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Por: Fernando KubitzaAcqua & [email protected]

Na edição anterior desta revista foram apresentados os fundamentosda larvicultura e da produção de alevinos de peixes nativos em viveirosde terra. No presente artigo são apresentadas as diretrizes para a produçãode alevinos avançados e para a recria e engorda de peixes redondos (pacu,tambaqui, pirapitinga e seus híbridos), do piauçu, das espécies do gêneroBrycon (piaraputanga, piracanjuba e matrinxã) e do surubim em viveirosde terra. As sugestões aqui apresentadas devem ser tomadas como pontode partida e referência para os piscicultores e técnicos, devendo seradaptadas às particularidades de cada região ou piscicultura.

Produção de juvenis (Recria)

A recria objetiva a produção de juvenis (ou alevinões), detamanho geralmente entre 20 e 200g, com o intuito de assegurarmaior sobrevivência, encurtar o período de engorda e melhorar oaproveitamento da área de viveiros de uma piscicultura. No Quadro1 são apresentadas sugestões para a recria dos peixes redondos, dopiauçu e das espécies do gênero Brycon, produzindo juvenis de100g a partir de alevinos de 0,5 a 1g em duas etapas de recria.

Classificação dos alevinos na recria. Considerandoque os alevinos de 0,5 ou 1g inicialmente estocados apresenta-vam tamanho uniforme, os juvenis obtidos ao final da primeiraetapa da recria devem ser submetidos a uma classificação portamanho, utilizando classificadores de barras ou de tela, oumesmo a malha dos tanques-rede. Os peixes que não apresenta-ram adequado desenvolvimento (os retardatários) devem serdescartados. Esta primeira classificação, fácil de ser realizadaem virtude do pequeno tamanho dos juvenis, é fundamental paramelhorar a uniformidade no tamanho dos peixes nas etapasseguintes do cultivo.

Preparo dos viveiros. Na Etapa 1 da recria geralmentesão utilizados viveiros de pequeno tamanho, entre 500 a 2.000 m2,facilitando o manejo da alimentação e o controle de predadores(aves, morcegos, répteis, peixes predadores, entre outros). Vi-veiros de maior tamanho, de 2.000 a 5.000 m2, podem ser usadosna Etapa 2, principalmente quando for necessário produzirgrandes quantidades de juvenis.

Drenagem completa dos viveiros. Os viveiros devemser drenados completamente e o solo do fundo exposto ao sol porum período próximo de uma semana. Isto auxilia na decomposi-ção do excesso de matéria orgânica remanescente no solo. Apóseste período, se existirem poças remanescentes, estas devem ser

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tratadas com cal virgem ou cal hidratada (cerca de 200g de cal/m2

de poça) para eliminar possíveis peixes que tenham restado docultivo anterior.

Calagem com calcário agrícola. Aplicar entre 200 e400kg de calcário agrícola para cada 1.000 m2 de viveiro. Ocalcário deve ser aplicado uniformemente sobre todo o fundo dosviveiros. A função da calagem é elevar a alcalinidade e a durezatotal e corrigir o pH da água. A determinação da alcalinidade, dadureza e do pH da água pode ser feita com o uso de kits deanálises de água disponíveis no mercado. Se a alcalinidade e adureza total da água que abastece os viveiros forem maiores doque 30mg de CaCO3/L, não é necessário fazer a calagem, resul-tando em economia de tempo e dinheiro. Se não for possívelanalisar a água, faça a calagem de qualquer maneira, principal-mente se os solos da propriedade são ácidos e necessitam decalagem para a agricultura.

Enchimento dos viveiros e formação do plâncton. Atubulação de abastecimento deve ter calibre suficiente paraencher os viveiros entre 1 a 4 dias. O atraso no enchimento dosviveiros pode favorecer o crescimento de plantas no fundo,exigindo grande esforço e despesas no controle e eliminação dasmesmas. Evite a entrada de peixes indesejáveis colocando telasde proteção na tubulação de entrada (Figura 1). Quando o nívelda água estiver próximo do ladrão feche a entrada de água.

