PARANÁ · 2014. 4. 22. · paranÁ governo do estado secretaria de estado da educaÇÃo – seed...
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PARANÁGOVERNO DO ESTADO
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED
SUPERINTENDENCIA DA EDUCAÇÃO – SUED
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS - DPPEPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
Ficha para Catálogo Artigo Final
Professor PDE 2010
Título Redigindo linhas e trocando idéias sobe indisciplina escolar
AutoraMárcia do Rocio Coutinho Agne
Escola de Atuação Colégio Estadual Princesa Isabel
Município da Escola Cerro Azul - PR
Núcleo Regional de Educação Área Metropolitana Norte
OrientadoraLennita Oliveira Ruggi
Instituição de Ensino SuperiorUniversidade Federal do Paraná - UFPR
Área do Conhecimento/DisciplinaPedagogia
Relação interdisciplinar
Público Alvo Professores
Localização Col. Est. Princesa Isabel - Rua: Romário Martins, 120
Resumo O presente artigo tem como objetivo servir como suporte teórico e prático para o trabalho do profissional pedagogo nas escolas da rede pública,
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com relação à questão da indisciplina escolar. Tendo esta finalidade traz como fator relevante o relato de um projeto de intervenção implementado, numa escola pública do interior do Estado do Paraná, abordando os diferentes aspectos da indisciplina escolar, na formação continuada dos professores. É notório que a indisciplina é atualmente um dos maiores desafios que os envolvidos com o ato de educar enfrentam nos espaços escolares, com o agravante de que por diversos fatores, este tem enormes dificuldades no seu enfrentamento. Sendo assim este artigo propõe um trabalho, no sentido de concretizar a capacitação, principalmente do profissional professor, para o enfrentamento das diferentes situações indisciplina apresentadas pelos alunos em sala de aula. Este trabalho é realizado através de oficinas, com trabalho com textos e práticas que abordam os diferentes aspectos da indisciplina escolar.
Palavras-chave Indisciplina – Oficinas - Coletivo
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REDIGINDO LINHAS E TROCANDO IDEIAS SOBRE INDISCIPLINA ESCOLAR
Autora: Márcia do Rocio Coutinho Agne1
Orientadora: Lenita Oliveira Ruggi2
RESUMO: É notório que a indisciplina é atualmente um dos maiores desafios que os envolvidos com o ato de educar enfrentam nos espaços escolares, com o agravante de que por diversos fatores, esses têm enormes dificuldades no seu enfrentamento e tratamento. A partir de uma pesquisa realizada com professores de uma escola pública do Estado do Paraná ficou evidente a necessidade que esses profissionais têm de estudar e discutir mais profundamente sobre os diversos aspectos que envolvem o tema. Neste sentido o presente artigo tem como objetivo servir de um suporte teórico e prático para o trabalho do profissional pedagogo nas escolas da rede pública, com relação à questão da indisciplina escolar, uma vez que seu conteúdo diz respeito ao relato das ações desenvolvidas a partir do projeto de intervenção implementado com professores de uma escola pública. O projeto de intervenção foi realizado na terceira etapa do PDE por meio da metodologia de aulas oficinas abordando os diferentes aspectos da indisciplina escolar.
Palavras-chave: indisciplina; oficinas e construção coletiva.
1 Graduação e especialização em Pedagogia, atuante como pedagoga no Colégio Estadual Princesa Isabel
2 Graduada em Ciências Sociais, Mestrada em Sociologia e atuante como docente de Sociologia na Universidade Estadual do Paran
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1 INTRODUÇÃO
Há um provérbio chinês que diz que, “se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando um pão, e, ao se encontrarem, eles trocam os pães, cada homem vai embora com um; porém, de dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando uma idéia e, ao se encontrarem, eles trocam as idéias, cada homem vai embora com duas.” Quem sabe é esse mesmo o sentido do nosso fazer: repartir idéias, para todos terem pão. (CORTELLA, 1998, p. 159)
Este provérbio nos reporta à importância da troca de ideias e experiências, no
contexto educacional acerca das diferentes problemáticas que envolvem a escola
como um todo. Dessa forma este artigo tem por objetivo relatar as ações realizadas
durante o período de curso do PDE – Programa de Desenvolvimento Educacional -
principalmente aquelas desenvolvidas no decorrer da etapa de intervenção na
escola, com a pretensão de que venha a se constituir, para o profissional pedagogo,
em uma experiência prática de formação docente, versando sobre a problemática
da indisciplina escolar em seus diversos aspectos, uma vez que esta tem sido
considerada por muitos professores um dos problemas de maior relevância no
contexto escolar.
Pretende-se que este artigo possa subsidiar a prática pedagógica dos
pedagogos, servindo de suporte teórico e prático no trabalho de formação de
docentes abordando os diferentes aspectos que envolvem a indisciplina na sala de
aula. Primeiramente cabe aqui fazer uma breve explanação do que vem a ser o
PDE.
O PDE é um programa governamental oferecido exclusivamente aos
professores da rede pública e do quadro próprio do magistério, sendo que quando
do egresso nesse programa o professor passa por teste seletivo no qual são
analisados os títulos e os cursos realizados pelos docentes.
Acredita-se que o PDE é uma oportunidade única para professor, pois terá a
oportunidade de se afastar da realidade da escola para estudar e pesquisar os
diversos problemas nela existente, procurando possíveis soluções para o
enfrentamento dos mesmos. Temos ainda que outro ponto forte deste programa seja
a possibilidade dada ao professor de retornar para a Universidade, com a finalidade
de estudar e refletir a partir de uma fundamentação teórica, sua prática pedagógica
e a realidade do cotidiano da escola, para então pesquisar e propor ações que
venham de encontro com a necessidade da mesma.
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Todas as etapas deste programa se constituem em oportunidades para o
professor analisar e refletir sobre sua prática pedagógica e a organização do
trabalho pedagógico da escola sob a luz das teorias estudadas, buscando
alternativas para promover a melhoria na qualidade do ensino público do Estado do
Paraná. Sendo assim, faz-se necessário neste momento relatar as diferentes etapas
do PDE para esclarecer a organização do programa e também apresentar as
diversas produções que são de responsabilidade do professor, para que se possa
compreender a sequência do trabalho, que inicia-se com o projeto de intervenção e
finaliza com o artigo. Portanto a etapas acontecem da seguinte forma:
• Na primeira etapa o professor PDE vai para a Universidade participar
de cursos elaborados especificamente para a capacitação necessária
no sentido de promover um embasamento teórico que subsidie as
produções que serão realizadas nas diferentes etapas.
• Na segunda etapa o professor PDE produz um material didático, o qual
tem a função de servir de instrumento para subsidiar as ações
previstas para o processo de intervenção na escola.
• Na terceira etapa o professor PDE volta para a escola e aplica o
projeto de intervenção e também monitora um GTR– Grupo de trabalho
em rede–curso on-line à distância oferecido a todos os professores da
rede pública, organizado, dirigido e monitorado pelo professor PDE,
com a intenção de divulgar e discutir as ações planejadas para uma
análise mais abrangente dos resultados, procurando ampliar a visão de
tudo o que foi feito, buscando elementos que venham a se constituir de
base para uma reflexão mais científica do trabalho realizado.
• Na quarta etapa o professor PDE produz o artigo final onde sintetiza de
alguma forma os trabalhos desenvolvidos e ainda apresenta os
resultados alcançados.
Portanto, neste artigo procuraremos relatar, discutir e refletir sobre as ações,
do projeto de intervenção, realizadas no espaço escolar, procurando caracterizá-lo
como uma experiência positiva no enfrentamento da problemática da indisciplina
escolar.
Cabe ressaltar que a escola, escolhida para a intervenção atravessava um
período extremamente crítico, no que diz respeito ao trabalho com a indisciplina
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escolar, uma vez que não se estava conseguindo encaminhar de forma eficiente os
diferentes casos de indisciplina dos alunos em sala de aula, que se avolumavam
cada dia mais, causando um desgaste emocional para todos os envolvidos.
Dessa forma a escolha do tema “A indisciplina escolar; percepção dos
professores, desafios e possibilidades de enfrentamento” surgiu por meio da
observação do cotidiano do contexto escolar e das inúmeras queixas dos
professores com relação à necessidade de estudar mais profundamente este tema,
a fim de buscar conhecimentos que capacitassem os profissionais da educação para
encarar essa problemática com maior conhecimento e competência.
A indisciplina nos dias atuais é um dos maiores desafios pedagógicos
enfrentados pelos professores na escola. De acordo com Aquino (1996, p.9) “há
muito os distúrbios disciplinares deixaram de ser um evento esporádico e particular
no cotidiano das escolas brasileiras, para se tornarem, talvez, um dos maiores
obstáculos pedagógicos dos dias atuais”. Corroborando com Aquino (1996) Parrat-
Dayan (2008, p.7) afirma que “os problemas de indisciplina manifestam-se com
frequência na escola, sendo um dos maiores obstáculos pedagógicos do nosso
tempo,” dessa forma vemos que esta é uma problemática para a qual não se pode
“fechar os olhos”, mas ao contrário disso, é necessário com a maior urgência
promover, no interior das escolas, discussões acerca do tema buscando possíveis
soluções, no coletivo da escola, para os mesmos.
Os professores quando discutem sobre indisciplina se mostram bastante
preocupados, mas também indignados, pois na opinião da maioria deles, os
comportamentos indisciplinados dos alunos influenciam de forma extremamente
negativa o andamento do trabalho pedagógico desenvolvido na sala de aula.
