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1 CIDADE, Outubro de 2008

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Notícias do interior do estado do Rio de Janeiro, Cabo Frio, Búzios,

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Outubro, 2008 Número 30

www.revistacidade.com.br

Capa: Colagem Alexandre da Silva

Parada a PerigoDivergências entre ONGs

prejudicam a Parada do Orgulho LGTB

Agora vaiClub Med Cabo Frio é lançado ofi cialmente no Rio de Janeiro

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Segura, peão! Novas descobertas de petróleo

aciram a discussão sobre os royalties24

O Novo Velho PortinhoBairro redescobre sua vocação para a boemia42

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Eleições 2008Agora é com eles! .................... 10

NutriçãoAlimentação Complementar ....15

Procura-se um tradutorPrefeitura de Cabo Frio e os velejadores da praia das Palmeiras não se entendem .......................18

Interditado outra vezIphan fecha exposição do Departamento de Arqueologia de Búzios ......................................19

Ângela Barroso ..................21

10 perguntasAndre Ilha responde .................22

Gente .....................................36

Geral .....................................37

Sustentabilidade, eis a questão .................................38

Livros .....................................47

Esperança na rodovia da mortePrivatização da BR 101 abre novas perpectivas de desenvolvimento para o interior do Estado do Rio

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ENTREVISTA N e l s o n G a r r o n e P a l m a V e l l o s o

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E quem é que vai proteger esta riqueza (petróleo) existente na Amazônia Azul? É a Marinha do Brasil

ecentemente esteve nas manchetes a descoberta de campos de petróleo que podem ultrapassar os 40 milhões de barris na costa do Brasil. Em tempos de descobertas destes mega campos a prote-ção desta riqueza, disputada mundialmente, se torna primordial. Mas como proteger um tesouro que fi ca a cerca de 150 milhas da nossa costa? Difícil de responder quando levamos em conta a falta de estrutura das Forças Armadas. O próprio comando da Marinha assume que a instituição está despreparada. Por conta disso, a luta por um aumento no orçamento destinado às Forças se

torna emergencial. Este desafi o e a expectativa de um futuro melhor para a segurança do país são o tema da entrevista com o comandante da Força Aeronaval de São Pedro da Aldeia, Contra-Almirante Nelson Garrone Palma Velloso. Ele fala ainda do papel da Força sediada em São Pedro da Aldeia na proteção das nossas reservas de petróleo. Rosa School

CONTRA-ALMIRANTE NELSON GARRONE PALMA VELLOSOComandante da Força Aeronaval de São Pedro da Aldeia/RJ

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N e l s o n G a r r o n e P a l m a V e l l o s oENTREVISTA

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O que é a Força Aeronaval?O Complexo Aeronaval de São Pedro

da Aldeia compreende onze Organizações Militares (OMs) incluindo o Comando da Força Aeronaval. Como Comandante da Força Aeronaval tenho dez OMs su-bordinadas: seis Esquadrões de Aviação, a Base Aérea Naval, o Depósito Naval, a Policlínica Naval e o Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval (CIAAN). Todas as OMs estão localizadas no perímetro da Base Aérea Naval de São Pedro (BAeNS-PA) que possui 20 km de extensão e uma área de 12.600 km². Na BAeNSPA temos principalmente o Departamento Industrial onde é realizada a manutenção de grande porte das nossas aeronaves, bem como o re-paro de equipamentos de aviônica. Temos o DIACTA (Departamento de Infraestru-tura Aeroportuária e Controle de Tráfego Aéreo) que é responsável pela pista de pouso e pelo controle do tráfego aéreo. Em breve a BAeNSPA será homologada para atuar integrada ao CINDACTA. Antes era uma torre de controle - “Torre Macega” - realizando apenas a aproximação e partida (APP) visual (convencional) do aeródro-mo. Agora já temos o radar de controle aéreo. E até o fi nal do ano, com a entrega da Estação Meteorológica Automática e a criação do Centro Meteorológico Militar, teremos cumprido todos os requisitos necessários para a tão almejada homologa-ção. Teremos a vigilância/vetoração radar, chamado de APP radar, no nosso caso o “Controle Aldeia”. Realizaremos serviços semelhantes aos Aeroportos Santos Du-mont e Galeão.

No nosso Depósito Naval são armaze-nados os principais sobressalentes utiliza-dos pelas nossas aeronaves. Um setor do Depósito é alfandegado para duas empre-sas estrangeiras: a Eurocopter e a Westland. A importação é realizada diretamente no Depósito. Na nossa Policlínica Naval tanto são atendidos os aeronavegantes quanto seus dependentes e os militares da reserva residentes na Região dos Lagos. Temos o CIAAN que é responsável pela formação técnica de todos os aeronavegantes da Marinha. Anualmente, cerca de 700 mili-tares de diversas especialidades ligadas a aviação são formados no CIAAN.

O aeroporto de Cabo Frio prejudica os vôos?Ao contrário. Quem faz a aproximação

dos vôos para lá somos nós, já por conta da nossa APP radar. No aeroporto Cabo Frio existe apenas uma rádio – “Rádio Cabo Frio” que autoriza os pousos e decolagens.

O controle da aeronave é feito por aqui. O que dá segurança para o aeroporto de Cabo Frio é a BAeNSPA fazer a aproximação. Colocamos as aeronaves na final para pouso e aí é passado o controle para Cabo Frio. A BAeNSPA está se modernizando neste sentido. A pista está sendo alargada e vai passar a operar com qualquer tipo de aeronave, inclusive do porte de Boeing e do Airbus do Presidente. A pista passará de 28m para 30m de largura. O aumento do orçamento da Marinha faz com que a nossa Força cresça. Por exemplo, na Vila Naval (adjacente a Base) estamos construindo um prédio residencial de 12 apartamentos para os Subofi ciais e Sargentos e até o fi nal do ano vamos iniciar a construção de mais dois.

Qual é importância da Marinha para a região?

Somos cerca de três mil militares da ativa e mais os nossos familiares. Temos ainda os militares da reserva que fi xaram residência na região. Hoje a área recebe grande impacto na economia graças aos militares que moram aqui. Para a economia local a nossa presença é de grande impor-tância. Qual outro segmento que tem tanta gente concentrada aqui? Para bem registrar esta nossa presença e identifi cação com a região, recentemente passamos a adotar o slogan: Região dos Lagos, a morada da Aviação Naval.

Faltam militares na Marinha?Na Marinha no momento faltam médi-

cos. Mas, já existem estudos para aumentar o efetivo e penso que isto vai ocorrer em breve. É por meio de decreto presidencial que se autoriza o aumento de contingente de cada Força. O processo já teve início. Recentemente, foram criados novos cargos

de Almirantes. Em breve teremos uma mulher Almirante. Já temos mulheres no posto de Capitão-de-Mar-e-Guerra.

O senhor acha que os militares deveriam ter melhores salários?

Creio que sim. Mesmo com o preparo, estudo e experiência que os militares pos-suem, vemos pessoas menos qualifi cadas de outros seguimentos dentro do Execu-tivo receberem melhores salários. Somos todos pertencentes e pagos pelo governo federal.

E com relação a novidades e investimentos?Bem, vamos substituir os helicópteros

do Esquadrão HS-1. A Marinha comprou quatro helicópteros americanos, tipo Se-aHawk, que vão substituir os nossos vete-ranos SH-3 (SeaKing). Por um momento o esquadrão deverá fi car operando com os dois modelos e mais tarde a tendência é substituir todos. São helicópteros novos, comprados nos EUA. Para este esquadrão que estava operando com aeronaves bas-tante antigas cria-se a motivação para os ofi ciais que se formarão no atual CAAVO (Curso de Aperfeiçoamento de Aviação para Ofi ciais) serem voluntários para servir neste esquadrão.

Quanto custará cada novo helicóptero?É comum a imprensa noticiar que uma

determinada compra de armamento equi-vale a um número “x” de casas populares ou de cestas básicas, para indicar que o referido gasto teria melhor emprego. Ar-mamentos sofi sticados são caros.

Mas não é bom mostrar que hoje em dia mais do que nunca é preciso equipar as Forças Armadas e, para isto, é preciso investir. Ou estou errada?

Está certíssima. O próprio Comandante da Marinha, em recente entrevista, ao men-cionar novamente a necessidade de reapare-lhamento da Marinha, e diante da descoberta de petróleo na camada pré-sal, nos campos de Tupi e Júpiter, na bacia de Santos, decidiu reivindicar da cúpula do governo o repasse da fatia dos royalties que cabe à Força Naval, acumulada em R$ 3,159 bilhões até 2007. O orçamento inicial da Marinha para este ano era de R$ 2,6 bilhões, considerado ideal para avançar no reaparelhamento da Força. Foi aprovado R$ 1,9 bilhão e liberado, até agora, R$ 1,5 bilhão.

O senhor acha que a Marinha está bem ou mal equipada?

