Papa vai batizar - agencia.ecclesia.pt · Na carta enviada a Helena Lobato, ... visitantes um...

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04 - Editorial: Octávio Carmo06 - Foto da semana07 - Citações08 - Nacional14- Internacional20- Opinião: Rita Figueiras22- Apostolado de Oração Elias Couto24- Semana de Carlos Borges26- Dossier Semana Cáritas 201528 - Entrevista: Eugénio Fonseca

56 - Multimédia58 - Estante60 - Vaticano II62 - Agenda64 - Por estes dias67 - YouCat68 - Programação Religiosa69 - Minuto Positivo70 - Liturgia72 - Família74 - Ano da Vida Consagrada78 - Fundação AIS80 - Lusofonias

Foto da capa: CáritasFoto da contracapa: Agência ECCLESIA

AGÊNCIA ECCLESIA Diretor: Paulo Rocha | Chefe de Redação: Octávio CarmoRedação: Henrique Matos, José Carlos Patrício, Lígia Silveira,.Luís Filipe Santos, Sónia NevesGrafismo: Manuel Costa | Secretariado: Ana GomesPropriedade: Secretariado Nacional das Comunicações Sociais Diretor: Cónego João Aguiar CamposPessoa Coletiva nº 500966575, NIB: 0018 0000 10124457001 82.Redação e Administração: Quinta do Cabeço, Porta D1885-076 MOSCAVIDE.Tel.: 218855472; Fax: [email protected]; www.agencia.ecclesia.pt;

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Opinião

Papa vai batizarportuguesa[ver+]

Francisco e aCúria em retiro[ver+]

Semana daCáritas 2015[ver+]

Octávio Carmo | Carlos Borges |Fernando Cassola Marques |Manuel Barbosa |Paulo Aido | TonyNeves | Rita Figueiras | Elias Couto

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Ver com o coração

Octávio Carmo Agência ECCLESIA

Os dias que passam diante de nós surgemsempre com uma multiplicidade de imagensligadas aos mais diversos sofrimentos dahumanidade, uma constante da vida da terra.Fazemos instintivamente uma seleção dosacontecimentos a que dedicamos a nossaatenção e deixamos correr os outros, até porquenos parece insuportável carregar connosco tantador.O apelo a construir ‘num só coração, uma sófamília humana’, feito pela Cáritas Portuguesa,na semana nacional de 2015, carrega consigoum enorme apelo à fraternidade, concreta esolidária, que vá para além dos sentimentosepidérmicos que o sofrimento alheio é capaz decausar (e mesmo assim nem sempre). Umchamamento a alargar o coração às fronteiras detodo o mundo, para ver em todos alguém comoeu, portador da mesma dignidade e merecedordo mesmo respeito, em todas as circunstâncias.Do ponto de vista interno, este desafio implicaque os católicos tenham uma disponibilidadecada vez maior para ir ao encontro das“periferias” de que o Papa Francisco (numdiscurso felizmente seguido por cada vez maisresponsáveis) tanto tem falado, dos dramas maisou menos escondidos da existência, onde querque eles se vivam, para levar uma palavra deconforto e esperança, com soluções de sentido erealização que permitam a concretização desonhos e de futuro.Este dinamismo transformador do mundodepende, ainda assim, daquilo que nos é dado

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a conhecer e da capacidade dedenunciar o que precisa de sermudado. No caso português,naturalmente, a atenção vai para acrise que se arrasta e para as suasevoluções e prometidas revoluçõesna Europa. Ver com o coração, digoeu, implica neste momento mais,muito mais do que discutir oscachecóis de Yanis Varoufakis.Os novos messianismos ideológicosou políticos impressionam-mepouco, confesso. Pessoalmente,

interessa-me mais saber o motivoque leva eurodeputados deformações políticas ditas impolutas aabster-se de comentar situações derepressão e violência em paísesonde vivem centenas de milhares deportugueses e seus familiares.Desejo que a história não se repita,contrariando a célebre máxima ‘oque os olhos não veem, o coraçãonão sente’. É preciso, todos os diase cada vez mais, sobretudo nascúpulas de decisão, aprender a vercom o coração e não com a carteira.

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A Comissão Europeia considerou “suficientemente completa” a lista dereformas que o ministro das Finanças grego, Yanis Varoufakis, entregou nanoite de segunda-feira, em Bruxelas, condição para conseguir a extensão doprograma de assistência por mais quatro meses.© Sol

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“Acho que manifestamente é umadeclaração muito infeliz dopresidente da Comissão, porquenunca a dignidade de Portugal, nemdos portugueses, foi beliscada, querpela troika, quer por qualquer dassuas instituições”, ministro daPresidência Luís Marques Guedessobre declarações do presidente daComissão Europeia Jean-ClaudeJuncker que admitiu que a troika“pecou contra a dignidade” dePortugal, Grécia e Irlanda e não temlegitimidade democráticas paraaplicar programas de resgate,19.02.2015, in Renascença “Vocês ouviram-me muitas vezesdizer que a situação para que em2011 o Governo socialista atirouPortugal era a situação de umprotectorado. Vocês ouviram-memuitas vezes dizer que o co-governo com o sindicato decredores era um vexame parauma Nação com nove séculos dehistória. Vocês ouviram-memuitas vezes criticar adivergência – ou até uma certahipocrisia – entre as liderançaspolíticas, por exemplo, do FMIque diziam uma coisa e asequipas técnicas das entidadesque no terreno faziam coisasdiferentes”, Vice-primeiro-ministro Paulo Portas sobredeclarações do presidente daComissão Europeia.

“Numa ocasião difícil para o país emque muito não acreditaram que opaís tinha condições para enfrentare vencer a crise, a verdade é que osinvestidores chineses disseram«presente»; vieram e deram umgrande contributo para que Portugalpudesse hoje na situação quem queestá, bastante diferente daquela emque estava há quatro anos atrás»,António Costa no Casino da Póvoa,19.02.2015, in Público. “Ainda recentemente umaprofessora por pouco não ficougravemente ferida depois deuma rajada de vento ter levadouma janela de uma sala. A sorte éque o vidro, em vez de cair paradentro da sala, caiu para fora”,professor Nuno Villalonga naEscola de Música doConservatório Nacional, duranteo protesto que encerrou asportas da instituição que seencontra degradada e semcondições para realização deaulas, 24.02.2015, in Observador “Não estamos fora de uma possívelporta aberta a interessesimperialistas da Rússia ou da Chinaatravés do leste da Europa”, JoséMiguel Sardica, comentando afragilidade da Grécia e da Ucrânia,24.02.2015 in Agência Ecclesia

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Papa vai batizar portuguesa na Vigília PascalHelena Lobato, da Diocese deSetúbal, foi convidada pelo Papapara ser batizada no Vaticano, naVigília Pascal deste ano, após terescrito a Francisco pedindo-lherespostas que não encontrava nos“conselhos humanos”. “Via asgrandes causas que ele tinhaabraçado, os resultados nas vidasdas pessoas que tinham sidotocadas por ele. De repente, afasteias tintas e os pincéis e, dei por mima escrever uma carta ao Papa”,conta à Agência ECCLESIA.Helena Lobato é pintora e recorda

que tudo começou numa fase emque procurava orientações pararesolver alguns aspetos da sua vidae “não encontrava respostas nosconselhos humanos”. Ao ver umareportagem na televisão quando seassinalava o primeiro ano dopontificado de Francisco, decidiuescrever uma carta ao Papa.“Escrevi à mão com a únicapreocupação de lhe transmitir aminha vida e as minhas dúvidas”,refere.Helena Lobato afirma que foi umacarta escrita com lágrimas, de “uma

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maneira muito particular, muitochorada”, a partir não tando dacabeça mas mais do coração e do“desespero” em que por vezes seencontrava. “Perguntei se o SantoPadre de alguma maneira poderia,na sua oração com Deus, pedir queele desse uma luz a pessoas comoeu”, lembra a pintora.“Só depois de colocar a carta nocorreio é que me dei conta do quetinha feito”, diz Helena Lobato,acrescentando que apenas quispartilhar um “desabafo”, semesperar a resposta queinesperadamente chegou. “O Papatransmitiu-me que iria rezar por mimpara que essa luz chegasse àminha vida”, afirma.Na carta enviada a Helena Lobato,Francisco disse que “a luz” chega

pelo batismo, dirigindo-lhe o convitepara estar presente na Basílica deSão Pedro, na noite da VigíliaPascal, para ser batizada. “Eu estivecerca de dois meses para aceitar decoração o convite que o SantoPadre me dirigiu” refere.A pintora faz agora a suapreparação para o batismo naParóquia da Cova da Piedade ondeo pároco a convidou a integrar umgrupo de catequese de adultos.Na noite de sábado santo, na VigíliaPascal, Helena Lobato estará emRoma, diante do Papa Franciscopara receber o batismo e terá a seulado o padre José Gil Pinheiro,pároco da sua nova comunidadecristã e seu padrinho de Batismo.

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Igreja de portas abertas para osturistasO diretor da Obra Nacional daPastoral do Turismo (ONPT)considera que a Igreja deve ter “asportas abertas” do seu património,mas, “infelizmente”, alguns benspatrimoniais mais relevante têm as“portas fechadas”. Presente da«Bolsa de Turismo de Lisboa 2015»(BTL) com um stand, o padre CarlosGodinho, diretor da ONPT, realçaque existem “desafios” para a igrejaem relação ao património porque“esse deve estar disponível”, masmuitos espaços “estão fechados”.Com a sua participação na BTL, quedecorre na Feira Internacional deLisboa (FIL) desta quarta-feira adomingo, a ONPT oferece aosvisitantes um roteiro com “várias séscatedrais e de alguns santuários”,disse à Agência ECCLESIA.O turismo, para além da “dimensãodo negócio e económica”, é umaatividade de “pessoas parapessoas”, referiu o padre CarlosGodinho.Este ano, a participação da ONPTnaquela exposição centrou-se na“divulgação do património” comalguns elementos representativosdo espaço nacional.O diretor da Obra Nacional daPastoral do Turismo pretende que

o património religioso seja visitado,mas também que as pessoaspossam descobrir “aquilo que ofundamenta, a dimensãoevangelizadora”. Para além dadivulgação dos espaços religiososde norte a sul do país, o visitantetambém pode “encontrarexplicações para uma visita à TerraSanta”, através do Comissariado daTerra Santa em Portugal, sublinhou.Segundo o responsável da ONPT, oturismo tem “sido e é um dosgrandes valores do ponto de vistaeconómico” em Portugal.O turismo dá um contributo “muitovalioso” nas contas públicasportuguesas porque tem “crescidode formas sustentável”, reconheceuo padre Carlos Godinho. Peranteestes dados, a Igreja “não pode ficarfechada sobre si própria” mas entrarnesta realidade e estar no mundo.

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Estatutos para Centros SociaisParoquiais e Misericórdias

A próxima Assembleia Plenária doepiscopado vai analisar a situaçãodos Centros Sociais Paroquiais epropor um modelo para osrespetivos estatutos. A “situação” eas “perspetivas” para os CentrosSociais Paroquiais vão seranalisadas durante um dos dias daAssembleia Plenária da ConferênciaEpiscopal Portuguesa (CEP), quedecorre em Fátima entre os dias 13e 16 do próximo mês de abril,anunciou o padre Manuel Barbosano fim da reunião do últimoConselho Permanente.O porta-voz da CEP referiu que osestatutos dos Centros SociaisParoquiais têm de “ser refeitosdurante este ano”, assim como

o das Misericórdias, que se chama“compromisso das Irmandades dasMisericórdias”, para os quaisa Assembleia do episcopado iráaprovar um documento modelo. O padre Manuel Barbosa indicoutambém que a reunião do ConselhoPermanente da CEP, que se realizouem Fátima, decidiu fazer umasíntese a enviar a Roma dasrespostas às questões do Sínododos Bispos sobre a Família.Os membros do ConselhoPermanente expressaram ainda as“felicitações a D. Manuel Clemente,patriarca de Lisboa, pelo novoserviço apostólico de que foiincumbido pelo Papa Francisco,criando-o cardeal da Igreja Católica”.

