Palimpsestos Uma História Intertextual Da Literatura Portuguesa

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  • 7/24/2019 Palimpsestos Uma Histria Intertextual Da Literatura Portuguesa

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    Palimpsestos Uma histria intertextual da Literatura PortuguesaFrancisco Maciel Silveira

    GUISA D !"L#A$PA"A %UM &M !U'ID!S D L"(Palimpsestos) Uma histria intertextual da literatura portuguesa re*ne alguns dos

    +pap,is- de sami" savo.) ntenda/se0 1olhas po,tico/metaling23sticas em 4ue sami"savo. representa o papel de escritores) Assim sendo5 ei/lo a reinventar Proteu aometamor1osear/se em autores da Literatura Portuguesa 4ue reescreve) Pela primeira ve65uma histria da literatura recontada na vo6 e estilo de 4uantos a escreveram)

    Lirismo 1ernando/pessoanamente al7ado 8 categoria de +drama em gente-9 .:o;por4ue a4ui n:o se trata de um 1enssica da imita7:o recriadora dos =onsautores) reali6ou mais0 al7a a metalinguagem cr3tica ao seu est>gio mais elevado $emais am=icionado(5 4ue , o de5 captando o cerne da mundivid?ncia de um dado autor5recriar/lhe5 po,tica e poematicamente5 o estilo) ! 4ue se tem , o prprio autor 4ue 1alacom vo65 estilo e ti4ues seus atrav,s de sami" savo.)

    Psicogra1ia9 Pelo 4ue sei sami" savo. n:o , nenhum m,dium a escrever emtranse) Ali>s5 o transe5 ainda 4ue po,tico em seu 1uror5 n:o condi6 com a nature6aintrinsicamente cl>ssica desse poeta cu@os pap,is $o terceiro volume de uma s,rie( douagora a lume5 con1orme mos con1iou)

    onsiderando a capacidade cr3tico/po,tica de metamor1ose revelada por sami"savo. nestes pap,is5 pre1iro aceitar a id,ia de 4ue se trata de um avatar5 con1orme se lia5originalmente5 so= a epiderme do atual t3tulo0 Palimpsestos) Mas um avatar no sentidoteatral e $ve@am/se as ep3gra1es( diderotianamente protei1orme do termo) $Leia/se5 a

    propsito5 o texto em 4ue se apresenta ;ou representa9;0 +"einventor de Proteu 8Diderot-() "eali6ando a um tempo as 1un7Bes de poeta e comediante5 sami" savo.atinge por outras vias $8 Diderot e n:o 8 Fernando Pessoa( a s3ntese dramaticamentedese@>vel em um criador de literatura0 ser a$u(tor)Francisco Maciel Silveira

    C.:o se di6 no mundo 4ue um homem , um grande comediante9 .:o se entende comisso 4ue ele sente5 mas5 ao contr>rio5 4ue prima em simular5 em=ora nada sinta0 papel

    =em mais di13cil do 4ue o do ator5 pois tal homem tem5 ademais5 o discurso a encontrar eduas 1un7Bes a reali6ar5 a do poeta e a do comediante-Denis Diderot+!s poetas devem ser imitados nas 1>=ulas5 nos pensamentos5 no estilo mas 4uem imitadeve 1a6er seu o 4ue imita-)orreia Gar7:o+.um ensaio liter>rio5 segundo a intertextualidade cr3tico/criativa5 sou mallarmeniano)Acho 4ue discorrer amplamente , suprimir tr?s 4uartos do pra6er do ensaio/poema5 4ueconsiste em ir adivinhando pouco a pouco) Sugerir5 eis o sonho ;para acordar nosolhos e intelig?ncia do leitor tudo o 4ue pulsa em cada imagem5 palavra5 alus:o) E a

    per1eita utili6a7:o desse mist,rio 4ue constitui a alma da intertextualidade cr3tico/

    criativa-)Depoimento de sami" savo.)

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    $oerentemente intertextual(

    D) DI.IS$H / JKH(LA'"AD!" D! ANmar

    Foi trovador))) errei))) pois 4ue antes 1oi monarca lavrador) Mas =em visto5 s lavra a dor4uem 1or poeta5 so=re ser rei a plantar porvir no gr:o de vagas =arcarolas ultramarinas)$ste arrepio na te6 das 1olhas 4ue escreve , @> o =ranco rumor de caras velas ao vento9(S:o len7os e n:o velas o 4ue por agora v?s singrando a mN>gua0 Amigas 4ue dese@amsa=er novas de Amigos) &odos perdidos5 ai minha dona e senhor5 no p,riplo daon4uista do 4ue ainda n:o se con4uista)Alv3ssaras5 Senhor5 4ue ele chegou ao teu porto sem ao menos navegar) E 4ue Dinis5amigo de antares e de Amor5 teve o dom de semear o aNmar/oceano em plangentes

    pinhais)sami" savo.! gr:o de naus ainda verdes

    ; Ai5 1lores5 ai5 1lores do verde pino5respondei/me))) se +n:o- eu desatino5onde est> o meu Amigo4ue talhou preito comigo9Ai5 1lores5 ai5 1lores do verde ramo5respondei/me por a4uele 4ue eu amo5onde est> o meu amigo4ue talhou preito comigo9

    Francisco Maciel Silveira

    ; ! 4ue te toma por dona e senhordigo/te 4ue e s:o e vivoe 4ue se tem por cativo5como ordenam5 tirana5 as Leis dOAmor)$; Digo/te 4ue sou s:o e vivoe de tanto amar t:o cativo54ue5 sandeu5 eis/me a semear5rima perdidaO em metro deN ch:o5estes pinhais 8 1lor do aNmar)(sami" savo.

    pD) DinisGIL 'I.&$Q9 Q9 / JKUM MUI LAL AU&R"K , o *ltimo a$u(to da vida de 4uem nasceu n:o se sa=e =em onde nem 4uando)!urives do Portugal lus3ada5 di6em 4ue 1oi) Mas @ia mesmo s algumas das pe7as 4uedeixou ;incrusta7:o de ouro no siso cariado da orte preciosa)Foi tru:o da devota Leonor $a rainha 'elha(5 de Manuel $o 'enturoso por ter achado orasil9(5 de D) To:o $o &erceiro5 por4ue intercessor pelo Santo !13cio @unto a "oma9()+Mui leal autor-5 +a trovar e a escrever as portuguesas 1a7anhas- $como se l? nas

    auto=iogr>1icas aspas do Auto da Lusitnia(5 deve ter morrido na pa6 do Senhor))) seu"ei)

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    sami" savo.

    Suma teo$lgica(9Gil5 o 4ue n:o tinha ceitil5 nem nada5 pus nos autos v3cios de minha grei0Frade pa7:o5 entre a ru6 e a spada5 1ui ventr3lo4uo de meu Deus ;el/"ei9

    sami" savo.p Gil 'icente

    Lu3s 'AV D amBes$H9 / J!WR(%UA.D! F!I P"IS!

    .avegar 1oi preciso para 1ugir de amores 4ue sempre procurou proi=idos) nga@ar/se 1oipreciso para poder cantar +as armas e os =arBes assinalados-) + tam=,m as memriasgloriosas Da4ueles "eis 4ue 1oram dilatando A F,5 o Imp,rio5 e as terras viciosas DeX1rica e de Xsia andaram devastando-)))m Macau 1oi preciso +provedor/mor dos =ens de de1untos e ausentes- ;logo ele 4ue5

    por tanto tempo ausente da P>tria5 n:o sou=e5 vivo5 prover/se de =ens) !s )RRR r,isanuais 4ue rece=eu em paga de servi7os prestados com !s Lus3adas $YH( n:o lheminoraram a mis,ria de ser5 tendo um olho s:o em terra de cegos vision>rios5 a regra detoda exce7:o)Morrer 1oi preciso para ir/se))) +da lei da Morte li=ertando-) Foi/se5 como se 1ora dos4ue5 v:os5 simplesmente v:o)sami" savo.

