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PARCERIA FAMÍLIA E ESCOLA: o desafio da educação compartilhada

Autor: Roselene Lúcia Cavina de Figueiredo1

Marjorie Bitencourt Emilio Mendes2

RESUMO

O envolvimento da família com a escola, nos dias atuais, é considerado elemento importante para o desempenho ideal das instituições de ensino. Tal discussão não é recente. Há tempos que se vem refletindo sobre como envolver a família, promover a corresponsabilidade e incluí-la no processo educativo. No entanto, verifica-se que, com as transformações históricas que a família moderna vem passando, surge uma das maiores problemáticas que é a falta de tempo para interagir, conviver, dialogar, o que impossibilita acompanhar de perto o processo educativo. O presente artigo, trabalho final do PDE (Programa de Desenvolvimento Educacional), programa de formação continuada com duração de dois anos, oferecido aos professores da rede pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED-PR), tem por objetivo descrever o trabalho realizado durante os encontros com pais, onde ocorreram reflexões visando contribuir com o processo ensino-aprendizagem, partindo da investigação e da conscientização sobre a importância da parceria família - escola. A primeira etapa compreendeu na coleta de dados sobre esta parceria para o encaminhamento de ações posteriores: dinâmicas de grupo, palestras, confecção de material de apoio, músicas, vídeos, filmes, entre outros, elencados num caderno pedagógico. Os encontros foram distribuídos em oito etapas, com o envolvimento dos profissionais da escola, tentando promover, desta forma, uma interação convergente com os pais dos alunos da Escola Estadual Medalha Milagrosa. O projeto oportunizou vivências de reflexão sobre a infância e a adolescência, instrumentalizando todos os sujeitos envolvidos no processo para assumirem o compromisso com a educação, para provocar impactos positivos na vida escolar dos filhos/alunos.

Palavras-chave: Educando, família, escola, processo ensino-aprendizagem

ABSTRACT: Nowadays, the involvement of the family with the school is considered

an important element for the ideal performance of the education institutions. This

debate is not recent. For a long time people have been reflecting about how to

involve the family, to promote the co-responsibility and include it in the educative

process. However, it is verified that, with the historical changes that the modern

family has passed, one of the greatest problems has appeared: it is the lack of time

1 Professora graduada em Pedagogia pela UEPG, Pós-graduada em Psicopedagogia pelo IBPEX e Professora Pedagoga da Rede Estadual de Educação, atuando na E.E.Medalha Milagrosa

2 Professora Ms Orientadora/ IES/Universidade Estadual de Ponta Grossa

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to interact, to coexist, to dialogue, what disables to follow the educative process

closely. The present paper, final work of the PDE (Programa de Desenvolvimento

Educacional), formation program that lasts two years, offered to the teachers of the

net by the Paraná Education Sector (Secretaria de Estado da Educação do Paraná -

SEED-PR), has for objective to describe the work done during the parents’ meeting,

where occurred reflections aiming to contribute with the teaching learning process,

seeking to the investigation and the awareness about the importance of the

partnership family - school. The first stage of the research was the data collection

about this partnership for planning the posterior actions: group work, lectures,

support material creation, songs, videos, films, among others, written in a

pedagogical notebook. The meetings had been distributed in eight stages, with the

involvement of the school professionals, trying to promote, in this way, a convergent

interaction with the parents of the students of the “Escola Estadual Medalha

Milagrosa” school. The project brought reflection about experiences on childhood and

the adolescence, bringing tools to all the involved citizens in the process to assume

the commitment with the education, to provoke positive impacts in the school life of

the children/students.

Key-words: students, family, school, teaching learning process

1 Introdução

O envolvimento atual da família com a escola é julgado importante para o

desempenho eficaz das instituições de ensino. Não sendo recente tal discussão,

percebe-se a necessidade da reflexão sobre como envolver a família, promover a

corresponsabilidade e incluí-la no processo educativo.

Percebe-se, ainda, que no ambiente escolar existem diferentes famílias:

aquelas que exprimem interesse pela vida escolar de seus filhos, integrando-se ao

processo e participando dele, e aquelas que estimam sua participação como

desnecessária ou inadequada.

A família e a escola são parceiros essenciais no desenvolvimento de ações

que buscam favorecer o sucesso escolar e social das crianças e adolescentes,

sendo um apoio para promover uma interação convergente e complementar com os

pais, alunos e professores. Este trabalho, fundamentado no Projeto Político

Pedagógico da escola, âncora de todo o trabalho educativo, visou oportunizar

momentos que possibilitaram projetar um olhar reflexivo à infância e à adolescência,

para que os envolvidos pudessem assumir o compromisso com o caminho

percorrido, provocando impactos positivos na vida dos filhos/alunos, isso porque há

uma consecutiva transferência de papéis e funções entre a família e a escola.