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A Agência ECCLESIA escolhe sete acontecimentos que marcaram aatualidade eclesial portuguesa nos últimos dias, sempre atualizadosemwww.agencia.ecclesia.pt

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Sessão de cumprimentos ao cardeal-patriarca de Lisboa

O padre das prisões

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O Papa e os sem-abrigoO Papa continua a multiplicar gestosde atenção e valorização dos sem-abrigo que, pelos mais diversosmotivos, circulam em volta doVaticano. No domingo, Franciscoofereceu aos peregrinos que sereuniram na Praça de São Pedro umpequeno compêndio de doutrinapara viver melhor a Quaresma,distribuído com a ajuda de sem-abrigo “que vieram emperegrinação”.“A Quaresma é um caminho deconversão que tem como centro ocoração, por isso, neste primeirodomingo, pensei oferecer-vos a vós,que estais aqui na praça, umpequeno livro de bolso intitulado‘Guarda o coração’”, revelou, desdea janela do apartamento pontifícios,a milhares de pessoas que setinham reunido para a recitação doângelus.O livro com “alguns ensinamentosde Jesus e conteúdos essenciais dafé”, como os sete Sacramentos, osdons do Espírito Santo, os dezmandamentos ou as obras demisericórdia, foi distribuído porvoluntários, entre os quais váriossem-abrigo. “E como sempre,também hoje aqui na praça, aquelesque vivem

em necessidade são os mesmosque nos trazem uma granderiqueza, a riqueza da nossadoutrina, para guardar o coração”,explicou o Papa.Francisco convidou todos a levar umexemplar como “ajudar para aconversão e o crescimentoespiritual, que parte sempre docoração, onde se joga o desafio dasescolhas quotidianas entre bem emal, entre mundanidade eEvangelho, entre indiferença epartilha”. Segundo o Papa, o sentidodo tempo de preparação para acelebração da Páscoa, que seiniciou na Quarta-feira de Cinzas, éo do “combate espiritual contra oespírito do mal”.A humanidade, sublinhou, tem“necessidade de justiça, de paz” eque apenas as poderá encontrar“regressando a Deus de todo ocoração”.A sala de imprensa da Santa Séconfirmou esta terça-feira que umsem-abrigo flamengo, conhecidocomo Willy, foi sepultado a 9 dejaneiro no Campo Santo Teutónico,território anexo ao Vaticano. Ohomem, com cerca de 80 anos, eravisto muitas vezes junto da Praça deSão Pedro

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e morreu a 12 de dezembro de2014, por causa do frio.O Campo Santo Teutónico é umterreno concedido no século IX aCarlos Magno, para dar sepulturaaos peregrinos que se deslocavama Roma e destina-se hojeexclusivamente a

funcionários da Santa Sé delíngua germânica.Monsenhor Amerigo Ciani, cónegoda Basílica de São Pedro e amigodo falecido sem-abrigo, presidiu aofuneral na capela do cemitérioteutónico, com a anuência do PapaFrancisco.

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Papa segue situação dos cristãos naSíria

O Vaticano revelou hoje que o Papaestá a “seguir com atenção” asituação dos cristãos sequestradose dos que foram obrigados a deixaras suas casas na Síria, perante oavanço dos jihadistas doautoproclamado ‘Estado Islâmico’. Orepresentante diplomático da SantaSé em Damasco, D. Mario Zenari,revela à Rádio Vaticano que o Papa,atualmente em retiro nos arredoresde Roma, tem sido “continuamenteinformado” sobre a situação e setem mostrado “em sintonia com osofrimento da população, doscristãos em particular”.Cerca de mil famílias abandonaram,desde segunda-feira, as suasaldeias na província de Hasakeh, nafronteira com a Turquia, de acordocom a

organização ‘Human Rights NetworkAssyrian’, sediada na Suécia. Pelomenos 220 cristãos foram raptadospor combatentes do autoproclamadoEstado Islâmico em três diasde ofensiva no nordeste da Síria,assinalou um balanço atualizadofeito hoje Observatório Sírio dosDireitos Humanos.Em contacto com a fundaçãopontifícia Ajuda à Igreja que Sofre, oarquimandrita Emanuel Youkhana,da Igreja Assíria do oriente, quecoordena o auxílio às comunidadescristãs na região, confirmou “acaptura” de “24 famílias de TelGouran, 34 famílias de Tel Jazira, e14 combatentes curdos (12 homense duas mulheres) de Tal Hormizd”.

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Francisco em retiro espiritual

O Papa Francisco conclui estasexta-feira a semana anual deexercícios espirituais da Quaresma,que decorre em Ariccia, arredoresde Roma. À imagem do queaconteceu em 2014, a deslocaçãofoi feita em autocarro e até sexta-feira, dia final do retiro, sãosuspensos os compromissospúblicos, incluindo a audiênciapública semanal.Francisco abordou esta iniciativadurante o encontro de domingo commilhares de peregrinos, na Praça deSão Pedro, para a recitação doângelus. "Confio em especial àVirgem Maria a semana deexercícios espirituais, que tem iníciohoje à tarde, e na qual vou tomarparte, juntamente com os meuscolaboradores da Cúria Romana",disse."Rezai para que neste 'deserto' quesão os exercícios possamos escutara voz de Jesus e também corrigirtantos defeitos que todos nóstemos, fazendo frente às tentaçõesque

todos os dias nos atacam. Peço-vospor isso que nos acompanheis coma vossa oração", prosseguiu.O retiro espiritual decorre pelosegundo ano consecutivo na Casa“Divino Mestre”, dos Paulistas, cercade 30 km a sudeste de Roma, emvez do Vaticano, e vai ser orientadopelo padre Bruno Secondin,carmelita, com o tema geral“Servidores e profetas do Deus vivo”.As reflexões, com base em textos doprofeta Elias, alertam os membrosda hierarquia católica para aimportância de exercerem a suamissão na “autenticidade, justiça efraternidade” e a estarem sempreabertos à “surpresa de Deus”,adianta o serviço informativo daSanta Sé.A prática dos exercícios espirituaispara o Papa e a Cúria Romana teveinício em 1925 com Pio XI; Paulo VItransferiu-os em 1964 para o tempoquaresmal.

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Francisco recebeu Angela Merkel

«Drei Hirtenkinder aus Fátima»

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Frutificar

+ José Cordeiro

O Papa Francisco qualifica a Igreja «em saída»,apelando ao primeirar, envolver, acompanhar efrutificar: «Fiel ao dom do Senhor, sabe também“frutificar”. A comunidade evangelizadoramantém-se atenta aos frutos, porque o Senhor aquer fecunda. Cuida do trigo e não perde a pazpor causa do joio. O semeador, quando vê surgiro joio no meio do trigo, não tem reacçõeslastimosas ou alarmistas. Encontra o modo parafazer com que a Palavra se encarne numasituação concreta e dê frutos de vida nova,apesar de serem aparentemente imperfeitos oudefeituosos. O discípulo sabe oferecer a vidainteira e jogá-la até ao martírio como testemunhode Jesus Cristo, mas o seu sonho não é estarcheio de inimigos, mas antes que a Palavra sejaacolhida e manifeste a sua força libertadora erenovadora».As atitudes dinâmicas de semear, rezar,testemunhar conduzem ao fruto e fruto emabundância. A fecundidade da fé, comogostavam de dizer os Padres da Igreja, traduz-seem boas obras no quotidiano, mas sobretudo navida em Jesus Cristo. Ele afirma claramente: «Eusou a videira; vós, os ramos. Quem permaneceem mim e Eu nele, esse dá muito fruto, pois, semmim, nada podeis fazer» (Jo 15, 5).Permanecer em Cristo é dar fruto e fruto emabundância. A Tradição da Igreja acolhe os frutosdo Espírito Santo e sintetiza-os assim: 1. Amor 2.Alegria 3. Paz 4. Paciência 5. Longanimidade

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6. Benignidade 7. Bondade 8.Mansidão 9. Fé 10. Modéstia 11.Continência 12. Castidade.Na verdade, há que trabalhar paradar fruto, porque, «a Igreja estáhoje mais do que nunca viva! Mas,reparando bem, parece que tudoestá ainda por fazer, o trabalhocomeça hoje e não acaba nunca. Élei da nossa peregrinação na terra eno tempo. É este, VeneráveisIrmãos, o múnus habitua do nossoministério: tudo o estimula hoje arenovar-se, a tornar-se vigilante eoperoso» (Paulo VI, EcclesiamSuam 68).A terra boa tem de dar frutos, bemcomo a árvore que tem raízesprofundas. Igualmente que está emDeus tem de frutificar em boasobras. Ser fecundo é desafio devida que vence a morte, porque «seo grão de trigo, lançado à terra, nãomorrer, fica ele só; mas, se morrer,dá muito fruto» (Jo 12,24).Frutificar é, sobretudo acreditar etestemunhar a Esperança, comoCharles Péguy afirma: «O que me

espanta, diz Deus, é a esperança. Edisso não me canso. Essa pequenaesperança que parece não sernada. Essa esperança menina.Imortal. Pois as minhas três virtudes,diz Deus. As três virtudes minhas filhasmeninas são como as outras minhascriaturas. Da raça dos homens. A Féé uma Esposa fiel. A Caridade éuma Mãe. Uma mãe ardente, todacoração. Ou uma irmã mais velhaque é como uma mãe. Mas aEsperança é uma menina queparece não ser nada. (…) Mas éessa menina que atravessará osmundos. Essa menina de nada. Sóela, guiando as outras, atravessaráos mundos revolvidos».Pelos frutos nos reconhecerão sesomos discípulos missionários doEvangelho da Esperança. Aconfiança na fecundidade daevangelização é dada pela própriaPalavra-Pessoa, o Evangelho: «Nãofostes vós que Me escolhestes, diz oSenhor. Fui Eu que vos escolhi evos destinei, para que deis fruto e ovosso fruto permaneça» (Jo 15,16).

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Internet: medos e mitos

Rita Figueiras Universidade Católica Portuguesa

Os atentados em Paris e os vídeos dedecapitações colocados no twitter pelos gruposterroristas pró-estado islâmico, trouxeram ainternet e os seus perigos de novo para o debatepúblico. Ainda que esta relação seja inequívoca,importa recordar a história deste novo mediapara se perceber que a internet mudou menos asociedade do que foi mudada por ela.Muitos estudos têm demonstrado que aexpansão da internet não foi feita à conta doaumento da sua liberdade, mas, antes pelocontrário, à conta da sua diminuição. Oimaginário democrático da internet é fruto dosvalores e ambiente cultural que se vivia nolaboratório europeu de pesquisa CERN(financiado pelo estado suíço), onde o meio foidesenvolvido no início dos anos 1990. Osvalores da ciência e dos media públicos naEuropa estiveram assim na génese deste novomeio, definindo-o indelevelmente como um bempúblico, aberto a todos e promotor de troca livrede ideias. Decorrente deste imaginário emergiuno ocidente um discurso que projetou na interneta capacidade de promover o entendimentoglobal, onde pessoas de diferentes backgroundse nações poderiam comungar uns com os outros,para assim construir um mundo mais tolerante.Todavia, tendo em conta que a influência da webnão assenta nas suas possibilidadestecnológicas, mas em estruturas e processossociais, a realidade tem demonstrado bem comoas profecias não se verificaram.O mundo é um lugar desigual, heterogéneo

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e feito de muitas incompreensões eódios que, inevitavelmente, serefletem no ciberespaço. Entreoutros, a forma como os regimes daChina e do Irão têm gerido ainternet são exemplos de como estapode ser uma tecnologia repressivapara defender interesses instituídos.O meio tem ainda sido utilizadocomo um instrumento de visibilidadee propaganda, como é o caso dosgrupos terroristas pró-estadoislâmico.Tal como os outros media que aprecederam, a internet não anulouas desigualdades extranet, antespelo

contrário, esse contextomultidimensional que compõe asociedade tem enformado aspossibilidades tecnológicas do seuimpacto e isso é algo que tende aser ignorado. Deste modo, nãopodemos falar da internet como sefosse uma entidade única. Nãoexiste «uma» internet, mas«muitas», tantas quanto asdiferenças que se identifiquem nomundo. Este meio tem o potencialde ajudar à construção de ummundo mais coeso, compreensivo ejusto, mas a força maior demudança só pode vir da sociedadee não de microchips.

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Ciência ao serviço das pessoasPara que todos aqueles que sededicam à investigação científica seponham ao serviço do bem integralda pessoa humana. [Intençãouniversal do Papa para o mês deMarço] 1. A noção de uma ciênciaeticamente “neutra”, alheia ao beme ao mal, é sedutora e pode parecerum objectivo a atingir: o cientistatratando dados objectivos,formulando hipóteses,desenvolvendo teorias explicativasda realidade... isento de qualquerpreocupação quanto àsconsequências práticas dos seusestudos. Trata-se, porém, de umailusão, pois nenhuma investigaçãofica no puro mundo das ideias,antes acaba sempre por teraplicações práticas. E, no fundo,são estas que interessam àgeneralidade das pessoas. Ora, asaplicações práticas das descobertascientíficas não podem presumir-seeticamente “neutras”, pois afectam avida das pessoas e, como tal,carecem sempre de uma valoraçãoética: contribuem para o bem dapessoa humana ou servem parafazer o mal?

