Paulo de Tarso

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PAULO DE TARSO Atos 7.54-56; 9.1-31; 13.1-4; 16.19-34 Jesus escolheu doze homens para serem Apóstolos. Judas, por causa da sua transgressão caiu do seu Apostolado, teve uma morte suicida e foi para o inferno. Em At 1, a igreja, sob a liderança de Deus, designou Matias para tomar o lugar de Judas, mas Deus escolheu mais um Apóstolo. Os doze primeiro Apóstolos foram basicamente designados para ministérios judaicos e Deus tinha planejado mandar um Apóstolo muito especial para os gentios. Poderíamos esperar que Deus chamasse dentre os Seus melhores discípulos um particularmente íntegro tal como Estevão ou Filipe. Não foi bem assim, pois Deus, na verdade, escolheu um homem que consentiu o assassinato de Estevão e segurou as capas daqueles que o apedrejaram (At 7.58). O homem também era um severo, homicida perseguidor da igreja (At 9.1 e 2). Paulo (pequeno) é o nome romano de Saulo de Tarso, que pela primeira vez se lê em At (13.9), quando ele resistiu a Elimas, o feiticeiro, principiando nessa ocasião o seu trabalho gentílico na corte de Sérgio Paulo. Pode presumir-se que ele já era assim chamado nas suas relações com os gentios; mas depois deste incidente é sempre esse nome que o apóstolo 1 tem nos Atos e nas suas epístolas. Várias inscrições mostram que Paulo era, nesse tempo, um nome comum na Síria, e ao oriente da Ásia Menor. O nascimento e família do futuro apóstolo habilitaram-no a chamar-se a si próprio "hebreu de hebreus". Era de puro sangue judaico, da tribo de Benjamim (Rm 11.1; Fp 3.5); e nasceu em Tarso, na Cilícia (At 9.11; 21.39; 22.3), pelo ano 2 antes de Cristo, quando estava no seu auge o poder do imperador romano César Augusto. A sua educação foi caracteristicamente judaica. Quando rapaz, foi mandado para Jerusalém a fim de ser instruído por Gamaliel "segundo a exatidão da lei de nossos antepassados", o dizia (At 22.3). Tanto Gamaliel, como a própria família de Paulo, pertenciam à seita dos fariseus 2 . Do seu mestre, pois, era natural que Paulo obtivesse um firme conhecimento da doutrina da ressurreição (At 23.6; 26.5; Fp 3.5). Com Gamaliel aprendeu ele, também, aquelas estreitas doutrinas do farisaísmo, "sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais" (Gl 1.14). Além disto, sabia Paulo a arte de fazer tendas (At 20.34; 1Ts 2.9). Como Tarso era, naquele tempo, notável centro de instrução, quase tão célebre como Atenas ou Alexandria, foi ali, sem dúvida, que Paulo estudou os antigos poemas e a filosofia do tempo; e isso se deduz de algumas citações que ele faz (At 17.28; 1Co 15.35; Tt 1.12).

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PAULO DE TARSO

Atos 7.54-56; 9.1-31; 13.1-4; 16.19-34

Jesus escolheu doze homens para serem Apóstolos. Judas, por causa da sua transgressão caiu do seu Apostolado, teve uma morte suicida e foi para o inferno. Em At 1, a igreja, sob a liderança de Deus, designou Matias para tomar o lugar de Judas, mas Deus escolheu mais um Apóstolo. Os doze primeiro Apóstolos foram basicamente designados para ministérios judaicos e Deus tinha planejado mandar um Apóstolo muito especial para os gentios.

Poderíamos esperar que Deus chamasse dentre os Seus melhores discípulos um particularmente íntegro tal como Estevão ou Filipe. Não foi bem assim, pois Deus, na verdade, escolheu um homem que consentiu o assassinato de Estevão e segurou as capas daqueles que o apedrejaram (At 7.58). O homem também era um severo, homicida perseguidor da igreja (At 9.1 e 2).

Paulo (pequeno) é o nome romano de Saulo de Tarso, que pela primeira vez se lê em At (13.9), quando ele resistiu a Elimas, o feiticeiro, principiando nessa ocasião o seu trabalho gentílico na corte de Sérgio Paulo. Pode presumir-se que ele já era assim chamado nas suas relações com os gentios; mas depois deste incidente é sempre esse nome que o apóstolo1 tem nos Atos e nas suas epístolas. Várias inscrições mostram que Paulo era, nesse tempo, um nome comum na Síria, e ao oriente da Ásia Menor.

O nascimento e família do futuro apóstolo habilitaram-no a chamar-se a si próprio "hebreu de hebreus". Era de puro sangue judaico, da tribo de Benjamim (Rm 11.1; Fp 3.5); e nasceu em Tarso, na Cilícia (At 9.11; 21.39; 22.3), pelo ano 2 antes de Cristo, quando estava no seu auge o poder do imperador romano César Augusto. A sua educação foi caracteristicamente judaica. Quando rapaz, foi mandado para Jerusalém a fim de ser instruído por Gamaliel "segundo a exatidão da lei de nossos antepassados", o dizia (At 22.3). Tanto Gamaliel, como a própria família de Paulo, pertenciam à seita dos fariseus2. Do seu mestre, pois, era natural que Paulo obtivesse um firme conhecimento da doutrina da ressurreição (At 23.6; 26.5; Fp 3.5). Com Gamaliel aprendeu ele, também, aquelas estreitas doutrinas do farisaísmo, "sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais" (Gl 1.14). Além disto, sabia Paulo a arte de fazer tendas (At 20.34; 1Ts 2.9). Como Tarso era, naquele tempo, notável centro de instrução, quase tão célebre como Atenas ou Alexandria, foi ali, sem dúvida, que Paulo estudou os antigos poemas e a filosofia do tempo; e isso se deduz de algumas citações que ele faz (At 17.28; 1Co 15.35; Tt 1.12).

Educado em duas culturas (grega e judaica), Paulo fez muito pela difusão do Cristianismo entre os gentios e é considerado uma das principais fontes da doutrina da Igreja. As suas Epístolas formam uma secção fundamental do Novo Testamento. Alguns afirmam que ele foi quem verdadeiramente transformou o cristianismo numa nova religião, e não mais uma seita do Judaísmo.

Foi a mais destacada figura cristã a favorecer a abolição da necessidade da circuncisão e dos estritos hábitos alimentares tradicionais judaicos. Esta opção teve a princípio a oposição de outros líderes cristãos, mas, em consequência desta revolução, a adoção do cristianismo pelos povos gentios tornou-se mais viável, ao passo que os Judeus mais conservadores, muitos deles vivendo na Europa, permaneceram fiéis à sua tradição, que não tem um móbil missionário.

A erudição de Paulo era desta forma, notável. Pela sua cultura estava ele em contato com o mundo grego; pelos seus privilégios de cidadão estava ele em contato político com o mundo romano; e pelo fato de que essa prerrogativa de cidadão romano era hereditária, tinha por conseqüências a sua família vantagens sociais. Os seus parentes estavam muito espalhados, porque alguns deles viviam em Jerusalém (At 23.16), e outros, segundo certa interpretação, em Roma (Rm 16.11), os quais tinham aceitado o Cristianismo antes dele (Rm 16.7). Paulo é mencionado pela primeira vez nos Atos dos Apóstolos, na descrição que ali se faz do apedrejamento de Estevão. Embora ele não apedrejasse, é certo que esteve guardando as vestes dos que estavam praticando o ato (At 7. 58 a 60; 8.1 ). Foi um incidente que manifestamente deixou profunda impressão no seu espírito (At 22.20).