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Neste sentido, STADNICK afirma que:

família moderna, dentro de todas as transformações históricas apresenta hoje uma das maiores problemáticas, a falta de tempo para conviver, interagir, dialogar, enfim, fazer-se presente junto aos seus (...). assim, a educação acaba sendo um jogo de transferências de responsabilidades entre a família e a escola. (jun/2005, p.16)

Esse jogo de transferências de responsabilidades foi discutido e revisto entre

essas duas instâncias, pois a família espera que a escola dê conta do seu papel e a

escola espera que a família faça a sua parte, provocando, dessa forma, situações

com entraves para ambas, causando, muitas vezes, conflitos e tensões.

Vitor Henrique Paro, autor de diversos livros relacionados à educação e

pesquisador que realizou um estudo sobre o papel da família no desenvolvimento

escolar de alunos do ensino fundamental, cita:

Em termos de política educacional, a relevância de estudos sobre a colaboração que os pais têm em casa para o processo pedagógico, procurando conhecer, o que eles pensam a respeito do ensino e quais as predisposições em querer colaborar com a escola no desenvolvimento de valores favoráveis a aquisição do saber, o que se quer é um desenvolvimento destes em atividades costumeiras. É unânime dentro da escola que esta crença é importante para o desempenho do aluno. Todos os pais podem estimular seus filhos, interessando-se por seus estudos, verificando seus cadernos, reforçando sua auto-estima, enfim, levando-os a perceber a importância do aprender e a sentir-se bem estudando. Porém, cabe à escola esclarecê-los a respeito de como desempenhar seu papel.

Essa relação entre família e escola também está amparada legalmente. A

LDB estabelece como direito da criança, e como dever e direito dos pais e

responsáveis, a educação de seus filhos e atribui, ainda, como responsabilidade dos

pais, a garantia do ingresso de seus filhos à escola. A LDB também considera o

maior envolvimento das famílias na vida escolar dos filhos e nas ações da escola.

Já o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) diz:

...as escolas têm a obrigação de se articular com as famílias e os pais têm direito a ter ciência do processo pedagógico, bem como de participar da definição das propostas educacionais. (jul./1990, p.)

Porém, ficou claro que na prática diária nem sempre esse preceito está sendo

considerado. A maior atenção dos pais, professores e alunos está e continua voltada

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para as notas e para as possibilidades de aprovação ou reprovação, em contatos

rápidos, realizados em reuniões formais. Ainda que a democratização da

participação da família na escola não ocorra de forma mais consciente e consistente,

as escolas entendem que a participação da família é importante e contam com ela.

Acredita-se, pelo trabalho realizado, que essa parceria contribui para o

processo ensino-aprendizagem e que é de importância ímpar para o sucesso no

desenvolvimento intelectual e moral e na formação do indivíduo. Isso significa que

família e escola precisam estar juntas na tarefa de educar.

1.1 Educação

“A Educação é um processo de ação e, como tal, é capaz de produzir

mudanças comportamentais no educando, ou seja, aprendizagem”. (Martins, 1985,

p. 29).

Sabe-se que a aprendizagem é contínua, pois sempre se está aprendendo, e

que o conhecimento corre numa velocidade desenfreada e quem não procura

atualização está sujeito a ficar estagnado.

Não se deve, porém, confundir educação com escolarização. Segundo Piletti

(1993, p.16):

A educação é ampla. É transmissão de conhecimentos, aprimoramento das

capacidades morais e desenvolvimento da personalidade do indivíduo por

intermédio do ensino dirigido ou espontâneo.

Segundo Freire (1999, p.110-115)...

Educação não se confunde com escolarização, pois a escola não é o único lugar onde a educação acontece. A educação também se dá onde não há escolas. Em todo lugar existem redes e estruturas sociais ou transferências de saber de uma geração para outra. Mesmo nos lugares onde não há sequer a sombra de um modelo de ensino formal e centralizado existe educação.

[...] a educação é uma forma de intervenção do mundo. Intervenção que além do conhecimento dos conteúdos bem ou mal ensinados e; ou aprendidos, implica tanto o esforço de reprodução da ideologia dominante quanto o seu desmascaramento. [...] Não posso ser professor se não percebo cada vez melhor que, por não poder ser neutra, minha prática exige de mim definição. Uma tomada de posição. Decisão. Ruptura. [...] Sou a favor da luta constante contra qualquer forma de discriminação, contra a dominação econômica dos indivíduos ou das classes sociais.

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A educação é um processo social que assume formas diversas, sendo

comum a todas as comunidades humanas. É por meio dela que as pessoas se

tornam aptas a viver, sobreviver e transformar a sociedade.

Marx e Platão, por exemplo, tinham em comum a convicção de que a

educação concede às pessoas o poder para mudar suas vidas. Assim, quanto à

educação, há dois aspectos opostos, porém complementares: ao mesmo tempo em

que adapta as pessoas às normas, moldando-as dentro dos padrões do sistema

vigente do momento e ao modo de vida de uma sociedade, também pode ser um

instrumento de mudança social.

