Papovaviridae e Rhabdoviridae Trabalho Micro Vet Pronto

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INTRODUÇÃO

A enfermidade estomatite vesicular é uma doença que é facilmente confundível

com febre aftosa, pois a estomatite vesicular é indistinguível na sintomatologia clínica,

devido a essas características o conhecimento e diagnóstico dessa doença são muito

importantes.

Visto que a febre aftosa é uma doença de notificação obrigatória que constitui

embargos sanitários e suspensão de exportação de carnes e produtos de origem animais

pra vários países o que causa grandes transtornos financeiros ao país tanto pelo embargo

quanto pelos procedimentos sanitários de interdição, sacrifício e desinfecção dos focos.

A enfermidade da Raiva é um problema de saúde pública que o Brasil luta pra

erradicar através de campanhas de vacinação anuais, a mesma é uma importante

zoonose, pois é letal sendo assim acredita-se que todo e qualquer trabalho que vise

informar mais a respeito da mesma é válido.

Este trabalho contém uma revisão de literatura sobre essas enfermidades com o

propósito de conhecimento e inserção das mesmas no diagnóstico diferencial para evitar

diagnóstico precipitado de febre aftosa quando o caso é de uma dessas enfermidades, e

evitar negligências que possam virar a causar um caso de raiva.

Sendo sempre importante frisar que toda doença vesicular deve ser notificada ao

serviço oficial para que se tome as medidas cabíveis, no mesmo se fará também uma

rápida introdução a Hematuria Enzootica e Papilomatose sendo que a última traz sérios

problemas ao produtor devido ao desconforto gerado no animal e perdas econômicas

graças a inutilização do coro de bovinos.

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Capítulo I - Rhabdoviridae

Rhabdovirus são vírus pertencentes à família Rhabdoviridae, o que é

do ordem Mononegavirales. O nome é derivado a partir da haste gregorhabdos sentido

referindo-se à forma das partículas virais. Rhabdoviruses infecta uma ampla gama de

hospedeiros em todo o reino animal e de plantas. Rhabdovirus animais infectam insetos,

peixes e mamíferos, incluindo os seres humanos.

Os viriões da família Rhabdoviridae têm a forma de bala e

aproximadamente 170nm de comprimento e 70nm de largura (Murphy, et al. 1999). O

envelope lipídico que os reveste apresenta uma densa camada de pequenos espigões (6

a 7nm de comprimento) compostos por glicoproteínas (Hirsh, et al. 1999). Estes

espigões estão, por sua vez, comprimidos numa só proteína viral de ligação: G

(Dimmock, et al. 2001). A membrana do envelope está revestida interiormente por uma

matriz proteica e um centro que contém um complexo ribonucleicoproteíco.

Rhabdovirus transportam o seu material genético sob a forma de negativo-

sentido de cadeia simples, RNA. Eles normalmente transportam genes para cinco

proteínas: proteína grande (L), da glicoproteína (G), nucleoproteína (N), fosfoproteína

(P), e proteína de matriz (M). Rhabdovirus que infectam vertebrados são geralmente em

forma de bala.

Alguns gêneros estão incluídos aqui:

Gênero Cytorhabdovirus ; espécies tipo: alface vírus amarelos necrótico

Gênero Dichorhabdovirus ; espécie tipo: vírus da mancha Orquídea

Gênero Ephemerovirus ; espécie tipo: vírus da febre efêmera de bovinos

Gênero Lyssavirus ; espécie tipo: Raiva vírus

Gênero Novirhabdovirus ; espécie tipo: vírus da necrose hematopoiética

infecciosa

Gênero Nucleorhabdovirus ; espécies tipo: Potato virus anã amarela

Gênero Vesiculovirus ; espécie tipo: vírus Vesicular Indiana estomatite

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1.1 - Estomatite Vesicular / doença febril em humanos

O vírus da estomatite vesicular é um membro da família Rhabdovirus. É um

vírus zoonótica e é transmissível aos seres humanos a partir dos fluidos de vesículas e

de tecidos de animais infectados. Veterinários e agricultores estão em maior risco. 

Não há nenhuma maneira prática para evitar a exposição ocupacional. A doença

se assemelha a gripe e resolve sem complicações dentro de 7-10 dias. VSV foi utilizada

para elucidar o processo de proteína alvo. Tem particular importância para os

agricultores em determinadas regiões do mundo onde ele pode infectar bovinos. Isto é

porque o quadro clínico é idêntico ao da febre aftosa. 

Também é um vírus de laboratório comuns usados para estudar as propriedades

dos vírus da família Rhabdoviridae, bem como estudar a evolução viral.

O agente etiológico da EV é um vírus que pertence à Família Rhabdoviridae, gênero Vesiculovirus. Possui forma de um projétil, com o comprimento e o diâmetro variando entre 100 a 430 nm e 45 a 100 nm, respectivamente. É formado por 5 polipeptídeos principais, denominados L, G, N, NS e M, com o ácido nucleico formado por uma única molécula linear de ácido ribonucleico de fita simples com polaridade negativa; o nucleocapsídeo possui simetria helicoidal e é circundado por uma camada lipoproteica de onde partem projeções de 5 a 10 nm e que constituem a glicoproteína viral (MURPHYet al., 1995).

Por esta região o vírus interage com as células susceptíveis e também está

envolvida na neutralização viral, além de diferenciar os sorotipos. Existem dois tipos

imunologicamente distintos do vírus da EV, classificados como New Jersey (NJ) e

Indiano (Ind), este último subdividido em três subtipos com características antigênicas

distintas: Indiana I (amostra clássica), Indiana II (Cocal e Argentina) e Indiana III

(Alagoas). Segundo o Comitê Internacional de Taxonomia de Vírus, neste gênero estão

incluídos ainda espécies como Piry, Chandipura, Isfahan, Marabá e 20 outras espécies

ainda não catalogadas (MURPHYet al., 1995).

1.1.1 - Fatores de Patogenicidade

A proteína G VSIV permite a entrada viral, ele media a ligação viral para a

célula hospedeira, onde é sujeita a endocitose, em seguida, ele faz a mediação da fusão

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do envelope virai com a membrana endossomal.  A proteína L VSIV é codificada pela

metade do genoma, e combina-se com a fosfoproteína para catalisar a replicação do

RNA.

O VSIV proteína M é codificado por um RNAm que é 831 nucleotídeos de

comprimento e se traduz em um 229 aminoácidos da proteína. A sequência de proteína

prevista M não contém qualquer hidrofóbica longa ou domínios não polares, que podem

promover a associação de membrana. A proteína é rica em aminoácidos básicos e

contém um domínio do terminal amino altamente básico.

Após a infecção, o VSIV gene G é expresso e é vulgarmente estudada como um

modelo para a N-ligada de glicosilação no retículo endoplasmático (ER). É traduzido

para o RE rugoso onde oGlc 3 - Man 9 - GlcNAc 2 oligossacarídeo é adicionado por

um dolicol contendo proteína, com um motivo em NXS VSIV G. Os açúcares são

removidos gradualmente à medida que a proteína viaja para o aparelho de Golgi , e

torna-se resistente a endoglicosidase H . 

