.

MEDIR GRANDEZAS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Outro objetivo do ensino de Grandezas e medidas é propiciar ao estudante o desenvolvimento da competência: medir grandezas. Esta competência é desenvolvida nos anos iniciais do Ensino Fundamental quando, por exemplo, solicitamos aos estudantes para medirem o comprimento e largura da sala de aula usando algum objeto como unidade. Esta é uma das habilidades que deve ser amplamente discutida com os estudantes, pois, em razão da di-ferença dos objetos escolhidos como unidade de medida, os resultados encontrados serão diferentes. E perguntas como: “Qual é medida correta?” são respondidas da seguinte forma: “Todos os resultados são igualmente corre-tos, pois eles expressam medidas realizadas com unidades diferentes.” Além dessas habilidades, ainda nas séries iniciais do Ensino Fundamental, também são trabalhadas as habilidades de medir a área e o perímetro de figuras

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 29 AVALIANDO IDEPB 2015

planas, a partir das malhas quadriculadas ou não. Nos anos finais do Ensino Fundamental, os estudantes resolvem problemas envolvendo o cálculo de perímetro e área de figuras planas e problemas envolvendo noções de volume (paralelepípedo). No Ensino Médio, os estudantes resolvem problemas envolvendo o cálculo do volume de diferen-tes sólidos geométricos (prisma, pirâmide, cilindro, cone, esfera) e problemas envolvendo a área total de um sólido (prisma, pirâmide, cilindro, cone, esfera).

CINZA 0 A 150 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 150 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência.

AMARELO-CLARO 150 A 225 PONTOS

No intervalo de 150 a 225 pontos na Escala, representada pela cor amarelo-claro, os estudantes conseguem resolver problemas de cálculo de área relacionando o número de metros quadrados com a quantidade de quadradinhos contida em um retângulo desenhado em malha quadriculada.

AMARELO-ESCURO 225 A 275 PONTOS

Estudantes cuja proficiência se encontra entre 225 e 275 pontos, representado pelo amarelo-escuro, reali-zam tarefas mais complexas, comparando e calculando áreas de figuras poligonais em malhas quadriculadas. Em relação ao perímetro, demonstram as habilidades de identificar os lados e, conhecendo suas medidas, calcular a extensão do contorno de uma figura poligonal dada em uma malha quadriculada, bem como cal-cular o perímetro de figura sem o apoio de malhas quadriculadas. Ainda, reconhecem que a medida do pe-rímetro de um polígono, em uma malha quadriculada, dobra ou se reduz à metade quando os lados dobram ou são reduzidos à metade.

LARANJA-CLARO 275 A 325 PONTOS

No intervalo representado pelo laranja-claro, de 275 a 325 pontos na Escala, os estudantes calculam a área com base em informações sobre os ângulos da figura e o volume de sólidos a partir da medida de suas ares-tas.

LARANJA-ESCURO 325 A 400 PONTOS

Estudantes cuja proficiência se encontra no intervalo de 325 a 400 pontos, laranja- escuro, resolvem proble-mas envolvendo o cálculo aproximado da área de figuras planas desenhadas em malhas quadriculadas cuja borda é formada por segmentos de retas e arcos de circunferências. Também calculam a área do trapézio retângulo e o volume do paralelepípedo. Em relação ao perímetro, neste intervalo, realizam o cálculo do pe-rímetro de polígonos sem o apoio de malhas quadriculadas e do volume de paralelepípedos retângulos de base quadrada. Reconhecem que a área de um retângulo quadruplica quando as medidas de seus lados são dobradas.

VERMELHO ACIMA DE 400 PONTOS

A partir de 400 pontos na Escala, os estudantes resolvem problemas envolvendo a decomposição de uma figura plana em triângulos, retângulos e trapézios retângulos e calculam a área desses polígonos. O vermelho indica o desenvolvimento das habilidades relativas a esta competência.

AVALIANDO IDEPB 2015 30 REVISTA PEDAGÓGICA

ESTIMAR E COMPARAR GRANDEZAS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

O estudo de Grandezas e medidas tem, também, como objetivo propiciar ao estudante o desenvolvimento da com-petência: estimar e comparar grandezas. Muitas atividades cotidianas envolvem esta competência, como comparar tamanhos dos objetos, pesos, volumes, temperaturas diferentes e outras. Nas séries iniciais do Ensino Fundamental, esta competência é trabalhada, por exemplo, quando solicitamos aos estudantes que comparem dois objetos esti-mando as suas medidas e anunciando qual dos dois é maior. Atividades como essas propiciam a compreensão do processo de medição, pois medir significa comparar grandezas de mesma natureza e obter uma medida expressa por um número.

CINZA 0 A 175 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 175 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência.

AMARELO-CLARO 175 A 225 PONTOS

Estudantes cuja proficiência se encontra entre 175 e 225 pontos, representado pelo amarelo-claro, estão no início do desenvolvimento desta competência. Eles leem informações em calendários, localizando o dia de um determinado mês e identificam as notas do Sistema Monetário Brasileiro, necessárias para pagar uma compra informada.

AMARELO-ESCURO 225 A 275 PONTOS

No intervalo de 225 a 275 pontos, os estudantes conseguem estimar medida de comprimento usando unidades convencionais e não convencionais. O amarelo-escuro indica o início do desenvolvimento dessas habilidades.

LARANJA-CLARO 275 A 350 PONTOS

O laranja-claro, 275 a 350 pontos, indica que os estudantes com uma proficiência que se encontra neste in-tervalo já conseguem realizar tarefas mais complexas relativas a esta competência, como, por exemplo, re-solver problemas estimando outras medidas de grandezas utilizando unidades convencionais como o litro.

VERMELHO ACIMA DE 350 PONTOS

A partir de 350 pontos os estudantes comparam os perímetros de figuras desenhadas em malhas quadricu-ladas. O vermelho indica o desenvolvimento das habilidades referentes a esta competência.

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 31 AVALIANDO IDEPB 2015

Números e operações/Álgebra e funções

Como seria a nossa vida sem os números? Em nosso dia a dia, nos depa-ramos com eles a todo o momento. Várias informações essenciais para a nossa vida social são representadas por números: CPF, RG, conta ban-cária, senhas, número de telefones, número de nossa residência, preços de produtos, calendário, horas, entre tantas outras. Não é por acaso que Pitágoras, um grande filósofo e matemático grego (580-500 a.C), elegeu como lema para a sua escola filosófica “Tudo é Número”, pois acreditava que o universo era regido pelos números e suas relações e propriedades. Este domínio envolve, além do conhecimento dos diferentes conjuntos numéricos, as operações e suas aplicações à resolução de problemas. As operações aritméticas estão sempre presentes em nossas vidas. Quantos cálculos temos que fazer? Orçamento do lar, cálculos envolvendo nossa conta bancária, cálculo de juros, porcentagens, divisão de uma conta em um restaurante, dentre outros. Essas são algumas das muitas situações com que nos deparamos em nossas vidas e nas quais precisamos realizar operações. Além de números e operações, este domínio também envolve o conhecimento algébrico que requer a resolução de problemas por meio de equações, inequações, funções, expressões, cálculos entre muitos ou-tros. O estudo da álgebra possibilita aos estudantes desenvolver, entre outras capacidades, a de generalizar. Quando fazemos referência a um número par qualquer, podemos representá-lo pela expressão 2n (n sendo um número natural). Essa expressão mostra uma generalização da classe dos números pares.

CONHECER E UTILIZAR NÚMEROS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

As crianças, nos anos iniciais do Ensino Fundamental, têm contato com os números e já podem perceber a impor-tância deles na vida cotidiana. Já conhecem a escrita de alguns números e já realizam contagens. Nessa fase da escolaridade, os estudantes começam a conhecer os diferentes conjuntos numéricos e a perceberem a sua utili-zação em contextos do cotidiano. Entre os conjuntos numéricos estudados estão os naturais e os racionais em sua forma fracionária e decimal. Não podemos nos esquecer de que o domínio de números está sempre relacionado a outros domínios como o das Grandezas e medidas. Na etapa final do Ensino Fundamental, os estudantes resolvem problemas mais complexos envolvendo diferentes conjuntos numéricos, como os naturais, inteiros e racionais. No Ensino Médio, os estudantes já devem ter desenvolvido esta competência.

competências descritas para este domínio

Conhecer e utilizar números.

Realizar e aplicar operações.

Utilizar procedimentos algébricos.

AVALIANDO IDEPB 2015 32 REVISTA PEDAGÓGICA

CINZA 0 A 100 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 100 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência.

AMARELO-CLARO 100 A 200 PONTOS

Estudantes que se encontram no intervalo de 100 a 200 pontos, representado pelo amarelo-claro, desenvol-veram habilidades básicas relacionadas ao Sistema de Numeração Decimal. Por exemplo: dado um número natural, esses estudantes reconhecem o valor posicional dos algarismos, a sua escrita por extenso e a sua composição e decomposição em unidades e dezenas. Eles, também, representam e identificam números naturais na reta numérica. Além disso, reconhecem a representação decimal de medida de comprimento ex-pressas em centímetros e localizam esses números na reta numérica em uma articulação com os conteúdos de Grandezas e medidas, dentre outros.

AMARELO-ESCURO 200 A 250 PONTOS

O amarelo-escuro, 200 a 250 pontos, indica que os estudantes com proficiência neste intervalo já conse-guem elaborar tarefas mais complexas. Eles trabalham com a forma polinomial de um número, realizando composições e decomposições de números de até três algarismos, identificando seus valores relativos. Já em relação aos números racionais, reconhecem a representação de uma fração por meio de representação gráfica.

LARANJA-CLARO 250 A 300 PONTOS

No laranja-claro, intervalo de 250 a 300 pontos, os estudantes percebem que, ao mudar um algarismo de lugar, o número se altera. Identificam e localizam números inteiros em uma reta numérica ou em uma escala não unitária. Transformam uma fração em número decimal e vice-versa. Localizam, na reta numérica, números racionais na forma decimal e comparam esses números quando têm diferentes partes inteiras. Neste intervalo aparecem, também, habilidades relacionadas a porcentagem. Os estudantes estabelecem a correspondên-cia 50% de um todo com a metade.

LARANJA-ESCURO 300 A 375 PONTOS

No intervalo de 300 a 375 pontos, marcado pelo laranja-escuro, os estudantes desenvolveram habilidades mais complexas relacionadas a frações equivalentes. Eles já resolvem problemas identificando mais de uma forma de representar numericamente uma mesma fração. Por exemplo, percebem, com apoio de uma figura, que a fração meio é equivalente a dois quartos. Além disso, resolvem problemas identificando um número natural (não informado), relacionando-o a uma demarcação na reta. Esses estudantes, também, transformam frações em porcentagens e vice-versa, identificam a fração como razão e a fração como parte-todo, bem como, os décimos, centésimos e milésimos de um número decimal.

VERMELHO ACIMA DE 375 PONTOS

Acima de 375 pontos na Escala, os estudantes, além de já terem desenvolvido as habilidades relativas aos níveis anteriores, conseguem localizar na reta numérica números representados na forma fracionária, compa-ram números fracionários com denominadores diferentes e reconhecem a leitura de um número decimal até a ordem dos décimos. O vermelho indica o desenvolvimento das habilidades associadas a esta competência.

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 33 AVALIANDO IDEPB 2015

REALIZAR E APLICAR OPERAÇÕES

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Esta competência refere-se às habilidades de cálculo e à capacidade de resolver problemas que envolvem as quatro operações básicas da aritmética. Envolve, também, o conhecimento dos algoritmos utilizados para o cálculo dessas operações. Além do conhecimento dos algoritmos, esta competência requer a aplicação dos mesmos na resolução de problemas englobando os diferentes conjuntos numéricos, seja em situações específicas da Matemá-tica, seja em contextos do cotidiano.

CINZA 0 A 100 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 100 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência.

AMARELO-CLARO 100 A 200 PONTOS

No intervalo representado pelo amarelo-claro, de 100 a 200 pontos, em relação à adição e subtração, os estudantes realizam operações envolvendo números de até três algarismos com reserva. Já em relação à multiplicação, realizam operações com reserva, tendo como multiplicador um número com um algarismo. Os estudantes resolvem problemas utilizando adição, subtração e multiplicação envolvendo, inclusive, o Sistema Monetário.

AMARELO-ESCURO 200 A 250 PONTOS

Estudantes cuja proficiência se encontra no intervalo de 200 a 250 pontos, amarelo-escuro, em relação às operações, realizam subtrações mais complexas com quatro algarismos e com reserva. Realizam também multiplicações com reserva, com multiplicador de até dois algarismos. Realizam divisões e resolvem proble-mas envolvendo divisões exatas com divisor de duas ordens. Além disso, resolvem problemas envolvendo duas ou mais operações.

LARANJA-CLARO 250 A 300 PONTOS

O laranja-claro, intervalo de 250 a 300 pontos, indica um novo grau de complexidade desta competência. Os estudantes com proficiência neste nível resolvem problemas envolvendo as diferentes ideias relacio-nadas à multiplicação, em situações contextualizadas. Também efetuam adição e subtração com números inteiros, bem como realizam cálculo de expressões numéricas envolvendo o uso de parênteses e colchetes com adição e subtração, além de calcular porcentagens e resolver problemas do cotidiano envolvendo por-centagens em situações simples.