A intenção é convencer o governo de que a Marinha precisa estar preparada para

O que dá segurança para o aeroporto de Cabo Frio é a BAeNSPA fazer a aproximação (dos aviões)

Recentemente passamos a adotar o slogan: Região dos Lagos, a morada da Aviação Naval

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fi scalizar os novos megacampos de petró-leo. O Comando da Marinha tem divulgado ofi cialmente que a Força está despreparada. Os dados apresentados indicam isto. Tem mais navios dando baixa do que sendo comprados. Desde modo o aprestamento dos meios fi ca bastante prejudicado. Tudo isso é evidente. Contudo, penso que a coi-sa está sendo revertida. Estávamos numa descendente, mas agora com o citado incremento no nosso orçamento, a partir de 2008, estamos avançando no reapare-lhamento. Na Aviação Naval já citamos a compra de helicópteros. Em breve vamos assinar um contrato com a EMBRAER para modernização dos aviões AF-1, projeto semelhante ao que a FAB realizou com a mesma empresa. O contrato é da ordem de cem milhões de dólares, para modernizar os seus F-5E. Nós vamos pelo mesmo caminho. A modernização será feita aqui mesmo na BAeNSPA, próximo ao esquadrão dos atuais Falcões.

Porque as pessoas criticam quando há investimento nas Forças Armadas?

Por puro desconhecimento da necessi-dade de um país possuir uma Força Armada bem equipada e adestrada. No caso da Ma-rinha, o problema é que a nossa atividade não aparece, ela não está na visibilidade da praia. Ela é realizada muito além do hori-zonte. Nas águas jurisdicionais brasileiras. Que atividades da Marinha aparecem na visibilidade da sociedade? A Capitania dos Portos, por exemplo. É importante? Sim, mas a nossa atividade principal não fi ca a vista da maioria das pessoas.

E no dia que o país precisar das Forças Armadas?

No dia que precisar, e não havendo os investimentos necessários, não vai ter. Porque isto não se compra pronta em pra-teleiras e não se adestra de uma hora para outra. Existe uma citação de Rui Barbosa que usamos para bem expressar isto: “Es-quadras não se improvisam”.

E esta questão da riqueza em petróleo aqui da região? Isto não precisa ser protegido?

Pois é, vamos voltar à questão do pe-tróleo. Quem é que vai tomar conta deste enorme patrimônio? E onde estão estes poços? Na própria bacia de Campos, a plataforma mais próxima está a cerca de noventa milhas náuticas da costa brasileira. Já os grandes campos de Tupi e Júpiter, na bacia de Santos, se localizam a mais de 150 milhas da costa. E quem é que vai proteger esta riqueza existente na Amazônia Azul?

É a Marinha do Brasil. Nós temos que pro-teger a nossa Amazônia Azul. Todos que conhecem a Amazônia Verde sabem que as riquezas lá existentes estão um pouco abandonadas. E quem está mais presente na região? Os estrangeiros, as ONGs... E as riquezas que estão no mar (petróleo, pesca, etc), na nossa Zona Econômica Exclusiva, onde o país tem total autoridade e prioridade? E a nossa Amazônia Azul. A sociedade nem sabe o que é Amazônia Azul. Mas como proteger estas riquezas se não tiver gente lá tomando conta para dissuadir qualquer iniciativa? Aqui bem próximo da costa dá para ver, e bem mais distante? Hoje as plataformas de petróleo estão a cerca de 90 milhas da costa. São riquezas nossas e nós não vamos tomar conta? Vamos deixar o cofre aberto? Não tem que ser trancado a sete chaves? Cada

vez mais está evidenciando a necessidade desta proteção. Até o próprio Presidente, já pensando nessas riquezas em alto-mar, decidiu retomar, como prioridade de Esta-do, o projeto do submarino de propulsão nuclear. É um projeto de dissuasão.

E a Força aqui é fundamental, não é?No fi nal tudo é Marinha. Mas, no que

tange a preparação da aviação embarca-da, não tenho dúvidas. A nossa aviação tem que funcionar com o binômio navio e aeronave. No porta-aviões São Paulo embarcam aviões e helicópteros. Recen-temente chegou ao Brasil o novo navio desembarque de carros de combate, o Garcia D’Ávila, um navio inglês que a Marinha comprou que vai operar com os nossos helicópteros maiores. Tudo isto é

aviação embarcada. Se não for em proveito da aviação embarcada esta aviação não é naval. Temos que operar a partir de nossos navios com plataforma de vôo.

As Forças Armadas estão preparadas para defender?

Não. O Comandante da Marinha tem sido categórico: “Não estamos sufi cien-temente preparados para tomar conta das nossas águas jurisdicionais”. Para se estar bem preparado é preciso defi nir as ameaças. Hoje temos as chamadas “novas ameaças”: narcotráfi co, terrorismo, contra-bando, etc. O oponente não é facilmente identifi cável.

E a mais nova ameaça pode ser fruto da riqueza do petróleo?

Sim. É uma riqueza. Temos esta riqueza a mais de 100 milhas da costa. O fundo do mar é território nosso. Temos que estar prontos para defender o nosso território. Para se ter plataforma de petróleo distante da costa é necessário possuir uma Marinha forte para dissuadir os “aventureiros”. Isto fi cou mais evidente na nossa Zona Econômica Exclusiva com a descoberta de novos megacampos. Hoje a Petrobras já extrai petróleo a mais de mil metros de pro-fundidade. Tudo isto vai ao encontro para que as atividades da Marinha sejam mais evidenciadas. Nosso programa de reapare-lhamento precisa ser realmente atendido. Estamos comprando helicópteros, vamos iniciar um programa de modernização dos aviões, acabamos de comprar um navio anfíbio, e vamos comprar um segundo navio. São os resultados de maiores aportes fi nanceiros que o orçamento da Marinha vem recebendo. Nós estamos decolando. A Helibras vai fabricar helicópteros tipo Su-per Puma aqui no Brasil, em Itajubá-MG. Serão mais de 50 aeronaves destinadas às Forças. A Marinha deve receber pelo menos um terço. O projeto foi lançado pelo gover-no no fi nal de maio. Ainda está nos planos. A Helibras deverá ser jumborizada. Além da montagem dos Esquilos e de outros mo-delos, a empresa vai montar um helicóptero tipo Super Puma. Semelhante ao que nós temos aqui no Esquadrão HU-2. O Exército e a Força Aérea também já operam este mesmo modelo. Eles vêm da empresa francesa Eurocopter. O presidente esteve na França nas negociações. E as Forças terão o benefício. Com isso, devemos criar novos esquadrões no Norte e Nordeste. É a Aviação Naval que está decolando. Está alçando vôos mais altos.

O problema é que a nossa atividade não aparece. Ela é realizada muito além do horizonte

Para se ter plataforma de petróleo distante da costa é necessário possuir uma Marinha forte para dissuadir os aventureiros

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Governo Federal anuncia investimentos para a região

Os desafi os da profi ssão

Carente de profissionais do ramo, Cabo Frio recebeu um expert no assunto. O publicitário Paulo Paulo Dompieri, diretor da DPTO-Rio, proferiu palestra para alunos e professores do curso de publicidade de uma faculdade local, dissertando sobre o tema “os desafi os do merca-do publicitário no Brasil”.

Durante mais de duas horas Dompieri falou sobre os conceitos fundamentais do marketing, as novas mídias, questões éticas e culturais e respondeu perguntas da platéia. O publicitário lembrou aos jovens que é preciso muita deter-minação e competência para atuar no mercado de propaganda, pois se a concorrência entre produtos e empresas já é grande, entre as agências é enorme: “O primordial é encontrar um diferencial que seja determinante para o cliente e isso não é tarefa fácil. Às vezes as pes-soas que já trabalham na empresa não percebem o que está faltando, nosso trabalho é diagnosticar, descobrir um diferencial que possa levar a empresa ao sucesso”, disse Dompieri.

Festival de prejuízosOs organizadores do Festival Gastronômico Degusta Búzios não aprenderam a lição

de 2007, quando o evento quase foi cancelado por divergências quanto à propriedade da marca, registrada em nome da empresa Prime Propaganda e Promoções. No último ano, chegou-se a cogitar a possibilidade de cancelar o evento, mas um acordo resolveu o problema e o Festival aconteceu normalmente.

Este ano a coisa foi diferente. A Prime voltou à justiça por uso indevido da marca Degusta e conseguiu barrar o Festival.

O cancelamento, na véspera do evento, pegou os restaurantes de surpresa. Rosângela Santos proprietária do restaurante Banaland diz que o prejuízio foi grande e lamenta o ocorrido.

“Nós gastamos na compra de produtos, decoração, aluguel de mesas, contratação de funcionários extra e, mesmo que o Festival aconteça, não tem mais como recuperar o prejuízio. Ninguém guarda comida por vinte dias”, diz a empresária que havia preparado 450 porções de nhoque de batata baroa com espinafre e molho de gorgonzola. “Foram consumidos 140 kilos de batata baroa, que custa mais caro, muito queijo, nozes, travessas, enfi m um prejuízio fi nanceiro de R$1.800 reais”, estima.