 Quando sintetizada em células epiteliais polarizadas, o envelope da

glicoproteína VSV G é voltado para o PM basolateral. VSVG também é uma proteína

de revestimento comum para lentivirais sistemas de vectores de expressão utilizados

para introduzir material genético em sistemas in vitro ou de modelos animais,

principalmente por causa de seu tropismo extremamente amplo.

Alguns estudos têm identificado genes virais determinantes de virulência in vitro

e in vivo. Por exemplo, a proteína M parece modular a resposta imune inata em células

infectadas e tem sido associada com o aumento da virulência de isolados em

camundongos de laboratório. Os sorotipos VSNJV e VSIV apresentam diferenças

importantes de virulência; o tipo Indiana produz doença mais grave e se dissemina com

maior rapidez por contato entre suínos, e a gG parece ser um importante determinante

de virulência.

Diagnóstico

O sinal principal em animais é a doença oral, aparecendo como vesículas

mucosas e úlceras na boca, mas também sobre o úbere e em torno da banda

coronária. Os animais podem mostrar sinais sistêmicos, como anorexia, letargia e febre.

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A doença geralmente se resolve dentro de duas semanas, e os animais geralmente se

recuperam completamente.

Os espécimes adequados para isolamentos do vírus ou para detecção do

antígeno viral incluem epitélio das lesões e fluido vesicular. O vírus pode ser isolado

em linhagem de células adequadas, em ovos embrionários ou por inoculação

intracerebral em camundongos lactentes. Ele é citopático. A microscopia eletrônica

pode ser usada para identificação do vírus em espécimes ou em cultura de tecidos. Os

níveis de anticorpos em animais recuperados podem ser analisados mediante TFC,

vírus neutralização, ELISA competitivo ou ELISA de captura específica ao IgM.

Como os níveis de complemento fixado e de anticorpos IgM persistem por

curtos período, ensaios com base em procedimentos envolvendo esses anticorpos

podem ser usados para confirmar infecção recentes em áreas endêmicas.

Tratamento e Controle

Nenhum tratamento específico está disponível, mas alguns animais podem

necessitar de antibióticos para infecções secundárias.

O tratamento constitui basicamente no oferecimento de alimentos de fácil

apreensão e mastigação, favorecendo a recuperação das lesões orais. As medidas

adotadas para o controle da doença são interdições da propriedade, isolamento dos

animais doentes, controle de insetos e desinfecção da propriedade.

Epidemiologia

A transmissão da doença, e o modo pelo qual o vírus é mantido na natureza

durante os surtos endêmicos e epidêmicos não estão completamente descrita, sabe-se

que ocorre principalmente por meio das secreções eliminadas a partir das lesões e pela

saliva (QUINN et al.,2005 ).

Têm sido implicados contato direto e insetos – vetor. O vírus é eliminado na

saliva e pode contaminar a água o os cochos de alimento. O envolvimento de insetos –

vetor é deduzido da ocorrência sazonal de casos do modelo de disseminação, com

agrupamentos de casos ao longo de vales de rios e áreas irrigadas. Tem sido isolado o

vírus a partir de muitas espécies de insetos, inclusive borrachudos, mosquitos e moscas

domésticas. A replicação viral em borrachudos tem sido demonstrada.

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1.2 – Lyssavirus

O vírus da raiva, um Lyssavirus, que pertence à família Rhabdoviridae, possui

um genoma de cadeia linear de RNA negativo. O seu vírion possui

uma nucleocápside helicoidal e envelope lipídicorevestido exteriormente por espigões.

A raiva é uma doença infecciosa aguda e fatal, causada por este vírus, que se

alastra pelo sistema nervoso central e se encontra em grandes concentrações nas

glândulas salivares, este vírus agrupa-se em formações, corpúsculos de Negri, que são

agregados de partículas virais. O vírus rábico ocorre em todo o Mundo, com algumas

exceções, como o Japão, Reino Unido, Nova Zelândia, Antártida, e outras pequenas

ilhas como o Havai, onde foi completamente erradicado (Murphy, et al. 1999).

O vírus da raiva é inactivo por agentes químicos tais como o éter,

a formalina (1%), cresol (3%) e ß-propiolactone (0,1%) (Hirsh, et al. 1999) e por

agentes físicos tais como fervura e radiação ultravioleta. Também é destruído pela

pasteurização e na saliva seca perdendo a sua virulência em poucas horas, mas nos

cadáveres putrefactos pode residir até 45h após a morte. O glicerol e o frio são

excelentes conservantes. 

A infecção natural é consequência da mordedura de um animal raivoso. A

gravidade da infecção está ligada a vários factores, como a virulência da saliva, a

extensão e profundidade da ferida. No cão os sintomas podem manifestar-se de duas

formas: raiva furiosa ou raiva muda (Murphy, et al. 1999).

O controlo da raiva é efectuado essencialmente através da profilaxia sanitária e

varia consoante a região do mundo e os hospedeiros reservatórios. 

Perspectiva histórica

A raiva é uma doença aguda transmitida principalmente pela mordedura de um

animal infectado. Esta doença é conhecida desde os tempos mais remotos (Ferreira,

1968) tendo sido reconhecida e descrita por volta de 2300 a.C.  Contudo, só em 1804 é

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que Zuique demonstrou a infecciosidade da saliva de um cão com raiva e Galtier,

inoculou-a em coelhos, em 1879 (Ferreira, 1968).

No entanto, o estudo científico desta doença só se iniciaria com Pasteur, o qual

em colaboração com Thuillier, Roux e Chamberland concluiu, em 1881, que o órgão

alvo do vírus rábico no organismo era o sistema nervoso central, e que a

inoculação intracerebral era o meio mais eficaz de transmitir a raiva (Ferreira,

1968). Em 1885, Pasteur deu a conhecer um método de atenuação do vírus, que lhe

permitiu tentar o tratamento preventivo da raiva. Inoculou coelhos com material

provindo do cérebro de vacas infectadas com raiva e usou suspensões aquosas da

espinal-medula seca destes coelhos para infectar outros coelhos. Depois de sucessivas

experiências iguais, os resultados foram coelhos imunizados contra a raiva. No entanto,

para surgirem melhores e mais métodos para produzir uma maior quantidade desta

vacina foi preciso esperar pelo reconhecimento dos vírus como entidades biológicas e

como parasitas das células hospedeiras (Flint, et al. 2004). Em 1921 esta vacina foi

adaptada para o uso em cães doméstico e nos anos 40 iniciou-se um programa para

vacinação em massa de cães (e mais tarde de gatos) nos Estados Unidos.

Entretanto, em 1903, Remlinger fez novos avanços no diagnóstico da raiva ao

demonstrar a filtrabilidade do vírus. Nesse mesmo ano, um médico italiano, Negri,

descobriu, através do microscópio, inclusões celulares citoplasmáticas em determinadas

células do sistema nervoso central, que ficaram conhecidas por corpúsculos de Negri, e

que são de elevada importância para o diagnóstico (Ferreira,1968). Deu-se um avanço

neste método quando se começou a usar um teste de anticorpos fluorescentes mais

sensível para o diagnostico da raiva em 1959. Outra descoberta notável em laboratório

foi o desenvolvimento de técnicas de cultura celular para a manutenção de células

infectadas com raiva, permitindo aos investigadores caracterizar o vírus e estudar a sua

habilidade para infectar. Foram estes os avanços médicos e tecnológicos que permitiram

o aprofundamento do conhecimento científico sobre a transmissão e progresso da

doença levando a que muitos países iniciassem campanhas de saúde pública para

erradicar a incidência da raiva humana nos países desenvolvidos, nos anos 40 e 50.