LARANJA-ESCURO 300 A 350 PONTOS

Estudantes cuja proficiência se localiza no intervalo de 300 a 350 pontos já calculam expressões numéricas envolvendo números inteiros e decimais positivos e negativos, inclusive potenciação. Eles conseguem, ainda, resolver problemas envolvendo soma de números inteiros e porcentagens, além de calcular raiz quadrada e identificar o intervalo em que está inserida a raiz quadrada não exata de um número, bem como efetuar arredondamento de decimais. O laranja-escuro indica a complexidade dessas habilidades.

VERMELHO ACIMA DE 350 PONTOS

No intervalo representado pela cor vermelha, acima de 350 pontos, os estudantes calculam o resultado de expressões envolvendo, além das quatro operações, números decimais (positivos e negativos, potências e raízes exatas). Efetuam cálculos de divisão com números racionais (forma fracionária e decimal simultanea-mente). Neste nível, os estudantes desenvolveram as habilidades relativas a esta competência.

AVALIANDO IDEPB 2015 34 REVISTA PEDAGÓGICA

UTILIZAR PROCEDIMENTOS ALGÉBRICOS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

O estudo da álgebra possibilita ao estudante desenvolver várias capacidades, dentre elas a capacidade de abstrair, generalizar, demonstrar e sintetizar procedimentos de resolução de problemas. As habilidades referentes à álgebra são desenvolvidas no Ensino Fundamental e vão desde situações-problema em que se pretende descobrir o valor da incógnita em uma equação utilizando uma balança de dois pratos, até a resolução de problemas envolvendo equações do segundo grau. Uma das habilidades básicas desta competência diz respeito ao cálculo do valor nu-mérico de uma expressão algébrica, em que é utilizado o conceito de variável. No Ensino Médio esta competência envolve a utilização de procedimentos algébricos para resolver problemas envolvendo o campo dos diferentes tipos de funções: linear, afim, quadrática e exponencial.

CINZA 0 A 275 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 275 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência.

AMARELO-CLARO 275 A 300 PONTOS

No intervalo representado pelo amarelo-claro, 275 a 300 pontos, os estudantes calculam o valor numérico de uma expressão algébrica.

AMARELO-ESCURO 300 A 350 PONTOS

No intervalo de 300 a 350 pontos, indicado pelo amarelo-escuro, os estudantes já identificam a equação de primeiro grau e sistemas de primeiro grau, adequados à resolução de problemas. Esses estudantes também determinam o cálculo numérico de uma expressão algébrica em sua forma fatorada e resolvem problemas envolvendo: grandezas diretamente proporcionais, variações entre mais de duas grandezas, juros simples, porcentagem e lucro.

LARANJA-CLARO 350 A 400 PONTOS

O laranja-claro, de 350 a 400 pontos na Escala, indica uma maior complexidade nas habilidades associadas a esta competência. Neste nível de proficiência, os estudantes resolvem problemas que recaem em equa-ção do segundo grau e sistemas de equações do primeiro grau e problemas mais complexos envolvendo juros simples.

LARANJA-ESCURO 400 A 425 PONTOS

Estudantes cuja proficiência se localiza no intervalo de 400 a 425 pontos, laranja-escuro, resolvem proble-mas que envolvem grandezas inversamente proporcionais e sistemas de duas equações. No campo das sequências numéricas, identificam uma regularidade em uma sequência numérica e determinam o número que ocupa uma determinada posição na sequência.

VERMELHO ACIMA DE 425 PONTOS

Acima de 425 pontos na Escala, indicado pela cor vermelha, os estudantes resolvem problemas relacionan-do a representação algébrica com a geométrica de um sistema de equações do primeiro grau.

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 35 AVALIANDO IDEPB 2015

Tratamento da informação

O estudo de Tratamento da informação é de fundamental importância nos dias de hoje, tendo em vista a grande quantidade de informações que se apresentam no nosso cotidiano. Na Matemática, alguns conteúdos são extremamente adequados para “tratar a informação”. A Estatística, por exemplo, cuja utilização pelos meios de comunicação tem sido intensa, utiliza-se de gráficos e tabelas. A Combinatória também é utilizada para desenvolver o Tratamento da informação, pois ela nos permite determinar o número de possibilidades de ocorrência de algum acontecimento. Outro conhecimento necessário para o tratamento da informação refere-se ao conteúdo de Probabilidade, por meio da qual se estabelece a diferen-ça entre um acontecimento natural, que tem um caráter determinístico, e um acontecimento aleatório cujo caráter é probabilístico, avaliando-se a probabilidade de dado acontecimento. Com o estudo desses conteúdos, os estudantes desenvolvem as habilidades de fazer uso, expor, preparar, alimentar e/ou discutir determinado conjunto de dados ou de informes a respeito de alguém ou de alguma coisa.

competências descritas para este domínio

LER, UTILIZAR E INTERPRETAR INFORMAÇÕES APRESENTADAS EM TABELAS E GRÁFICOS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Um dos objetivos do ensino do conteúdo Tratamento da informação é propiciar ao estudante o desenvolvimento da competência: ler, utilizar e interpretar informações apresentadas em tabelas e gráficos. Esta competência é desen-volvida nas séries iniciais do Ensino Fundamental por meio de atividades relacionadas aos interesses das crianças. Por exemplo, ao registrar os resultados de um jogo ou ao anotar resultados de respostas a uma consulta que foi apresentada, elas poderão, utilizando sua própria forma de se expressar, construir representações dos fatos e, pela ação mediadora do professor, essas representações podem ser interpretadas e discutidas. Esses debates propi-ciam novas oportunidades para a aquisição de outros conhecimentos e para o desenvolvimento de habilidades e de atitudes. Nas séries finais do Ensino Fundamental, temas mais relevantes podem ser explorados e utilizados a partir de revistas e jornais. O professor pode sugerir a realização de pesquisas com os estudantes sobre diversos temas e efetuar os registros dos resultados em tabelas e gráficos para análise e discussão. No Ensino Médio, os estudantes são solicitados a utilizarem procedimentos estatísticos mais complexos como, por exemplo, cálculo de média aritmética.

CINZA 0 A 125 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 125 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência.

Ler, utilizar e interpretar informações apresentadas em tabelas e gráficos.

Utilizar procedimentos algébricos.

AVALIANDO IDEPB 2015 36 REVISTA PEDAGÓGICA

AMARELO-CLARO 125 A 150 PONTOS

No intervalo representado pelo amarelo-claro, de 125 e 150 pontos, os estudantes leem informações em tabelas de coluna única e extraem informações em gráficos de coluna por meio de contagem.

AMARELO-ESCURO 150 A 200 PONTOS

No intervalo representado pelo amarelo-escuro, de 150 a 200 pontos, os estudantes leem informações em tabelas de dupla entrada e interpretam dados num gráfico de colunas por meio da leitura de valores no eixo vertical.

LARANJA-CLARO 200 A 250 PONTOS

De 200 a 250 pontos, intervalo indicado pelo laranja-claro, os estudantes localizam informações e identi-ficam gráficos de colunas que correspondem a uma tabela com números positivos e negativos. Esses estu-dantes também conseguem ler gráficos de setores e localizar dados em tabelas de múltiplas entradas, além de resolver problemas simples envolvendo as operações, identificando dados apresentados em gráficos ou tabelas, inclusive com duas entradas.

LARANJA-ESCURO 250 A 325 PONTOS

Estudantes com proficiência entre 250 e 325 pontos, laranja-escuro, identificam o gráfico de colunas ou barras correspondente ao gráfico de setores e reconhecem o gráfico de colunas ou barras correspondente a dados apresentados de forma textual; associam informações contidas em um gráfico de colunas e barras a uma tabela que o representa, utilizando estimativas.

VERMELHO ACIMA DE 325 PONTOS

A cor vermelha, acima de 325 pontos, indica que os estudantes leem, utilizam e interpretam informações a partir de gráficos de linha do plano cartesiano. Além de analisarem os gráficos de colunas representando diversas variáveis, comparando seu crescimento. Neste nível de proficiência, as habilidades relativas a esta competência estão desenvolvidas.

UTILIZAR PROCEDIMENTOS DE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Um dos objetivos do ensino do Tratamento de informação em Matemática é propiciar ao estudante o desenvolvi-mento da competência: utilizar procedimentos de combinatória e probabilidade. Esta competência deve ser desen-volvida desde as séries iniciais do Ensino Fundamental por meio da resolução de problemas de contagem simples e a avaliação das possibilidades de ocorrência ou não de um evento. Algumas habilidades vinculadas a esta compe-tência no Ensino Fundamental são exploradas juntamente com o domínio Números, Operações e Álgebra. Quando tratamos essa habilidade dentro do Tratamento de informação, ela se torna mais forte no sentido do professor per-ceber a real necessidade de trabalhar com ela. O professor deve resolver problemas simples de possibilidade de ocorrência, ou não, de um evento ou fenômeno, do tipo “Qual é a chance?” Apesar desse conhecimento intuitivo ser muito comum na vida cotidiana, convém trabalhar com os estudantes a diferença entre um acontecimento natural, que tem um caráter determinístico, e um acontecimento aleatório, cujo caráter é probabilístico. Também é possível trabalhar em situações que permitam avaliar se um acontecimento é mais ou menos provável. Não se trata de de-senvolver com os estudantes as técnicas de cálculo de probabilidade. Mas sim, de explorar a ideia de possibilidade de ocorrência ou não de um evento ou fenômeno. Intuitivamente, compreenderão que alguns acontecimentos são

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 37 AVALIANDO IDEPB 2015

possíveis, isto é, “têm chance” de ocorrer (eventos com probabilidades não nulas). Outros acontecimentos são certos, “garantidos” (eventos com probabilidade de 100%) e há aqueles que nunca poderão ocorrer (eventos com probabilidades nulas). As habilidades associadas a esta competência são mais complexas, por isso começam a ser desenvolvidas em níveis mais altos da Escala de Proficiência.

CINZA 0 A 375 PONTOS

Os estudantes cuja proficiência se encontra na faixa cinza, de 0 a 375 pontos, ainda não desenvolveram as habilidades relacionadas a esta competência.

AMARELO-CLARO 375 A 400 PONTOS

No intervalo representado pelo amarelo-claro, de 375 a 400 pontos, os estudantes começam a desenvolver esta competência, calculando a probabilidade de um evento acontecer no lançamento de um dado, bem como a probabilidade de ocorrência de dois eventos sucessivos como, por exemplo, ao se lançar um dado e uma moeda.

AMARELO-ESCURO 400 A 425 PONTOS

O amarelo-escuro, 400 a 425 pontos, indica uma complexidade maior nesta competência. Neste intervalo, os estudantes conseguem resolver problemas de contagem utilizando o princípio multiplicativo sem repeti-ção de elementos e calculam a probabilidade de ocorrência de um evento simples.

VERMELHO ACIMA DE 425 PONTOS

No intervalo representado pela cor vermelha, acima de 425 pontos, os estudantes demonstram ter desen-volvido competências mais complexas do que as anteriores. Resolvem problemas de contagem utilizando o princípio multiplicativo com repetição de elementos e resolvem problemas de combinação simples.

AVALIANDO IDEPB 2015 38 REVISTA PEDAGÓGICA

Os Padrões de Desempenho são categorias definidas a partir de cortes numéricos que agru-pam os níveis da Escala de Proficiência, com base nas metas educacionais estabelecidas pelo AVALIANDO IDEPB. Esses cortes dão origem a quatro Padrões de Desempenho – Abai-xo do Básico, Básico, Adequado e Avançado –, os quais apresentam o perfil de desempe-nho dos estudantes:

Desta forma, estudantes que se encontram em um Padrão de Desempenho abaixo do espe-rado para sua etapa de escolaridade precisam ser foco de ações pedagógicas mais espe-cializadas, de modo a garantir o desenvolvimento das habilidades necessárias ao sucesso escolar, evitando, assim, a repetência e a evasão.

Por outro lado, estar no Padrão mais elevado indica o caminho para o êxito e a qualidade da aprendizagem dos estudantes. Contudo, é preciso salientar que mesmo os estudantes posicionados no Padrão mais elevado precisam de atenção, pois é necessário estimulá-los para que progridam cada vez mais.

Além disso, as competências e habilidades agrupadas nos Padrões não esgotam tudo aquilo que os estudantes desenvolveram e são capazes de fazer, uma vez que as habilidades avaliadas são aquelas consideradas essenciais em cada etapa de escolarização e possíveis de serem avaliadas em um teste de múltipla escolha. Cabe aos do-centes, através de instrumentos de observação e registros utilizados em sua prática cotidiana, identificarem outras características apresentadas por seus estudantes e que não são contempladas nos Padrões. Isso porque, a despei-to dos traços comuns a estudantes que se encontram em um mesmo intervalo de proficiência, existem diferenças individuais que precisam ser consideradas para a reorientação da prática pedagógica.