Figura 1. Tela de proteção na entrada de água no viveiro. Observar a entrada de água na caixade coleta e manejo, para auxiliar nos trabalhos de manuseio dos peixes durante a despesca.

Com a estocagem dos peixes e início da alimentação, aágua começa a adquirir uma coloração esverdeada, o que indicaa presença de plâncton (fitoplâncton). O plâncton sombreia ofundo dos viveiros, impedindo a entrada de luz e, assim, odesenvolvimento de algas filamentosas e plantas submersas nofundo dos viveiros. O plâncton também é responsável pelaprodução de oxigênio e pela remoção de amônia, contribuindocom a manutenção de uma boa qualidade de água para o desen-volvimento dos alevinos.

Se houver uma excessiva troca de água no início dasetapas de recria, o plâncton não se forma e o desenvolvimento

dos peixes será prejudicado. A água fica muito transparente,facilitando o desenvolvimento de algas filamentosas e de plan-tas aquáticas no fundo dos viveiros. Portanto, é recomendávelmanter a água parada (sem troca) durante as fases iniciais decada etapa de produção.

Se a água estiver muito cristalina no início das fases derecria, a formação do plâncton pode ser estimulada fechandotoda a entrada de água e aplicando uréia (3 a 5 kg/1.000 m2)semanalmente. O ideal é deixar a água ir adquirindo umacoloração esverdeada até atingir transparência próxima a 40cm.A transparência da água pode ser medida com o auxílio do discode Secchi. Quando a transparência da água for diminuindo e seaproximar de 40cm, a adubação deve ser interrompida. Aspróprias fezes dos peixes (alimentados com ração) vão contri-buir com o enriquecimento da água com nutrientes e estimularo desenvolvimento do plâncton, fazendo com que sejam neces-sárias poucas aplicações de uréia para estimular o desenvolvi-mento inicial do fitoplâncton. A quantidade de água renovadadeve ser ajustada de forma a manter a transparência da águaentre 30 e 40cm.

Estocagem dos alevinos. Os alevinos devem seraclimatados à água dos viveiros onde serão estocados. Para istointroduza pouco a pouco a água dos viveiros dentro dos sacosplásticos ou das caixas de transporte contendo os alevinos. Façaa aclimatação mesmo que as temperaturas das duas águas sejam

iguais. A aclimatação serve para minimi-zar tanto as diferenças na temperatura,como as diferenças no pH e nas concen-trações de oxigênio e de gás carbônicoentre a água de transporte e a água dosviveiros. A aclimatação deve durar aoredor de 20 minutos. Uma aclimataçãomal feita pode resultar na morte parcialou total dos alevinos.

Manejo da alimentação na etapa 1da recria. Os alevinos devem ser alimen-tados 3 a 4 vezes ao dia se a temperatura daágua estiver entre 26 e 30°C. Até os 15dias use ração triturada para alevinos, com36 a 40% de proteína.

A partir dos primeiros 15 dias ospeixes deverão estar com 5g ou mais e jáconseguem ingerir peletes de 2mm. Seestes peletes não estão disponíveis, conti-nue usando ração triturada, porém com

grânulos de tamanho próximo a 2mm.No início da Etapa 1 a ração deve ser fornecida ao redor

de todo o viveiro. A partir do 15o dia da recria reduza gradual-mente a área de alimentação, forçando os peixes a se concentra-rem numa faixa de 60 a 70% do perímetro do viveiro durante aalimentação. Isto melhora o aproveitamento da ração e agiliza aalimentação, principalmente em viveiros maiores.

No Quadro 2 é apresentada uma sugestão da quantidadede ração a ser fornecida diariamente ao longo da Etapa 1 darecria. No caso do cultivo do pintado, geralmente o produtoradquire alevinos / juvenis já treinados a consumir ração comer-

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Finalização do crescimento (terminação)

Na terminação geralmente são usados viveiros maiores que5.000m2, embora viveiros de menor tamanho possam ser aprovei-tados com sucesso. O preparo dos viveiros deve seguir os mesmosprocedimentos recomendados para a recria.