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Genoma viral

O genoma do vírus da raiva, é uma molécula simples e linear de RNA de cadeia

negativa (Murphy, et al. 1999) (Classe V de Baltimore) (Flint, et al. 2004), tem 11 a 15

kb de tamanho e não é segmentado.

O genoma contém 5 genes na ordem 3´-N-NS-M-G-L-5`, que codificam cada

um para 5 proteínas diferentes. Estas proteínas são a: L (2142

aminoácidos), RNA polimerase dependente que tem funções na transcrição e replicação

do RNA; a G (505 aminoácidos), glicoproteína que forma os espigões; a NS (297

aminoácidos), proteína altamente fosforilada, que é uma componente

da polimeraseviral; a N, que é a componente principal do centro nucleoproteíco e a M

(202 aminoácidos) que é a proteína que facilita o budding dos viriões e a construção

da nucleocápside. As proteínas N, NS e L constituem, em associação com o genoma

viral, a nucleocápside (Murphy, et al. 1999). A proteína G é o alvo principal para a

terapia de anticorpos contra a raiva, visto que esta está envolvida na invasão e fusão

com a célula hospedeira e assim, ao actuar-se sobre esta bloqueia-se a fusão do vírus

com a célula hospedeira.

Fatores de Patogenicidade

O vírus entra na célula hospedeira por fusão do seu envelope com a membrana

celular. Toda a replicação ocorre no citoplasma. A replicação envolve, primeiro, a

transcrição do genoma viral para mRNA pela polimerase viral. Mais tarde, usando os

produtos desta transcrição, há a produção de muitas cadeias simples de RNA positivas,

que vão ser usadas para a síntese do RNA genómico. Usando a cadeia de RNA como

molde, a polimerase transcreve 5 fragmentos subgenómicos de mRNA.

No genoma viral há um único promotor, localizado a 3` onde a polimerase se

liga ao molde de RNA e move-se ao longo da cadeia, encontrando sinais de stop/inicio

ao longo do genoma, o que leva à formação dos 5 fragmentos subgenómicos. Como só

uma pequena porção da polimerase consegue passar as junções e continuar o processo

de transcrição, são traduzidos mais genes que estão localizados a 3´, deste modo o

gradiente de produção vai diminuindo: N>P>M>G>L. Isto permite a produção de um

largo número de proteínas estruturais N e consequentemente menos quantidade de

proteína L.

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A ligação das novas moléculas de núcleoproteínas formadas ao RNA genómico

leva à formação da núcleocápside helicoidal. A proteína G vai para o complexo

de Golgi onde sofre glicosilação. A Depois da adição da proteína M,

as nucleocápsides são ligadas às membranas das células, e os viriões são libertados

por budding. O budding do vírus da raiva ocorre nas membranas dos neurónios

infectados, mas também nas membranas das células do epitélio das glândulas salivares

(Murphy, et al. 1999).

 É de referir que o primer para a síntese de mRNA está no citoplasma do

hospedeiro (Murphy, et al. 1999).

Mecanismo de infecção

O mecanismo pelo qual o vírus da raiva infecta uma célula é semelhante ao de

muitos outros vírus. A infecção começa quando a proteína G promove a interacção do

vírus com a membrana da célula hospedeira. O vírus da raiva tem uma afinidade

extraordinária para o tecido nervoso.

Após a ligação à célula hospedeira via proteína viral G, o vírus é absorvido para

dentro da célula através da membrana plasmática. Uma vez dentro da célula, o vírus

congrega-se dentro deendossomas que baixam imediatamente o pH e à medida que o pH

varia, a conformação da proteína G muda de tal forma que faz com que a membrana

viral se funda com a membrana endossomal. Isto leva à expulsão de proteínas virais

e RNA para dentro do citoplasma. Uma vez no citoplasma, a proteína viral L transcreve

cinco mRNAs do genoma do RNA usando nucleótidos livres do citoplasma da célula

hospedeira. Estes mRNAs têm extremidade 5’- cap e cauda poli-A permitindo a sua

tradução nas cinco proteínas correspondentes, usando as estruturas de tradução da célula

hospedeira. Estas proteínas também sofrem modificações pós-traducionais dentro da

célula hospedeira, incluindo a glicosilação da proteína G e fosforilação da proteína P. O

genoma de RNA viral é replicado usando um complexo composto pelas proteínas L e P.

Patogenia

A mordida de um animal infectado liberta, usualmente, vírus para o interior dos

músculos e dos tecidos (Murphy, et al. 1999). A seguir à exposição viral, o vírus pode

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seguir uma de duas vias: ir directamente para os nervos periféricos ou ser amplificado

nas células do tecido muscular estriado perto do local de inoculação. Como o vírus

é neurotrópico, embora seja capaz de multiplicar-se em células não nervosas, em

condições naturais não utiliza a via sanguínea para a sua disseminação.

O período de incubação corresponde ao período de tempo que vai desde a

mordedura até ao aparecimento dos sintomas clínicos (Ferreira, 1968). É neste período

que se dá a replicação viral no local da mordedura, terminando precisamente quando o

vírus se começa a espalhar do tecido muscular para os nervos periféricos à volta deste.

Durante este período outros tecidos e órgãos que não sejam os do local da mordedura

não apresentam níveis detectáveis de vírus.

Uma vez que o vírus invade o sistema nervoso periférico, a infecção entra no

período prodromal que é caracterizado pelo aparecimento dos primeiros sintomas e a

progressão rápida e irreversível da doença.

O vírus rábico invade o sistema nervoso periférico através dos nervos sensoriais

e dos nervos motores visto que tem uma especial afinidade para os receptores dos

neurotransmissores da acetilcolina que existem nas junções neuromusculares. As

propriedades físicas e químicas dos receptores parecem direccionar os vírus para as

células nervosas, para as infectar.

A infecção dos neurónios, e o movimento centrípeto e passivo até ao sistema

nervoso central, ocorre normalmente por via da espinal-medula (Murphy, et al. 1999),

que constitui a ligação entre o sistema nervoso periférico e o central. A penetração

do virião no axónio tem lugar ao nível dos nódulos de Ranvier e a propagação ocorre

através das ramificações das dentrites. Mais tarde a infecção viral move-se de forma

centrifuga do sistema nervoso central através dos nervos periféricos para os órgãos

internos, músculos, córnea, mucosa nasal, mas principalmente para o pâncreas e as

glândulas salivares.

No sistema nervoso os vírus são formados por budding nas

membranas intracitoplasmáticas, mas, no entanto, nas glândulas salivares,

o budding ocorre nas membranas apicais das células da mucosa, que libertam,

consequentemente, elevadas concentrações de viriões na saliva.

