PARA OUTRO - lds.org · 14/07/2006 · Achei que iria morrer. ... DE UM AMIGO PARA OUTRO Tirado de...

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P erdi meu pai durante a Segunda Guerra Mundial, quando tinha qua- tro anos de idade. Aprendi a traba- lhar porque meu pai não estava conosco, e minha mãe designava tarefas aos filhos. Eu ajudava a cozinhar o jantar da família por- que minha mãe tinha que trabalhar. Minha irmã e meu irmão mais velhos tinham empregos de meio período para ajudar a família, e quando fiquei mais velho, fiz o mesmo. Trabalhei numa fazenda e numa empresa de pesca. Depois de terminar o curso fundamen- tal, tive que trabalhar para sustentar-me. Quando rapaz, encontrei um emprego de tempo integral numa loja de queijo de soja que ficava a nove quilômetros de minha casa. Eu ia para a escola à noite, por isso voltava muito tarde para casa. Bem cedo pela manhã, no meu trabalho, eu fazia queijo de soja e vendia na rua ou fazia entregas em várias mercearias. Fiquei muito doente de tanto trabalhar e tive que ser internado no hospital. Achei que iria morrer. Nasci numa família budista. Sempre senti que havia um Deus no céu, mas nunca tinha sido ensinado sobre Deus. Estava desesperado para falar com Ele. Nem conhecia as palavras “Pai Celestial”, por isso perguntei: “Deus, Você está aí? Por favor, me ajude”. Oito dias depois, pude sair do hospital e fiquei morando na casa do meu tio até recuperar a saúde. Poucos dias depois, os missionários bate- ram na porta da casa do meu tio. Quando os vi, disse-lhes que fossem embora. Mas um deles disse: “Temos uma grande mensa- gem para você. Um rapaz como você viu o Pai Celestial e Jesus Cristo”. Não pude resis- tir à curiosidade, pois estivera orando e buscando o Pai Celestial poucos dias antes. Por isso disse: “Vocês têm só dez minutos. Podem entrar”. Os missionários me ensinaram a bela e sagrada história de Joseph Smith. Fui tocado. Senti realmente o poder do Espírito. Os missionários pediram que eu orasse e perguntasse ao Pai Celestial se a mensagem deles era verdadeira, e me ensinaram a orar. Orei naquela noite. Até hoje lembro exatamente como me senti naquela ocasião. Pedi aos missionários que voltassem quase todos os dias depois daquilo. Acreditei no que me ensinaram. Acreditei que Joseph Smith viu o Pai Celestial e A10 Um Legado de Amor “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). DE UM AMIGO PARA OUTRO Tirado de uma entrevista com o Élder Yoshihiko Kikuchi, dos Setenta; por Monica Weeks ILLUSTRATED BY MICHAEL T. MALM

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Perdi meu pai durante a SegundaGuerra Mundial, quando tinha qua-tro anos de idade. Aprendi a traba-

lhar porque meu pai não estava conosco, eminha mãe designava tarefas aos filhos. Euajudava a cozinhar o jantar da família por-que minha mãe tinha que trabalhar. Minhairmã e meu irmão mais velhos tinhamempregos de meio período para ajudar afamília, e quando fiquei mais velho, fiz omesmo. Trabalhei numa fazenda e numaempresa de pesca.

Depois de terminar o curso fundamen-tal, tive que trabalhar para sustentar-me.Quando rapaz, encontrei um emprego detempo integral numa loja de queijo de sojaque ficava a nove quilômetros de minhacasa. Eu ia para a escola à noite, por issovoltava muito tarde para casa. Bem cedopela manhã, no meu trabalho, eu faziaqueijo de soja e vendia na rua ou faziaentregas em várias mercearias.

Fiquei muito doente de tanto trabalhar e tive que ser internado no hospital. Acheique iria morrer. Nasci numa família budista.Sempre senti que havia um Deus no céu,mas nunca tinha sido ensinado sobre Deus.Estava desesperado para falar com Ele.

Nem conhecia as palavras “Pai Celestial”,por isso perguntei: “Deus, Você está aí? Porfavor, me ajude”. Oito dias depois, pudesair do hospital e fiquei morando na casado meu tio até recuperar a saúde.

Poucos dias depois, os missionários bate-ram na porta da casa do meu tio. Quandoos vi, disse-lhes que fossem embora. Masum deles disse: “Temos uma grande mensa-gem para você. Um rapaz como você viu oPai Celestial e Jesus Cristo”. Não pude resis-tir à curiosidade, pois estivera orando e buscando o Pai Celestial poucos dias antes.Por isso disse: “Vocês têm só dez minutos.Podem entrar”.

Os missionários me ensinaram a bela e sagrada história de Joseph Smith. Fuitocado. Senti realmente o poder doEspírito. Os missionários pediram que eu orasse e perguntasse ao Pai Celestial se a mensagem deles era verdadeira, e meensinaram a orar. Orei naquela noite. Atéhoje lembro exatamente como me sentinaquela ocasião.

Pedi aos missionários que voltassemquase todos os dias depois daquilo.Acreditei no que me ensinaram. Acrediteique Joseph Smith viu o Pai Celestial e

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Um Legado de Amor“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê

não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).

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Tirado de umaentrevista com oÉlder YoshihikoKikuchi, dosSetenta; porMonica Weeks

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Jesus Cristo no Bosque Sagrado. Mas antes de poderser batizado, precisava pedir permissão para minhamãe. Liguei para ela e disse: “Mãe, encontrei umaigreja maravilhosa. Preciso de sua permissão parafiliar-me a ela”.

Ela disse: “Não. Perdi meu marido. Não quero perdermeu filho”. Ela ficou com medo de que, caso eu mefiliasse à Igreja, eu viesse a deixá-la.

Eu disse: “Não vou para lugar nenhum”. Então eladesligou o telefone.

Os missionários jejuaram e oraram por mim, e eutambém fiz o mesmo. Liguei para ela novamente edisse: “Por favor não desligue até que eu tenha real-mente explicado tudo”. Ela sugeriu que eu estudassemais e deixasse passar algum tempo antes de tomar a decisão. Mas eu sentia muito forte que aquele era o momento em que devia ser batizado.

Por fim, ela me disse: “Filho, se for desistir nomeio do caminho, então não faça. Mas se vai perma-necer nesse caminho por toda a vida, então tem aminha permissão”. Isso fez com que eu sempretenha levado muito a sério a minha condiçãode membro da Igreja.

Sinto-me grato por minha mãe. Sougrato pelo Pai Celestial que me permitiuconhecer o evangelho restaurado. Todasas experiências que tive na Igreja foram

maravilhosas. Mas nada se compara com a profundagratidão que sinto pelo Salvador, por Sua graça emisericórdia, e pelo que fez por minha mulher efilhos.

Quando meu filho foi chamado para servir em umamissão no Brasil, fizemos uma viagem de pai e filho atéo Bosque Sagrado, em Palmyra, Nova York. Passamostrês dias ali apenas caminhando e conversando. Noúltimo dia, sentamo-nos num banco e prestamos teste-munho um para o outro. Contei novamente para meufilho a história da minha própria conversão, e chora-mos. Espero que os filhos e netos dele levem adianteesse legado de amor e fé nos anos vindouros. ●

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