PARANÁ · 2014. 4. 22. · paranÁ governo do estado secretaria de estado da educaÇÃo – seed...

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  • PARANÁGOVERNO DO ESTADO

    SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED

    SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED

    DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPEPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE

    Ficha para Catálogo Artigo Final

    Professor PDE 2010

    Título Redigindo linhas e trocando idéias sobe indisciplina escolar

    AutoraMárcia do Rocio Coutinho Agne

    Escola de Atuação Colégio Estadual Princesa Isabel

    Município da Escola Cerro Azul - PR

    Núcleo Regional de Educação Área Metropolitana Norte

    OrientadoraLennita Oliveira Ruggi

    Instituição de Ensino SuperiorUniversidade Federal do Paraná - UFPR

    Área do Conhecimento/DisciplinaPedagogia

    Relação interdisciplinar

    Público Alvo Professores

    Localização Col. Est. Princesa Isabel - Rua: Romário Martins, 120

    Resumo O presente artigo tem como objetivo servir como suporte teórico e prático para o trabalho do profissional pedagogo nas escolas da rede pública,

  • com relação à questão da indisciplina escolar. Tendo esta finalidade traz como fator relevante o relato de um projeto de intervenção implementado, numa escola pública do interior do Estado do Paraná, abordando os diferentes aspectos da indisciplina escolar, na formação continuada dos professores. É notório que a indisciplina é atualmente um dos maiores desafios que os envolvidos com o ato de educar enfrentam nos espaços escolares, com o agravante de que por diversos fatores, este tem enormes dificuldades no seu enfrentamento. Sendo assim este artigo propõe um trabalho, no sentido de concretizar a capacitação, principalmente do profissional professor, para o enfrentamento das diferentes situações indisciplina apresentadas pelos alunos em sala de aula. Este trabalho é realizado através de oficinas, com trabalho com textos e práticas que abordam os diferentes aspectos da indisciplina escolar.

    Palavras-chave Indisciplina – Oficinas - Coletivo

  • REDIGINDO LINHAS E TROCANDO IDEIAS SOBRE INDISCIPLINA ESCOLAR

    Autora: Márcia do Rocio Coutinho Agne1

    Orientadora: Lenita Oliveira Ruggi2

    RESUMO: É notório que a indisciplina é atualmente um dos maiores desafios que os envolvidos com o ato de educar enfrentam nos espaços escolares, com o agravante de que por diversos fatores, esses têm enormes dificuldades no seu enfrentamento e tratamento. A partir de uma pesquisa realizada com professores de uma escola pública do Estado do Paraná ficou evidente a necessidade que esses profissionais têm de estudar e discutir mais profundamente sobre os diversos aspectos que envolvem o tema. Neste sentido o presente artigo tem como objetivo servir de um suporte teórico e prático para o trabalho do profissional pedagogo nas escolas da rede pública, com relação à questão da indisciplina escolar, uma vez que seu conteúdo diz respeito ao relato das ações desenvolvidas a partir do projeto de intervenção implementado com professores de uma escola pública. O projeto de intervenção foi realizado na terceira etapa do PDE por meio da metodologia de aulas oficinas abordando os diferentes aspectos da indisciplina escolar.

    Palavras-chave: indisciplina; oficinas e construção coletiva.

    1 Graduação e especialização em Pedagogia, atuante como pedagoga no Colégio Estadual Princesa Isabel

    2 Graduada em Ciências Sociais, Mestrada em Sociologia e atuante como docente de Sociologia na Universidade Estadual do Paran

  • 1 INTRODUÇÃO

    Há um provérbio chinês que diz que, “se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando um pão, e, ao se encontrarem, eles trocam os pães, cada homem vai embora com um; porém, de dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando uma idéia e, ao se encontrarem, eles trocam as idéias, cada homem vai embora com duas.” Quem sabe é esse mesmo o sentido do nosso fazer: repartir idéias, para todos terem pão. (CORTELLA, 1998, p. 159)

    Este provérbio nos reporta à importância da troca de ideias e experiências, no

    contexto educacional acerca das diferentes problemáticas que envolvem a escola

    como um todo. Dessa forma este artigo tem por objetivo relatar as ações realizadas

    durante o período de curso do PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional -

    principalmente aquelas desenvolvidas no decorrer da etapa de intervenção na

    escola, com a pretensão de que venha a se constituir, para o profissional pedagogo,

    em uma experiência prática de formação docente, versando sobre a problemática

    da indisciplina escolar em seus diversos aspectos, uma vez que esta tem sido

    considerada por muitos professores um dos problemas de maior relevância no

    contexto escolar.

    Pretende-se que este artigo possa subsidiar a prática pedagógica dos

    pedagogos, servindo de suporte teórico e prático no trabalho de formação de

    docentes abordando os diferentes aspectos que envolvem a indisciplina na sala de

    aula. Primeiramente cabe aqui fazer uma breve explanação do que vem a ser o

    PDE.

    O PDE é um programa governamental oferecido exclusivamente aos

    professores da rede pública e do quadro próprio do magistério, sendo que quando

    do egresso nesse programa o professor passa por teste seletivo no qual são

    analisados os títulos e os cursos realizados pelos docentes.

    Acredita-se que o PDE é uma oportunidade única para professor, pois terá a

    oportunidade de se afastar da realidade da escola para estudar e pesquisar os

    diversos problemas nela existente, procurando possíveis soluções para o

    enfrentamento dos mesmos. Temos ainda que outro ponto forte deste programa seja

    a possibilidade dada ao professor de retornar para a Universidade, com a finalidade

    de estudar e refletir a partir de uma fundamentação teórica, sua prática pedagógica

    e a realidade do cotidiano da escola, para então pesquisar e propor ações que

    venham de encontro com a necessidade da mesma.

  • Todas as etapas deste programa se constituem em oportunidades para o

    professor analisar e refletir sobre sua prática pedagógica e a organização do

    trabalho pedagógico da escola sob a luz das teorias estudadas, buscando

    alternativas para promover a melhoria na qualidade do ensino público do Estado do

    Paraná. Sendo assim, faz-se necessário neste momento relatar as diferentes etapas

    do PDE para esclarecer a organização do programa e também apresentar as

    diversas produções que são de responsabilidade do professor, para que se possa

    compreender a sequência do trabalho, que inicia-se com o projeto de intervenção e

    finaliza com o artigo. Portanto a etapas acontecem da seguinte forma:

    • Na primeira etapa o professor PDE vai para a Universidade participar

    de cursos elaborados especificamente para a capacitação necessária

    no sentido de promover um embasamento teórico que subsidie as

    produções que serão realizadas nas diferentes etapas.

    • Na segunda etapa o professor PDE produz um material didático, o qual

    tem a função de servir de instrumento para subsidiar as ações

    previstas para o processo de intervenção na escola.

    • Na terceira etapa o professor PDE volta para a escola e aplica o

    projeto de intervenção e também monitora um GTR– Grupo de trabalho

    em rede–curso on-line à distância oferecido a todos os professores da

    rede pública, organizado, dirigido e monitorado pelo professor PDE,

    com a intenção de divulgar e discutir as ações planejadas para uma

    análise mais abrangente dos resultados, procurando ampliar a visão de

    tudo o que foi feito, buscando elementos que venham a se constituir de

    base para uma reflexão mais científica do trabalho realizado.

    • Na quarta etapa o professor PDE produz o artigo final onde sintetiza de

    alguma forma os trabalhos desenvolvidos e ainda apresenta os

    resultados alcançados.

    Portanto, neste artigo procuraremos relatar, discutir e refletir sobre as ações,

    do projeto de intervenção, realizadas no espaço escolar, procurando caracterizá-lo

    como uma experiência positiva no enfrentamento da problemática da indisciplina

    escolar.

    Cabe ressaltar que a escola, escolhida para a intervenção atravessava um

    período extremamente crítico, no que diz respeito ao trabalho com a indisciplina

  • escolar, uma vez que não se estava conseguindo encaminhar de forma eficiente os

    diferentes casos de indisciplina dos alunos em sala de aula, que se avolumavam

    cada dia mais, causando um desgaste emocional para todos os envolvidos.

    Dessa forma a escolha do tema “A indisciplina escolar; percepção dos

    professores, desafios e possibilidades de enfrentamento” surgiu por meio da

    observação do cotidiano do contexto escolar e das inúmeras queixas dos

    professores com relação à necessidade de estudar mais profundamente este tema,

    a fim de buscar conhecimentos que capacitassem os profissionais da educação para

    encarar essa problemática com maior conhecimento e competência.

    A indisciplina nos dias atuais é um dos maiores desafios pedagógicos

    enfrentados pelos professores na escola. De acordo com Aquino (1996, p.9) “há

    muito os distúrbios disciplinares deixaram de ser um evento esporádico e particular

    no cotidiano das escolas brasileiras, para se tornarem, talvez, um dos maiores

    obstáculos pedagógicos dos dias atuais”. Corroborando com Aquino (1996) Parrat-

    Dayan (2008, p.7) afirma que “os problemas de indisciplina manifestam-se com

    frequência na escola, sendo um dos maiores obstáculos pedagógicos do nosso

    tempo,” dessa forma vemos que esta é uma problemática para a qual não se pode

    “fechar os olhos”, mas ao contrário disso, é necessário com a maior urgência

    promover, no interior das escolas, discussões acerca do tema buscando possíveis

    soluções, no coletivo da escola, para os mesmos.

    Os professores quando discutem sobre indisciplina se mostram bastante

    preocupados, mas também indignados, pois na opinião da maioria deles, os

    comportamentos indisciplinados dos alunos influenciam de forma extremamente

    negativa o andamento do trabalho pedagógico desenvolvido na sala de aula.