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Assim, ao mesmo tempo que a replicação viral ocorre no

sistema nervoso, o animal torna-se furioso e morde

indiscriminadamente, e visto que a sua saliva é altamente

infecciosa à sérios riscos de infecção da vítima (Murphy, et al.

1999).

Quando os vírus atingem o sistema límbico do cérebro, as suas replicações

causam distúrbios no comportamento, com a continuação da replicação viral

no neocórtex os sinais clínicos mudam e instala-se a forma paralítica da doença. Ocorre

depressão, coma, paragens respiratórias, até à morte.

Epidemiologia

A Raiva está presente em todos os continentes, à excepção da Austrália e

Antártida. Somente 24 países, principalmente os insulares, como por exemplo Japão,

Reino Unido, Escandinávia, Nova Zelândia, e outras pequenas ilhas como o Havai

(Murphy, et al. 1999), estão livres da doença na forma endémica.

Actualmente a doença tem aumentado em incidência, particularmente entre os

animais selvagens. Mas, entre os cães e gatos (e, consequentemente nos humanos)

diminuiu em várias áreas, devido aos procedimentos dos departamentos de saúde

pública e campanhas de vacinação. Por exemplo: desde o controle da raiva canina nos

anos 40 e 50, que a raiva humana nos Estados Unidos tornou-se muito rara. Contudo

com a recente epizootia de raiva dos texugos e a elevada transmissibilidade da raiva por

morcegos, persiste o medo de que a raiva humana possa reemergir.

Por sua vez, na Europa, na década de 70, a raiva espalhou-se pela vida selvagem

na Alemanha com períodos de incursões pelos países vizinhos, como a Dinamarca,

Holanda, Bélgica, Luxemburgo, França e Suiça, tendo sido eliminada na década de 90

após campanhas de vacinação oral dos animais selvagens. É de referir que em alguns

países em desenvolvimento, onde a raiva é endémica, após um programa de vacinação

oral para os animais domésticos e do melhoramento do tratamento pós-

exposição, registou-se um decréscimo drástico dos casos de raiva humana, como por

exemplo: na China, Tailândia, Sri Lanka e América Latina. Para contrariar este

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decréscimo, nas últimas décadas, uma forma de raiva canina (que se transmite de cão

para cão) foi reconhecida por estar a espalhar-se para o lado leste da África ocidental e

para o lado sul da África. Na América latina este decréscimo também tem sido

contrariado pelo aumento da raiva bovina.

Como é difícil encontrar dados fiáveis de ocorrências da raiva em

muitas áreas do globo (países subdesenvolvidos e em

desenvolvimento), torna-se também difícil determinar o seu impacto

total na saúde humana e animal, por exemplo: em 1991, um total de

1326 casos de raiva humana foi reportado à WHO. Contudo estima-se

que ocorram 40,000 a 70,000 mortes anualmente, embora o número de

pessoas que recebem tratamento pós-exposição, depois de suspeita de

terem estado em contacto com animais supostamente infectados, seja

muito superior (cerca de 10 milhões de pessoas por ano)

(Murphy, et al. 1999).

Este número elevado de mortes é compreensível se tivermos em conta que a

raiva é endémica na Ásia e na África (países densamente povoados) e onde a raiva

canina ainda é a principal causa de infecção de humanos.

Transmissão

A raiva é uma doença mundial que afecta particularmente cães, gatos, morcegos,

e carnívoros selvagens, incluindo chacais, lobos, raposas, doninhas, texugos, coiotes. Os

herbívoros (gado bovino, cavalos, veados e outros) são menos frequentemente

afectados (Topley, et al. 1975) e embora possam transmitir o vírus a outros animais,

raramente o transmitem ao homem. Os roedores selvagens como os ratos e os esquilos

e lagomorfos também são susceptíveis (Topley, et al. 1975), mas raramente são

transmissores porque provavelmente não sobreviveriam ao ataque de um animal com

raiva. A doença é transmitida para os humanos através da mordedura por animais com

raiva, particularmente os cães, gatos, lobos, raposas, doninha, chacal e morcegos

(Topley, et al. 1975).

Enquanto a infecção pode ocorrer em qualquer animal homeotérmico, alguns

como a raposa, coiote e lobo (animais carnívoros) são mais susceptíveis do que outros.

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O vírus é transmitido, principalmente, a outros animais e humanos através do

contacto com a saliva do animal infectado (mordidas, arranhões, lambidelas numa ferida

aberta ou numa mucosa). No entanto há evidências de infecções devidas a: exposições

ao tecido nervoso do animal raivoso, exposições respiratórias – transmissão por

aerossóis (no caso dos morcegos), vacinas defeituosas, e transplantes de córnea (único

exemplo de transmissão directa humano-humano), visto que não se conduzem testes de

raiva em órgãos destinados para transplante.

O contacto da pele intacta com urina, sangue ou fezes de um animal não

constitui factor de exposição, excepto nos morcegos. Em zonas onde há morcegos

hematófagos como na América do Sul, estes são os principais disseminadores da doença

em rebanhos.

Apesar dos vários meios de transmissão, a mordedura de animais

infectados constitui o principal vector de transmissão. As mordeduras

mais perigosas são as dos animais selvagens, seguidas das dos

carnívoros domésticos e, por último, das dos herbívoros (Ferreira,

1968).

Em países desenvolvidos esta zoonose deixou de ter carácter doméstico para

estar presente principalmente em animais selvagens (reservatório primário do vírus), a

partir dos quais a doença se transmite aos animais domésticos e depois aos seres

humanos. Por contraste, na maioria dos países de África, Ásia e América latina, apesar

do facto dos cães apresentarem um risco de infecção mais moderado quando comparado

com os gatos ou os lobos, estes ainda continuam a ser os hospedeiros principais dos

vírus e os responsáveis pela maioria das mortes humanas por raiva.

Diagnóstico

O diagnóstico baseado nos sintomas torna-se mais fácil à medida que a doença

evolui. Depois do vírus se ter espalhado por todo o sistema nervoso central, começa a

espalhar-se de forma centrifuga, por via dos nervos, para outras áreas do

corpo, em  especial para as glândulas salivares o que torna o animal ou indivíduo

contagioso através da mordidela ou outras trocas de fluidos mucosos. Para além das

glândulas salivares, o vírus pode também ser encontrado com menor frequência no

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sangue, gânglios linfáticos, urina e leite. É neste período que se começam a manifestar

os sintomas mais típicos da raiva (raiva furiosa ou raiva muda).

Sintomas

No cão oscila entre os 15 e 90 dias, no Homem entre 20 e 60 dias e no cavalo

entre 21 a 90 dias, podendo prolongar-se até 4 meses. Nos ovinos, caprinos, suínos entre

21 e 90 dias, nos bovinos 20 a 80 dias e nos felinos 14 a 60 dias. No entanto, a partir do

aparecimento dos sintomas a doença é rapidamente progressiva, ocorrendo a morte

aproximadamente em 7 dias. Nos animais, a raiva pode apresentar vários sinais clínicos,

o que a torna difícil de diferenciar de outras síndromes nervosas e de a detectar. Os

sinais clínicos podem incluir alterações de comportamento, depressão, agressão,

dilatação da pupila, fotofobia (medo do claro), descoordenação muscular, salivação

excessiva, dificuldade em engolir devido à paralisia da mandíbula, paralisia dos

músculos cranianos.