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Paulo entrou abertamente na obra da perseguição. E neste seu procedimento julgava ele que estava trabalhando para Deus, segundo as tradições de seus pais (At 22.3; 26.9; Gl 1.14). Pouco tempo depois Jerusalém já não era campo suficiente para o seu zelo, pois que os cristãos que ali viviam estavam, ou na prisão, ou escondidos, ou em fuga (At 9.1,2). Com probabilidade se pode dizer que Paulo foi eleito membro do Sinédrio, depois da morte de Estevão, se ele já não o era. Como ele mesmo disse, não só exercia o poder de lançar na prisão, por missão daquele tribunal, mas também dava o seu voto quando matavam os cristãos (At 26.10).

A morte de Estêvão trouxe em conseqüência a conversão de Paulo. Naquela sua missão de servir a Deus, como ele supunha, tomou o caminho de Damasco. Foi então, quando se dirigia para aquela cidade, que o perseguidor se transformou em discípulo de Jesus Cristo. O zelo que tinha mostrado contra o Cristianismo se mudou em apoio e auxílio aos perseguidos. O miraculoso acontecimento acha-se narrado por Lucas (At 9.1 a 19), e por Paulo nos seus discursos feitos ao povo de Jerusalém, depois da sua prisão (At 22.4 a 16); e mais tarde na presença de Agripa e de Festo em Cesaréia (At 26.10 a 18).

O primeiro efeito do milagre foi o alívio que tiveram os cristãos de Damasco. Era bem conhecido o fim da sua ida àquela cidade; e o terror, que inspirava aquele fariseu, pode deduzir-se da relutância de Ananias em aproximar-se dele (At 9.13,14), e da incredulidade dos discípulos, quando Saulo lhes apareceu como correligionário nas sinagogas (At 9.21).

A cegueira de Paulo e a sua inquietação, que Lucas nota nos Atos (9.18,19), foram uma preparação para a visita de Ananias e para nova revelação da vontade de Deus. Dignas de nota, também, são as palavras dirigidas a Ananias "pois ele está orando" (At 9.11). Elas nos mostram o homem que tinha por hábito levantar o pensamento a Deus, nos atos da sua vida (At 16.25; 20.36; 21.5). As próprias palavras de Paulo nos fazem ver isso mesmo (Gl 1.16,17). A natureza da revelação do Senhor a Paulo é por ele explicada. É evidente que não se trata duma mera impressão na sua alma durante qualquer arrebatamento. Ele sentiu a visível presença de Jesus Cristo. Isto é sustentado em várias passagens, quer duma forma positiva, quer incidentalmente.

Na sua primeira epístola aos Coríntios, quando ele sustenta a validade do seu próprio apostolado, ele argumenta assim: "Não sou apóstolo? Não vi a Jesus, nosso Senhor?" (1Co 9.1). E quando ele aduz, para prova, a verdade da ressurreição, o seu argumento é: "E apareceu a Cefas... depois foi visto por Tiago... e, afinal, depois de todos, foi visto também por mim, como por um nascido fora de tempo" (1Co 15.5 a 8). Significativas são também, as palavras de Ananias: "Saulo, irmão, o Senhor me enviou, a saber, o próprio Jesus que te apareceu no caminho por onde vinhas" (At 9.17; cp. com At 22.14). O direto e imediato caráter da sua chamada, sem a intervenção de qualquer agência humana, é outro ponto sobre o qual o próprio Paulo insistia muito, no decurso da sua vida apostólica. "Chamado para ser apóstolo", "apostolo pela vontade de Deus" (Rm 1.1; 1Co 1.1; 2Co 1.1; Ef 1.1; Cl 1.1), são expressões que não usam os outros apóstolos, e com as quais Paulo se descreve a si próprio, quando a sua autoridade estava em perigo de ser contestada. Paulo foi aliviado da cegueira, de que tinha sido ferido por motivo da visão, pela oração de Ananias (At 9.18); e, com a abertura dos seus olhos, nasceu na sua alma uma completa submissão à vontade do Senhor, e o desejo de ser "Sua testemunha diante de todos os homens" (At 22.14, 15). Foi batizado, e iniciou o seu ministério entre os filhos de Israel que estavam em Damasco (At 9.18 a 22,27; 26.20).

Parece certo que Paulo partiu de Damasco, porque disso temos a dupla prova de S. Lucas, nos Atos, e do Apóstolo na 2ª epístola aos Coríntios. Segundo o primeiro testemunho, os judeus estavam de emboscada para matar Paulo. Como eles vigiassem as portas da cidade, os seus irmãos desceram-no pelo muro num cesto, o que não foi difícil, pois que as casas estavam sobranceiras ao muro. Segundo o que S. Paulo expõe (2Co 11.32) foi o preposto do rei Aretas que procurava prendê-lo. Não há dificuldade em harmonizar as duas narrações. Podemos do mesmo modo dizer que Jesus foi condenado à morte pelos judeus ou pelo governador romano. Tendo escapado de Damasco, Paulo foi para Jerusalém, e ali envidou todos os esforços para juntar-se à corporação dos discípulos (At 9.26), que ainda duvidavam dele; mas a amizade de Barnabé assegurou a dos outros cristãos, e Paulo "Estava com eles em Jerusalém, entrando e saindo". A sua educação helenística tornou-o argumentador de grande força, entre "gregos".

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A nova atitude do antigo fariseu e o seu zelo levantou contra ele, da parte dos judeus, uma forte oposição; e, estando a sua vida em perigo, foi obrigado a ir para Tarso, sua terra natal (At 9.30). Num arrebatamento de alma que um dia teve, em Jerusalém, quando orava, o conheceu que Deus o chamava para a obra de evangelização entre os gentios (At 22.17 a 21). Dirigiu-se novamente a Tarso pela Cesareia (Cesarea Stratonis) na costa, e depois por Antioquia. As atividades de Paulo eram agora exercidas no estudo e ensino em Tarso, ou na fundação daquelas igrejas (At 15.23,41), que foram mais tarde saudadas na carta apostólica, dirigida de Jerusalém "aos irmãos de entre os gentios, em Antioquia, Síria e Cilícia". Depois desta permanência na cidade da sua infância, não é certo se ele voltou mais alguma vez. Enquanto Paulo se achava em Tarso, certos homens de Chipre foram instrumentos dum despertamento entre os gentios. Um deles teria sido "Mnasom, natural de Chipre" que mais tarde foi seu hospedeiro (At 21.16); outro era José o levita de Chipre, a quem os apóstolos havia ha muito tempo chamado de Barnabé, o "filho de exortação" (At 4.36). Este foi o primeiro doutrinador que a Igreja-mãe mandou aos novos discípulos de Antioquia. Ele ali trabalhou com energia (At 11.23); mas, sentindo a grandeza da obra, "partiu Barnabé para Tarso à procura de Saulo", cujo caráter vigoroso seria de grande valor naquela cidade de filosofias pagãs. Pela sua parte, Paulo reconheceu que devia ir, e lá partiram os dois, sem demora, para Antioquia. Durante um ano trabalhou ali Paulo com Barnabé; e foi aos convertidos por virtude da sua missão que foi dado pela primeira vez o nome de "cristãos" (At 11.26). Por este tempo Jerusalém e o resto da Judéia estavam sofrendo o tormento da fome, seguindo-se um período de tremores de terra. Auxílios foram mandados de todas as partes, sentindo-se obrigados a socorrer também os seus irmãos de Jerusalém os gentios convertidos de Antioquia, como igualmente aconteceu uns treze anos mais tarde (Rm 15.25 a 27). Sem perda de tempo ajuntaram o que puderam, enviando o dinheiro por intermédio de Paulo e Barnabé (At 11.29,30). Na sua volta para Antioquia, Paulo e o seu companheiro levaram com ele a “João, apelidado Marcos" primo de Barnabé (At 12.25; Cl 4.10).