O governo federal vai construir quatro Centros Integrados da Pesca Artesanal e Aqüicultura (Cipar) na região. Eles fi carão em Macaé, Campos, São João da Barra e em Cabo Frio ou Arraial do Cabo. A notícia foi dada pelo ministro da Pesca e Aqüicultura, Altemir Gregolin, que no dia 2 de setembro visitou a sede da Petrobras em Macaé, onde apresentou o plano de desenvolvimento estratégico do ministério para os próxi-mos anos. Os Cipars formarão uma rede estratégica que oferecerá aos pescadores infra-estrutura para o desembarque, benefi -ciamento e distribuição do pescado, além de capacitação e qualifi cação profi ssional para o desenvolvimento e bom funcionamento das cadeias produtivas aquícola e pesqueira. “Hoje, o pescador está na mão do atravessa-dor”, comentou o ministro, destacando que os Cipars funcionarão como cooperativas, permitindo que o pescador, tendo controle sobre todo o processo de produção até que o peixe chegue à mesa do consumidor, aumente seu lucro com a atividade.

Esta e outras ações, como a construção de 20 terminais pesqueiros em pontos es-tratégicos do país, formação profi ssional, assistência técnica e extensão rural pes-queira e aqüícola e subvenção à compra do óleo diesel marítimo, fazem parte do plano de desenvolvimento sustentável, cujos

principais objetivos até o ano de 2011 são aumentar a produção pesqueira no Brasil de 1 milhão para 1,43 milhão de toneladas por ano, gerar mais 1,5 milhão de empregos no setor e aumentar o consumo per capita de peixe de sete para nove quilos por ano.

“Temos condições de produzir até 20 milhões de toneladas por ano, pois dispo-mos das condições naturais para isso, como 8.500 quilômetros de costa e 13,7% da água doce disponível no mundo. É uma riqueza que poucos países têm, e nós queremos tirar proveito disso”, disse Altemir Gregolin, observando que a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) projeta para o ano de 2030 uma demanda mundial anual de 100 milhões de toneladas de pescado para fazer frente a um consumo que não pára de crescer.

Durante a reunião na Petrobras, o mi-nistro elogiou iniciativas em favor do de-senvolvimento da pesca, como o Programa Petrobras Mosaico, que desenvolve ações em 14 municípios da área de abrangência da Bacia de Campos, promovendo o desen-volvimento sustentável das comunidades de pesca artesanal através de cursos de qualificação, capacitação, regularização profissional, sensibilização ambiental e apoio às famílias com alternativas de tra-balho e renda. GUSTAVO ARAÚJO

P a n o r a m a

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G A S T R O N O M I A

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AGORAé com eles!

CABO FRIOMarquinho Mendes vence o mito e se transforma na nova força política da região

Tomás Baggio

Mar

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Ric

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ara uma campanha que começou morna, motivada principalmente pelo endurecimento da Justiça Eleitoral, as eleições, na Região dos Lagos, terminaram no me-lhor estilo da festa democrática:

o povo nas ruas e muitas comemorações. Com a excessão de Cabo Frio, onde partidários do derrotado Alair Francisco Corrêa (PMDB) intimidaram e até jogaram pedras nos militantes que comemoraravam a reeleição do prefeito Marcos da Rocha Mendes (PSDB).

O prefeito cabo-friense foi reconduzido ao cargo com 47.799 votos, ou 49,78% do total. Alair Corrêa, por sua vez, teve 34.627 votos, ou 36,06% do total. A grande decep-ção fi cou por conta do candidato Paulo César da Guia (PR), que havia recebido 32 mil votos para prefeito, em 2004, e a mesma quantidade em 2006, quando disputou uma vaga de deputado federal. Desta vez, no entanto, Paulo César teve 7.798, ou 8,12% do total, seguido por Jânio dos Santos Mendes (PDT), que teve 5.099 votos, ou 5,31% do total. A última posição fi cou com o candidato Cláudio Leitão (P-SOL), com 695 votos, ou 0,72% dos votos válidos.

Duas horas depois do começo da apu-ração, quando a diferença já indicava a reeleição, partidários de Marcos Mendes saíram às ruas. O prefeito saiu da “Casa da Vitória”, como fi cou batizado o quartel general da campanha, encima de um trio elétrico, acompanhado da vice Delma Jardim (PP). Eles foram seguidos por uma carreata até o centro da cidade, concentran-do a multidão na frente do Tamoyo Esporte Clube, onde os votos foram contabilizados. Com a chegada de correligionários de Alair

Corrêa, um princípio de confusão acabou sendo formado, precisando da presença da Polícia Militar. Os militantes do PMDB foram direcionados para outro quarteirão, mas, no meio do caminho, jogaram pedras na multidão que comemorava a vitória do prefeito. Uma das pedras atingiu a cabeça de um senhor, que fi cou com a testa san-grando e precisou ser hospitalizado.

Marcos Mendes foi eleito pela primeira vez, em 2004, com o apoio de Alair Corrêa. Em outubro do ano passado, no entanto, Alair anunciou o rompimento e, ao mesmo tempo, lançou sua candidatura a prefeito de Cabo Frio. Uma semana depois, foi a vez de Marcos Mendes também lançar candidatura à reeleição, desligando o grupo de Alair dos quadros da Prefeitura Municipal. O imbróglio antecipou o debate eleitoral na cidade. Neste ano, escândalos como o “Caso dos 15 cartões da Alerj”, do deputado estadual Alair Corrêa, e a suspeita de compra de votos de militantes do PT, por parte do prefeito Marcos Men-des, esquentaram ainda mais o noticiário político. Durante a campanha, Mendes e

Corrêa polarizaram as atenções. Marcos fez comícios a cada dois dias, enquanto Alair fez comícios diariamente. Dos quatro debates realizados na cidade, o prefeito faltou a três, comparecendo apenas ao úl-timo deles, realizado pela afi liada da Rede Globo três dias antes da votação.

No fi m da apuração, o prefeito agrade-ceu a Deus e aos eleitores, em especial os que moram no Segundo Distrito, fazendo promessas de acelerar o ritmo de obras no local.

“O povo precisa entender que em toda disputa existe um vencedor. Mas é claro que não vamos pagar na mesma moeda, pois já instrui os meus eleitores a não re-vidar e nem aceitar provocações”, declarou ele, a respeito da confusão formada do lado de fora da apuração

Mirinho venceu fácilEm Armação dos Búzios, o povo não

deixou dúvidas da escolha. Com larga margem de diferença, o governo do atual prefeito Antônio Carlos Pereira da Cunha, o Toninho Branco (PMDB) acabou repro-

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BÚZIOSMirinho Braga volta com força

ARRAIAL DO CABOA vez de Andinho

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vado pela população, que pediu a volta do ex-prefeito Delmires Braga, o Mirinho (PDT). O vencedor teve 10.291 votos, o que representou 59,27% dos votos válidos, enquanto o atual prefeito fi cou com 6.301 votos, ou 36,27% do total. Em seguida fi caram Duda de Búzios (PR), Ramison Lopes (PTB), Silvano Nascimento (PT) e Dr. Amélio (PSB).

Com a cidade sucateada e a queda no tu-rismo, o cenário favorável à volta de Mirinho já estava desenhado no início da campanha. Alheio à festa que tomou conta da cidade no último dia 5, o prefeito eleito acompanhou a apuração de casa, com a família, onde também recebeu jornalistas. Ele disse que a prioridade será reurbanizar a cidade.

“Agora é limpar, limpar e limpar. Va-mos limpar a cidade em todos os sentidos. Mas hoje não tenho dúvidas de que a prioridade é reurbanizar a cidade - afi rmou Mirinho.

Arraial confi rma AndinhoVereador, presidente da Câmara Muni-

cipal e vice-prefeito. Essa foi a trajetória

do novo prefeito de Arraial do Cabo, Wanderson Cardoso de Brito, o Andinho (PMDB), antes de consquistar, no último dia 5, a cadeira de prefeito do município cabista. Andinho venceu o candidato do governo, José Bonifácio (PDT), que na reta fi nal contou com a desistência e o apoio do ex-prefeito Renato Vianna (PSB), e o empresário Fuad Zacharias (PSL), que chegou na cidade há três anos, distribuiu roupas, briquedos, remédios, cestas bási-cas, cirurgias e até casas (isso mesmo!) para a população, mas convenceu apenas 12,51% do eleitorado, fi cando com 2.430 votos. Bonifácio, na segunda posição, teve 7.579 votos, ou 39,2% do total, enquanto o vencedor teve 9.912 votos, o que representou a preferência de 48,46% dos eleitores.

Logo após o fechamento das urnas, Andinho e o vice, o vereador Reginaldo Mendes Leite (PT), chegaram ao centro da cidade e foram recebidos por uma mul-tidão. Eles foram levados nos braços do povo, mas ainda se recusavam a comentar a vitória iminente. Com a confi rmação

do resultado, Andinho prometeu honrar a confi ança da população.

“Nosso povo escolheu um cabista, alguem que ama verdadeiramente essa terra”, disse, emocionado, o prefeito eleito de Arraial do Cabo.