Colheita dos juvenis e estocagem nos viveiros determinação. A colheita dos juvenis deve ser feita com redeadequada, de tecido macio, com malha de preferência sem nós eabertura entre 5 a 7mm. A transferência dos juvenis para os viveirosde terminação deve acontecer nas horas mais frescas do dia.Sempre manuseie os peixes de forma gentil. Evite traumas, comoas perdas de escamas e de muco, batidas, arranhões, entre outrasinjúrias. Procure sempre manter os peixes dentro da água duranteo manejo. Evite carregar os peixes fora da água, mesmo emdistâncias curtas. Na transferência dos peixes de um viveiro aoutro, use sacos plásticos, baldes ou caixas plásticas com água. Ouso de tanques de transporte apropriados, supridos com oxigênio,é necessário na movimentação de grandes quantidades de peixes.O carregamento dos peixes nos tanques de transporte deve ser feitousando baldes ou sacos plásticos com água, de forma a evitar queo peixe fique no seco. Se o manuseio for inadequado, os alevinos

Manejo da alimentação na etapa 2 da recria. Os juvenis,com tamanho ao redor de 30g, devem ser alimentados com peletesflutuantes contendo de 28 a 36% de proteína e tamanho entre 2 e

cial com 40% de proteína na forma de peletes de 2 a 4mm,dependendo do tamanho do juvenil adquirido. Alevinos depintado com até 50 gramas devem ser preferencialmente ali-mentados durante a noite e a madrugada.

Após este período devem ser gradualmente acostumados àalimentação diurna em horários de pouca luz, ou seja, nas primeirashoras da manhã e ao final da tarde (crepúsculo). Pintados maioresse habituam facilmente à alimentação diurna, embora a resposta àalimentação seja melhor nos horários de pouca luz.

3mm. Para o pintado a ração deve ter 40% de proteína e peletesentre 4 e 6mm. Duas ou três refeições diárias devem ser realizadas,sendo a quantidade de ração ajustada de modo a fornecer tudo o queos peixes forem capazes de consumir em cada refeição. Nas fasesavançadas, caso não seja possível renovar a água do viveiro ou nãose disponha de aeradores, evite fornecer mais do que 8 kg de raçãopara cada 1.000 m2 de viveiro.

Seguindo esta recomendação, um viveiro com 5.000 m2 não deve receber mais do que 40 kg de ração/dia. Se houver águadisponível para uma renovação contínua e/ou se houver aeração, oslimites máximos de alimentação podem ser aumentados, de acordocom o proposto no Quadro 3. Por exemplo, se não houver aeração, masse a troca de água nas fases avançadas do ciclo for mediana (entre 6e 10% ao dia), pode se fornecer aos peixes no máximo entre 8 e 10 kgde ração por dia, sem prejuízo à qualidade da água.

Nesse ponto do cultivo os peixes já estão bem acostumadoscom o arraçoamento e se deslocam rapidamente para os pontos dealimentação. Portanto a ração pode ser fornecida numa faixa corres-pondente a 50% ou um pouco menos do perímetro dos viveiros.

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podem sucumbir a doenças diversas, resultando em grande morta-lidade após a estocagem.