São apresentados, a seguir, exemplos de itens característicos de cada Padrão.

Abaixo do Básico

Básico Adequado Avançado

Padrões de Desempenho Estudantil

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 39 AVALIANDO IDEPB 2015

ABAIXO DO BÁSICO

ATÉ 225 PONTOS

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

Neste Padrão de Desempenho, as habilidades matemáticas que se evidenciam são as relativas aos significados dos números nos diversos contextos sociais, na compreensão dos algoritmos da adição de números de até três algarismos com reagrupamento, da subtração de até quatro algarismos com reserva, da multiplicação de até dois algarismos e da divisão exata por números de um algarismo, além do reconhecimento de figuras bidimensionais pelo número de lados e pelo ângulo reto, e da planificação do cone e do cubo. Os estudantes diferenciam entre os diversos sólidos, os que têm superfícies arredondadas; localizam pontos usando coordenadas cartesianas em um referencial quadriculado; identificam a localização ou a movimentação de objetos em representações gráficas, com base em referencial igual ou diferente da própria posição.

Constata-se, também, que esses estudantes lidam com os algoritmos das operações aritméticas; localizam números na reta numérica; reconhecem a escrita por extenso de números naturais e a sua composição e decomposição em dezenas e unidades, considerando o seu valor posicional na base decimal; resolvem problemas envolvendo a soma ou subtração de números racionais na forma decimal, constituídos pelo mesmo número de casas decimais e por até três algarismos, e resolvem problemas envolvendo a soma de números naturais. Esses estudantes reconhecem as características do Sistema de Numeração Decimal.

Ainda, neste Padrão, os estudantes já demonstram conhecimentos básicos relativos à Literacia Estatística; conse-guem ler e interpretar informações elementares e explícitas em um gráfico de colunas, por meio da leitura de valores do eixo vertical, e ler informações em tabelas de coluna única e de dupla entrada. Identificam dados em uma lista de alternativas, utilizando-os na resolução de problemas, relacionando-os, dessa forma, às informações apresentadas em gráficos de barras e tabelas. São capazes, ainda, de resolver problemas envolvendo as operações, usando da-dos apresentados em gráficos ou tabelas, inclusive com duas entradas.

Neste Padrão de Desempenho, os estudantes também demonstram compreender a ação de medir um comprimento utilizando régua numerada e estabelecer as relações entre as unidades de medida de comprimento (metros e cen-tímetros). Eles também estabelecem relações entre diferentes medidas de tempo (dias e semanas, horas e minutos) e realizam cálculos simples com essas medidas; leem horas e minutos em relógios analógicos e digitais; realizam trocas de moedas em valores monetários pequenos e identificam cédulas que formam uma quantia de dinheiro inteira; identificam a forma ampliada de uma figura simples em uma malha quadriculada; resolvem problemas de cálculo de área com base na contagem das unidades de uma malha quadriculada; reconhecem a quarta parte de um todo; estimam medida de comprimento usando unidades convencionais e não convencionais, além de resolverem problemas aditivos envolvendo o Sistema Monetário brasileiro.

As habilidades matemáticas evidenciadas neste Padrão são elementares para esta série e o desafio que se apre-senta é o de viabilizar condições para que os estudantes possam vencer as próximas etapas escolares.

AVALIANDO IDEPB 2015 40 REVISTA PEDAGÓGICA

(M090821E4) O piso de um galpão está sendo trocado. Na malha quadriculada abaixo está representada a superfície desse galpão, sendo que a área colorida de cinza representa a parte do piso que já foi trocada. A área de cada quadradinho dessa malha corresponde a 1 m2.

GALPÃO

Quantos metros quadrados de piso ainda faltam ser trocados nesse galpão?A) 34B) 44C) 64D) 108

O item avalia a habilidade de os estudantes resolverem problemas envolvendo área de figuras planas com apoio de malha quadriculada.

Para resolvê-lo, os estudantes devem, primeiramente, se atentar ao fato de que a área total desse galpão equivale à soma das áreas cinza e branca delimitadas pelo retângulo de dimensões 9 m x 12 m. Em seguida, devem reconhecer que a parte do galpão em que o piso ainda falta ser trocado corresponde à região branca, encontrando assim 64 m2 como resposta, uma vez que a área de cada quadradinho da malha equivale a 1 m2. Os estudantes que assinalaram a alternativa C, possivelmente, desenvolveram a habilidade avaliada pelo item.

Os estudantes que indicaram a alternativa A, provavelmente, consideraram o perímetro da parte do galpão cujo piso ainda precisa ser trocado. Aqueles que marcaram a alternativa B, possivelmente, consideraram a área do galpão em que o piso já havia sido trocado. Já os que assinalaram a alternativa D, não se atentaram ao comando para resposta do item e consideraram a área total do galpão.

O desenvolvimento da habilidade avaliada pelo item se constituirá mediante o entendimento da noção de super-fície, a qual os estudantes constroem ao longo do tempo. Muitos deles, ao serem questionados sobre o que en-tendem por área de uma figura plana, respondem que é “base x altura”, o que demonstra uma apropriação de um procedimento para o cálculo da área do retângulo, mas um desconhecimento do conceito de área como medida de uma superfície. Portanto, é necessário haver um trabalho que permita a eles perceberem que área é a medida de quanto uma superfície é coberta por uma forma bidimensional (regular ou não).

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 41 AVALIANDO IDEPB 2015

Os estudantes que se encontram nesse Padrão de Desempenho demonstram já terem começado um processo de sistematização e domínio das habilidades consideradas básicas e essenciais ao período de escolarização em que se encontram. No conjunto dos números naturais esses estudantes identificam números em um intervalo dado; reconhecem a lei de formação de uma sequência; resolvem uma divisão exata por números de até dois algarismos e uma multiplicação cujos fatores também são números de até dois algarismos; resolvem problemas utilizando a multiplicação, reconhecendo que um número não se altera ao multiplicá-lo por um; resolvem problemas envolvendo várias operações; resolvem problemas de soma, envolvendo combinações, e de multiplicação, envolvendo configu-ração retangular; assim como, resolvem problemas de contagem em uma disposição retangular envolvendo mais de uma operação. Eles, também, reconhecem a representação numérica de uma fração com apoio de representação gráfica; comparam números racionais na forma decimal com diferentes partes inteiras; calculam porcentagens; loca-lizam números racionais (positivos e negativos), na forma decimal, na reta numérica e resolvem problemas de soma ou subtração de números decimais encontrados no Sistema Monetário brasileiro.

Nesse Padrão demonstram uma compreensão mais ampla do Sistema de Numeração Decimal, reconhecendo a composição e decomposição na escrita decimal envolvendo casos mais complexos; calculam expressão numérica envolvendo soma e subtração com uso de parênteses e colchetes; calculam o resultado de uma divisão por um número de dois algarismos, inclusive com resto; reconhecem a modificação sofrida no valor de um número quando um algarismo é alterado, além de resolver problemas envolvendo subtração de números decimais com o mesmo número de casas.

No Padrão Básico, os estudantes do 9°ano também conseguem estimar comprimento utilizando unidade de medida não convencional e calcular a medida do perímetro com ou sem apoio da malha quadriculada. Também realizam conversões entre unidades de medida de comprimento (m/km), massa (kg/g), tempo (mês/trimestre/ano, hora/minu-to, dias/ano), temperatura e capacidade (ml/l). Esses estudantes leem horas em relógios de ponteiros em situações mais gerais (por exemplo, 8h50min) e atribuem significado para o metro quadrado. Eles resolvem problemas incluin-do o Sistema Monetário brasileiro, além de comparar áreas de figuras poligonais em malhas quadriculadas.

No Campo Geométrico, os estudantes identificam algumas características de quadriláteros relativas aos lados e ângulos; reconhecem alguns polígonos (triângulos, quadriláteros, pentágonos, hexágonos) e círculos; reconhecem que a medida do perímetro de um polígono, em uma malha quadriculada, dobra ou se reduz à metade, quando os lados dobram ou são reduzidos à metade; identificam propriedades comuns e diferenças entre sólidos geométricos através do número de faces; associam uma trajetória à sua representação textual e identificam a localização ou mo-vimentação de objeto em representações gráficas, situadas em referencial diferente ao do estudante.

Nesse Padrão, percebe-se, ainda, que esses estudantes localizam informações em gráficos de colunas duplas; resolvem problemas que envolvem a interpretação de dados apresentados em gráficos de barras ou em tabelas; leem gráficos de setores; identificam gráficos de colunas que corresponde a uma tabela com números positivos e negativos; localizam dados em tabelas de múltiplas entradas; reconhecem o gráfico de colunas correspondente a dados apresentados de forma textual; identificam o gráfico de colunas correspondente a um gráfico de setores; leem tabelas de dupla entrada e reconhecem o gráfico de colunas correspondente, mesmo quando há variáveis representadas.

BÁSICO

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

DE 225 ATÉ 275 PONTOS

AVALIANDO IDEPB 2015 42 REVISTA PEDAGÓGICA

(M081207E4) Vanessa comprou 2,3 metros de tecido para fazer um vestido. Ela gastou apenas 1,5 metro desse tecido para confeccionar o vestido.Quantos metros desse tecido sobraram?A) 0,8 mB) 1,2 mC) 1,8 mD) 3,8 m

Este item avalia a habilidade de os estudantes resolverem problemas com números racionais em sua representação decimal, envolvendo subtração com significado de retirar.

Para acertá-lo, os estudantes podem subtrair 1,5 de 2,3, utilizando o algoritmo da subtração ou o cálculo mental. Os estudantes que marcaram a alternativa A, possivelmente, desenvolveram a habilidade avaliada pelo item.

Os estudantes que marcaram as alternativas B ou C, provavelmente, se equivocaram no procedimento de cálculo, subtraindo o menor algarismo do maior em cada ordem, sem considerar a posição que cada número ocupa no algoritmo (alternativa B) ou desconsiderando o reagrupamento da ordem dos décimos para a ordem das unidades (alternativa C). Já aqueles que marcaram a alternativa D, provavelmente, não se apropriaram da ideia subtrativa im-plícita no enunciado do item e somaram os valores.

Constata-se, ao analisar esse item, que uma das dificuldades apresentadas por esses estudantes é a forma como eles interpretam o problema. É necessária uma intervenção pontual, que possibilite a eles a compreensão, a partir de contextos diversos, dos significados das operações aritméticas implícitas nesses contextos, bem como operar com o Sistema de Numeração Decimal.

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 43 AVALIANDO IDEPB 2015

Nesse Padrão amplia-se o leque de habilidades relativas ao Campo Numérico e ao Campo Algébrico, notando ain-da, o desenvolvimento das noções algébricas.

No conjunto dos números racionais esses estudantes identificam mais de uma forma de representar numericamente uma mesma fração; transformam fração em porcentagem e vice-versa; localizam números decimais negativos na reta numérica; estabelecem a relação entre frações próprias e impróprias e as suas representações na forma deci-mal; resolvem problemas de soma ou subtração de números decimais na forma do Sistema Monetário brasileiro em situações mais complexas, e identificam fração como parte de um todo, sem apoio da figura. Resolvem problemas que envolvem proporcionalidade envolvendo mais de uma operação; problemas utilizando multiplicação e divisão em situação combinatória; problemas de contagem utilizando o princípio multiplicativo. Eles, também, efetuam cálcu-los de números naturais que requer o reconhecimento do algoritmo da divisão inexata; determinam a porcentagem envolvendo números inteiros em situação problema; identificam a localização aproximada de números inteiros não ordenados, em uma reta em que a escala não é unitária. Esses estudantes, também, ordenam e comparam números inteiros negativos; identificam um número natural não informado na reta numérica e calculam expressões numéricas com números inteiros.

No Campo Algébrico, esses estudantes identificam equações e sistemas de equações de primeiro grau que permi-tem resolver um problema; calculam o valor numérico de uma expressão algébrica, incluindo potenciação e identifi-cam a equação do 1º grau adequada à solução de um problema.

No Campo Geométrico, os estudantes identificam elementos de figuras tridimensionais; resolvem problemas envol-vendo as propriedades dos polígonos regulares inscritos (hexágono), para calcular o seu perímetro; reconhecem um quadrado fora da posição usual; avaliam distâncias horizontais e verticais em um croqui, usando uma escala gráfica dada por uma malha quadriculada, reconhecendo o paralelismo; contam blocos em um empilhamento; sabem que em uma figura obtida por ampliação ou redução os ângulos não se alteram; identificam a localização de um objeto requerendo o uso das definições relacionadas ao conceito de lateralidade, tendo por referência pontos com posi-ção oposta a do observador e envolvendo combinações. Esses estudantes também reconhecem diferentes planifi-cações de um cubo; identificam as posições dos lados de quadriláteros (paralelismo); relacionam poliedros e corpos redondos às suas planificações além de localizarem pontos no plano cartesiano.