    Mais valiam terra de cego , rei4uem tem um olho sem par9Antes 1ui servo de grei4ue5 sem ver5 reinou no mar)

    .as sete partidas do mundo 1i6 meu verso de de6 em cantosIlha do Amor no vago mundo5 cais ao largo de desencantos)Assim5 =ra7o 8s armas a1eito e mente 8s Musas doada5 cantei os lusitanos 1eitos al,m dacarne su=limada)alei5 por,m5 enrou4uecido5 a lira @> destemperada) Morri na mis,ria5 es4uecido de 4ue5

    por mais $/( valia5 1ui nada)sami" savo.

    p amBes

    PAD" A.&Z.I! 'II"A$HRW / tWY[Y('entr3loguo D DUSSemeador de muitos passos al,m do Pa7o) Sempre a pregar no deserto do olvido denovos vendilhBes do &empo9 .:o 4ue tudo convertia 8 sua cren7a) .as esperan7as1uturas de um Portugal restaurado em %uinto Imp,rio do Mundo n:o chegoua converter o D) Se=asti:o do andarra em D) To:o I' ;e risto no Dese@ado Messias

    por vir9 Fa7anhas de 4uem cria nosmilagres da convers:o) omo o da transu=stancia7:o do p:o ;>6imo/; em vinho)n4uanto teve vo6 a troar nos p*lpitos e outros pap,is5 autopsicogra1ou/se Deus)

    'entr3lo4uo de des3gnios ocultos entre

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    linhas da scritura5 soletrou no Passado o Futuro de um Portugal com cinco chagasassinalado)+Se no passado se v? o 1uturo5 e no 1uturo se v? o passado5 segue/se 4ue no passado e no1uturo se v? o presente5 por4ueo presente , o 1uturo do passado5 e o mesmo presente , o passado do 1uturo)- ;a4ui sua

    chave de pro1eta5 escolado nosanto o13cio de deslindar morgadios em testamento velho ou novo0 +a ca=e7a desteimp,rio temporal h>/de ser Lis=oa5 e osreis de Portugal os imperadores supremos e 4ue neste tempo h>/de 1loresceruniversalmente a @usti7a5 a inoc?ncia e a santidade em todos os estados)))-Suas pro1ecias 1icaram por vir) por ver) Ao 1inal das contas5 cegos mortais5 4ue ,5 noc em minha alma a memriado 4ue5 por dito5 ser> consumado)In*til o Santo !13cio calar/mea vo6 na scritura con1irmada0

    .:o5 n:o se amorda7a o 'er=o em arne eleitoSe n:o me cou=e ver o dito 1eito5desca=ido se@a o 4uerer Deus dar/mevista do ,u na retina apagada)sami" savo.

    p Ant

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    omo se n:o =astasse5 v3tima tam=,m do santo o13cio da 1ic7:o) A perpetrada porcr3ticos e 1iccionistas5 4ue lhe ergueram um cenot>1io de autor su=versivo) Logo ele 4uetencionava apenas dar um alegr:o ao povo)A suscitar na plat,ia o pasmo e o riso ;comediogra1ia emp>tica e hep>tica a do Tudeu)! riso5 provocado pelos 42ipro4us dos enredos la=ir3nticos e pela l3ngua a1iada nas

    agude6as =arrocas5 n:o era insurreto ou revolucion>rio5 Punitivo e correcional5 alve@at:o s os desvios da .orma institucional reinante) A repercutir5 em suas +peras-5cr3ticas or4uestradas pelo Ga=inete +estrangeirado- de Sua Ma@estade Magn31ica5Fidel3ssima5 ristian3ssima ;e D) Toan3ssima) Portanto5 o 1acho de lu6 +enga@ada- 4ue1ulge =ruxuleante na comediogra1ia do Tudeu , re1lexo do prprio Poder entroni6ado)Pasmem0 , com o aristocr>tico universo dos reprodutores das normas ideais doesta=lishment 4ue o dramaturgo promove a identi1ica7:o de seu p*=lico) Prova de 4ueas simpatias do p*=lico s:o atra3das pelas $e para as( p*rpuras do coturno aristocr>ticoreside no pasmo 4ue lhes suspende o 1ter5como manda o 1igurino 4uasimodesco de um @ester) De um sopo da orte) .:oo=stante segregado no gueto r>cico/religioso do stado @oanino)sami" savo.

    Pro1issBes de 1,0)Por @udeu tinhoso5 eu5 na Lei crist:o/novo5ardi ao 1ogo de 4uest:o transcendental0%uem veio primeiro5 a galinha ou o ovo9! Pai ou o Filho de =astardo natal9 1oi dando uma no cravo outra na 1erradura4ue remontei o %ui@ote em mais triste 1igura)An1itr$u(:o5 1i6/me gracioso imitador0

    no papel de car=ono5 ss3a ;su=$e(scritor9sami" savo.p Antvel conselho5 con1essou suas culpas na me6a do Santo !11icio com mostras esignaes de arrependimento5 pedindo dOelias perd:o e mi6ericordia)))-

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    ocage a3 morreu) Antes mesmo de morrer) =aixou mais 1undo aos in1ernos) $!r1eu @>dilacerado ;e cego de ci*me e catlica doutrina;5 da3 emergeria sem ao menos olhar

    para tr>s9( L> 1ora5 enlutados os Pra6eres 4ue por entre as 1lores nos @ardins de iteraandavam =rincando9 Acaso nas asas de Fav n:o a traria perdida nos =ra7os da

    memria9(Ah5 ingrata deusa dos amores5 a@unta o =ando dos 1ilhinhos teus com o p,r1ido irm:o evem carpir o lmano 4ue @> nemocage ,)sami" savo.

    Soneto de ontri7:o.ao mais5 per1ida Gertruna5do campo a a4uarela espuria_

    .:o mais este cora7:oem motim contra a "a6:o_

    .:o mais na .ature6a >rcade1aunos coOa 1lauta em riste)))

    ; reverso do lmano5 marca de4uem 1oi pastor por chiste)stro des1eito na clausura5

    @> ocage n:o sou5despedido da lida impura)!utro Aretino com tonsura5contrito eis 4ue me dou5ainda vivo5 8 sepultura)sami" savo.

    p ocage

    Incultas produ7Bes desentoadasXrcades produ7Bes do Fingimento5escritas pela m:o da Depend?ncia

    ; a4uelas de lmano cu@a apar?nciaindi4ue pastoril contentamento)T> os meus mil versos de Sentimento5urdidos pela m:o da Desventura5levo/os comigo pOra sepultura0

    s:o os epit>1ios de meu tormento)Sem arte5 sem =ele6a e sem =randura5segundo as leis do gosto epocal54ue desculpa t?m5 se vale t:o poucoum peito de gemer cansado e rouco9Sepulta/os o olvido sem ternurade 4uem deita em mim esta p> de caLsami" savo.

    p ocage

    ALMIDA GA""&&

    $QHY[[ / J[HWQ(

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    .o M`.IM!5 T!]!So= os atavios do dndi teatral 4ue era o 'isconde Almeida Garrett ;a mal/roupida1igura de um Digenes sacrista0 o To:o M3nimo) m cu@a L3rica se l?5 por pre1>cio5 um+credo po,tico nacional-0 os =ons autores5 se@am os portugueses5 encadernados naLiteratura do s,culo 'I e parte do 'II5 se@am os estrangeiros5 devem ser estudados

    cuidadosamente e imitados no 4ue modelarmente perpetraram) &olice e asneira essev3cio de atrelar/se5 sect>ria e cegamente5 a escolas liter>rias)Ade4ua7:o do estilo e g?nero 8 mat,ria ;essa sim era a regra de ouro) %ue melhorexemplar para um soneto epigram>tico sen:o ocage9 Uma ode genial5 como compcio9 S com o ala*de de um menestrel ou a harpa deum =ardo $ossinico9( ;e n:o com a lira dos vates greco/latinos; se poderia 1erir ascordas de um assunto medievalmente moderno5 maravilhosamente nacional_ m suma5nem cl>ssico nem romntico) &inha dito_So= as revoltas melenas romnticas desse #or>cio de su37as 1risadas5 4ue 1oi To:oatista da Silva Leit:o de +Almeida Garrett-5 havia um c,re=ro garridamente portugu?s)

    .o m3nimo5 To:o) .o M3nimo)

    sami" savo.