A primeira viagem missionária (At 13.1 a 15.30). Quando Paulo e Barnabé regressaram a Antioquia, viram que era chegado o tempo de pregar o Evangelho noutros países. Um novo movimento se operava em obediência ao Espírito Santo (At 13.2), e para isso se prepararam aqueles apostólicos obreiros com jejum e oração. Indo com eles João Marcos, dirigiu-se em primeiro lugar a Chipre, de onde Barnabé era natural (At 4.36). Desembarcando em Salamina, pregaram nas sinagogas, e atravessando a ilha do oriente, chegaram a Pafos, que era uma cidade dedicada à deusa Vênus, e centro duma impudente idolatria. Pafos era a terra natal do procônsul Sérgio Paulo, um homem instruído, que, por falta de melhor conhecimento, estava procurando a luz por meio de Barjesus, um judeu mágico. Paulo falou a Sérgio Paulo, sendo as suas palavras evangélicas ouvidas com alegria. Opôs-se Barjesus contestando a doutrina do Apóstolo, mas foi ferido de cegueira temporária, como castigo da cegueira do seu coração (At 13.11 ). Partindo de Chipre, Paulo e seus companheiros navegaram para a Ásia Menor, e chegaram a Perge, na Panfília, onde Marcos os deixou. Este acontecimento devia ter produzido em Paulo profunda tristeza, e provavelmente foi causa de algum

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afastamento entre ele e Barnabé, havendo mais tarde questão entre eles, e sendo isso motivo duma separação (15.37 a 39). Marcos tinha viajado com eles desde a costa até esta cidade grega, e agora, desanimando, certamente na consideração da grande obra planejada por Paulo, voltou para Jerusalém (At 13.13). Fosse qual fosse a causa da dissidência, não foi ela duradoura, porque mais tarde achamos Paulo recomendando Marcos aos colossenses como seu "cooperador", "lenitivo" (C14.10,11) para si mesmo, e proveitoso para o ministério (2 Tm 4.11 ). Quando os apóstolos alcançaram Antioquia da Pisídia, foram recebidos com grande alegria pelos gentios, depois de terem estes ouvido a mensagem do Evangelho, mas os judeus fizeram tal oposição que Paulo e Barnabé sacudiram "contra aqueles o pó de seus pés".

Listra, para onde os viajantes se dirigiram, depois de terem sofrido uma certa oposição em Icônio (At 14.1 a 6), possuía uma imagem de Júpiter, num templo dedicado a esse deus em frente da porta da cidade. Acreditavam os pagãos que Júpiter era "o pai dos deuses e dos homens", e julgava-se que algumas vezes ele visitava a terra acompanhado de Mercúrio, o deus da eloqüência. Por conseqüência não era para admirar que os adoradores daqueles deuses, que tinham visto Paulo curar o coxo, pensassem que haviam sido honrados com a visita daquelas divindades.

O Barnabé chamava Júpiter por causa da dignidade do seu rosto e figura. A Paulo, que parece ter sido de pequena estatura (2 Co 10.1,10), chamavam-lhe Mercúrio, porque "era este o principal portador da palavra". Queriam oferecer sacrificios aos apóstolos, mas eles impediram que tal coisa se realizasse (At 14.8 a 18). Mas deu-se o caso que desde Icônio, e mesmo desde Antioquia, tinham sido hostilmente seguidos os apóstolos por certos judeus (At 14.19). E estes adversários excitavam a população contra eles, resultando desse movimento ser Paulo apedrejado e arrastado para fora da cidade (At 14.19). No dia seguinte partiu Paulo com Barnabé, para descansar por algum tempo em Derbe (At 14.20).

Derbe (Gudelissin), para onde se retiraram os apóstolos depois da perseguição em Listra, ficava uns 48 km distante, na Licaônia (At 14.6,20). Aqui não foram perseguidos, nem obstáculo algum se levantou à obra da evangelização da cidade. E o resultado disso foi que ali tiveram muitos discípulos (At 14.21). Retrocedendo, Paulo tornou a visitar os lugares onde tinha sido tão indignamente tratado, Listra, Icônio, e finalmente Antioquia (At 14.21 ), concluindo assim a sua primeira viagem missionária. Entre esta viagem e a segunda foi resolvido um assunto de grande importância. Grandes números de judeus tinham, havia muito tempo, sido dispersos para além dos limites da sua própria terra. E nas cidades mais importantes, para o oriente e para o ocidente, haviam os judeus estabelecidos as suas sinagogas, onde Moisés era pregado todos os sábados (At 15.21). E então de um lado estavam cercados por uma idolatria que feria os seus mais profundos sentimentos religiosos, e por uma desenfreada libertinagem, em ligação com o politeísmo; e por outro lado patenteava-se uma orgulhosa e desdenhosa filosofia, que extraordinariamente rebaixava tanto as classes mais educadas como o povo mais ignorante e irrefletido. E desta forma se mantinha e fortalecia a "parede da separação", que existia entre judeus e gentios (Ef.2.14), estando uns distantes dos outros, como os dois polos, na maior parte das coisas da vida, à exceção do comércio. Havia, então, por estas razões, uma grande dificuldade: e era, como disse Pedro a Cornélio, não ser lícito a um judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros (At 10.28). O próprio Pedro ofendeu mais tarde os seus irmãos de Jerusalém, porque ele tinha entrado "em casa de homens incircuncisos" e comido com eles (At 11.3).

Pedro tinha explicado o caso de haver comido com os incircuncisos, dizendo que o Espírito Santo também tinha sido derramado sobre eles, e "ouvindo eles estas coisas, apaziguaram-se e glorificaram a Deus" pela Sua compaixão para com os gentios (At 11.1 a 18). Mas os descontentes levaram a questão mais longe. Foi, então, resolvido que Paulo e Barnabé, com alguns outros, fossem a Jerusalém, para conferenciarem com os apóstolos e anciãos que ali viviam, pois a Igreja da cidade santa, dirigida ainda por Tiago, era considerada a Igreja-mãe da Cristandade (At 15.1 a 6,12; Gl 2.4,5). A questão achava-se limitada ao único ponto da circuncisão. Paulo manteve os seus princípios, e foi bem sucedido, pois, recebendo a destra de fraternidade, voltou para Antioquia como reconhecida Apóstolo do "evangelho da incircuncisão" (At 15.22 a 26; Gl 2.7). E deu-se este fato, quatorze anos, ou mais provavelmente dezessete anos depois da sua conversão.