Sintomas nos animais selvagens

A principal característica dos animais selvagens infectados é a perca de medo de

seres humanos podendo apresentar-se anormalmente dóceis.

A doença pode ser crónica e inaparente em morcegos e provavelmente em

doninhas e outros mustelídeos e às vezes nas ratazanas e ratos.

Sintomas nos felinos

Nos felinos, a evolução é muito semelhante à do cão, mas na fase furiosa, o

animal é muito mais agressivo do que o cão e tem maior tendência para esconder-se em

locais isolados.

Sintomas no cavalo

No cavalo, a doença, manifesta-se por inquietação, excitação e forte prurido na

zona da mordedura. O animal tem uma atitude agressiva, e forte tendência para morder,

o que os leva àautomutilação . No termo da evolução da doença o animal apresenta

paralisia progressiva, dificuldade em engolir e febre.

Page 18: Papovaviridae e Rhabdoviridae Trabalho Micro Vet Pronto

18

Sintomas no Ruminantes e Suínos 

Nestes animais, o quadro clínico no que respeita à excitação, pouco difere entre

eles, embora com manifestações próprias de cada espécie. Os ruminantes não mostram

tendência para morder.

Nos bovinos a raiva assume sobretudo a forma paralítica, com elevada salivação,

sufocação, ausência de ruminação, esforço rectal e paralisia dos membros posteriores.

No diagnóstico da raiva humana, conhecer a história clínica de mordeduras de

animais é muito importante e deviam-se realizar todos os esforços para localizar o

animal suspeito e pô-lo de quarentena. Se o animal morrer durante a quarentena, a sua

cabeça e o seu pescoço devem ser enviados para diagnóstico laboratorial, que e

essencial para se poder fazer o diagnóstico definitivo da raiva. Se não se conseguir

localizar o animal responsável pela mordedura, pode-se iniciar o

tratamento antirábico para as  pessoas que foram mordidas.

Dentro dos neurónios cerebrais os vírus produzem característicos corpúsculos

de Negri, que são aglomerados de vírus visíveis ao microscópio óptico, e que podem ser

usados para realizar o diagnóstico da doença (Prescott, et al. 1999).

O facto de os encontrarmos constitui um diagnóstico positivo, mas o facto de

não os encontrarmos não exclui a hipótese de raiva definitivamente, portanto para se

confirmar o diagnóstico de raiva pode-se inocular no cérebro de uma cobaia, como por

exemplo o rato, suspensão cerebral do animal suspeito. Os ratos inoculados geralmente

desenvolvem os sinais clínicos dentro de 17 dias após a inoculação e os corpúsculos

de Negri são encontrados no seu cérebro 24 horas após a sua morte.

Actualmente o teste mais usado para o diagnostico de raiva é a demonstração de

antigenes da raiva em tecidos infectados por imuno-fluorescência directa. A imuno-

fluorescencia directa (usada para detectar os antigenes do vírus da raiva) consiste em

fixar o espécimen (célula ou microorganismo) que contém o antigene numa lâmina de

microscópio. Os anticorpos marcados com fluoresceínasão depois adicionados à

película e incubados. Após a incubação, a película é lavada para remover os anticorpos

não ligados aos antigenes e examinada com microscópio de fluorescência para detectar

uma fluorescência verde-amarela.

Page 19: Papovaviridae e Rhabdoviridae Trabalho Micro Vet Pronto

19

O padrão da fluorescência revela a localização do antigene . Este teste é

altamente fiável e é tão sensível como o teste da inoculação no rato. A sua maior

vantagem é que pode ser completado em poucas horas (Hirsh, et al. 1999). O teste ao

anticorpo fluorescente da raiva pode, ainda, ser complementado com uma

análise citológica da mucosa nasal, da córnea ou do tecido sensitivo da região maxilar.

Em alguns laboratórios, em algumas circunstâncias, no diagnóstico post-

mortem pode-se usar a técnica de RT-PCR (reverse transcription-

polymerase chain reaction) para testar a presença do RNAviral no cérebro do animal

suspeito. Esta técnica é feita com primers que amplificam RNA genómico e sequências

de mRNA. O método é 100 a 1000 vezes mais sensível do que os métodos standard e é

mais fácil quando o animal está impróprio para outros testes (por exemplo, quando o

animal morreu à muito tempo). Quando o indivíduo está vivo só se usa a técnica

de imunoflorescência ou RT-PCR, em caso de suspeita de raiva humana.

A utilização recente de anticorpos monoclonais direccionados contra os

antigenes glicoproteícos da raiva provou ser um método mais sofisticado para o

diagnóstico da infecção viral por raiva e para diferenciar os vírus relacionados com

raiva do grupo dos Lyssavirus. Os anticorpos monoclonais para

o antigene glicoproteíco da raiva podem ser usados também para confirmar a vacina da

raiva em cães, gatos e raposas.

Para além destas técnicas podem-se detectar os anticorpos correspondentes

à nucleoproteína do vírus por fixação de complemento, reacção imuno-enzimática, etc.

Tratamento e Controle

A profilaxia sanitária da raiva urbana é praticada em todos os locais onde esta

ocorre, sendo as principais medidas postas em prática a vacinação, o isolamento dos

suspeitos e a sua observação por um médico veterinário. Ao lado destas medidas, outras

mais restritas dizem respeito à declaração obrigatória dos casos diagnosticados, ou

mesmo suspeitos, ao registo obrigatório dos canídeos, ao uso de açaimo e de trela, e à

captura e extermínio de cães e gatos vadios.

Page 20: Papovaviridae e Rhabdoviridae Trabalho Micro Vet Pronto

20

A profilaxia da raiva bovina, muito importante na América do Sul, é feita pela

vacinação em massa do gado, e quando possível complementada por medidas de

combate ao morcego transmissor.

Nos humanos, a vacinação profilática é reservada apenas a certos grupos

profissionais expostos ao risco de contágio, como veterinários, trabalhadores de canis,

profissionais de um laboratório em que se manipule o vírus rábico, praticantes de

espeleologia, viajantes para onde o cuidado médico é difícil de encontrar ou onde a

raiva é comum em cães. 

Vacinação

Depois dos memoráveis trabalhos de Pasteur, foi possível preparar uma vacina

capaz de numa só injecção garantir a imunização dos cães contra a raiva. Era uma

vacina de vírus vivo, atenuada pelo fenol, e o seu emprego generalizou-se largamente.

Durante vários anos foi esta vacina a grande arma de luta contra a raiva, mas em dado

momento foi julgada causadora de acidentes vacinais. E passou a ser empregada a

vacina de vírus morto, que tornava o vírus incapaz de provocar doença, mas continha

poder suficiente para conferir imunidade.

Mais tarde foram desenvolvidas outras vacinas utilizando técnicas mais

avançadas mas baseando-se no modelo de Pasteur:

- a vacina do tipo Fermi-Semple, preparada com cérebro de coelho inoculado

com vírus fixo e atenuada com fenol.

- a vacina do tipo Palácios-Fuenzalida, preparada com cérebro de ratos de 2-3

dias, infectados com vírus fixo, recolhidos por aspiração após 4 dias e inactivados com

raios ultravioleta ou com B-propioloctona.