Existem outras instituições que também transmitem saber, seja de forma

sistemática ou assistemática, como a igreja, o clube, os grupos formados no bairro,

na rua, sendo que todas contribuem para o crescimento do indivíduo.

Sendo um fenômeno universal e social, a educação é uma atividade

necessária para o desenvolvimento, formação e subsistência de uma sociedade.

1.2 Família: a essência das relações humanas

A necessidade de pertencer, de se sentir incluído num grupo é inerente ao ser

humano. A criança já nasce dentro de um grupo – o grupo familiar. A família é,

portanto, o alicerce da construção da pessoa, sendo considerada fundamental ao

desenvolvimento da criança.

A família, ao longo da história, devido aos avanços sociais, econômicos e

tecnológicos, vem mudando a dinâmica da sua estrutura familiar, o que interfere

significativamente na transformação do seu padrão tradicional de organização. Os

pais, com mais frequência, precisam ajustar e negociar as tarefas domésticas e

responsabilidades gerais.

A família, enquanto elemento básico da sociedade, é o meio cultural para o crescimento e o bem-estar de todos os seus membros, em particular das crianças e jovens. Deve ser promovida, ajudada, protegida, a fim de que possa assumir plenamente suas responsabilidades no seio da comunidade (RESOLUÇÃO 2542, ASSEMBLEIA GERAL DA ONU).

É preciso reconhecer que a família, independente do modelo como se

apresenta, pode ser um espaço de segurança e afetividade, e também de

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incertezas, medos, preconceitos e até mesmo de violência. Dessa forma é

importante conhecer os projetos, as dificuldades e anseios das famílias.

Assim, se fazem necessários novos aprendizados de como harmonizar

melhor os atuais laços construídos, ou em construção, para que sejam satisfeitas as

necessidades de amor, de boa convivência, de cooperação e de outras tantas

atitudes de solidariedade importantes entre os familiares, para que possam viver

mais felizes.

A família é o centro de mediação entre os indivíduos e a sociedade, no que

diz respeito à vida emocional de seus membros e em suas relações sociais.

Entende-se, assim, que o grupo familiar é importante e deve ser compreendido

como parte da complexa teia social e histórica. É o espaço aonde os indivíduos e as

gerações se defrontam definindo suas relações e suas diferenças na organização

social em que estão inseridos.

Além da reprodução biológica e estrutural, a família também tem a função de

identificação social, determinação do grupo social a que pertence e socialização.

Concluindo, a família não é só o tecido fundamental das relações, mas

também um espaço privilegiado e adequado à convivência e desenvolvimento do ser

humano. A família, como alicerce, deve ensinar valores e comportamentos

aceitáveis para que a convivência seja saudável na sociedade.

1.3 Escola: espaço de ensino-aprendizagem

A escola é um fenômeno relativamente recente na história da humanidade. A

nobreza europeia não mandava seus filhos à escola; contratava sábios como tutores

para que os iniciassem no mundo das artes e da ciência da época. A religião

também tinha um papel importante na educação, já que os aspirantes à vida

religiosa tinham acesso ao conhecimento formal, estando, dessa forma, aptos a

ensinar.

Com a ascensão da burguesia, os ricos comerciantes também exigiram direito

à educação formal para seus filhos e os conhecimentos, antes restritos à nobreza,

estenderam-se também a essa classe.

A instituição escolar somente surgiu como prática corrente por causa das

exigências crescentes de um mundo cada vez mais industrializado. Com a

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dedicação cada vez maior ao trabalho, tanto dos homens como das mulheres, o

papel da escola passou a ser maior.

A escola é a primeira instituição a que a criança faz parte de forma

sistemática e delongada e, para muitos, é o princípio da aproximação com a

diversidade vivente na sociedade. Na escola, a criança convive com outras etnias,

credos, culturas, classes, sendo que fora dela corre o risco de ter uma relação

limitada.

A Escola é um espaço concreto de ensino-aprendizagem, orientado pelo

processo no qual os participantes devem interagir para atingir seus objetivos.

Segundo Tânia Zagury (Revista IP, n.33, 2003, p.5):

O papel da escola é múltiplo hoje. A formação da consciência cidadã e

crítica são papéis que as instituições de qualidade vêm assumindo cada vez

com mais vigor, sem com isso deixar de lado os outros objetivos, tais como

a educação profissional, o preparo para a vida, a capacitação e o

desenvolvimento das competências necessárias para a sobrevivência numa

sociedade em que a mudança intensa é uma realidade.

A Escola tem a função de garantir ao seu aluno conhecimentos essenciais

para o seu futuro, sendo responsável por parte significativa da formação do ser

humano. Ela é o espaço concreto de ensino-aprendizagem, mediadora do processo

de socialização, orientado pelo processo no qual os participantes devem interagir

para atingir seus objetivos.

1.4 Relação Família-Escola

O dever da família na escolaridade e a importância da sua presença no

contexto escolar são publicamente reconhecidos na legislação nacional e nas

diretrizes do Ministério da Educação aprovadas no decorrer dos anos 90, tais como:

Estatuto da Criança e do Adolescente (lei 8069/90), nos artigos 4º e 55.

