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14 CRETÁCEO (ALBIANO) Nesta idade ocorreram as sedimentações clás- ticas, atribuídas à Formação Itapecuru, nome apli- cado por Campbell (1949) para os arenitos verme- lhos a cinzas, com siltitos e folhelhos intercalados e que recobrem em concordância a Formação Codó. A denominação deriva dos registros de Lisboa (1914), de arenitos aflorantes no vale do rio Itape- curu. Na deposição, predominam influências conti- nentais contendo uma fauna bem característica, havendo ainda indicações de transgressões mari- nhas. Nos trabalhos realizados na região do rio Itapecu- ru, iniciados por Cândido Simões Ferreira, em 1967/68, e continuado por pesquisadores da UFRJ, a partir de 1990, visaram entre seus objetivos, o es- tudo de fósseis associados à seção-tipo da Forma- ção Itapecuru no sentido definido por Campbell (1949). A localidade é situada na margem direita do rio Itapecuru, sob a ponte de acesso à cidade de Ita- pecuru-Mirim. As rochas são siltitos e arenitos de granulação média a grossa, e níveis conglomeráti- cos. A divulgação dos resultados de pesquisas nesta área, e em níveis estratigráficos correlacionáveis, vem revelando organismos de ambiente continen- tal: vertebrados como quelônios, crocodilianos, di- nossauros, peixes; e invertebrados como moluscos e pequenos crustáceos. A Formação Itapecuru para a área geográfica de Itapecuru-Mirim, é uma unidade operacional de mapeamento reconhecida. Foi utilizada por Lima & Leite, (1978), Colares & Araujo (1990), Lovato et al. (1994), Souza et al. (1990), Rodrigues et al. (1994a) e Leites et al. (1994). 14.1 Histórico O primeiro registro sobre a Formação Itapecuru é de Lisboa (1914), que denominou de “Camadas Ita- pecuru” os arenitos aflorantes nos vales dos rios Ita- pecuru e Alpercatas, situados acima das camadas Pastos Bons (MA). Campbell (1949) aplicou o nome de Formação Itapecuru para os arenitos vermelhos a cinzas, com siltitos e folhelhos intercalados e que recobrem em concordância a Formação Codó. Este conceito foi adotado nos trabalhos de Mesner & Wooldridge (1964), Aguiar (1971), Miura & Bar- bosa (1972) e em mapeamentos de Lima & Leite (1978), Colares & Araujo (1990), Lovato et al. (1994), Souza et al. (1990), Rodrigues et al. (1994a) e Leites et al. (1994). Estudos específicos para paleoambien- tes foram realizados por Colares & Cavalcanti (1990), Gonçalves & Carvalho (1996) e Rosseti et al. (2001). As ocorrências fossilíferas indicam Albiano Médio para os sedimentos localizados em posição geográfica mais interior, na região de Itapecuru- Paleontologia das Bacias do Parnaíba, Grajaú e São Luís – 118 –

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CRETÁCEO (ALBIANO)

Nesta idade ocorreram as sedimentações clás-ticas, atribuídas à Formação Itapecuru, nome apli-cado por Campbell (1949) para os arenitos verme-lhos a cinzas, com siltitos e folhelhos intercalados eque recobrem em concordância a Formação Codó.A denominação deriva dos registros de Lisboa(1914), de arenitos aflorantes no vale do rio Itape-curu. Na deposição, predominam influências conti-nentais contendo uma fauna bem característica,havendo ainda indicações de transgressões mari-nhas.

Nos trabalhos realizados na região do rio Itapecu-ru, iniciados por Cândido Simões Ferreira, em1967/68, e continuado por pesquisadores da UFRJ,a partir de 1990, visaram entre seus objetivos, o es-tudo de fósseis associados à seção-tipo da Forma-ção Itapecuru no sentido definido por Campbell(1949). A localidade é situada na margem direita dorio Itapecuru, sob a ponte de acesso à cidade de Ita-pecuru-Mirim. As rochas são siltitos e arenitos degranulação média a grossa, e níveis conglomeráti-cos.