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A segunda viagem missionária (At 15.36 a 18.28) foi mais extensa do que a primeira. Partindo de Antioquia da Síria, fez S. Paulo a sua viagem, passando pela Síria e Cilícia, indo por Derbe, Listra, Icônio, Galácia (segundo parece), Troade, Filipos, Anfípolis, Tessalônica, Beréia, Atenas, Corinto, e Éfeso, donde navegou para Cesaréia. A partida foì perturbada por uma diferença de opinião entre aquele apóstolo e Barnabé. Desejava este que também os acompanhasse João Marcos, seu parente, que tinha sido censurado por Paulo em certa ocasião (At 15.38). Como Paulo não quisesse anuir, separaram-se; e esta desinteligência entre aqueles apóstolos trouxe resultados da mais alta importância, porquanto receberam os gentios a Água da Vida por meio de duas distintas correntes, em lugar de uma. Paulo conservou-se no continente da Ásia e da Europa, ao passo que Barnabé navegou para Chipre (At 15.39). A contenda, embora violenta, não durou por muito tempo, pois Paulo mais tarde fala bem daquele seu cooperador (1 Co 9.6). (Barnabé, Marcos) Partiram primeiramente Barnabé e o seu jovem primo; e Paulo, escolhendo para seu companheiro a Silas, e recebendo a bênção da Igreja (At 15.40), dirigiu-se para a Cilicia, a província da sua terra natal. E deste modo foi ele pela "Síria e Cilícia, confirmando as igrejas" (At 15.41). Em Derbe teve ele uma importante entrevista com Timóteo. A Galácia setentrional havia de ser outro centro das suas atividades. Os seus habitantes receberam a mensagem de Paulo com entusiasmo e alegria (Gl 3.1; 4.14,15), não fazendo reparo na sua franca aparência pessoal ou em qualquer penosa doença corporal. Isto parece ter comovido o apóstolo, porque ele continua (Gl 4.15): "se possível fora, teríeis arrancado os vossos próprios olhos para mos dar." Se isto tinha ou não tinha qualquer relação com "o espinho na carne" (2Co 12.7) é apenas assunto de suposição. Seria isso oftalmia, ou malária, ou epilepsia? Não se sabe.

Deixando a Galácia, atravessaram os viajantes uma parte da Mísia (proibindo-lhes o Espírito de Jesus que entrassem em Bitínia), e chegaram a Trôade. Neste ponto estava Paulo separado da Europa apenas por uma pequena extensão de mar. Todavia, não era ainda intenção sua sair da Ásia Menor, onde muitos lugares havia para serem visitados. Durante a sua breve estada em Trôade, atraiu Paulo a si um novo companheiro, que havia de ser o futuro historiador dos seus trabalhos. Era Lucas, "o médico", como o denomina Paulo, e não um pintor, como o qualifica a tradição (veja-se Lucas). E o próprio Lucas é quem nos diz que foi neste lugar que ele encontrou Paulo. Procuramos partir para a Macedônia (At 16.10), diz ele; e é o emprego da primeira pessoa do plural que de repente nos revela a presença de Lucas, entre os companheiros de Paulo, em Trôade. Foi numa visão, de noite, que o Senhor mandou que Paulo passasse à Macedônia (At 16.9). Essa missão foi prontamente aceita (At 16.10), determinando o Apóstolo e os seus três companheiros, Silas, Timóteo e Lucas, fazer uma viagem à Europa. Em dois dias chegaram a Neápolis, o porto de Filipos. Esta cidade era um grande posto militar e centro comercial. Não havia muitos judeus em Filipos, e não havia sinagoga; possuíam apenas um lugar transitório de oração, isto é, um sítio cercado por um muro, mas sem telhado. A congregação constava principalmente de mulheres (At 16.13), sendo umas judias e outras prosélitas. Dentre estas foi convertida e batizada Lídia, de Tiatira. E foi este o primeiro batismo na Europa, embora Lídia fosse uma mulher da Ásia. A cura duma moça trouxe em resultado a prisão de Paulo e Silas (At 16.19), sofrendo eles depois o castigo da flagelação. Quando eles, na prisão, estavam orando, as cadeias se partiram, e as portas foram abertas pela violência dum tremor de terra. O carcereiro, convertendo-se, levou-os para a sua própria residência, e deu-lhes de comer (At 16.30 a 34). De manhã veio ordem para que fossem soltos aqueles homens, pois, segundo pensavam os magistrados, eram eles homens simples, que já

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tinham sido suficientemente castigados. E ficaram essas autoridades admiradas, quando lhes foi revelado pelos que tinham ido ao cárcere com o mandado de soltura, que os tais homens eram cidadãos romanos, e que tinham recusado a liberdade concedida daquela maneira.

O pedido dos pretores saiu de Filipos; e Paulo, deixando Timóteo e Lucas para cuidarem da nascente igreja, dirigiu-se a Tessalônica, distante 160 km de Filipos. A estrada, que agora Paulo atravessava, era o caminho pelo qual Xerxes tinha trazido da Ásia o seu exército. O Apóstolo apareceu primeiramente diante de judeus, muito zelosos do seu culto religioso. E por três sábados discutiu Paulo com eles (At 17.2), obtendo grande resultado entre prosélitos e gentios, mas despertando a hostilidade dos judeus. Fizeram estes grandes tumultos, e não achando em casa de Jasom a Paulo e Silas, que ali se achavam hospedados, levaram o hospedeiro à presença das autoridades, por lhes ter dado alojamento. Entretanto deixavam aqueles apóstolos a Tessalônica, e, percorrendo a distância de 96 km, chegaram a Beréia, que fica na rampa oriental da cordilheira do Olimpo. Ali foram alegremente recebidos, sendo os seus ensinamentos cuidadosa e atenciosamente examinados. O resultado foi a formação duma igreja forte, em número e influência (At 17.10 a 12). Mas a hostilidade dos judeus de Tessalônica continuou a manifestar-se contra o Apóstolo ainda em Beréia; e por esta razão perdeu a igreja de Beréia o seu fundador e mestre, embora Silas e Timóteo ainda ali ficassem. Paulo, tomando a direção do mar com alguns novos companheiros, partiu depois num navio para Atenas (At 17.14,15). Nos seus passeios pela cidade pôde ver uma inscrição, em que se recomendava a adoração a alguma divindade fora do conhecimento gentílico (At 17.23), e procurou tirar vantagem do fato. "Pois esse que adorais sem conhecer, é precisamente aquele que vos anuncio" (At 17.23).