Política Nacional de Educação especial, que tem como uma de suas diretrizes

gerais: adotar mecanismos que oportunizem a participação efetiva da família

no desenvolvimento global do aluno. E ainda, conscientizar e comprometer os

segmentos sociais, a comunidade escolar, a família e o próprio portador de

necessidades especiais, na defesa de seus direitos e deveres. Entre seus

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objetivos específicos temos: envolvimento familiar e da comunidade no

processo de desenvolvimento da personalidade do educando.

Lei de Diretrizes e Bases da educação (aprovado pela Lei nº 10172/2007),

que define como uma de suas diretrizes a implantação de conselhos

escolares e outras formas de participação da comunidade escolar (composta

também pela família) e local na melhoria do funcionamento das instituições de

educação e no enriquecimento das oportunidades educativas e dos recursos

pedagógicos.

Iniciativa do MEC, instituindo o dia 24 de abril como o Dia Nacional da Família

na Escola, quando os familiares dos alunos são convidados a participar de

suas atividades educativas.

As famílias precisam assumir a educação com seriedade e compromisso,

estabelecendo um vínculo de confiança e credibilidade junto à escola.

Para a família, a escola tem uma simbologia e um significado que estarão

presentes na forma de “ser aluno” e na forma de participação nas atividades

escolares da criança. A maneira pela qual a criança se integra e se entrega ao

processo de aprender será diretamente relacionado à capacidade desenvolvida em

família de viver o coletivo.

Para a escola do aprendiz, a família é a matriz indispensável para que o

trabalho de construção do cidadão aconteça. Toda a riqueza do desenvolvimento da

criança se inicia na família e vai se fortificando à medida que a criança vai

estabelecendo sua rede relacional que, na sequência, acontece na escola e se

expande para além dela.

É preciso repensar a essência do relacionamento família/escola diante do

desempenho escolar e ter clareza do que e aonde se quer chegar.

Para que ocorra uma participação efetiva entre escola e família, é necessário

que cada um cumpra o papel que lhe é cabido, e, certamente, a educação recobrará

seu papel importantíssimo no desenvolvimento individual e social.

A escola não substitui a família, nem tampouco a família substitui a escola.

Ambas precisam estar preparadas e interessadas numa interação mútua e reativa,

privilegiando suas contribuições para a qualidade de ensino.

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Tiba (2002, p.183) afirma que “[...] quando a escola o pai e a mãe falam a

mesma língua e têm valores semelhantes, a criança aprende sem grandes conflitos

e não joga a escola contra os pais e vice-versa [...]”.

A educação perpassa tanto o ambiente escolar quanto o familiar. A interação

entre ambos é de grande valor para o sucesso do processo ensino-aprendizagem.

2 Desenvolvimento

2.1 Ações realizadas na implementação do Projeto

A proposta foi implementada em forma de encontros, com carga horária total

de 36 horas. Foram 08 encontros, realizados semanal e/ou quinzenalmente, com

duração de 04 horas cada encontro, no período noturno, em dias alternados, para

poder contemplar todos os pais interessados em participar.

O grupo formado era composto por pais, filhos, tios, avós, madrinhas e

vizinhos, constituindo-se em grande riqueza pela colaboração trazida por meio das

experiências e pontos de vistas apresentados, sendo o número de participantes

variáveis em cada encontro.

O formato dos encontros seguiu as propostas de um caderno pedagógico,

material didático anteriormente elaborado para esse fim, para a organização dos

encontros, onde foram discutidos os temas selecionados.

Os temas abordados foram assim organizados:

1ª Unidade - A importância das relações familiares, escolares e

familiares/escolares.

2ª Unidade – O olhar do aluno frente à parceria família e escola.

3ª Unidade – Relação família e escola... conversando com os pais.

4ª Unidade – Dificuldades para educar os filhos diante dos desafios

contemporâneos.

5ª Unidade – Educar filhos, um ato de amor.

Como acompanhar a vida escolar do meu filho.

6ª Unidade – Fase de desenvolvimento dos filhos.

7ª Unidade – Transição do Ensino Fundamental, séries iniciais, para o Ensino

Fundamental, séries finais.

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8ª Unidade _ Intervenções significativas da família em relação ao processo

ensino-aprendizagem.

Durante o período da realização do projeto, não foi registrado nenhum

problema que pudesse ser considerado como entrave à sua realização, o espaço

para os encontros estava apropriado, houve apoio por parte da equipe escolar, não

faltaram materiais e equipamentos para a realização das atividades.

Num primeiro momento, o projeto foi apresentado à Direção, Equipe

Pedagógica, professores e demais funcionários da Escola, na reunião pedagógica

realizada em julho de 2011, quando se percebeu o interesse pelo tema e o

envolvimento do grupo na realização do projeto, inclusive na sugestão de temas e

atividades pertinentes à realidade da Escola.