Além destas que são vacinas de vírus morto, utilizam-se ainda, sobretudo para a

vacinação de animais, vacinas preparadas com vírus vivos atenuados (vírus vivo não

patogénico), como os vírusFlury, de baixa e alta passagem (LEP e HEP), obtidos por

inoculação repetida no ovo e o vírus ERA, atenuado por passagens sucessivas em

células renais de hamster a células renais de porco.

 

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Autor (es) Ano Tecido Estado do Vírus Uso

Pasteur188

5Medula de coelho

Vírus fixo, morto ou

atenuadoHumano

Fermi190

8Cérebro de coelho Vírus fixo morto Humano

Semple191

1Cérebro de coelho Vírus fixo morto Humano

Koprowski e Cox194

8Embrião de galinha

Vírus

fixo, Flury LEP e H

EP

Cão, gato,

bovinos

Palácios

e Fuenzalida

195

5

Cérebro

de ratos lactenteVírus morto

Humano,

cão, gato

Peck195

7Embrião de pato Vírus morto Humano

Albelseth196

4Células renais de porco Vírus vivo, ERA

Cão, gado,

bovino

Wiktor e Koprows

ki

196

5

Células diplóides huma

nas (WI-38)

Vírus

vivo, Flury HEP

Experiment

al

Tabela 1 – vacinas desenvolvidas para o combate à raiva até ao ano de 1965.

 

A vacinação preventiva do cão, medida essencial à profilaxia da raiva urbana,

pode ser feita com vacinas mortas, mas, porém dá-se preferência às vacinas vivas

(HEP, LEP, ERA), porque conferem imunidade por um período mais longo. Somente

cães com mais de 3 meses devem ser vacinados, pois animais de menor idade ficam mal

imunizados. A duração da imunidade pode ser de até 3 anos, para as vacinas vivas ou

Page 22: Papovaviridae e Rhabdoviridae Trabalho Micro Vet Pronto

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atenuadas, em cães ou gatos, mas para obtermos uma imunidade máxima é

recomendável a adopção do esquema com revacinações.

A vacina com o vírus morto (Human Diploid Cell Vaccine, HDCV), produzida

em fibroblastos humanos embora seja dispendiosa, é eficaz e está disponível para o uso

seguro no homem. Antigamente, era usada uma vacina de vírus morto, feita a partir de

tecidos neurológicos, mas tinha um fraco poder imunológico e efeitos colaterais tais

como alergias encefálicas. No entanto, esta vacina ainda é usada em países em vias de

desenvolvimento, pois as vacinas tipo HDCV são muito caras. A vacina pré-exposição é

usualmente dada em três doses de vacina da raiva de células diplóides e é

recomendada para aquelas pessoas que estão no grupo de alto risco de contrair a

doença (Hirsh, et al. 1999).

Tratamento

No caso de uma possível exposição ao vírus da raiva cada caso deve ser

individualmente avaliado. O tratamento anti-rábico específico só é iniciado após se ter

em consideração os seguintes factores:

         Espécies como cães, gatos, doninhas, raposas, coiotes, texugos e morcegos têm

maior probabilidade de estar infectados do que outros mamíferos;

         A circunstância do acidente: um ataque não provocado tem maior probabilidade

de ter sido originado por um animal com raiva;

         Tipo de exposição: profundidade e comprimento da ferida, assim como a sua

localização;

         Incidência de raiva na região;

         O estado de vacinação do animal que mordeu (Murphy, et al. 1999).

A profilaxia pós-exposição é usada para proteger indivíduos que se suspeitem

terem sido expostos a animais com raiva. O indivíduo deve receber tratamento dentro

de 24h a 48h após a exposição, e seguir todos os 3 componentes importantes para a

profilaxia pós-exposição. A primeira é a limpeza total da ferida, que pode diminuir o

risco por eliminação do vírus antes da entrada no organismo. A segunda é a injecção

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com a imunoglobulina para a raiva humana (ou em alguns casos soro anti-raiva) de

modo a fornecer um agente que neutralize o vírus.

A terceira componente é uma série de injecções da vacina da raiva, que serve

para aumentar a velocidade da resposta imunológica natural do indivíduo. Não se sabe

se o tratamento destrói o vírus antes da sua infecção inicial, ou bloqueia a infecção

precocemente e previne a sua dispersão (espalhamento) para fora do tecido muscular.

Em qualquer via, a profilaxia pós-exposição tem sido extremamente efectiva, visto que

não há registos de aparecimento da doença entre os indivíduos que receberam o

tratamento.

Tanto no Homem como nos animais, quando os sintomas se

manifestam, não há cura possível. Este facto justifica que todo o

tratamento tenha que ser feito durante o período de incubação. O

tratamento (imunização efectiva pós-exposição) funciona porque o

transporte do vírus ao longo dos nervos periféricos para a espinal-

medula e cérebro demora algumas semanas (longo período de

incubação), e a doença não começa antes que ele aí chegue

(Dimmock, et al. 2001).

Page 24: Papovaviridae e Rhabdoviridae Trabalho Micro Vet Pronto

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Capítulo II – Papoviridae

Os vírus da família Papillomaviridae infectam diferentes espécies de mamíferos

e aves e caracterizam se pela propriedade oncogênica, que é responsável pela produção

de lesões tumorais, benignas e malignas, nos epitélios cutâneo e mucoso. Em medicina

veterinária, as lesões ocasionadas pela infecção com os papilomavírus determinam

prejuízos econômicos consideráveis à bovinocultura tanto por perdas diretas, causadas

pela morte de animais, quanto indiretas, representadas por reduções na produtividade e

no valor comercial dos animais e subprodutos como o couro.

Em bovinos, a correlação entre a infecção pelo papilomavírus e o

desenvolvimento de neoplasias tem sido extensivamente avaliada, não apenas pela

repercussão econômica da infecção, mas também por ser um modelo experimental

interessante para o estudo do sinergismo com fatores ambientais na etiologia das

neoplasias.

A infecção por membros da família Papillomaviridae ocasiona enfermidades

semelhantes nas diversas espécies acometidas e está amplamente distribuída em todo o

mundo. As lesões cutâneas são comumente denominadas papilomatose ou apenas

verrugas, e são relatadas em quase todas as espécies de mamíferos e em algumas aves e

animais marinhos. A infecção do epitélio mucoso geralmente está associada com a

formação de tumores malignos. Em seres humanos, a infecção pelo papilomavírus está

intimamente associada ao câncer do colo do útero; e, em bovinos, a tumores vesicais

(hematúria enzoótica bovina) e no trato digestório superior (caraguatá).

A ocorrência de papilomas cutâneos em humanos é descrita há séculos e está

presente em relatos de origem grega e romana. As lesões mucosas do colo do útero

foram amplamente relatadas na Idade Média, ocasião em que todas as doenças

sexualmente transmissíveis eram consideradas como ocasionadas por um único agente.