O seu discurso no monte de Marte foi apenas à continuação das discussões diárias que tinha havido no mercado e na sinagoga. Em virtude deste trabalho de Paulo creram alguns homens e mulheres; mas não sabemos se o número de cristãos foi grande ou pequeno, e por quanto tempo ficou Paulo ali com os novos convertidos. Algum tempo teve de demorar-se com eles, mas não possuímos nenhuma carta aos cristãos de Atenas, e não sabemos se ele ali voltou outra vez.

O Apóstolo tinha mandado chamar os seus companheiros Timóteo e Silas. Quanto a Timóteo, deliberou enviá-lo outra vez a Tessalônica para animar os cristãos desta cidade, pois incomodava-o que eles estivessem sem um guia nas suas tribulações (1 Ts 3.1,2). Silas não aparece em Atenas, mas achamo-lo com o Apóstolo em Corinto, e associa-se com Paulo nas saudações da 1 e 2 epístolas aos Tessalonicenses. Paulo tinha ido a Corinto, com tristeza, aterrado com a dificuldade da obra evangelizadora (1 Co 2.3). Mas aquele "grande tremor" com que tinha entrado na cidade, bem depressa se transformou em alegria. Ele não somente observou quão alegremente o povo recebia a sua palavra, mas Deus miraculosamente lhe revelou os Seus desígnios, com respeito à evangelização naquele lugar (At 18.9,10). Corinto era uma povoação muito corrompida: tinha-se tornado em provérbio o "viver como um coríntio", o que significava não respeitar de forma alguma as leis da moralidade. No meio de todas aquelas questões e tumultos, ia vivendo Paulo nos primeiros tempos em sossego com um judeu (At 18.2), que tinha sido expulso de Roma por Cláudio, talvez já sendo cristão. Pode ser que Paulo se relacionasse com Áquila por ser este, como ele, fabricante de tendas. Paulo já tinha determinado não receber algum estipêndio por pregar o Evangelho, e portanto foi trabalhar na sua arte. Não tardou que aquelas relações trouxessem em resultado assistirem Áquila e Priscila às pregações do Evangelho, referindo-se a eles o N.T. algumas vezes (At 18.18,26; 1 Co 16.19; 2 Tm 4.19). Enquanto Paulo estava assim vivendo sossegadamente, voltavam Timóteo e Silas da Macedônia (At 18.5). O relatório de Timóteo com respeito às condições da igreja de Tessalônica, e aos erros em que ela havia caído, levou Paulo a escrever àqueles amados crentes a sua primeira epístola aos Tessalonicenses. Por essa ocasião os judeus de Corinto estavam inquietando muito a Paulo, querendo afastá-lo de falar aos gentios (1 Ts 2.15,16). Ele foi grandemente perturbado, e "sacudiu as vestes" (At 18.6); e, proclamada a sua inocência relativamente ao sangue daqueles que recusavam a salvação (Ez 33.8,9; Mt 27.24; At 5.28; 20.26), declarou que daí para o futuro havia de pregar aos gentios. Um prosélito, chamado Tito ou Tício Justo, de quem nada mais se sabe, ofereceu a sua própria casa que ficava perto da sinagoga. E nesse lugar continuou o Apóstolo a apascentar com o alimento da palavra cristã o seu rebanho. Foi seguido de Crispo, o principal da sinagoga, a quem ele próprio batizou. Batizou também com as suas próprias mãos a Gálio e à casa de Estéfanas, abandonando, assim, o seu costume, de não batizar os que se convertiam com a sua pregação.

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Tinha Paulo permanecido em Corinto pelo espaço de dezoito meses mais ou menos, visitando, segundo parece, também outros lugares da Acaia, e estabelecendo igrejas, quando pensou que já era chegado o tempo de voltar à Judéia. Como Priscila e Áqüila estavam em viagem para Éfeso, resolveu o Apóstolo acompanhá-los. Despediu-se solenemente dos irmãos daquela igreja (At 18.18), e partiu dali. A sua segunda viagem tinha durado perto de três anos.

Paulo fez uma rápida visita a Jerusalém. Não sabemos com certeza se ele pôde assistir à festa, mas é provável que pudesse. Simplesmente se diz que ele saudou a igreja, partindo logo para Antioquia (At 18.22). Ainda que Antioquia se tinha tornado o centro do Cristianismo, estando este a afastar-se cada vez mais da terra que lhe deu origem, contudo, pelo que sabemos, Paulo visitava agora esta cidade pela última vez.

Terceira viagem - Partindo de Antioquia, Paulo, acompanhado de Timóteo, na sua terceira viagem missionária (At 19.1 a 21.14), passou pela Ásia Menor, visitando e animando as muitas igrejas que ele tinha estabelecido naquela região. Havia muitos lugares ricos, onde a ociosidade e o luxo minavam o caráter dos cristãos, a ponto de alguns chegarem a declarar que os pecados do corpo não podiam ter efeito algum na alma. Em Corinto também se tinham levantado questões com respeito à eficácia superior do batismo, segundo era ministrada por Paulo ou por Apolo, ou por outros, confessando cada um serem partidário do apóstolo preferido. Paulo então mandou ali Tito, e também Timóteo (embora pareça não ter este último ido tão longe, veja-se 1 Co 4.17; 16.10; e também At 19.22); e escreveu a primeira epístola aos Coríntios, depois de ter estado em Éfeso cerca de três anos (At 20.31). Na primavera do ano 57 (d.C.), quando ele chegou primeiramente a Éfeso nesta viagem, teve um memorável encontro com os doze homens, que ainda seguiam a João Batista (At 19.1). O caso é contado resumidamente, havendo a notar esta pergunta: "Recebestes, porventura, o Espírito Santo quando crestes?" (At 19.1 a 7), e a conseqüente imposição das mãos. A pregação de Paulo produziu maravilhosos resultados em Éfeso, tanto entre os judeus, como entre os gentios. As práticas idólatras da cidade tinham diminuído bastante de valor queimando muitos os seus livros mágicos; e acontecia que o prestígio de Paulo tinha subido tanto, que era notável a sua influência sobre alguns dos mais ricos e dos mais poderosos personagens da província.

O que agora punha em perigo a vida de Paulo era que a sua crescente influência podia abalar seriamente o culto de Diana. Demétrio, um fabricante de ídolos e de relicários, contendo estes uma imagem da deusa, fez um apaixonado discurso aos seus operários e a outros contra os ensinamentos de Paulo, que estavam reduzindo os seus lucros (At 19.25 e ss.) e ameaçavam desfazer o culto de Diana no seu grande templo. As palavras do ourives produziram grande excitação; mas o povo, depois de algumas horas de alvoroço, foi apaziguado pelo escrivão da cidade (19.35). Do que se sabe, pelas inscrições, era o escrivão uma autoridade muito importante de Éfeso.