O tema abordado durante esse encontro foi: A importância das relações

familiares, escolares e familiares/escolares, tema esse também trabalhado no

primeiro encontro dos alunos participantes do projeto.

Ao retornar a Escola, após período de afastamento contemplado pelo

programa, houve a verificação da viabilidade da proposta através de uma pesquisa

aplicada, em forma de questionário, que foi distribuído aos professores e pais ou

responsáveis, focos principais da análise, em agosto do referido ano.

Os resultados dos questionários aplicados aos pais foram computados

através de gráficos:

01. Conhece a escola?

Sim Não Optaram por mais de 1 alternativa

Não informaram

De comentários

Total

% 77% 2% 2% 3% 17% 100%

Quantidade 50 01 01 02 11 65

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02. Participa ou participou de trabalhos voluntários na Escola?

Nunca Sempre Optaram por mais de 1 alternativa

Não informaram

Já participou Não tem tempo

Esporádica

% 37% 6% 0% 9% 18% 25% 5%

Quantidade 24 04 00 06 12 16 03

3. Conversa com o filho sobre a Escola?

Sim Não Optaram por mais de 1 alternativa

Às vezes Não informaram

Total

% 82% 0% 0% 8% 11% 100%

Quantidade 53 00 00 05 07 65

04. Elogia o esforço do filho?

Sim Não Optaram por mais de 1 alternativa

Com frequência

Às vezes Não informaram

Total

% 65% 0% 0% 20% 5% 11% 100%

Quantidade 42 00 00 13 03 07 65

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05. Você vai à escola de seu filho?

Não costuma ir. Não acha importante

Nas reuniões, quando

convocado

Não informaram

Optaram por mais de 1 alternativa

Sempre que pode, para saber

se está tudo bem

Total

% 8% 62% 0% 0% 29% 100%

Quantidade 05 40 00 00 19 65

06. Se não, qual a razão?

Não gosta Não tem tempo

Não se relaciona bem com diretor, professores e

pedagogos

Total

% 0% 100% 0% 100%

Quantidade

00 05 00 05

07. Atende aos convites e convocações da escola?

Sim Não Às vezes Não informaram

Optaram por mais de 1 alternativa

% 82% 0% 8% 11% 0%

Quantidade 53 00 05 07 00

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08. Conhece os professores do filho?

Sim Não Alguns Não informaram

Optaram por mais de 1 alternativa

% 6% 17% 17% 9% 0%

Quantidade 04 11 44 06 00

09. Acompanha o estudo do filho?

Não tem

tempo

Não tem paciência

Verifica as tarefas

Ajuda a estudar

Outros Não informaram

Optaram por mais de 1 alternativa

Total

% 2% 1% 33% 36% 10% 0% 18% 100% Quantidade

02 01 34 37 10 00 19 103

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10. Opiniões sobre as reuniões.

Interesse da

escola

Compreensão do

desempenho do filho

Nada acrescenta

Outros Não informaram

Optaram por mais de 1 alternativa

Total

% 25% 60% 0% 4% 0% 11% 100%

Quantidade 21 50 00 03 00 09 83

11. Como recebe as informações das reuniões?

Aluno/ bilhete

Telefonemas Outros Não informara

m

Optaram por mais de 1 alternativa

Total

% 95% 0% 0% 5% 0% 100

Quantidade 62 00 00 03 00 65

12. Pontos negativos das reuniões.

Atraso Prolongadas Falta retorno Horário Optaram por mais de 1 alternativa

Outros

% 14% 8% 20% 22% 20% 31%

Quantidade 09 05 04 14 13 20

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13. Pontos positivos dos encontros.

Ajuda dos

filhos

Todos Oportunidade de

crescimento

Esclarecimentos necessários

Optaram por

mais de 1

alternativa

Outros

% 11% 40% 9% 26% 12% 2%

Quantidade 09 34 08 22 10 02

14. A participação pode melhorar o desempenho e aprendizagem?

Sim. Acredita

Não Talvez Não informaram

Optaram por mais de 1 alternativa

Só o comportamento

% 85% 3% 5% 6% 0% 2%

Quantidade 55 02 03 04 00 01

15. A importância da família na escola.

Sim Não Às vezes Não informaram

Optaram por mais de 1 alternativa

% 91% 0% 5% 5% 0%

Quantidade 59 00 03 03 00

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Gráficos: Questionário aplicado aos pais

Fonte: Roselene Lúcia Cavina de Figueiredo, 2011

Antes de iniciar os encontros, os alunos envolvidos no projeto foram

convocados para discussões sobre o tema “através da música do grupo Titãs”,

nominada “Família” e sobre textos norteadores que conduziram a troca de opiniões.

Dentre eles, o texto “O olhar do aluno frente à parceria família e escola”.

Também houve o preparo e organização dos materiais para recepcionar os

pais. Confeccionaram cartazes, painéis, crachás e outros.