Os estudantes, nesse Padrão, compreendem o significado da palavra perímetro, realizam conversão e soma de medidas de comprimento e massa (m/km, g/kg), resolvem problemas de cálculo de área com base em informações sobre ângulos de uma figura e calculam a medida do volume por meio da contagem de blocos. Percebe-se, ainda, que esses estudantes reconhecem o gráfico de linhas correspondente a uma sequência de valores ao longo do tempo (com valores positivos e negativos).

ADEQUADO

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

DE 275 ATÉ 325 PONTOS

AVALIANDO IDEPB 2015 44 REVISTA PEDAGÓGICA

Este item avalia a habilidade de os estudantes calcularem o valor numérico de uma expressão algébrica.

Para resolvê-lo, inicialmente, os estudantes devem substituir os valores atribuídos a x e y na expressão algébrica, tornando-a uma expressão numérica: . Para continuar a resolução dessa expressão, os estudantes devem se atentar para a Ordem das Operações Aritméticas ou Algébricas1, encontrando como resposta 1. Os estudantes que assinalaram a alternativa B, possivelmente, desenvolveram a habilidade avaliada pelo item.

Aqueles que optaram pela alternativa A realizaram a substituição dos valores de x e y na expressão corre-tamente, porém, associaram a potência 3² como uma multiplicação da base pelo expoente, encontrando

. Os estudantes que optaram pelas alternativas C ou D, possivelmente, inverteram o valor das variáveis, associando x = 4 e y = 3, porém na alternativa C, o estudante associou a potência 4² a uma mul-tiplicação da base pelo expoente.

A compreensão de uma expressão algébrica requer que os estudantes se apropriem das operações aritméticas e de suas propriedades.

O estudo de problemas que podem ocorrer no cálculo do valor numérico de uma expressão algébrica deve supor, a não ser em casos óbvios, que os estudantes já saibam resolver equações e inequações simples. Do ponto de vista operacional, o cálculo do valor numérico de uma expressão não apresenta nada de novo, pois é equivalente a efetuar operações numéricas. Assim, ao trabalhar com substituição, deve-se mostrar para o que ela serve e não transformá-la apenas em um exercício mecânico de cálculo numérico.

1 Em matemática, ordem de operações refere-se à ordem pela qual devem ser realizadas as operações.

(M090820E4) O valor numérico da expressão x

3x 6y2 - , para x = 3 e y = 4, é

A) – 2B) 1C)

46

D)4

30

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 45 AVALIANDO IDEPB 2015

As habilidades características desse Padrão de Desempenho evidenciam uma maior expansão dos Campos Numérico e Geo-métrico. Os estudantes demonstram compreender o significado de números racionais em situações mais complexas, que exigem deles uma maior abstração em relação a esse conhecimento. Eles reconhecem as diferentes representações decimais de um número fracionário, identificando suas ordens (décimos, centési-mos e milésimos); calculam expressões numéricas com números decimais positivos e negativos; localizam frações na reta numéri-ca; reconhecem o valor posicional de um algarismo decimal e a nomenclatura das ordens; efetuam adição de frações com deno-minadores diferentes; efetuam cálculos de divisão com números racionais nas formas fracionária e decimal simultaneamente, cal-culam expressões com numerais na forma decimal com quantida-des de casas diferentes, além de calcular o resultado de expres-sões envolvendo, além das quatro operações, números decimais (positivos e negativos, potências e raízes); efetuam cálculos de raízes quadradas e identificam o intervalo numérico em que se encontra uma raiz quadrada não exata; efetuam arredondamento de decimais; resolvem problemas envolvendo variação propor-cional entre mais de duas grandezas além de resolverem proble-mas envolvendo porcentagens diversas e suas representações na forma fracionária (incluindo noção de juros simples e lucro).

Nesse Padrão, os estudantes demonstram resolver problemas com números inteiros positivos e negativos não explícitos com si-nais e conseguem obter a média aritmética de um conjunto de va-lores. Embora o cálculo da média aritmética requeira um conjunto de habilidades já desenvolvidas pelos estudantes em anos esco-lares anteriores, que utilizam, na prática, essa ideia para compor a nota bimestral ou em outros contextos extraescolares, o conceito básico de estatística, combinado com o raciocínio numérico, só é desempenhado pelos estudantes nesse Padrão da Escala. Os estudantes nesse padrão também resolvem problemas simples envolvendo probabilidade de um evento.

Percebe-se, ainda, um salto cognitivo em relação ao estudo da Álgebra, pois esses estudantes identificam a inequação do primeiro grau adequada para a solução de um problema; re-solvem problemas de adição e multiplicação; resolvem proble-mas envolvendo a identificação de um sistema de equações do primeiro grau com duas incógnitas; resolvem problemas envol-vendo o cálculo numérico de uma expressão algébrica em sua forma fracionária; resolvem problemas envolvendo equação do

2° grau e sistema de equações do 1° grau. Resolvem, também, problemas envolvendo juros simples.

No Campo Geométrico, há um avanço significativo no desen-volvimento das habilidades. Os estudantes resolvem problemas envolvendo a lei angular de Tales; o teorema de Pitágoras; pro-priedades dos polígonos regulares, inclusive por meio de equa-ção do primeiro grau. Eles também aplicam as propriedades de semelhança de triângulos na resolução de problemas; reconhe-cem que a área de um retângulo quadruplica quando seus lados dobram; resolvem problemas envolvendo círculos concêntricos; resolvem problemas utilizando propriedades de triângulos e quadriláteros; identificam propriedades comuns e diferenças en-tre figuras bidimensionais e tridimensionais, relacionando estas às suas planificações, além de identificar o sólido que correspon-de a uma planificação dada, reconhecem a proporcionalidade entre comprimentos em figuras relacionadas por ampliação ou redução; calculam ângulos centrais em uma circunferência dividi-da em partes iguais. Esses estudantes também localizam pontos em um referencial cartesiano; classificam ângulos em agudos, retos ou obtusos de acordo com suas medidas em graus; calcu-lam ampliação, redução ou conservação da medida de ângulos informada inicialmente, lados e áreas de figuras planas; além de realizarem operações, estabelecendo relações e utilizando os elementos de um círculo ou circunferência (raio, corda, diâmetro) e solucionam problemas em que a razão de semelhança entre polígonos é dada, por exemplo, em representações gráficas en-volvendo o uso de escalas.

Os estudantes nesse Padrão calculam a medida do perímetro de polígonos sem o apoio de malhas quadriculadas e calculam a área de figuras simples (triângulo, paralelogramo, retângulo, trapézio). Em relação ao conceito de volume, esses estudantes conseguem determinar a medida do volume do cubo e do pa-ralelepípedo pela multiplicação das medidas de suas arestas e realizam conversões entre metro cúbico e litro.

No Padrão Avançado da Escala, os estudantes utilizam o ra-ciocínio matemático de forma mais complexa, conseguindo identificar e relacionar os dados apresentados em diferentes gráficos e tabelas para resolver problemas ou fazer inferên-cias. Analisam gráficos de colunas representando diversas va-riáveis, comparando seu crescimento e leem informações for-necidas em gráficos envolvendo regiões do plano cartesiano.

AVANÇADO

0 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 300 325 350 375 400 425 450 475 500

ACIMA DE 325 PONTOS

AVALIANDO IDEPB 2015 46 REVISTA PEDAGÓGICA

Este item avalia a habilidade de os estudantes resolverem problema envolvendo noções de volume.

Para resolvê-lo, os estudantes devem compreender que o volume interno dessa caçamba pode ser calculado por meio do produto de suas dimensões (3 m x 2,6 m x 1,5 m = 11,7 m³). Logo, os estudantes que marcaram a alternativa C, possivelmente, desenvolveram a habilidade avaliada pelo item.

A escolha da alternativa A sugere que os estudantes somaram as dimensões internas da caçamba. Aqueles que op-taram pela alternativa B, possivelmente, se equivocaram ao calcular a área da base da caçamba e adicionar a altura. Já aqueles que indicaram a alternativa D, provavelmente, calcularam a área total da caçamba.

Ao analisar a habilidade avaliada por esse item, constata-se que os estudantes apresentam dificuldade em com-preender a relação existente entre altura, largura e comprimento de um objeto tridimensional. Para lançar os funda-mentos para a compreensão de como calcular o volume dos prismas retangulares, bem como entender a relação existente entre altura, largura e comprimento, os estudantes precisam ter se apropriado do significado de capacida-de por meio de experiências com materiais manipuláveis. Em etapas iniciais de escolarização, os estudantes podem usar esses materiais (cubinhos, água, areia, arroz, etc) para preencher recipientes e medir a quantidade utilizada. Em etapas subsequentes, eles devem perceber que na representação de um tipo especial de recipiente (prisma retangular com dimensões a, b, c), como mostra o desenho abaixo,

a base (uma camada) pode ser preenchida por (a x b) cubos de 1 unidade cúbica de medida para então reconhecer que há c dessas camadas na estrutura vertical. Portanto o volume do prisma retangular pode ser dado por (a x b) x c.

(M081205E4) Uma caçamba de entulho sem tampa tem o formato de um paralelepípedo retângulo, cujas medidas internas estão apresentadas no desenho abaixo.

1,5 m

2,6 m

3 m

Qual é a capacidade máxima, em m3, dessa caçamba?A) 7,1B) 9,3C) 11,7 D) 24,6

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 47 AVALIANDO IDEPB 2015

As discussões propiciadas pela avaliação educacional em larga escala e, mais especifica-mente, as relacionadas à apropriação dos resultados dos sistemas avaliativos se apresen-tam, muitas vezes, como desafios para os profissionais envolvidos com a educação e com a escola. Assim, é necessário, sempre, procurar mecanismos para facilitar o entendimento dos atores educacionais em relação às possibilidades de interpretação e uso desses re-sultados, bem como no que diz respeito aos obstáculos enfrentados ao longo do proces-so de apropriação das informações produzidas no âmbito dos sistemas de avaliação.

Uma maneira de aproximar os resultados das avaliações às atividades cotidianas dos ato-res educacionais é apresentar experiências que, na prática, lidaram com problemas com-partilhados por muitos desses atores. Apesar da diversidade das redes escolares brasilei-ras, muitos problemas, desafios e sucessos são experimentados de maneira semelhante por contextos educacionais localizados em regiões muito distintas. Para compartilhar ex-periências e conceder densidade àquilo que se pretende narrar, os estudos de caso têm se apresentado como uma importante ferramenta na seara educacional.

Por isso, a presente seção é constituída por um estudo de caso destinado à apresentação de um problema vivido nas redes de ensino do Brasil. Seu objetivo é dialogar, através de um exemplo, com os atores que lidam com as avaliações educacionais em larga escala em seu cotidiano. Esse diálogo é estabelecido através de personagens fictícios, mas que lida-ram com problemas reais. Todas as informações relativas à composição do estudo, como a descrição do contexto, o diagnóstico do problema e a maneira como ele foi enfrentado, têm como base pesquisas acadêmicas levadas a cabo por estudantes de pós-graduação.

O fundamento último desse estudo é propiciar ao leitor um mecanismo de entendimento sobre como lidar com problemas educacionais relacionados à avaliação, a partir da narra-tiva de histórias que podem servir como exemplo para que novos caminhos sejam abertos em sua prática profissional.

ESTUDO DE CASO

3

A motivação do professor e a melhoria da aprendizagem dos estudantes

Se for feito um balanço das notícias que são veicula-das sobre o contexto das escolas, certamente vamos perceber que estamos mais acostumados a ler e saber sobre os problemas e as dificuldades enfrentadas pelos professores, e como tais dificuldades os imobilizam e os deixam desanimados diante delas. É menos comum ouvirmos sobre as experiências bem sucedidas, as inú-meras estratégias encontradas pelos profissionais que atuam nas escolas para a resolução dos problemas e, principalmente, no desenvolvimento de ideias que re-volucionam e melhoram a educação no país. Pois bem, a história de Teresinha é um desses exemplos que, ape-sar de não serem muito divulgados, são mais comuns do que imaginamos.

...

Dezembro de 2011. Teresinha acabara de saber a tur-ma pela qual seria responsável no ano seguinte. Em um primeiro momento, seu grau de animação não era dos maiores, uma vez que ela teria pela frente um desafio enorme, talvez o maior na sua trajetória de oito anos como professora daquela escola. Os estudantes pelos quais ela seria responsável, em 2012, encontravam-se matriculados no 5º ano do Ensino Fundamental, todos com idade acima de 12 anos. Eram estudantes com dois ou mais anos de reprovação, considerados, pela escola e pelos professores, os mais “difíceis”, com as maiores dificuldades de aprendizagem e comportamento. Tere-sinha sabia bem sobre esses meninos e meninas, já que estava na escola fazia tempo e havia acompanhado, mesmo que pelas conversas na sala dos professores ou nos conselhos de classe, a trajetória desses estudantes. Agora, eles estariam frente a frente com ela, durante os próximos 200 dias letivos.

Teresinha, enquanto organizava seu armário, fez um de-sabafo com Beth, a professora que havia lecionado para essa turma naquele ano:

– Ah, Beth, eu nem sei o que pensar, sabe? Sabia que mais cedo ou mais tarde esses meninos viriam para mim, mas não imaginei que seria tão rápido. Você que esteve com eles durante esse ano, o que me diz? Que sugestões você tem para me dar?