O estudo do papilomavírus animal também tem uma longa história. Em 1898,

M’Fadycan e Hobday relataram a etiologia infecciosa do papiloma vírus oral canino

(COPV). No entanto, o primeiro papilomavírus animal foi identificado somente

em1933, por Richard Shope, que estudou o cottontai abbit papillomavirus (CRPV), que

foi o primeiro vírus DNA oncogênico identificado.

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O CRPV foi um importante modelo para os estudos pioneiros sobre a

oncogênese viral. Entretanto, assim como todos os outros membros dessa família, o

CRPV também se manteve refratário aos estudos virológicos padrões pela incapacidade

de propagação do vírus em sistemas de cultivos celulares. Na década de 1950, os

estudos com os papilomavírus perderam campo para os membros da família

Polyomaviridae, que podem ser cultivados e multiplicados em cultivos de células

convencionais.

Por muitos anos, os papilomavírus, tanto na medicina humana quanto na

veterinária, foram considerados de pouco interesse. Com o advento da tecnologia do

DNA recombinante e clonagem gênica na década de 1970, o primeiro genoma de

papilomavírus foi clonado com sucesso. Esse passo foi importante para o reinício das

pesquisas com os papilomavírus, que possuem vários genes com potencial oncogênico e

são de grande importância no estudo da oncologia molecular. As mudanças na

percepção da importância das infecções, em conjunto com o avanço tecnológico da

biologia molecular, conduziram à intensificação das pesquisas que proporcionaram aos

papilomavírus uma posição de destaque no estudo do câncer e da virologia molecular.

Historicamente, os papilomavírus foram agrupados em conjunto com os

poliomavírus, constituindo a família Papovaviridae, cujo nome é derivado das iniciais

de seus três membros(Papillomavirus, Polyomavirus e SimianVa cuola-ting Agent −

SV40). Todos os três diferentes vírus apresentam propriedades semelhantes (tamanho e

forma do vírion, ausência de envelope e genoma constituído por DNA fita dupla

circular).

Os papilomavírus são pequenos vírus oncogênicos nãoenvelopados, com 52 a 55

nm de diâmetro. O capsídeo viral, com simetria icosaédrica, é composto por 72

capsômeros, sendo 60capsômeros que se ligam de forma hexavalente e 12, de forma

pentavalente. Os capsômeros são arranjados em superfícies com triangulação T =

7,originando à microscopia eletrônica o aspecto arredondado (Figura 15.1). Cada

capsômero é composto por duas proteínas codificadas pelo vírus: a proteína principal

(L1) e a proteína secundária(L2).

Partículas semelhantes ao vírus (VLPs) podem ser produzidas pela expressão

somente da proteína L1 ou pela combinação das proteínas L1e L2. Os vírions

apresentam coeficiente de sedimentação (S 20, W) de 300 e densidade no cloreto de

césio de 1.34 g/mL.O ácido nucléico dos papilomavírus consiste de uma molécula de

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26

DNA de fita dupla circular,com 7.3 a 8 kpb. Nos vírions e nas células hospedeiras, o

genoma está conjugado com histonas, formando um complexo semelhante à cromatina

celular. A massa molecular do ácido nucléico é de 5.0 x 106 daltons e representa 12%

da massa do vírion. A partícula viral é resistente às condições do meio ambiente e a

solventes lipídicos, como o éter e o clorofórmio.

Fatores de Patogenicidade

A infecção pelo papilomavírus é iniciada com a adsorção dos vírions à superfície

das células basais do epitélio. O receptor responsável pela ligação dos vírions é uma

molécula conservada, presente na membrana celular, porém a sua identidade não é

conhecida.

O vírus penetra, provavelmente, por meio de endocitose e é transportado pelo

cito esqueleto em direção ao núcleo. Durante essa etapa, ocorre a desestruturação e

aperda do capsídeo viral, processo ainda pouco compreendido. Utilizando os poros

nucleares, o DNA viral penetra no núcleo da célula hospedeira.

A expressão das proteínas codificadas pelos papilomavírus é complexa devido à

presença de múltiplos promotores e formas alternativas de transcrição. Os primeiros

indicadores de transcrição do genoma aparecem cerca de quatro semanas após a

infecção, quando pode ser detectada a expressão dos genes iniciais E1 e E2. Na infecção

produtiva, as células da camada basal da epiderme, que possuem a capacidade de se

multiplicar, aumentam a taxa de proliferação.

Esse efeito, provavelmente, deva-se à combinação das ações das proteínas

expressas pelo gene E5, que atuam em conjunto com receptores de fator decrescimento

epidérmico; proteína viral E6, que se liga à proteína p53; e proteína E7, que se liga à

proteína retino blastoma (Rb). As oncoproteínas virais interferem, dessa forma, no ciclo

vegetativo celular. A transformação promovida pelos papilomavírus é complexa e

depende dos produtos dos genes iniciais. As proteínas de transformação podem ser

diferentes entre os vários tipos virais, e o mecanismo de ação dessas proteínas ainda

nãoestá totalmente elucidado. O princípio geral consiste em duas ou mais proteínas

iniciais cooperando para formar o fenótipo transformado.

Alguns vírus podem transformar células por si só, como o papilomavírus bovino

tipo 1 (BPV-1), e outros requerem a cooperação com um oncogene celular ativado,

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como o papilomavírus humano tipo 16 (HPV-16). Na maioria dos casos, parte ou todo o

genoma do papilomavírus é mantido nas células tumorais. Em casos excepcionais, como

o papilomavírus bovino tipo 4 (BPV-4), o DNA viral pode ser perdido antes da

transformação.

A replicação do genoma viral ocorre no núcleo celular e é realizada em

diferentes etapas, de acordo com as fases de diferenciação das células do epitélio.

Inicialmente, nas células abaixo da superfície da derme, o DNA viral é amplificado até

um total de 50 a 400 cópias por célula. Após esta fase inicial de replicação, o DNA viral

passa a ser replicado em conjunto com o ciclo de divisão celular e o número de cópias

virais por célula permanece constante. Nas células diferenciadas da epiderme, o DNA

viral é amplificado em grande número de cópias por célula e de forma descontrolada.

A montagem, maturação e a subsequente produção de vírions ocorrem no núcleo

celular. As proteínas tardias, L1 e L2, são expressas e a montagem do capsídeo ocorre

mesmo sem a presença do DNA viral. Essa característica é de grande importância para a

produção de VLPs que apresentam potencial para utilização em vacinas. As partículas

virais são liberadas por interferência da proteína codificada a partir do gene E4, que

desestabiliza a rede de queratina intracelular. Os vírions são, então, agrupados e

liberados das células.

2.1 Hematúria Enzootica e Tumores no Trato digestório

Historicamente, a etiologia da hematúria enzoótica bovina foi relacionada a

diversos fatores, incluindo deficiências nutricionais, ingestão de plantas tóxicas, falta ou

excesso de molibdênio no solo e agentes infecciosos, como bactérias(Corynebacterium

renale), fungos (Fusarium spp), protozoários e até endoparasitos. Atualmente, a

interação do papilomavírus bovino tipo 2 comcarcinógenos presentes na planta

samambaia(Pteridium aquilinum) é reconhecida mundialmente como a mais provável

causa da hematúria enzoótica bovina.

Epidemiologia

A hematúria enzoótica bovina apresenta caráter enzoótico em determinadas

regiões geográficas que reúnem condições ideais para o crescimento da samambaia.