São Pedro pode ter zebraNa Região dos Lagos, apenas em São

Pedro da Aldeia a situação fi cou indefi nida. Até o fechamento desta edição, no dia 6 de outubro, os votos dados ao candidato Carlindo Filho (PMDB) estavam sub-jú-dice, e não foram divulgados. Eles seriam contabilizados somente com uma vitória de Carlindo no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde corria o processo que pedia a impugnação de sua candidatura. Dados extra-ofi cais indicavam que, se Carlindo ganhasse na Justiça, ele seria o prefeito eleito de São Pedro. Caso contrário, a cadeira ficaria com o atual presidente da Câmara Municipal Cláudio Vasque Chumbinho (PT), que, com 14.302 votos, superou o ex-prefeito Iédio Rosa (PDT), que teve 9.602 votos.

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Alianças e experiência política elegem André Mônica

O candidato do PMDB, André Môni-ca, foi eleito prefeito de Araruama com 53,08% (32.919) dos votos válidos. An-dré venceu os adversários Miguel Jeovani (PR), que alcançou 45,73% (28.359) dos votos, e Damião Motta (PSOL) que teve 1,20% (742).

Conhecido pela cidade por sua experi-ência e prestígio no meio político, André fez uma campanha baseada em propostas fortes para a saúde e urbanização de todos os bairros, principalmente os que sofrem com as enchentes. Durante a campanha, o candidato da coligação “Araruama para todos”, foi apoiado pelo governador Sérgio Cabral, pelo presidente Lula e pelo deputado Paulo Melo.

Após o resultado da apuração, André foi saudado pela multidão presente no diretório do PMDB de Araruama. O candidato agradeceu a população ararua-mense e todos os partidos que o apoiaram. André declarou que apenas com a força de grupos políticos é possível administrar uma cidade. “Somos empregados do povo e não os patrões. Temos responsabilidade com o povo de Araruama e é por eles que estamos unidos. Dessa forma, iremos gerar desenvolvimento para o município em diversas áreas como saúde, emprego, educação e meio ambiente”, afi rmou o novo prefeito.

Franciane Melo confi rma força política de Paulo Melo

A nova prefeitra de Saquerema é Fran-ciane Melo, eleita com 91,98% (20.522) dos votos válidos.

No entanto, o resultado ofi cial depen-de ainda da confi rmação da situação do candidato do PMDB, Dalton Borges, que teve a candidatura impugnada. O candidato não teve os votos contabilizados. Os votos nulos ultrapassaram 50%, e foram 664 (1,44%) votos brancos.

Franciane Melo é a atual vice-prefeita do município e esposa do deputado Paulo Melo. Durante a campanha, a candidata da coligação “Saquarema vai melhorar muito mais” teve o apoio do governador Sérgio Cabral e do atual prefeito de Saquarema, Antônio Peres. Após saber do resultado, Franciane agradeceu aos saquaremenses pelo apoio e prometeu melhorias na saúde, mais obras e emprego. “Eu quero trabalhar para fazer um governo novo, priorizando a saúde, trazendo um novo hospital para a cidade e mais postos de saúde nos bairros. Queremos trazer fábricas e indústrias para Saquarema, dando emprego à nossa popu-lação. Também vamos dar continuidade ao asfaltamento de diversas ruas”, fi nalizou Franciane.

Oscar Magalhães surpreendeOscar Magalhães (PSDB), foi o prefei-

to eleito na cidade de Iguaba Grande com 48% (5.184) dos votos válidos.

No entanto, o resultado ainda não pode ser considerado ofi cial. O candidato do PMDB, Rodolfo Pedrosa, não teve os votos contabilizados, pois está com o registro indeferido pela justiça eleitoral e aguarda decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sobre recursos que apre-sentará contra sentença. Os votos fi carão armazenados na memória do sistema da justiça eleitoral. Caso Rodolfo Pedrosa consiga uma vitória do TSE, os votos serão contabilizados.

Apoiado pelo atual prefeito da cidade de Araruama, Chiquinho da Educação, o can-didato da coligação “Trabalho, Dignidade e Fé”, Oscar Magalhães, se destacou pelos comícios lotados que vinha realizando, além das carreatas e passeatas que reuniam milha-res de pessoas. Em discurso, após a apuração dos votos, Oscar disse que vai priorizar projetos voltados para a saúde, educação e turismo. “A população iguabense verá, fi nalmente, uma grande transformação na cidade. Teremos cuidado especial com a saúde pública, buscaremos qualidade na educação pública oferecida aos nossos alu-nos e vamos valorizar nossos professores. Traremos de volta o lazer e o entretenimen-to, mostrando que Iguaba possui um vasto potencial turístico”, prometeu.

Renovação às margens da Lagoa

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ARARUAMA

SAQUAREMA

Luigi do Valle

IGUABA GRANDE

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13CIDADE, Outubro de 2008

A eleição do último dia 5 de outubro foi ruim para os principais caciques políticos da região. Quatro ex-prefeitos que disputavam a eleição foram derrotados nas urnas justamente pelos governantes que eles ajudaram a eleger quatro anos antes. O maior perdedor foi Silvio Lopes (PSDB), que tentava governar Macaé pela quarta vez. Silvio entrou na disputa con-tra o atual prefeito, Riverton Mussi (PMDB), seu sobrinho e afi lhado político. Esperava sair vencedor, mas terminou em terceiro lugar, com 17.815 votos (18,08%). Além de assistir à re-eleição de Riverton, que obteve 41.026 votos (41,64%), Silvio teve de amargar a derrota para o novato Aluízio Júnior (PV), o preferido de 38.072 eleitores (38,84%, mais que o dobro dos votos do tucano).

Fenômeno semelhante aconteceu em Cabo Frio, onde o prefeito Marquinho Mendes (PSDB) concorria à reeleição. Seu principal adversário, o deputado estadual Alair Corrêa (PMDB) apostava na sua trajetória política vitoriosa para desbancar seu antigo aliado, retornando à prefeitura quatro anos depois de encerrar seu mandato.

Em Quissamã, a disputa fi cou em família. Primos, o prefeito Armando Carneiro (PSC) e o ex-prefeito Otávio Carneiro (PP) se engalfi -nharam pela preferência do eleitorado quatro anos depois de dividirem o mesmo palanque, quando Otávio, depois de três mandatos à frente da administração municipal, trabalhava pela eleição de Armando. Brigados, os dois partiram para candidaturas próprias. Deu Armando, com 5.791 votos.

A disputa mais acirrada se deu em Rio das Ostras, cujo atual prefeito, Carlos Augusto Balthazar (PMDB), buscava mais um mandato. Contra ele, concorria Alcebíades Sabino (PSC), que governou o município por oito anos. Depu-tado estadual eleito em 2006 com 60% dos votos de Rio das Ostras — a maior votação proporcio-nal de um candidato no estado do Rio de Janeiro —, Sabino apostava no seu cacife eleitoral para vencer mais uma vez. Nesta disputa cabeça-a-cabeça, entretanto, Carlos Augusto levou a melhor, obtendo 24.502 votos (51,39%), contra 23.180 votos do adversário (48,61%).

Araruama André Mônica (PMDB) 32.919Arraial do Cabo Andinho ( PMDB) 9.412Cabo Frio Marquinho Mendes (PSDB) 47.799Búzios Mirinho Braga (PDT) 10.291Cassimiro de Abreu Antônio Marcos (PSC) 10.097Macaé Rivertom Mussi (PMDB) 41.026Quissamã Armando Carneiro (PSC) 5.791Rio das Ostras Carlos Augusto (PMDB) 24.502Iguaba Grande Oscar Magalhães (PSDB) 5.184Saquarema Franciane Melo (PMDB) 20.522

OS NÚMEROS DOS VENCEDORES

RIO DAS OSTRASCarlos Augusto tem vitória apertada

MACAÉRivertom Mussi ganha mais quatro anos

CASSIMIRO DE ABREUAntônio Marcos é prefeito

QUISSAMÃArmando Carneiro vence disputa em família

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A queda dos caciquesGustavo Araújo

(*) As cidades de São Pedro da Aldeia, Campos e Carapebusainda aguardavam decisão do STF sobre pedidos de impugações de candidaturas até o fechamento desta edição.

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C a r t a s

www.revistacidade.com.brOutubro, 2008

Cartas para o EditorPraia das Palmeiras, 22 - Palmeiras, Cabo Frio/RJ - Cep: 28.912-015E-mail:[email protected]

Publicação Mensal NSMartinez Editora MECNPJ: 08.409.118/0001-80

Redação e AdministraçãoPraia das Palmeiras, nº 22 Palmeiras – Cabo Frio – RJCEP: 28.912-015 [email protected]

Diretora ResponsávelNiete [email protected]

ReportagensGustavo AraújoJuliana VieiraLuigi do ValleRenato SilveiraRosa ShoolTomás Baggio

Fotografi asCezar FernandesFlávio PettinichiMariana RicciPapiPressTatiana Grynberg

ColunistasÂngela BarrosoDanuza LimaOctavio Perelló

Produção Gráfi caAlexandre da [email protected]

ImpressãoEdiouro Gráfi ca e Editora S.A

DistribuiçãoSaquarema, Araruama, Iguaba Grande, São Pedro da Aldeia, Cabo Frio, Arraial do Cabo, Búzios, Rio das Ostras, Casimiro de Abreu, Quissamã, Campos, Macaé, Rio de Janeiro e Brasília.