O fato de trabalhar como pedagoga nesta escola, possibilitou meu acesso às
atas de conselhos de classe, onde pude observar que um considerável número das
reprovações dos alunos justificava-se pela indisciplina apresentada em sala de aula
e que esta influenciava de forma negativa o processo de ensino e aprendizagem.
Oportunizou-me ainda presenciar as queixas de muitos professores que se
diziam “perdidos” sem saber o que de fato fazer para solucionar muitos casos de
indisciplina na sala de aula. Isto só fazia confirmar a tese de que esta escola carecia
de uma fundamentação teórica e prática capaz de subsidiar o professor no
enfrentamento da indisciplina escolar com maior propriedade.
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Frente a este panorama, decidiu-se pela indisciplina escolar, como objeto de
pesquisa e de estudos buscando descobrir quais os maiores desafios que esta
impõe para o cotidiano da escola, quais suas implicações para a prática pedagógica,
qual a percepção dos professores e quais as melhores estratégias para seu
enfrentamento.
Por esse motivo optou–se inicialmente por realizar uma pesquisa de campo,
de caráter preliminar, com a aplicação de um questionário aos professores, para
levantar dados fidedignos da realidade a ser estudada para a elaboração de um
projeto que na sua essência fosse eficiente diante da problemática da indisciplina
escolar.
O resultado da pesquisa foi fundamental no sentido de apontar os rumos a
serem tomados tanto na elaboração do projeto de intervenção, quanto na
fundamentação teórica do estudo.
Os estudos realizados na primeira fase possibilitaram a produção de um
caderno pedagógico, como material didático, intitulado “Estudar e refletir sobre a
indisciplina escolar na busca de enfrentamentos coletivos”.
Este material foi organizado em unidades, as quais foram desenvolvidas por
meio de oficinas com duração de duas horas cada uma. As unidades estavam
estruturadas de forma a iniciarem com um texto de base teórica, e na sequência
apresentavam atividades diferenciadas para desenvolver os conteúdos.
A intervenção ocorreu no segundo semestre de 2011, por meio de oficinas,
realizadas de agosto a dezembro, concomitantemente com o GTR (Grupo de
trabalho em rede). Foram no total dez encontros, que reuniram aproximadamente 25
professores, durante os quais foram realizados estudos, reflexões, discussões e
práticas relacionadas à questão da indisciplina escolar.
Finalmente o resultado da pesquisa, do GTR e dos encontros realizados será
sintetizado, por meio de relatos analíticos neste artigo para que se possa visualizar
melhor como as ações foram desenvolvidas durante as diferentes etapas do PDE.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 A INDISCIPLINA E A REALIDADE ESCOLAR
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A primeira parte deste artigo está reservada para apresentar os resultados e
análise da pesquisa de campo realizada com os professores durante a primeira
etapa do PDE, com o objetivo de levantar dados mais fidedignos da realidade a ser
estudada, assim como detectar os “pontos mais fracos” da questão da indisciplina na
escola. O instrumento utilizado para a pesquisa de campo foi um questionário
contendo questões abertas e fechadas aplicado com 45 professores, perpassando
um total de 85% dos professores que atuam nas séries finais do ensino fundamental.
Dos 45 professores entrevistados 70% são do quadro próprio do magistério e
apenas 30% são de contratos PSS (Processo Seletivo Simplificado), sendo também
que 80% destes trabalham há mais de 15 anos nesta escola.
2.1.1 Questão nº. 1 Conceito de indisciplina
A questão de nº 1 abordou o conceito de indisciplina pelo professor, sendo
que o resultado demonstrou que 85% dos entrevistados, mencionaram a indisciplina
como sendo o comportamento inadequado do aluno, como poderemos constatar
com algumas respostas dadas pelos professores.
PROF-1 “Aluno que não se concentra nas atividades e nas explicações e fica agitado fazendo outras coisas na aula”
PROF-2 ”Quando o aluno contraria o professor de forma negativa, tumultuando a sala, conversando, fazendo outras coisas alheias a proposta do professor”
PROF-3”Tudo o que se refere ao mal comportamento do aluno”PROF-4 “Falta de educação e de limites do aluno”PROF-5 “Falta de educação do aluno que agride professores e colegas”PROF-6 “Tudo o que o aluno faz de errado como: bagunçar, ser desinteressado, chegar atrasado na aula, etc”
PROF-7 “Alunos com o comportamento violento, desinteressados”PROF-8 “Não ter limites, não obedecer a regras”PROF-9 “É o aluno não cumprir suas obrigações escolares”PROF-10 “Alunos que não respeitam as regras e direitos”PROF-11 “É a manifestação clara de que o aluno não compreendeu o verdadeiro sentido da escola. É o reflexo do aluno que não consegue ou não quer aprender”
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PROF-12 “São alunos que se comportam mal, que só bagunçam, conversam, atrapalham as aulas e os outros colegas, passeiam pelos corredores e agridem os
colegas”
Apenas 11% das respostas apontaram que a responsabilidade também é do
professor, da escola e da sociedade como veremos:
PROF-13 “A indisciplina é causada muitas vezes por motivo de domínio de sala. Começa com o professor em sala de aula”
PROF-14 ”A indisciplina diz respeito á escola como um todo, cabendo uma parcela de culpa para cada um de seus segmentos.”
PROF-15 “A sociedade atual da forma como ela está estruturada é que é a grande responsável pelos comportamentos inadequados que o aluno apresenta na escola,
pois ele é fruto dessa sociedade”
Os 4% restante dos professores não responderam.
O resultado obtido nos revela que a maioria dos professores percebe a
indisciplina como manifestação apenas dos alunos, resumindo–a aos
comportamentos inadequados que estes apresentam em sala de aula,
demonstrando não terem limites e nem valores e não seguindo as regras,
estabelecidas pela escola.
As percepção de indisciplina dos 85% dos professores desta escola
corroboram com o conceito de Fernandes (1981, p. 731) para quem a indisciplina é
“falta de disciplina; desordem; desobediência; rebelião” e também a disciplina é “o
conjunto de regras destinadas a manter a boa ordem em qualquer organização;
obediência à autoridade; observância de normas ou preceitos” (p. 469).
Concordam ainda com Parrat-Dayan (2008, p.20) que conceitua a disciplina
como “um conjunto de regras e obrigações de um determinado grupo social e que
vem acompanhado de sanções nos casos em que as regras e/ou obrigações forem
desrespeitadas” (p.20).
Temos então que analisar a questão da indisciplina, abordando apenas
alguns de seus aspectos de forma isolada, não contribui para uma reflexão mais
profunda desta problemática, que muitas das vezes se apresenta como um sintoma
ou pode estar denunciando problemas que vem ocorrendo no processo de ensino e
aprendizagem, e que a escola não está percebendo.
E neste sentido Franco (1986, p. 63) nos coloca que:
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Reduzir o problema da disciplina nas escolas a faltas cometidas pelos alunos, pouco contribui para a compreensão dessa problemática, isso porque a disciplina não pode ser entendida de maneira estanque, como se fosse algo que dissesse respeito a este ou àquele elemento envolvido com o processo de ensino e aprendizagem. A disciplina ao contrario, diz respeito a todos os elementos envolvidos com a prática escolar e precisa ser compreendida como algo necessário para atingir um fazer pedagógico coerente e eficaz, estando, dessa maneira, intimamente relacionada à forma como a escola organiza e desenvolve seu trabalho.
O resultado nos revela também que 11% dos professores já concebem a
indisciplina de forma mais abrangente, envolvendo as questões sociais, econômicas,
culturais, de metodologia e de organização da escola.
Neste sentido acreditamos que a concepção de indisciplina apresentada por
esse grupo de professores vem de encontro com as idéias de Franco (1986, p. 62)
A disciplina, todavia, não pode ser entendida como se tivesse uma finalidade educativa em si mesma. Nesse sentido, não pode ser puramente exterior, baseada num conjunto de regras de conduta, normas disciplinares e hierárquicas rígidas. Ao contrário a necessidade da disciplina aparece não por mero autoritarismo ou arbitrariedade dos responsáveis pela condição do trabalho escolar, mas como condição indispensável para conduzir uma pratica pedagógica comprometida com os anseios das classes trabalhadoras e com o estabelecimento de uma sociedade igualitária. Dessa forma a disciplina deve passar por um processo de construção, uma vez que toda comunidade escolar sinta sua necessidade.
Acreditamos que não existe uma receita pronta para se trabalhar com a
indisciplina na escola, mas concordamos com o autor citado acima que uma forma
eficiente de enfrentar esta problemática é realmente um processo de construção da
disciplina que envolva toda a comunidade escolar, podendo assim abranger os
interesses e necessidades do contexto da escola.
Frente ao que foi exposto até então, podemos perceber que a indisciplina não
é um fenômeno nato, mas é algo aprendido, que surge a partir das inúmeras
influências sofridas pela criança ao longo de seu desenvolvimento moral.
Nesta perspectiva, cabe ressaltar o que nos diz Tiba: “disciplina não é
obediência cega às regras, com um adestramento, mas um aprendizado ético, para
se saber o que deve ser feito, independente da presença dos outros (2006, p. 15)
Portanto vemos que o conceito de indisciplina não pode ser extremista e nem
mesmo consensual, pois este depende das implicações sociais, econômicas,
culturais, metodológicas e de organização da escola, devendo ser portanto mais
abrangente.
2.1.2 Questão nº 2 Causas da indisciplina
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A questão de nº 2 procurou investigar quais as causas mais prováveis da
indisciplina na escola.