A estimativa do número de alevinos. Durante as transfe-rências, o número de alevinos pode ser estimado com o uso debalanças. Neste caso os alevinos são pesados em grupo com oauxílio de baldes com quantidades iguais de água. O peso médio dosalevinos é calculado após a contagem dos peixes em 3 ou maisamostras (baldes) retiradas no início, meio e final da operação.Todos os alevinos que serão transferidos são pesados em grupo.Suponha que para um viveiro deverão ser envi-ados 2.500 alevinos e que o peso médio estima-do dos alevinos foi de 30g. Assim, os alevinossão pesados e transferidos até que o peso totaldos alevinos transferidos atinja 75kg (30g x2.500 peixes = 75.000g ou 75kg). Quando nãohouver uma balança disponível, o número e opeso dos alevinos podem ser estimados com ouso de baldes graduados. No caso do uso debaldes graduados, nestes são colocados volu-mes conhecidos de água, por exemplo, 5 litros.As amostras de alevinos são capturadas compuçá e colocadas no balde, evitando a entrada demais água. O volume de água deslocado nobalde deve ser medido e os peixes contados. Porexemplo, se o balde está agora com 10,5 litros,houve um deslocamento de água de 5,5 litros(ou 5.500ml). O número de peixes foi contado edeu 208. Assim, temos 38 alevinos em cada litrode água (208 alevinos / 5,5 litros = 38 alevinos/litro). O peso médio dos alevinos também podeser estimado com este deslocamento de volume.Em geral, 1.000g de peixes (alevinos ou adul-tos) deslocam cerca de 1 litro de água. Assim, noexemplo em questão, o peso total dos alevinospode ser estimado em 5.500g (5,5 litros de volume de água deslo-cado). Portanto, o peso médio dos alevinos pode ser estimado em5.500g / 208 alevinos = 26,4g por alevino. É recomendável fazerpelo menos 3 amostras como esta durante o manejo. Uma no iníciodo carregamento, outra no meio e outra mais para o final. Istominimiza os erros com a segregação dos peixes por tamanhoenquanto estão confinados na rede aguardando o carregamento. Amédia entre estas amostras é usada para a estimativa final.

Figura 2. Caixa de transporte graduada, para facilitar a estimativa do número de peixes carregados.O uso de um hapa no interior da caixa facilita o descarregamento dos peixes. Observe a presençado difusor e do cilindro de oxigênio, equipamentos fundamentais no transporte de grandes quanti-dades de peixes, mesmo a curtas distâncias dentro da piscicultura.

Densidade de estocagem e produção em fases. OsBrycons (piraputangas, matrinxãs e piracanjubas) geralmentesão comercializados com peso entre 700g e 1kg. Se a meta forproduzir peixes de 1 quilo, é recomendado estocar entre 600 a750 juvenis de 100g por 1.000 m2 de viveiro.

Para produzir peixes de 800g, podem ser estocadosentre 800 a 900 peixes por 1.000 m2. Assim, a densidade deestocagem deve ser ajustada de acordo com a expectativa de

produção e o peso médio desejado na colheita.A partir de juvenis de 100g, o peso de 1 kggeralmente é atingido entre 180 a 210 dias,dependendo da qualidade da ração, da tempera-tura e do manejo da alimentação e da qualidadeda água.

Os peixes redondos (pacu, tambaqui,pirapitinga e híbridos) e o piauçu, geralmentesão comercializados com peso acima de acimade 1 kg. Pacus e piauçus com 2 quilos ou maispodem alcançar melhores preços vendidos aospesque-pagues.

Para produzir pacus e piauçus com 2 kg,é recomendado dividir a fase de terminação emduas etapas, como sugerido no Quadro 4.

A estimativa do número total de alevinos transferidostambém pode ser feita medindo o deslocamento de água dentro dacaixa de transporte previamente graduada (Figura 2). É importanteque no momento de carregar o peixe na caixa de transporte, a águado balde ou do saco plástico seja totalmente drenada despejando ospeixes em uma caixa plástica ou balde com um puçá em seu interior.Assim, o peixe somente ficará alguns poucos segundos fora da águano momento do carregamento para a caixa de transporte. Na Figuraforam colocados na caixa 250 litros de peixe, ou 250kg. Istoequivale a 9.500 alevinos, considerando o peso médio de 26,4g dosalevinos no exemplo anterior.