2. Esta pergunta genérica podedesdobrar-se num mundo dequestões muito específicas. Noentanto, não é este o lugar paraanalisar tais questões. Tendopresente a Intenção do SantoPadre, o importante é lembrar anecessidade de uma particularsensibilidade ética por parte dequem se dedica à investigaçãocientífica – sensibilidade que deveser tanto mais apurada quanto maisa sua investigação tiver comoobjecto a pessoa humana ou odesenvolvimento de técnicas comconsequências directas na vida daspessoas. Ou seja, um astrofísicodedicado a estudar a “teoria dascordas” para explicar a formação douniverso não precisa de, no seuestudo, ter a mesma sensibilidadeética de um biólogo a estudar amanipulação genética aplicável emseres humanos. 3. A Intenção do Santo Padre émuito explícita: quem fazinvestigação científica deveperceber-se ao serviço do bemintegral da pessoa humana. Comalguma frequência, isto é

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o mais difícil, pois há muitos outrosinteresses – monetários, sucesso,fama, prémios, reconhecimento dospares – que podem, num momentoou noutro, sobrepor-se a estapreocupação. Quando assimacontece, porém, mesmo que

os resultados da investigação sejamexcelentes, quem fica a perder é,em primeiro lugar, o própriocientista, pois desumaniza-se edesumaniza a tarefa a que sededicou.

Elias Couto

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Curiosidade solidária…

Carlos Borges Agência ECCLESIA

Com cheiro publicitário a alecrim, um jornalgratuito esta semana anunciava que a primaverachegou um mês mais cedo. Um fenómenomundial comprovado por cientistas americanos,como convém nestes fenómenos que não são donosso característico Entroncamento.A primavera, a estação cíclica anual, ainda nãochegou, pelo menos as temperaturas e ocalendário, que ainda marca fevereiro,desmentem. Os dias começam a crescer mas ofrio ainda permanece e persiste não só emPortugal mas no hemisfério norte e muitoconcretamente no Líbano e na Jordânia onde seencontram mais de dois milhões de crianças ejovens refugiados sírios que fogem de um conflitosem fim à vista.“No dia 12 de Fevereiro de 2015 o campo derefugiados sírio, na região de Bekaa, no Líbano,foi fustigado pela tempestade Yohan. Durante anoite as temperaturas desceram até aos -6graus”, exemplifica a Cáritas que dá conta de“algumas mortes” neste inverno.Parece uma redundância escrever sobre umainiciativa promovida pela Cáritas Portuguesaneste semanário dedicado à organização católicae que antecede a sua semana nacional.Desta forma, a curiosidade solidária prende-secom a campanha de uma semana que terminouesta quarta-feira, dia 25, e pretendia recolhervestuário, cobertores, mantas e agasalhos emboas condições.Só depois de tudo recolhido saberemos os

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Campo de refugiados sírio. © Caritas Líbano resultados e a quantidade de roupareunida mas as expetativas sãomuitas porque na semana dosóscares as estrelas não estavam emLos Angeles.A campanha, mobilizada pelo antigoalto representante das NaçõesUnidas para a Aliança dasCivilizações e ex-presidente daRepública Portuguesa JorgeSampaio, não envolveu sóentidades religiosas e em específicocristãs.Os jornalistas de televisão,imprensa e rádio de meios nacionaisdifundiram a mensagem para que orepto lançado às empresas,entidades civis e privadas,paróquias e a todas as pessoas,para que também elas mobilizassemà participação, chegasseefetivamente a todos.

Como todos sabemos, estamos aviver e a celebrar a Quaresma, umarealidade da minha semana e demilhões de católicos. UmaQuaresma onde fomos interpeladosmais uma vez a sair da zona deconforto e neste caso acombatermos a “globalização daindiferença”.Esta campanha para ajudar ascrianças e jovens sírios era umaforma, apoiar as iniciativas daCáritas e de outras instituições éoutra. Se nem sempre a ajuda podeser financeira ou material todospodemos tentar divulgar e ampliaras iniciativas/eventos. Mesmo na erada Galáxia de Marconi e com tantosprodutores e replicadores deinformação ajudar nunca é demais.

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Semana Cáritas

O Semanário ECCLESIA apresentanesta edição um dossier dedicadoà próxima Semana Nacionalda Cáritas, que se vai celebrarde 1 a 8 de março.A entrevista com o presidente daorganização católica, Eugénio Fonseca,abre perspetivas sobre a ação caritativae a resposta das instituições católica à crise,numa visão complementada pelas mensagensdos responsáveis pela Comissão Episcopaldo setor e os testemunhos de váriosresponsáveis diocesanos, no terreno.

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É impossível falarmos em famíliahumana com «filhos de primeira ede segunda»

Entrevista conduzidapor José Carlos Patrício.

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No contexto da Semana Cáritas, que vai começar este domingo,Eugénio Fonseca, presidente da organização católica, explicou àAgência ECCLESIA os objetivos da iniciativa, partilhou preocupaçõese analisou os principais projetos que estão em curso Agência ECCLESIA (AE) – “Num sócoração, uma só família humana”, oque é que o tema da SemanaCáritas pretende reforçar junto daspessoas?Eugénio Fonseca (EF) – Primeiro,reforçar a campanha que foilançada há pouco mais de um anopela Caritas Internationalis, com oapoio do Santo Padre, que temmesmo esse mote, “Uma só famíliahumana”, que visa consciencializara humanidade de que é possível aerradicação da fome no mundo.Mata-se a fome em família. Claroque não é só a solidariedade quepode atingir este objetivo, ele passapor assumirmos atitudes de maiorjustiça social porque há fome nomundo não porque haja menosrecursos que possibilitem o acessoà alimentação de todos oshabitantes do planeta.A quantidade de desperdícioalimentar é muito superior àquelaquantidade de alimentos que serianecessária para garantir asubsistência das pessoas que hojepassam fome. Depois, para que istoseja possível, é preciso terconsciência de que somos mesmouma família e lutar contra algo quese instalou no mundo,

através de uma civilizaçãomuito materialista e que gerou ouestá a gerar um individualismoatroz. Para nós cristãos, há umaresponsabilidade acrescida, quederiva de sabermos que Deus é Pai,um Pai que não faz aceção dosfilhos, quer tratar todos por igual,não quer que uns se sentem à beirada mesa sempre ao longo da vida, àespera que caiam as migalhas,porque a mesa está posta paratodos.Nesta perspetiva de fé, asfronteiras humanas ou territoriais,devem ser apenas entendidas comoformas de organização social outerritorial, mas não têm que serforçosamente muros a dividir osseres humanos.Por isso, o sofrimento que acontecenuma latitude do mundo muitodistante de mim tem que mecausar a mesma compaixão queaquela que me causa o sofrimentoque está mais perto. Aquilo quetemos de fazer é construir nahumanidade uma família, que nãofaz distinções de raças,pensamentos, posição social, dequalquer tipo de poderes. É aquique reside também a escolha destetema.

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AE – Há cada vez mais pessoas,crianças, jovens e adultos apassarem fome. Como colocar estanoção mais presente na sociedade?EF – Se o desígnio é conseguirmosque a humanidade viva como umafamília, isso nunca se alcançará seas nações não o conseguirem serpor si só. E nós claro, temos queviver esta dimensão da fraternidadede uma forma mais próxima, maislocal, a começar cada um na suafamília, depois na sua paróquia, nasua empresa, no clube a quepertence, para depois irmos para acidade, a região e o país e todosjuntos conquistarmos essa famíliahumana universal.Agora, nós no nosso país, nosúltimos tempos, temos vindo aacentuar ainda mais esta evidênciade que não somos uma família.Porquê? Porque alguns continuamsentados à mesa confortavelmente,pessoas que pouco têm sidomolestadas pela crise económica efinanceira que o mundo atravessa, aEuropa e de forma muito particularPortugal.Enquanto outros, que são tambémfilhos desta nação, têm sidoaltamente flagelados pelas medidasde combate à mesma crise. E

havendo filhos de primeira e filhosde segunda, digo mais, havendofilhos e enteados não há família.Nesta semana, cada diocese fará deacordo com as suas possibilidades,um momento de reflexão à voltadeste tema. Chegaremos até maislonge, falaremos a propósito destetema, daquilo que está a acontecerno mundo com este fenómenotransformador que veio através dacomunidade islâmica, que está ovulcão no Médio Oriente.E depois não queremos ficar apenaspela reflexão, queremos tambémconfiar a Deus estas nossaspreocupações, para que nosencoraje em família a defendermosos nossos irmãos, a vivermos comoirmãos, e isto faz-se na partilha. Porisso iremos ter o peditório público,de quinta a domingo, em váriospontos do país.Em todas as cidades irá apareceralguém devidamente qualificadocom o símbolo da Cáritas a solicitaresse apoio. E no terceiro domingoda Quaresma, Dia Nacional daCáritas, 8 de março, a coleta que serecolher nesse dia em todas asigrejas será entregue depois àCáritas dessa diocese.

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Para quê? Para acudir àsnecessidades dos nossos irmãos quenos estão mais próximos. Nasparóquias, nas dioceses, e depoiscom uma pequenina percentagem decada peditório de rua, chegar àsdioceses

que menos recursos têm, a partir doFundo Social Solidário que aConferência Episcopal Portuguesacriou e que, em dois anos, jádistribuiu mais de dois milhões deeuros.

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A caridade dá «dimensãosocial ao compromissocristão»AE – Tem defendido que mais doque uma lógica de assistencialismo,é preciso consolidar na sociedadeuma lógica de maior justiça social.Como é que se isso se podeconcretizar?EF - Antes de mais eu gostava dedizer, mais uma vez, que nãodevemos ter qualquer vergonha ounos sentir menorizados por investirem práticas de assistência. ACáritas, nos últimos anos, a grandeparte dos recursos que osportugueses lhe confiaram forampara satisfazer necessidades deprimeira linha, que têm a ver com asubsistência: casa, eletricidade,água, medicamentos, acesso àescola, isto é assistência.Há gente que confunde assistênciacom assistencialismo, mesmo genteque deveria ter a obrigação de fazeresta distinção. Quem defende ateoria de que é preferível dar acana a dar o peixe correrá o riscode deixar as pessoas morrerem semalguma vez terem a possibilidade dealcançar a cana, ou quando lhes fordada a cana não terem forças parapegar nela. Estas forças são muitasvezes as forças anímicas. Eucostumo dizer que

quem contraria esta ação, aassistência, tem a barriga cheia, nãosente a fome.Nós temos investido na assistênciamas, e aqui é que se diferencia doassistencialismo, sempre com apreocupação de não ficarmos sósatisfeitos com o dar coisas, massaber as causas que levam aspessoas a precisarem dessas coisaspara, com elas, arranjarmos formasdelas deixarem de necessitar aquiloque nós lhes estamos a dar.E do que é que as pessoasnecessitam? De trabalho! É trabalhoque falta! As pessoas que caíramnesta situação estão ansiosas deque lhes devolvam o posto detrabalho que perderam. Portanto,aqui há um grande desafio que selança a todas as instituições sociais,e neste caso à Igreja em particular,porque tem princípios orientadoresque nos apontam para aí quedepois são explicitados pelaDoutrina Social da Igreja.Nós devemos estar preparados paraajudar as pessoas a superarem ascausas da sua pobreza e nãoficarmos apenas na administração,na gestão das carências daspessoas. Isto exige termos agentesde ação social nas paróquias maispreparados, precisamos de tergente até mais nova, comcapacidade de sonhar, de

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empreender realmente projetosnovos que possam tornar-sealiciantes para que as pessoasencontrem modos de autonomiafinanceira.Porque há gente que pode vir anão

ter trabalho por conta de outrem eter que criar a sua própria forma desubsistir. E isto vai-nos trazerexigências à renovação da açãosocial e caritativa da Igreja, isto éurgente!

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EF - Em primeiro lugar, que ascomunidades cristãs tenham estadimensão presente, que não vivamsó em torno da dimensãocatequética e litúrgica e que deixempara segundo plano esta dimensãoda organização da caridade.Porque, como dizia Bento XVI naencíclica Deus Caritas est, acaridade também se organiza, ecomo se organiza a catequese e aliturgia, a comunidade cristã tambémtem que ter esta dimensãoevangelizadora ou então não serácomunidade.