Das respostas dadas pelos 45 professores entrevistados, 70% nos apontam
que as maiores causas da indisciplina, nesta escola são: pouca vigilância do espaço
escolar, castigos pouco severos aos alunos, problemas familiares, desinteresse do
aluno pelo estudo, pais que não educam seus filhos e principalmente a falta de um
trabalho formativo-preventivo da indisciplina na escola. Apenas 30% apontaram que
aulas pouco atrativas, metodologias inadequadas do professor e professores que
não dominam a turma também são causas da indisciplina na escola.
Este resultado nos mostra que as causas da indisciplina apontadas pela
maioria dos professores estão focadas na família e no aluno, sendo que apenas uma
minoria percebe que a escola quando não se organiza e também o professor quando
não cumpre com competência seu trabalho, podem contribuir e muito com a
indisciplina escolar.
Concordando com Vygotski (1987) para quem “a educação tem papel crucial
sobre o comportamento e o desenvolvimento das funções psicológicas,” podemos
afirmar a indisciplina é algo aprendido e não nato na criança e que, portanto, “a
criança é educada por um conjunto de instituições que ela freqüenta”. (MORAES E
PESCAROLLO 2008)
Concebendo a indisciplina como processo em construção, temos em Moraes
e Pescarolo (2008, p. 1) que citam (Durkheim (1997{1895}; Berger e Luckmann
1985) colocando a premissa de que “os jovens são a imagem e semelhança da
sociedade em que vivem e das instituições, que freqüentam, vale dizer dos
processos de socialização e sociabilidade que juntos formam e atualizam os seres
sociais”
Portanto o que queremos afirmar é que o jovem é “fruto” e reflexo das
experiências que vivencia nas diferentes instituições sociais que freqüenta como:
escola, família, clubes sociais e outros, na sociedade em que está inserido e neste
sentido todos são responsáveis pela construção da disciplina.
Ainda segundo Moraes e Pescarollo (2008, p.1-2) três elementos são
fundamentais na formação do jovem: o primeiro é de que os jovens são resultados
da socialização a que foram submetidos, sendo seus defeitos e virtudes reflexos dos
adultos que o conduziram; o segundo é de que a responsabilidade da formação dos
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jovens é de toda a sociedade (do conjunto de instituições que a constituem: escola,
família, trabalho entre outras); e o terceiro é que a “formação do jovem depende da
capacidade da sociedade na qual ele vive, de orientá-lo para o que é entendido
como seus valores, sejam eles positivos ou negativos”
Esses elementos colocados por Moraes e Pescarollo (2008, p. 2) nos
demonstram cada vez mais que a indisciplina não deve ser vista como um problema
gerado no contexto escolar, sendo assim exclusivo da escola. Percebemos que este
é um fato social e que deve ser analisado a partir da estrutura da sociedade como
um todo, para que possamos entender sua origem, suas causas e então buscarmos
formas mais eficientes de enfrentamentos no espaço escolar.
De acordo ainda com Moraes e Pescarollo (2008, p. 2) a família tem papel
fundamental na formação dos jovens, mas não é a única responsável por esse
processo, então não nos cabe culpá-la pelo fracasso dessa formação assim como a
nenhuma das instituições sociais em específico, julgando quem tem maior culpa.
Cabe-nos sim dizer que a o fracasso da formação dos jovens deve ser atribuído ao
conjunto das instituições sociais que estes frequentam.
Focando ainda no resultado da pesquisa temos que a indicação da falta de
um trabalho preventivo, com relação á indisciplina é bastante relevante no
enfrentamento dessa problemática.
O que deveras nos entristece é o fato de somente 30% dos professores
menciona a questão metodológica como uma das causas da indisciplina, pois isto
demonstra a grande dificuldade, por parte do professor de se auto avaliar, quando o
que temos visto no interior das escolas nos aponta para questionamentos profundos
com relação às metodologias utilizadas, no sentido destas darem conta das
demandas, exigências e necessidades dos alunos, pois no contexto histórico atual,
“com as constantes mudanças sociais, a velocidade da informação de massa, o
acesso a internet”, como é destacados por Outeiral (2001), permitem ao indivíduo
ficar melhor informado e mais exigente perante as informações que recebe.
Temos então, um novo perfil de aluno mais dinâmico, informado, em busca
de “coisas” diferentes, enquanto que a escola ainda centraliza seu trabalho
pedagógico no caderno, livro didático, quadro e giz, questionando muito pouco sobre
sua prática, sua eficiência metodológica e relações inter pessoais.
2.1.3 Questão nº. 3 Formação continuada
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A questão de nº 3 pesquisou se os professores já haviam participado de
cursos de formação sobre indisciplina.
O resultado demonstrou que somente 2% dos professores já haviam
participado de cursos e eventos que trataram da questão da indisciplina, o que vem
a ser um índice muito baixo, nos revelando, portanto que existe uma fragilidade de
estudos e discussões com relação ao tema e a necessidade de uma intervenção,
neste sentido. Desse modo, “entendendo a indisciplina como um traço constituído a
partir das interações que se estabelecem no espaço social da escola, o fato de que
pensar sobre a indisciplina é pensar na necessidade de se atuar na formação
continuada de professores”. (GUIMARÃES, 1996).
Sendo assim julga–se de extrema importância e necessidade que a escola
promova constantemente a formação continuada dos professores, por meio de
encontros pedagógicos, grupos de estudos e semanas de capacitação para que haja
reflexões e trocas de experiências com relação ás problemáticas que esta enfrenta
no seu cotidiano.
Concordamos com Nóvoa (1995) quando diz que “a formação de professores
é algo necessário para implementar uma reforma educativa e produzir inovação
pedagógica na escola”.
Porém, não podemos ser ingênuos, ao ponto de acreditar que somente a
formação docente garantirá a resolução eficiente de todos os problemas da escola.
Ressaltamos que esta formação deve estar agregada à uma práxis de repensar
constantemente e dialeticamente a prática pedagógica, juntamente com um projeto
político pedagógico que intencione a inovação pedagógica da escola.
2.1.4 Questão nº. 4 Estratégias para lidar com indisciplina.
A questão de nº 4 procurou saber na opinião dos professores quais as melhores estratégias para se lidar com a indisciplina. O resultado demonstrou que
100% dos professores acreditam que seria: atuar sempre que o problema surgir;
encaminhar e realizar um trabalho coletivo envolvendo pais, alunos, professores e
equipe diretiva da escola.
O resultado obtido nos mostra que apesar de estarem focados no aluno, com
relação à indisciplina, os professores têm consciência de que é necessário um
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trabalho coletivo no enfrentamento da indisciplina escolar, para que se tenha
sucesso e êxito no resultado.
Concordam com Gramsci (1976 apud Franco 1986, p. 63) para quem “a
disciplina não pode ser entendida como uma imposição externa e contrária aos
anseios da coletividade, mas sim, como um meio necessário para esta crie e
encaminhe uma assimilação responsável e lúcida das diretrizes”.
2.1.5 Questão nº 5 Ações mais eficientes no enfrentamento da indisciplina
Na questão de nº 5 procurou–se saber quais as ações os professores
classificariam como as mais eficientes no enfrentamento da indisciplina no espaço
escolar. O resultado apontou que 95% dos professores elegeram o encaminhamento
do aluno para a orientação educacional como sendo a melhor forma de enfrentar os
casos de indisciplina. 2% dos professores acreditam que os alunos indisciplinados
devem ser atendidos constantemente por um tutor. 2% elegeram o contrato/
negociação e 1% apontou a campanha de sensibilização.
Pelos resultados obtidos podemos perceber que mais uma vez o professor
procura se eximir da responsabilidade, apontando que a melhor forma de combater
a indisciplina é encaminhar os casos à orientação educacional. Agindo dessa forma
a escola estará perdendo uma oportunidade preciosa de discutir os casos que
surgem, pois delegará somente a um setor da escola a solução para esta
problemática tão complexa.
Percebemos ainda que o contrato negociação seja uma prática pouco
apreciada entre os professores, o que é lamentável, pois se acredita que esta é uma
forma de garantir a participação, principalmente dos alunos na construção da
disciplina escolar, sendo que quando participam se sentem mais compromissados,
envolvidos e co-responsáveis pelas decisões tomadas no conjunto.
2.1.6 Questão nº 6 Medidas corretivas utilizadas pela escola
Com a questão de nº 6 intencionou-se descobrir quais as medidas corretivas
mais utilizadas pela escola nos processos indisciplinares dos alunos. 95% dos
professores disseram que seria a repreensão verbal e a suspensão das aulas e 5%
citaram que o diálogo e o aconselhamento são bastante utilizados.
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As respostas obtidas nos apontam para o fato de que é habitual na escola os
docentes acreditarem que somente irão conseguir o controle dos alunos em sala de
aula se fizerem uso de recursos coercivos e punitivos no enfrentamento de casos de
indisciplina em sala de aula.
De acordo com Aquino (1996, p. 39)
Tradicionalmente, o fundamento do trabalho pedagógico, em sala de aula, residia na autoridade intelectual formal dos professores, na sua posição hierárquica, superior, mesmo quando estavam pouco preparados para o magistério. Em complemento, as respostas sobre o que fazer em relação à indisciplina e violência nas escolas estavam associadas a uma perspectiva de controle e punição.