    Advert?ncia.em cl>ssico nem romntico5 des1rutoa 1ama de introdutor do "omantismo5logo eu 4ue 1ui t:o avesso a escolismos_Minha o=ra5 senhores5 , t:o s produto5de uma Musa li=,rrima5 ao imitar4uem me parecesse digno modelo) os 4ue imitei com muito estudo e 6elos:o exemplares com tudo a copiar0ritmos de meu cora7:o noutro a pulsar)%uem em viagens por sua amada terra

    p

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    e nele tenho a calma; alma deste @a6igo)sami" savo.

    p Almeida Garrett

    ALA.D" #"ULA.!$HWKWR / JK[WYY(P!"&UGALIA M!.UM.&A #IS&!"IA

    .a #istria Universal do ilimitado "eino de Deus so=re terras e mares ca=ia umcap3tulo passado em medievo 1eudo seu ;a4uele cu@a !cidental praia lusitana estava1adada a ser cais do "enascimento para nau1ragar nas areias nas areias de Alcacer/%ui=ir)Incum=ido n:o de +poer em caronica- a vida dos reis de Portugal5 de D) #enri4ue a D)To:o I5 mas de desco=rir +onde5 4uando e como nasceu este indiv3duo moral chamado

    .a7:o coligiu tudo 4uanto5 entre os s,culos 'III e '5 era letra morta) Para torn>/laviva histria de proveito e exemplo0 o passado medievo como magist,rio e magistratura

    moral para o des1i=rado !itocentos lusitano).o montante5 ao ca=o5 tr?s romances histricos g?nero por ele introdu6ido em Portugal; e um volume de lendas enarrativas) Sem contar os op*sculos de histria e ensa3smo sisudos) m todos5 aressumar amarga5 a compara7:o entre oPassado lus3ada5 cavaleiroso e 1a7anhudo5 e o Presente de um Portugal an:o ante ogigantesco vulto de seus maiores)Sem o 4uerer5 rascunhava nova histria do 1uturo5 ao conce=er um Passado onde +ohomem e a hora s:o um s 4uando Deus 1a6 e a histria , 1eita-5 onde +todo come7o ,involunt>rio-5 pois +Deus , o agente- ;e +o heri $se@a urico se@a ! o=o5 se@a !Monge de ister5 a par com A1onso #enri4ues e D) To:o ( a si assiste5 v>rio einconsciente-)ra sua mensagem ;de #istria 4ue5 vista pelos olhos de Deus5 outra pessoa houverade retom>/la com a loucura 4ue nela vai)

    #istria do Futuro.este 1ulgor =a7o de terra4ue , Portugal a entristecer5es4uecido do 4ue encerrao Passado por reviver

    $nas armas dos =arBes assinalados4ue5 da !cidental praia Lusitana5em perigos de guerra es1or7ados5

    passaram ainda al,m da 1or7a humana(

    ; ningu,m sa=e 4ue coisa 4uer5ningu,m conhece 4ue alma tem5e1eminada a =ravura em mulher5dama e senhor 4ue nos v? com desd,m)

    #o@e po=res =arBes a6inhavrados5

    perdidos o renome e a glria54ue resta sen:o o Passado

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    talhado a montante na memria9

    Passado glorioso5 de .a7:oassinalada por Deus

    para reali6ar com devo7:o

    os des3gnios 4ue eram seus)

    a=iam nos limites de Portugaltr?s partes do mundo por navegar9

    .a civili6a7:o ocidentalnossos limites iam Al,m/mar)

    Sagrou1los Deus so=re/humanospara5 indo al,m da &apro=ana5cumprir/se o mar/oceanona !cidental praia Lusitana)

    ru6ados da F, e do Imp,rio5movia/nos alma medieval5a4uela 4ue 1or@ada no sid,rio1e6/nos5 mais 4ue i=eros5 Portugal)

    #o@e po=res =arBes a6inhavrados5perdidos o renome e a glria54ue resta sen:o o Passadotalhado a montante na memria9

    Perdido o 1

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    Mensagem ronista/mor do "eino 4ue Deusoutrora a Portugal concedeu5gravada 1i4ue minha mensagem)Para pessoa 4ue5 inda por vir5retome a Lus3ada miragem

    de um Povo 8 espera de emergirdas areias de Alc>cer/%ui=irsami" savo.

    p Alexandre #erculano

    AMIL! AS&L! "A.!$KWH / J lW[o(

    S&"LA FU.S&ADo nascimento =astardo5 4uando o "omantismo vinha a lume com o amBes deAlmeida Garrett5 ao suic3dio5 4uando o Sim=olismo =al=uciava no !aristos de ug?nio

    de astro5 =iogra1ia pautada em lances de 1olhetim) om trechos romnticos numa 1asenoutra5 realistas) .o cap3tulo de amores5 ent:o5 1oi de desca=elamentos ultra/romnticos8 calv3cie realista5 provando noites de taverna5 noivado de sepulcro5 mance=ia 1reir>tica5

    para5 1inal 1eli6 de 4uanta novela5 conhecer o sacrossanto 1astio do amor =urgu?s nocolo pl>cido de uma paix:o adulterina) Paradoxos do amor de perdi7:o 4ue salva) Pater/1amilias5 ca=e7a do casal5 tinha agora5 no cora7:o do lar5 o esttua5 n:o ganha/p:o para assopas di>rias) Sa=ia disso ao temperar letras e tretas ao gosto e sa=or dos leitores eeditores) #avia 4uem as 4uisesse +apimentadas-) !u castamente mel31luas) om ran7ohistrico) Cum grano salsda s>tira) Satis1eito o apetite 1ilisteu do pragm>tico s,culodito romntico5 ei/lo5 por todos os t3tulos $mais de cin42enta(5 'isconde de orreiaotelho)

    P,s no ch:o dos chinelos con@ugais sua vida a anoitecer5 n:o a pontuasse ointermitente =rilho $ainda romntico( de estrela 1unesta0 a dem?ncia de um 1ilho5 asloucuras estrinas de outro5 di1iculdades 1inanceiras e5 so=re tudo isso5 a cegueira 4ue5

    progressiva5 @> o impedia de escrever a tragicom,dia humana em 1ic7Bes) Por verdadetestemunhada ou passada em cartrio) $A outro cego destinado5 n:o ca=ia nele o dommaior de argentino escre$ver( por entre as trevas)(

    Um tiro no escuro , o ep3logo de 4uem5 no seu r,s de pessoa5 se sentia cad>veradiado 4ue @> n:o procria)

    bltima Prosa "imada"esponda/me a =urguesa idade5cheia de c>lculo e ra6:o5onde est> a 1elicidade9

    .os delitos da mocidadede um amor de perdi7:o9!u est> ela =em no magode um amor de salva7:ocontido na santa trindadede um ora7:o ca=e7a/est

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    cheia de c>lculo e ra6:o0an>tema e 4ueda dum an@o5a 1elicidade , Ana5

    pl>cido arcan@ode paix:o insana9

    st>5 pois5 no pomo proi=ido5crime aos olhos legais4ue5 cegos na santa pa65n:o sa=em @amaisao gr:o sa=or do incontido9

    "esponda/me a =urguesidade4ue tudo sa=e prover0onde est> a 1elicidadenestes anos de prosa9Fic7:o indecorosa5

    est> no ep3logo cor/de/rosa4ue me 1ica por escrever

    ; linha perdida no tinteirocomo agulha em palheiro9

    em 4ue n:o se avista5de tanto 4uerer v?/la

    prop3cia51oi/me5 1unesta estrela5com mal3cia54ueimando a vista)