Nenhuma dimensão é maisimportante do que a outra, elascomplementam-se, mas eu para darcredibilidade à Palavra em queacredito e celebro, tenho que a viverna vida. Esta é a dimensão social domeu compromisso cristão.A renovação da ação social daIgreja é muito importante e por issotemos de apostar na formação daspessoas, temos de trazer maisgente, gente mais nova, semdispensar a experiência dos maisvelhos.

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Mudou o perfil da pobreza emPortugal. Nós tínhamosacentuadamente um tipo de pobrezamais geracional, agora aquilo quechamamos - que eu não gosto dechamar - novos pobres, gente quepertenceu à classe média, nãopropriamente média baixa, e quehoje caiu nas malhas da pobreza.São pessoas que têm consciênciados seus direitos sociais, laborais,cívicos, e nós temos que fazer comque essas pessoas não percamessa consciência, porque aoperderem essa consciênciafacilmente perdem autoestima, eperdendo autoestima correm maiorrisco de cair na fatalidade, de estarna teia da pobreza e dela não sair. «Alguns gostariam de nosver mais na sacristia»AE – A Cáritas tem atualmente adecorrer vários projetos queprocuram ir ao encontro destasproblemáticas que referiu. Quebalanço faz dessas ações?EF - Nós atualmente temosreferenciados quatro grandesprojetos, embora todos girem à voltadesse grande eixo que é o projeto“+ Próximo”. Mais do que umprojeto, é

um programa de formação para osde dentro da Cáritas e para os defora, que está a ser muito bemacolhido.Ele tem como objetivo formaraqueles que já estão nas paróquiasdedicados à ação social e caritativa,pretende sensibilizar os que, nacomunidade cristã, nós designamoscomo católicos praticantes mas cujaprática é cumprir o preceitodominical, para que se envolvam naação pastoral que tem várias vias,uma delas é esta do testemunhocaritativo. Através dos módulosformativos que este programa “+Próximo” tem, no âmbito da DoutrinaSocial da Igreja, do voluntariado,dos fundamentos da ação social,permite explicar aos não católicosporque é que a Igreja está envolvidanesta dimensão da vida, daspessoas.Porque alguns gostariam de nos vermais na sacristia, e acham que onosso papel é mais da dimensãoespiritual e religiosa, como se estastivessem algum sentido se não fossetambém contemplada a dimensãodas pessoas.Ninguém pode estar bemespiritualmente se fisicamente nãoestiver, o espirito encarna no serhumano concreto.

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EF - Este é o eixo, e depois à voltadele temos o programa “Dar eReceber”, como parceiros daorganização “Entreajuda”, e aqui oque se visa é fundamentalmentecriar os tais grupos de ação socialonde eles ainda não existam nascomunidades cristãs. Não quer dizerque cada paróquia tenha de ter um,agora até há unidades pastorais, hápárocos que têm mais do que umaparóquia. Não vamos exigir quecada paróquia, nestascircunstâncias, tenha um grupo,mas que pelo menos que haja umrepresentante de cada paróquianum grupo.

Temos também neste programa “Dare Receber”, que durará até Julhodeste ano, a preocupação derejuvenescer alguns grupos queprecisam efetivamente de gentemais nova. Depois temos oprograma “Cri(a)tividade”, para acriação de postos de trabalho. Játemos felizmente cerca de 30projetos que vão ocupar 45 pessoase poderemos chegar a mais de 100se nos for viabilizado aquilo que énecessário, como acesso ao créditoao nível da banca, porque isto faz-se através do microcrédito, dochamado franchising social. Tambémestamos a trabalhar

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nesta dimensão, que até agora nãoera possível.Há ainda o programa dos Grupos deInterajuda Social, que não tem sidotão bem sucedido talvez por nãotermos conseguido agarrá-lo bem, eque pretende pôr osdesempregados a falarem uns comos outros.Isto é muito importante, porque hápessoas que vivem na solidão odrama de não terem trabalho, e nãoé só o não ter ao fim do mês umaquantia monetária para sobreviver,é muitas vezes perder também oestatuto social.E portanto as pessoas precisam dese encontrar para desabafar, paradizerem das suas preocupações

mas também dizerem aquiloque gostariam de fazer se tivessemapoios, como já aconteceu emalguns grupos e daí terem resultadoideias de criação empreendedora,de certo tipo de atividades.Dizer onde as pessoas se podemdirigir porque uns já se dirigiram eforam bem-sucedidos e podem dizeraos outros. Isto evita problemas tão gravescomo aqueles que estão aatravessar a vida de muita gente,que são as depressões psíquicas, eno limite até pode evitar que aspessoas optem, como algumasinfelizmente já optaram, porsoluções mais radicais.

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Autarquias vão dar «novofôlego» a projetodedicado adesempregados com maisde 45 anosAE – Ainda sobre o emprego, aCáritas promoveu um projeto parapessoas com mais de 45 anos, o“Inspira”. Que não tem dado passostão consolidados como sepretendia.EF – Penso que agora está aganhar um novo fôlego. Nóssonhámos mas cá está, aconjuntura não era a mais favorávelporque não havia as tais canas. Anossa preocupação, que mantemos,é sobre aquelas pessoas

que têm mais de 45 anos, epusemos aqui esta baliza porquepodíamos até recuar um bocadinhomais, poderem não vir a ter trabalhopor contra de outrem ou comotinham até agora.E criámos uma plataforma em queempresas devidamentecredenciadas se podiam inscrever eao mesmo tempo pessoasdesempregadas identificavam assuas tarefas, aquilo que eramcapazes de fazer, as suascompetências, e as empresas iam lábuscá-las.Conseguimos meia dúzia de casos,mas agora as câmaras municipaisestão a envolver-se também,

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apanharam a génese deste projetoe estão a protocolar até connosco ecom a ajuda delas talvez esteprojeto possa ter um novo fôlego. AE – Além da alimentação e doemprego, outra grandepreocupação que tem transmitidoestá relacionada com a habitação,com o facto de muitas pessoasterem perdido a sua casa devido àcrise.EF – É um problema muito sério,que ainda não se encarou de formafrontal, um problema crucial. Por umlado, respeitar um direitofundamental das pessoas, que é odireito à habitação. Por outro, parase evitar aquilo que está aacontecer, que é a desarmoniaconjugal que leva ao aumento daviolência doméstica, àdesagregação familiar que leva àseparação dos casais, queregressam à casa dos pais levandoaté os filhos, separando os filhos.Isto é o desmontar de uma coesãosocial que é imperiosa paravivermos em harmonia, e temos quearranjar alternativas porque aquiloque está a acontecer éextremamente injusto.As pessoas foram, muitas delas,assediadas com facilitismos que

interessavam na altura às entidadescredoras, a que se juntava a necessidade de ter uma habitação.Hoje as pessoas casam mais tarde,porque não têm possibilidade, nãotêm emprego, capacidade de tercasa.Apanhando facilidades de crédito,foi isso que aconteceu, os bancosenganaram as pessoas, porquemuitas vezes concederam créditosmediante rendimentos declaradosque se via perfeitamente que aspessoas podiam não ter apossibilidade de respeitar oscompromissos. Mas não seadivinhava que, passado algunsanos das pessoas assinarem essecontrato, elas ficassem semqualquer rendimento.É disso que iremos dentro de diasfalar com o secretário de Estado daHabitação. Não adiantarei já aproposta porque seria fazer já aquia reunião, mas ela já está marcadapara dia 9 de março.Esperamos que possa sair dessareunião pelo menos algumacolhimento por parte do Governo.Sabemos que os bancos não sãoentidades de solidariedade mastambém têm de assumir o capital derisco.

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NUM SÓ CORAÇÃO,UMA SÓ FAMÍLIA HUMANA Lembram-se? Dizia-se da primeira comunidade de Jerusalémque tinham «um só coração e uma só alma» (At 4.32). Chegouaté nós, de geração em geração, esta memória que nosdesinstala, que nos faz sair de nós mesmos: tudo o que erapreciso para viver «era posto em comum» (At 4.32) de talforma que «entre eles ninguém passava necessidade» (At4,34).A experiência de Jesus ressuscitado traduzia-se, assim, nesteestilo de vida: uma vida que faz viver. Sabiam-se filhos domesmo Pai de amor a quem o Senhor os confiava. Cada umdos discípulos não precisava de se preocupar consigopróprio: com os olhos postos nos lírios do campo e nas avesdo céu (cf. Mt 6,25-34), podiam arriscar viver as suas vidascuidando dos outros, sem fazerem uma prévia avaliação dasua segurança. Viviam na confiança Rezavam o Pai-nosso (cf.Lc11,1-4), sabiam-se irmãos uns dos outros (cf. Mt 23,8) e afraternidade era entendida corno missão: faziam-se irmãos detodos.A aventura relatada nos Atos dos Apóstolos mostra-noscomo, com avanços e recuos, mas numa ousadia de liberdadenunca aprisionada, a Palavra de Deus incarnava em todas asrealidades humanas, tornando-as ainda mais humanas,plenamente humanas a partir de Jesus. E a partir de Jesusque podemos radicalizar a afirmação: somos todos irmãos,somos “uma só família humana”.

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Internacionalmente, a rede Cáritas lançou urna campanhacontra a fome no mundo exatamente com este lema: Uma sófamília humana, alimento para todos.Com razão nos alerta o Papa Francisco, «Estamos perante oescândalo mundial de mil milhões de pessoas que ainda hojetêm fome. Não podemos virar as costas e fazer de conta queisto não existe». A SEMANA CARITAS DESTE ANO DE 2015 SURGE-NOSCOMO CHAMADA DE ATENÇÃO PARA QUE A NOSSASOLIDARIEDADE - OS TEMPOS DE CRISE TEM-NAESTIMULADO EM TERMOS DE CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO -SE TORNE MAIS OPERATIVA E GENEROSA. QUE ESTAQUARESMA SEJA OCASIÃO DE CONVERSÃO PESSOAL ECOMUNITÁRIA PARA VIVERMOS, COM TODAS ASCONSEQUÊNCIAS QUE DAÍ ADVÉM, NUM SÓ CORAÇÃO,COMO UMA SÓ FAMÍLIA HUMANA. D. José TraquinaBispo Auxiliar de LisboaMembro da Comissão Episcopal da Pastoral Sociale Mobilidade HumanaResponsável pelo acompanhamento da Cáritas

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A Cáritas em Portugal«A natureza íntima da Igrejaexprime-se num tríplice dever:anúncio da Palavra de Deus(kerygma-martyria), celebração dosSacramentos (leiturgia), serviço dacaridade (diakonia). São deveresque se reclamam mutuamente, nãopodendo um ser separado dosoutros» (Carta enc. Deus caritasest, 25), afirma o Papa Bento XVI noinício da sua Carta Apostólica sob aforma de Motu Proprio “O serviçoda caridade” (de 11 de Novembrode 2012).E continua: “Portanto, também oserviço da caridade é umadimensão constitutiva da missão daIgreja e expressão irrenunciável dasua própria essência (cf. ibidem);todos os fiéis têm o direito e o deverde se empenharem pessoalmentepor viver o mandamento novo queCristo nos deixou (cf. Jo 15,12) [...].A Igreja é chamada à prática dadiakonia da caridade também anível comunitário, desde aspequenas comunidades locaispassando pelas Igrejas particularesaté à Igreja universal; por isso, hánecessidade também de«organização enquanto pressupostopara um serviço comunitárioordenado» (cf. ibid., 20), uma

organização articulada mesmoatravés de expressõesinstitucionais”.De entre essas expressõesinstitucionais, não como associaçãode fiéis, mas como serviço do bispodiocesano, surge a Cáritas em cadauma das dioceses. As CáritasDiocesanas são diferentes porquediversas são as necessidades e ascaracterísticas diocesanas. Ediferentes também porque cadabispo tem o seu modo de pensar egovernar a diocese a que preside.E, no entanto, autónomas que são,cada Cáritas Diocesana não secompreende como independente.Articulam-se em rede contando,para essa comunhão, com umserviço da Conferência Episcopal: aCáritas Portuguesa. A rede Cáritasestende-se a cada continente; etodas se encontram na CaritasInternacionalis como a grandeplataforma de comunhão e de vidaao serviço de uma vida que se quercomunhão.Mas, se isto é assim em ambientemacro, também sob o ponto de vistalocal a articulação e a inter-relaçãoé desejável. Mais à frente, explicitaBento XVI no seu Motu Proprio: “OBispo favoreça, em cada paróquia