– Ih, Teresinha, acho que você perguntou para a pessoa errada. Esse ano foi tão difícil para mim. Esses meninos

me deram tanto trabalho, estou esgotada. Mas o que posso lhe dizer é que nada que você fizer vai resolver o problema deles. É perder tempo. Eu tentei tantas coi-sas esse ano e veja no que deu: nenhum aprovado. Ou melhor, aquela menina, coitada, que veio transferida no meio do ano. Ela conseguiu passar. Eu fiquei com pena, uma menina tão bonita, tão delicada, ficar mais um ano no meio daqueles marmanjos. Agora, o irmão dela ficou. Vai ser seu estudante esse ano.

– Você acha que os meninos têm mais dificuldades, Beth?

– Que nada, criatura. Nessa turma há várias meninas. E eu estou para lhe dizer que elas são as piores, me deram mais trabalho, se você quer saber. É um tal de ficar no celular, mandando mensagens para as colegas. Acho que já estão na fase das paqueras, aí já viu, né? Distraem com qualquer coisa. Parece que vivem no mundo da lua.

Teresinha esboçou um sorriso e disse:

– Ah, isso é verdade, não é Beth? Nós já tivemos a idade dessas meninas e sabemos como nossos pensamentos voam quando estamos apaixonadas. Faz parte. É impor-tante viver bem cada fase da vida.

– É verdade, Teresinha, mas nunca perdemos o ano por causa disso. Sempre conseguimos dar conta de tudo, das coisas do coração e da escola.

– Sim, mas os tempos são outros. A realidade em que elas vivem é bem diferente daquela em que crescemos. Você conhece as famílias desses estudantes, Beth? Eles costumam participar das reuniões de pais?

– Conheço alguns, Teresinha. Para falar a verdade, poucos. Quem mais veio à escola, esse ano, foi a mãe desses dois irmãos que vieram por transferência. Assim mesmo, veio para resolver questões burocráticas de matrícula e, sempre que dava, passava na minha sala para saber sobre os meninos. Parece uma boa mãe.

Teresinha continuou a arrumar suas coisas e Beth reti-rou-se para a sua sala também.

Enquanto trabalhava com as mãos, Teresinha mergu-lhava em seus pensamentos, imaginando como seria

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 49 AVALIANDO IDEPB 2015

o ano seguinte, o que ela poderia fazer para dar conta daqueles meninos. Ela estava apreensiva, até um pou-co chateada, mas, ao mesmo tempo, sentia uma vontade enorme de ajudar aqueles estudantes. Não conseguia compreender por que eles não aprendiam, o que havia de errado. Sentiu-se, de certo modo, um pouco culpada. Há tantos anos na escola, ouvindo falar daquela turma e nunca havia se preocupado, de fato, com eles. Tudo bem que ela não havia sido, até então, professora deles, mas, eles eram estudantes da escola e, por isso, responsabili-dade de todos, inclusive dela. A tarde se foi e Teresinha terminou suas tarefas, ainda imersa nos seus pensamen-tos, naquele sentimento dúbio: preocupada com o que teria que enfrentar no ano seguinte e angustiada com a vontade de enfrentar esse desafi o e ajudar aqueles ado-lescentes a seguirem na sua vida escolar com êxito.

Durante o mês de janeiro, Teresinha passou boa parte do seu recesso pensando na turma que receberia em fevereiro e como poderia dar conta daquela tarefa tão desafi adora. Antes de sair de férias, ainda naquela tarde, ela recolheu algumas informações sobre os estudantes com a coordenadora pedagógica e com Beth, a última professora da turma. Conseguiu as notas nas avaliações realizadas pela escola; algumas atividades que a coorde-nadora havia arquivado; os registros que Beth fez, ao lon-go do ano, sobre cada um; bem como os resultados da-queles estudantes nas últimas avaliações estaduais. Vale lembrar que a rede em que Teresinha trabalha passou a ser avaliada, externamente, desde 2008, em quase todas as etapas de escolaridade. São avaliados, anualmente, o 3º, 5º, 6º e 9º anos do Ensino Fundamental. Certamente, tendo em vista o tempo que esses estudantes estavam matriculados no Ensino Fundamental, já deveriam ter realizado, mais de uma vez, os testes aplicados em cada um dos anos avaliados. Teresinha juntou tudo o que po-dia ser levado para casa. Aqueles documentos que não podiam sair da escola, ela pediu autorização da direção para xerocar, pois queria voltar do recesso com alguma coisa planejada para aqueles estudantes.

Teresinha dedicou-se a pensar em maneiras de ajudar aqueles meninos. Mesmo tendo que viajar com a famí-lia na primeira quinzena de janeiro, ela não parou de pensar sobre o assunto e, quando retornou da viagem, debruçou-se sobre as informações que havia levado da escola para conhecer melhor o perfi l dos estudantes com os quais ela iria trabalhar.

Antes do início do ano letivo, a escola se reunia, por dois dias, para o planejamento anual. Todos os anos eram assim. Nesses dois dias, a direção repassava al-guns informes importantes e o restante do tempo era usado pela equipe pedagógica para planejar com os professores. Geralmente, os docentes se reuniam por segmento. Teresinha fi cou com o seu grupo de costu-me, os professores dos anos iniciais do Ensino Funda-mental. Quando ela entrou na sala, Beth logo falou:

– E aí, minha fi lha, preparada para a batalha desse ano? Já acostumou com a ideia de que vai enfrentar uma pe-dreira pela frente?

Todos se entreolharam – alguns ainda não sabiam do que Beth estava falando –, e Teresinha respondeu:

– Sim, estou preparada para a batalha, mas preciso da ajuda de todos vocês. Pensei muito nesses dias, estudei bastante e fi z vários esboços de propostas para traba-lhar com esses estudantes, mas não conseguirei nada se não puder contar com o apoio de todos vocês.

Nesse momento, Fernanda, a coordenadora dos anos ini-ciais, entrou na sala para distribuir o material de trabalho.

– Do que é mesmo que vocês estão falando? – perguntou Fernanda.

– Estamos falando da minha turma, Fernanda. As meninas estão preocupadas comigo, porque saí muito angustiada daqui, antes das férias, como você mesma viu, quando lhe pedi aqueles portfólios dos estudantes. Mas esse mês foi

tendo em vista o tempo que esses estudantes estavam matriculados no Ensino Fundamental, já deveriam ter realizado, mais de uma vez, os testes aplicados em cada um dos anos avaliados. Teresinha juntou tudo o que po-dia ser levado para casa. Aqueles documentos que não podiam sair da escola, ela pediu autorização da direção para xerocar, pois queria voltar do recesso com alguma coisa planejada para aqueles estudantes.

Teresinha dedicou-se a pensar em maneiras de ajudar aqueles meninos. Mesmo tendo que viajar com a famí-lia na primeira quinzena de janeiro, ela não parou de pensar sobre o assunto e, quando retornou da viagem, debruçou-se sobre as informações que havia levado da escola para conhecer melhor o perfi l dos estudantes

AVALIANDO IDEPB 2015 50 REVISTA PEDAGÓGICA

essencial para eu esfriar minha cabeça e perceber que estava fazendo tempestade em copo d’água. Ou, pelo menos, estava desperdiçando energia em preocupar-me. Na verdade, usei minha angústia e preocupação, todos es-ses dias, para pensar em como ajudar a esses estudantes. Conversei com algumas pessoas que conheço e que têm experiência e me dediquei a analisar tudo o que temos registrado sobre os estudantes. Aliás, queria até aproveitar para dizer que isso foi muito positivo. Nossa escola tem uma prática muito interessante, que é fazer o registro so-bre o processo de aprendizagem dos nossos estudantes. Sem essas informações, eu não teria conseguido pensar sobre tudo o que pensei; não teria conseguido desenhar uma proposta de trabalho com esses estudantes, não fos-se o diagnóstico que eu tenho em mãos. Por isso, quero reforçar esse trabalho que já vem sendo feito em nossa escola e propor que aperfeiçoemos o que já estamos fa-zendo e ampliemos essa estratégia para os anos fi nais. Te-nho certeza de que muitas difi culdades enfrentadas pelos colegas que atuam do 6º ao 9º anos também poderão ser minimizadas, se fi zermos isso.

– Que bom ouvir isso, Teresinha. Essa tem sido uma luta, desde que cheguei nessa escola. No começo não foi fácil. Muitos de vocês devem se lembrar de como nossa escola carecia de informações. Não havia regis-tro de nada. Quando precisávamos de alguma informa-ção sobre os estudantes, era a maior difi culdade. De-pendíamos, muitas vezes, da boa memória da D. Cida, secretária da escola. Ela sempre foi uma excelente profi ssional, mas era impossível dar conta de todos os dados da escola. E, no que se refere às informações mais pedagógicas, não era costume dos professores fa-zer nenhum registro. Não que eu esteja falando mal da equipe anterior, longe disso. Mas, era muito complicado pensar em qualquer coisa, pois não sabíamos o terre-no em que estávamos pisando. Não é verdade, Célia? Você, que chegou aqui antes de mim, pode falar melhor.

– É verdade, Fernanda. Nossa escola melhorou bastante nos últimos anos. Para vocês terem ideia, nós não tínha-mos o hábito nem de fazer nosso plano de aula, sabe? Nós fazíamos nosso planejamento bimestral – isso quan-do dava – e seguíamos a partir dali. Muitas vezes, nem para isso conseguíamos sentar. A maioria dos professores trabalhava em mais de uma escola, às vezes em três ou até mais, dependendo da disciplina que lecionavam. Com isso, dispúnhamos de pouco tempo para encontros. Fazía-

mos os conselhos de classe correndo, mais para decidir quem deveria ou não ser reprovado e fechar as datas das avaliações. Isso foi por um bom tempo, não é Fernanda?

– Sim, sim. Foi por muito tempo. E tenho para lhes dizer que essa não é uma característica exclusiva da nossa escola. A maioria das escolas da nossa rede e de outros lugares é assim. Nós, professores, geralmente, trabalha-mos em mais de uma escola e, às vezes, elas são dis-tantes umas das outras. Mas, com tempo e aos poucos, estamos mudando essa cultura aqui na escola.

Fernanda era coordenadora da escola em que Teresi-nha dava aula e professora em outra rede.

– E como vocês conseguiram? —– indagou Luana, pro-fessora recém-chegada à escola.

– Olá, Luana, seja muito bem-vinda à nossa escola. A Luana é a nova professora do 2º ano, meninas, nem deu tempo de apresentá-la, pois já entramos nesse assunto.

– Que isso, Fernanda, não se incomode. Esse assunto é muito importante e eu já estou me sentindo em casa, conhecendo um pouco melhor sobre como as coisas funcionam por aqui.

A conversa decorreu mais livremente, todos foram dando as boas-vindas e acolhendo a nova professora, conver-sando sobre a escola, sobre suas expectativas, de onde ela tinha vindo etc. Até que, novamente, Teresinha reto-mou o tema que ela havia levado para essa reunião de

dados da escola. E, no que se refere às informações mais pedagógicas, não era costume dos professores fa-zer nenhum registro. Não que eu esteja falando mal da equipe anterior, longe disso. Mas, era muito complicado pensar em qualquer coisa, pois não sabíamos o terre-no em que estávamos pisando. Não é verdade, Célia? Você, que chegou aqui antes de mim, pode falar melhor.

– É verdade, Fernanda. Nossa escola melhorou bastante nos últimos anos. Para vocês terem ideia, nós não tínha-mos o hábito nem de fazer nosso plano de aula, sabe? Nós fazíamos nosso planejamento bimestral – isso quan-do dava – e seguíamos a partir dali. Muitas vezes, nem para isso conseguíamos sentar. A maioria dos professores trabalhava em mais de uma escola, às vezes em três ou até mais, dependendo da disciplina que lecionavam. Com isso, dispúnhamos de pouco tempo para encontros. Fazía-

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 51 AVALIANDO IDEPB 2015

planejamento: os estudantes do 5º ano, aqueles com os quais teria que trabalhar naquele ano e que apresentavam, historicamente, sérias dificuldades de aprendizagem.

– Mas, então, Fernanda, quando você chegou, faláva-mos sobre a minha nova turma, os estudantes do 5º ano com histórico de reprovação.

– Ah, Teresinha, queria dizer que chegaram mais três estudantes para essa turma, hein? São matrículas novas, feitas durante o mês de janeiro. D. Cida me passou hoje. Ainda não sei nada sobre eles, mas sei que são filhos de uma família que mudou para o residencial novo, aquele onde a maioria dos nossos estudantes mora agora.

– É mesmo, Fernanda? Quantos estudantes terá essa tur-ma esse ano? – perguntou Sabrina, que já havia lecio-nado para a mesma turma há uns dois anos.

– Hoje, com os três novatos que che-garam, estão matriculados, 21 estu-dantes.