A divulgação dos resultados de pesquisas nestaárea, e em níveis estratigráficos correlacionáveis,vem revelando organismos de ambiente continen-tal: vertebrados como quelônios, crocodilianos, di-nossauros, peixes; e invertebrados como moluscose pequenos crustáceos.

A Formação Itapecuru para a área geográfica deItapecuru-Mirim, é uma unidade operacional demapeamento reconhecida. Foi utilizada por Lima &Leite, (1978), Colares & Araujo (1990), Lovato et al.(1994), Souza et al. (1990), Rodrigues et al. (1994a)e Leites et al. (1994).

14.1 Histórico

O primeiro registro sobre a Formação Itapecuru éde Lisboa (1914), que denominou de “Camadas Ita-pecuru” os arenitos aflorantes nos vales dos rios Ita-pecuru e Alpercatas, situados acima das camadasPastos Bons (MA). Campbell (1949) aplicou o nomede Formação Itapecuru para os arenitos vermelhosa cinzas, com siltitos e folhelhos intercalados e querecobrem em concordância a Formação Codó.Este conceito foi adotado nos trabalhos de Mesner& Wooldridge (1964), Aguiar (1971), Miura & Bar-bosa (1972) e em mapeamentos de Lima & Leite(1978), Colares & Araujo (1990), Lovato et al. (1994),Souza et al. (1990), Rodrigues et al. (1994a) e Leiteset al. (1994). Estudos específicos para paleoambien-tes foram realizados por Colares & Cavalcanti (1990),Gonçalves & Carvalho (1996) e Rosseti et al. (2001).

As ocorrências fossilíferas indicam Albiano Médiopara os sedimentos localizados em posiçãogeográfica mais interior, na região de Itapecuru-

Paleontologia das Bacias do Parnaíba, Grajaú e São Luís

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Mirim. As associações foram estudadas por Ferrei-ra & Cassab (1987), Carvalho & Campos (1988),Ferreira et al. (1991 e 1995b), Pedrão et al. (1993b),Vicalvi et al. (1993), Carvalho (1994a), Carvalho &Maisey (1999)

Rosseti et al. (2001) descreveram as unidadesdesta área, colocam estes sedimentos na UnidadeIndiferenciada, na base do Grupo Itapecuru, datan-do-os no Meso/Neoalbiano.

14.2 Área de Ocorrência

Os sedimentos do Albiano, da Formação Itape-curu possuem uma ampla distribuição geográfica,estendendo-se das regiões sul e central da Baciado Grajaú para o noroeste. A espessura é de 724mem subsuperfície (Góes & Feijó, 1994).

14.3 Geocronologia e Idade

A idade albiana, atribuída por Ferreira & Cassab(1987), foi confirmada por Pedrão et al. (1993a,1993c e 1994) com estudos de palinologia, dandoas idades Eoalbiano a Mesoalbiano. A datação deRosseti et al. (2001) é Meso/Neoalbiano.

14.4 Sedimentação

Os sedimentos ocorrem a sudoeste e noroeste eestão mapeados e descritos por Souza et al.(1990), Colares & Araujo (1990), Colares & Caval-canti (1990) e Gonçalves & Carvalho (1996). Sãocamadas de arenitos vermelhos, finos a médios,com estratificações cruzadas do tipo acanalada,de pequeno porte e tabular planar. Intercalaçõesde conglomerados constituídos por seixos dequartzo imbricados, arenitos e matriz arenosa, indi-cam um fluxo unidirecional. Foram interpretadoscomo pertencentes a um sistema fluvial entrelaça-do (braided). Para a área centro-oeste, os depósi-tos gradam lateralmente para arenitos finos com lo-bos sigmoidais superpostos (Figura 14.1). Estãoseparados por níveis de pelitos, e associados a ar-gilitos vermelhos com laminação plano-paralela.Indicam a entrada de uma frente deltaica em umsistema lacustre ou lagunar.