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da sua circunscrição, a criação deum serviço de «Caritas» paroquialou análogo, que promova tambémuma acção pedagógica no âmbitode toda a comunidade, educandopara o espírito de partilha e decaridade autêntica. Caso se reveleoportuno, tal serviço poderá serconstituído em comum para váriasparóquias do mesmo território”.Claro que a denominação o é omenos importante (os nossos

Bispos chamaram-lhe grupo ou serviço paroquial deacção social)... a certeza é de queesta rede capilar que atinge cadalugar de cada paróquia pulsa com opulsar da caridade da Igreja.Ao dizer “caridade” o que estamos adizer?Temos todos experiência deequívocos. Podemos ouvir um termoe recordarmo-nos de outro. Nãopercebemos imediatamente osignificado com que o nosso

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interlocutor carrega as palavras queusa. Eventualmente, usando asmesmas expressões, nemreparamos que dizemos coisasdiferentes... E falando de“caridade”, os desentendimentossão frequentes.Para tentar clarificar, juntemos doistermos: caridade e justiça. Dandoatenção a esta relação, tão centralna nossa tradição, afastamo-nosclaramente de todas as ideias falsasque ligam caridade à injustiça, àmanutenção da (des)ordem

estabelecida, à sopa dos pobres, àcaridadezinha.Caridade e justiça, por um lado, ecaridade e paz: estes binómiosfalam, pois, de futuro, desolidariedade, de desenvolvimentohumano (de todos os sereshumanos e do ser humano no seutodo): “desenvolvimento integral”,para usar a expressão do PapaBento XVI. Tudo o que ficar aquémnão poderá satisfazer-nos...Por isso também a caridade se ligaà denúncia das injustiças. E aoanúncio,

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corajoso e criativo, de novos céus ede uma nova terra, onde habite ajustiça (cf. 2 Ped 3,13). Nadamenos.Encontramos aqui, diz-nos o PapaFrancisco, a especificidade donosso agir nos dinamismos sociais,empenhados na transformação das«nossas sociedades de modo quecaminhem para um futuro deesperança» (Lumen fidei, 51).No sector da Pastoral Social dasDioceses do nosso país, a Cáritassurge como animadora destasolidariedade transformadora queanuncia o Reino.O Papa Francisco reconhece que“muitos [...] renunciam ao realismoda dimensão social do Evangelho”.E acrescenta: “Entretanto oEvangelho convida-nos sempre aabraçar o risco do encontro com orosto do outro,

com a sua presença físicaque interpela, com os seussofrimentos e as suasreivindicações, com a sua alegriacontagiosa, permanecendo lado alado. A verdadeira fé no Filho deDeus feito carne e? inseparável dodom de si mesmo, da pertença a? comunidade, do serviço, dareconciliação com a carne dosoutros”. E conclui assim o n. 88 daExortação Apostólica Evangeliigaudium: “Na sua encarnação, oFilho de Deus convidou-nos a?revolução da ternura”.A Cáritas serve para nos ajudar, acada um de nós, de formapersistente, sem desanimar, a fazeresta ‘revolução da ternura’.

P. José Manuel Pereira de AlmeidaSecretário da Comissão Episcopal

da Pastoral Social e MobilidadeHumana

Assistente da Cáritas Portuguesa

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Contribuir para a devolução daesperança O Tema central do dia Cáritas de2015 está refletido na centralidadeda família, preocupação da Igreja,tendo em conta o próximo SínodoOrdinário dos Bispos e oencerramento da campanha “umasó família humana, alimento paratodos”. Celebrado em todo o paísno III domingo da quaresma, naDiocese de Portalegre-CasteloBranco, iniciamos as atividades no2.º sábado da quaresma, com arealização da 6.ª AssembleiaDiocesana da Pastoral Social eMobilidade Humana, sob o tema“uma família humana, pão ejustiça para todas as pessoas”.A relevância destas temáticas étanto mais importante quandocrescem as situações de pobrezadevido ao desemprego, à partidados filhos que emigram naexpetativa de melhores condiçõesde vida e na amargura da solidão.Sente-se o quebrar do ânimo paralutar.Muitos começam a aceitar a suacondição de pobres e outroscomeçam a olhar os pobres e apobreza com alguma indiferença. Jáouvimos e lemos, talvez porindiferença ou por distração, algunsafirmarem que “em Portugal só

passa fome quem quer”! É nossodever e missão contribuir para adevolução da esperança. O DiaCáritas propicia a chamada deatenção para o problema.Temos valorizado, para além danecessária intervenção emsituações de emergência, criarcondições para o desenvolvimentopessoal e social de tantas pessoasque vivem o drama da fome e dapobreza. Criámos a Rede de Apoiomútuo das Cáritas Diocesanas

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da Raia, envolvendo as CáritasDiocesanas da zona raiana dePortugal e Espanha, o mapa derecursos disponível na NETem www.empregonaraia.org, tendoem vista a promoção do emprego,da formação profissional e derecursos disponíveis para amobilidade das pessoas.

O projeto de voluntariadode proximidade Com(Viver), entremuitas outras formas de promoçãohumana que ajude a minimizar oproblema da fome e da pobreza.

Elicídio BiléCáritas Diocesana de Portalegre-

Castelo Branco

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Ao lado dos pobres, dosdesprotegidos e dos mais fracosA Igreja, ao dedicar uma semana àcaridade, revela bem a suapreocupação com os pobres, osdesprotegidos e os mais fracos.A complexidade dos problemasexistentes na sociedade actual,leva-a a uma chamada de atençãoem favor daqueles que mais sofremcom as desigualdades, as injustiçase exclusão. A igreja quer interpelarde uma forma mais concisa a nossaconsciência.A Cáritas Diocesana de Santarémestá atenta, activa e dinâmica,procurando ser fermento nosgrupos paroquiais. Neste sentido,para além das visitas eacompanhamento aos mesmos,reuniu no dia 7 de Fevereiro comtodos eles, a fim de os motivar paraa

semana que se avizinha, incutindo-lhes coragem e alegria do bemfazer.Apesar do bem que praticam aolongo de todo o ano, nem todas asrespostas são dadas, como anecessidade de trabalho, mas opagamento de rendas, água, luz,saúde jardins infância, alimentos,muitas vezes são resolvidos.Que a sociedade veja em cada umque pede, o altruísmo e o amorincomensurável que os anima. Oxaláque todos saibamos viver a SemanaCáritas de uma forma diferente,pondo-nos no lugar do POBRE,sabendo que cada um é nossoirmão.

Túlia Velosos de Sá CorreiaPresidente Cáritas Diocesana de

Santarém

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Desemprego e pobreza espelhadaem muitos rostosA Cáritas Diocesana de Viseu achamuito relevante toda a temática daSemana Cáritas no contexto atual,nomeadamente na nossa zona deintervenção. Sentimos grandesdificuldades nas famílias, nascrianças negligenciadas, nos idososem isolamento, o desemprego e apobreza espelhada em muitosrostos Humanos. Face a estarealidade, a Cáritas Diocesana deViseu apoia milhares de pessoas,muitas em situação de emergênciasocial, nomeadamente na ajuda embens alimentares a famílias comdificuldade de acesso aos bensbásicos para a sua sobrevivência. Opagamento de rendas em atraso,evitando o despejo das famílias, oapoio na medicação, óculos entreoutros produtos. A CáritasDiocesana de Viseu investe napromoção e desenvolvimento,através das suas respostas sociais,envolvendo crianças, jovens,famílias, minorias étnicas,imigrantes, em diferentes áreascomo a Educação, a Formação, aprocura de emprego, em prol dosmais desfavorecidos e carenciados.A Cáritas Diocesana de Viseu

continuará com a sua rede deapoios, de solidariedade deentreajuda, no apoio contínuo amuitas famílias e indivíduos emsituação de graves fragilidadeseconómicas e sociais, criandocondições para um caminho demaior Confiança e Esperança..

Cáritas Diocesana de Viseu

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Como viver a Semana CáritasNuma zona do país essencialmentede serviços, que vende o sol e apraia, únicos meios dedesenvolvimento desta região, quenão é contemplada com os fundoseuropeus 2020 por ser consideradaregião “rica”, a Cáritas do Algarve,encontra-se ao lado de todosaqueles que caíram no flagelo dodesemprego ou que são vitimas detrabalho precário e explorados nosseus salários, por gente semescrúpulos, de muitos que sãovitimas da condição de pobreza emque vivem as suas famílias, dascrianças vitimas da situação familiarde pobreza, e ainda das que sãovitimas de violência doméstica,contrariando o que o PapaFrancisco na sua mensagem para odia mundial da Paz de 2015 quandodiz ”ainda hoje milhões de pessoas-crianças, homens e mulheres detodas as idades – são privadas daliberdade e constrangidos a vivercondições de vida semelhantes àsda escravatura”.Vivemos ao lado daquelas famíliasque caíram numa situação depobreza, depois de largos anos devida ativa não tendo de comer nemcomprar o que é desejo de seusfilhos. Estamos ao lado de todos osque são vítimas de exploraçãosexual

ou laboral onde se impõemordenados de miséria, enquantooutros ganham ordenados“chorudos” e pensões douradas,acentuando-se uma maior divisãoentre ricos e pobres.Preocupam-nos os jovens que sãoobrigados a sair da nossa região,por não conseguirem trabalho,levando consigo todo um saberadquirido, e que tão necessário épara o nosso país.Estamos ao lado de todos aquelesque querendo, não conseguem,ultrapassar as duras realidade davida que nunca procuraram mas quelhes foi imposta.Queremos de ser construtores deuma sociedade mais justa efraterna, com elevado empenhopara que ela produza frutosverdadeiros e garanta dias degrande felicidade para muitos dosque diariamente nos batem à portapedindo ajuda para as suasdificuldades. Queremos de seragentes da mudança, empenhadosem construir uma sociedade maisjusta e fraterna, sem violência dequalquer tipo nem divisões,portadores da esperança,instrumentos que leve o amor e a luzjunto daqueles com quem nosrelacionamos em tantas situações

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da vida do nosso dia a dia.Não nos podemos acomodar e estaratentos porque temos s certeza deque Deus nos perguntará: “Quefizestes do teu irmão? (Gen 4,9). Aresposta encontramos através doPapa Francisco quando se refere à“globalização da indiferença”, quehoje pesa sobre a vida de tantasirmãs e irmãos, que requer quetodos nós, nos façamos artíficesduma

globalização da solidariedade e dafraternidade que possa devolver-lhes a esperança e levá-los aretomar, com coragem, o caminhoatravés dos problemas do nossotempo e as novas perspetivas queeste traz consigo e que Deus colocanas nossas mãos.

Carlos Oliveira,Cáritas Diocesana do Algarve

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Novas situações e novos rostosde pobreza e exclusão social

Celebramos este ano, entre os dias1 e 8 de Março, a Semana Nacionalda Cáritas: “Num Só Coração, UmaSó Família Humana.”, no âmbito daqual a Cáritas Arquidiocesana deBraga leva a cabo o seu peditóriopúblico anual, principal fonte quegarante e sustenta a ação dainstituição.É a partir do apoio resultante dacolaboração generosa, de pessoase organizações, que a Cáritasganha vida e assegura o seutrabalho ao nível da inserção socialde todos aqueles que se encontramem situação de desfavorecimento eexclusão social,

realidade que no atual contextoeconómico - social em que o país seencontra, se torna real no crescentenúmero de pedidos de ajuda, desituações de pobreza e exclusãosocial com que a Arquidiocese deBraga, em particular a CáritasArquidiocesana de Braga, seconfronta.À Cáritas, chegam todos os diasnovas situações e novos rostos depobreza e exclusão social,resultantes de situações dedesemprego, de exclusão,marginalização, mas também rostosa quem faltam

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oportunidades, motivação, eencaminhamento para um novorumo.Procuramos de forma efetiva estarpresentes, junto destas famílias, epor isso apostar e disponibilizartodos os meios, de forma fraterna egratuita, próxima e partilhada,minorando as situações de carênciasocial e afetiva.O ano de 2014 foi, aliás, mais umano demonstrativo da açãopresente da Instituição naArquidiocese de Braga.A Cáritas Arquidiocesana realizou2.691 atendimentos sociais dosquais resultaram um conjunto deapoios (rendas, medicamentos,água, luz, gás, géneros alimentares,refeições, etc.) no valor total €124.023,99.Através de serviços como o

Atendimento Social, o RefeitórioSocial, o Roupeiro Social, o Bancode Equipamento Médico Hospitalar,o Banco Alimentar, o BalneárioSocial, a Residência Partilhada, oEspaço Igual – Centro deInformação e Acompanhamento deVítimas de Violência Doméstica,Projetos de Formação para gruposdesfavorecidos, CampanhasHumanitárias e da Dinamização daPastoral Social, através do Projeto“Dar e Receber”, a CáritasArquidiocesana de Braga faz da suaação uma realidade cada vez maispresente na vida de centenas defamílias e pessoas.