    O fato de trabalhar como pedagoga nesta escola, possibilitou meu acesso às

    atas de conselhos de classe, onde pude observar que um considerável número das

    reprovações dos alunos justificava-se pela indisciplina apresentada em sala de aula

    e que esta influenciava de forma negativa o processo de ensino e aprendizagem.

    Oportunizou-me ainda presenciar as queixas de muitos professores que se

    diziam “perdidos” sem saber o que de fato fazer para solucionar muitos casos de

    indisciplina na sala de aula. Isto só fazia confirmar a tese de que esta escola carecia

    de uma fundamentação teórica e prática capaz de subsidiar o professor no

    enfrentamento da indisciplina escolar com maior propriedade.

  • Frente a este panorama, decidiu-se pela indisciplina escolar, como objeto de

    pesquisa e de estudos buscando descobrir quais os maiores desafios que esta

    impõe para o cotidiano da escola, quais suas implicações para a prática pedagógica,

    qual a percepção dos professores e quais as melhores estratégias para seu

    enfrentamento.

    Por esse motivo optou–se inicialmente por realizar uma pesquisa de campo,

    de caráter preliminar, com a aplicação de um questionário aos professores, para

    levantar dados fidedignos da realidade a ser estudada para a elaboração de um

    projeto que na sua essência fosse eficiente diante da problemática da indisciplina

    escolar.

    O resultado da pesquisa foi fundamental no sentido de apontar os rumos a

    serem tomados tanto na elaboração do projeto de intervenção, quanto na

    fundamentação teórica do estudo.

    Os estudos realizados na primeira fase possibilitaram a produção de um

    caderno pedagógico, como material didático, intitulado “Estudar e refletir sobre a

    indisciplina escolar na busca de enfrentamentos coletivos”.

    Este material foi organizado em unidades, as quais foram desenvolvidas por

    meio de oficinas com duração de duas horas cada uma. As unidades estavam

    estruturadas de forma a iniciarem com um texto de base teórica, e na sequência

    apresentavam atividades diferenciadas para desenvolver os conteúdos.

    A intervenção ocorreu no segundo semestre de 2011, por meio de oficinas,

    realizadas de agosto a dezembro, concomitantemente com o GTR (Grupo de

    trabalho em rede). Foram no total dez encontros, que reuniram aproximadamente 25

    professores, durante os quais foram realizados estudos, reflexões, discussões e

    práticas relacionadas à questão da indisciplina escolar.

    Finalmente o resultado da pesquisa, do GTR e dos encontros realizados será

    sintetizado, por meio de relatos analíticos neste artigo para que se possa visualizar

    melhor como as ações foram desenvolvidas durante as diferentes etapas do PDE.

    2 DESENVOLVIMENTO

    2.1 A INDISCIPLINA E A REALIDADE ESCOLAR

  • A primeira parte deste artigo está reservada para apresentar os resultados e

    análise da pesquisa de campo realizada com os professores durante a primeira

    etapa do PDE, com o objetivo de levantar dados mais fidedignos da realidade a ser

    estudada, assim como detectar os “pontos mais fracos” da questão da indisciplina na

    escola. O instrumento utilizado para a pesquisa de campo foi um questionário

    contendo questões abertas e fechadas aplicado com 45 professores, perpassando

    um total de 85% dos professores que atuam nas séries finais do ensino fundamental.

    Dos 45 professores entrevistados 70% são do quadro próprio do magistério e

    apenas 30% são de contratos PSS (Processo Seletivo Simplificado), sendo também

    que 80% destes trabalham há mais de 15 anos nesta escola.

    2.1.1 Questão nº. 1 Conceito de indisciplina

    A questão de nº 1 abordou o conceito de indisciplina pelo professor, sendo

    que o resultado demonstrou que 85% dos entrevistados, mencionaram a indisciplina

    como sendo o comportamento inadequado do aluno, como poderemos constatar

    com algumas respostas dadas pelos professores.

    PROF-1 “Aluno que não se concentra nas atividades e nas explicações e fica agitado fazendo outras coisas na aula”

    PROF-2 ”Quando o aluno contraria o professor de forma negativa, tumultuando a sala, conversando, fazendo outras coisas alheias a proposta do professor”

    PROF-3”Tudo o que se refere ao mal comportamento do aluno”PROF-4 “Falta de educação e de limites do aluno”PROF-5 “Falta de educação do aluno que agride professores e colegas”PROF-6 “Tudo o que o aluno faz de errado como: bagunçar, ser desinteressado, chegar atrasado na aula, etc”

    PROF-7 “Alunos com o comportamento violento, desinteressados”PROF-8 “Não ter limites, não obedecer a regras”PROF-9 “É o aluno não cumprir suas obrigações escolares”PROF-10 “Alunos que não respeitam as regras e direitos”PROF-11 “É a manifestação clara de que o aluno não compreendeu o verdadeiro sentido da escola. É o reflexo do aluno que não consegue ou não quer aprender”

  • PROF-12 “São alunos que se comportam mal, que só bagunçam, conversam, atrapalham as aulas e os outros colegas, passeiam pelos corredores e agridem os

    colegas”

    Apenas 11% das respostas apontaram que a responsabilidade também é do

    professor, da escola e da sociedade como veremos:

    PROF-13 “A indisciplina é causada muitas vezes por motivo de domínio de sala. Começa com o professor em sala de aula”

    PROF-14 ”A indisciplina diz respeito á escola como um todo, cabendo uma parcela de culpa para cada um de seus segmentos.”

    PROF-15 “A sociedade atual da forma como ela está estruturada é que é a grande responsável pelos comportamentos inadequados que o aluno apresenta na escola,

    pois ele é fruto dessa sociedade”

    Os 4% restante dos professores não responderam.

    O resultado obtido nos revela que a maioria dos professores percebe a

    indisciplina como manifestação apenas dos alunos, resumindo–a aos

    comportamentos inadequados que estes apresentam em sala de aula,

    demonstrando não terem limites e nem valores e não seguindo as regras,

    estabelecidas pela escola.

    As percepção de indisciplina dos 85% dos professores desta escola

    corroboram com o conceito de Fernandes (1981, p. 731) para quem a indisciplina é

    “falta de disciplina; desordem; desobediência; rebelião” e também a disciplina é “o

    conjunto de regras destinadas a manter a boa ordem em qualquer organização;

    obediência à autoridade; observância de normas ou preceitos” (p. 469).

    Concordam ainda com Parrat-Dayan (2008, p.20) que conceitua a disciplina

    como “um conjunto de regras e obrigações de um determinado grupo social e que

    vem acompanhado de sanções nos casos em que as regras e/ou obrigações forem

    desrespeitadas” (p.20).

    Temos então que analisar a questão da indisciplina, abordando apenas

    alguns de seus aspectos de forma isolada, não contribui para uma reflexão mais

    profunda desta problemática, que muitas das vezes se apresenta como um sintoma

    ou pode estar denunciando problemas que vem ocorrendo no processo de ensino e

    aprendizagem, e que a escola não está percebendo.

    E neste sentido Franco (1986, p. 63) nos coloca que:

  • Reduzir o problema da disciplina nas escolas a faltas cometidas pelos alunos, pouco contribui para a compreensão dessa problemática, isso porque a disciplina não pode ser entendida de maneira estanque, como se fosse algo que dissesse respeito a este ou àquele elemento envolvido com o processo de ensino e aprendizagem. A disciplina ao contrario, diz respeito a todos os elementos envolvidos com a prática escolar e precisa ser compreendida como algo necessário para atingir um fazer pedagógico coerente e eficaz, estando, dessa maneira, intimamente relacionada à forma como a escola organiza e desenvolve seu trabalho.

    O resultado nos revela também que 11% dos professores já concebem a

    indisciplina de forma mais abrangente, envolvendo as questões sociais, econômicas,

    culturais, de metodologia e de organização da escola.

    Neste sentido acreditamos que a concepção de indisciplina apresentada por

    esse grupo de professores vem de encontro com as idéias de Franco (1986, p. 62)

    A disciplina, todavia, não pode ser entendida como se tivesse uma finalidade educativa em si mesma. Nesse sentido, não pode ser puramente exterior, baseada num conjunto de regras de conduta, normas disciplinares e hierárquicas rígidas. Ao contrário a necessidade da disciplina aparece não por mero autoritarismo ou arbitrariedade dos responsáveis pela condição do trabalho escolar, mas como condição indispensável para conduzir uma pratica pedagógica comprometida com os anseios das classes trabalhadoras e com o estabelecimento de uma sociedade igualitária. Dessa forma a disciplina deve passar por um processo de construção, uma vez que toda comunidade escolar sinta sua necessidade.

    Acreditamos que não existe uma receita pronta para se trabalhar com a

    indisciplina na escola, mas concordamos com o autor citado acima que uma forma

    eficiente de enfrentar esta problemática é realmente um processo de construção da

    disciplina que envolva toda a comunidade escolar, podendo assim abranger os

    interesses e necessidades do contexto da escola.

    Frente ao que foi exposto até então, podemos perceber que a indisciplina não

    é um fenômeno nato, mas é algo aprendido, que surge a partir das inúmeras

    influências sofridas pela criança ao longo de seu desenvolvimento moral.

    Nesta perspectiva, cabe ressaltar o que nos diz Tiba: “disciplina não é

    obediência cega às regras, com um adestramento, mas um aprendizado ético, para

    se saber o que deve ser feito, independente da presença dos outros (2006, p. 15)

    Portanto vemos que o conceito de indisciplina não pode ser extremista e nem

    mesmo consensual, pois este depende das implicações sociais, econômicas,

    culturais, metodológicas e de organização da escola, devendo ser portanto mais

    abrangente.

    2.1.2 Questão nº 2 Causas da indisciplina

  • A questão de nº 2 procurou investigar quais as causas mais prováveis da

    indisciplina na escola.