Pouco tempo depois, Paulo, numa reunião muito fraternal e afetuosa de cristãos, recomendou-os à graça de Deus e despediu-se deles (At 20.1). Deixando Éfeso, visitou a povoação de Trôade pela segunda vez, com o pensamento de ali fundar uma igreja (2 Co 2.12). Mas o não ter encontrado Tito, que tinha sido mandado de Éfeso a Corinto, afligiu bastante a sua alma. Todavia, ele continuou pregando, e lançou ali os fundamentos para uma igreja cristã, antes de continuar a sua jornada para Neápolis na Macedônia. Desembarcando em

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Nápoles, dirigiu-se imediatamente para Filipos, onde foi animado por uma calorosa recepção. Aqui se encontrou novamente com Timóteo; mas só depois de ter estado algum tempo na Macedônia é que ele pôde alegrar-se com a presença de Tito. Nesta ocasião não era boa a sua saúde (2Co 4.7;5.10; etc. ). Logo que Tito explicou a situação de Corinto, foi mandado outra vez ali com dois companheiros, devendo eles receber as quantias, dadas pelos fiéis, para o socorro da Palestina. A Tito confiou Paulo outra carta, que desta vez foi dirigida não só à igreja de Corinto, mas também a todos os cristãos de Acaia, e que é a nossa segunda epístola aos Coríntios. A grande coleta que o Apóstolo tinha estabelecido, e que já estava sendo levada para a Macedônia e Acaia, foi mandada com um duplo fim. Havia, indubitavelmente, grande pobreza entre os cristãos hebreus, que, segundo o pensamento do Apóstolo, deviam ser socorridos pelas comunidades ricas, que estavam sendo acrescentadas à Igreja. Ao mesmo tempo ele via bem, como estadista, que a brecha entre os judaizantes e gentios, que se estava alargando com ameaças de grande mal, podia ser fechada por uma cordial e amável liberalidade dos gentios. A cura desta separação era neste tempo a idéia predominante de Paulo. Ele cristão mente pensava que se os gentios tinham participado das bênçãos espirituais dos judeus, o dever deles era retribuir o benefício com bênçãos temporais (Rm 15.27; 2Co 9.12 a 15). De todas as igrejas da Macedônia, nenhuma tomou parte mais ativa nesta coleta do que a de Filipos. Três pessoas foram principalmente empregadas nesta obra, mas somente Tito é conhecido de nome, embora todos eles sejam calorosamente recomendados pelo seu zelo e lealdade (2Co 8.18,19,22).

Depois da partida de Tito, continuou Paulo a visitar as igrejas ao norte da Macedônia, e estendeu mesmo as suas operações ao longo da parte oriental do mar Adriático, naquela região que então se chamava Ilírico, sendo hoje conhecida pelos nomes de Dalmácia, Croácia e Herzegovina. Mas o seu coração estava em Corinto, e, como o inverno estava próximo, tomou depressa a direção do sul. Ele declarou que tinha determinado disciplinar a minoria desobediente (2Co 10.6), que ainda contestava a sua autoridade e continuava nos seus hábitos de impureza. Mas quando o Apóstolo chegou a Corinto (seria provavelmente pela data da epístola aos Gálatas), recebeu notícias de se ter dado uma séria defecção nas igrejas da Galácia, talvez nas pertencentes ao norte, que estavam discutindo a autoridade de Paulo, para se submeterem à pregação dos missionários judaizantes, que tinham ido de Jerusalém. Diziam estes que Paulo não era verdadeiro apóstolo, pois nunca tinha estado com Cristo nem havia recebido dele qualquer missão e que a sua doutrina estava em oposição com a de Pedro e Tiago. Foi por tudo isso que Paulo escreveu a sua epístola aos Gálatas. Durante três meses estabeleceu Paulo em Corinto o seu quartel general, completando a grande contribuição para a Palestina. A quantia agora coletada provinha dos contribuintes individuais, e foi confiada a tesoureiros, escolhidos por toda a igreja, os quais deviam levá-la a Jerusalém na companhia de Paulo. Enquanto se esperava que tudo estivesse preparado para a partida, Paulo escreveu uma carta para a igreja de Roma, entregando-a confiadamente a uma notável mulher, chamada Febe, que muito o tinha protegido e a outros cristãos. Era ela uma cristã de Cencréia, que ia a Roma tratar dos seus negócios particulares. O que o levou a escrever essa epístola, foi o querer informar os crentes de Roma da sua intenção de visitá-los, quando realizasse a sua já planejada viagem, de Jerusalém para a Espanha. Que ele tinha consideráveis relações na metrópole do mundo civilizado é evidente pelo que se lê na epístola; e também se sabe que os cristãos de Roma eram principalmente convertidos do paganismo pelo fato de Paulo acentuar a sua posição de apóstolo dos gentios, que Cristo lhe havia determinado (Rm 1.13). Paulo voltou a Jerusalém por mar. Na véspera da sua partida para a Síria, soube duma conspiração contra a sua vida, como outras que houve em certas ocasiões (At 9.23,29; 23.12; 2Co 11.32). Para escapar aos seus inimigos, foi Paulo obrigado a tomar outro caminho, indo com rapidez através da Macedônia pela Tessalônica até Filipos, onde mais uma vez esteve em companhia de Lucas, que parece ter ali ficado por ocasião da segunda viagem missionária seis anos antes. Parece que ele celebrou ali a Páscoa, porque "depois dos dias dos pães asnos" embarcou para Trôade, demorando o navio cinco dias na sua viagem ou por causa da calmaria, ou pela ação de ventos contrários.

Foi em Trôade que Paulo conseguiu fazer reviver o jovem Éutico (At 20.9). Embora o navio partisse de Trôade, Paulo foi por terra em torno do promontório até Assôs, certamente para gozar duma certa tranqüilidade, que um navio daqueles tempos não podia proporcionar. O seguinte porto onde haviam de encontrar-se era Mileto, de onde Paulo mandou chamar os presbíteros da igreja de Éfeso. E houve ali grande contentamento entre os cristãos, quando ouviram dizer que Paulo estava tão perto; e muitos deles percorreram a distância de 32 Km para mais uma vez verem e ouvirem aquele Apóstolo. Falou aos anciãos, recordando-lhes solenemente os seus deveres, e avisando-os das tentações, que não tardariam a aparecer (At

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20.18 a 35). Chegou depressa a hora da partida e o navio, navegando com bom vento (At 21.1 ), passou por Cós e Rodes, e chegou a Pátara, e enseada de Xanto, que é agora um "deserto de areia movediça". Neste ponto Paulo e os seus companheiros mudaram de navio (21.2); e, partindo nesse mesmo dia com vento ainda favorável, navegaram em direção a Tiro, sendo de 545 km a distância entre Pátara e este porto da Fenícia. Havia discípulos em Tiro, que avisaram Paulo do perigo que corria, indo a Jerusalém. Mas ele resolveu afrontar esse perigo, e, passados seis dias, estando o navio pronto, mais uma vez embarcou, depois duma despedida afetuosa da parte dos fiéis. A mesma cena se repetiu em Ptolemaida, onde Paulo desembarcou, embora não se demorasse. Partindo dali, dirigiu-se a Cesaréia (veja-se Tiro), onde foi visitar Filipe, o evangelista. Pôde demorar-se nesta cidade alguns dias, visto como havia chegado a boa ocasião para tomar parte na festa. Ágabo, que tinha o dom da profecia, mostrou a Paulo, de uma maneira dramática, que era perigosa a sua ida a Jerusalém. Lucas e os outros companheiros de Paulo choraram, e pediram-lhe que não fosse, mas a sua resolução era inabalável, e então os seus amigos reconheceram que era a vontade de Deus (At 21.10 a 14). E até o acompanharam à cidade santa, onde lhe fez os irmãos uma boa recepção, 58 (d.C.). Paulo foi recebido por Tiago e pelos presbíteros da igreja com o ósculo da fraternidade (21.18,19). Juntamente com os deputados que o tinham acompanhado ele entregou a grande coleta das igrejas gentílicas, falando então à assembléia sobre o "que Deus fizera entre os gentios por seu ministério" (21.19). Em virtude destas boas notícias, deram toda a glória a Deus, e fervorosas orações foram feitas em ação de graças. Mas havia na Igreja cristã, de entre os fariseus, certo número que procurava transformar o Cristianismo numa seita judaica. Durante todo o tempo eles tinham sido inimigos de Paulo. As suas almas estavam num estado de transição entre a Lei e o Evangelho.