Sabrina fez uma expressão de quem havia ficado mais preocu-pada, mas Teresinha interveio:

–Vejam bem, eu fico feliz que te-nha chegado gente nova. Esses meninos já estão juntos há tanto tempo, vendo e revendo as mesmas coisas a cada ano, é bom haver mudan-ças. A começar por novos amigos. Eu não me importo; ao contrário, fico feliz mesmo. E eu quero dizer para vocês das coisas que pensei para esse ano, para trabalhar com essa turma.

– Vamos lá, Teresinha. Desculpe-me tê-la interrompido de novo.

– Primeiro, quero que vocês entendam que não se tra-ta de fazer nenhuma crítica ao trabalho desempenhado pelos colegas até aqui, mas são constatações importan-tes para a nossa reflexão e o aprimoramento do nosso trabalho. Uma coisa que percebi em relação a esses meninos é que os mesmos têm muita dificuldade de escrita. Alguns demonstram ter desenvolvido apenas as primeiras habilidades no processo de aquisição dos conceitos de leitura e escrita, outros já apresentam um

nível maior de desempenho, demonstrando serem ca-pazes de produzir pequenos textos. Aliás, identifiquei textos muito bons entre os que li. Outra coisa há alguns estudantes com sérios comprometimentos em Matemá-tica, principalmente no que diz respeito à resolução de problemas. Isso me parece decorrer de dois fatores: pri-meiro pela dificuldade de leitura e escrita que eles têm e também porque ainda não desenvolveram habilida-des relacionadas às quatro operações. Sem isso, eles não têm mesmo condições de avançar naqueles con-teúdos que exigem a consolidação dessas habilidades.

– Nossa, Teresinha, como você conseguiu observar tudo isso, apenas analisando os registros dos estudan-tes? – indagou Renata.

– Então, por isso, estou dizendo que nossa escola já deu um passo muito importante ao fazer

o registro sobre o desenvolvimento dos estudantes. O que falta é sistema-

tizá-lo e usar mais o que temos à nossa disposição. Consegui per-ceber que os estudantes não desenvolveram as habilidades relacionadas à leitura e à escri-ta e aos conhecimentos básicos de Matemática, analisando os re-

sultados alcançados por eles na avaliação externa e nas atividades

propostas pela escola. Procurei iden-tificar os Padrões de Desempenho em

que eles se encontravam na última avaliação e observei quais as habilidades os estudantes, que se

encontram naqueles padrões, ainda não desenvolve-ram. Depois, olhei para os resultados dos descritores: eles erraram a maioria. E, mesmo aqueles que têm um desempenho melhor em leitura, estão agarrados em de-terminadas habilidades, que, não sendo desenvolvidas adequadamente, impedem que os estudantes avancem em outros conteúdos. É o caso das quatro operações básicas. Após essa análise, chequei nossa proposta cur-ricular e os conteúdos que foram trabalhados com os meninos ano passado. Da forma como estamos fazendo, mesmo que tenhamos muita disposição e criatividade, não resolveremos as dificuldades deles, pois a questão passa por um diagnóstico mais preciso sobre o que eles já desenvolveram e o que eles ainda não sabem, em re-lação aos conteúdos trabalhados.

[...] sempre

ouvimos isso, seja

nas oficinas de apropriação de

resultados, seja quando estamos

participando de algum treinamento

ou formação, mas a gente demora um

pouco a perceber que tudo isso faz

parte da nossa rotina e que pode

ser incorporado e melhor

aproveitado por nós.

AVALIANDO IDEPB 2015 52 REVISTA PEDAGÓGICA

– Nossa, mas isso é muito sério mesmo.

– Sim, é muito sério, importante e fantástico! Vejam vo-cês que temos em mãos um material rico, repleto de informações sobre a aprendizagem e o desenvolvimen-to dos nossos estudantes. Precisamos, apenas, lançar mão desses dados e analisá-los conjuntamente. Essa é a primeira coisa que gostaria de propor a vocês. Acre-dito que, com isso, ajudaremos essa turma com a qual vou trabalhar, mas, principalmente, poderemos ajudar a todos os estudantes, uma vez que temos esses dados para diferentes etapas que foram avaliadas. Esses da-dos, depois de analisados e compreendidos, servirão de subsídios para o nosso planejamento, para as nossas intervenções!

– Teresinha, não posso negar que agora você me fez lembrar um ditado popular: carro apertado é que canta. Foi preciso que você pas-sasse por esse sufoco todo para que pensássemos em usar os dados desse material que está disponí-vel para nós há tanto tempo! Mui-tos, produzidos por nós mesmos. E que eles precisam ser analisa-dos conjuntamente, buscando relacionar o que fazemos aqui dentro com o que é avaliado pelo sistema. É engraçado como sem-pre ouvimos isso, seja nas oficinas de apropriação de resultados, seja quando estamos participando de algum treinamento ou formação, mas a gente demora um pouco a perceber que tudo isso faz parte da nossa rotina e que pode ser incorporado e melhor aproveitado por nós.

– É que a correria, às vezes, nos consome, Sabrina. Fi-camos tão envolvidos com as demandas diárias que não nos damos chance de parar e refletir sobre o que temos e o que precisamos fazer. A iniciativa da Teresinha me deixa muito orgulhosa e feliz; e sei que a vocês também. Venho tentando fazer isso há bastante tempo, mas de outras formas, não muito eficientes. Mas, hoje, vejo que sua atitude me deu algumas ideias. Enquanto você fa-lava, ia pensando em algumas coisas aqui. Precisamos aproveitar melhor nossas horas de atividades extraclas-ses. É para isso que elas devem ser usadas, para anali-sarmos nossa escola e fazermos nossos planejamentos.

Já que estamos aqui, nessa conversa, com esse propó-sito, vamos começar a trabalhar nesse sentido desde agora. Vou trazer os resultados de todas as outras tur-mas de vocês, bem como os portfólios e demais docu-mentos. Vou sugerir à Glaucia, coordenadora dos anos finais, que faça a mesma coisa.

Assim foi feito naquele início de ano. Todos os profes-sores da escola de Teresinha, durante os dois dias de planejamento, dedicaram-se a analisar e a compreender os resultados dos seus estudantes. A partir desse pri-meiro esforço, algumas iniciativas foram propostas para aquele ano letivo. Em especial, sobre os estudantes da turma de Teresinha, ficou estabelecido que os mesmos fossem enturmados, de acordo com as dificuldades que apresentavam. Isso ficou valendo para os demais estu-

dantes da escola que se encontravam em condi-ções semelhantes. A escola se organizou,

ainda, para atender aos estudantes no contraturno. Para os que não podiam

ir para casa e voltar, pois moravam longe, a escola servia o almoço.

Os professores do Ciclo de Alfa-betização passaram a fazer um planejamento conjunto, em que todas as crianças matriculadas

nas turmas do 1º ao 3º anos eram de responsabilidade dos profes-

sores que atuavam nessas etapas. O planejamento passou a contar com 600

dias letivos para as crianças serem alfabetiza-das e toda a organização do tempo e do espaço escolar passou a levar em conta esse princípio.

Diante do desempenho da escola em Língua Portugue-sa e conforme os registros dos próprios professores nas avaliações internas, a questão da leitura era um proble-ma geral, que perpassava todas as etapas de escolari-dade e comprometia o desempenho em todas as áreas do conhecimento. Como iniciativa para sanar essa difi-culdade, ficou estabelecido que toda a escola se envol-veria com o processo de alfabetização dos estudantes, em seus mais variados níveis. Para isso, a escola se tor-naria um ambiente alfabetizador, cujo objetivo era fazer com que todas as atividades ali desenvolvidas tivessem como foco a leitura e a sua apropriação. Como estra-tégias concretas, foi proposto um jornal da escola em

[...] a escola se tornaria um ambiente

alfabetizador, cujo objetivo era

fazer com que todas as atividades ali

desenvolvidas tivessem como foco a

leitura e a sua apropriação.

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 53 AVALIANDO IDEPB 2015

que todos os estudantes, professores e responsáveis deveriam participar, contribuindo com a sua produção e divulgação. Outras ações foram implementadas, desde então, na escola, como o projeto de elaboração de um livro de receitas, narradas pelas cozinheiras da escola. Os próprios estudantes fizeram as entrevistas e depois, com a ajuda dos professores, corrigiram os textos e os organizaram em forma de livro. Como a escola contava com uma sala de computadores, além do trabalho redi-gido à mão, os estudantes puderam digitá-lo e formatá--lo com a ajuda do professor de Informática.

Recentemente, Teresinha esteve em uma reunião peda-gógica da escola de sua filha, narrando sobre como vêm sendo trabalhadas as dificuldades em sua escola. Den-tre os relatos apresentados, ela conta como estão seus estudantes, depois de quase um ano de efetivo trabalho. Segundo ela, a turma avançou bastante, e ela tem per-cebido ganhos bastante significativos. Para aqueles com maiores dificuldades, com a ajuda da direção da escola e da coordenação pedagógica, Teresinha sugeriu um acompanhamento escolar, em que cada estudante tem um atendimento individual, para que suas necessidades sejam trabalhadas. Nessa atividade, Teresinha e a outra professora que acompanha os estudantes identificaram problemas extraescolares que poderiam estar afetan-do o desempenho dos mesmos. Para esses, a escola se propôs a dar um pouco mais, criando estratégias de recuperação no contra-turno e encaminhando-os para o atendimento psicossocial do município. Para alguns, pouco frequentes à escola, Teresinha precisou lançar mão das leis de proteção à criança. Ela tomou o Estatuto da Criança e do Adolescente como referência para re-solver essa questão. Com isso, toda a escola tem estu-dado esse documento e ajudado muitas crianças.

Mesmo aqueles que não precisam de algum acompanha-mento fora, a escola tem dado suporte, buscando inse-ri-los nas suas principais atividades, dando a eles opor-tunidades de assumirem lideranças positivas dentro da escola. Isso tem sido de grande ajuda para os estudantes, que se sentem mais partícipes da vida da escola e mais motivados a frequentarem as aulas e tirarem boas notas.

Outra ação que tem contribuído, consideravelmente, para o envolvimento dos estudantes e, consequente-mente, com a melhoria do seu desempenho nas ativi-dades escolares, são as atividades culturais. Os profes-

sores, das diferentes áreas e dos dois segmentos do Ensino Fundamental, se juntaram para fazer um projeto que envolve toda a escola. Trata-se de um projeto ar-tístico, cultural e esportivo. Os estudantes, com o apoio dos professores, têm pesquisado sobre a comunidade, a sua formação, as principais manifestações culturais que marcam sua história e do município. A partir daí, esse tra-balho já ganhou o mundo e os estudantes estão, atual-mente, estudando sobre a formação da sociedade lati-no-americana. Toda a escola, desde a merenda escolar, até o trabalho desenvolvido nas diferentes disciplinas, envolve esse tema, considerado como uma unidade geradora para o desenvolvimento dos conteúdos cur-riculares. A proposta é finalizar esse trabalho com uma apresentação para as famílias em um sábado letivo.

Esse foi o caminho escolhido pela escola de Teresinha para vencer as dificuldades dos estudantes e melhorar suas condições de aprendizagem.

QUESTÕES PARA REFLEXÃO

» Você já vivenciou alguma experiência semelhante

à de Teresinha? Como foi? Procure relatá-la ao seu

grupo e conhecer as experiências vivenciadas por

eles também.

» Como você analisa a postura dessa escola? Quais

estratégias você usaria, caso estivesse no lugar de

Teresinha?

» Caso você seja coordenadora da sua escola, como

você avalia a postura de Fernanda? Como você agi-

ria, se estivesse no lugar dela?

» Quais as principais dificuldades apresentadas por

seus estudantes? Como você tem trabalhado para

saná-las?

» Como os resultados da avaliação externa são apro-

priados por sua escola? Quais são as estratégias

de utilização desses resultados aplicadas por sua

escola?

» Há uma análise do desempenho dos estudantes

nas avaliações externas e dos resultados internos

à escola? Como vocês têm feito isso?

AVALIANDO IDEPB 2015 54 REVISTA PEDAGÓGICA

Com base nos resultados da avaliação, como associar, na prática, competên-cias e habilidades ao trabalho pedagógico em sala de aula? O artigo a seguir apresenta sugestões sobre como essa intervenção pode ser feita no contexto escolar, visando promover uma ação focada nas necessidades dos estudantes, a partir da análise de algumas competências e habilidades.

REFLEXÃO PEDAGÓGICA

4

UMA DISCUSSÃO ENTRE A MATEMÁTICA CIENTÍFICA E ESCOLAR

Os campos de conhecimento da Matemática são comumente referenciados no desenvolvi-mento dos saberes científico e escolar e estão relacionados a Números, Operações, Álge-bra, Geometria, Estatística, Probabilidade, entre outros.

Apesar de apresentar uma Matemática única e pautada em axiomas e premissas, os quais não se modificam em relação a cada um desses saberes, uma diferença pode ser, facilmen-te, identificada pelos professores de Matemática, que têm contato com o saber científico em sua formação para o trabalho e/ou na prática para a pesquisa, e com o saber escolar, nos momentos de prática de sala de aula, selecionando os conteúdos a serem ministrados.