    Das respostas dadas pelos 45 professores entrevistados, 70% nos apontam

    que as maiores causas da indisciplina, nesta escola são: pouca vigilância do espaço

    escolar, castigos pouco severos aos alunos, problemas familiares, desinteresse do

    aluno pelo estudo, pais que não educam seus filhos e principalmente a falta de um

    trabalho formativo-preventivo da indisciplina na escola. Apenas 30% apontaram que

    aulas pouco atrativas, metodologias inadequadas do professor e professores que

    não dominam a turma também são causas da indisciplina na escola.

    Este resultado nos mostra que as causas da indisciplina apontadas pela

    maioria dos professores estão focadas na família e no aluno, sendo que apenas uma

    minoria percebe que a escola quando não se organiza e também o professor quando

    não cumpre com competência seu trabalho, podem contribuir e muito com a

    indisciplina escolar.

    Concordando com Vygotski (1987) para quem “a educação tem papel crucial

    sobre o comportamento e o desenvolvimento das funções psicológicas,” podemos

    afirmar a indisciplina é algo aprendido e não nato na criança e que, portanto, “a

    criança é educada por um conjunto de instituições que ela freqüenta”. (MORAES E

    PESCAROLLO 2008)

    Concebendo a indisciplina como processo em construção, temos em Moraes

    e Pescarolo (2008, p. 1) que citam (Durkheim (1997{1895}; Berger e Luckmann

    1985) colocando a premissa de que “os jovens são a imagem e semelhança da

    sociedade em que vivem e das instituições, que freqüentam, vale dizer dos

    processos de socialização e sociabilidade que juntos formam e atualizam os seres

    sociais”

    Portanto o que queremos afirmar é que o jovem é “fruto” e reflexo das

    experiências que vivencia nas diferentes instituições sociais que freqüenta como:

    escola, família, clubes sociais e outros, na sociedade em que está inserido e neste

    sentido todos são responsáveis pela construção da disciplina.

    Ainda segundo Moraes e Pescarollo (2008, p.1-2) três elementos são

    fundamentais na formação do jovem: o primeiro é de que os jovens são resultados

    da socialização a que foram submetidos, sendo seus defeitos e virtudes reflexos dos

    adultos que o conduziram; o segundo é de que a responsabilidade da formação dos

  • jovens é de toda a sociedade (do conjunto de instituições que a constituem: escola,

    família, trabalho entre outras); e o terceiro é que a “formação do jovem depende da

    capacidade da sociedade na qual ele vive, de orientá-lo para o que é entendido

    como seus valores, sejam eles positivos ou negativos”

    Esses elementos colocados por Moraes e Pescarollo (2008, p. 2) nos

    demonstram cada vez mais que a indisciplina não deve ser vista como um problema

    gerado no contexto escolar, sendo assim exclusivo da escola. Percebemos que este

    é um fato social e que deve ser analisado a partir da estrutura da sociedade como

    um todo, para que possamos entender sua origem, suas causas e então buscarmos

    formas mais eficientes de enfrentamentos no espaço escolar.

    De acordo ainda com Moraes e Pescarollo (2008, p. 2) a família tem papel

    fundamental na formação dos jovens, mas não é a única responsável por esse

    processo, então não nos cabe culpá-la pelo fracasso dessa formação assim como a

    nenhuma das instituições sociais em específico, julgando quem tem maior culpa.

    Cabe-nos sim dizer que a o fracasso da formação dos jovens deve ser atribuído ao

    conjunto das instituições sociais que estes frequentam.

    Focando ainda no resultado da pesquisa temos que a indicação da falta de

    um trabalho preventivo, com relação á indisciplina é bastante relevante no

    enfrentamento dessa problemática.

    O que deveras nos entristece é o fato de somente 30% dos professores

    menciona a questão metodológica como uma das causas da indisciplina, pois isto

    demonstra a grande dificuldade, por parte do professor de se auto avaliar, quando o

    que temos visto no interior das escolas nos aponta para questionamentos profundos

    com relação às metodologias utilizadas, no sentido destas darem conta das

    demandas, exigências e necessidades dos alunos, pois no contexto histórico atual,

    “com as constantes mudanças sociais, a velocidade da informação de massa, o

    acesso a internet”, como é destacados por Outeiral (2001), permitem ao indivíduo

    ficar melhor informado e mais exigente perante as informações que recebe.

    Temos então, um novo perfil de aluno mais dinâmico, informado, em busca

    de “coisas” diferentes, enquanto que a escola ainda centraliza seu trabalho

    pedagógico no caderno, livro didático, quadro e giz, questionando muito pouco sobre

    sua prática, sua eficiência metodológica e relações inter pessoais.

    2.1.3 Questão nº. 3 Formação continuada

  • A questão de nº 3 pesquisou se os professores já haviam participado de

    cursos de formação sobre indisciplina.

    O resultado demonstrou que somente 2% dos professores já haviam

    participado de cursos e eventos que trataram da questão da indisciplina, o que vem

    a ser um índice muito baixo, nos revelando, portanto que existe uma fragilidade de

    estudos e discussões com relação ao tema e a necessidade de uma intervenção,

    neste sentido. Desse modo, “entendendo a indisciplina como um traço constituído a

    partir das interações que se estabelecem no espaço social da escola, o fato de que

    pensar sobre a indisciplina é pensar na necessidade de se atuar na formação

    continuada de professores”. (GUIMARÃES, 1996).

    Sendo assim julga–se de extrema importância e necessidade que a escola

    promova constantemente a formação continuada dos professores, por meio de

    encontros pedagógicos, grupos de estudos e semanas de capacitação para que haja

    reflexões e trocas de experiências com relação ás problemáticas que esta enfrenta

    no seu cotidiano.

    Concordamos com Nóvoa (1995) quando diz que “a formação de professores

    é algo necessário para implementar uma reforma educativa e produzir inovação

    pedagógica na escola”.

    Porém, não podemos ser ingênuos, ao ponto de acreditar que somente a

    formação docente garantirá a resolução eficiente de todos os problemas da escola.

    Ressaltamos que esta formação deve estar agregada à uma práxis de repensar

    constantemente e dialeticamente a prática pedagógica, juntamente com um projeto

    político pedagógico que intencione a inovação pedagógica da escola.

    2.1.4 Questão nº. 4 Estratégias para lidar com indisciplina.

    A questão de nº 4 procurou saber na opinião dos professores quais as melhores estratégias para se lidar com a indisciplina. O resultado demonstrou que

    100% dos professores acreditam que seria: atuar sempre que o problema surgir;

    encaminhar e realizar um trabalho coletivo envolvendo pais, alunos, professores e

    equipe diretiva da escola.

    O resultado obtido nos mostra que apesar de estarem focados no aluno, com

    relação à indisciplina, os professores têm consciência de que é necessário um

  • trabalho coletivo no enfrentamento da indisciplina escolar, para que se tenha

    sucesso e êxito no resultado.

    Concordam com Gramsci (1976 apud Franco 1986, p. 63) para quem “a

    disciplina não pode ser entendida como uma imposição externa e contrária aos

    anseios da coletividade, mas sim, como um meio necessário para esta crie e

    encaminhe uma assimilação responsável e lúcida das diretrizes”.

    2.1.5 Questão nº 5 Ações mais eficientes no enfrentamento da indisciplina

    Na questão de nº 5 procurou–se saber quais as ações os professores

    classificariam como as mais eficientes no enfrentamento da indisciplina no espaço

    escolar. O resultado apontou que 95% dos professores elegeram o encaminhamento

    do aluno para a orientação educacional como sendo a melhor forma de enfrentar os

    casos de indisciplina. 2% dos professores acreditam que os alunos indisciplinados

    devem ser atendidos constantemente por um tutor. 2% elegeram o contrato/

    negociação e 1% apontou a campanha de sensibilização.

    Pelos resultados obtidos podemos perceber que mais uma vez o professor

    procura se eximir da responsabilidade, apontando que a melhor forma de combater

    a indisciplina é encaminhar os casos à orientação educacional. Agindo dessa forma

    a escola estará perdendo uma oportunidade preciosa de discutir os casos que

    surgem, pois delegará somente a um setor da escola a solução para esta

    problemática tão complexa.

    Percebemos ainda que o contrato negociação seja uma prática pouco

    apreciada entre os professores, o que é lamentável, pois se acredita que esta é uma

    forma de garantir a participação, principalmente dos alunos na construção da

    disciplina escolar, sendo que quando participam se sentem mais compromissados,

    envolvidos e co-responsáveis pelas decisões tomadas no conjunto.

    2.1.6 Questão nº 6 Medidas corretivas utilizadas pela escola

    Com a questão de nº 6 intencionou-se descobrir quais as medidas corretivas

    mais utilizadas pela escola nos processos indisciplinares dos alunos. 95% dos

    professores disseram que seria a repreensão verbal e a suspensão das aulas e 5%

    citaram que o diálogo e o aconselhamento são bastante utilizados.

  • As respostas obtidas nos apontam para o fato de que é habitual na escola os

    docentes acreditarem que somente irão conseguir o controle dos alunos em sala de

    aula se fizerem uso de recursos coercivos e punitivos no enfrentamento de casos de

    indisciplina em sala de aula.

    De acordo com Aquino (1996, p. 39)

    Tradicionalmente, o fundamento do trabalho pedagógico, em sala de aula, residia na autoridade intelectual formal dos professores, na sua posição hierárquica, superior, mesmo quando estavam pouco preparados para o magistério. Em complemento, as respostas sobre o que fazer em relação à indisciplina e violência nas escolas estavam associadas a uma perspectiva de controle e punição.