Para acalmar a agitação deste partido turbulento, a assembléia induziu Paulo a que fosse ao templo com quatro cristãos judeus, que tinham feito voto de nazireado, e realizasse com eles as necessárias cerimônias. Como medida de conciliação o ato de Paulo foi improfícuo. Quando Paulo estava no templo, lançaram mão dele, e falsamente o acusaram de introduzir os gregos no lugar Santo (21.28). E teria sido, sem dúvida, feito em pedaços pelo povo enfurecido, se o comandante romano não tivesse aparecido, mantendo a ordem. Por algum tempo sossegaram, vendo Paulo preso; mas outra vez se exaltaram, quando o Apóstolo, tendo permissão de falar das escadas que conduziam do templo ao castelo de Antônia, declarou que de Deus tinha recebido a missão de pregar o Evangelho aos gentios.

O comandante ficou perplexo, e quando estava para mandar açoitá-lo a fim de saber do que se tratava Paulo lhe declarou que era cidadão romano, não sendo licito castigá-lo sem ser condenado. Lísias ficou receoso por ter prendido o Apóstolo.

A cena agora muda, passando da fortaleza romana para uma reunião do Sinédrio, especialmente convocada pelo comandante para considerar o caso de Paulo. Reconhecendo Paulo que não obteria a devida justiça, defende-se com a declaração de que era fariseu e de que estava sendo julgado pela sua crença na ressurreição dos mortos, pois sabia que os da seita farisaica se levantariam contra os saduceus, que não tinham tal crença. A sua astúcia deu bom resultado, sendo mais uma vez guardado pelos soldados romanos, para que não lhe fizessem mal (At 23.10). Estando o seu espírito deprimido pelos acontecimentos, foi na fortaleza confortado por outra visão.

Como os judeus quisessem assassiná-lo, Paulo soube por meio dum seu sobrinho; e pôde livrar-se de qualquer atentado, sendo a conspiração revelada às autoridades por aquele filho da sua irmã. O comandante pôs logo Paulo fora de perigo, mandando-o em segredo a Cesaréia, ao governador Félix (23.24 e seg.), que determinou fosse ele conservado preso até que chegassem os seus acusadores. Por quase dois anos esteve Paulo na prisão, esperando Félix receber alguma boa quantia para o livrar. Talvez ele tivesse ouvido falar da coleta, trazida à Palestina. Mas a má administração de Félix fez que ele fosse chamado a Roma, tomando Festo o seu lugar como governador. Apenas tinha este chegado, recebeu do Sinédrio o pedido de que fosse permitido o julgamento de Paulo em Jerusalém. Festo indeferiu a petição dos judeus, mas de moto próprio sugeriu a Paulo a ida àquela cidade.

Sabendo, porém, o Apóstolo que o principal objeto da mudança de cena era o seu assassínio, apelou do tribunal provincial, presidido por Festo, para o de César em Roma. Festo teve de aceitar a resolução de Paulo, pois que o direito de apelação era um dos mais importantes privilégios do cidadão romano. Festo,

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contudo, estava embaraçado com o caráter da acusação, feito ao seu prisioneiro, e teve o prazer de ser auxiliado pelos seus amigos, o rei Herodes Agripa II e a sua mulher Berenice, que tinham vindo visitá-lo. Paulo teve ocasião de falar em sua defesa, afirmando Agripa que ele podia ter sido posto em liberdade, se não tivesse apelado para Roma.

E para Roma embarcou Paulo em um "navio adramitino" (At 27.2), que depois de ter tocado em Sidom levou os viajantes até Mirra, navegando ao norte de Chipre, em vez de seguir o caminho comum do sul, porque os ventos eram contrários. Estava ali um navio alexandrino, com carga de trigo para Roma. Era uma grande ' embarcação, pois levava, além do seu carregamento, perto de trezentas pessoas (At 27.37). Arrastado por uma rajada de vento para o sul, navegou o navio abrigado pela ilha de Creta, o que foi uma imprudência, porque a costa meridional da ilha é deficiente em portos. Todavia, puderam ancorar em Bons Portos, um ancoradouro que ainda conserva o mesmo nome. Aqui se detiveram, porque os ventos do noroeste continuavam soprando fortemente. Paulo aconselhou que ficassem em Bons Portos, mas, como aquele porto não era bom para invernarem ali, o seu conselho não foi aceito (At 27.12). Além disso o centurião acreditava mais no piloto e no mestre do navio. Ocorrendo então uma favorável mudança de tempo, os marinheiros desfraldaram as velas com satisfação e costearam o Cabo Matala, tomando o rumo de Fenice (Loutro). Mas não tardou muito que um forte pé-de-vento, chamado Euro-aquilão, arrebatasse o navio, pondo-se a barlavento na pequena ilha de Clauda, cerca de 37 km ao sul de Fenìce. Aqui trataram de guindar o batel, cingiram o navio com cordas para evitar que as suas tábuas se desligassem com o vento. Além disso, amainaram as velas, pondo tudo em boa ordem na medida do possível. Mas, continuando a ventania, trataram de aliviar a embarcação, lançando ao mar o que podiam dispensar. Seguiram-se, então, muitos dias de continuada fadiga e ansiedade, fazendo-se desesperados esforços para conservar o navio flutuando. Paulo animava os marinheiros, descrevendo-lhes uma visão que tinha tido durante a noite. E na décima - quarta noite, depois que tinham saído de Bons Portos, pensaram os marinheiros que estavam próximos da terra. A tripulação quis deixar os passageiros entregues ao seu destino, procurando salvar-se no bote. Mas Paulo, compreendendo bem as coisas, falou ao centurião, que resolveu o assunto, mandando cortar o cabo que prendia o batel; e desta forma foram os marinheiros obrigados a ficar a bordo do navio, para auxiliarem o salvamento de todos. Paulo vai ainda mais longe: anima os exaustos soldados e marinheiros, e diz-lhes que se alimentassem, dando ele logo o exemplo, depois de dar graças a Deus. E, já com melhor disposição, trataram de lançar a carga ao mar com o fim de aliviar mais o navio, fazendo ainda os preparativos para encalharem o barco. Quando rompeu o dia puderam ver um lugar favorável, e tomadas as necessárias precauções deixaram correr o navio. Como os soldados eram responsáveis com a sua vida pela boa guarda dos seus prisioneiros, entendiam que os deviam matar a todos, para que não fugisse algum; mas o centurião "impediu-os de fazê-lo", tal era a impressão que tinha feito na sua alma a conduta de Paulo. Encalhado o navio, e abrindo-se com a força das ondas, todos trataram de salvar as suas vidas, o que conseguiram chegando todos de diversos modos a terra, que era a ilha de Melita (Malta).