Mesmo nos dias atuais ainda é muito comum encontrarmos professores que
associam a solução da indisciplina escolar ao controle do comportamento do aluno,
por meio de punições, por não acreditar que o uso do diálogo possa ser eficiente,
seja por este não apresentar resultados imediatos, pois exige um processo e
dedicação contínua.
2.1. 7 Questão nº 7 Eficiência das medidas corretivas
A questão de nº 7 investigou se os professores consideram as medidas
corretivas adotadas pela escola eficientes. O resultado revelou que 60% dos
professores acreditam que não e 40% que sim. Os professores que responderam
“não” justificaram que os resultados alcançados com a ação da escola são
insignificantes diante de tantos casos de indisciplina que tem se apresentado e que
falta um trabalho coletivo e preventivo com relação à indisciplina. Os que
responderam “sim”, justificaram dizendo que a escola faz o que pode com os
recursos que possui.
O resultado obtido nos mostra que o professor tem percebido a necessidade
de um trabalho preventivo e coletivo, no enfrentamento da indisciplina, uma vez que
a forma fragmentada com que a escola vem tratando desta questão não tem
apresentado resultados satisfatórios.
Corroborando com Vasconcellos (2001) temos Garcia (1999) para quem:
Os casos de indisciplina escolar têm se mostrado um problema de responsabilidade de toda a comunidade escolar. É de extrema importância
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a atenção que deve ser dada a essa questão, pois se percebe um avanço em todas as séries/anos das escolas públicas e privadas. È necessário buscar alternativas válidas para combater a indisciplina em todos os ambientes escolares. Este processo que requer meses ou mesmo anos de trabalho coletivo, deverá incorporar a criação de grupos de trabalho responsáveis por avaliar, planejar e desencadear determinadas mudanças e avanços na escola.
Entretanto o que se percebe na prática, é que esta é uma experiência
vivenciada por pouquíssimas escolas, sendo que o que se vê é um trabalho
extremamente fragmentado, onde cada um procura cumprir apenas sua função,
fazendo o que lhe é atribuição, em detrimento de um trabalho voltado à coletividade.
Este processo, uma vez que coletivo, permite que o aluno se sinta
responsável pelo sucesso de seu desempenho escolar e tenha plena consciência de
que para alcançar tal feito é de extrema importância e necessidade um grau elevado
de disciplina.
Portanto temos a compreensão de que esse trabalho coletivo é um processo,
que não se efetiva do dia para a noite e que requer estudos, reflexões e pessoas
que além de acreditar no sucesso tenham um compromisso com a qualidade da
educação.
A realização desta pesquisa preliminar permitiu perceber a fragilidade da
escola, que se revelou na imensa falta de estudos, reflexões e discussões em torno
da temática abordada, apontando ainda a necessidade de se pensar num projeto
coletivo de enfrentamento da indisciplina escolar. A partir dessas constatações foi
possível pesquisar ações que viessem de encontro com essas necessidades tão
prementes demonstradas pelos professores, surgindo assim o projeto de
intervenção voltado para a formação continuada dos mesmos, por meio de aulas
oficinas, as quais serão relatas na sequência.
2.2 A FORMAÇÃO CONTINUADA DOS PROFESSORES COMO FORMA DE ENFRENTAMENTO DA INDISCIPLINA ESCOLAR
O projeto de intervenção foi aplicado no período de agosto a dezembro de
2012, tendo como material didático um caderno pedagógico intitulado “Estudar e
refletir sobre a indisciplina na busca de enfrentamentos coletivos”, composto por dez
sessões sendo que cada uma delas apresenta textos e atividades práticas além de
reflexões sobre os diferentes aspectos da indisciplina.
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O projeto previa dez oficinas pedagógicas com duração de aproximadamente
de 2 horas, sendo realizados semanalmente com mais ou menos 20 professores.
Mas na prática aconteceram cinco oficinas num único dia de encontro pedagógico,
previsto em calendário, cedido pela direção da escola, envolvendo 60 professores e
as cinco restantes semanalmente, com a freqüência variando entre 20 a 25
professores.
Cabe ressaltar que os textos utilizados para estudos e reflexões nas oficinas,
assim como as atividades, encontram–se no caderno pedagógico, citado acima,
produzido pela professora PDE na segunda etapa do programa.
2.2.1 1º ENCONTRO: CONCEITUANDO DISCIPLINA E INDISCIPLINA
O primeiro encontro teve como objetivos:
• Apresentar e discutir os diferentes conceitos de disciplina e indisciplina
escolar, com a finalidade de possibilitar ao professor desconstruir
conceitos estáticos;
• Elencar coletivamente os comportamentos indisciplinados mais
frequentemente apresentados pelos alunos desta escola, na sala de
aula;
• Reelaborar o conceito de indisciplina;
Para tanto foi utilizado um texto abordando diferentes conceitos de indisciplina
e ainda fez–se uso dos conceitos de indisciplina dos professores, obtidos por meio
da aplicação do questionário, a partir dos quais se procederam as leituras e
discussões.
No início do encontro os professores do grupo, demonstraram estar um pouco
apreensivos, portanto inibidos. Mas após as leituras e reflexões dos textos as
discussões foram ganhando maior cunho de embasamento teórico, sendo que
muitos admitiram ter uma visão estreita do tema e a concordar com Rego (1996, p.
87) quando diz que:
O modo como interpretamos a indisciplina (ou a disciplina), sem dúvida acarreta uma série de implicações à prática pedagógica, já que fornece elementos capazes de interferir não somente nos tipos de interações estabelecidas com os alunos e na definição de critérios para avaliar seus
-
desempenhos na escola como também no estabelecimento dos objetivos que se quer alcançar.
A princípio os professores demonstravam ter uma percepção de indisciplina
como sendo privilégio do aluno corroborando com Franco (1986, p. 62. 63) quando
este diz que “o professor quando discute indisciplina na escola se refere
exclusivamente ao aluno”
No decorrer das leituras dos textos e discussões, o grupo de professores já
começava a acreditar em outras possibilidades de conceber a indisciplina,
concordando com Garcia (2000, p. 102) que:
O conceito de indisciplina apresenta uma complexidade que precisa ser considerada. É preciso, por exemplo, superar a noção arcaica de indisciplina como algo restrito à dimensão comportamental. Ainda, é necessário pensa–la em consonância com o momento histórico desta virada de século.
Na sequência escolheram alguns artigos que tratavam do conceito de
indisciplina e em grupos realizaram a leitura dos mesmos fazendo um levantamento
das atitudes consideradas indisciplinadas mais comuns apresentadas pelos alunos
da escola, sendo que foram elencadas, dentre tantas:
• Não fazer as atividades e nem tirar o material da bolsa:
• Chegar atrasado;
• Importunar os colegas com brincadeiras inadequadas;
• Não trazer o material necessário às aulas;
• Fazer uso do celular durante as aulas;
• Faltar seguidamente nas aulas;
• Depredar o patrimônio público;
• Sair da sala de aula sem a devida permissão do professor;
• Faltar o respeito com colegas e professores;
• Cometer bullyng;
• Agredir fisicamente o colega;
• Gazear as aulas;
• Fugir da escola, pulando o muro;
• Conversar muito na sala de aula;
-
• Furtar o material do colega;
• Furtar o lanche do colega;
• Não fazer as atividades propostas em sala de aula;
• Debochar de professores e colegas;
As discussões que permearam esse levantamento foram muitas, pois se
questionavam bastante se realmente poderia considerar essas atitudes como
indisciplina.
Para finalizar o encontro um dos grupos de professores elaborou um conceito
de indisciplina que procurou traduzir a concepção da escola ficando assim redigida:
“Reação ou resistência á ordem estabelecida, pois o aluno não está contente ou
satisfeito com a situação de aulas mal planejadas, falta de conhecimento dos
professores e de didáticas que o possibilite realizar aulas mais dinâmicas,
contextualizadas e interessantes”.
Podemos perceber que esse conceito não centra mais a indisciplina no
comportamento apresentado pelos alunos, mas sim na metodologia usada pelo
professor. Apesar de ser ainda um conceito centralizador, pois:
Um entendimento suficientemente amplo do conceito de indisciplina escolar integra diversos aspectos, não estando, portanto restrito apenas à dimensão comportamental. Podemos situá-lo no contexto das condutas dos alunos nas diversas atividades pedagógicas dentro e fora da sala de aula, sob a dimensão dos processos de socialização e relacionamentos que os alunos exercem na escola e ainda no contexto do desenvolvimento cognitivo dos alunos. (GARCIA, 1999)
Acreditamos ser um avanço e isto se deve às leituras e discussões realizadas neste dia.
2.2.1.1 Resultados percebidos
Este primeiro encontro evidenciou a necessidade que os professores têm em
compreender realmente o contexto da indisciplina na sala de aula, ou seja, entender
os seus diferentes aspectos, procurando elucidar quais as suas causas eminentes,
qual sua relação com as transformações sociais, econômicas e culturais, pelas quais
o mundo atual tem passado, qual sua relação com a metodologia do professor, com
a organização da escola e com a educação recebida nas diferentes instituições
sociais que o aluno freqüenta.
-
Demonstraram ainda a preocupação em buscar ações que sejam eficientes
no enfrentamento da indisciplina e que dêem resultados a curto, médio e longo
prazo. Percebeu–se também um grande avanço nas discussões e no modo de
conceber a indisciplina escolar. Podemos assim afirmar que foram momentos de
muitas reflexões e questionamentos acerca da realidade que a escola enfrenta com
relação à indisciplina escolar, que suscitaram o desejo da equipe em buscar
alternativas para os diferentes aspectos da indisciplina apresentados pela escola,
nos dias atuais.