    Mesmo nos dias atuais ainda é muito comum encontrarmos professores que

    associam a solução da indisciplina escolar ao controle do comportamento do aluno,

    por meio de punições, por não acreditar que o uso do diálogo possa ser eficiente,

    seja por este não apresentar resultados imediatos, pois exige um processo e

    dedicação contínua.

    2.1. 7 Questão nº 7 Eficiência das medidas corretivas

    A questão de nº 7 investigou se os professores consideram as medidas

    corretivas adotadas pela escola eficientes. O resultado revelou que 60% dos

    professores acreditam que não e 40% que sim. Os professores que responderam

    “não” justificaram que os resultados alcançados com a ação da escola são

    insignificantes diante de tantos casos de indisciplina que tem se apresentado e que

    falta um trabalho coletivo e preventivo com relação à indisciplina. Os que

    responderam “sim”, justificaram dizendo que a escola faz o que pode com os

    recursos que possui.

    O resultado obtido nos mostra que o professor tem percebido a necessidade

    de um trabalho preventivo e coletivo, no enfrentamento da indisciplina, uma vez que

    a forma fragmentada com que a escola vem tratando desta questão não tem

    apresentado resultados satisfatórios.

    Corroborando com Vasconcellos (2001) temos Garcia (1999) para quem:

    Os casos de indisciplina escolar têm se mostrado um problema de responsabilidade de toda a comunidade escolar. É de extrema importância

  • a atenção que deve ser dada a essa questão, pois se percebe um avanço em todas as séries/anos das escolas públicas e privadas. È necessário buscar alternativas válidas para combater a indisciplina em todos os ambientes escolares. Este processo que requer meses ou mesmo anos de trabalho coletivo, deverá incorporar a criação de grupos de trabalho responsáveis por avaliar, planejar e desencadear determinadas mudanças e avanços na escola.

    Entretanto o que se percebe na prática, é que esta é uma experiência

    vivenciada por pouquíssimas escolas, sendo que o que se vê é um trabalho

    extremamente fragmentado, onde cada um procura cumprir apenas sua função,

    fazendo o que lhe é atribuição, em detrimento de um trabalho voltado à coletividade.

    Este processo, uma vez que coletivo, permite que o aluno se sinta

    responsável pelo sucesso de seu desempenho escolar e tenha plena consciência de

    que para alcançar tal feito é de extrema importância e necessidade um grau elevado

    de disciplina.

    Portanto temos a compreensão de que esse trabalho coletivo é um processo,

    que não se efetiva do dia para a noite e que requer estudos, reflexões e pessoas

    que além de acreditar no sucesso tenham um compromisso com a qualidade da

    educação.

    A realização desta pesquisa preliminar permitiu perceber a fragilidade da

    escola, que se revelou na imensa falta de estudos, reflexões e discussões em torno

    da temática abordada, apontando ainda a necessidade de se pensar num projeto

    coletivo de enfrentamento da indisciplina escolar. A partir dessas constatações foi

    possível pesquisar ações que viessem de encontro com essas necessidades tão

    prementes demonstradas pelos professores, surgindo assim o projeto de

    intervenção voltado para a formação continuada dos mesmos, por meio de aulas

    oficinas, as quais serão relatas na sequência.

    2.2 A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES COMO FORMA DE ENFRENTAMENTO DA INDISCIPLINA ESCOLAR

    O projeto de intervenção foi aplicado no período de agosto a dezembro de

    2012, tendo como material didático um caderno pedagógico intitulado “Estudar e

    refletir sobre a indisciplina na busca de enfrentamentos coletivos”, composto por dez

    sessões sendo que cada uma delas apresenta textos e atividades práticas além de

    reflexões sobre os diferentes aspectos da indisciplina.

  • O projeto previa dez oficinas pedagógicas com duração de aproximadamente

    de 2 horas, sendo realizados semanalmente com mais ou menos 20 professores.

    Mas na prática aconteceram cinco oficinas num único dia de encontro pedagógico,

    previsto em calendário, cedido pela direção da escola, envolvendo 60 professores e

    as cinco restantes semanalmente, com a freqüência variando entre 20 a 25

    professores.

    Cabe ressaltar que os textos utilizados para estudos e reflexões nas oficinas,

    assim como as atividades, encontram–se no caderno pedagógico, citado acima,

    produzido pela professora PDE na segunda etapa do programa.

    2.2.1 1º ENCONTRO: CONCEITUANDO DISCIPLINA E INDISCIPLINA

    O primeiro encontro teve como objetivos:

    • Apresentar e discutir os diferentes conceitos de disciplina e indisciplina

    escolar, com a finalidade de possibilitar ao professor desconstruir

    conceitos estáticos;

    • Elencar coletivamente os comportamentos indisciplinados mais

    frequentemente apresentados pelos alunos desta escola, na sala de

    aula;

    • Reelaborar o conceito de indisciplina;

    Para tanto foi utilizado um texto abordando diferentes conceitos de indisciplina

    e ainda fez–se uso dos conceitos de indisciplina dos professores, obtidos por meio

    da aplicação do questionário, a partir dos quais se procederam as leituras e

    discussões.

    No início do encontro os professores do grupo, demonstraram estar um pouco

    apreensivos, portanto inibidos. Mas após as leituras e reflexões dos textos as

    discussões foram ganhando maior cunho de embasamento teórico, sendo que

    muitos admitiram ter uma visão estreita do tema e a concordar com Rego (1996, p.

    87) quando diz que:

    O modo como interpretamos a indisciplina (ou a disciplina), sem dúvida acarreta uma série de implicações à prática pedagógica, já que fornece elementos capazes de interferir não somente nos tipos de interações estabelecidas com os alunos e na definição de critérios para avaliar seus

  • desempenhos na escola como também no estabelecimento dos objetivos que se quer alcançar.

    A princípio os professores demonstravam ter uma percepção de indisciplina

    como sendo privilégio do aluno corroborando com Franco (1986, p. 62. 63) quando

    este diz que “o professor quando discute indisciplina na escola se refere

    exclusivamente ao aluno”

    No decorrer das leituras dos textos e discussões, o grupo de professores já

    começava a acreditar em outras possibilidades de conceber a indisciplina,

    concordando com Garcia (2000, p. 102) que:

    O conceito de indisciplina apresenta uma complexidade que precisa ser considerada. É preciso, por exemplo, superar a noção arcaica de indisciplina como algo restrito à dimensão comportamental. Ainda, é necessário pensa–la em consonância com o momento histórico desta virada de século.

    Na sequência escolheram alguns artigos que tratavam do conceito de

    indisciplina e em grupos realizaram a leitura dos mesmos fazendo um levantamento

    das atitudes consideradas indisciplinadas mais comuns apresentadas pelos alunos

    da escola, sendo que foram elencadas, dentre tantas:

    • Não fazer as atividades e nem tirar o material da bolsa:

    • Chegar atrasado;

    • Importunar os colegas com brincadeiras inadequadas;

    • Não trazer o material necessário às aulas;

    • Fazer uso do celular durante as aulas;

    • Faltar seguidamente nas aulas;

    • Depredar o patrimônio público;

    • Sair da sala de aula sem a devida permissão do professor;

    • Faltar o respeito com colegas e professores;

    • Cometer bullyng;

    • Agredir fisicamente o colega;

    • Gazear as aulas;

    • Fugir da escola, pulando o muro;

    • Conversar muito na sala de aula;

  • • Furtar o material do colega;

    • Furtar o lanche do colega;

    • Não fazer as atividades propostas em sala de aula;

    • Debochar de professores e colegas;

    As discussões que permearam esse levantamento foram muitas, pois se

    questionavam bastante se realmente poderia considerar essas atitudes como

    indisciplina.

    Para finalizar o encontro um dos grupos de professores elaborou um conceito

    de indisciplina que procurou traduzir a concepção da escola ficando assim redigida:

    “Reação ou resistência á ordem estabelecida, pois o aluno não está contente ou

    satisfeito com a situação de aulas mal planejadas, falta de conhecimento dos

    professores e de didáticas que o possibilite realizar aulas mais dinâmicas,

    contextualizadas e interessantes”.

    Podemos perceber que esse conceito não centra mais a indisciplina no

    comportamento apresentado pelos alunos, mas sim na metodologia usada pelo

    professor. Apesar de ser ainda um conceito centralizador, pois:

    Um entendimento suficientemente amplo do conceito de indisciplina escolar integra diversos aspectos, não estando, portanto restrito apenas à dimensão comportamental. Podemos situá-lo no contexto das condutas dos alunos nas diversas atividades pedagógicas dentro e fora da sala de aula, sob a dimensão dos processos de socialização e relacionamentos que os alunos exercem na escola e ainda no contexto do desenvolvimento cognitivo dos alunos. (GARCIA, 1999)

    Acreditamos ser um avanço e isto se deve às leituras e discussões realizadas neste dia.

    2.2.1.1 Resultados percebidos

    Este primeiro encontro evidenciou a necessidade que os professores têm em

    compreender realmente o contexto da indisciplina na sala de aula, ou seja, entender

    os seus diferentes aspectos, procurando elucidar quais as suas causas eminentes,

    qual sua relação com as transformações sociais, econômicas e culturais, pelas quais

    o mundo atual tem passado, qual sua relação com a metodologia do professor, com

    a organização da escola e com a educação recebida nas diferentes instituições

    sociais que o aluno freqüenta.

  • Demonstraram ainda a preocupação em buscar ações que sejam eficientes

    no enfrentamento da indisciplina e que dêem resultados a curto, médio e longo

    prazo. Percebeu–se também um grande avanço nas discussões e no modo de

    conceber a indisciplina escolar. Podemos assim afirmar que foram momentos de

    muitas reflexões e questionamentos acerca da realidade que a escola enfrenta com

    relação à indisciplina escolar, que suscitaram o desejo da equipe em buscar

    alternativas para os diferentes aspectos da indisciplina apresentados pela escola,

    nos dias atuais.