Pelo espaço de três meses se conservaram na ilha os passageiros e a tripulação do navio naufragado, sendo ali tratados com hospitalidade pelos amáveis habitantes, especialmente pelo principal da ilha, que se chamava Públio. A este bom acolhimento correspondeu Paulo, curando o pai dele duma doença, pela oração e imposição das mãos. Partiram, passado aquele tempo, num navio, que tinha por emblema Dióscuros, e chegaram a Siracusa, na Sicília. Nada sabemos do que se passou em Siracusa, ignorando-se se foi permitido a Paulo desembarcar.

Navegando para além de Ortígia com um vento contrário, chegou a Régio, uma cidade cujos deuses padroeiros, Castor e Polux, eram os próprios protetores daqueles navegantes. E um dia depois, encontrando vento favorável, continuaram na sua navegação, até que alcançaram Potéoli no dia seguinte.

Paulo encontrou aqui alguns cristãos (At 28.14), que logo deram notícia do fato aos irmãos de Roma. Está agora Paulo numa das mais freqüentadas passagens do império Romano. Viajando ao longo da Via Ápia depois de ter passado sete dias com os cristãos de Potéoli, achou-se Paulo "entre pretores, procônsules embaixadas, legiões e tropas de cavalaria". Quando chegou o destacamento à Praça de Ápio, saíram ao seu encontro uns certos cristãos que tinham saído de Roma. Andaram mais 16 km; e num lugar chamado Três Vendas, aonde uma estrada que vinha da costa se ligava à grande estrada, onde eles estavam, encontraram outro grupo de cristãos, para receberem com honra "o embaixador em cadeias".

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Por dois anos viveu Paulo em casa sua, mas sempre guardado por um soldado (At 28.16 a 30); e foi isto assim durante a sua. Primeira prisão em Roma. Estava sempre ligado por uma cadeia a um soldado da guarda pretoriana. E este mesmo fato o habilitou a fazer prosélitos na casa imperial, aos quais ele se refere na epístola aos Filipenses (1.12 e ss; 4.22).

Paulo escreveu várias epístolas para as comunidades que visitara, pregando e ensinando as máximas cristãs. As cartas relacionadas a seguir (conhecidas como Corpus Paulinum) são aquelas que, tradicionalmente, são atribuídas a Paulo:

Romanos I Coríntios II Coríntios Gálatas Efésios Filipenses Colossenses I Tessalonicenses II Tessalonicenses I Timóteo II Timóteo Tito Filémon Hebreus, escrita por discipulos instruídos por Paulo.

O julgamento de Paulo não pôde efetuar-se sem que chegassem os seus acusadores, o que aconteceu provavelmente no verão ou no outono de61 (d.C.); e certamente devia ter havido outras delongas, visto como cada uma das acusações tinha de ser considerada separadamente. Durante este tempo trabalhou o Apóstolo dum modo altamente proveitoso para a Igreja, auxiliado por fiéis assistentes e mensageiros, que escreviam, ditando ele, e levavam as suas cartas. Do número dos seus auxiliadores eram Lucas, Timóteo, Tíquico, Marcos, Onésimo, e os seus companheiros da prisão Aristarco e Epafras, mencionados nas epístolas deste período, que provavelmente foram escritas nesta ordem: Filipenses, e mais tarde a de Filemom, Colossenses, Efésios (Ef 6.21; Fp 1.1; Cl 1.1,7; 4.7,10,14; Rm 10,23,24).

Quase no princípio deste período (Fp 1.25; 2.24), e ainda mais claramente perto do seu fim (Fm 1,22), manifesta o Apóstolo uma grande esperança de sair da prisão em toda a liberdade. E, na verdade, como as provas contra ele não fossem fortes, foi absolvido, retomando mais uma vez os seus trabalhos apostólicos. As epístolas a Timóteo e a Tito foram escritas num tempo posterior ao da narrativa de S. Lucas no último capítulo de Atos, pois contêm alusões a fatos e incidentes de viagem, que não se podem harmonizar com as jornadas ali descritas. Combinando os fatos, deduzimos que o Apóstolo, depois de sair da prisão na primavera do ano 61 ou 63, dirigiu-se primeiramente acompanhado de Lucas e Timóteo, à Macedônia e Ásia Menor. Logo depois visitou, talvez, a Espanha, realizando assim os seus desejos (Rm 15.24 a 28). Em seguida foi a Éfeso, e visitou novamente a Macedônia, de onde mandou a sua primeira epístola a Timóteo, que tinha sido encarregado por ele de dirigir a igreja de Éfeso. Passado tempo, dirigiu-se a Creta, e ali deixou Tito, a quem depois escreveu a respectiva epístola. Outros lugares ele ainda visitou, fortalecendo as igrejas fracas, fundando outras, e infundindo coragem às fortes.

Foi, talvez, em Nicópolis (Tt 3.12) que Paulo foi preso como sendo o principal da seita cristã. Porquanto as autoridades romanas tinham começado a perseguir cruelmente os cristãos, desde que tinha havido o grande incêndio de Roma (que se supõe ter sido obra do imperador Nero); e pela segunda vez foi mandado a Roma para ali ser julgado. Mas o seu segundo cativeiro é muito diferente do primeiro. Agora é ele tratado como malfeitor (2 Tm 2.9), e lançado na prisão, onde somente o visitam os que têm mais coragem, arrostando qualquer perigo (2 Tm 1.16). Parece que primeiramente ele tinha conseguido defender-se com bom resultado (2 Tm 4.16,17); mas havia, talvez, nele o pressentimento do próximo martírio (2 Tm 4.7). A segunda epístola a Timóteo é a sua última carta de despedida. Encontra-se agora só, estando apenas com ele o

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"médico amado" Lucas, e tendo mandado chamar a Timóteo e a Marcos. A tradição da Igreja cristã é que Paulo sofreu o martírio pela decapitação, no fim do reinado de Nero (c.67d.C.).

Resumindo a cronologia da vida de Paulo:

Data aproximada Fato ou localidade visitadaAno 1 d.C. Nascimento de PauloAno 33 ou 34 d.C. ConversãoEntre 33 e 36 Deserto da ArábiaAno 36 Primeira visita a JerusalémEntre 36 e 46 Síria, Cilícia (principalmente Tarso)entre 46 e 47 (Atos 11.25-26) Antioquia da Síria47 Segunda visita a Jerusalém47 Antioquia da Síria47 a 49 Primeira viagem missionária49 (Atos 15) Terceira visita a Jerusalém50 a 52 Segunda viagem missionária53 a 58 Terceira viagem missionária58 Quarta visita a Jerusalém58 a 59 Prisão em Cesaréia60 a 62 Prisão em Roma63 a 66 Liberdade e viagens diversas (???)

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Trabalho de Liderança

Gestão PessoalWalace Henrique de Carvalho

Professor: Pr Thiago