    Deixo5 pois5 esta escuridadede vaidades irritadas e irritantesa 4uem5 por 1eli6 presumidoconta=ili6ando os instantesna velhice da mocidade5ainda a 1este@a e suporta)

    ego por v?/la morta5

    vou a trope7ar nos ru3dosde um cora7:o tornado reles aorta0na escurid:o dos sentidos5sem ter direito ouvido5chego a con1undir o estampidocom ela a =ater/me a porta)$8 porta9(sami" savo.

    p amilo astelo ranco

    A.&"! D %U.&AL

    $WQWQH / Jll[W[(

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    SP&"!S.egro o corcel5 som=rio o cavaleiro01ormam am=os um par t:o a@ustado4ue5 envoltos no sinistro nevoeiro5semelham o centauro recriado)

    Donde v?m9 De 4ue plagas a=issaisemergem9 De 4ue trilha ou pesadeloavultam5 1ormid>veis5 espectrais5emaranhados crinas e ca=elos9

    .o olhar do cavaleiro5 coruscante5inda 1ulge um raio de extinta lu6)

    .as m:os =rilha uma espada o1uscantecom a divisa +A 'erdade na ru6-)

    &oda a@ae6ada de =ranco a 1erasimula um ar de pa6 e con1ian7a)&ra6 no selim gravado0 +Sou %uimera5ncora em 4ue se 1unda a speran7a-)

    %uem ,s5 cavaleiro de altivo porte9%uem ,s5 ginete tene=roso e 1ero9 o corcel negro di60 +u sou a morte_-"esponde o cavaleiro0 +u sou Antero_-sami" savo.

    &ormento do Ideal5 IISei 4ue a ele6a5 imortal5 existe)Desco=ri/La entre 1ormas imper1eitas5so= densos v,us em 4ue 1urtiva assiste5ca=e a 4uem5 poeta5 tem alma eleita)

    Procuro a 1orma da Id,ia puraem minha alma anelante de outros c,us)Pois 1ora5 em meio 8 mat,ria dura5lidam som=ras 4ue me tornam incr,u)

    .o Deus do altar de minha crente in1nciapensei v?/La transu=stanciada)5 no apostolado social5 vi/A

    como um 1acho alumiando a distncia)Miragens_ %ue la s se desco=ria

    para mostrar/se na 1ace de nada_sami" savo.

    p Antero de %uental

    Mors Li=eratrix5 IIApstolo do porvir5 sonhei Mundo

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    todo ele compendiado em risto0aurora de um novo &empo 1ecundo4ue me tinha o Ideal entrevisto)

    Procurei torn>/Lo realidade5

    sagrada a poesia arma de com=ate)randi o gl>dio 1ulvo da 'erdade0saiu 1erida a alma desse em=ate)

    Possesso de Deus/Padre onipotente5descri5 crendo/! 1eito 8 nossa imagem)m todo canto vi/! sempre ausente5descarnada Id,ia5 simples miragem)Por 1im na Morte amiga5 dese@ada5 encontrei/!5 ao encontrar o .ada)sami" savo.

    p Antero de %uental

    A D %UI"!V$HWQ / JW[RR(F"AD! F"ADI%U! monculo con1eria/lhe um ar de relo@oeiro preciso) ontudo5 1oi5 no lavor do estilo5um ourives) .:o se @ulgue chinesice o posar em +cam=aia- de mandarim0 antes um1lagrante ind3cio de 4ue5 alto 1uncion>rio p*=lico5 era dos raros a conhecer os segredosartesanais da scrita)"ealista de primeira hora5 cultivou as artes))) m,dicas) Andou dissecando o cad>ver dasociedade a ass,ptica distncia e chegou a matar5 por imper3cia5 duas de suas

    personagens) Tusti1ic>vel0 so= o avental do 1isiologista5 vigia a real voca7:o de p>rocoda aldeia) %ue mui religiosamente capitulou a gula como o pecado capital das rela7Beshumanas0 1oi o crime do Padre Amaro5 a 4ue=rar o @e@um em Amelinha 1oi o de as3lio5a manducar a prima Luisita no +Para3so- 1oi o de arlos da Maia5 a provar o =3=lico

    pomo proi=ido))) horresco referens_))) da prpria irm:) $Sem o sa=er5 minha senhora5 namais santa ignorncia0fatumde trag,dia grega vertido em repinicado 1ado vern>culo)(no@ado de tanto cani=alismo5 ele5 4ue sa=oreava o re4uentado bon gotem Fran7a eInglaterra5 a=andonou o prato/1eito das carnalidades realistas) m momento a6ado5mudou de pena5 deixando o =isturi charlat:o como rel34uia dos tempos em 4ue lhe n:o1altava +esse descarado hero3smo de a1irmar- ;4ue criara5 atrav,s da universal ilus:o5 areligi:o da i?ncia) .o claustro do ga=inete5 vemo/lo agora0 =eneditino5 tra=alha e lima

    e sua5 a escrever suas *ltimas p>ginas com rico cheirinho a Igre@a0 "apos:o reconvertidoem &eo$odor(rico ;passe o trocadilho5 8 =oca do s>=io sota4ue alem:o de &opsius)Fradeco ainda5 apesar da correspond?ncia 4ue se 1a7a com Fradi4ue $o ine1>vel cultorde uma prosa @amais escrita(5 t:o saciado de civili6a7:o e chic4uanto o Tacinto 4ue5 em

    =usca do meio/termo existencial5 mo=iliou a serra com metade do luxo da cidade)$on(vencido da vida5 ei/lo a morrer5 serenamente5 em Paris) Aposentado em torreBesramires0 a desde sempre ilustre casa da Arte) Aristocraticamente longe5 pois5 da+choldra-5 4ue era Portugal) a vida)sami" savo.

    Pro1iss:o de F,

    Inve@o o ourives 4uando escrevo5longe do est,ril tur=ilh:o da rua)

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    $Imito/o5 4uando atento descrevoe narro o 4uanto a lima so1re e sua)(Firo o cin6el na 1rase coOo enlevode 4uem extrai '?nus da concha nuaou incrusta em 1r>gil Forma o relevo

    doutra Deusa 4ue meu lavor cultua)is/me do Parnaso =eneditino)"ealista arrependido e descrente5deixo a prosa =>r=ara de crue6as5a narrar milagres cio Deus menino)Por4ue a 'erdade5 g?mea da ele6a5s na Arte pura , viva e presente)sami" savo.

    p 7a de %ueiro6

    SX"I! '"D

    $HHW / JWYWW(SX"I! %U & %U"! '"D

    .:o5 n:o leio5 ao anoitecer5 at, me arderem os olhos5 o livro de es>rio) At, me arderemos olhos5 leio/o5 ainda verde5 na planta da cidade de Lis=oa5 com seus =ecos e vielas e

    =airros $modernos5 inclusive5 se calhar(0 poeta/lavrador a colher em gigas regateiras aas1ixia ur=ana da .ature6a nanica em @ardins e hortas en1e6aditos)

    .em leio5 ao g>s5 at, me arderem os olhos5 o livro de es>rio) At, me arderem os olhos5leio/o5 ainda verde5 na livide6 =urguesa e olheirenta dos pundonores realistas) $Por To:ode Deus ;esse +l3rico imortal-_;5 n:o corem_5 4ue suas cocotteS +vaidosas-5 suas+l*=ricas- e +1r3gidas- s:o +>ridas Messalinas-0+vis a1rontas- ao +sacr>rio-5 4ue , seu cora7:o5 reservado apenas ao Amor e 8 Mulher /

    prob pudor!; ideais)(&ampouco leio5 noite 1echada5 at, me arderem os olhos5 o livro de es>rio5 At, mearderem os olhos5 leio/o5 ainda verde5 no gume dos olhos de Al=erto aeiro0 gr:o de

    .ature6a 1olheada pelo avesso da Arc>dia)Menos ainda leio5 a horas mortas5 at, me arderem os olhos5 o livro de es>rio) At, mearderem os olhos5 leio/o5 ainda verde5 no v>rio Fernando Antrio)At, me arderem os olhos5 descu=ro/o5 ainda verde5 em To:o a=ral0 na engenhariaversi1icatria a compasso e es4uadro5 na educa7:o pela pedra via calceteiros5 nos

    antiversos de sua antilira $para alguns prosaicos e =anais()De1initivamente5 n:o leio5 hora nenhuma5 at, me arderem os olhos5 o livro de es>rio)At, me arderem os olhos5 colho/o5 ainda verde5 no desastre do andaime pingente da+onstru7:o- de hico uar4ue e nos =ias/1rias 4ue o ampo maltrapilho ;a