    2.2.2 2º ENCONTRO: A INDISCIPLINA DOS DIFERENTES SEGMENTOS DA

    ESCOLA

    O segundo encontro teve como objetivo:

    • Apresentar algumas formas de indisciplina cometidas pelos diferentes

    segmentos da escola, procurando desmistificar que esta é

    exclusividade dos alunos:

    Para a realização deste encontro inicialmente foi realizada a leitura de textos,

    sendo que na medida em que elas iam acontecendo, os professores começavam a

    concordar que muitas vezes, quando consideram a si como detentores do saber e

    seres inquestionáveis pelo aluno, quando não realizam planejamento ou usam em

    suas aulas constantemente a mesma metodologia (quase sempre inadequada),

    quando estão desmotivados fazendo somente o essencial e não se envolvem

    completamente com o processo de ensino e aprendizagem mostrando interesse e

    afetividade para com o aluno e compromisso com a sua função também estão

    cometendo atitudes indisciplinadas.

    Corroboraram com Aquino para quem:

    A indisciplina parece ser uma resposta clara ao abandono a habilidade das funções docentes em sala de aula, porque é só a partir do seu papel evidenciado corretamente na ação em sala de aula que os alunos podem ter clareza quanto ao seu próprio papel, complementar ao do professor (1998, p. 8)

    Concordaram ainda que a escola a indisciplinada da escola ocorra quando

    muitas vezes, o que presenciamos no seu interior é a total falta de organização dos

    seus diferentes setores, o que se traduz em desrespeito ao aluno, ocasionando e

  • propiciando o surgimento de uma série de atos indisciplinado pelos alunos, como por

    exemplo: quando na falta de um professor os alunos sequer são comunicados além

    de serem deixados sem atendimento na sala de aula para fazerem o que bem

    entenderem. O aluno que passa então a fazer uma leitura dessas ações e, muitas

    vezes, a julgar a escola como incompetente e desorganizada perdendo seu prestígio

    para com esse aluno. Outra questão fundamental diz respeito às regras escolares

    que, muitas vezes, são impostas para os alunos, mas não estão claras.

    Manifestações de indisciplina podem ser decorrentes do descontentamento com

    essas regras e pela não compreensão das mesmas. O não entendimento das regras

    pode reverter em tomadas de decisões indevidas com relação ao grupo de alunos.

    Apoiaram também a idéia de que os pais cometem indisciplina na medida

    em que apresentam dificuldades em conduzir seus filhos para um “bom caminho”,

    em impor-lhes responsabilidades, estabelecer limites, fazer-se respeitar, pois são

    eles os verdadeiros educadores, não podendo se eximir da função de pais.

    .A interpretação psicanalítica utilizada na educação sugerindo que as dificuldades de aprendizagem estariam ligadas a problemas emocionais ou traumas vividos na infância mostra que a educação, dada aos filhos, é atualmente muito permissiva, pelo medo do uso do autoritarismo e com dificuldades para o estabelecimento de limites, normas ou mesmo valores individuais e coletivos. (PERIN e CORDEIRO, 2002).

    Mas muitas são as famílias, que delegam papéis à escola, os quais não

    condizem com as competências dos que estão envolvidos na área educacional.

    Concordando com Aquino (1998) quando diz queA escola e família exercem papéis distintos no processo educativo. Evidencia-se uma confusão de papéis. A principal função da família é a transmissão de valores morais às crianças, já à escola cabe a missão de recriar e sistematizar o conhecimento histórico, social, moral.

    Temos então que é prioridade da família passar valores humanos e éticos

    no desenvolvimento moral da criança, contribuindo assim para a formação de um

    ser humano mais justo e comprometido com a sociedade em que vive, mas que

    muitas das vezes esta tem se eximido deste papel e o delegado à escola.

    Após as leituras e discussões os professores em grupos, escolheram um

    dos segmentos, montaram e apresentaram uma peça teatral envolvendo a

    indisciplina de um determinado segmento

  • 2.2.2.1 Resultados percebidos

    Os estudos dos textos e as discussões possibilitaram ao professor perceber

    que a indisciplina não é privilégio somente dos alunos e que assim sendo temos que

    ter paciência e tolerância com algumas atitudes apresentadas pelos alunos na

    escola e ainda procurar transformar estas situações em momentos de auto reflexão

    para os mesmos. Isto ficou claro num depoimento dado por uma professora dizendo

    que: “Estudando este texto podemos refletir sobre nossa própria prática pedagógica

    e percebemos que muitas vezes, oportunizamos a indisciplina dos alunos quando

    somos indisciplinados deixando a desejar na nossa função, sendo muitas vezes

    arbitrários, sem compreender melhor as atitudes dos alunos”

    Os grupos conseguiram representar situações peculiares da escola, e então

    oportunizar uma análise e discussão mais coerente da realidade escolar.

    Nas discussões realizadas, percebemos a necessidade que temos de fazer

    mudanças no comportamento dos diferentes segmentos da escola, pois o sucesso

    de um depende do empenho do outro para que o aluno tenha êxito em seu

    desempenho escolar.

    A visão de que todos os segmentos da escola podem e apresentam atitudes

    de indisciplina, contribuiu significativamente para a percepção de que somos

    passíveis de erro e ainda de como o adulto se presta de modelo para a educação

    das crianças.

    2..2.3 3º ENCONTRO: CAUSAS DA INDISCIPLINA

    O terceiro encontro teve como objetivo:

    • Apresentar algumas possíveis causas da indisciplina escolar com a

    finalidade de detectar quais as mais condizentes com a realidade da

    escola e de demonstrar que não existe um único culpado pela

    existência da mesma;

    Como vimos no resultado da pesquisa, o grupo trabalhado acreditava ser a

    família, o desinteresse dos alunos, pouca vigilância no espaço escolar, castigos

    poucos severos e a falta de um trabalho preventivo as causas mais prementes da

  • indisciplina na escola, sendo que após a leitura e estudo dos textos essa percepção

    foi sendo modificada.

    Após as leituras e discussões foi exibido o filme “Mentes Perigosas”

    (DIREÇÃO: JOHN N. SMITH, ANO 1995, PAIS; EUA) para uma reflexão do papel da

    família, da sociedade e da escola na construção da disciplina.

    Como atividade desse encontro, os professores escolheram um dos aspectos

    da indisciplina, abordado no filme, e fizeram um texto comparando o apresentado

    com a realidade vivida pela escola num processo dialético. Os resultados dos grupos

    foram discutidos num seminário.

    Os professores julgaram o filme importante, por tratar de uma realidade tão

    pertinente, porém julgaram-no fantasioso no que se refere a prática pedagógica da

    professora, mas apreciaram o roteiro que permitiu uma discussão profunda das

    atitudes dos alunos, dos pais e da própria escola no enfrentamento da indisciplina.

    Os grupos acabaram por escolher as cenas que envolviam a questão familiar,

    na produção da indisciplina, pois demonstraram acreditar que é a família a maior

    responsável pela educação dos filhos, consequentemente pela indisciplina da

    criança.

    Poucos foram os grupos que escolheram as cenas que demonstravam a

    metodologia como sendo a responsável pela indisciplina na sala de aula. Este fato

    gerou bastante polêmica no seminário e o grande grupo já se mostrava bastante

    dividido com relação a esta questão.

    Deixaram muito claro que julgam quase que impossível o envolvimento do

    professor com a família, da forma como foi apresentado no filme, seja pela falta de

    tempo, de preparo para lidar com conflitos tão complexos e ainda pela questão da

    frustração por não poderem solucionar de fato o problema.

    Ressaltaram ainda que as causas apresentadas no filme sejam pertinentes a

    realidade do cotidiano escolar e que é a complexidade das causas que dificulta um

    trabalho eficiente no enfrentamento da indisciplina.

    2.2.3.1 Resultados Percebidos

    Percebeu–se que houve a compreensão, pelos professores, das causas

    externas e internas da escola no que diz respeito à indisciplina. Houve ainda um

    consenso com relação às possíveis causas da indisciplina na escola de intervenção

  • Os professores demonstraram compreender que não existem causas isoladas

    de indisciplina, mas que esta existe a partir de uma complexidade de fatores.

    2.2.4 4º ENCONTRO: O DESENVOLVIMENTO MORAL DA CRIANÇA: A

    CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA

    O quarto encontro teve como objetivos:

    • Estudar as fases do desenvolvimento moral da criança;

    • Compreender que a moral é construída, que a criança não nasce

    pronta e que o adulto é fundamentalmente responsável pelo

    desenvolvimento moral da criança;

    • Reconhecer que se deve trabalhar no sentido de promover a

    autonomia da criança;

    Neste encontro os estudos e as leituras tiveram a finalidade de levar o

    professor ao conhecimento da existência das fases do desenvolvimento moral,

    assim como das características peculiares de cada uma delas, como forma deste

    compreender melhor como deve ser sua ação educativa em cada faixa etária para

    contribuir significativamente na construção da autonomia pela criança.

    Após as leituras e discussões a professora PDE exibiu uma sessão de slides,

    sendo que seu conteúdo abordava a teoria de Piaget (1994) “O juízo moral da

    criança” que trata de como se dá o desenvolvimento moral da criança

    Os slides traziam ainda sugestões de atitudes do professor em sala de aula

    que auxiliam no desenvolvimento da autonomia da criança.

    Como atividade prática os professores assistiram o vídeo “Chilrem see,

    chilrem do” (WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=jqrZK4ZZw2 MIN – 30 OUT.2007),

    e em grupos produziram um texto refletindo sobre o papel do professor na

    construção da moral da criança.

    Ainda em grupos escolheram uma das fases do desenvolvimento moral e

    fizeram um cartaz representando as principais características da criança nesta fase

    e fazendo menção de como o adulto deve proceder com a criança em cada uma

    delas.