2.2.2 2º ENCONTRO: A INDISCIPLINA DOS DIFERENTES SEGMENTOS DA
ESCOLA
O segundo encontro teve como objetivo:
• Apresentar algumas formas de indisciplina cometidas pelos diferentes
segmentos da escola, procurando desmistificar que esta é
exclusividade dos alunos:
Para a realização deste encontro inicialmente foi realizada a leitura de textos,
sendo que na medida em que elas iam acontecendo, os professores começavam a
concordar que muitas vezes, quando consideram a si como detentores do saber e
seres inquestionáveis pelo aluno, quando não realizam planejamento ou usam em
suas aulas constantemente a mesma metodologia (quase sempre inadequada),
quando estão desmotivados fazendo somente o essencial e não se envolvem
completamente com o processo de ensino e aprendizagem mostrando interesse e
afetividade para com o aluno e compromisso com a sua função também estão
cometendo atitudes indisciplinadas.
Corroboraram com Aquino para quem:
A indisciplina parece ser uma resposta clara ao abandono a habilidade das funções docentes em sala de aula, porque é só a partir do seu papel evidenciado corretamente na ação em sala de aula que os alunos podem ter clareza quanto ao seu próprio papel, complementar ao do professor (1998, p. 8)
Concordaram ainda que a escola a indisciplinada da escola ocorra quando
muitas vezes, o que presenciamos no seu interior é a total falta de organização dos
seus diferentes setores, o que se traduz em desrespeito ao aluno, ocasionando e
-
propiciando o surgimento de uma série de atos indisciplinado pelos alunos, como por
exemplo: quando na falta de um professor os alunos sequer são comunicados além
de serem deixados sem atendimento na sala de aula para fazerem o que bem
entenderem. O aluno que passa então a fazer uma leitura dessas ações e, muitas
vezes, a julgar a escola como incompetente e desorganizada perdendo seu prestígio
para com esse aluno. Outra questão fundamental diz respeito às regras escolares
que, muitas vezes, são impostas para os alunos, mas não estão claras.
Manifestações de indisciplina podem ser decorrentes do descontentamento com
essas regras e pela não compreensão das mesmas. O não entendimento das regras
pode reverter em tomadas de decisões indevidas com relação ao grupo de alunos.
Apoiaram também a idéia de que os pais cometem indisciplina na medida
em que apresentam dificuldades em conduzir seus filhos para um “bom caminho”,
em impor-lhes responsabilidades, estabelecer limites, fazer-se respeitar, pois são
eles os verdadeiros educadores, não podendo se eximir da função de pais.
.A interpretação psicanalítica utilizada na educação sugerindo que as dificuldades de aprendizagem estariam ligadas a problemas emocionais ou traumas vividos na infância mostra que a educação, dada aos filhos, é atualmente muito permissiva, pelo medo do uso do autoritarismo e com dificuldades para o estabelecimento de limites, normas ou mesmo valores individuais e coletivos. (PERIN e CORDEIRO, 2002).
Mas muitas são as famílias, que delegam papéis à escola, os quais não
condizem com as competências dos que estão envolvidos na área educacional.
Concordando com Aquino (1998) quando diz queA escola e família exercem papéis distintos no processo educativo. Evidencia-se uma confusão de papéis. A principal função da família é a transmissão de valores morais às crianças, já à escola cabe a missão de recriar e sistematizar o conhecimento histórico, social, moral.
Temos então que é prioridade da família passar valores humanos e éticos
no desenvolvimento moral da criança, contribuindo assim para a formação de um
ser humano mais justo e comprometido com a sociedade em que vive, mas que
muitas das vezes esta tem se eximido deste papel e o delegado à escola.
Após as leituras e discussões os professores em grupos, escolheram um
dos segmentos, montaram e apresentaram uma peça teatral envolvendo a
indisciplina de um determinado segmento
-
2.2.2.1 Resultados percebidos
Os estudos dos textos e as discussões possibilitaram ao professor perceber
que a indisciplina não é privilégio somente dos alunos e que assim sendo temos que
ter paciência e tolerância com algumas atitudes apresentadas pelos alunos na
escola e ainda procurar transformar estas situações em momentos de auto reflexão
para os mesmos. Isto ficou claro num depoimento dado por uma professora dizendo
que: “Estudando este texto podemos refletir sobre nossa própria prática pedagógica
e percebemos que muitas vezes, oportunizamos a indisciplina dos alunos quando
somos indisciplinados deixando a desejar na nossa função, sendo muitas vezes
arbitrários, sem compreender melhor as atitudes dos alunos”
Os grupos conseguiram representar situações peculiares da escola, e então
oportunizar uma análise e discussão mais coerente da realidade escolar.
Nas discussões realizadas, percebemos a necessidade que temos de fazer
mudanças no comportamento dos diferentes segmentos da escola, pois o sucesso
de um depende do empenho do outro para que o aluno tenha êxito em seu
desempenho escolar.
A visão de que todos os segmentos da escola podem e apresentam atitudes
de indisciplina, contribuiu significativamente para a percepção de que somos
passíveis de erro e ainda de como o adulto se presta de modelo para a educação
das crianças.
2..2.3 3º ENCONTRO: CAUSAS DA INDISCIPLINA
O terceiro encontro teve como objetivo:
• Apresentar algumas possíveis causas da indisciplina escolar com a
finalidade de detectar quais as mais condizentes com a realidade da
escola e de demonstrar que não existe um único culpado pela
existência da mesma;
Como vimos no resultado da pesquisa, o grupo trabalhado acreditava ser a
família, o desinteresse dos alunos, pouca vigilância no espaço escolar, castigos
poucos severos e a falta de um trabalho preventivo as causas mais prementes da
-
indisciplina na escola, sendo que após a leitura e estudo dos textos essa percepção
foi sendo modificada.
Após as leituras e discussões foi exibido o filme “Mentes Perigosas”
(DIREÇÃO: JOHN N. SMITH, ANO 1995, PAIS; EUA) para uma reflexão do papel da
família, da sociedade e da escola na construção da disciplina.
Como atividade desse encontro, os professores escolheram um dos aspectos
da indisciplina, abordado no filme, e fizeram um texto comparando o apresentado
com a realidade vivida pela escola num processo dialético. Os resultados dos grupos
foram discutidos num seminário.
Os professores julgaram o filme importante, por tratar de uma realidade tão
pertinente, porém julgaram-no fantasioso no que se refere a prática pedagógica da
professora, mas apreciaram o roteiro que permitiu uma discussão profunda das
atitudes dos alunos, dos pais e da própria escola no enfrentamento da indisciplina.
Os grupos acabaram por escolher as cenas que envolviam a questão familiar,
na produção da indisciplina, pois demonstraram acreditar que é a família a maior
responsável pela educação dos filhos, consequentemente pela indisciplina da
criança.
Poucos foram os grupos que escolheram as cenas que demonstravam a
metodologia como sendo a responsável pela indisciplina na sala de aula. Este fato
gerou bastante polêmica no seminário e o grande grupo já se mostrava bastante
dividido com relação a esta questão.
Deixaram muito claro que julgam quase que impossível o envolvimento do
professor com a família, da forma como foi apresentado no filme, seja pela falta de
tempo, de preparo para lidar com conflitos tão complexos e ainda pela questão da
frustração por não poderem solucionar de fato o problema.
Ressaltaram ainda que as causas apresentadas no filme sejam pertinentes a
realidade do cotidiano escolar e que é a complexidade das causas que dificulta um
trabalho eficiente no enfrentamento da indisciplina.
2.2.3.1 Resultados Percebidos
Percebeu–se que houve a compreensão, pelos professores, das causas
externas e internas da escola no que diz respeito à indisciplina. Houve ainda um
consenso com relação às possíveis causas da indisciplina na escola de intervenção
-
Os professores demonstraram compreender que não existem causas isoladas
de indisciplina, mas que esta existe a partir de uma complexidade de fatores.
2.2.4 4º ENCONTRO: O DESENVOLVIMENTO MORAL DA CRIANÇA: A
CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA
O quarto encontro teve como objetivos:
• Estudar as fases do desenvolvimento moral da criança;
• Compreender que a moral é construída, que a criança não nasce
pronta e que o adulto é fundamentalmente responsável pelo
desenvolvimento moral da criança;
• Reconhecer que se deve trabalhar no sentido de promover a
autonomia da criança;
Neste encontro os estudos e as leituras tiveram a finalidade de levar o
professor ao conhecimento da existência das fases do desenvolvimento moral,
assim como das características peculiares de cada uma delas, como forma deste
compreender melhor como deve ser sua ação educativa em cada faixa etária para
contribuir significativamente na construção da autonomia pela criança.
Após as leituras e discussões a professora PDE exibiu uma sessão de slides,
sendo que seu conteúdo abordava a teoria de Piaget (1994) “O juízo moral da
criança” que trata de como se dá o desenvolvimento moral da criança
Os slides traziam ainda sugestões de atitudes do professor em sala de aula
que auxiliam no desenvolvimento da autonomia da criança.
Como atividade prática os professores assistiram o vídeo “Chilrem see,
chilrem do” (WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=jqrZK4ZZw2 MIN – 30 OUT.2007),
e em grupos produziram um texto refletindo sobre o papel do professor na
construção da moral da criança.
Ainda em grupos escolheram uma das fases do desenvolvimento moral e
fizeram um cartaz representando as principais características da criança nesta fase
e fazendo menção de como o adulto deve proceder com a criança em cada uma
delas.