Page 28: Papovaviridae e Rhabdoviridae Trabalho Micro Vet Pronto

28

Essa planta invasora se desenvolve em solos pobres, ácidos, com baixos teores de cálcio

e de fósforo e em regiões com umidade relativa do ar elevada. A samambaia é uma

pteridófita do gênero Pteridium, espécie aquilinum, e, no Brasil, é encontrada apenas a

subespécie caudatum, variedade arachnoideum.

Patogenia

A hematúria enzoótica é caracterizada pela presença de sangue na urina. As

primeiras manifestações ocorrem em animais adultos, com idade superior a três ou

quatro anos, sem preferência de raça ou de sexo. A doença evolui devido às crises de

hematúria, associadas à poliúria e disúria, intercaladas por períodos de remissão, que

podem perdurar semanas, meses ou mesmo anos. A fase da hematúria é variável, o

volume de sangue perdido é inconstante, e os animais também podem apresentar

acentuada proteinúria. Em algumas situações, a hematúria enzoótica bovina pode

ocorrer em associação com neoplasias do trato alimentar.

Várias observações sobre a ocorrência do papiloma vírus bovino e carcinomas

no trato digestório superior de bovinos, associados com sinais de hematúria enzoótica e

com ingestão da samambaia, já foram relatadas no Brasil e em outros países. As toxinas

da samambaia foram capazes de produzir tumores em animais de laboratório livres da

infecção pelo vírus, e este, isoladamente, foi capaz de produzir neoplasias na bexiga de

bezerros que não tinham acesso à samambaia. Resultados de vários experimentos

confirmaram que tanto o vírus quanto a samambaia estão envolvidos na carcinogênese

da bexiga.

Tratamento e Controle

Possibilidades de imunoprofilaxia contra o BPV-2 e o BPV-4 para o controle e

prevenção da hematúria enzoótica bovina e de tumores no trato digestório superior estão

sendo desenvolvidas e avaliadas. Porém, resultados conclusivos ainda não foram

produzidos.

2.2 Papilomatose

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A papilomatose cutânea é caracterizada pela formação de tumores benignos no

epitélio cutâneo e mucoso de várias espécies animais, destacando-se as domésticas

(bovinos, ovinos, suínos, eqüinos e caninos), de laboratório (coelhos e hamsters),

selvagens (ursos, alces), mamíferos aquáticos (golfinhos, peixes-boi),

outros animais aquáticos (tartarugas marinhas), aves (papagaios)e também os

seres humanos.

A papilomatose cutânea geralmente acomete indivíduos jovens e/ou imuno

comprometidos.Os papilomas cutâneos podem ser encontrados em diversas localizações

anatômicas e com os mais variados tamanhos e morfologias, incluindo desde papilomas

planos até em forma de “grão de arroz” e “couve-flor”

Patogenia

O BPV-1 causafibropapilomas em tetos, pênis e em outras localizações

anatômicas; o BPV-2também causa fibropapilomas em diversas localizações

anatômicas, inclusive no esôfago e rúmen. Além disso, é responsável pelo

desenvolvimento de papilomas cutâneos comuns.

Em associação com a ingestão crônica de samambaia (Pteridiumaquilinum), o

BPV-2 também é implicado na etiologia da hematúria enzoótica bovina; o BPV-3tem

sido isolado de papilomas cutâneos comuns;o BPV-4 também é isolado de lesões

cutâneas e,quando em associação ao consumo crônico de samambaia, pode causar

tumores no trato digestório superior, popularmente conhecidos como “caraguatá”; o

BPV-5 causafibropapilomas em forma de grão de arroz no úbere e tetos; e o BPV-6

também é o agente etiológico de papilomas localizados na glândula mamária.

Em 2007, no Japão, foram descritos dois novos tipos de BPV(BPV-7 e BPV-8)

em lesões cutâneas, ainda não classificados em nível de espécie.

A papilomatose eqüina é um distúrbio dermatológico não muito comum, causada

pelo papilomavírus eqüino tipo 1 (EqPV-1). A infecção é geralmente autolimitante e

caracterizada por pequenas lesões localizadas na região da cabeça e pescoço. Mais

comum que a papilomatose cutânea em eqüinos é a infecção heteróloga de eqüinos com

o BPV-1 ou BPV-2, resultando na produção do sarcóide eqüino. Essa infecção, mesmo

não sendo produtiva, promove o aparecimento de grandes massas tumorais. O

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30

tratamento pode ser realizado por extirpação cirúrgica ou com produtos imuno

estimulantes, tais como a aplicação intralesional de BCG.

A papilomatose ovina,causada pelo OvPV-1 e OvPV-2, não é uma doença de

importância econômica, ocorre em uma pequena parcela da população ovina e não

provoca lesões extensas.

papilomatose suína ocorre com maior freqüência na bolsa escrotal e interfere

com a libido,tanto pela dor localizada quanto pela presença de aderências. O agente

etiológico da papilomatose suína ainda não foi caracterizado.A papilomatose canina

pode ser encontrada sob duas formas. A primeira e mais importante é a forma oral,

conhecida como papilomatose oral canina. Essa forma é ocasionada pela infecção com o

COPV, e caracteriza-se pelo aparecimento de pequenos papilomas pedunculados (1-2

cm de comprimento) na cavidade oral, podendo esten-der-se desde a gengiva até o

palato.

Os animais podem apresentar também lesões ao redor da boca e olhos. As

implicações dessa forma de papilomatose são: a dificuldade de alimentação e o mal

estar. A segunda forma, menos comum, é a papilomatose cutânea propriamente dita,

causada pelo CPV-1. Essa infecção pode causar lesões,geralmente em pequeno número,

distribuídas em várias regiões do corpo do animal.

Tratamento e Controle

Algumas opções de tratamento:

1) Retirada cirúrgica e cauterização dos sítios das lesões: a retirada de algumas

verrugas pode estimular o sistema imune humoral e provocar a queda das outras

formações semelhantes. Em rebanhos de alta incidência da doença, mostra-se de

difícil execução. A cauterização é importante porque permite a reabsorção de

tecido rico em

2) Vacina autógena: deve-se levar em conta a importância do estágio de

desenvolvimento do tumor para a colheita de amostras para a fabricação da

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vacina, bem como na fase de regressão. Esta vacina tem caráter curativo e deve

se evitar o tratamento preventivo com este produto biológico;

3) Autohemoterapia: retira-se 10 ml de sangue venoso e imediatamente aplica- se

por via intramuscular profunda, provocando um estímulo imunológico

inespecífico que pode levar à queda das verrugas.

4) Papilomaxâ: produto químico, em forma de pasta, atua matando o vírus,

evitando, desta forma, novos casos da doença no rebanho, secando-as.

O cuidado na aquisição de animais que apresentem papilomas, bem como o

isolamento destes do restante do plantel devem ser as principais medidas de prevenção e

controle da doença. Também são importantes medidas como esterilização de agulhas,

seringas e materiais cirúrgicos, utilização de materiais descartáveis, controle de moscas

e carrapatos e seguir a linha de manejo na qual os animais doentes sejam sempre

manejados por último.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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