    2.2.4.1 Resultados Percebidos

    http://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=jqrZK4ZZw2

  • Os professores demonstraram que o fato de conhecer e entender as

    diferentes fases da educação moral, pela qual a criança passa, permitiu

    compreender melhor muitos dos comportamentos que os alunos apresentam e não

    julgar com tanta veemência os casos de indisciplina.

    Concordaram com a necessidade que temos de contribuir com o

    desenvolvimento da autonomia dos alunos, acreditando que a aquisição desta irá

    influenciar de forma significativa e positiva o processo de ensino e aprendizagem.

    Apreciaram muito o vídeo, e concordaram que o papel do adulto, como

    exemplo para a criança, é inquestionável e que, portanto o professor tem que

    desenvolver suas funções com muita ética profissional.

    Reconheceram que a moral não é inata, mas sim produto da educação,

    portanto destacaram a importância dos pais, professores e da sociedade como um

    todo no ato de educar.

    Os cartazes produzidos conseguiram realmente demonstrar as

    características da criança nas diferentes fases e também indicar as atitudes corretas

    dos adultos em cada uma delas, com a finalidade de desenvolver a autonomia da

    mesma.

    2.2.5 5º ENCONTRO: A RELAÇÃO INDISCIPLINA – ESCOLA - FAMILIA E

    SOCIEDADE

    O quinto encontro objetivou:

    • Demonstrar a relação que a indisciplina tem com os diferentes

    segmentos sociais, ressaltando que as ações destas instituições no

    coletivo é que contribuem mais ou menos para o aparecimento da

    indisciplina no indivíduo.

    Para tanto utilizou – se das obras: ”Educação e Sociologia,” “A Educação

    Moral” e a “Evolução Pedagógica na França” de Émile Durkheim, tal como foram

    comentadas numa Coletânea de Textos do Ministério da Educação e Cultura,

    intitulada Émile Durkheim publicada no ano de 2010, escrita por Jean Claude Filloux, traduzida por Maria Lúcia Salles Boudet e organizada por Celso Carvalho e

    Miguel Henrique Russo. Esses textos servirão de referência para tratarmos dessas

  • relações por acreditarmos que os mesmos fornecem o suporte teórico necessário

    para a compreensão e entendimento de como essas relações acontecem.

    Na sequência foi assistido ao filme “Treino para a vida” (DIREÇÃO: TOMAS

    CARTER, EUA, ANO: 2005) com a finalidade de discutir o papel de cada um dos

    segmentos relacionados, com a construção da disciplina do aluno.

    Como atividade prática os professores em grupos, selecionaram três cenas

    do filme que representavam situações semelhantes vivenciadas na escola e

    produzirem um texto apontando de que forma devem ser encaminhar tais situações

    no cotidiano escolar.

    2.2.5.1.Resultados Percebidos

    Nas apresentações das sínteses do filme os professores demonstraram terem

    compreendido que se deve educar para a vida na coletividade, pois só assim a

    educação terá significado para as crianças e para os adolescentes. Deixaram claro

    que o papel da escola, da família e da sociedade no processo de educar é de

    extrema responsabilidade, pois as ações que estas instituições programam é que

    definirão os tipos de indivíduos que teremos na sociedade. Demonstraram ainda

    uma imensa preocupação com os rumos que estas instituições estão tendo nos dias

    atuais e, portanto com os adolescentes que estão adentrando os espaços escolares.

    2.2.6 6º ENCONTRO: INDISCIPLINA: AUTORIDADE – AUTORITARISMO E

    LIMITES

    O sexto encontro objetivou:

    • Discutir o conceito de autoridade e autoritarismo, diferenciando-os,

    para melhor compreende–los;

    • Compreender a necessidade de limites para a criança, para um melhor

    desempenho na aprendizagem;

    • Analisar a realidade da escola na questão da autoridade do professor;

    sugerindo formas de desenvolvê–las;

  • Para este estudo o texto apresentado dava ênfase ao artigo de Pedro Bode

    de Moraes e Joice Pescarolo (2008) intitulado “Quem tem medo dos jovens”, o qual

    permite uma análise questionadora com relação ao tema abordado.

    Após a leitura e discussão do texto os professores assistiram alguns slides,

    baseados na palestra proferida pela professora Joice, no Projeto não violência3 com

    relação à autoridade do professor. Cabe ressaltar que esses slides apresentavam

    formas do professor adquirir e desenvolver sua autoridade.

    Na sequência os professores leram o artigo na íntegra, discutiram–no e

    produziram um texto refletindo como está o desenvolvimento da autoridade do

    professor na escola, o que deve ser feito para melhorar este processo e ainda quais

    as dificuldades que estes profissionais encontram para exercer sua autoridade

    pedagógica em sala de aula. O resultado das produções foi apresentado em

    plenária.

    Num primeiro momento houve a necessidade de conceituar autoridade o

    quefoi feito a partir dos autores Moraes e Pescarolo (2008, p. 9) que nos explicitam

    ao citarem Max Weber que:A autoridade é uma qualidade derivada da legitimidade. Esta por sua vez seria construída com base na crença ou percepção de que as leis ou orientações legítimas,são boas, por isso referências para a ação do indivíduo ou do grupo. Por isso mesmo é que as pessoas submetidas àquela autoridade obedecem-na, não porque a temem, ainda que o medo possa ser um dos elementos presentes, mas porque acreditam e sentem que os valores que a autoridade representa contribuem para ordenar ou organizar sua existência.

    Sendo que Sennet (2001, p. 30 apud Moraes e Pescarolo 2008, p. 10)

    acrescenta que a autoridade necessária para que o adulto seja respeitado pela

    criança é aquela “autoridade qualidade”, ou seja, “a autoridade que tem o papel de

    orientar e organizar o indivíduo e os grupos” que as instituições e pessoas precisam

    3 O Instituto Não-Violência® é uma Organização Não Governamental (ONG), sem fins lucrativos, que atua com a missão de “desenvolver e fortalecer uma cultura de não-violência por intermédio das escolas”. Criada em 1998 pelo empresário paranaense Roberto Demeterco que, com outros empresários, fundou a Associação Projeto Não-Violência Brasil (APNVB), e que teve a sua Razão Social e logomarca alterados a partir de 2012, passando para: INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PARA NÃO VIOLÊNCIA. Tem como objetivos: tornar a educação para a não-violência uma das prioridades da escola; formar profissionais das escolas e pais para trabalharem os valores de não-violência junto às crianças, adolescentes e jovens;oportunizar que crianças, adolescentes e jovens sejam protagonistas no processo de fortalecimento de uma Cultura de Paz.

  • ter. A partir dessas definições vemos que a autoridade do professor em particular

    perpassa o domínio do conteúdo, dos conhecimentos sistematizados que transmite

    ao aluno, assim como a demonstração de sua competência pedagógica em planejar

    aulas e a maneira como encaminha as situações de indisciplina na sala de aula.

    No decorrer das discussões os professores concordaram com Tiba (1996) de

    que “há falência da autoridade, seja em casa, na escola ou na sala de aula. Na

    maioria das famílias dos alunos tidos como indisciplinados percebe–se o

    autoritarismo ou a permissividade. Sendo que o autoritarismo é diferente da

    autoridade”. Temos que o ideal seria educar no equilíbrio da, ou seja, os pais não

    deveriam agir nem com extremo autoritarismo e nem serem permissivos demais,

    recomendando – se, portanto o uso da autoridade de fato.

    No que diz respeito à falta de limites dos pais para com os filhos e o reflexo

    disto no ambiente escolar os professores concordaram que:

    Estamos vivenciando um momento social onde fica clara a necessidade de serem restabelecidos limites na educação das crianças e dos jovens. Há uma grita geral nesta direção, perpassadas por certo consenso de que eles precisam se “enquadrar”. Frutos de uma geração de adultos que perderam os “mapas de ser pai”, e de uma sociedade altamente complexa e em profunda transformação, marcada por uma crise de valores sem precedentes, parece não haver dúvidas desta urgência. (VASCONCELLOS, 2004, p.44)

    2.2.6.1 Resultados Percebidos

    Este encontro foi particularmente polêmico por se tratar em parte de uma

    questão própria do professor que é a sua autoridade na sala de aula. A grande

    maioria deles concordou que é de fundamental importância o docente ter autoridade

    conforme o conceito estudado, para que consiga desenvolver com competência sua

    prática pedagógica em sala de aula, e que esta tem faltado para muitos professores

    e instituições que também têm a função de educar.

    Nas apresentações dos trabalhos foi unânime a conclusão de que a nossa

    escola tem que dar um salto qualitativo no sentido de desenvolver a autoridade

    docente.

    As sugestões de como desenvolver a autoridade foram bem aceitas pelo

    grupo que, demonstrou entusiasmo em praticá–las.

  • Portanto a partir das discussões levantadas, vislumbrou–se a possibilidade de

    promover encontro com os pais prevendo ações de estudos e discussões com

    relação à autoridade dos mesmos, para que se tenha uma parceria com a família na

    questão de educar de forma mais eficiente a criança e o adolescente.

    2.2.7 7º ENCONTRO: INDISCIPLINA E COERÇÃO

    O sétimo encontro teve como objetivos:

    • Refletir sobre os resultados alcançados com o uso exclusivo da

    coerção no enfrentamento da indisciplina na escola e se esta é a

    melhor maneira para tal;

    • Compreender a necessidade discutir e criar regras coletivas para

    nortear o comportamento das crianças;

    Para tanto foi realizado o estudo de textos, sendo que posteriormente houve a

    discussão em plenária da questão: Até que ponto o uso da coerção é eficaz no

    enfrentamento da indisciplina?