José Carlos Pinto DiasPresidente da Cáritas

Arquidiocesana de Braga

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Envolver a comunidadeA Cáritas Diocesana de Leiria-Fátima tem procurado responder àsnecessidades das famílias, atravésdo atendimento social, onde em2014, foram realizados 1491atendimentos, sendo 1003 noatendimento social e 488 na lojasolidária, tendo sido beneficiadas484 famílias, num total

de 1272 pessoas. Os agregadosfamiliares que se dirigem a estaCáritas são na sua maioria famíliasmonoparentais ou casais em queambos ficaram em situação dedesemprego, não conseguindo darresposta às necessidades maisbásicas da realidade quotidiana.

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Nos últimos meses, resultado daconjuntura tem-se verificado umnotório aumento dos pedidos. Estaprocura obrigou a Cáritas arepensar a sua ação, tendo sidolevada a promover iniciativas junto àcomunidade, procurando envolvê-lade forma, a dar a conhecer amissão da instituição. Na área daeducação, destacamos o projetoExplica-

me, promovido pela Cáritas Jovem,desta Cáritas Diocesana, onde16 adolescentes estão a receberapoio ao estudo de 10 explicadores.A Colónia Balnear, que se desenrolana Praia do Pedrogão, recebeu 290crianças/adolescentes, ondepodemos contar com a participaçãode 46 jovens voluntários.

Cáritas Diocesana de Leiria-Fátima

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Cáritas de Coimbra

Na avaliação das necessidades deapoio social atuais e, muitoconcretamente, na Diocese deCoimbra, o Pe. Luís Costa refereque “estava convicto que em 2015 averba angariada no PeditórioPúblico já fosse ter outro público-alvo, mas de facto a situação deemergência que atingiu as famíliasainda não desapareceu; ainda hámuitas pessoas que anteriormentetinham a sua

vida estável e estruturada e agoranão têm dinheiro para comer oupagar a sua casa”.Esta afirmação vem reforçada pelodescrito no Relatório 2014 do CAS– Centro de Apoio Social –da Cáritas Diocesana deCoimbra que assinala “umaredução efetiva de respostas sociaispor parte da administração central eo consequente aumento deencaminhamento de casos para

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o CAS”, referindo a “falta depotencial de mudança das famílias”,que logicamente se prende com afalta de soluções deempregabilidade, como “o principalmotivo de procura do CAS,constatando-se um aumento naprocura dos segundos e terceirosapoios, sobretudo em situaçõeslimite de não cumprimento depagamento de serviços básicos, taiscomos medicação, água e luz.”Neste sentido, o Presidente da

instituição reclama ser “muitoclaro que a grande aposta daCáritas tem que continuar a ser naprovocação da sociedade e doEstado para a criação de novassoluções, que criem condições paraque as pessoas se sustentem, aoinvés de serem continuamentedependentes de apoios sociais” eque será esse o grande desafio daCáritas de Coimbra para o ano de2015.

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Associação Portuguesade Síndrome de Aspergerwww.apsa.org.pt No passado dia 18 de Fevereirocelebrámos o Dia Internacional doSíndroma de Asperger, data denascimento de Hans Asperger (18de fevereiro de 1906), médicoaustríaco que estudou a doença àqual foi dado o seu nome. Calcula-se que, em Portugal, existam cercade 40.000 portadores destasíndrome, afetandomaioritariamente os rapazes.Porque existem comemorações quemuitas vezes passam despercebidasa muitos de nós, esta semanaproponho uma visita ao espaçovirtual da Associação Portuguesa deSíndrome de Asperger (APSA). Estaorganização, que foi constituída a 7de Novembro de 2003“congregando como fundadorespessoas relacionadas no planofamiliar, social e científico, com asíndrome, mas aberta a todos osque demonstrem interesse por estacausa”.Para aqueles que possamdesconhecer o que caracteriza estadoença, podemos resumir que asíndrome de Asperger “faz parte doespectro das várias desordens

classificadas como autismo. Estaspessoas têm dificuldade em geririnteracções sociais, e têm padrõesde comportamento e de interessesestereotipados, como outrosautistas. Mas mantêm capacidadeslinguísticas e cognitivas, que lhespermitem funcionar em sociedade”.Logo na página inicial encontramosos habituais destaques, que nestemomento se relacionam com apossibilidade de poder “aplicar 0,5%do seu imposto retido pelo estadoem acções e projetos da APSA. Noitem “sobe a APSA”, podemosaceder a todo um conjunto deinformações que estão relacionadascom a vida de qualquer associação(estatutos, órgãos sociais,parceiros, apoios, donativos,contactos, ficha de sócio).Um espaço bastante interessanteestá em “Síndrome de Asperger”.dado que aí dispomos de váriosconteúdos que nos ajudam acompreender melhor o que é estadoença. Encontramos um conjuntode artigos saídos na imprensa,textos com aspectos legais e outrossobre a síndrome. Temos umacategoria sobre filmes, onde nossão sugeridas películas bastante

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interessantes e ainda alguns livrosque também estão relacionadoscom a temática do sítio. Casopretenda saber quais os projectos eactividades que estão a serdesenvolvidos, ver as fotografias dasede, dos congressos, dosseminários e ainda consultar acalendarização das reuniões de

pais, basta clicar em “projectos eactividades”.Aqui fica a sugestão: visitem,consultem e divulguem este espaçovirtual que pretende ser uma ponteque liga todos aqueles que estãosensibilizados para esta doença.

Fernando Cassola Marques

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Papa vai receber «Obra Completa doPadre António Vieira»O Papa Francisco vai receber a‘Obra Completa do Padre AntónioVieira’, editada pelo Circulo deLeitores, na audiência-geral públicado dia 4 de março, no Vaticano. “Osespecialistas encontram um grandeparalelismo no caráter, nas atitudes,na frontalidade, nos diagnósticos enas propostas do Papa Francisco,formado na Companhia de Jesus, eos do jesuíta António Vieira”,assinala o Círculo de Leitores quepublicou os 30 volumes da ObraCompleta do Padre António Vieira.Num comunicado enviado à AgênciaECCLESIA, informa que no mesmodia 4 de março a obra vai serapresentada pelo bispo portuguêsdelegado no Conselho Pontifício daCultura, D. Carlos Azevedo, a partirdas 18h30, no Instituto Portuguêsde Santo António de Roma, “ondeVieira pregou importantes sermões”.A editora destaca o “magno valor”da publicação considerada um “feitohistórico no quadro da história daedição em Portugal”. “É a primeiravez que se publicou uma obra detão grande dimensão, complexidade

e qualidade em tão poucos anospreparada por uma equipa luso-brasileira”, acrescenta o Circulo deLeitores.O reitor emérito da Universidade deLisboa, António Nóvoa,acompanhado do atual António CruzSerra, vai liderar a comitivaportuguesa que conta com membrosdo Conselho de Administração e daDireção Editorial do Círculo deLeitores, assim como membros dacomissão coordenadora do projetoVieira Global.

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A Sociedade Orpheon PortuenseA Universidade Católica Editoraapresentou o livro ‘A SociedadeOrpheon Portuense (1881-2008) –Tradição e Inovação’, um dos “maisimportantes contributos” para amúsica portuguesa dos séculos XIXe XX. “Para além de revelar aatividade da Sociedade OrpheonPortuense, é, também, um estudode fundo dos meios de produçãocultural, padrões de consumo,conceções de estética musical e,ainda, de práticas sociais,possibilitando um conhecimento dacidade do Porto, assim como dopaís neste período”, explica a

Universidade Católica Editora.O livro resulta do contributo de umadezena de especialistas e assume-se como “um dos mais importantescontributos para a história damúsica portuguesa dos séculos XIXe XX”.O antigo secretário de Estado daCultura e musicólogo, Rui VieiraNery, destaca também o percurso de“mais de um século de atividadenotável” do Orpheon e o facto destese ter” convertido num caso únicode longevidade entre as entidadesculturais portuguesa, públicas ouprivadas”.

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II Concílio do Vaticano: «Para quê osolidéu e as capas roxa e purpúrea?»

O Bispo da Beira (Moçambique) e padre conciliar, D.Sebastião Soares de Resende fez uma intervenção noII Concílio do Vaticano (1962-1965) sobre a introduçãoao esquema «A Igreja e o mundo moderno». Duranteas quatro sessões, o prelado português natural deMilheirós de Poiares (Santa Maria da Feira) foi um dosmais interventivos e sempre incisivo nas observaçõesque fazia.Na sua intervenção sobre o texto «De Ecclesia inmundo hujus temporis», D. Sebastião Soares deResende julga haver algo a corrigir e a aperfeiçoar,“tanto nas expressões e ordem lógica dos parágrafos,como na introdução e no desenvolvimento de algumasquestões” (In: Revista «Igreja e Missão 17-18; númeroespecial dedicado à terceira sessão do concílio; pág259).Neste texto com uma atualidade surpreendente, obispo nascido em 1906 realça que o mundo,“sobretudo o não cristão”, reconhecerá a Igreja “seela se lhe apresentar como a Igreja pobre”. Ela nãodeve “ser apenas a Igreja dos pobres, mas também aIgreja pobre”. Todavia – acrescenta o prelado – ela“não será pobre se nós não professarmos a pobreza,nas palavras e sobretudo nas obras”.Na sua intervenção, o padre conciliar coloca algumasquestões pertinentes em relação às vesteseclesiásticas e às pedras preciosas que estes utilizamnos cerimoniais. “Para quê tanto ouro e tantas pérolasno nosso peito e nas nossas mãos? Para quê osolidéu, a manteleta, a

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capa magna vermelha, roxa epurpúrea? Para quê tantasdignidades na Igreja, que não foraminstituídas por Cristo Senhor?”,lamentou D. Sebastião Soares deResende.Defensor da Justiça em favor dos“mais fracos e oprimidos”, o bispoda Beira promoveu a “educação dajuventude das missões com milharesde escolas primárias” e idealizoupara aquele país lusófono umasociedade “integrada de raças ecidadãos iguais, perante a lei,apesar das diferenças”.Sagrado bispo da Beira em 1943,no aniversário da sua tomada deposse na diocese moçambicana (8de Dezembro) dirigia uma pastoralao seu rebanho “sempre repleta deconteúdos doutrinários e incidindomuitas vezes em aspectos concretosque denunciavam injustiças edeficiências” - (in: “ResistênciaCatólica ao Salazarismo -Marcelismo). Nesta e noutrasconjunturas, o prelado deSanta Maria da Feira agiaexclusivamente na convicçãode estar na defesa de “direitosinamovíveis da pessoa humana etotalmente alheio como sempre semanteve relativamente a qualquervinculação política” -

(Capela, José; “D. Sebastião e o«Diário de Moçambique»”; in:Revista «Síntese»).Este bispo, falecido em janeiro de1967, bebeu as águas conciliares eas suas palavras foram gritos deautêntico profeta.

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Fevereiro 2015Dia 27 de Fevereiro* Fátima - Reunião da direção daCNIS

* Fátima - Casa de Nossa Senhorado Carmo - Assembleia geral da AIC(Associação de Imprensa deInspiração Cristã) com comunicaçãodo chefe de gabinete do secretáriode Estado, Jorge Martins, sobre aNova Legislação dos Incentivos doEstado e eleições dos órgãossociais para o triénio de 2015-17.

* Fátima - Reunião da ComissãoEpiscopal da Educação Cristã

* Évora - Coruche (Observatório dosobreiro e da cortiça) - Cerimóniade apresentação do projeto «Roda»(Centro de desenvolvimentoinovação e bem-estar psicossocialde Coruche) e apresentação dafadista Ana Moura como madrinhada Cáritas Paroquial de Coruche.

* Lisboa - Igreja de São Roque -Lançamento da obra «Jesuítas dePortugal: 1542 – 1759» da autoriade Fausto Sanches Martins comapresentação de Júlio Trigueiros.