Os artigos assinados são de responsabilidade de seus autores.

TENHO LIDO COM FREQUÊNCIA A RE-vista cidade, por sinal, bem elaborada e muita interessante. Estou estabelecido na cidade de São Pedro da Aldeia há quase dois anos, e trouxe da Bahia pra essa região, móveis rústicos que é um diferencial em relação aos outros, por ser entalhados, sendo uma ver-dadeira obra de arte em madeira, fabricados ecologicamente correto.Face ao exposto acima, sugiro a essa concei-tuada revista uma reportagem a respeito.Helio Muniz (São Pedro da Aldeia / RJ)

LI O TEXTO (MATÉRIA PUBLICADA NA edição nº 24, “Uma dor de cabeça chamada CORRFA”), e me sinto no dever de esclare-cer algumas coisas. 1 - O dinheiro descontado vai para o bolso do presidente do CORRFA, o qual é também dono da CORRFAPLAN e responde a processo criminal em virtude de problema envolvendo esta última.2- Você está fazendo confusão: CORRFA não é o clube de oriundos. Existem 2 CORRFAS - o original, existente desde 1912, salvo engano, que é o CLUBE DE OFICIAIS DA RESERVA E REFORMA DAS FORÇAS ARMADAS, que foi liquidado em 2002, com endereço na Av. Presidente Vargas. Com o fi m das atividades do CORRFA, seu presidente criou o outro CORRFA: Clube de Oriundos da Reserva e Reforma das Forças Armadas. Este é uma sociedade comercial comum, cuja atividade empresarial é nenhuma. Sim-plesmente foi criada para dar credibilidade à CORRFAPLAN, pois seria de militares (o que não é verdade). E também para o presidente do CORRFA desenvolver vária atividades como contratação de funcionários e elaboração de contratos em nome deste CORRFA. Quando entram na Justiça do trabalho, por ex. não dá em nada porque este CORRFA não tem sede nem patrimônio. O imóvel da Av. Pres. Vargas, do antigo CORR-FA, está com as portas fechadas. Para deixar de descontar o dinheiro no contra-cheque, a melhor maneira é entrarem na Justiça, numa ação coletiva, contra o CLUBE DE OFICIAIS. Estando este de portas fechadas e seu presidente estando em local incerto e não sabido, provavelmente vão conseguir cessar os descontos, posto que já foi liquidado e não tem mais atividade.([email protected])

QUANDO CABO FRIO - E DEMAIS MU-nicípios da Região dos Lagos - contará com a coleta seletiva de lixo para reciclagem? Os candidatos em campanha poderiam até prometer - e cumprir!!! - tal feito em suas campanhas políticas.Prá quando, senhores???Roseli R Davila (Cabo Frio/RJ)

ESCOLA EM TEMPO INTEGRAL, CRE-che em todos os bairros, universidade pública, comida a um real... Quanta promessa somos obrigados a ouvir em tempo de eleição!Augusto Almerindo Dias (Gamboa- Cabo Frio/RJ)

TENHO ACOMPANHADO AS MATÉRIAS que a revista City Cidade faz sobre o meio ambiente e quero dar os parabéns aos repór-teres e fotógrafos pelas belas fotografi as. Convido para que um jornalista venha ver a situação aqui no Segundo Distrito, onde está tudo largado apesar do dinheiro dos royalties que Cabo Frio recebe por causa de Tamoios . Sônia Carvalho de Sá (Santo Antônio - Cabo Frio/RJ)

A REVISTA DA CIDADE DE CABO Frio tem chegado todos os meses aqui no Congresso, mas sempre chega muito tarde, quase no fi nal do mês. Além de dar os para-béns para todos os jornalistas e principala-mente para o Octavio Perelló pela maravilhoa entrevista com o escritor Luiz Fernnado Veríssimo, quero ressaltar a importância do trabalho de vocês trazendo para nós aqui tão distantes daí, as informações importantes dessa região tão linda.Parabéns e queremos que continuem man-dando a revista todo mês.Alceu B. de Assis (Brasília/DF)

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N U T R I Ç Ã O

DANUZA LIMA é [email protected]

AlimentaçãoComplementar

Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que os alimen-tos complementares sejam introdu-

zidos a partir dos 6 meses de idade, salvo em alguns casos particulares.

O consumo precoce desses alimentos diminui a ingestão de leite materno e assim, a criança fi ca menos protegida contra doenças podendo apresentar defi ciências nutricionais.

A alimentação complementar, como o nome diz, é para complementar o leite materno e não para substituí-lo. Mesmo recebendo outros alimentos, a criança deve continuar mamando no peito até os 2 anos ou mais, pois o leite materno continua alimentando e protegendo a criança.

Alguns alimentos podem ser alta-mente alergênicos, como é o caso do leite de vaca, cuja introdução é recomen-dada a partir dos 9 meses. Este leite deve ser integral e não desnatado. Devem ser evitados certos tipos de alimentos como ovo, amendoim, nozes, chocolate e peixe no primeiro ano de vida. O mel na dieta da criança é recomendado após o primeiro ano de vida, para evitar o botulismo, o que é inofensivo para crianças maiores.

Uma alimentação adequada deve ser rica em energia, proteínas e micro-nutrientes, como ferro, zinco, cálcio, vitaminas A e C, deve ser isenta de con-taminação e com poucos condimentos.

A quantidade dos alimentos deve ser aumentada gradativamente. Novos alimentos devem ser oferecidos, um de cada vez, para que sejam observadas possíveis reações a cada alimento.

Inicialmente os alimentos devem ser amassados, sem, no entanto serem liquidifi cados, dando preferência a fru-tas menos ácidas como pêra ou maçã e legumes como cenoura, batata e abóbora que são de fácil digestão. A partir dos 8-9 meses, a criança pode receber os mes-mos alimentos consumidos pela família, desde que amassados, desfi ados, picados ou cortados em pedaços pequenos.

Dê sempre preferência aos alimen-tos caseiros que, além de mais baratos, podem oferecer uma nutrição mais adequada.

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alvez uma certa estranheza pela ausência da tradicional deco-ração colorida e o fato de um dos trios perfi lados no início da concentração ter se retirado antes do início da festa, mas nada que abafasse a animação da maioria aparentemente heteros-sexual presente no evento. Mas nos bastidores, a coisa pegou fogo. E o incêndio começou bem antes, quando a Ong Cabo

Free, presidida pelo promoter Cláudio Lemos, teve seu projeto apro-vado pelo Ministério da Cultura, recebendo uma verba de R$ 21 mil e resolveu partir para a formatação da Semana da Cultura LGBT, evento que antecede a Parada, sem a formalidade da Comissão de Eventos, solução criada em 2007 para que tudo acontecesse em parceria com o Grupo Iguais, presidido pela jornalista Renata Cristiane.

Essa foi a senha para o início de um desfecho nada agradável para o movimento. Com verba própria, Cláudio e seus seguidores passaram a anunciar em entrevistas e declarações públicas que fariam os eventos da Semana em separado e que a parceria só funcionaria para a reali-zação da Parada. Com isso, o fl yer de divulgação da programação do Cabo Free para o evento fi cou pronto em julho, não restando ao Iguais outra alternativa a não ser montar sua própria programação.

Mas restava a Parada, e para a sua organização, a Comissão de Eventos, mediada pela Secretaria de Turismo, reuniu-se pela primeira e única vez. O resultado foi desastroso. O fato de uma das Ongs já possuir verbas públicas para a festa foi colocado em pauta. Foi o iní-cio para nova briga e o fi m da conversa. A Parada do Orgulho LGBT aconteceria sem diálogo e trabalho em grupo.

E durante toda a Semana de Cultura LGBT, cada grupo trabalhou sozinho. O Grupo Cabo Free abriu a programação no Charitas, com um encontro com lideranças de entidades ligadas à causa gay, os Iguais fi zeram sua abertura na Casa dos 500 Anos, teve premiação no Teatro Municipal (organizada pelo Cabo Free), palestra sobre diversidade sexual em uma universidade local (Iguais), mas a tensão para o dia da Parada aumentava.

CLAÚDIO LEMOS, Ong Cabo Free Não tenho obrigação de dividir com os Iguais a produção de um evento fi nanciado por recursos adquiridos através de projetos e parceiros do Cabo Free

DIVERSIDADE SEXUAL foi tema de palestra em uma universidade

TRIO ELÉTRICO foi motivo de disputa entre as Ongs

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Para o público de cerca de 20 mil pessoas que lotou o Espaço de Eventos de Cabo Frio durante a Parada do Orgulho LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros) realizada no último 7 de setembro, a coisa passou desapercebida.