    Os textos nos apontavam nas palavras de Makarenko (1980 apud Franco

    1986 p.65) que “a disciplina deve ser acompanhada da compreensão de sua

    necessidade, de sua utilidade, de sua obrigação, do seu significado de classe”.

    Vemos assim que somente a imposição de regras e a aplicação de coerções para os

    atos indisciplinares dos alunos não dão conta de superar a problemática da

    indisciplina.

    Concordando com Makarenko (1981 apud Franco 1986, p.66) quando diz que

    “a simples obediência não é sinal de uma boa disciplina e não pode nos satisfazer,

    assim como a obediência cega que se exige habitualmente na velha escola”. A partir

    dessa afirmação podemos perceber que obedecer somente pelo ato de obediência,

    não possibilita o crescimento do aluno e nem a internalização de regras, o que ela

    nos proporciona é apenas um alívio momentâneo da indisciplina escolar, o que não

    deve ser a intenção final da escola.

    É ainda Makarenko (1981 apud Franco 1986, p.66) que vai nos dizer que “a

    indisciplina não se cria com algumas medidas disciplinares, mas com todo o sistema

    educativo, com a organização de toda a vida com a soma de todas as influências

    que atuam sobre a criança”. Dessa forma os castigos e outras medidas coercitivas

  • ficam sem efeito, pois só causam medo e temores momentâneos em alguns alunos,

    geralmente os mais obedientes

    Gramsci (1976, apud Franco 1986, p. 64) diz que a “disciplina significa a

    capacidade de comandar de si mesmo de se em impor aos caprichos individuais, às

    vaidades desordenadas, significa enfim uma regra de vida.” Além disso, diz que, “a

    indisciplina significa a consciência da necessidade livremente aceita, na medida em

    que é reconhecida como necessária para que um organismo social qualquer atinja o

    fim proposto”.

    Vemos assim que o aluno deve aceitar as regras a partir do momento que

    tenha consciência de que elas são necessárias para uma boa aprendizagem e de

    que tenha participado da sua construção.

    Gramsci enfatiza a importância da disciplina ao mesmo tempo em que é

    contrário à coerção e à arbitrariedade. Gramsci (1978b, apud Franco 1986, p. 64)

    afirma que “colocar o assento na disciplina, na sociabilidade e pretender toda a via,

    sinceridade, espontaneidade, originalidade, personalidade, eis o que é

    verdadeiramente difícil e ardor”.

    Portanto o ideal de uma escola é realizar um trabalho de construção da

    disciplina, juntamente com a comunidade escolar, de forma coletiva ao invés de ficar

    criando e impondo regras e coerções para os atos indisciplinares dos alunos.

    Como atividade prática os professores foram divididos em 2 grupos e

    representaram teatralmente uma situação de indisciplina sendo resolvida por meio

    da coerção e outra através do diálogo, sendo que os resultados foram discutidos

    pelo grande grupo que acabou por concluir que são poucos os resultados obtidos

    com o uso da coerção e que o uso do diálogo ao longo do tempo contribui para a

    formação da auto disciplina pelo aluno.

    2.2.7.1 Resultados Percebidos

    A plenária foi bastante polêmica, pois ainda uma boa facção dos professores

    acredita que os castigos e imposição de regras são eficientes para o enfrentamento

    da indisciplina pelo professor em sala de aula. Porém serviu também como espaço

    para muitos dos professores argumentarem a favor da busca de alternativas no

    coletivo para o enfrentamento da indisciplina e ainda serem discutidos os resultados

    obtidos com o uso da coerção.

  • O grupo concluiu ainda que seja insatisfatórios os resultados alcançados a

    partir do uso exclusivo da coerção no enfrentamento de indisciplina e, portanto não

    compensa os esforços nesta direção.

    2.2.8 8º ENCONTRO: INDISCIPLINA: A METODOLOGIA E O PROCESSO DE

    ENSINO E APRENDIZAGEM

    Este encontro teve como objetivos:

    • Compreender de que forma a metodologia contribui para a construção

    da disciplina;

    • Reconhecer que a indisciplina interfere negativamente no processo de

    ensino e aprendizagem;

    Para tanto se utilizou da leitura de textos, sendo que na sequência foram

    exibidos slides sobre a aprendizagem significativa, como forma de oportunizar ao

    professor uma reflexão profunda sobre sua prática pedagógica.

    Inicialmente, no encontro podia–se perceber a dificuldade do professor em

    admitir que sua metodologia possa não corresponder com as expectativas dos

    alunos e que, portanto possa também causar indisciplina e concordar com

    Vasconcellos (1996, p.35) quando cita que:

    A metodologia que predomina em sala de aula é a expositiva com a apresentação sistematizada dos conteúdos e repassada de forma linear pelos professores com uma formação acadêmica, linear e segmentada é normal que enfatize a postura transmissora de conhecimento continuando a privilegiar a memorização. Na metodologia expositiva o aluno recebe tudo pronto, não problematiza, não é solicitado a fazer a relação com aquilo que já conhece ou a questionar a lógica interna do que está recebendo e acaba se acomodando. A prática tradicional é caracterizada pelo ensino “blá – blá – blante” salivante, sem sentido para o educando, meramente transmissora, passiva, a - crítica, desvinculada da realidade, descontextualizada.

    Na medida em que os estudos ocorriam, os professores concordavam com

    Makarenko (1978 apud Franco 1986, p. 64) que “a conquista do saber é uma coisa

    tão difícil, árdua e complicada que é impossível atingi-la a não ser com muito

    esforço, trabalho e disciplina”. Nesse sentido é fundamental que o aluno seja

    disciplinado para ter sucesso na sua aprendizagem.

  • Gramsci (1976, apud Franco 1986, p. 63) afirma que “a escola deve

    assegurar ao aluno, ainda que abstratamente a condição de poder ser dirigente”.

    Ora isso não pode ser alcançado espontaneamente e num clima de liberdade

    entendido de maneira abstrata e metafísica. Ao contrário, o trabalho escolar

    preocupado em propiciar ao aluno as condições para ser dirigente e não subalterno,

    exige esforços trabalho e disciplina. A escola assim não pode ser um local de ensino

    fácil e atraente em todos os momentos, mas um local que, dentro do respeito ao

    aluno, impõe sacrifícios, renuncias e esforços.

    Após muitas leituras e discussões dos textos propostos, os professores

    demonstraram corroborar com Santomé que a ação educativa deve desenvolver

    capacidades para a tomada de decisões, propiciarem aos alunos e ao próprio

    professorado uma reconstrução reflexiva e crítica da realidade, sendo

    “imprescindível uma atenção prioritária aos conteúdos culturais, assim como

    estratégias de ensino–aprendizagem e avaliação para levar a acabo tal missão”.

    (1993, p. 150)

    Como atividade prática foi exibido o vídeo “Estudo Errado“ de Gabriel “O

    pensador” sendo que em grupos deveriam eleger uma das cenas, a qual julgasse

    mais relevante e pertinente a sua realidade e produzir um texto de como esta

    questão está sendo conduzida no espaço escolar.

    2.2.8.1 Resultados Percebidos

    Este encontro permitiu ao professor uma profunda reflexão acerca de sua

    prática pedagógica, no sentido de estar constantemente se capacitando e

    modificando suas ações.

    Tiveram também a oportunidade de tomar conhecimento da aprendizagem

    significativa e de seus benefícios na ação pedagógica.

    2.2.9 9º ENCONTRO: O DIÁLOGO E A AFETVIDADE AMENIZANDO A

    INDISCIPLINA NO ESPAÇO ESCOLAR

    O nono encontro teve como objetivo:

  • • Demonstrar a importância do diálogo e da afetividade no processo de

    ensino e aprendizagem como formas eficientes na amenização da

    problemática da indisciplina na sala de aula.

    Primeiramente os professores fizeram o estudo do texto e posteriormente

    foram exibidos slides com sugestões de atitudes que podem dar certo no trabalho

    pedagógico.

    Como atividade prática os professores produziram pequenas peças teatrais

    utilizando as sugestões de enfrentamento e no grande grupo discutiram os

    resultados, no sentido abordado por Santos (2009, p. 125) que diz:

    O diálogo supõe a argumentação, mais especificadamente disposição para encontrar razão na razão alheia, vontade de escutar. Supõe tentar encontrar razoabilidade na fala do outro, prestar atenção seriamente no que o outro diz e não apenas considerar uma participação meramente figurativa, naquilo que já está previamente acordado.

    Embasaram–se ainda na ideia de que o diálogo é fundamental para um

    processo libertador:

    (...), pois é o encontro em que se solidarizam o refletir e o

    agir de seus sujeitos endereçados ao mundo e ao ser transformado e humanizado, não podendo reduzir-se a um ato de depositar ideias de um sujeito no outro nem tampouco tornar-se simples troca de ideias a serem consumidas pelos permutantes. (FREIRE citado por REBELO, 2003, p.50).

    Assim vemos que o diálogo pode ser uma forma de se estabelecer uma

    relação horizontal entre todos os segmentos da escola, facilitando as relações

    interpessoais e contribuindo positivamente no processo de ensino aprendizagem,

    ajudando a refletir sobre as causas da indisciplina, na busca de possíveis soluções.

    Acredita-se ainda que a afetividade também seja fator primordial para o aluno

    na construção do conhecimento, pois de acordo com Piaget (1994, p.288), “o

    cognitivo e o afetivo são fatores indissociáveis não podendo funcionar um sem o

    outro, toda conduta seja qual for contém necessariamente estes dois aspectos: o

    cognitivo e o afetivo”.

  • A afetividade então é tão fundamental, quanto à metodologia escolhida pelo

    professor, para que realmente o processo de aprendizagem venha a acontecer de

    forma eficiente.