    .ordeste de nossas =ermudas e pi4ueni4ues domingueiros; escalavra)E assim 4ue leio es>rio0 at, me arderem os olhos no lume 4ue lavrou por outrasescrituras)$E assim5 es>rio5 4ue te 4uero0 verde ;na cor do 4ue5 colhido 1ora de seu tempo5 sa=ea pr,/maturo)(

    ontrariedades5 II)

    A cr3tica5 segundo o m,todo de &aine5ignoram/na) &ratam minha poesia

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    como produto de uma vis:o doentia5t:o s merecedora de um desd,m solene)Apuro/me em lan7ar originais e exatosmeus alexandrinos a es4uadro e compasso)L?em/nos com =ilioso estardalha7o

    toupeiras com ares de 1inos literatos)Literariamente es>rio n:o existeneste !itocentos ainda olheirento)Pinto/lhes o 4uotidiano peganhento5tomam/me a poesia por nevrtica e triste)&anta deprava7:o nos usos5 nos costumes5verse@o o erotismo sadomaso4uista4ue ro@ou no ch:o o Amor0 idealistaminha 1aca s lmina5 de duplo gume)

    A .ature6a5 velha Musa 4ue inspira5

    pinto/a sem =ucolismos5 rouxinis5 luar0a4uarela rude5 de renovado ar5tinta no suor da 1aina 4ue ali transpira)

    .:o estou no Parnaso 4ue5 ontemporneo5sa*da talentos do tempo em 4ue me vi)Por certo tomam por verde o 4ue escrevi54uando5 ces>reo5 sou parto do extemporneo)Passou/me a clera) Fica a melancolia)%uem sa=e ler:o impresso noutros volumes

    ; o de poetas 4ue meus versos d:o a lume ;o lirismo in,dito de minha poesiasarni" savo.

    p es>rio 'erde

    ! "essentimento dum !cidental.ature6a de lavrador/comerciante5traiu/me5 contudo5 o ra4u3tico 13sico)Morri como poeta romntico0 t3sico54uem respirou o ampo ; de vida estuante)sami" savo.

    p es>rio 'erde

    A.&Z.I! .!"$WWY / JWK[RR(!.&! D FAD!Di6 o onto 4ue nasceu num +reino dO!iro e amores5 8 =eira/mar-) +.eto de

    .avegadores5 #eris5 Lo=os/dO>gua5 Senhores da `ndia5 dOA4u,m e dOAl,m Mar-) como nascera pela lua nova5 logo tr?s moiras mag$r(as vieram di6er/lhe seu 1ado0 +Ser>s

    poeta e desgra7ado_-Acreditou piamente no vat$e(c3nio) m Paris $menino e mo7o viu/se levado da casa deseus pais para longes terras)))( desenterra do 'al do Passado suas memrias de in1ncia ed> a lume um livro s) $autela5 gentil leitora5 n:o lhe 1a7a mal a =rochura5 +4ue , o

    livro mais triste 4ue h> em Portugal_-(

  • 7/24/2019 Palimpsestos Uma Histria Intertextual Da Literatura Portuguesa

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    Se Freud ;com uns trinta e seis anos 8 altura da pu=lica7:o de S; o tivesse lido5diagnosticaria os males de Anto) Diria tratar/se Antnio .o=re de um caso merecedor dediv: psicanal3tico0 uma v3tima da a=la$cta(7:o5 a so1rer de pro1unda 1ixa7:o materna)xpulso de um &empo e Lugar paradis3acos $o mariano *tero de uma m:e de poeta0virgem antes e depois do parto_( sentia/se um 'erg3lio degredado na osta dOX1rica da

    vida5 a compor5 com +instantes de amBes-5 carmes no ex3lio) %uando5 verdade se@adita5 n:o passava de um t3sico dOAlma5 a chorar5 tadinho_5 saudades da aurora de suavida) "eedi7:o de asimiro de A=reu9 S 4ue encadernado em medievalite)sami" savo.

    Males de Anto5 III!ra isto5 Senhores5 deu/se ali no Douro

    ; no Porto5 cidade invicta e sem desdouro)Assinalado por um signo mo1inoem =er7o de prata nascia um menino)

    Sua m:e ; linda 1idalga de olhos castanhoso Pai5 um Portugu?s dos tempos dOantanho_$Guiadas por lume de =rilho sagrado5tr?s moiras vieram di6er/lhe o seu 1ado5mal a=ria a crian7a seus olhos doces0+Ser>s um Poeta_) mas antes n:o 1osses)-!r>culo si=ilino5 enigm>tico54uem5 ao ouvi/lo5 n:o 4uedaria cism>tico9(rescendo s:o6inho e per1eito5 Anto1eli6 4ue vivia sem conhecer o pranto)Por,m o 1ado mo1ino5 a persegui/lo5n:o havia de deix>/lo viver tran42ilo)! mo7o5 menino ainda5 1oi levado pra longes terras0 em Paris exilado5desenterrava memrias da In1ncia5seu para3so perdido na Distncia)Mas reservado estava um triste destino

    para esse mo7o 1ixado em ser menino)A vida 4ue at, ent:o lhe sorriramudava de 1ei7:o como se previra)

    .asciam os males de Anto5 males do peito5males de poeta 4ue se cr? eleito5

    A t3sica dOalma comeu/lhe os pulmBes0tremores5 1e=res5 cala1rios5 convulsBes_$Guiadas por lume de =rilho sagrado5tr?s moiras vieram di6er/lhe o seu 1ado5mal a=ria a crian7a seus olhos doces0+Ser>s um Poeta_))) mas antes n:o 1osses)-!r>culo si=ilino5 enigm>tico5 noiteagora ao ouvi/lo 4uem 1ica cism>tico9(T> nada compunha5 ai5 Deus_5 4ue tormentohegava a crer 4ue at, perdera o talento_ era tanto o 4ue sentia5 do Zdio ao &,dio5

    mol,stias dOAlma5 males @> sem rem,dio

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    II+A tomar ares na aldeia5 4ue me resta5 4uando sinto a Morte aproximar/se lesta9Deixar/me ir em sonhada galera 8 `ndia da Ilus:o5 ao rasil da %uimera9Arder em 1e=re de !iro5 calcar a nsia5o sonho5 as saudades de minha in1ncia9

    Ao struggle 1or l1e do velho Darin4ue venha logo corrrendo a morte dar 1im)%ue nunca me houvesses dado 8 lu65 Senhora5ah5 1ora melhor n:o ter nascido5 1ora5do 4ue andar como eu ando5 degredado5expulso 4ue 1lii do teu ventre sagrado_

    .unca devera do ventre ter sa3do51icar ali encolhidinho5 escondido5imerso na4uela =iand3cia sem pardo Eden perdido5 meu perdido Lar)Antes :o ter crescido5 ser iante5

    a crescer na aurora da imnha vida)es4uecido de 4ue a vida , =reve instante5%ue 1i4uem meus versos como despedida5encadernada a alma num livro s4ue h>/de 1a6er Portugal chorar de d_-

    III$Guiadas por lume de =rilho sagrado5tr?s moiras vieram di6er/lhe o seu 1ado5mal a=ria a crian7a seus olhos doces0+Ser>s um poeta_))) mas antes n:o 1osses)-!r>culo si=ilino5 enigm>tico9

    .ingu,m a ouvi/lo @> 1ica cism>tico)(sami" savo.