Parada a Perigo

Renato Silveira

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Para quem acompanhava a pendenga mais atentamente, a chegada ao Espaço de Eventos foi surpreendente. Ao contrário do que era anun-ciado, o Cabo Free dispunha apenas de um caminhão de som arrumado de última hora pela prefeitura, já que o trio elétrico original estava defeituoso. Para piorar, na hora o brinquedo não funcionou. Vendo a situação, o superintendente da Secretaria dos Direitos Humanos do Governo do Estado e líder do grupo Arco-íris, Cláudio Nascimento, tentou interceder junto à Renata Cristiane para que Cláudio Lemos falasse do trio dos Iguais e, com ela, obteve êxito.

Porém, a situação se agravou quando outros membros dos Iguais não concordaram com a decisão de Renata e impediram, em votação, a subida do líder do grupo rival no caminhão. Foi o bastante para que o representante do Governo do Estado se retirasse da Parada. E os membros do Cabo Free também.

“A Parada Gay de Cabo Frio esse ano foi a pior de todas. Não fi zemos o evento inteiro juntos porque no ano passado a Renata só me fez criar caso todos os dias do encontro. Só conseguimos compor na Parada. Esse ano era para compormos pelo menos na Parada. Somente a Parada é paga pela Prefeitura para o movimento, ou seja, para os dois Grupos. Não tenho obrigação de aturar um incômodo de ter que dividir com os Iguais a produção de um evento fi nanciado por recursos adquiridos através de projetos e parceiros do Cabo Free, no entanto tanto eles como nós temos obrigação de compor na Parada. Virou zona, bagunça total. Ela não quis conversa. A semana do Cabo Free não tem nada a ver com o acontecido na Parada”, lamentou Cláudio Lemos.

Já Renata Cristiane discorda de que a Parada não tenha sido um sucesso e para ela, isso se deve a determinação de seu grupo, que acabou fazendo o evento sozinho, acompanhado apenas do trio da boate Angel’s Club.

“Mais uma vez, a Parada LGBT de Cabo Frio aconteceu graças à determinação do grupo Iguais, que não deixou a peteca cair em nenhum momento, mesmo sem a colaboração do Cabo Free na outra ponta. Eles disseram que teriam o trio deles e na hora não resolveram o problema. Por mim, ele teria subido no nosso caminhão para discursar, mas tenho de respeitar a decisão da maioria. Tivemos o maior público de toda a história da Parada e seguramos a onda até o fi nal. Ali fi cou visível a qualidade do trabalho de cada grupo”, afi rmou a jornalista.

Mesmo com a retirada do grupo Cabo Free da cena da Parada, a confusão não teve fi m. Na programação de Cláudio Lemos, estava previsto um show, pago, na Morada do Samba, com a cantora Izabela Taviani. Mas para que ele acontecesse com sucesso, era necessário que a festa no Espaço de Eventos terminasse antes. O resultado? Nova troca de acusações entre Cláudio e Renata.

“Ela segurou a Parada para prejudicar meu show”, acusou Cláu-dio.

“Ele esqueceu de combinar que a Parada tinha de terminar mais cedo. Nunca encerramos antes das 23h a nossa festa, em todos esses quatro anos”, defendeu-se.

Os novos desdobramentos desta briga ainda estão sendo sentidos na comunidade LGBT. O evento Búzios Free, uma barqueata pro-gramada para este mês na Orla Bardot, já começa a apresentar problemas, com a retirada da assessora de imprensa Ketherine Giovanessa e de alguns apoiadores. Talvez essa briga tenha explicações bem simbólicas na mudança da sigla do movimento. Sabem por que o L passou à frente do G? Porque as lésbicas se sentem mais discrimina-das que os gays. E brigaram por essa troca de posição. É conversa para Freud explicar.

RENATA CRISTIANE, Ong Iguais Tivemos o maior público de toda a história da Parada e seguramos a onda até o fi nal.

PARADA atraiu público e as coloridas e irreverentes Drags

e de PREMIAÇÃO no Teatro Municipal

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Monayra Manon e Edilene Água Suja

C a b o F r i o

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ara intermediar o diálogo entre a prefeitura de Cabo Frio e os veleja-dores da praia das Palmeiras. Apa-

rentemente interessados na mesma coisa, o incentivo à pratica do esporte da Vela, ambos não conseguem se fazer entender.

Os velejadores tentam há anos, sem sucesso, chamar a atenção da prefeitura para a vocação da praia para a prática do esporte e pedem a construção de uma guarderia para os barcos dos muitos velejadores que historicamente usam o lugar. A prefeitura ignora, também historicamente, a reivindicação. No fi nal de 2006, numa atitude de força, chegou a mandar um caminhão da Postura retirar os barcos dos moradores da praia. Quem assitiu a cena, viu os lasers, dingues, hobby cats e optmists, serem jogados em cima de um caminhão sem qualquer cuidado. “A prefeitura não conhece o bairro”, deduz Cláudia Moreira, morado-ra e frequentadora das regatas na lagoa.

Luis Jeronymo, presidente da As-sociação de Vela e Remo da Costa do Sol (Avecsol), informa que já entrou

Procura-se um tradutor

Os barcos fi cam acomodados sobre o gramado em dois pontos

da praia das Palmeiras. Em frente ao condomínio Village

do Sol II (acima) e ao lado do Quiosque do Russo, no fi nal da

praia (embaixo).

com processo na Fundação Superinten-dência Estadual de Rios e Lagoas (Serla) solicitando liberação da área ao lado do Quiosque do Russo, para a instalação de uma guarderia.

“Mas, paralelo a isso, nós precisamos também da autorização da prefeitura. E não temos nada ainda. Soubemos que a prefeitura já tem um projeto para o lugar, mas não sabemos se inclui uma guarderia”, diz Jeronymo.

Tentando minimizar o problema, a prefeitura ofereceu à Avecsol um espaço no novo Centro de Convenções, a ser cons-truído no bairro do Porto do Carro. “Isso é bom, mas não podemos abrir mão de uma guarderia aqui na praia das Palmeiras, onde moramos e velejamos diariamente”, ressalta o velejador Fábio Colichio.

A secretária de Planejamento de Cabo Frio, Rosane Vargas, confi rma que já exis-tem projetos para o lugar, mas adianta que nada está defi nido.

“A área tem problemas de questiona-mento quanto à sua propriedade e tudo está parado”, informa.

PapiPress

PPapiPress

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Iphan fecha exposição do Departamento de Arqueologia de Búzios

arece maldição. Como se o lugar tivesse sido tocado por alguma ener-gia ruim. A pequena casa construída pela prefeitura inicialmente para ser

um heliponto, sofreu seu primeiro revés ao ter a atividade embargada por não atender aos critérios mínimos exigidos para esse tipo de serviço. Agora, cedida à secre-taria de Cultura, abriga o Departamento de Arqueologia e Cultura Buziana, que mantém exposição permanente de peças de arqueologia. Aberto no dia 10 de setembro, sofreu interdição do Instituto do Patrimô-nio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) no dia 20 do mesmo mês, exatamente pelo mesmo motivo do embargo anterior: o não cuprimento das exigências necessárias para o exercício da atividade.

Manoel Vieira, chefe do escritório téc-nico do Iphan em Cabo Frio, explica que todas as exigências que estão sendo feitas agora, “de uma forma mais imperativa”, já

INTERDITADO

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outra vezhaviam sido colocadas antes para o secretário de Cultura, quando este demonstrou interesse em implantar um museu arqueológico na cidade.

Apesar disso, o órgão foi surpreen-dido com a implantação do projeto, sem que nenhuma das medidas exigidas fosse tomada.

“O triste dessa história é que quem fi cou sabendo que a prefeitura de Búzios tinha inaugurado uma exposição de arqueologia com peças que são propriedade da União, sem autorização, foi o superintendente da 6ª Região, através de matéria publicada na imprensa”, conta Manoel.

A partir disso, o Instituto fez uma visto-ria para saber as condições da exposição e, principalmente, saber se as peças estavam cadastradas, como determina a lei. “Qual-quer artefato arqueológico encontrado deve ser imedatamente informado ao Iphan”, explica Vieira.

No caso da exposição interditada, o Iphan avalia que 90% das peças não estão

cadastradas, por isso, segundo o órgão, não restou outra alternativa senão recolher todo o material, o que só não aconteceu no dia 20 de setembro, por causa da fi rme intervenção do procurador do município, Rodolfo Mendes.

“Chama o secretário, manda fechar e cumprir todas as exigências do Iphan”, bradou taxativo, ao chegar no local e en-contrar os técnicos do Iphan já prontos para executar a tarefa.

Com a procuradoria do município se comprometendo a acutelar as peças, o Iphan concordou em não retirar o material, impondo apenas o fechamento do local e dando 15 dias de prazo para que todas as exigências sejam cumpridas.