2.2.4.1 Resultados Percebidos
http://WWW.YOUTUBE.COM/WATCH?V=jqrZK4ZZw2
-
Os professores demonstraram que o fato de conhecer e entender as
diferentes fases da educação moral, pela qual a criança passa, permitiu
compreender melhor muitos dos comportamentos que os alunos apresentam e não
julgar com tanta veemência os casos de indisciplina.
Concordaram com a necessidade que temos de contribuir com o
desenvolvimento da autonomia dos alunos, acreditando que a aquisição desta irá
influenciar de forma significativa e positiva o processo de ensino e aprendizagem.
Apreciaram muito o vídeo, e concordaram que o papel do adulto, como
exemplo para a criança, é inquestionável e que, portanto o professor tem que
desenvolver suas funções com muita ética profissional.
Reconheceram que a moral não é inata, mas sim produto da educação,
portanto destacaram a importância dos pais, professores e da sociedade como um
todo no ato de educar.
Os cartazes produzidos conseguiram realmente demonstrar as
características da criança nas diferentes fases e também indicar as atitudes corretas
dos adultos em cada uma delas, com a finalidade de desenvolver a autonomia da
mesma.
2.2.5 5º ENCONTRO: A RELAÇÃO INDISCIPLINA – ESCOLA - FAMILIA E
SOCIEDADE
O quinto encontro objetivou:
• Demonstrar a relação que a indisciplina tem com os diferentes
segmentos sociais, ressaltando que as ações destas instituições no
coletivo é que contribuem mais ou menos para o aparecimento da
indisciplina no indivíduo.
Para tanto utilizou – se das obras: ”Educação e Sociologia,” “A Educação
Moral” e a “Evolução Pedagógica na França” de Émile Durkheim, tal como foram
comentadas numa Coletânea de Textos do Ministério da Educação e Cultura,
intitulada Émile Durkheim publicada no ano de 2010, escrita por Jean Claude Filloux, traduzida por Maria Lúcia Salles Boudet e organizada por Celso Carvalho e
Miguel Henrique Russo. Esses textos servirão de referência para tratarmos dessas
-
relações por acreditarmos que os mesmos fornecem o suporte teórico necessário
para a compreensão e entendimento de como essas relações acontecem.
Na sequência foi assistido ao filme “Treino para a vida” (DIREÇÃO: TOMAS
CARTER, EUA, ANO: 2005) com a finalidade de discutir o papel de cada um dos
segmentos relacionados, com a construção da disciplina do aluno.
Como atividade prática os professores em grupos, selecionaram três cenas
do filme que representavam situações semelhantes vivenciadas na escola e
produzirem um texto apontando de que forma devem ser encaminhar tais situações
no cotidiano escolar.
2.2.5.1.Resultados Percebidos
Nas apresentações das sínteses do filme os professores demonstraram terem
compreendido que se deve educar para a vida na coletividade, pois só assim a
educação terá significado para as crianças e para os adolescentes. Deixaram claro
que o papel da escola, da família e da sociedade no processo de educar é de
extrema responsabilidade, pois as ações que estas instituições programam é que
definirão os tipos de indivíduos que teremos na sociedade. Demonstraram ainda
uma imensa preocupação com os rumos que estas instituições estão tendo nos dias
atuais e, portanto com os adolescentes que estão adentrando os espaços escolares.
2.2.6 6º ENCONTRO: INDISCIPLINA: AUTORIDADE – AUTORITARISMO E
LIMITES
O sexto encontro objetivou:
• Discutir o conceito de autoridade e autoritarismo, diferenciando-os,
para melhor compreende–los;
• Compreender a necessidade de limites para a criança, para um melhor
desempenho na aprendizagem;
• Analisar a realidade da escola na questão da autoridade do professor;
sugerindo formas de desenvolvê–las;
-
Para este estudo o texto apresentado dava ênfase ao artigo de Pedro Bode
de Moraes e Joice Pescarolo (2008) intitulado “Quem tem medo dos jovens”, o qual
permite uma análise questionadora com relação ao tema abordado.
Após a leitura e discussão do texto os professores assistiram alguns slides,
baseados na palestra proferida pela professora Joice, no Projeto não violência3 com
relação à autoridade do professor. Cabe ressaltar que esses slides apresentavam
formas do professor adquirir e desenvolver sua autoridade.
Na sequência os professores leram o artigo na íntegra, discutiram–no e
produziram um texto refletindo como está o desenvolvimento da autoridade do
professor na escola, o que deve ser feito para melhorar este processo e ainda quais
as dificuldades que estes profissionais encontram para exercer sua autoridade
pedagógica em sala de aula. O resultado das produções foi apresentado em
plenária.
Num primeiro momento houve a necessidade de conceituar autoridade o
quefoi feito a partir dos autores Moraes e Pescarolo (2008, p. 9) que nos explicitam
ao citarem Max Weber que:A autoridade é uma qualidade derivada da legitimidade. Esta por sua vez seria construída com base na crença ou percepção de que as leis ou orientações legítimas,são boas, por isso referências para a ação do indivíduo ou do grupo. Por isso mesmo é que as pessoas submetidas àquela autoridade obedecem-na, não porque a temem, ainda que o medo possa ser um dos elementos presentes, mas porque acreditam e sentem que os valores que a autoridade representa contribuem para ordenar ou organizar sua existência.
Sendo que Sennet (2001, p. 30 apud Moraes e Pescarolo 2008, p. 10)
acrescenta que a autoridade necessária para que o adulto seja respeitado pela
criança é aquela “autoridade qualidade”, ou seja, “a autoridade que tem o papel de
orientar e organizar o indivíduo e os grupos” que as instituições e pessoas precisam
3 O Instituto Não-Violência® é uma Organização Não Governamental (ONG), sem fins lucrativos, que atua com a missão de “desenvolver e fortalecer uma cultura de não-violência por intermédio das escolas”. Criada em 1998 pelo empresário paranaense Roberto Demeterco que, com outros empresários, fundou a Associação Projeto Não-Violência Brasil (APNVB), e que teve a sua Razão Social e logomarca alterados a partir de 2012, passando para: INSTITUTO DE EDUCAÇÃO PARA NÃO VIOLÊNCIA. Tem como objetivos: tornar a educação para a não-violência uma das prioridades da escola; formar profissionais das escolas e pais para trabalharem os valores de não-violência junto às crianças, adolescentes e jovens;oportunizar que crianças, adolescentes e jovens sejam protagonistas no processo de fortalecimento de uma Cultura de Paz.
-
ter. A partir dessas definições vemos que a autoridade do professor em particular
perpassa o domínio do conteúdo, dos conhecimentos sistematizados que transmite
ao aluno, assim como a demonstração de sua competência pedagógica em planejar
aulas e a maneira como encaminha as situações de indisciplina na sala de aula.
No decorrer das discussões os professores concordaram com Tiba (1996) de
que “há falência da autoridade, seja em casa, na escola ou na sala de aula. Na
maioria das famílias dos alunos tidos como indisciplinados percebe–se o
autoritarismo ou a permissividade. Sendo que o autoritarismo é diferente da
autoridade”. Temos que o ideal seria educar no equilíbrio da, ou seja, os pais não
deveriam agir nem com extremo autoritarismo e nem serem permissivos demais,
recomendando – se, portanto o uso da autoridade de fato.
No que diz respeito à falta de limites dos pais para com os filhos e o reflexo
disto no ambiente escolar os professores concordaram que:
Estamos vivenciando um momento social onde fica clara a necessidade de serem restabelecidos limites na educação das crianças e dos jovens. Há uma grita geral nesta direção, perpassadas por certo consenso de que eles precisam se “enquadrar”. Frutos de uma geração de adultos que perderam os “mapas de ser pai”, e de uma sociedade altamente complexa e em profunda transformação, marcada por uma crise de valores sem precedentes, parece não haver dúvidas desta urgência. (VASCONCELLOS, 2004, p.44)
2.2.6.1 Resultados Percebidos
Este encontro foi particularmente polêmico por se tratar em parte de uma
questão própria do professor que é a sua autoridade na sala de aula. A grande
maioria deles concordou que é de fundamental importância o docente ter autoridade
conforme o conceito estudado, para que consiga desenvolver com competência sua
prática pedagógica em sala de aula, e que esta tem faltado para muitos professores
e instituições que também têm a função de educar.
Nas apresentações dos trabalhos foi unânime a conclusão de que a nossa
escola tem que dar um salto qualitativo no sentido de desenvolver a autoridade
docente.
As sugestões de como desenvolver a autoridade foram bem aceitas pelo
grupo que, demonstrou entusiasmo em praticá–las.
-
Portanto a partir das discussões levantadas, vislumbrou–se a possibilidade de
promover encontro com os pais prevendo ações de estudos e discussões com
relação à autoridade dos mesmos, para que se tenha uma parceria com a família na
questão de educar de forma mais eficiente a criança e o adolescente.
2.2.7 7º ENCONTRO: INDISCIPLINA E COERÇÃO
O sétimo encontro teve como objetivos:
• Refletir sobre os resultados alcançados com o uso exclusivo da
coerção no enfrentamento da indisciplina na escola e se esta é a
melhor maneira para tal;
• Compreender a necessidade discutir e criar regras coletivas para
nortear o comportamento das crianças;
Para tanto foi realizado o estudo de textos, sendo que posteriormente houve a
discussão em plenária da questão: Até que ponto o uso da coerção é eficaz no
enfrentamento da indisciplina?