Na região do município de Itapecuru-Mirim, ondehá a ocorrência de fósseis, Lovato et al. (1995) des-creveram como litologia mais freqüente as cama-das de siltitos e argilitos com laminação pla-no-paralela e geometria tabular (Figura14.2). Po-dem apresentar intercalações de siltitos e arenitosmuito finos e argilitos, com geometria sigmoidal

amalgamada. Seriam os lobos deltaicos entrandoem lagos rasos de águas calmas.

Nas áreas situadas ao sul da cidade de Itapecu-ru, Rodrigues et al (1994a), Leites et al (1994), e Lo-vato et al. (1994) descreveram em pelitos, estrutu-ras sedimentares linsen e wavy, indicativas de de-pósitos sob influências de maré. O sistema deposi-cional é compreendido por fácies lacustre e fácieslagunar em fisiografia de baía.

Ao sul de Itapecuru-Mirim, em Pirapemas, namargem do rio Peritoró, ocorre, um nível carbonáti-co com conchas marinhas, intercalado aos pelitoscom laminação pararela (Figura 14.3). Na localida-de de Chapadinha, a nordeste da área, ocorre ou-tro nível uma fauna tipicamente marinha e o gêneroParanomia, idêntico ao de ocorrência em Pirane-mas (Ferreira & Cassab, 1987).

Rosseti et al. (2001) definiram quatro associa-ções de fácies atribuídas aos ambientes deposicio-nais de shoreface superior, laguna/baía interdistri-butária, lobos de suspensão e canal distributário,incluidas na base da Unidade Indiferenciada deRossetti & Truckenbrodt (1999). As associações defósseis marinhos compostos por biválvios e gastró-podes e vertebrados como peixes, crocodilos equelônios foram colocadas em fácies de lagu-nas/baías interdistributárias.

14.5 Fósseis

14.5.1 Microfósseis

Em amostras da região do município de Itapecu-ru-Mirim, análises palinológicas foram estudadaspor Pedrão et al. (1993a, 1993c e 1994). Foi reco-nhecida a zona de Elateropollenites jardinei, doAlbiano Inferior/Médio. São freqüentes o gêneroClassopolis e a espécie Afropollis jardinus. Integra-dos com a abundância de palinomorfos dos gêne-ros Equisetosporites, Gnetaceaepollenites e Stee-vesipollenites de afiliação à ordem Ephedracea in-dicam uma flora tropical de clima quente e árido(Lima, 1978).

Na tabela estudada por Arai (2001), Elateropolle-nites jardinei é confirmado para o topo do intervaloAlbiano Médio. Rosseti et al. (2001) indicam idademeso/neoalbiana.

14.5.2 Fauna

Ocorrem duas faunas: continentais e marinhas.As faunas continentais aquáticas albianas ocorrem

Cretáceo(Albiano)

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em níveis fossilíferos, que podem ser acompanha-dos ao longo das margens do rio Itapecuru. Con-têm dentes e placas dentárias de peixes Picnodon-tídeos (D’Arrigo, 1993; Carvalho, 1997) (Figura14.4), ossos do peixe celacantídeo Mawsonia (Car-valho & Maisey, 1999), escamas de peixe semiono-tiforme e placa dentária de Asiatoceratodus (Dutra& Malabarba, 2001), biválvios de água doce Ano-donta e Castalia em associação com conchostrá-ceos (Ferreira et al., 1995b), ostracodes e carófitas(Vicalvi et al., 1996).

Pequenos dentes referidos a Candidodon itape-curuense foram descritos por Carvalho & Campos(1988), que Carvalho (1994a) situou entre os croco-

dilídeos Notosuchia (Figura 14.5). Nobre & Carva-lho (2002) descreveram o crânio desta espécie.