    p Antnio .o=re

    AMIL! PSSA.#A $Y[WY / tlK[H(IMAG.S %U PASSAIS))E o choro de uma viola chinesa 4ue5 vi*va5 nasal e minuciosa5 Solu7a ao 1undo por4uem costeou a 'ida em p,riplos de outras viagens)Insepulto em Macau era como vivia5 mais 4ue nunca o cad>ver adiado em pessoa5 olhos

    esga6eados no =ranco do pio))) ranco deserto imenso5 nirvana de doce esvaimento so=tr?mulos ala=$astros( ))0 1ulgura7Bes sonoras de cores plangentes ;4ue ru3nas5 $ou7am(_; sua poesia em visBes delidas e por ler))))))como os ca=elos dela ))) 1lutuando 8 tona hialina de soidBes lacustres5 ca=elos de!1,lia de rastros arrependidos5 4ue Madalena su=mersa em p,lagos a=*licos5 , sua almade l3rio polu3do))5 esvelta a surgir das m>goas 1luas5 '?nus desgrenhada em #idra)))

    ))) imagens 4ue passais pela retinaneste tropel de sonoras vesnias

    ; a=ortos cor de cidra5 putrescina5ru=ros de hemoptises su=itneas5

    clarBes so= p>lpe=ras de c,u poente /1ixai/vos por um minuto5 4ue o 1uturo5

  • 7/24/2019 Palimpsestos Uma Histria Intertextual Da Literatura Portuguesa

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    na4uela alma lnguida e doente5@> viveu seu =ito prematuroDetende/vos5 pois5 na vis:o deste rio4ue 1oi sua alma a 1luir5 contra1eitana clepsdra do verso 4ue a Dor assanha)

    ristali6ai/vos na l>pide 4ue viu5p,trea por 1im5 a4uela alma li4ue1eita0vida natimorta amilo Pessanha)sami" savo.

    Inscri7:o5 IIhorai5 violoncelos5 estas arcadas5convulsionadas5 de uma alma intermitente_ordiais chorai as 1i=ras alheadasde meu ser crepuscular ))) a !riente_ 1icai5 ca=elos dela5 !1,lia ou #idra5

    8 tona dessas l>grimas compassadas54ue5 1io a 1io5 em 1lente rio trans1ormadas5

    pontuais vertem morte na epsdra)sami" savo. p amilo Pessanha

    Poema Final5 IIu 4uis desli6ar sem ru3do no ch:o5sumir/me rasteiro tal 4ual 1a6 um verme0l>pide de alma 4ue5 lnguida e inerme5reencontra seu corpo vil num caix:o)Fi4uei5 contudo5 no areal expostoda inclem?ncia de >ridas retinascu@as l>grimas5 estan4ues5 s:o salinasem 4ue @a6 meu po=re verso decomposto)sami" savo. p amilo Pessanha

    A.&Z.I! PA&"`I!$YKWYW / JQ[KR(PALQV"AS5 SUS5 PALAv"AS)))A Arte 1oi toda a sua 4uimera de m:os postas ;em adora7:o 8 'ida) 'ivida nas

    palavras5 pelas palavras) +fords)))-5 Su6anne5 +fords)))-5 o legado 4ue nos deixou) A

    acalentar um ideal 4uim,rico de resgate do humano) Poeticamente 1igurado na ri4ue6aexistencial da mendicncia do 'eiga).unca viste ou encontraste o 'eiga5 n:o , mesmo5 Su6e9 &am=,m 4uem haveria deencontrar nas ruas tri=ut>rias de nosso cotidiano esse clonesco vaga=undo dechaplinianos chap,u/coco e =utes rotos_ %ue se despo@ou do o13cio di>rio de relesescriv:o cartorial do Sistema $4ue todos somos(5 para tornar/ se sacerdote de P:0 viver a'ida5 amando/a de corpo todo5 com os sentidos insones5 rim=audianamente desregrados5a trautear as sin1onias $para ns inaud3veis( do Sil?ncio e da .,voa5 a coroar/se de rosasvolucres com gestos lit*rgicos e outonais)ompridas as horas =urocr>ticas da vida $as horas nossas dePersona@unguiana(5 das4uais Antnio Patr3cio se li=ertava5 entregando/se 8 aventura noturna da Som=ra ;o

    ser:o in4uieto de sua Arte0 conce=ida como re1*gio dos 4ue n:o podem viver

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    integralmente) como vingan7a contra o Sistema castrador) sse mesmo 4ue n:oentende tua alma apol3nea de cocotteete condena5 Su6e)Insurretamente niet6cheana a apologia de Patr3cio 8 'ida) &ecida com o sud>rio deristo5 a civili6a7:o , uma camisa/de/1or7a 8 sagrada loucura de viver) umpria rasg>/la) om o crime) !u com a Arte)

    "asgou/a com a Arte) Foi seu crime contra a 'ida)%uando a Morte veio visit>/lo5 em Macau5 rec,m/nomeado Ministro Plenipotenci>rio nahina5 uma >guia5 amestrada como um ser humano5 castrada como um ser social5 de suacivili6ada gaiola5 ouviu/o =al=uciar ao travesseiro nosso segredo ancestral0 Deixe/meestar ainda um =ocadinho) s4uecia/me por completo de viver))5 8 procura de umsentido para a exist?ncia)-ra o remorso crist:o de 4uem o1iciava P: com pensamentos e palavras da o=ra apenas)Assim tam=,m 1alava Varatustra)))$Qu est-ce qui tattriste Sa mort "ais# tu sais# $a c est un d%tail) en>rios5 Su6e5cen>rios de derradeiro ato) Prs raros apenas) Por exemplo9 %uem chegue a ouvir !Ave@:o de "aul rand:o como r,plica a prolongar o ep3logo desse meu di>logo com um

    >guia)))(sami" savo.

    ! 4ue , viver9 $II(A Morte ; amei/a como Pedro a In?s5como D) To:o))) a 1rui/Ia mulher)Possesso de eterno5 tive/a toda a ve64ue me dava 8 'ida como P: re4uer)! sentido da Morte 1oi meu instintode viver 1eito sagrada consci?ncia

    ; meu 1io de Ariadne no la=irinto4ue nos perde0 a civili6ada exist?ncia)Sem a morte ; sensa7:o de asa partidaem nosso vguia so=re o precip3cio ;4ue sentido outro h>/de ter a 'ida9Sen:o o de t?/la pOra sempre perdido5macerando a arne em @e@um e c@l3cio5sem sa=er ao 1ruto do sa=or proi=ido)sami" savo.

    p Antnio Patr3cio

    MX"I! D SX/A".I"!$[W[R / JHQ[(! SFI.G G!"DAmigrado astral5 estrela ,=ria 4ue perdeu os c,us5 vaga=undo dum sonho de sereia5 almanost>lgica de Al,m ))Senhor 1eudal das &orres de mar1im5 tirano medieval de !iros distantes5 chaveiro das&orres polu3das)))Perdul>rio do Instante5 milord a viver de imagens5 Pierrot a ca=riolar Distncia5 Dodgede 'ene6as escondidasLa=irinto5 licorne e acanto5 4uase o princ3pio e o 1im5 4uase a expans:o)))Assim se auto/retratou M>rio de S>/arneiro0 ind3cios de ouro de sua dispers:o) Mas

    nele vivia a4ueloutro0 o "ei/lua posti7o5 o sem nervos nem nsia5 o papa/7orda5 o =alo1o

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    arrotando Imp,rio astral5 o mago sem cond:o5 o 1alhan7o a n:o poder ser u e toda agente e toda a parte5 o "ei de toda esta incoer?ncia)))s1inge Gorda 4ue5 sem conseguir deci1rar/se5 autodevorouse5 tomando cinco 1rascos deestr@cnina) .o #otel .ice5 em Paris) !nde tudo 1ica =em5 tem certo estilo)))

    .ada a 1a6er5 minha rica) ! menino dorme) &udo o mais aca=ou)

    sami" savo.