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No Quadro 5 são apresentados exemplos de planejamento daprodução em fases para diversas espécies de peixes cultivadas noBrasil. Os parâmetros de desempenho apresentados neste quadropodem diferir dos resultados obtidos em diferentes pisciculturas eregiões do país, principalmente em virtude de diferenças climáticas,condições de cultivo e estratégias de produção. Ajustes na densida-de de estocagem e na taxa de crescimento devem ser feitos de acordocom a biomassa econômica esperada para o cultivo. Os valores debiomassa econômica são definidos de acordo com máxima taxa dealimentação possível de ser aplicada sem maiores prejuízos àqualidade da água (o que depende, dentre outros fatores, da renova-ção de água, da disponibilidade de aeração de emergência ousuplementar e da qualidade do alimento utilizado). A biomassaeconômica também é definida em função do custo de produção e dovalor de venda do pescado.

A biomassa econômica (capacidade de suporte) para as fasesde alevinos deve ser fixada a um valor menor do que para as fasesfinais de terminação. Isto se deve a maior demanda dos alevinos poralimento e por oxigênio. No entanto, como o tempo de cultivo nas

Manejo da alimentação. Na fase determinação, os peixes devem ser alimenta-dos desde três vezes ao dia (peixes com 100gramas e com temperaturas entre 28 e 30oC),a duas ou uma vez ao dia para peixes maio-res, nas fases avançadas da terminação. Ge-

ralmente são usados peletes flutuantes entre 4 e 8mm.Pintados acima de 2 quilos geralmente são alimentadoscom peletes de 15mm. As rações devem conter pelomenos 28% de proteína. Rações com 32% de proteínageralmente promovem um crescimento mais rápido, me-lhora a conversão alimentar e reduz a deposição de gordu-ra visceral nos peixes, o que compensa o custo adicionalda ração. Um número maior de tratos diários não trazbenefícios adicionais ao crescimento dos peixes. Ao con-trário, pode prejudicar a conversão alimentar e aumentara deposição de gordura visceral. Para o pintado as raçõesdevem ter pelo menos 40% de proteína.

O uso de peletes flutuantes facilita a observação doconsumo e o ajuste na quantidade de ração fornecida. Ospeixes devem ser alimentados sempre um pouco menos domáximo que eles podem consumir em uma refeição. Coma prática, o tratador aprende a determinar o momento deinterromper a alimentação observando a atividade dos

Organizar a produção em etapas ou fasestraz inúmeras vantagens ao produtor

• Assegura melhor sobrevivência dos pe-quenos alevinos, pois estes serão estocados emalta densidade em viveiros melhor abrigados evigiados contra o ataque de predadores (aves,morcegos, répteis, insetos aquáticos, peixes in-vasores, dentre outros);

• O manejo nas transferências possibilita aclassificação dos peixes e a obtenção de melhorprecisão no número de peixes estocados emcada viveiro;

• A produção em fase otimiza o uso da áreade produção, permitindo um melhor aproveita-mento e eficiência no uso dos viveiros e aumentona produtividade global da piscicultura sem de-mandar área adicional de cultivo.

Rações com 32% de proteínageralmente promovem umcrescimento mais rápido,

melhora a conversãoalimentar e reduz a deposição

de gordura visceral nospeixes, o que compensa ocusto adicional da ração.

primeiras fases é reduzido, a manutenção dealtas taxas de alimentação (em kg/ha/dia) nãochega a comprometer seriamente a qualidadeda água, visto que as altas taxas de alimenta-ção são praticadas durante poucos dias. Issopossibilita a manutenção de uma considerávelbiomassa nos viveiros com alevinos.

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peixes. Mesmo que os peixes sejam capazes de consumirmais e mais ração, procure respeitar os limites dearraçoamento apresentados anteriormente. Quanto mais

ração se fornece aos peixes,maior o volume de fezesexcretado na água. O exces-so de matéria orgânica (fe-zes) nos viveiros reduz osníveis de oxigênio dissolvi-do e favorece o desenvolvi-mento de parasitos e de bac-térias, que vão prejudicar asaúde dos peixes.

A alimentação acimados limites sustentáveis, ge-ralmente causa a deteriora-ção da qualidade da água,aumentando as chances demorte dos peixes por faltade oxigênio ou doenças.