Para isso, três passos precisam ser seguidos: o primeiro será promover e submeter o inventário do acervo ao Iphan, listando cada objeto, com fotos, dimensão, tipo e datação, se houver. Depois, será

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Niete MartinezFotos PapiPress

Instalações preparadas para abrigar um heliponto

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RODOLFO MENDES procurador Chama o secretário, manda fechar e cumprir as determinações do Iphan

Material arqueológico exposto sem proteção e sem autorização do Iphan

necessário determinar a procedência do material com apresentação de documen-tação comprovando a origem e posse das peças. E por fi m, cumprir exigências de segurança quanto ao local onde as peças estão expostas.

Manoel explica que o lugar, da forma como estava, não oferecia nenhum tipo de proteção para as peças: “Sem vitrine, sem guarda municipal, sem segurança eletrô-nica. O local não tem nenhum controle de entrada e saída de visitantes, se qualquer coisa for roubada isso se perde, porque não existe cadastro da peça”, explica.

Motivação ‘política’Segundo o entendimento do secretário

de Cultura do município, Luiz Romano de Souza Lorenzi, todas as providencias já es-tavam sendo tomadas, “mas o catálogo que nós fi zemos não está no padrão do Iphan. Agora, contratamos uma museóloga para fazer isso”, explica.

Ele garante que as peças, embora não estejam cadastradas no Iphan, estão regis-tradas na secretaria de Cultura.

“Estava tudo perdido, a gente começa a catalogar as peças e eles fazem todo um

teatro! Às vezes eu sou obrigado a entender que isso é um ato político”, defende-se o secretário, afi rmando que o Instituto já estava recebendo informações sobre o projeto.

Romano se confessa magoado com os questionamentos “medíocres”, segundo sua avaliação, e anuncia para breve a inauguração do Museu de Arqueologia de Búzios. “Vamos seguir 100% os critérios do Iphan”, garante.

Mau hábitoA localização, retirada e posse de

artefatos arqueológicos é assunto que confunde a maioria das pessoas que, des-conhecendo a lei, acham que os objetos encontrados são propriedade delas. Manoel Vieira diz que o Instituto está investigando pessoas que têm o hábito de recolher peças arqueológicas e guardar em casa. “Nós temos conhecimento de pessoas que têm essas coleções e já estamos solicitando que apresentem suas peças, que são proriedade da União, para que a gente possa autorizar a posse desse material”, informa.

Manoel antecipa, também, que no caso de algum colecionador não cumprir

essa determinação, poderá ser acionada a Policia Federal para intervir no caso.

Quem encontrar qualquer artefato que julgue ser de interesse arqueológico deve entrar em contato com o Iphan pelo email: [email protected], ou pelo tele-fone (22) 2643-2869.

A r q u e o l o g i a

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NGELABarrosoA

[email protected]

Novos estabelecimentos e points estão despontando no balneário. Na foto os amigos Mario Fonseca, Eduardo Bellizi e Eduardo Sidi, sócios em Búzios, do recém inaugurado restaurante carioca Quadrucci, em Manguinhos.

Sionara Lopes Oliveira ladea-da pelos amigos, Emerson Coro-na, Edilson Alves, Tom Nascimen-to, o produtor cultural Gil Castelo Branco e Armando Ehrenfreund. Todos no Zuza Restaurante, em noite de muito frio aquecida por um bom vinho.

Sandra, aconchegada ao marido Marcos Sodré. Casal afinado, no trabalho e na vida.

Leo Grubel fazendo um mimo na sua amada Viviane Fertonani. A chegada do baby é esperada para janeiro.

Os amigos, Matthew Marshall e Richard Mckenna brindando à vida, brindando as belezas naturais de Bú zios.

Sérgio Rébora, presidente da Associação de Hotéis de Búzios em conversa com Astrid Eileirt, ge-rente de produto para a América Latina, e outros destinos da “Tui Holland”, 1ª Empresa Mundial de Turismo.

Sonia Persiani, inteligente, culta, excelente empresária e chef de cuisine nota mil. Cassandra James, amiga e freqüentadora assídua do Cigalon, restaurante tão bem regido pela Soninha.

Marcos “ Sawasdee” Sodré, o anfi trião do 13º Congresso da Asso-ciação dos Restaurantes da Boa Lem-brança e Thomas Troigros, fi lho de outro famoso chef de cuisine Claude Troigros, no coquetel de abertura do evento, no Hotel Atlântico.

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1 - Quais as principais funções do Instituto Estadual de Florestas (IEF)?

O IEF é o órgão responsável pela polí-tica fl orestal do estado do Rio de Janeiro. Isso inclui o fomento e o controle das fl orestas plantadas, a fi scalização fl orestal (desmatamentos, queimadas, ocupações irregulares com destruição de vegetação nativa) e, ainda, a emissão de Autorizações para Supressão de Vegetação – ASV nos processos de licenciamento ambiental. Supletivamente ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), o IEF também fi s-caliza, na medida de suas possibilidades, delitos relacionados à fauna e à pesca predatória. Além disso, o órgão administra 14 unidades de conservação de proteção integral (parques, reservas biológicas e es-tações ecológicas) e 13 de uso sustentável (áreas de proteção ambiental).

2 - Como isto funciona na prática? A espinha dorsal é o chamado Sistema

DOF – Documento de Origem Florestal. O sistema já está implantado no IEF e temos alguns servidores devidamente treinados, mas a demanda é muito alta e precisamos de mais pessoas para isto. Além disso, é ne-cessário promovermos um amplo recadas-tramento no estado, devido à precariedade do atual cadastro, e depois partir para as operações de campo, na estrada, em par-ceria com as polícias rodoviárias, federal e estadual. Finalmente, faremos em breve uma parceria com a Secretaria de Estado de Fazenda para que esta cubra a parte contábil do processo, coibindo fraudes e evitando perda de receita de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços). Desta forma o ciclo de controle estará completamente fechado.

3- Qual a punição para quem desrespeitar? Apreensão da carga e do veículo, en-

quadramento na Lei Estadual de Infrações Administrativas Ambientais e, conforme o caso, na legislação penal cabível, como por exemplo no caso em que a polícia rodoviária pegou um caminhoneiro com uma guia falsifi cada.

4 - Quais os principais alvos na Região dos Lagos?

Um problema recente é a coleta indis-criminada de sementes de aroeira nas áreas de restinga para exportação.

5- A operação na Agrisa há cerca de quatro semanas já é resultado desta mudança?

Não. A operação que levou à autuação da Agrisa foi uma das varreduras de rotina que fazemos aleatoriamente em todos os pontos de estado. Em operações como estas, nós identifi camos e reprimimos toda a espécie de delitos na área fl orestal, como desmatamentos, extração ilegal de palmito, captura de animais para tráfi co e a caça: O IEF apreende sozinho, a cada ano, entre 50 e 100 armas de fogo em todas as regiões do estado, e temos consciência de que o problema é ainda muito maior. No caso da Agrisa, ela foi autuada por não possuir licença de operação e pela guarda e depó-sito de produto de origem fl orestal sem a devida autorização. O valor defi nitivo das multas deverá ser defi nido pela Comissão Estadual de Controle Ambiental (CECA).

6 - Como está a criação do Parque da Costa do Sol?

Continua em estudos por nossos téc-nicos, mas há um consenso interno de que não seria viável, do ponto de vista adminis-trativo, termos um único parque composto por vinte e sete setores diferentes, alguns bastante distantes entre si. Assim, nossas atenções estão voltadas para aqueles que consideramos os mais vulneráveis, que são os localizados na restinga de Massambaba, sem falar que ali se encontram diversas

espécies altamente ameaçadas. Aliás, as restingas, de uma maneira geral, podem ser consideradas como o ecossistema mais ameaçado da mata atlântica fl uminense, de-vido à pressão pela ocupação do que ainda resta desabitado de nosso litoral.

7 - Como o IEF vê a atuação das APAs de Massambaba e do Pau-Brasil. O que muda a partir da nova administração que passa a ser responsabilidade do IEF e não mais da Feema (Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente)?

Embora a nossa capacidade de atuação na região ainda seja precária, alguns avan-ços podem ser contabilizados, e um deles é que pela primeira vez as APA estaduais contam com um administrador nomeado e com uma estrutura mínima (sede, veículo e alguns servidores), como é o caso da APA de Massambaba. E a diretora de Conserva-ção da Natureza do IEF, Alba Simon, está concluindo um projeto de reforço operacio-nal de nossas APA para ser apresentado ao Fundo Estadual de Conservação Ambiental – Fecam, o que deixará todas em igual situação – e isso é inédito.

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Pela primeira vez as APAs estaduais contam com um administrador nomeado e uma estrutura mínima

10 PERGUNTAS

Andre IlhaPresidente do IEF/RJ

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23CIDADE, Outubro de 2008

8 - Qual é a maior difi culdade dos órgãos ambientais para combater os crimes?

