Palestra antropologia visual

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Profª Mª. Andreia Regina Moura Mendes [email protected]

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Page 1: Palestra antropologia visual

Profª Mª. Andreia Regina Moura Mendes

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Possibilidade de parar o tempoGravação e reprodução das imagens do mundo

que nos cercaDocumento históricoArteProva irrefutável de uma verdade qualquerPossibilidade mágica de preservar algo valiosoUma linguagemMiniaturas da vidaIlusão de ótica

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“(...) a manifestação democrática de uma arte aristocrática”. Ernst Haas.

Contexto de aparecimento da fotografia: industrialização do século XIX.

Fotografia e cinema como formas industriais da imagem.

Os aspectos democratizantes da fotografia .Diferença entre a pintura e a fotografia:

engajamento e denúncia.“Eram imagens cruas, que pela simples existência

impunham alguma providência, imagens que clamavam contra um estado de coisas que não se podia mais fingir não ver”. KUBRUSLY (2001, p. 11).

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A fotografia coloca o homem na posição de espectador.

A imagem não está limitada pela barreira dos idiomas ou da alfabetização.

Reduz a realidade em apenas duas dimensões.Perfeita perspectiva numa superfície plana.Fidelidade absoluta das imagens da câmara

escura.Identidade de aparência com a realidade.A imagem identifica uma individualidade, alguém

que personifica as ideias.

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“A palavra é racional, dissertativa, prolixa. A imagem, emocional, sintética, direta. A palavra pode expor com clareza uma ideia, conceituar com precisão. A imagem é de natureza mais onírica (incluindo-se aí os pesadelos), mais ilógica e nebulosa. É insubstituível para transmitir, num relance, toda a emoção de um evento, mas falha ao tentar analisá-lo”.KUBRUSLY(2006, p. 76).

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“A melhor imagem, aquela que transmite com mais eficiência uma ideia, uma emoção ou o conteúdo de um tema, não é, necessariamente, a que contém o máximo de informação verbalizável”. KUBRUSLY (2006, p. 68).

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Período: Segunda metade do século XIX com a revolução industrial e a invenção da fotografia e do cinema.

Surgimento como auxiliar das pesquisas de campo, como também de registro e documentação de grupos étnicos e práticas culturais ameaçadas de desaparecimento pelo avanço da política neocolonial.

No princípio, garantia a objetividade do olhar do antropólogo diante de outros povos e costumes.

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“Com a fotografia, o valor de culto começa a recuar, em todas as frentes (...). Porém, quando o homem se retira da fotografia, o valor da exposição supera pela primeira vez o valor de culto. (...) Com Atget, as fotos se transformam em autos no processo da história. Nisso está sua significação política latente.” BENJAMIM (1996, p. 174).

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Ambos atuam num mesmo processo de observação científica.

O surgimento ocorre na mesma época, durante a expansão industrial e diante de uma atitude mais analítica perante os fatos científicos.

No século XIX o objeto de observação tanto do cinema e da antropologia era o “outro”, o tipo “exótico”, a realidade distante.

Ao longo do século XX ocorreram diversas reestruturações a partir das dinâmicas sócio-históricas que influenciaram o posicionamento da antropologia visual e do cinema diante dos modelos globais.

“As tendências visualizantes do discurso antropológico abririam também o caminho à representação cinematográfica das culturas”. RIBEIRO (2005).

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O cinema enquanto instrumental de observação científica e análise científica.

Preocupação com povos particularmente distantes e culturas singulares.

Representação cinematográfica das culturas, carregada de interpretações subjetivas.

Ambivalência: instrumento de exibição do outro e por outro lado, relação com a ciência e a cultura.

A globalização e a sociedade pós-moderna são concretizadas no cinema.

Inovações técnicas e ideológicas: Escola Soviética (1920)

Cinema Direto (1960)Crise dos modelos de representação (1980)

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Divisão das sociedades em observadas (fotografadas, estudadas, cinematografadas) e observadoras (fotografam, estudam, produzem filmes).

Com a reprodutibilidade técnica, a apreensão do outro seja a partir da fotografia ou do cinema, passa a servir, na maioria das vezes, aos interesses econômicos e políticos de determinados grupos.

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Os antropólogos culturalistas Margareth Mead e Gregory Bateson realizaram valiosos registros sobre o modo de vida balinês e documentaram diversos aspectos do cotidiano dos seus habitantes.

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“Em geral, Bateson está interessado também em todo o campo da ‘comunicação’ fantástica, não tanto no dos ‘problemas formais implícitos na existência simultânea de níveis múltiplos de mensagens, na apresentação ‘fantástica’ da realidade.” CANEVACCI (2001, p. 48)

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Bronislaw Malinowski é considerado o criador do método do trabalho de campo, seus registros visuais no Pacífico Sul enriquecem a sua etnologia.

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Franz Boas pesquisando entre os Inuit realizou documentários curtos com os nativos registrando suas danças e festas.

A fotografia foi outro recurso bastante utilizado em todas as temporadas de trabalho de campo feitas por Boas.

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Redefinição da Antropologia Visual para uma Antropologia da comunicação visual.

Segundo CANEVASSI (2001), “ (...) o visual leva a multiplicar as tramas da comunicação dentro de suas respectivas culturas”.

Os nativos negam-se o papel de simples objetos observados e participam ativamente da renovação da antropologia visual apresentando os seus próprios pontos de vista a partir de suas dinâmicas sociais.

A Antropologia Visual é usada como recurso de afirmação identitária e reconhecimento cultural pelos povos nativos.

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Terence Turner desenvolve pesquisas junto aos Caiapós (Kayapó) nas quais os recursos visuais são explorados pelos próprios nativos,dando outros significados para as suas práticas, diferentes dos sentidos dados pelo antropólogo.

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Os xavantes do Vale do Xingu desenvolvem projetos de produção visual e discutem seus pontos de vista a partir de uma visão que elaboram de si mesmos e das suas especificidades culturais. Acima imagem do documentário Etenhiritipá.

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A Antropologia Visual é um terreno fértil para as ações afirmativas e a prática do relativismo cultural.

O processo de emergências étnicas vem beneficiando-se das tecnologias visuais para apresentar seus projetos de reforço identitário.

Segundo CANEVASSI (2001), os nativos recusam serem vistos enquanto objetos museificados e catalogados, apontando mudanças na visão de si e dos outros.

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“Por tudo isso, a comunicação visual marca o tempo da mudança ideológica, de acordo com módulos perceptivos novos e vinculantes, cujos canais e mensagens conectam o indivíduo particular, o ambiente cultural e simbólico, os meios reproduzíveis numa estrutura comunicacional mental unitária e imanente. A cultura visual mais geral caracteriza-se ecologicamente por uma circularidade contínua entre o nível tecnológico e o nível aural.”CANEVACCI (2001, p.49).

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BENJAMIN, Walter. Obras escolhidas. Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1996.

CANEVACCI, Massimo. Antropologia da comunicação visual. Rio de Janeiro: DP & A, 2001.

GEERTZ, Clifford. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.

KUBRUSLY, Cláudio A. O que é fotografia. São Paulo: Brasiliense, 2006.

RIBEIRO, José da Silva. Antropologia visual, práticas antigas e novas perspectivas de investigação. In: Revista de Antropologia. São Paulo: USP, 2005. v. 48 nº2.

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