Figura 1: Alunos preparando os materiais

Fotos: Roselene Lúcia Cavina de Figueiredo, 2011

16. Concordaria em participar das atividades?

Sim Não Talvez Não informaram

Optaram por mais de 1 alternativa

Total

% 75% 11% 2% 12% 0% 100%

Quantidade 49 07 01 08 00 65

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Os alunos aderiram à ideia do uso de “botons” confeccionados para

representar a parceria existente e demonstraram interesse pelo tema, redigindo

textos sobre o mesmo e motivando a participação de seus responsáveis, sendo

essenciais para o comparecimento dos mesmos.

Figura 2: Produção dos textos relacionados ao tema

Foto: Roselene Lúcia Cavina de Figueiredo, 2011

No primeiro encontro foi grande a expectativa. Tudo foi preparado para esperar

os pais. Os convites foram enviados com antecedência, quando se solicitou também

a confirmação da participação e do número de participantes. Isso ocorreu em todos

os encontros.

Próximo ao horário marcado, havia apenas três participantes, porém, foram

chegando e finalizamos o encontro com cinquenta pessoas. A participação foi

tamanha, que alunos e pais se envolveram na distribuição de crachás, no

encaminhamento dos protocolos de presenças, em registrar os momentos com fotos

e na organização do espaço disponibilizados a nós, salão da escola. Os pais

admiraram os trabalhos elaborados pelos filhos e sentiram orgulho de estarem

participando.

O primeiro encontro foi marcado pela apresentação do projeto e pela

discussão do tema: Relação família e escola... conversando com os pais, por meio

de dinâmicas e slides.

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O momento mais emocionante desse encontro foi o abraço coletivo entre os

participantes, desencadeado em compromisso assumido, o que se percebe em suas

falas:

Figura 3: Encerramento do 1º Encontro

Foto: Roselene Lúcia Cavina de Figueiredo, 2011

“A participação da família na escola é importante porque, trabalhando juntos,

só pode ser proveitoso para ambos.” (Pai A)

“Apenas desta maneira a família pode ter real acompanhamento da vida

escolar do filho.” (Pai B)

“Quando há integração, o trabalho fica melhor para ambos e o aluno se sente

mais motivado.” (Professor A)

“É indispensável o diálogo entre a família e a escola, mantendo a confiança do

professor com o aluno, auxiliando na prática do ensino e na formação do

caráter.” (Professor B)

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Para o segundo encontro com os pais, o tema escolhido foi: “Dificuldades

para criar os filhos diante dos desafios contemporâneos”.

Sabe-se que os pais desejam o melhor para seus filhos, porém, com a

modernidade e mediante as dificuldades cotidianas, fica cada vez mais difícil educá-

-los. O ideal é que as responsabilidades sejam divididas entre pais e mães,

lembrando que é no dia a dia que a educação se constrói.

O número de participantes aumentou, pois os pais que compareceram no 1º

encontro espalharam a notícia e trouxeram mais pessoas para participar,

comprovando-se, assim, a necessidade que sentem dessa parceria. A colaboração

dos pais, durante o encontro, foi plena. Observe as fotos:

Figura 4: Participação dos pais nos encontros

Fotos: Roselene Lúcia Cavina de Figueiredo, 2011

No terceiro encontro, realizamos uma atividade diferente: Sessão pipoca.

Nesse dia, assistimos e comentamos o filme “Mãos Talentosas - Gifted Hands The

Ben Carson Story, 2009(EUA), Direção: Thomas Carter.

Os pais compararam as cenas do filme e transpuseram para a nossa

realidade, considerando possível a transformação de uma realidade difícil por meio

da ajuda e incentivo familiar. O filme possibilitou discutir com os pais a importância

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do acompanhamento do rendimento escolar dos filhos, a fim de operar o mais cedo

possível na identificação e superação das notas baixas.

Foi organizada a distribuição de pipocas doces e salgadas, providenciadas

pela professora PDE e refrigerantes, trazidos pelos pais.

Momento coroado de alegria e reflexão, em que pais, filhos e educadores

compartilham situações difíceis de acontecer no dia a dia, justificadas pela falta de

tempo.

Figura 5:Participação no filme

Fotos: Roselene Lúcia Cavina de Figueiredo, 2011

O quarto encontro foi marcado pela presença de uma psicóloga que trabalhou

o tema: Fases do desenvolvimento dos filhos e transição do Ensino Fundamental-

séries iniciais para o Ensino Fundamental - séries finais.

Os pais participaram com muito interesse, o que ficou bem claro pelos

questionamentos feitos no decorrer da palestra.

Sabe-se que é imprescindível ter atitudes de pai e mãe, impondo limites,

amando e respeitando a individualidade do filho, promovendo o diálogo e estando

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aberto aos questionamentos que surgem nessa fase, para que seja possível

orientá-los e ajudá-los.

Dando continuidade aos encontros, o quinto tratou de abranger e elencar

intervenções significativas da família em relação ao processo ensino-aprendizagem.