Os textos nos apontavam nas palavras de Makarenko (1980 apud Franco
1986 p.65) que “a disciplina deve ser acompanhada da compreensão de sua
necessidade, de sua utilidade, de sua obrigação, do seu significado de classe”.
Vemos assim que somente a imposição de regras e a aplicação de coerções para os
atos indisciplinares dos alunos não dão conta de superar a problemática da
indisciplina.
Concordando com Makarenko (1981 apud Franco 1986, p.66) quando diz que
“a simples obediência não é sinal de uma boa disciplina e não pode nos satisfazer,
assim como a obediência cega que se exige habitualmente na velha escola”. A partir
dessa afirmação podemos perceber que obedecer somente pelo ato de obediência,
não possibilita o crescimento do aluno e nem a internalização de regras, o que ela
nos proporciona é apenas um alívio momentâneo da indisciplina escolar, o que não
deve ser a intenção final da escola.
É ainda Makarenko (1981 apud Franco 1986, p.66) que vai nos dizer que “a
indisciplina não se cria com algumas medidas disciplinares, mas com todo o sistema
educativo, com a organização de toda a vida com a soma de todas as influências
que atuam sobre a criança”. Dessa forma os castigos e outras medidas coercitivas
-
ficam sem efeito, pois só causam medo e temores momentâneos em alguns alunos,
geralmente os mais obedientes
Gramsci (1976, apud Franco 1986, p. 64) diz que a “disciplina significa a
capacidade de comandar de si mesmo de se em impor aos caprichos individuais, às
vaidades desordenadas, significa enfim uma regra de vida.” Além disso, diz que, “a
indisciplina significa a consciência da necessidade livremente aceita, na medida em
que é reconhecida como necessária para que um organismo social qualquer atinja o
fim proposto”.
Vemos assim que o aluno deve aceitar as regras a partir do momento que
tenha consciência de que elas são necessárias para uma boa aprendizagem e de
que tenha participado da sua construção.
Gramsci enfatiza a importância da disciplina ao mesmo tempo em que é
contrário à coerção e à arbitrariedade. Gramsci (1978b, apud Franco 1986, p. 64)
afirma que “colocar o assento na disciplina, na sociabilidade e pretender toda a via,
sinceridade, espontaneidade, originalidade, personalidade, eis o que é
verdadeiramente difícil e ardor”.
Portanto o ideal de uma escola é realizar um trabalho de construção da
disciplina, juntamente com a comunidade escolar, de forma coletiva ao invés de ficar
criando e impondo regras e coerções para os atos indisciplinares dos alunos.
Como atividade prática os professores foram divididos em 2 grupos e
representaram teatralmente uma situação de indisciplina sendo resolvida por meio
da coerção e outra através do diálogo, sendo que os resultados foram discutidos
pelo grande grupo que acabou por concluir que são poucos os resultados obtidos
com o uso da coerção e que o uso do diálogo ao longo do tempo contribui para a
formação da auto disciplina pelo aluno.
2.2.7.1 Resultados Percebidos
A plenária foi bastante polêmica, pois ainda uma boa facção dos professores
acredita que os castigos e imposição de regras são eficientes para o enfrentamento
da indisciplina pelo professor em sala de aula. Porém serviu também como espaço
para muitos dos professores argumentarem a favor da busca de alternativas no
coletivo para o enfrentamento da indisciplina e ainda serem discutidos os resultados
obtidos com o uso da coerção.
-
O grupo concluiu ainda que seja insatisfatórios os resultados alcançados a
partir do uso exclusivo da coerção no enfrentamento de indisciplina e, portanto não
compensa os esforços nesta direção.
2.2.8 8º ENCONTRO: INDISCIPLINA: A METODOLOGIA E O PROCESSO DE
ENSINO E APRENDIZAGEM
Este encontro teve como objetivos:
• Compreender de que forma a metodologia contribui para a construção
da disciplina;
• Reconhecer que a indisciplina interfere negativamente no processo de
ensino e aprendizagem;
Para tanto se utilizou da leitura de textos, sendo que na sequência foram
exibidos slides sobre a aprendizagem significativa, como forma de oportunizar ao
professor uma reflexão profunda sobre sua prática pedagógica.
Inicialmente, no encontro podia–se perceber a dificuldade do professor em
admitir que sua metodologia possa não corresponder com as expectativas dos
alunos e que, portanto possa também causar indisciplina e concordar com
Vasconcellos (1996, p.35) quando cita que:
A metodologia que predomina em sala de aula é a expositiva com a apresentação sistematizada dos conteúdos e repassada de forma linear pelos professores com uma formação acadêmica, linear e segmentada é normal que enfatize a postura transmissora de conhecimento continuando a privilegiar a memorização. Na metodologia expositiva o aluno recebe tudo pronto, não problematiza, não é solicitado a fazer a relação com aquilo que já conhece ou a questionar a lógica interna do que está recebendo e acaba se acomodando. A prática tradicional é caracterizada pelo ensino “blá – blá – blante” salivante, sem sentido para o educando, meramente transmissora, passiva, a - crítica, desvinculada da realidade, descontextualizada.
Na medida em que os estudos ocorriam, os professores concordavam com
Makarenko (1978 apud Franco 1986, p. 64) que “a conquista do saber é uma coisa
tão difícil, árdua e complicada que é impossível atingi-la a não ser com muito
esforço, trabalho e disciplina”. Nesse sentido é fundamental que o aluno seja
disciplinado para ter sucesso na sua aprendizagem.
-
Gramsci (1976, apud Franco 1986, p. 63) afirma que “a escola deve
assegurar ao aluno, ainda que abstratamente a condição de poder ser dirigente”.
Ora isso não pode ser alcançado espontaneamente e num clima de liberdade
entendido de maneira abstrata e metafísica. Ao contrário, o trabalho escolar
preocupado em propiciar ao aluno as condições para ser dirigente e não subalterno,
exige esforços trabalho e disciplina. A escola assim não pode ser um local de ensino
fácil e atraente em todos os momentos, mas um local que, dentro do respeito ao
aluno, impõe sacrifícios, renuncias e esforços.
Após muitas leituras e discussões dos textos propostos, os professores
demonstraram corroborar com Santomé que a ação educativa deve desenvolver
capacidades para a tomada de decisões, propiciarem aos alunos e ao próprio
professorado uma reconstrução reflexiva e crítica da realidade, sendo
“imprescindível uma atenção prioritária aos conteúdos culturais, assim como
estratégias de ensino–aprendizagem e avaliação para levar a acabo tal missão”.
(1993, p. 150)
Como atividade prática foi exibido o vídeo “Estudo Errado“ de Gabriel “O
pensador” sendo que em grupos deveriam eleger uma das cenas, a qual julgasse
mais relevante e pertinente a sua realidade e produzir um texto de como esta
questão está sendo conduzida no espaço escolar.
2.2.8.1 Resultados Percebidos
Este encontro permitiu ao professor uma profunda reflexão acerca de sua
prática pedagógica, no sentido de estar constantemente se capacitando e
modificando suas ações.
Tiveram também a oportunidade de tomar conhecimento da aprendizagem
significativa e de seus benefícios na ação pedagógica.
2.2.9 9º ENCONTRO: O DIÁLOGO E A AFETVIDADE AMENIZANDO A
INDISCIPLINA NO ESPAÇO ESCOLAR
O nono encontro teve como objetivo:
-
• Demonstrar a importância do diálogo e da afetividade no processo de
ensino e aprendizagem como formas eficientes na amenização da
problemática da indisciplina na sala de aula.
Primeiramente os professores fizeram o estudo do texto e posteriormente
foram exibidos slides com sugestões de atitudes que podem dar certo no trabalho
pedagógico.
Como atividade prática os professores produziram pequenas peças teatrais
utilizando as sugestões de enfrentamento e no grande grupo discutiram os
resultados, no sentido abordado por Santos (2009, p. 125) que diz:
O diálogo supõe a argumentação, mais especificadamente disposição para encontrar razão na razão alheia, vontade de escutar. Supõe tentar encontrar razoabilidade na fala do outro, prestar atenção seriamente no que o outro diz e não apenas considerar uma participação meramente figurativa, naquilo que já está previamente acordado.
Embasaram–se ainda na ideia de que o diálogo é fundamental para um
processo libertador:
(...), pois é o encontro em que se solidarizam o refletir e o
agir de seus sujeitos endereçados ao mundo e ao ser transformado e humanizado, não podendo reduzir-se a um ato de depositar ideias de um sujeito no outro nem tampouco tornar-se simples troca de ideias a serem consumidas pelos permutantes. (FREIRE citado por REBELO, 2003, p.50).
Assim vemos que o diálogo pode ser uma forma de se estabelecer uma
relação horizontal entre todos os segmentos da escola, facilitando as relações
interpessoais e contribuindo positivamente no processo de ensino aprendizagem,
ajudando a refletir sobre as causas da indisciplina, na busca de possíveis soluções.
Acredita-se ainda que a afetividade também seja fator primordial para o aluno
na construção do conhecimento, pois de acordo com Piaget (1994, p.288), “o
cognitivo e o afetivo são fatores indissociáveis não podendo funcionar um sem o
outro, toda conduta seja qual for contém necessariamente estes dois aspectos: o
cognitivo e o afetivo”.
-
A afetividade então é tão fundamental, quanto à metodologia escolhida pelo
professor, para que realmente o processo de aprendizagem venha a acontecer de
forma eficiente.