Os problemas relaci-onados aos altos níveis dearraçoamento sempre ocor-rem ao final de cada fase decultivo, quando se consu-miu grande parte do tempoe do dinheiro, e os alevinose peixes adultos acumula-ram maior valor. Portanto,perder peixes por este moti-vo pode colocar em risco olucro e o sucesso de qual-quer piscicultura.

Monitoramento e controle da qualidade da água

Oxigênio dissolvido. Monitore diariamente osníveis de oxigênio dissolvido pela manhã (7:00h) e aofinal da tarde (17:00h). Se os níveis de oxigênio pelamanhã apresentarem uma tendência de declínio diaapós dia e chegarem a valores abaixo de 4mg/L, dimi-nua os níveis de arraçoamento diário. Se a água estivercom muito plâncton (muito verde) e a transparência formuito reduzida (menor que 30cm), comece a renovarágua ou aumente o fluxo de água quando possível.

Se estas medidas não surtirem efeito, suspenda aalimentação dos peixes até os níveis de oxigênio senormalizarem. Se houver disponibilidade de aeradorespara eventuais emergências, deixe-os prontos para en-trar em ação.

Transparência da água. A transparência da águadeve ser monitorada periodicamente com o uso do discode Secchi. Em pouco tempo o piscicultor fixa o padrãode transparência ideal sem necessitar do disco de Secchi.

Se a transparência for maior que 50cm, o que é

O excesso de matériaorgânica nos viveiros

reduz os níveis deoxigênio dissolvido e

favorece o desenvolvimentode parasitos e de bactérias,

que vão prejudicar asaúde dos peixes.

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comum em viveiros recém enchidose estocados ou em viveiros comexcessiva troca de água, o piscicul-tor deve fechar a entrada de águanos viveiros e, se necessário, fazeradubações semanais com uréia até aágua ir adquirindo uma coloraçãoesverdeada. Cerca de 3 a 5 kg deuréia por 1.000 m2 devem ser apli-cados em cada adubação. Ao adu-bar um viveiro, não se esqueça dereduzir a renovação de água.

Outros parâmetros de quali-dade de água. O piscicultor deveestar atento e preparado para o mo-nitoramento de outros parâmetrosde qualidade de água, dentre os quaiso pH, a amônia tóxica e o gáscarbônico.

As pisciculturas devem estarequipadas com ao menos um medi-dor de oxigênio (oxímetro)confiável e prático de usar e um kitde análises de água.

O custo de um bom oxímetrono Brasil gira em torno de R$ 2.800a R$ 3.200. Um bom kit de qualida-de de água equipado para análisesde pH, alcalinidade total, durezatotal, gás carbônico e amônia custaentre R$ 300 a R$ 1.500.

O preço pago por estesequipamentos é irrisório frente àperda total de um lote de alevi-nos ou de peixes em terminação.Muitos piscicultores gastam for-tunas com aeradores e não dis-põem de ferramentas ou conheci-mento adequados para dizerquando devem ser acionados.

Não é surpresa observarque as diferenças nas contas deenergia em algumas piscicultu-ras, após alguns meses, pagam oinvestimento na compra de umkit de qualidade de água e de umoxímetro, sem contar a reduçãono desgaste e manutenção dosaeradores. Portanto, é impossí-vel o piscicultor falar algo a res-peito da qualidade da água emsua piscicultura sem o uso diáriode um medidor de oxigênio e semo suporte de um kit para análises.

Antes de comprar os equi-pamentos para monitorar e corri-gir a qualidade da água, tambémé necessário que o piscicultoraprenda em cursos, livros, revis-tas especializadas e boletins téc-nicos, como funciona a dinâmicade qualidade da água nos vivei-ros de piscicultura.

O piscicultor deve estarbem equipado para omonitoramento da

qualidade da água dosseus viveiros. O preço

pago por equipamentosde medição é irrisório

frente ao prejuízocausado pela perda deseus alevinos. Muitospiscicultores gastam

fortunas com aeradores,mas muitas vezes não

compram asferramentas adequadas

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