* Guimarães - Escola EB2/3 JoãoMeira - Alunos de EMRC deGuimarães, em parceria com umacompanhia de teatro e duasinstituições particulares desolidariedade social, fazem teatropara ajudar famílias.

* Coimbra - Cantanhede (Casa dosBogalhos) - Conferência de EugénioFonseca, presidente da CáritasPortuguesa, sobre a pobreza. * Coimbra - Cantanhede (CentroParoquial) - Conferência quaresmalsobre «Educação - modelo bíblico eo testemunho da universidade» porJosé Carlos Carvalho, professor daUCP, e Júlio Pedrosa, antigo reitorda Universidade de Aveiro.

* Algarve – Altura - Vigília de oraçãopara a passagem da Cruz dasJornadas Diocesanas da Juventudepara as paróquias de Cacela eCastro Marim.

* Porto - Santa Maria da Feira -Festa da Juventude Passionista (27a 01 de março)

* Braga - Santa Isabel do Monte -Retiro quaresmal promovido pelaPastoral Universitária

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Dia 28 de fevereiro* Portalegre - Auditório da Escola deSão Lourenço - Dia diocesano daPastoral Social sobre «Uma famíliahumana, pão e justiça para todas aspessoas» * Lisboa - Convento de SãoDomingos - Conferência «Luz e vidana Bíblia» integrada no ciclo «Deonde nos vem a luz?» e proferidapor frei Francolino Gonçalves. * Évora - Seminário Maior de Évora -Festa anual da LASE (Liga dosAntigos Alunos Seminaristas deÉvora) presidida por D. José Alves.* Algarve - Centro pastoral deFerragudo - «A caridade dá quefazer» é o tema das jornadas deação sócio-caritativa da diocese doAlgarve

* Porto - Casa do Vilar - Jornadadiocesana do Apostolado dosLeigos com conferência do padreDário Pedroso.

* Porto - ANF (Centro Empresarial) -Iniciativa «Click´It Scout» sobre«Motivar» promovida pelo CorpoNacional de Escutas

* Lisboa - Fundação CalousteGulbenkian - O Centro de Estudosde Bioética (CEB) realiza umcolóquio sobre «A Família: de ondevem e para onde vai»

* Guimarães - Centro Pastoral deMoreira de Cónegos - Dia daJuventude do arciprestado deGuimarães e Vizela

* Porto – Ramalde - Concertosolidário promovido pelo grupo deVicentinos da Paróquia de Ramalde

* Braga - Barcelos (Centro doEspírito Santo e Missão) - Tertúliasobre «Solidariedade globalizada»orientada pelo padre Tony Neves.

* Aveiro - Costa Nova (Centro deEspiritualidade Jean Gailhac) -Retiro para estudantes do EnsinoSuperior promovido pela PastoralUniversitária de Coimbra (28 a 01março)

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- O Centro de Estudos de Bioética (CEB) vai realizar,

dia 28 deste mês, um colóquio sobre «A Família: deonde vem e para onde vai», em Lisboa, FundaçãoCalouste Gulbenkian. Durante o dia, vários peritos vãoaprofundar o tema “Da compreensão histórica, ao seulugar no mundo”, o primeiro de um conjunto de trêssessões promovidas pelo CEB. - Ensinar a ser feliz é a proposta mais recente doInstituto Diocesano da Formação Cristã de Lisboa. Aprimeira sessão de um workshop, já decorreu e asegunda, no dia 3 de março, vai abordar os temas:“Condicionantes ao ser feliz. Destrinça entre fatorescondicionantes e determinantes. Fatores de risco e deproteção. Fatores ambientais. Fatores pessoais”. Aúltima sessão deste workshop vai decorrer no dia 10de março. - A Pastoral do Ensino Superior da Diocese deCoimbra desafiou a comunidade académica a viver otempo da Quaresma com uma Via Sacra e umacelebração do perdão em frente a Penitenciária deCoimbra, com o objetivo de “refletir sobre o significadoda justiça e aprender a viver sem preconceitos diantedos irmãos que estão a cumprir uma pena, tratando-oscomo o que são: irmãos com uma vida e com umfuturo”. Será no dia 4 e a 23 de março a partir das21h00, em frente à penitenciária. - No dia 5 de março realiza-se a terceira sessão doprojeto “Escutar a Cidade”, uma ideia de 30movimentos, comunidades e organizações católicasque quer contribuir para a preparação do SínodoDiocesano de Lisboa. “Dinâmicas sociais no territórioda Diocese” é o tema em debate no Fórum Lisboa,entre as 19h00 e as 21h00.

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POR OUTRAS PALAVRAS

2º Domingo da Quaresma

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O que é a liberdade e para queexiste?

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Programação religiosa nos media

Antena 1, 8h00RTP1, 10h00Transmissão damissa dominical

11h00 -Transmissão missa 12h15 - Oitavo Dia

Domingo: 10h00 - ODia do Senhor; 11h00- Eucaristia; 23h30 -Ventos e Marés;segunda a sexta-feira:6h57 - Sementes dereflexão; 7h55 -Oração daManhã; 12h00 -Angelus; 18h30 -Terço; 23h57-Meditando; sábado:23h30 - TerraPrometida.

RTP2, 11h18Domingo, dia 01- Cuidar opatrimónio: O caso da Igrejade São Francisco, em Évora. RTP2, 15h30Segunda-feira, dia 02 -Entrevista sobre a SemanaCáritas a Elicídio Bilé e aEfigénio Café;Terça- feira, dia 03 -Informação e entrevista aJosé Luís Martins sobre olivro "Via-sacra para crentes enão crentes";Quarta-feira, dia 04 - Informação e entrevista aopadre Rui Carvalho sobre o Encontro Mundial dasFamílias;Quinta-feira, dia 05 - Informação e entrevista aElisabete Puga e Nazaré Soares sobre o InstitutoSecular das Cooperadoras da Família;Sexta-feira, dia 06 - Apresentação da liturgia dedomingo pelos padres Robson Cruz e Vitor Gonçalves. Antena 1Domingo, dia 01 de março - 06h00 - 25 anos daFundação Fé e Cooperação com Catarina António eSusana Réfega. Comentário com José Miguel Sardica. Segunda a sexta-feira, 02 a 06 de março - 22h45 - AQuaresma vista e analisada por um consagrado: oprior da comunidade da Cartuxa de Évora, AntãoLopez.

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Ano B2.º Domingo do Tempo da Quaresma Transfiguradosem Cristo

Segundo domingo da Quaresma, Evangelho daTransfiguração.Jesus encontra-Se com o seu Pai. O monte é o lugarde encontro com Deus: Moisés e Elias encontramDeus no monte Horeb, Jesus retira-Se muitas vezespara o monte para rezar. Naquele dia, Deus toma apalavra para reconhecer Jesus como seu Filho bem-amado e pede para O escutar. Jesus encontra-Se comMoisés e Elias, estes porta-vozes cheios do poder deDeus libertador junto do seu povo. A sua presença nomonte da transfiguração revela que Jesus veio cumprirtudo o que os profetas tinham anunciado. Enfim, Jesusencontra-Se no monte das Oliveiras com astestemunhas adormecidas da Paixão. E se Jesus Setransfigura a seus olhos, é para lhes fazer ver a glóriaque Lhe vem de seu Pai. Mas para conhecer estaglória, é preciso passar pelo sofrimento e pela morte.Ainda não chegou o momento para nos sentarmos, épreciso retomar o caminho para “passar” com oMestre.“Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos trêstendas: uma para Ti, outra para Moisés, outra paraElias”. Dito de outro modo: instalemo-nos, fiquemosaqui para sempre, estamos tão bem a contemplar atua glória!Como seria tão bom se nós tivéssemos podidoguardar Jesus glorioso no meio de nós! Elemanifestaria desde agora a sua vitória sobre todas asforças do mal e sobre a própria morte. Ele curariatodas as doenças, Ele estabeleceria a justiça, Eleapaziguaria todas as tempestades, Ele suprimiriatodas as violências. Jesus estaria sempre ao nossoserviço, à nossa disposição! Seria verdadeiramente oparaíso na terra!

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Mas Jesus não se deixou apanharna armadilha. “Olhando em redor,não viram mais ninguém, a não serJesus, sozinho com eles”. Foinecessário retomar o caminhoquotidiano. Será preciso queatravessem a noite do Gólgota,depois os seus próprios sofrimentose a sua própria morte. Jesus nãoveio tirar-nos da nossa condiçãohumana com uma varinha mágica.Ele vem juntar-se a nós nos nossoscaminhos pedregosos, dando-nos oseu Espírito para que nos tornemoscapazes de O escutar, no maisíntimo de nós mesmos. Assim, a suaPalavra pode enraizar-se cada vezmais profundamente em nós, como

uma semente de vida. Não apercebemos sempre, mas elarebentará na plenitude da luz, naRessurreição com Jesus.Eis-nos em mais uma semana daQuaresma, transfigurados por Cristonos momentos quotidianos da nossarelação com Ele. A luz que nostransfigura só pode levar-nos atransfigurar aqueles e aqueles quesão próximos. Se assim não for, háque fomentar ainda mais o caminhode autêntica conversão a Cristo.

Manuel Barbosa, scjwww.dehonianos.org

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Repensar a FamíliaO Centro de Estudos de Bioética(CEB) vai realizar, dia 28 deste mês,um colóquio sobre «A Família: deonde vem e para onde vai», emLisboa. Esta atividade formativainsere-se “numa dinâmica” que oCEB dedica a esta temática durantetrês anos e realiza-se na FundaçãoCalouste Gulbenkian, realça umanota enviada à Agência ECCLESIA.Durante o dia, vários peritos vãoaprofundar o primeiro tema deste

triénio “Da compreensão histórica,ao seu lugar no mundo”, revelao programa. Paula Martinho daSilva; Helena Osswald; ConstançaBiscaia e Augusto Lopes Cardosovão ser alguns dos oradores destainiciativa.O Centro de Estudos de Bioética foicriado em Portugal 1988, comoGrupo de reflexão independente emultidisciplinar nas leiras dabioética, integrando especialistas dediferentes áreas do saber: filosofia,direito,

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medicina, sociologia, teologia,economia. No âmbito da suaintervenção, este Centro de Estudosde Bioética reflete sobre asquestões emergentes dodesenvolvimento e da aplicação doconhecimento

biotecnológico nas diferentes áreascientíficas e sociais, de aplicação noHomem e na Bioesfera, assumindocomo seu compromisso informar eformar sobre bioética.

Família Fonte de FéO Secretariado Diocesano da Pastoral das Vocações da Diocese deBeja, promoveu um encontro de oração e formação para famíliasintitulado ‘Família Fonte de Fé’, no Centro Pastoral de Beja. Numcomunicado enviado à Agência ECCLESIA, a equipa da Pastoral dasVocações revela que para além de “pais e filhos” de muitas paróquiasda diocese, o encontro contou também com a presença dos candidatosao diaconado permanente num total de 79 crianças e 80 adultos.O segundo encontro de oração e formação para famílias foiprogramado consoante as faixas etárias dos participantes, com umprograma próprio para os pais e outros adultos e outro para os filhos. Otema ‘Família como Fonte de Fé’, o “espaço de transmissão da fé porexcelência”, foi apresentado pelo diácono Pedro Moutinho, doPatriarcado de Lisboa, que deu sequência à temática abordada noprimeiro encontro.Segundo o Secretariado Diocesano da Pastoral das Vocações osparticipantes foram convidados a refletir sobre a “beleza e os desafiosda transmissão da fé” no contexto familiar atual. Antes de se reunirempara trabalhos de grupo aprofundaram “a crise do compromissocomunitário” com recurso a um testemunho-vídeo do cardeal-patriarcade Lisboa, D. Manuel Clemente, a partir do número 88 da ExortaçãoApostólica “Evangelii Guadium”, do Papa Francisco.