    Dispers:o5 II!nde existo 4ue n:o existo em mim9m 4ue pntano ou @ardim estagnado

    pBe/se a 1lorir 4uem5 deposto de mim5deixou/me5 ,=rio de Al,m5 exilado9Sinto 4ue de mim me sou 1eito alheio5memria 4ue s me lem=ra es4uecer)Se me =usco , com saudade e receiodo 4ue 1ui um dia sem me conhecer)

    $Devoro minha alma por deci1rar0s1inge gorda sem Edipo 8 m:o5sou um papa/a7orda a me voltear5"ei a tilintar gui6os de tru:o9(Se me vagueio5 encontro s ind3ciosde !iro disperso no 4ue nunca 1ui5Ascender ao Al,m , precip3cio5v

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    $KWWW / JKR[K(.o outro venho a sentira4uilo 4ue eu n:o sinto)is/me assim a possuirminha alma noutro recinto)

    ela di t:o sincera54ue me late@a a pupila5como se a mim sou=erao pranto de outra argila)

    .esta gota solid>ria, uma vida vic>riaa 4ue me vive ent:o0

    pingando de alheios c3lios5encontras teu domicilio5insepulto cora7:o)sami" savo.

    p Fernando Pessoa5ae

    I.&"LbDI! DA FI]!5 Para Fernando Pessoa5ae criar era preciso5 viver @> n:o o era) &rans1ormando a literaturan:o apenas em atividade vital5 mas tam=,m em sucedneo da exist?ncia5 a ela seentregou de corpo e alma0 dedicou/se 8 arte pela arte5 4uase em tempo integral5descontadas as horas prosaicas do o13cio de correspondente comercial numa casa desecos e molhados)ncastelado no espa7o da palavra po,tica $sua torre de mar1im(5 Fernando Pessoa5aerecusava/se a ro7ar de leve 4ue 1osse5 seu inde1ect3vel so=retudo na epiderme ilusria erepulsiva da chamada realidade emp3rica)&enhamos a coragem de reconhecer o motivo $com perd:o da m> palavra(neoparnasiano da o=ra pessoana5 pois5 tam=,m =eneditino5 escreveu +longe do est,riltur=ilh:o da rua-) %uem dese@ar mais provas do 4ue esta evid?ncia re4uer5 atente para aess?ncia 1ormalista 4ue preside 8 cria7:o de seus heter

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    sami" savo.p Fernando Pessoa

    I.&"LbDI! DA FI]!5 II+om uma tal 1alta de literatura5 como h> ho@e5 4ue pode um homem de g?nio 1a6er

    sen:o converter/se5 ele s5 em uma literatura9- $!=ras em Prosa5 p) WK()Pois 1oi o 4ue 1e6 Fernando Pessoa5ae criando seus heterssica Al=erto aeiro , areela=ora7:o po,tica de uma teoria neo/>rcade5 denunciando5 inclusive5 o 1ingimento

    pastoril de 4ue se nutria o movimento setecentista Fernando Pessoa5 poeta 1inissecularnas entranhas5 vincuIa/se estreitamente ao Sim=olismo5 dedilhando a musicalidade5 ovago5 o et,reo5 o misterioso Xlvaro de ampos reali6a a Po,tica da antipoesia t:o caraaos modernistas5 chegando a 1iliar/se5 passageira e ao Futurismo

    AI"!5 ! GUA"DA/D!" D "A.#!SI)u nunca 1ui guardador de re=anhos5mas 1i6 de minha pena ca@adoe com a imagina7:o a arder igual o Soltangi meus pensamentos como se 1ossem gado) sentado 8 soleira da .ature6avia/me pelos olhos do re=anho4ue me criava)A andar espalhado por toda a encosta5no ru3do dos chocalhossoava minha alegria5 a tilintar cimos de outeiro5e 8 =oca de seu lento ruminarminhas id,ias , 4ue pasciam5antes de recolherem/se5 crepusculares5ao sentido 4ue lhes ca=ia como redil)sami" savo. p Al=erto aeiroII)

    .:o estava na minha nature6aser o Argonauta das sensa7Bes verdadeiras

    nem o Desco=ridor da .ature6a4ue 1lorescia para al,m dos meus sentidosca=is=aixos de mentar)Seu int,rprete sim5 isso 1ui54ue a .ature6a precisava de mim para contar/se) contei/a+monte- por monte5+vale- por vale5+>rvore- por >rvore5+1lor- por 1lor5+erva- por erva5

    tradutor 1iel5 palavra por palavra5da mude6 de ine1>vel realidade)

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    sami" savo.p Al=erto aeiroIII)%uando algu,m doente dos olhosme acusa de 1ingidor5

    de 4ue minto tudo o 4ue sinto5me con1unde com outra pessoae n:o entende 4ue5 se colhi neste livro a .ature6a5cingindo/a num grande 1eixe de versos5 =rancoscomo p>gina por criar5, por4ue cada 1olha deste volume, >rvore5descascada em sua constitui7:o e sentido mais 3ntimosmas >rvore5a cumprir/se em papelde poeta)

    sami" savo.p Al=erto aeiro

    I.&"LbDI! DA FI]!5 IIIArtes:o consciente5 Fernando Pessoa5ae tam=,m serviu 8 Forma) "adicou seu +dramaem gente- no 1ormalismo5 sa=endo5 contudo5 1ugir 8 mude6 e esterilidade parnasianas5

    pois o 1ormalismo 4ue @oeira a ess?ncia de estilos epocais n:o se exaure em si mesmo5intransitivamente) De um lado5 pticas5 como o estoicismo e o epicurismo $"eis( incapa6 derecapturar a transcend?ncia de uma "ealidade superior de 4ue descendeu $Pessoa(incapa6 de encontrar algum sentido no va6io e na =analidade da exist?ncia $ampos( ;s resta a este 1alhan7o 8 S:/arneiro a certe6a de 4ue ci?ncias5 meta13sicas5 religiBes5doutrinas 1ilos1icas n:o explicam nem resolvem o grande mist,rio do Ser e doUniverso)

    &eis# s'dito ao (ado

    .o rasil5 desterrado da p>tria anti423ssimade minha cren7a5 resta/me s o consolode pensar nos deusesa 4ue picuro5 sereno5e o grave Ven:o se erguem5 m>rmoreosSo= um outro sol 4ue n:o este tropical5o 4ue alumiava o Part,non e a Acrpole5a4ue7o/me ; tr?mulos de cogitar na ol3mpicadistncia 4ue entrona a FelicidadeVen:o me 1ala5 L3dia5 e tam=,m picuro5

    4ue nada 4ueiramos5 se nos 4ueremos livres5e 4ue5 por =astante5

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    somente o nada ao 1im so=e@ecomo 1ardo na 1atal travessia)Ven:o ensina5 L3dia5 4ue nada devemosao Fado e 4ue s a dor5 se n:o aceit>/lo5nos h> de ca=er)

    ai=a/nos5 pois5 ser como cntarosentornados5 va6ios de toda sede) picuro5 L3dia5 com vo6 cariciosaensina 4ue a vida , rio5 rosa cu@a 1o6, este crep*sculo4ue nos v? a entardecersentados a4ui 8 =eira do tempo)'erdade5 L3dia5 4ue pod3amos amar/nos5,=rios de rosas e per1umados de vinho5trns1ugas da mortena simulada eternidade

    da memria 4ue so=reviveria)Para 4ue5 L3dia5 1erirmo/nos com a lem=ran7ade 4uem dar/se primeiro a aronte como =ulo9Sem desassossegos1itemos o curso das coisas4ue5 v:s5 v:o tam=,m desaguar no Fado)$Simplesmente lem=remo/nos um do outroassim ; 4uedos 8 =eira/mundo5

    pag:os tristes da decad?ncia5e com essas rosas volucresdos @ardins de Ad

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    Campos em Pessoa# ae.unca 1ui triun1al como uma ode 8 falt fhitman; o aptam_ m aptain_ ;5nem triun1ante como o steves da &a=acaria4ue5 sem 1umos de meta13sica na algi=eira5

    1oi casado5 1*til5 cotidiano5 tri=ut>vel5como costuma ser toda pessoa 4ue n:o , Pessoa).unca 1ui atlntico como os p,ripl!s 4ue5 super/amBes5 sonheie n:o empreendiancorado na Lis=on revisited pelos olhos de es>rio