A carapaça da tartaruga Araripemys barretoi,que é descrita na Formação Santana (Membro Ro-mualdo) e no Niger e Marrocos (Norte da África) foiregistrada por Kischlat & Carvalho (2000).

Da fauna continental terrestre foram descritosfragmentos de ovos de dinossauros (Vicalvi et al.,1993), dentes de dinossauros carnívoros e ossadasde dinossauro (Ferreira et al., 1991) que ocorrem aolongo das barrancas do rio Itapecuru (Figura 14.6).O dinossauro foi descrito por Carvalho et al. (2003)no novo gênero e espécie Amazonsaurus mara-nhensis (Figuras 14.6 e 14.7).

Cretáceo(Albiano)

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0,8cm x 0,7cm

1 e 2 - Placa dentária de Picnodontídeo.Localidade: Jundiaí, margem direita do rio Itapecuru, Maranhão.

Coleção: DG-UFRJ 158-P (d) e 159-P (d).

Figura 14.4 – Peixe fóssil da Formação Itapecuru (Albiano), (segundo D’Arrigo, 1993).

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0,5cm x 0,6cm

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Dente pré-molariforme MN-4153-V4 superfície oclusal

5 face lingual6 face bucal

Dente molariforme MN-4154-V7 superfície oclusal

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Dente molariforme MN-4154-V9 face bucal

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Figura 14.5 – Crocodilo Fóssil da Formação Itapecuru (Albiano), (segundo Carvalho, 1994a).

Candidodon itapecuruense Carvalho & Campos, 1988.Localidade: Margem direita do rio Itapecuru, sob a ponte

de acesso à cidade de Itapecuru-Mirim, Maranhão.

A fauna marinha albiana foi descrita por Ferreira& Cassab (1987), que assinalam uma associaçãocomposta por Paranomia scabra, biválvios das fa-mílias Anomiidae, Corbulidae e Cardiidae, gastró-podos das famílias Turritellidae, Cerithiidae e Cor-bulidae e espinhos de equinóides. Foram coleta-dos em poços cavados manualmente para extra-ção de calcário, na região do baixo Parnaíba, nalocalidade de Chapadinha. Estão situados próxi-mos a pedreiras de calcário com peixes de Albiano(Umburana, na cidade de Brejo), e os autores os re-feriram à Formação Codó. No mesmo trabalho re-gistraram o biválvio Paranomia macedoi, coletadoem delgado nível intercalado aos sedimentos clás-ticos situados ao sul de Itapecuru-Mirim, na locali-dade de Pirapemas (Figura14.2). As duas ocorrên-cias de uma transgressão marinha podem repre-sentar um mesmo evento, ou dois eventos em dife-rentes intervalos de tempo no Albiano.

14.6 Paleogeografia

No Albiano, havia próximo à Santa Inês, peque-nas frentes deltaicas intercalavam-se com a sedi-

mentação lacustre, que atingia as áreas dos muni-cípios de Bacabal, Presidente Dutra e Barra doCorda. Havia interação de sistema fluvial e os lobosdeltaicos, com entradas de braço de mar, com de-pósitos litorâneos e de maré.

14.7 Eventos Biológicos

Os eventos biológicos para correlação estrati-gráfica, até agora definidos são de natureza conti-nental e marinha.

As faunas continentais aquáticas referidas aMawsonia fornecem correlação da evolução dasbacias a partir da depressão afro-brasileira do les-te, e expansão para bacias do interior. Esta correla-ção é definida no intervalo de tempo de Albiano,pela carapaça da tartaruga Araripemys barretoi, deconexão com a Bacia do Araripe (Formação Santa-na - Membro Romualdo) e com o no Norte da África(Niger e Marrocos).

As duas ocorrências albianas registradas porFerreira & Cassab (1987), com identificação do gê-nero Paranomia, e famílias de biválvios e gastrópo-dos são o primeiro registro de Cretáceo de fauna ti-

Cretáceo(Albiano)

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Figura 14.6 – Coleta de ossos (costelas) do dinossauro Amazonsaurus maranhensis da Formação Itapecuru(Albiano). Localidade: Mata, margem esquerda do rio Itapecuru, situada a 3km de Itapecuru-Mirim. Maranhão.