Neste sentido, muitos questionamentos são apresentados pelos docentes que, em alguns momentos, não percebem a importância dos conhecimentos desenvolvidos na sua forma-ção superior para a prática com s da Educação Básica. Uma das possibilidades para o que acabamos de referenciar seria o fato de os conteúdos matemáticos, desenvolvidos por pes-quisadores da área, e aqueles conteúdos trabalhados no Ensino Superior apresentarem, muitas vezes, grau de complexidade e nível de abstração alto para os estudantes que estão em fase de formação da etapa básica de escolaridade.

Entretanto, conhecer a estrutura e os fundamentos sobre quais conceitos matemáticos são desenvolvidos permite, ao professor, organizar e planejar suas aulas de maneira adequada, fazendo uma seleção dos conteúdos a serem ministrados e tecendo uma relação entre cada um deles. Além disso, é preciso determinar o grau de dificuldade do conteúdo aplicado para cada etapa de escolaridade. O conhecimento científico, deste modo, embora não possa ser todo apresentado nos níveis Fundamental e Médio, mostra-se essencial para seleção de metodologias e recursos utilizados na sala de aula, considerando a maturidade dos estudan-tes e o conhecimento prévio apresentado por cada um deles ou pelo grupo.

Construir uma lista de conteúdos pode ser o primeiro passo neste trabalho, mas para isso, os elementos contidos nessa relação devem estar relacionados às atividades de planejamento escolar. Sendo assim, gestores e equipe pedagógica têm a possibilidade de elaborar o cur-rículo escolar considerando, a partir do conjunto de conteúdos previstos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais e pelas propostas curriculares desenvolvidas pela própria rede de ensino, a disposição em que os conteúdos podem ser apresentados em sala de aula, para que o trabalho, com os estudantes, alcance resultados desejáveis.

Entretanto, o currículo escolar não representa o trabalho que será realizado pelo professor, mas as referências norteadoras desse processo. Cabe ao professor observar os conteúdos presentes no currículo, definir os conceitos que serão trabalhados e selecionar a metodolo-gia e os recursos pedagógicos que permitirão que os s desenvolvam conhecimentos sobre o assunto.

AVALIANDO IDEPB 2015 56 REVISTA PEDAGÓGICA

Isso não significa apenas saber o conteúdo específico de determinada disciplina ou parte dela, pois esse trabalho vai além, e requisita, do professor, a capacidade de mediar o pro-cesso de conhecimento adquirido socialmente pelo estudante e o conhecimento específico, de cada área do conhecimento, desenvolvido no ambiente escolar. Para o professor, faz-se importante criar possibilidades de apropriação sistematizada de pensamento e da lingua-

gem Matemática, partindo das experiências vividas pelos estudantes com o intuito de desenvolver a capacidade de abstrair conceitos matemáticos.

Com o intuito de desenvolver esses conhecimentos, pelos s, pesquisa-dores da área de Educação Matemática estudam e expandem meto-

dologias de trabalho em sala de aula que podem ser aplicadas para os estudantes das diferentes etapas de escolaridade. Em meio às pesquisas e aplicações didáticas, há publicações que fazem refe-rência, principalmente, à resolução de problemas, à modelagem matemática, às tecnologias da informação e comunicação, à et-nomatemática, aos jogos educativos ou de outros tipos, à história da matemática, à didática da matemática, entre outros.

Junto a este trabalho, estão relacionados diversos recursos, sendo o livro didático o mais discutido e utilizado pelo professor na sala de

aula. A importância do livro, para o estudante, é a possibilidade de con-sultar conceitos matemáticos que são desenvolvidos no ambiente escolar.

Atualmente, observamos que os livros didáticos têm abordado, principalmente, de-finições e propriedades matemáticas, tornando-se muitas vezes um dicionário para profes-sores e estudantes.

Cabe ao professor, neste contexto, perceber a melhor forma de aplicação para cada con-teúdo apresentado, trazendo conceitos que estão distantes dos estudantes e relacionando aos conteúdos matemáticos em suas aulas, bem como desenvolvendo atividades que esti-mulam, além dos conhecimentos cognitivos, aqueles relacionados aos conhecimentos emo-cionais e sociais dos estudantes. Sendo assim, reafirmamos a importância do livro didático para o trabalho do professor em sala de aula, pois acreditamos que a melhor opção não é descartá-lo. Sugerimos que outros elementos sejam incorporados à prática de sala de aula, como uso de outros recursos pedagógicos que auxiliem o professor no desenvolvimento das aulas e possibilitem, aos estudantes, a aprendizagem dos conteúdos.

GRANDEZAS E MEDIDAS: O CÁLCULO DO PERÍMETRO E DA ÁREA DE FIGURAS PLANAS

A Matemática escolar transita entre o concreto e o abstrato, sendo a compreensão dessa relação uma das maiores dificuldades no desenvolvimento dos conceitos da disciplina na sala de aula do ensino básico. Partir das experiências dos estudantes para abordar os con-ceitos matemáticos em atividades escolares e tomar como referência os conhecimentos de-senvolvidos por eles, em etapas de escolaridade anteriores, tem se mostrado um caminho adequado para o trabalho do professor. Essas estratégias possibilitam o desenvolvimento

Para o professor, faz-se

importante criar possibilidades

de apropriação sistematizada de

pensamento e da linguagem Matemática,

partindo das experiências vividas pelos

estudantes com o intuito de desenvolver

a capacidade de abstrair conceitos

matemáticos.

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 57 AVALIANDO IDEPB 2015

do pensamento reflexivo, o que permite alcançar o grau de abstração dos conceitos mate-máticos almejados no desenvolvimento do indivíduo.

Consideramos, então, a importância de uma discussão sobre conhecimentos matemáticos e sua relação com a prática pedagógica. Neste sentido, iremos tratar sobre aspectos rela-cionados à Matemática e, para isso, explicitaremos o tema Grandezas e Medidas, buscando tornar mais próxima nossa interlocução. Será feita, com base nesse tema, uma apresentação sobre os conceitos, o conteúdo explorado na escola e as possibilidades de intervenção no ambiente escolar.

Grandezas e Medidas é um tema da Matemática relacionado à Geometria, e, como temos nos Parâmetros Curriculares Nacionais, está referenciado ao reconhecimento de: grande-zas, unidades de medida, obtenção de medidas por estimativa, utilização dos instrumentos de medida, noção de medida de superfície, cálculo de área e volume, relações entre medi-das e conversões.

O estudo deste tema faz referência à aprendizagem de outros campos da Matemática, tais como a Aritmética, a Álgebra e ao Tratamento da Informação, o que permite compreen-der conceitos sobre o espaço e as formas, bem como o significado dos números e das operações. O uso dos instrumentos de medida, também, é algo apresentado e de grande importância, pois possibilita discutir resultados com base no algarismo duvidoso, algarismo significativo e arredondamento.

De acordo com os resultados das avaliações externas, podemos notar que o conteúdo so-bre Grandezas e Medidas está relacionado a um conjunto de habilidades com baixo índice de acertos nos teste e, deste modo, acreditamos que se refere a conceitos sobre os quais os estudantes apresentam dificuldades de aprendizagem, por isso optamos por trazê-lo como tema a ser abordado nesse texto, servindo como uma reflexão para o trabalho do professor de Matemática dos Anos Finais do Ensino Fundamental.

Comumente, nestas avaliações, é medido o desempenho dos estudantes em relação ao cál-culo de perímetro e área das figuras geométricas. Sendo assim, apesar do tema Grandezas e Medidas fazer alusão às grandezas de diversos tipos, como tempo, massa, temperatura, comprimento, área, volume, entre outros, e compreender, também, a atribuição de um nú-mero a essas quantidades citadas, vamos discutir, neste momento, apenas os pontos sobre comprimento e área.

A palavra perímetro vem do grego e pode ser entendida como uma medida (metro) em volta de (peri). Já área vem do latim e significa uma medida de uma região de uma superfície. O valor dado a um perímetro é uma medida de comprimento que delimita uma região bidimen-sional, isto é, definida por uma área determinada. Sendo assim, o perímetro e a área podem ser considerados duas grandezas que possuem valores associados as suas medidas.

Em relação ao comprimento (perímetro) e à área podemos considerar, deste modo, certo grau de afinidade, pois seus conteúdos e seus conceitos são associados à organização espacial de uma e duas dimensões, permitindo que suas unidades possam ser comparadas.

AVALIANDO IDEPB 2015 58 REVISTA PEDAGÓGICA

Na sala de aula, os estudantes que desejarem medir o comprimento de uma figura plana ou o contorno da superfície de um objeto tridimensional (perímetro) precisarão saber quantas vezes é necessário aplicar uma determinada unidade de medida nesse objeto, isto é, deverão exe-cutar as operações geométricas (unidade) e aritméticas (contagem das unidades). Neste senti-do, para iniciar o trabalho com Grandezas e Medidas, considera-se a importância de conhecer sobre unidades de medidas e suas relações, que podem ser dadas pela escolha prévia de uma unidade ou de várias unidades, usualmente, aplicadas pela sociedade.

É importante considerar, com isso, que, em qualquer colocação sobre essas grandezas, faz-se imprescindível tomar o número a ser expresso por uma unidade de medida, pois um número dissociado de seu contexto pouco pode ser compreendido. Por exemplo, uma área de medi-da de valor 5 é grande ou pequena? Se formos considerar 5 cm² de um terreno essa medida é bem pequena, mas se considerarmos uma medida de 5 hectares, esse tamanho é significativo.

O mesmo acontece quando fazemos uma referência a medida de valor 12 de perímetro e 5 de área. Como podemos compará-las? Se forem dadas por uma mesma unidade de medida, teremos, por exemplo, um valor de 12 cm de perímetro e área com superfície de medida 5 cm², ou seja podemos estar referenciando uma mesma figura. Entretanto, se as medidas forem representadas por 12 cm e 5 m², respectivamente, perímetro e área, podemos afirmar que figuras diferentes foram utilizadas neste exemplo.

A SALA DE AULA E A GEOMETRIA.

No trabalho com geometria em sala de aula, consideramos que as primeiras experiências dos estudantes deveriam ser aquelas que buscam enfatizar o estudo informal das

formas dos objetos e suas propriedades. Com isso, torna-se possível o de-senvolvimento da intuição geométrica e o conhecimento dos estudan-

tes sobre o espaço em que está inserido.

Nas primeiras etapas do Ensino Fundamental, os professores têm a oportunidade de trabalhar com os objetos do cotidiano dos estudantes, isto é, os objetos manipuláveis, como cai-xas de produtos e brinquedos. Neste momento, os estudan-tes podem perceber semelhanças visuais entre os objetos, montar e desmontá-los, construir novos objetos e, com isso, estabelecer as primeiras relações geométricas, mesmo que

de modo informal.

Em cada etapa de escolaridade, novas percepções podem ser trabalhadas e o professor tem possibilidade de discutir, ao longo

desse ciclo, as propriedades das figuras com os estudantes. Assim, nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental o professor pode partir da abor-

dagem com os conceitos de perímetro, área e volume, mostrando-os a partir dos objetos, sem fazer medições, mas tecendo comparações e diferenciando esses três conteú-dos, bem como indicando atributos, como maior e menor, por exemplo. Com esses estudan-

Na sala de aula, os

estudantes que desejarem

medir o comprimento de uma figura

plana ou o contorno da superfície de um

objeto tridimensional (perímetro) precisarão

saber quantas vezes é necessário aplicar uma

determinada unidade de medida nesse objeto,

isto é, deverão executar as operações

geométricas (unidade) e aritméticas

(contagem das unidades).

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 59 AVALIANDO IDEPB 2015

tes, considera-se desejável iniciar o trabalho de medidas com cálculos geométricos, que os levarão, em etapas posteriores do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, à aplicação das fórmulas e relações mais complexas.

Nas séries finais do Ensino Fundamental, o professor tem a possibilidade de trabalhar o cálculo de perímetro e áreas de figuras geométricas com pro-blemas e atividades de desafio, que permitam, aos estudantes, reto-mar os conceitos aprendidos anteriormente e desenvolver outras propriedades. Veja a seguinte situação:

Ao final do ano letivo, os estudantes observaram que as pare-des da sala de aula ficavam muito desgastadas porque as car-teiras encostadas na parede estavam constantemente batendo na pintura. O professor, então, sugeriu que eles apresentassem alguma proposta para que ao final do ano, a sala de aula conti-nuasse com uma boa aparência, próxima àquela encontrada no início do período letivo.

Esse episódio pode ser aproveitado pelo professor (ou transformado em situação-problema e apresentado para outras turmas/escolas) buscando uma discussão de conceitos de perímetro e de área com os estudantes. Em um pri-meiro momento, esta situação permite, ao professor, sugerir o afastamento das carteiras da parede ou, buscando aproveitar todo o espaço da sala, pensar nas possibilidades de aplicar algum material na parede para evitar que a mesma seja danificada.