    ; ! aptain_ m apitan_ !ur 1ear1ul trip is done_.unca comi uma do=rada 8 moda do Portocomo 4uem come chocolates com a alma crian7ae desem=rulhada de 4uantos invlucrosaeiro5 meu mestre de todos5 sonhava desvesti/la)u5 engenheiro naval $por Glasgo(5 o civili6ado

    $mas menos 4ue o mon>r4uico "eis5 s*dito de sgina5 estreita demais para o vasto mundo contido na ang*stia de umcora7:o derramadoeu5+4ue 1alhei em tudo-54ue 1ui sempre +o 4ue n:o nasceu para isso-54ue 1ui sempre +s o 4ue tinha 4ualidades-5eu5 o aptain_ m aptain_5 s 1ui a realidade de tudo issosem 1a6er ou sernada disso)Fui o sonho de uma dispers:o enclausurada numa mansarda5sempre 8 @anela de tudo 4uanto via e passeava por dentro5

    um S>/arneiro5 o aptain_5 m aptain_54ue simplesmente sou=e seru/prprio o !utro4ue nunca 1ui)sami" savo.

    p Alvaro de ampos

    I.&"LbDI! DA FI]!5 'A modernidade de Fernando Pessoa5ae decorre5 assim5 n:o de uma radical ruptura datradi7:o5 mas de seu reaproveitamento5 pois cria a partir do esplio liter>rio posto 8 suadisposi7:o) Ali>s5 outro n:o poderia ser o procedimento de 4uem5 dese@ando +ser um

    criador de mitos-5 tinha consci?ncia de 4ue sua o=ra representa +n:o um processo novoem literatura5 mas uma maneira nova de empregar um processo @> antigo-) Sendo

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    +um pro1issional5 no sentido superior 4ue o termo tem-5 Pessoa5ae radica a cria7:o desua o=ra po,tica ort=rica o supl3cio Do mestre) 5 natural5 o e1eito agrade5 Sem lem=rar osandaimes do edi13cio- $!lavo ilac()Dis1ar7ada na 1orma o emprego do es1or7o de 4uem5 8 ilac e 8 "eis5 +torce5 aprimora5alteia5 lima A 1rase-5 aeiro est> exercitando ;e implicitamente ensinando; a pedra/de/to4ue do procedimento poem>tico parnasiano0 a simplicidade e a espontaneidadecomo produto 1inal do es1or7o e tra=alho artesanal do texto)Ao 1im e ao ca=o5 um neocl>ssico em Pessoa5ae)

    ALMADA/.G"I"!S$YQW[K / JQ[YR(&"AGEDIA $D(UMA $U(.IDAD+)))tapo os ouvidos e se no 1im do espet>culo 1ico a sa=ercontar a histria5 =ate certo-)$Almada/.egreiros(

    en>rio0A4ui Glgotade 4uem n:o escala o >ucasode teu alpinismo almado em ser$; 4uem nos prometeuo cume de sermosduais5 mas in/div3duos9(

    Argumento0.:o/ac7:o5 8 s4uilo5teatro pOra olhos de ouvir$eou vir a ver(0

    uma >guia ma@e$x(t>ticaa devorar nosso 13gado$; =iliosa cena de dio

    pour %pater le bourgeois)

    Acto *nico0Antes de come7ar5cai r>pido o pano

    para sempre)$ parte)

    .a sala5 8 espera5

    o p*=lico encenanomes de guerra0

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    Arle4uins e Pierr

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    car=ono de outros originais0 di>logo intertextual $cr3tico/criativo5 assegura savo.(5 de4ue Palimpsestos , exemplo aca=ado para outros por come7ar)Desde [Q vive mentalmente exilado em uenos Aires $4ue respira( e nas p>ginas 4ueescreve) !u reescreve) Pois de uns tempos para c> tem/se dedicado 8 tare1a de remend:odo coturno de v>rios autores)

    Sua reinven7:o de Proteu ;t3tulo5 ali>s5 de um livro seu5 premiado e a dormir com doisoutros no lim=o da gaveta; consiste em metamor1osear/se nos autores 4ue reescreve0s:o os +pap,is- de sami" savo. ;trilogia do avatar de um autor/ comediante 1ormado8 lu6 do paradoxo de Diderot0 melhor a$u(tor a4uele a 1ingir 4ue doa noutros o 4ue lhen:o doa a Sensi=ilidade $ou a .ature6a()

    p sami" savo.

    *liena$+oDuas pupilas me olhamdo 1undo do 4ue digos:o duas gotas 4ue a=rolham

    meus olhos5 seu postigo)nt:o estes olhos v?emno espelho do 4ue sintomeus outros olhos 4ue l?em51io a 1io5 o la=irinto) a dor 4ue em mim se a=ismaemerge com outro rostonestas rugas 4ue s:o minhas04uem se mira nestas linhas, meu cora7:o 4ue cismanoutros olhos sotopoSto)sami" savo. p sami" savo.

    ,ico-de-PenaSou 1eli6 ou in1eli69

    .:o o sei) &ampouco minto)! texto , 4uem sa=e e di64uem sou5 a4uilo 4ue sinto0, 'er=o 4ue me con@ugaem pessoa 4ue s conhe7o

    soletrando5 ruga a ruga5minha alma5 e seu avesso)Apesar de carne e osso5n:o sou eu 1ora do texto

    ; ou sou apenas es=o7ode 4uem me sei sotoposto0tosca o=ra dum =issexto5 auto/retrato sem rosto)sami" savo. p sarni" savo.

    guas Passadas.:o5 nunca tive salgueiros

    onde a lira pendurar5nem tampouco cativeiros

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    de Si:o por me encontrar)em outra a=el me ha=itaso=re tam=,m rios 4ue5 v:os5manam de m>goas avitas5desterrado o cora7:o)

    .:o importa 4ue chorosasse@am5 e m>goas emprestadas5a correr a4ui mansinho

    pois s:o dores t:o saudosas54ue suas >guas5 por passadas5inda movem este moinho)sami" savo. p sami" savo.

    MIGUL &!"GA $HRW[RY / JYR[[(

    .UMI.!SA P"S.A

    Presen7a tam=,m numinosa no r,gio cen>culo 4ue negou5 a1irmando/o5 a contragosto5na autenticidade e sinceridade insu=missas da o=ra a=ismada no U ;mai*sculo5 sim)!r1eu re=elde5 sempre regressava do c3rculo in1ernal de suas contradi7Bes com ur3dicenos =ra7os ;sua poesia) !utorgada $Teov>9 Apoio9( para encantar ur6es5 montanhas5

    =ichos $s os 1ugidos da arca parit>ria ;e presencista9; de .o,(5 ca=e7a a =oiar noest3gio da memria primavera5 essa nossa es4uecida)Di>rios5 sessenta e seis anos/lu65 no m3nimo5 a raiar o por tr>s da cria7:o diuturna domundo0 4ue princ3pio nos leva5 i=,ricos no sangue ou coloni6a7:o5 ao ca=o de tantastormentas9T tentado e testado pelo Deus da nega7:o5 desco=riu5 no apelo tel*rico da %ueda5 aatra7:o 4ue nos imanta5 mesmo ateus0 a lei da invertida gravidade) Sentia5 ora pois_5 avertigem di>ria de despenhar/se da &erra ao ,u de 4ue nume $nome9( 1osse)&orga en1im5 rai6 de lume car=oni6ado5 at, 8s cin6as ardeu suas penas de corvo 'icente)

    ;.e/er more; S se nunca mais ecoar5 minha rica5 ao 1im de cada estro1e relida)sami" savo.

    Pa0 na terra

    Pa6 de cal5 en1im5 na guerratravada contra o incr,u5

    torna o =arro ao ventre/terra; precito s?men de ,u9ana: do peregrino5entrevista ao 1im da vida5o tel*rico destino

    ; &erra Santa prometida9&resmalhado agnus Deide volta 8 comum herdade

    ; assim 4ue se cumpre a leida avessa gravidade9

    sami" savo.p Miguel &orga

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