Pode-se perceber que o tema é pertinente e inesgotável, pois os pais, dentro

de sua realidade e pelas suas experiências, tem muito a contribuir. Parece, no

entanto, que o tema é simples e todos estão cansados de ouvir e dizer as mesmas

coisas, mas, às vezes, se faz necessário avivar-se a memória e atitudes diárias, a

fim de se analisar como anda a participação dos pais no que se refere à vida

escolar dos filhos.

O sétimo momento foi organizado com a realização de uma dinâmica

denominada “Pacto do sal”, no qual se assumiu o compromisso, firmado por pais e

escola, em lutar por essa parceria, visando o bom desenvolvimento dos

filhos/alunos. Na busca da melhoria da educação é preciso reconhecer a

necessidade do intercâmbio família e escola, entrelaçados na tarefa de educar,

assumindo responsabilidades concretas.

Conforme Paro (2000):

Também foram realizados trabalhos em grupo para a confecção de um folder

educativo que, posteriormente, foi distribuído entre os pais das turmas que não

participaram do projeto.

a família se sentirá comprometida com a melhoria da qualidade escolar e

com o desenvolvimento de seu filho como ser humano quando a escola

oferecer oportunidades de contato para passar informações relevantes

sobre seus objetivos, recursos, problemas e também sobre as questões

pedagógicas.

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Figura 6:Trabalhos em grupos

Fotos: Roselene Lúcia Cavina de Figueiredo, 2011

Para finalizar, no último encontro foi apresentada a versão final do folder

educativo elaborado pelos pais e filhos. Também, após realizada a avaliação do

trabalho, foram feitas as anotações das sugestões dos pais para a nova etapa do

projeto e houve a realização do lanche compartilhado, encerrando com sucesso

esse encontro.

A família não é somente responsável pelo crescimento, afetividade e

transmissão cultural de geração a geração, é, sobretudo, uma comunidade de amor,

de direitos, de princípios, de solidariedade e valores. É a célula viva da sociedade

que, mesmo diante das grandes adversidades, ameaças e desafios deve estar

sempre ancorada na esperança.

Diante desses pressupostos, a escola desponta tentando buscar o

envolvimento contínuo dos pais no ambiente escolar, com a finalidade de obter

resultados realmente significativos no processo de ensino e aprendizagem, o que

traduz a relevância dessa parceria. Desta forma, é válida a tentativa de dividir as

responsabilidades, fortalecendo os elos entre essas duas instituições.

2.2 GTR – Grupo de trabalho em Rede

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O GTR – Grupo de Trabalho em Rede, que aconteceu de forma virtual,

simultaneamente à implementação do projeto, com professores de vários municípios

do Estado do Paraná, tendo como um dos tutores a professora PDE, autora deste

artigo, foi muito importante para confrontar os conhecimentos e as experiências

relacionadas ao tema em questão, em diferentes escolas e localidades, reafirmando

a importância da parceria família e escola.

O grupo era composto por dez participantes, sendo que apenas nove

concluiram o GTR. Os participantes acompanharam a implementação e trouxeram

grande contribuição para a pesquisa, como se pode observar no relato de alguns

participantes:

O trabalho desenvolvido no GTR foi apresentado em módulos. O primeiro

módulo constou de um Fórum de apresentação, onde os participantes se

apresentaram e explanaram sobre sua expectativa em relação ao curso. Também,

constou de um Diário para registro de impressões pessoais sobre o projeto.

A seguir, participaram do Fórum 1, com o objetivo de discutir sobre o Projeto

de Intervenção Pedagógica - Parceria Família e Escola: o desafio da educação

compartilhada, ocorrendo grande interação entre os participantes e o tutor, o que

contribuiu na troca de ideias relacionadas à temática. Para participar desse Fórum,

os professores deveriam refletir e interagir com mais dois participantes. Participaram,

ainda, de um Diário, repleto de valiosas explanações, dentre elas a que segue:

Para mim é de extrema importância a participação da família no

processo de ensino/aprendizagem, aliás, a atuação da família é o

primeiro passo para se construir uma educação de qualidade.

Entretanto, nos dias atuais, a família direcionou para a escola uma

responsabilidade que é sua: a tarefa de transmitir os valores

educacionais que se constrói somente em família, com isso a escola

tem arcado com a quase obrigação de transmitir o que é de sua

função social (saberes historicamente acumulados) e fazer a parte

que pais, mães e responsáveis tem se isentado de repassar aos seus

filhos. (Participante GTR 3)

... a relação escola/família é de extrema relevância e as duas instâncias deveriam estabelecer uma parceria onde todos se sentissem responsabilizados pelo

desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e intelectual do aluno... (Participante GTR 1)

Trazer os pais e/ou responsáveis para participar do processo ensino aprendizagem não é tarefa fácil, mas como educadores não podemos desistir e de acreditar na

educação. (Participante GTR 2)

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A terceira etapa abordou uma discussão sobre o Caderno Pedagógico, com o

mesmo título do projeto de intervenção e o parecer dos participantes sobre sua

aplicabilidade em suas realidades. Interagiram com dois participantes e postaram

atividades relacionadas ao assunto, no Diário. Perceba-se uma das participações:

Finalizando, os participantes avaliaram o GTR. Foi possível observar os

resultados positivos obtidos, considerando-se como o principal a troca de

experiências entre professores que vivenciam realidades diferentes sobre o tema,

mas com dificuldades e anseios comuns, possibilitando entrever encaminhamentos

para uma melhor interação entre família e escola.