Entretanto, para inserir os estudantes neste caso e tornar a aprendizagem significativa, o professor pode levar os estudantes a pensar, intuitivamente, nas seguintes questões:

a. Quais as possíveis soluções para este problema apresentado pela turma?

b. Qual solução viável neste momento?

c. Poderíamos pensar na aplicação de uma faixa de madeira, ou de um papel ou tecido de

proteção?

d. Como proceder em cada caso?

Seguindo estes questionamentos, o professor pode trabalhar os conceitos de perímetro e de área com os estudantes, inicialmente, sem formalização de conceitos, nomenclaturas e/ou fórmulas.

Para a aplicação da faixa de madeira, os estudantes têm a possibilidade de medir a quanti-dade de material a ser utilizada? Neste caso, outras orientações ou questionamentos podem ser apresentados:

a. Qual a quantidade de material que utilizaremos? Como calcular?

O professor desta turma pode discutir questões sobre contorno, limite, fronteira, sem, necessariamente, inserir a terminologia perímetro.

Nas séries finais do Ensino

Fundamental, o professor tem a

possibilidade de trabalhar o cálculo de

perímetro e áreas de figuras geométricas

com problemas e atividades de desafio, que

permitam, aos estudantes, retomar os

conceitos aprendidos anteriormente e

desenvolver outras propriedades.

AVALIANDO IDEPB 2015 60 REVISTA PEDAGÓGICA

b. Que material utilizaremos?

Seria interessante uma pesquisa sobre materiais e preços, realizada pelos estu-dantes.

c. Qual o valor a ser gasto neste investimento?

O professor pode inserir uma discussão sobre preço do material e mão de obra.

Em seguida, o professor pode inserir elementos de generalização sobre o assunto, apresen-tando outros exemplos, outras situações, discutindo e buscando semelhanças e diferenças e relacionando este conteúdo à Matemática escolar, neste caso, ao conceito de perímetro.

Mas, e para a aplicação de um tecido ou papel de parede? Neste caso, tem-se a possibili-dade de trabalhar com os conceitos de área, pois envolve elementos diferentes do anterior. Prosseguindo, após a resolução do problema inicial, o professor pode realizar os seguintes questionamentos:

a. Qual a quantidade de material será utilizada? Como calcular?

Uma discussão sobre superfície pode ser feita e, neste caso, outros recursos peda-gógicos podem ser inseridos, tais como auxílio da tecnologia, da informática, dos instrumentos de medidas, entre outros.

b. Quais são as medidas de cada parte onde o material será aplicado?

Aqui inicia o trabalho de cálculo de área, quando os estudantes realizarão as medi-das de largura e comprimento. O professor, neste momento, pode indicar que eles façam a representação dessas figuras, o que auxiliará no desenvolvimento dos conceitos matemáticos envolvidos no problema.

Vejamos um exemplo de resultado a ser alcançado (Figura 1 e 2):

1 m3 m

Figura 1: Medida para a parede do fundo - parte 1

1 m4 m

1 m4 m

Figura 2: Medidas para as paredes laterais – partes 1 e 2

Vamos observar a Figura 1. Com as medidas das dimensões, podemos realizar o cálculo da área da figura. Para isso, indicamos que os estudantes o faça, primeiramente, pela contagem de unidades de área, como temos na Figura 3, abaixo:

1 m 1 m

1 m

1 m

Figura 3: Figura 1 dividida em unidades de área

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 61 AVALIANDO IDEPB 2015

Através de uma intervenção, pelo professor, os estudantes discutem a medida da área de um quadradinho (uma unidade de área) e, chegando ao resultado da área da Figura 3, podem compará-la com a Figura 1, buscando elementos que permitem as-sociar o cálculo da área pela contagem de unidades (Figura 3), com a multiplicação de grandezas (Figura 1). Essa é uma discussão muito im-portante para a compreensão de área (medida de superfície) e, as figuras idênticas, disponibilizadas com e sem partições, permitem tecer comparações e abstrair os conceitos matemáticos.

Na sala de aula, o professor pode retomar os elementos mani-pulativos, construindo essas medidas com folhas de jornal, por exemplo. Isso atenta os estudantes à percepção da medida con-creta de 1m² e deixa explícita a diferença entre os conceitos de comprimento e área.

A partir dessa discussão e apresentação dos resultados, pelos es-tudantes, o professor tem a possibilidade de questionar o valor en-contrado para as superfícies limitadas presentes na Figura 2. Neste caso, considerando que os estudantes ainda não perceberam as relações anteriores e não construíram um modelo ou fórmula que permita calcular as medidas dessa área de modo adequado, pode-se sugerir o mesmo trabalho feito com as Figuras 1 e 3, isto é, os estudantes fracionar o objeto da Figura 2, encontrando a Figura 4.

1 m 1 m 1 m

1 m

1 m

Figura 4: Figura 2 divida em unidades de área

Com base nesta figura (Figura 4), os estudantes discutem as unidades de área, realizam o cálculo pela contagem dessas unidades, relacionam o valor encontrado com a Figura 2 e compreendem as operações realizadas com base na multiplicação de grandezas. Isso permite, deste modo, finalizar o problema proposto, com base na resolução do problema pela aplicação de tecido ou papel de parede, restando, aos estudantes, responder a última questão.

c. Qual material vai ser utilizado?

Como no momento anterior, realizada no desenvolvimento de conceitos de perí-metro, faz-se interessante uma pesquisa sobre materiais e preços, também cum-prida pelos estudantes.

Deste modo, a proposta apresentada consiste em um trabalho inicial, que deve prosseguir na apresentação de figuras mais complexas, usuais e não usuais, permitindo o desenvolvi-mento de conhecimentos sobre perímetro e área em qualquer circunstância. No trabalho de resolução de problemas, o professor tem a possibilidade de apresentar questões ou elementos desafiadores para os estudantes, em que podem ser feitas as atividades de com-paração de variações dessas grandezas e de estabelecimento de relações entre medidas.

Na sala de aula, o professor

pode retomar os elementos

manipulativos, construindo essas

medidas com folhas de jornal, por

exemplo. Isso atenta os s à percepção da

medida concreta de 1m² e deixa explícita

a diferença entre os conceitos de

comprimento e área.

AVALIANDO IDEPB 2015 62 REVISTA PEDAGÓGICA

A seguir, encontram-se disponíveis os resultados do AVALIANDO IDEPB 2015. Os dados são referentes tanto à amplitude do programa no estado, quanto a GRE e à sua escola, com informações sobre os resultados de participação, número de estudantes previstos para realizar a avaliação e que efetivamente a realizaram, a média de proficiência, a distribuição percentual de estudantes por Padrões de Desempenho e o percentual de estudantes para os níveis de proficiência dentro de cada Padrão.

OS RESULTADOS DESTA ESCOLA

5

RESULTADO DA ESCOLA (REVISTA)

Participação dos estudantes no teste

» Observar número de estudantes e percentual de participação.

» Analisar os resultados quando a participação está acima ou abaixo de 80%, levando em

consideração que, quanto maior o percentual de participação, mais representativos do

universo avaliado são os resultados.

Proficiência Média

» Com base na proficiência média: identificar o Padrão de Desempenho.

» Relacionar a Proficiência Média com o desempenho dos estudantes: que habilidades e

competências já foram desenvolvidas?

» Refletir sobre o desempenho alcançado pelos estudantes em relação ao esperado,

com base na Matriz de Referência, para a sua etapa de escolaridade. Quais habilidades

e competências devem ser desenvolvidas para alcançar este resultado?

» Como recuperar os estudantes que já passaram pela etapa avaliada e não apresenta-

ram o desempenho esperado?

» Refletir sobre o trabalho realizado na sala de aula e as possíveis mudanças, com o ob-

jetivo de melhorar o desempenho dos estudantes.

» Relacionar o resultado alcançado com a possibilidade de realizar ações/intervenções

pedagógicas.

AVALIANDO IDEPB 2015 64 REVISTA PEDAGÓGICA

Distribuição dos estudantes por Padrão de Desempenho

» Identificar o percentual de estudantes em cada Padrão de Desempenho.

» As turmas da escola são homogêneas e todos desenvolveram as habilidades no mes-

mo grau de complexidade?

» Calcular o número de estudantes em cada Padrão de Desempenho, utilizando variação

proporcional (regra de três).

» Conseguimos identificar quem são os estudantes alocados em cada Padrão na escola?

» Apresentar as habilidades e competências desenvolvidas por cada grupo de estudantes.

» Observar, em relação às habilidades e às competências, o desempenho dos estudantes

que estão alocados em Padrões de Desempenho diferentes.

» Como relacionar o desempenho obtido por esses estudantes com os resultados alcan-

çados na avaliação interna?

» Refletir sobre ações que podem ser pensadas e aplicadas na sala de aula para, ao mes-

mo tempo, recuperar os estudantes que não desenvolveram as habilidades da Matriz

de Referência esperadas para a etapa de escolaridade em que se encontram e estimu-

lar aqueles que já as desenvolveram.

Apresentamos, nesta seção, uma sugestão de roteiro para a análise pedagógica dos resultados da avaliação do AVALIANDO IDEPB 2015.

Esse roteiro tem como objetivo subsidiar o trabalho da equipe pedagógica da escola, propondo atividades que auxiliarão na compreensão dos dados obtidos pela avaliação externa.

MATEMÁTICA - 9º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL 65 AVALIANDO IDEPB 2015

RESULTADO POR ESTUDANTE (SITE)

Observar o resultado geral de uma turma.

Relacionar cada descritor com seu percentual de acerto.

Observar o descritor mais acertado (indicar o descritor).

Observar o descritor menos acertado:

» Qual é esse descritor?

» Qual a relação dessa habilidade com os conteúdos trabalhados em sala de aula? É uma

habilidade trabalhada em etapas de escolaridade anteriores? Quais as práticas pedagó-

gicas adotadas pelos professores da escola em relação a esse conteúdo?

» Como possibilitar a compreensão dos estudantes em relação a essa habilidade: ações

pedagógicas? Formação dos professores? Utilização de recursos pedagógicos?

Observar o percentual de acerto dos descritores por tópico:

» Observar, dentre os tópicos apresentados, aquele com os menores percentuais de

acerto por descritor.

» O professor tem trabalhado cada tópico de modo suficiente?

» O percentual de acerto dos descritores de cada tópico tem relação com o trabalho feito

pelo professores em sala de aula?

Observar se existe relação entre descritores (observar se são habilidades de uma mesma competência ou conteúdo comum):

» O que pode ser observado com relação ao percentual de acerto desses descritores?

AVALIANDO IDEPB 2015 66 REVISTA PEDAGÓGICA

VICE-REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA (EM EXERCÍCIO DA REITORIA)MARCOS VINÍCIO CHEIN FERES

COORDENAÇÃO GERAL DO CAEdLINA KÁTIA MESQUITA DE OLIVEIRA

COORDENAÇÃO DA UNIDADE DE PESQUISATUFI MACHADO SOARES

COORDENAÇÃO DE ANÁLISES E PUBLICAÇÕESWAGNER SILVEIRA REZENDE

COORDENAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃORENATO CARNAÚBA MACEDO

COORDENAÇÃO DE MEDIDAS EDUCACIONAISWELLINGTON SILVA

COORDENAÇÃO DE OPERAÇÕES DE AVALIAÇÃORAFAEL DE OLIVEIRA

COORDENAÇÃO DE PROCESSAMENTO DE DOCUMENTOSBENITO DELAGE

COORDENAÇÃO DE CONTRATOS E PROJETOSCRISTINA BRANDÃO

COORDENAÇÃO DE DESIGN DA COMUNICAÇÃORÔMULO OLIVEIRA DE FARIAS

VICE-REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA (EM EXERCÍCIO DA REITORIA)MARCOS VINÍCIO CHEIN FERES

COORDENAÇÃO GERAL DO CAEdLINA KÁTIA MESQUITA DE OLIVEIRA

COORDENAÇÃO DA UNIDADE DE PESQUISATUFI MACHADO SOARES

COORDENAÇÃO DE ANÁLISES E PUBLICAÇÕESWAGNER SILVEIRA REZENDE

COORDENAÇÃO DE INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃORENATO CARNAÚBA MACEDO

COORDENAÇÃO DE MEDIDAS EDUCACIONAISWELLINGTON SILVA

COORDENAÇÃO DE OPERAÇÕES DE AVALIAÇÃORAFAEL DE OLIVEIRA

COORDENAÇÃO DE PROCESSAMENTO DE DOCUMENTOSBENITO DELAGE

COORDENAÇÃO DE CONTRATOS E PROJETOSCRISTINA BRANDÃO

COORDENAÇÃO DE DESIGN DA COMUNICAÇÃORÔMULO OLIVEIRA DE FARIAS

Ficha catalográfica

PARAÍBA. Secretaria de Estado da Educação da Paraíba.

AVALIANDO IDEPB – 2015/ Universidade Federal de Juiz de Fora, Faculdade de Educação, CAEd.

v. 1 ( jan./dez. 2015), Juiz de Fora, 2015 – Anual.

Conteúdo: Revista Pedagógica - Matemática - 9º ano do Ensino Fundamental.

ISSN 2316-7610

CDU 373.3+373.5:371.26(05)