Piaget (1994, p.67), diz que “podem existir duas interpretações sobre as
relações estabelecidas entre inteligência e afetividade: a primeira é que o
conhecimento e as operações cognitivas seriam resultantes da afetividade ou vice-
versa e a segunda é que a afetividade pode interferir na inteligência acelerando-a”.
Portanto, no processo de ensino-aprendizagem esses dois fatores (diálogo e
afetividade) fazem toda a diferença, pois proporcionam mais significados,
despertando para o prazer de ensinar e aprender.
Muito pouco se tem visto da prática do diálogo e da afetividade nos espaços
escolares, na atualidade, seja pelo temor do professor em perder a sua autoridade
ou perder o controle da situação ou mesmo por não acreditar que estes tragam
resultados positivos no trabalho com a indisciplina escolar.
2.2.9.1 Resultados Percebidos
As representações teatrais possibilitaram ao professor a percepção de que o
diálogo e a afetividade, no tratamento da indisciplina, são muito mais eficientes do
que o uso de atitudes arbitrárias, onde o aluno não se percebe como fazendo parte
do processo.
Perceberam que o diálogo não se resume em apenas colocações de ideais,
mas que pressupõe se colocar no lugar do outro, o que é uma prática extremamente
difícil no ato de educar.
2.2.10 10º ENCONTRO: O PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO COMO ESPAÇO
POR EXCELÊNCIA DA CONSTRUÇÃO COLETIVA DA DISCIPLINA ESCOLAR
O décimo e último encontro teve como objetivos:
• Apresentar o PPP como um espaço por excelência na construção
coletiva da disciplina escolar;
• Construir um programa de ações coletivo para o trabalho de
enfrentamento da indisciplina escolar;
-
Para a efetivação deste encontro os professores foram levados à leitura e
discussão de textos.
O desenvolvimento deste tema, neste encontro teve a pretensão de
demonstrar como o PPP (Projeto Político Pedagógico) pode e deve ser o espaço
privilegiado para discussão e da disciplina escolar assim como o de propiciar a
construção de regras e normas que nortearão o comportamento esperados de todos
os segmentos da escola.
Desde o início do encontro, o grupo de professores concordava que o coletivo
da escola tem suas expressões, anseios e necessidades, garantidos e previstos no
projeto político pedagógico, por este privar pelo planejamento coletivo. Dessa forma
concordam com Gramsci (1976 apud Franco 1986, p. 64) quando diz que “a
disciplina fixada pela própria coletividade dos seus componentes, mesmo se tarda a
ser aplicada, dificilmente fracassa na sua aplicação”. Isto se dá porque toda a ação
programada parte da realidade vivida pelo estudante, sendo que sua eficiência,
quando construída no coletivo é muito maior.
Corroborando com Gramsci temos Makarenko (1978 apud Franco 1986, P.
63) que defende que:
Só se alcança a disciplina através do trabalho conseqüente do coletivo da escola, de uma escola onde o aluno se sinta feliz e co-responsável pelo êxito escolar, uma escola em que cada aluno deve, sobretudo, estar convencido de que a disciplina é a forma de melhor conseguir o fim visado pela coletividade.
Como atividades escolheram diferentes artigos que traziam sugestões de
como enfrentar a indisciplina escolar e em grupos procederam a leitura e estudo dos
mesmos. Em seguida os grupos produziram slides, dando sugestões de como
enfrentar a indisciplina na escola. No grande grupo foi feita uma síntese das
melhores sugestões para fazer parte do programa de ação coletiva da escola no
enfrentamento da indisciplina escolar para 2012.
Vemos assim, que é de extrema importância que a escola esteja organizada
em seu trabalho pedagógico, assim como em suas instâncias colegiadas atuando de
-
forma bastante participativa no contexto escolar, para que se possa a partir de um
planejamento coletivo buscar ações para amenizar a questão da indisciplina escolar.
2.2.10.1 Resultados percebidos
O programa de ações não foi concluído na íntrega por falta de tempo e por
demandar discussões vastas das questões envolvidas, sendo que ficou acordado
que durante os encontros pedagógicos de 2012 iria – se concluir paulatinamente o
planejamento.
Do programa de ação foi elaborado um esboço que prevê o desenvolvimento
permanente e contínuo de um trabalho:
1. Com os pais, até mesmo a criação da “escola de pais”;
2. Com os alunos, no sentido do que vem a ser estudar e sua importância;
3. Com professores, no sentido de promover constantemente sua formação
continuada para que possa rever sua prática pedagógica;
4. Com as estâncias colegiadas da escola e com as organizações sociais,
buscando criar um trabalho em rede, por acreditar que a sociedade tem
uma parcela de responsabilidade na construção da disciplina escolar.
Neste encontro também convencionou - se fazer a elaboração no coletivo
dos professores, do que se decidiu chamar de “contrato disciplinar”, sendo um
documento a ser criado com a participação dos alunos, envolvendo a criação de
regras e o estabelecimento de sanções para o caso de rompimento de alguma
delas.
Foi ainda discutido um projeto a ser aplicado junto aos alunos do nono ano,
com o intuito de se perceber qual a concepção de indisciplina e da postura deles
diante desta questão.
2.3 O GTR DISCUTINDO E TROCANDO EXPERIÊNCIAS COM RELAÇÃO A INDISCIPLINA NA SALA DE AULA
Há um provérbio chinês que diz que, “se dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando um pão, e, ao se encontrarem, eles trocam os pães, cada homem vai embora com um; porém, de dois homens vêm andando por uma estrada, cada um carregando uma idéia e, ao se encontrarem, eles trocam as idéias, cada homem vai embora com duas.” Quem sabe é esse mesmo o sentido do nosso fazer: repartir idéias, para todos terem pão. (CORTELLA, 1998, p. 159)
-
Retomo o referido provérbio chinês, por acreditar que este sintetize o real
sentido desta etapa do PDE, pois o grupo de trabalho em rede foi um momento
singular na realização deste programa, por se caracterizar num espaço de plena
discussão, troca de ideias e experiências entre os professores da rede pública,
sobre indisciplina escolar, a partir do projeto de intervenção proposto.
Durante o período de realização do GTR, os professores que participavam,
tiveram acesso ao projeto de intervenção e também ao material didático, fazendo
uma análise das produções e opinando na intervenção na escola, assim como
acompanhar os resultados das ações desenvolvidas.
Neste caso em particular o GTR foi extremamente gratificante, pois
possibilitou a pessoa que ora lhes escreve, repensar numa ação dialética o trabalho
proposto, fazer a leitura de relatos de colegas pedagogos que num breve espaço de
tempo já haviam realizado, em sua realidade, algumas das oficinas propostas no
material didático, relatando resultados positivos. Diante disso, pude perceber que o
projeto de intervenção era exeqüível em diferentes realidades educacionais. Outra
questão ainda a ressaltar foi o fato de que as contribuições e discussões nos fóruns
superaram as expectativas, sendo que ficou bastante perceptível que as colocações
eram de fatos geradoras de discussões e que as participações não estavam sendo
mero cumprimento burocrático, por parte dos professores.
Por fim cabe dizer que as ações propostas foram discutidas no coletivo deste
GTR e que se pode perceber as fragilidades e “pontos fortes” do projeto de
intervenção, o que proporcionou repensar muitas delas.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O período de realização do PDE foi singularmente extraordinário, por isso
tenho uma fala entusiasmada de todas as suas etapas, pois acredito que poder
voltar à Universidade para realizar estudos e pesquisas em torno da realidade da
escola é uma experiência única e privilegiada.
As quatro etapas cursadas oportunizaram momentos de estudos, pesquisas e
práticas com relação à indisciplina escolar a partir da participação em seminários e
-
cursos no Projeto Não Violência da UFPR – Universidade Federal do Paraná. A
participação em seminários e cursos permitiu desconstruir conceitos equivocados a
respeito de indisciplina e aprendizagem, oportunizando uma nova postura diante
destas questões.
A realização do GTR possibilitou trocas de experiências, com relação ao
enfrentamento da indisciplina escolar. Apesar de ser realizado a distância,
conseguimos criar um vinculo forte, e também um ambiente de estudos, reflexões e
discussões, bem agradável e profundo, sendo que a participação nos fóruns de
debates foi além das expectativas. Mas o mais gratificante foram os relatos de
muitas cursistas que acabaram realizando partes das ações do meu projeto de
intervenção e que alcançaram resultados positivos.
Acredito que a percepção que os professores tinham de indisciplina foi
modificada, pois já concordam que este é um problema que vai além dos muros da
escola e que, portanto, sua amenização está na busca coletiva de soluções.
Para não dizer que só falei de “flores”, neste parágrafo gostaria de colocar
que tive muitas dificuldades para a implementação do projeto, por este propor um
trabalho com professores sendo que conciliar os horários dos mesmos, não foi tarefa
fácil, e neste sentido acredito que os professores do PDE, que optaram trabalhar
com esta categoria tiveram o mesmo problema. Cabe ressaltar que neste projeto de
implementação, em particular, consegui o apoio da direção da escola que
gentilmente me cedeu um encontro pedagógico de oito horas, previsto em
calendário para desenvolver cinco oficinas para os sessenta professores da escola.
Nas demais oficinas cabe informar que a frequência variou entre 20 a 25
professores, isto pela necessidade que sentiam em estudar o tema proposto.
Podemos afirmar que este fato comprometeu, consideravelmente, a criação
do programa de ações em relação á indisciplina, pelo seu caráter construção
coletiva.
No que diz respeito aos desafios o maior deles, podemos considerar que foi o
da tentativa e expectativa em torno da desconstr