Também, de singular importância, foram as sugestões de ações para serem

trabalhadas com os pais, o que contribuirá para a construção de um trabalho coletivo

dos professores da Rede Estadual do Estado do Paraná.

Assim, a contribuição do GTR para a verificação da viabilidade, realização e

importância da proposta foi assaz significativa e pertinente.

3 Considerações Finais

As incertezas, angústias, inquietações, reflexões e buscas permanentes na

caminhada escolar, procurando respostas e soluções, foram a linha de condução

rumo ao estudo sobre a Parceria Família e Escola.

Foi necessário compreender o que pensavam os educadores e as famílias a

respeito da importância desta participação. As leituras foram grandes auxiliares,

fundamentando as considerações e as análises realizadas.

Assim, objetivou-se analisar a concepção dos docentes quanto a participação

da família na escola, a compreensão que a família tem a respeito dessa participação

e ainda, a relação entre a escola e família, quando esta é chamada a participar.

...As ações propostas na produção didático-pedagógica são

extremamente relevantes para aproximar os pais da vida escolar dos

filhos, os textos, os filmes e as dinâmicas são muito interessantes.

Chamar os pais e envolvê-los em atividades juntamente com seus

filhos pode fazer com que ambos se conheçam mais , pois convivem

juntos, mas não participam uns dos planos do outro. Muitas vezes, os

pais pensam que dando tudo ao filho estão fazendo o melhor para ele.

Esse projeto vem fazer com que os pais encontrem e reconheçam

seu papel na sociedade e principalmente na família... (Participante

GTR 4)

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Para que os objetivos fossem alcançados com êxito, os dados foram

coletados e analisados e, em seguida, refletidos, resgatados e buscados novos

saberes em parceria. Os pais, em conjunto com a escola, revelaram formas de

pensar, de agir, de sentir numa importantíssima contribuição para ambos.

Dessa forma, pode-se constatar que, tanto na concepção das famílias, quanto

na dos educadores, a participação da família é de extrema importância na vida

cotidiana da escola:

Ambas as instituições, família e escola, sabem que há responsabilidades e

compromissos a serem assumidos e cumpridos. Buscam cada um, à sua maneira,

soluções para que possam juntos realizar um trabalho que garanta a participação

conjunta.

A família entende que a escola sabe o que faz e o que a família deve fazer,

embora existam casos em que a família delega somente à escola a educação dos

filhos. A escola, por sua vez, espera que a família acompanhe os filhos para garantir

a disciplina e o sucesso na escola:

É fundamental que os envolvidos sejam capazes de sensibilizar, de arrebatar,

de conquistar e até mesmo de convencer os pares da importância dessa parceria.

“Através da integração família e escola podemos enfrentar com mais facilidade

as dificuldades apresentadas pelo mundo e assim, discutir quais as soluções

para melhorar e tudo dará certo.” (Pai C)

“A presença dos pais na escola nos auxilia no processo ensino aprendizagem,

pois enfrentamos juntos os problemas existentes, o que nos faz alcançar êxitos

em nossas ações.” (Professor C)

“Somente quando houver interação família/escola que ocorrerá efetiva

educação.” (Professor D)

“A integração se faz necessário devido à falta de tempo que dispomos para a

educação dos filhos. Assim, podemos dividir as responsabilidades e nos

entender melhor.” (Pai D)

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Pode-se afirmar que a escola já está abrindo suas portas e que a comunidade

quer entrar e participar. Sabe-se que isso ocorrerá lentamente, mas já é perceptível

o significativo avanço.

As famílias que efetivamente participam da escola gostam de fazê-lo. Assim,

entende-se essa participação como agente de transformações educacionais.

É preciso garantir o respeito às diferenças, à liberdade de ser e pensar, tanto

dos alunos, dos educadores, quanto da família. A democracia só acontece e se

exercita no confronto entre os diferentes, que precisa fundamentar-se na ampla

possibilidade de informação, de reflexão, de conhecimento, de critica e no equilíbrio

das forças que garantam a discussão e viabilidade das propostas.

Muitas inquietações e realizações se fizeram presentes no decorrer do

trabalho. Mas, o que instigou a continuidade da luta empreendida foi a possibilidade

de visualizar a concretização da real participação da família na escola, numa

perspectiva de parceria, de democracia, de construção conjunta, tendo em vista a

melhoria do processo ensino-aprendizagem.

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