(Ferreira et al., 1991; Carvalho et al., 2003).

picamente marinha, na Margem Norte Equatorial. Écorrelacionável com a Margem Continental Leste,onde a ocorre na bacia Sergipe/Alagoas, faunas al-bianas (Formação Riachuelo) com semelhantescomposições de família, cuja origem é da fauna deTetis.

Como podem representar um mesmo evento, oudois eventos de inundação marinha em tempos di-ferentes do Albiano, trabalhos adicionais são ne-cessários para definir a relação estratigráfica.

14.8 Tafonomia

Nos vertebrados, representados por peixes pic-nodontídeos e celacantídeos, crocodilídeos, e di-nossauros houve a preservação de partes de maiordurabilidade, em geral os dentes e ossos. Em Ama-zonsaurus maranhensis, Carvalho et al. (2003)descreveram vértebras e parte da púbis.

Indicam exposição e transporte antes do enter-ramento final. Todos são do processo de ressedi-mentação.

Nos invertebrados marinhos, as Paranomia, sãoparte da epifauna e com frágil ligamento da charnei-ra, apresentam as conchas isoladas, sofreram ex-posição e transporte antes do enterramento. Sãoressedimentadas.

14.9 Paleoecologia/Antigos Ecossistemas

Na fisiografia do Albiano, o ambiente associadoàs faunas aquática era lacustre, com peixes, croco-dilos, tartarugas e moluscos. A fauna terrestre dedinossauros, mais independente percorria as áreasadjacentes com ambientes litorâneos transicionais.(Figura 14.7).

Os representantes atuais da família Anomiidae, àqual pertence a Paranomia, são das faunas bentô-nicas marinhas litorâneas.

14.10 Paleobiogeografia

Das faunas continentais aquáticas, Mawsonia éum registro importante de um gênero primitivo que

perdurou nas bacias cretáceas de interior do Cen-tro-Oeste, Nordeste e Meio-Norte, a partir de suaprimeira aparição na depressão afro-brasileira doLeste (Carvalho, 2002).

Após a fragmentação da Pangea, entre os verte-brados houve uma forte tendência de diferencia-ção da fauna do Hemisfério Sul. Estão incluídos oscrocodilos referidos a Candidodon, com afinidadescom gêneros da Bacia do Araripe, do Uruguai eÁfrica (Nobre & Carvalho, 2002), e a tartaruga Arari-pemys barretoi, descrita na Bacia do Araripe e Nor-te da África (Kischlat & Carvalho, 2000).

O dinossauro Amazonsaurus maranhensis des-crito por Carvalho et al. (2003), mostra afinidadescom outros representantes de diplodocoides basaisda América do Sul e África do Norte.

A pequena representação de fauna marinhacom o gênero Paranomia, e as famílias citadas porFerreira & Cassab (1987), são descendentes dafauna da Província de Tétis, do Hemisfério Norte.As primeiras ocorrências registradas em literaturasão de idade albiana, na Margem Continental Les-te, na Bacia Sergipe-Alagoas. Os dois registrosnas margens Leste e Equatorial indicam o início deum processo evolutivo no Hemisfério Sul, integra-do à origem da atual Província biogeográfica doCaribe.

14.11 Paleoclima

As associações palinológicas indicam clima tro-pical quente e árido (Pedrão et al., 1993a, 1993b,1994). A afinidade dos invertebrados marinhoscom a Província de Tétis é indicativa de clima tropi-cal.

14.12 Deriva

O processo de afastamento dos blocos sul-ame-ricano e africano deveria estar completado, comestabelecimento de circulação entre os ambientesmarinhos das margens Equatorial e Leste, com mi-gração das faunas de invertebrados a partir do He-misfério Norte.

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