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Ordem Hospitaleira e saúde mentalO responsável da OrdemHospitaleira de S. João de Deusdestaca a importância do“reconhecimento” pela sociedadecivil ao Prémio «Cidadão Europeu2014» e alerta que a saúde mentalé o “parente pobre” nacional porque“não enche urgências”. O prémioatribuído pelo Parlamento Europeué resultado da candidaturaapresentada pelo eurodeputadoespanhol do Partido Popular,Gabriel Mato.“Há realmente promessas de queeste ano vão aplicar as medidaspolíticas ao nível dos cuidadoscontinuados em saúde mentalpreconizadas desde 2010. A saúdemental tem sido o parente pobre dasaúde em Portugal como não encheurgências de hospitais”,contextualiza o irmão VítorLameiras.À Agência ECCLESIA, o provincialda Ordem Hospitaleira de S. Joãode Deus (OHSJD) em Portugalrevela que não têm o “aumento dediárias há vários anos” e alertouque a saúde mental, “sobretudo adepressão”, vai ser a “segundacausa de incapacidade a nívelmundial”.Neste contexto, o irmão VítorLameiras considera que os hospitaispúblicos não estão preparados

para as diversas problemáticas queafetam a saúde mental porque “nãocontam” com a ordem hospitaleiracomo parceiros. “Olham-nos comoalguém que está na retaguarda paraquando é preciso. Se tivéssemos aatuar como parceria podíamos daruma maior ajuda na assistência quese presta em Portugal”, observa oreligioso.A situação de crise económica, econsequentemente social emPortugal, faz com que a saúdemental não melhore mas agraveporque existem “repercussões” naforma como as pessoas vivem etratam da sua saúde, “afetasobretudo o equilíbrio psicológico eemocional”.A ordem hospitaleira continua a ser“muito procurada” nos cuidados alongo prazo, “porque há poucasrespostas a esse nível” comenta oresponsável, enquanto que e assituações de curto prazo, osatendimentos agudos, sãoencaminhadas para os hospitaispela política nacional de saúde. “Aforma como está organizada a redeprovocou um estrangulamento doque eram os encaminhamentos quenos faziam. Estamos muitodependentes dos hospitais geraisde encaminharem

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pacientes e depois fazerem ospagamentos”, desenvolve.O provincial da OHSJD acredita quevão haver “mais problemas” masespera que “realmente se façaprevenção” da saúde mental e demelhoramento do que “já estápreconizado em termos legislativos”.“Em tempos de crise se os hospitaistêm estrangulações financeirasencaminham menos para pagarmenos, não significa que nãoexistam problemas”, alerta.Para o interlocutor a Ordem queassiste os mais desfavorecidos vai

estar “mais em foco em termossociais” e o prémio traz ainda mais“exigência” para continuarem a“caminhar com qualidade” noserviço que prestam à sociedade.Em 2014, o prémio foi atribuído a 47instituições e personalidades daUnião Europeia e recompensa“atividades excecionais” quepromovam “uma maior integraçãodos cidadãos europeus,cooperação, reforço do espíritoeuropeu e no âmbito dos valoresconsagrados na Carta dos DireitosFundamentais da União Europeia”.

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ABC da Vida Consagrada (4ª parte)Jesus CristoFilho de Deus, viveu procurando avontade do Pai, amou ahumanidade até à morte de cruz,ressuscitou, mandou-nos oParáclito, e enviou os discípulos aanunciar o seu reino entre os povosda terra. A forma de viver dacomunidade apostólica é o modeloda vida consagrada. Antes doConcílio, os momentos solenes,tomada de hábito, profissãoreligiosa eram semelhantes nalgunsgestos e sinais ao casamento, asreligiosas apareciam denominadasde noivas de Cristo. Com odocumento “Perfectae Caritatis” háuma mudança de paradigma, aaliança continua a ser usada emmuitos Institutos nos votosperpétuos, como sinal docompromisso, mas recupera-se adimensão trinitária, teológica eeclesiológica da consagração. Opapel de Cristo é central na vidaconsagrada masculina ou feminina,tal como é na vida de qualquerbatizado, mas o religiosos/aprocura-se entregar-se totalmenteao serviço do Senhor, naconfiguração com Cristo, que sendorico fez-se pobre, castro eobediente.

KoinoníaÉ um termo grego que significacomunhão, participação,companheirismo. Para entendermoseste termo, relembro que a vidareligiosa surgiu depois do Édito deConstantino, terminaram asperseguições e perante a vidacómoda e instalada de clérigos eseculares, vários cristãosprocuraram o deserto e surgiramdiversas formas de vidaconsagrada. Na vida cenobíticavivem em grupo, por causa dosdiversos perigos: o isolamento, queconstitui uma violência psicológica,os perigos do deserto, e parafacilitar os meios de subsistência,mas também como forma de viverema caridade.A experiência cenobítica, que seaperfeiçoa ao longo dos anos,centra-se a nível teológico na“koinonia”, na sua condição de dome carisma, na caridade comofundamento; na dimensão eclesial,que aplica à comunidade asimagens usadas para a Igreja. Agrande ascese centra-se na“koinonia”, pela renúncia pessoalem favor da comunidade, sendo umsó, pela obediência, pelamisericórdia, e a vigilância de unspelos outros. A “koinonia” centra-sena lei do amor, para o qual contribuia pobreza radical.

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Liturgia dasHoras (Oração)Com o Concílio Vaticano II, a Liturgiadas Horas e a própria Bíblia sãocolocadas nas mãos de todo o povode Deus. Durante, séculos em latim,a Liturgia das Horas foi a oraçãodos clérigos e religiosos, mesmonos conventos, reservada para umpequeno número, mais culto eletrado. Aqueles que tinham menoscultura dedicavam-se às tarefasdomésticas e manuais. A nívelclerical, rezar o ofício era dacompetência do cabido(agrupamento de sacerdotes,cónegos cuja função era rezar naSé ou numa colegiada e podia sertambém auxiliar o Bispo nogoverno).Na Liturgia das Horas, Deus querepetidamente nos fala, “escuta anossa resposta e sugere-nos apalavra própria para responder”. Oritmo da Liturgia das horas marcavao ritmo da vida no Mosteiro, qualrespiração de um ser vivo, de formaque, enquanto trabalhava, eraconvidado a centrar o seupensamento no seu Criador.Durante a madrugada rezavammatinas; depois do nascer do sol, olouvor à vida em laudes; a meio damanhã, tércia; sexta pela hora de

almoço; depois, à hora da morte doSenhor, noa; a oração da tarde, emvésperas; e concluíam o dia com ascompletas. Depois do Vaticano IIhouve uma reforma a nível daliturgia. Os textos passaram para overnáculo. Os consagrados, mesmoos que se dedicam à vidaapostólica, procuram conciliar aatividade com a vida de oração: aLiturgia das Horas, a oraçãopessoal, a vivência sacramental sãobasilares, pois é da oração quedepende a configuração com Cristoe todo o vigor apostólico.

Irmã Flávia DoresComunidade das Dominicanas de

Santa Catarina de Sena - AveiroPara o Correio do Vouga

e a Agência Ecclesia

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Síria: 750 famílias dependem totalmenteda ajuda da irmã Annie

Nas mãos de DeusÀ primeira vista, Aleppo é umacidade deserta. Ficaram apenasos mais pobres, os mais velhos,os doentes. Mas a guerracontinua e não há comida,roupa, água, aquecimento… AFundação AIS vai lançar umaenorme campanha desolidariedade nesta Quaresma.Vamos ajudar a Irmã Annie? Aleppo é uma cidade destruída àbomba, com as ruas entulhadas dedestroços. É uma miragem dametrópole que já foi, orgulhosa desi, fervilhante de vida. Tudo issoacabou. A guerra civil, que explodiudemente em Março de 2011, nãopoupou nada nem ninguém. Amaioria da população fugiu. Ficarseria loucura. Todos os dias seescutam ainda bombas, gritos dedor. Todos os dias se torna maispesada a simples ideia dasobrevivência. As torneiras estãoquase sempre secas, as lâmpadassem luz. Não há nada. A maioria dapopulação fugiu. Ficaram apenas osmuito pobres, os mais velhos, osdoentes. Os que não puderamfugir.

Com eles, ficaram também algumasirmãs que decidiram que não ospodiam abandonar. É o caso da IrmãAnnie Demerjian. A vida em Aleppopiora de dia para dia. O frio rigorosotorna ainda mais penoso oquotidiano. “Conheço pessoas quejá queimaram as mobílias para seaquecerem”, relata a irmã. Annienão sabe como acudir a tantasemergências. São 750 famílias quea irmã Annie tenta ajudar. Emtempos de guerra, tudo se tornamais difícil. Escasseiam as coisas,aumenta o contrabando, tudo é maiscaro. Em Aleppo, nestas primeirassemanas de 2015, todos procuramcomida, água potável, roupasquentes, combustível. É isso que airmã procura arranjar para distribuir. Histórias trágicasÉ aqui que entra a Fundação AIS.Os donativos da Fundação AIS têm-se transformado em ajuda vital.Através da Irmã Annie, que reuniuum punhado de voluntários, foicriada uma rede de assistência.

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“Não tenho palavras para dizer oquanto estamos agradecidos àFundação AIS”, diz a Irmã Annie. “Aspessoas precisam de ajudaespiritual mas também de algumacoisa para comer. Aqui, as pessoasjá se esqueceram do sabor dacarne, ou da fruta fresca.”A miséria em Aleppo está presenteem todo o lado. Nos rostos daspessoas, nas próprias ruídas dacidade. A Irmã Annie diz que nãotem medo. “Estou nas mãos deDeus. Tudo isto me supera, dealguma forma. Não interessa a quecasa nós vamos, pois todos têmuma história triste para contar.Porém, cada vez tenho mais

claro, em mim, que o Senhor estáconnosco.”A Fundação AIS lançou, nestaQuaresma, uma enorme campanhade ajuda aos Cristãos na Síria. Jábasta o sofrimento. Já basta a dor ea morte. É preciso mostrar que oscristãos na Síria não estão sozinhos,não foram abandonados. A nossaajuda, por mais insignificante quepossa parecer, vai ser transformada,como que por milagre, pelas mãosda Irmã Annie, em cobertores, roupaquente, barras de sabão, águapotável. Comida. Vamos ajudar?

Paulo Aido | www.fundacao-ais.pt

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Fundação Fé Cooperação

Tony Neves Espiritano

Esta aventura começou há 25 anos. Ou talvezum pouco mais, quando a Igreja portuguesa quiscelebrar os cinco séculos do início da atividademissionária fora de portas. Após solenescomemorações, ficou claro que era importanteprivilegiar a relação entre as Igrejas que rezam ecantam em português. E assim nascia aFundação Evangelização e Culturas (FEC) queapenas há alguns anos passou a chamar-seFundação Fé e Cooperação.A minha relação com a FEC vem do tempo emesta Fundação começou a integrar osAnimadores Missionários dos Institutos AdGentes (ANIMAG) e a Associação da ImprensaMissionária (MISSÃOPRESS). O trabalhodesenvolvido pela FEC ao longo destes 25 anosé notável. Coordena a Formação da Plataformado Voluntariado Missionário que já enviou emMissão milhares de Leigos, sobretudo jovens.Estes marcam a vida das Igrejas locais ondevivem uma intensa experiência de missão ecooperação e, ao mesmo tempo, são marcadospelos povos e comunidades cristãs onde sãoenviados. Ganham todos neste VoluntariadoMissionário.Outra frente importante da FEC é a organizaçãodos encontros que congregam os presidentesdas Conferências Episcopais das IgrejasLusófonas. Trata-se de um espaço privilegiadode partilha, melhor conhecimento mútuo esolidariedade mais concertada entre todos.Desde a primeira hora, a FEC apostou naformação fora de portas, a pedido de DiocesesLusófonas.

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Até hoje foram realizados dezenasde projetos solidários dedesenvolvimento nas áreas deeducação, saúde, pastoral,comunicação…Com o andar dos tempos, há ideiasda FEC que vingaram e vieram paraficar. Uma delas é a dos PresentesSolidários, por ocasião do natal.São uma invenção que enriquecequem dá e quem recebe. Não é fácilinventar coisas assim. Mas averdade é que quem dá está aativar um mecanismo desolidariedade sem fronteiras. Quemrecebe o 'Presente', embora pareçaque só recebe um postal,

está a ganhar sensibilidade agrandes causas e a apoiar,indiretamente, projetos queenvolvem pessoas e instituiçõesexcluídas. Quem recebe o apoio,não fica apenas mais rico porquetem algo que lhe faz falta: mascresce na alegria de perceber que omundo é um espaço onde se criamcadeias de solidariedade efraternidade. Todos ganham, etodos ganham em 'campeonatos'diferentes.Parabéns, Fundação Fé eCooperação. Que a Missão solidáriacontinue e que a Igreja portuguesacontinue a crescer em abertura,partilha e apoio à Evangelização edesenvolvimento.

“Pode ouvir o programa Luso Fonias na rádio SIM, sábados às 14h00, ouem www.fecongd.org. O programa Luso Fonias é produzido pela FEC –Fundação Fé e Cooperação, ONGD da Conferência Episcopal Portuguesa.”

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