    Piaget (1994, p.67), diz que “podem existir duas interpretações sobre as

    relações estabelecidas entre inteligência e afetividade: a primeira é que o

    conhecimento e as operações cognitivas seriam resultantes da afetividade ou vice-

    versa e a segunda é que a afetividade pode interferir na inteligência acelerando-a”.

    Portanto, no processo de ensino-aprendizagem esses dois fatores (diálogo e

    afetividade) fazem toda a diferença, pois proporcionam mais significados,

    despertando para o prazer de ensinar e aprender.

    Muito pouco se tem visto da prática do diálogo e da afetividade nos espaços

    escolares, na atualidade, seja pelo temor do professor em perder a sua autoridade

    ou perder o controle da situação ou mesmo por não acreditar que estes tragam

    resultados positivos no trabalho com a indisciplina escolar.

    2.2.9.1 Resultados Percebidos

    As representações teatrais possibilitaram ao professor a percepção de que o

    diálogo e a afetividade, no tratamento da indisciplina, são muito mais eficientes do

    que o uso de atitudes arbitrárias, onde o aluno não se percebe como fazendo parte

    do processo.

    Perceberam que o diálogo não se resume em apenas colocações de ideais,

    mas que pressupõe se colocar no lugar do outro, o que é uma prática extremamente

    difícil no ato de educar.

    2.2.10 10º ENCONTRO: O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO COMO ESPAÇO

    POR EXCELÊNCIA DA CONSTRUÇÃO COLETIVA DA DISCIPLINA ESCOLAR

    O décimo e último encontro teve como objetivos:

    • Apresentar o PPP como um espaço por excelência na construção

    coletiva da disciplina escolar;

    • Construir um programa de ações coletivo para o trabalho de

    enfrentamento da indisciplina escolar;

  • Para a efetivação deste encontro os professores foram levados à leitura e

    discussão de textos.

    O desenvolvimento deste tema, neste encontro teve a pretensão de

    demonstrar como o PPP (Projeto Político Pedagógico) pode e deve ser o espaço

    privilegiado para discussão e da disciplina escolar assim como o de propiciar a

    construção de regras e normas que nortearão o comportamento esperados de todos

    os segmentos da escola.

    Desde o início do encontro, o grupo de professores concordava que o coletivo

    da escola tem suas expressões, anseios e necessidades, garantidos e previstos no

    projeto político pedagógico, por este privar pelo planejamento coletivo. Dessa forma

    concordam com Gramsci (1976 apud Franco 1986, p. 64) quando diz que “a

    disciplina fixada pela própria coletividade dos seus componentes, mesmo se tarda a

    ser aplicada, dificilmente fracassa na sua aplicação”. Isto se dá porque toda a ação

    programada parte da realidade vivida pelo estudante, sendo que sua eficiência,

    quando construída no coletivo é muito maior.

    Corroborando com Gramsci temos Makarenko (1978 apud Franco 1986, P.

    63) que defende que:

    Só se alcança a disciplina através do trabalho conseqüente do coletivo da escola, de uma escola onde o aluno se sinta feliz e co-responsável pelo êxito escolar, uma escola em que cada aluno deve, sobretudo, estar convencido de que a disciplina é a forma de melhor conseguir o fim visado pela coletividade.

    Como atividades escolheram diferentes artigos que traziam sugestões de

    como enfrentar a indisciplina escolar e em grupos procederam a leitura e estudo dos

    mesmos. Em seguida os grupos produziram slides, dando sugestões de como

    enfrentar a indisciplina na escola. No grande grupo foi feita uma síntese das

    melhores sugestões para fazer parte do programa de ação coletiva da escola no

    enfrentamento da indisciplina escolar para 2012.

    Vemos assim, que é de extrema importância que a escola esteja organizada

    em seu trabalho pedagógico, assim como em suas instâncias colegiadas atuando de

  • forma bastante participativa no contexto escolar, para que se possa a partir de um

    planejamento coletivo buscar ações para amenizar a questão da indisciplina escolar.

    2.2.10.1 Resultados percebidos

    O programa de ações não foi concluído na íntrega por falta de tempo e por

    demandar discussões vastas das questões envolvidas, sendo que ficou acordado

    que durante os encontros pedagógicos de 2012 iria – se concluir paulatinamente o

    planejamento.

    Do programa de ação foi elaborado um esboço que prevê o desenvolvimento

    permanente e contínuo de um trabalho:

    1. Com os pais, até mesmo a criação da “escola de pais”;

    2. Com os alunos, no sentido do que vem a ser estudar e sua importância;

    3. Com professores, no sentido de promover constantemente sua formação

    continuada para que possa rever sua prática pedagógica;

    4. Com as estâncias colegiadas da escola e com as organizações sociais,

    buscando criar um trabalho em rede, por acreditar que a sociedade tem

    uma parcela de responsabilidade na construção da disciplina escolar.

    Neste encontro também convencionou - se fazer a elaboração no coletivo

    dos professores, do que se decidiu chamar de “contrato disciplinar”, sendo um

    documento a ser criado com a participação dos alunos, envolvendo a criação de

    regras e o estabelecimento de sanções para o caso de rompimento de alguma

    delas.

    Foi ainda discutido um projeto a ser aplicado junto aos alunos do nono ano,

    com o intuito de se perceber qual a concepção de indisciplina e da postura deles

    diante desta questão.

    2.3 O GTR DISCUTINDO E TROCANDO EXPERIÊNCIAS COM RELAÇÃO A INDISCIPLINA NA SALA DE AULA

    Há um provérbio chinês que diz que, “se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando um pão, e, ao se encontrarem, eles trocam os pães, cada homem vai embora com um; porém, de dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando uma idéia e, ao se encontrarem, eles trocam as idéias, cada homem vai embora com duas.” Quem sabe é esse mesmo o sentido do nosso fazer: repartir idéias, para todos terem pão. (CORTELLA, 1998, p. 159)

  • Retomo o referido provérbio chinês, por acreditar que este sintetize o real

    sentido desta etapa do PDE, pois o grupo de trabalho em rede foi um momento

    singular na realização deste programa, por se caracterizar num espaço de plena

    discussão, troca de ideias e experiências entre os professores da rede pública,

    sobre indisciplina escolar, a partir do projeto de intervenção proposto.

    Durante o período de realização do GTR, os professores que participavam,

    tiveram acesso ao projeto de intervenção e também ao material didático, fazendo

    uma análise das produções e opinando na intervenção na escola, assim como

    acompanhar os resultados das ações desenvolvidas.

    Neste caso em particular o GTR foi extremamente gratificante, pois

    possibilitou a pessoa que ora lhes escreve, repensar numa ação dialética o trabalho

    proposto, fazer a leitura de relatos de colegas pedagogos que num breve espaço de

    tempo já haviam realizado, em sua realidade, algumas das oficinas propostas no

    material didático, relatando resultados positivos. Diante disso, pude perceber que o

    projeto de intervenção era exeqüível em diferentes realidades educacionais. Outra

    questão ainda a ressaltar foi o fato de que as contribuições e discussões nos fóruns

    superaram as expectativas, sendo que ficou bastante perceptível que as colocações

    eram de fatos geradoras de discussões e que as participações não estavam sendo

    mero cumprimento burocrático, por parte dos professores.

    Por fim cabe dizer que as ações propostas foram discutidas no coletivo deste

    GTR e que se pode perceber as fragilidades e “pontos fortes” do projeto de

    intervenção, o que proporcionou repensar muitas delas.

    3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

    O período de realização do PDE foi singularmente extraordinário, por isso

    tenho uma fala entusiasmada de todas as suas etapas, pois acredito que poder

    voltar à Universidade para realizar estudos e pesquisas em torno da realidade da

    escola é uma experiência única e privilegiada.

    As quatro etapas cursadas oportunizaram momentos de estudos, pesquisas e

    práticas com relação à indisciplina escolar a partir da participação em seminários e

  • cursos no Projeto Não Violência da UFPR – Universidade Federal do Paraná. A

    participação em seminários e cursos permitiu desconstruir conceitos equivocados a

    respeito de indisciplina e aprendizagem, oportunizando uma nova postura diante

    destas questões.

    A realização do GTR possibilitou trocas de experiências, com relação ao

    enfrentamento da indisciplina escolar. Apesar de ser realizado a distância,

    conseguimos criar um vinculo forte, e também um ambiente de estudos, reflexões e

    discussões, bem agradável e profundo, sendo que a participação nos fóruns de

    debates foi além das expectativas. Mas o mais gratificante foram os relatos de

    muitas cursistas que acabaram realizando partes das ações do meu projeto de

    intervenção e que alcançaram resultados positivos.

    Acredito que a percepção que os professores tinham de indisciplina foi

    modificada, pois já concordam que este é um problema que vai além dos muros da

    escola e que, portanto, sua amenização está na busca coletiva de soluções.

    Para não dizer que só falei de “flores”, neste parágrafo gostaria de colocar

    que tive muitas dificuldades para a implementação do projeto, por este propor um

    trabalho com professores sendo que conciliar os horários dos mesmos, não foi tarefa

    fácil, e neste sentido acredito que os professores do PDE, que optaram trabalhar

    com esta categoria tiveram o mesmo problema. Cabe ressaltar que neste projeto de

    implementação, em particular, consegui o apoio da direção da escola que

    gentilmente me cedeu um encontro pedagógico de oito horas, previsto em

    calendário para desenvolver cinco oficinas para os sessenta professores da escola.

    Nas demais oficinas cabe informar que a frequência variou entre 20 a 25

    professores, isto pela necessidade que sentiam em estudar o tema proposto.

    Podemos afirmar que este fato comprometeu, consideravelmente, a criação

    do programa de ações em relação á indisciplina, pelo seu caráter construção

    coletiva.

    No que diz respeito aos desafios o maior deles, podemos considerar que foi o

    da tentativa e expectativa em torno da desconstr