É exatamente a falta de pessoal, dada a enormidade da tarefa e que é agravada, no caso da administração estadual, por anos e anos de esvaziamento e sucateamento. Porém, embora às vezes a sensação ainda seja a de “enxugar gelo”, passos colossais e estruturantes já foram dados nos quase dois anos da atual administração para que este quadro seja revertido. Vejamos: já com vistas ao futuro Instituto Estadual do Ambiente (INEA), que resultará da fusão do IEF com a Feema e a Serla (Fundação Superintendência Estadual de Rio e Lago-as), tivemos o primeiro concurso público na área ambiental do estado, para 210 profi ssionais de nível médio e superior que se dividirão entre sede, agências regionais e unidades de conservação espalhadas por todo o estado. Outro passo decisivo foi a criação do Serviço de Guardas-Parques do Estado do Rio de Janeiro, uma iniciativa pioneira em todo o Brasil que colocará 200 homens dos dois Grupamentos de Socorro Florestal e Meio Ambiente do Corpo de

Bombeiros fi scalizando nossos parques e reservas e seus entornos imediatos. A iniciativa é tão promissora que o ministro Carlos Minc já a levou para ser aplicada no plano federal.

Por fi m, a unifi cação da fi scalização ambiental que ocorrerá com o futuro Instituto Estadual do Ambiente (INEA), aliada à descentralização proporcionada por suas agências regionais, permitirá uma capacidade de resposta muito mais rápida e efi caz de nossa parte.

9 - Em 2009 vai ser implantado o Instituto Estadual do Ambiente absorvendo o IEF, Feema e Serla. O que muda com este novo órgão?

Como eu disse antes, a união das três estruturas de fi scalização trará muito mais efi ciência, pois em uma única vistoria todas as possíveis infrações e delitos ambientais serão vistos de uma só vez. Outro ponto fundamental é a unifi cação do processo de licenciamento ambiental, pois em um único processo teremos, quando for o caso, a outorga para captação de água, que hoje é feita pela Serla; a autorização para su-pressão de vegetação, hoje a cargo do IEF; e o licenciamento propriamente dito, que é de responsabilidade da Feema. Ganha o requerente, que tem que se dirigir a um único guichê, ao invés de três, e ganha o meio ambiente com um procedimento in-tegrado, onde todos os aspectos relevantes sejam analisados simultaneamente.

Outros aspectos relevantes são a unifi -cação das estruturas administrativas, com redução de custos e ganhos de efi ciência; e a descentralização dos pequenos e médios processos de licenciamento, e da fi scalização ambiental, para as 10 agências regionais do futuro órgão.

10 - Cabo Frio vai contar com uma agência regional? Muda, em algum sentido, a atuação da Feema e da Serla?

A futura agência regional do INEA deverá estar situada em Araruama, de acordo com os estudos realizados para a implantação do instituto. A partir da cria-ção do INEA não há mais sentido em se falar em IEF, Feema e Serla. Os três órgãos não vão apenas coabitar sob o mesmo teto, mas, sim, fundir seus processos e sistemas para se obter ganhos de efi ciência. Esse não será um empreendimento simples, dada a diversidade e complexidade das tarefas hoje desempenhadas por cada órgão, e é claro que levará algum tempo até que todo o processo de fusão esteja plenamente consolidado.

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epois da descoberta dos megacam-pos de Tupi e Júpiter anunciados pela Petrobras, as atenções agora se voltam para o pré-sal, uma camada

com cerca de 800 Km de extensão e 200 km de largura que vai desde o litoral do Espírito Santo até Santa Catarina.

Várias instituições no Estado do Rio de Janeiro se propuseram a discutir o assunto e defender sua participação nos dividendos destas riquezas. A ALERJ (Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) abordou o tema durante um debate do Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Estado do Rio de Janeiro Jornalista Roberto Marinho.

Autoridades de todas as esferas se uni-ram no plenário Barbosa Lima Sobrinho para tratar dos aspectos políticos, econô-micos e tecnológicos que envolvem o pré-sal. A abertura do debate foi feita pelo governador Sérgio Cabral (PMDB) que re-alçou a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na condução do processo de exploração de petróleo da camada pré-sal e da distribuição de seus benefícios.

SEGURA, PEÃO!Classificando o pré-sal como “uma

nova riqueza”, o governador Sérgio Cabral pediu respeito aos Estados produtores. “O Rio de Janeiro representa a síntese do Brasil. Não vejamos este tema como uma ameaça ao Rio de Janeiro, mas como a possibilidade de acrescentarmos positi-vamente ao debate nacional sobre ele”, argumentou ele reafi rmando o que já havia assegurado para CIDADE na matéria “No passarás”, edição de Junho de 2008.

“A discussão está começando pelo fi m”

O senador Francisco Dornelles (PP-RJ) afi rmou que “a discussão do pré-sal está começando pelo fi m” e que será necessário um investimento em torno dos US$ 600 bilhões para a exploração das reservas da camada pré-sal e que, portanto, é mais sensato ver como se obteram esses recursos antes de discutir a distribuição da receita.

Segundo Dornelles, em 1997 o Brasil produzia 900 mil barris, 10 anos depois a produção subiu para 1,8 milhões. “Não é possível estender o direito”, afi rmou o senador sobre a redistribuição tão sonha-da por algumas autoridades do Senado Federal.

Sobre os projetos que estão tramitando em Brasília, Dornelles foi categórico. “Os projetos são demagógicos e sem a menor base. Nós não concordamos com qualquer mudança na legislação que prejudique o Estado do Rio de Janeiro”, assegurou o senador.

Outro que é contrário aos projetos citados por Dornelles é o presidente da Comissão de Minas e Energia da ALERJ e da Frente Parlamentar em Defesa dos Royalties do Rio de Janeiro, deputado Glauco Lopes (PSDB). “Tenta-se a redis-tribuição dos royalties que pertencem a nós por direito, temos que punir sim os maus gestores e não o Estado do Rio. Com as eleições de 05 de outubro chega a hora de avaliar quem usou bem ou não o dinheiro dos royalties”, afi rmou ele.

R$ 8,7 bilhões para municípios em 2008

O Rio de Janeiro é o maior produtor de petróleo do País. Segundo Francisco Dourado, do Serviço Geológico do Estado, o Estado do Rio possui 89% das reservas marítimas de petróleo do Brasil, só em 2007 o Rio produziu quase 82% do petró-leo brasileiro.

GOVERNADOR SÉRGIO CABRAL FILHO O Rio de Janeiro representa a síntese do Brasil

SENADOR FRANCISCO DORNELLES Não é possível estender o direito

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Dourado afi rma ainda que a arrecada-ção de royalties e participação especial em 2008 para o Estado e seus municípios deverá aumentar cerca de 30%. Em 2007 foi de R$ 6,8 bilhões e em 2008 estão previstos mais de R$ 8,7 bilhões.

Em meio a toda esta discussão, as ex-portações do Estado do Rio bateram novo

recorde. Em agosto alcançaram US$ 2,3 bilhões, crescimento de 75% se comparado ao mesmo período do ano passado. O de-sempenho, segundo o Governo do Estado, deve-se às exportações de petróleo e gás natural, que alcançaram US$ 1,89 bilhão, crescimento de 133% frente ao mesmo mês de 2007.

DEPUTADO GLAUCO LOPES Temos que punir sim os maus gestores e não o Estado do Rio

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LERJ

Gráfi co da Petrobras mostra representação do tamanho das novas reservas

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Esperança na rodovia da morte

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udson não sofreu nenhum ferimen-to. Muitos motoristas, no entanto, não têm a mesma sorte. Somente no ano passado, 197 pessoas per-deram a vida nos 320 quilômetros

da BR-101 entre a Ponte Rio-Niterói e a divisa com o Espírito Santo, trecho cheio de perigos e com um fl uxo diário de 70 mil veículos, cuja administração passou às mãos da Autopista Fluminense no dia 14 de fevereiro deste ano.

Conhecida como “Rodovia da Morte”, a BR-101 se tornou a principal artéria rodoviária entre o Norte e o Sul do Brasil, sem à qual a pujança econômica por que o país atravessa não andaria no mesmo ritmo. A questão é que o fl uxo de veículos que por ali passa aumenta 3% a cada ano. Se a viagem, há uma década era tranqüila, hoje é um teste para quem tem nervos de aço. Apenas o trecho entre Niterói e Rio Bonito tem pista dupla. No restante do trajeto, o

BR101Trecho duplicado em Rio Bonito/RJ

O relógio marca 11h20, quando um movimento diferente chama a atenção de quem trafega pela BR-101. É terça-feira, cai uma chuva fi na. Em frente ao Rodoporto Oásis, Hudson Fraga Bastos Filho lamenta, sentado no meio-fi o. Muito nervoso, fuma um cigarro. Minutos antes, ele havia perdido o controle do caminhão que dirigia e descera aproximadamente 30 metros numa ribanceira. “De repente, ouvi um estouro. Tentei frear, não consegui, acabei descendo. Mas graças a Deus não aconteceu nada”, relata o caminhoneiro de 23 anos, acostumado a cruzar a estrada entre o Rio de Janeiro e Viana (ES) duas vezes por semana — segundo ele, sem nunca ter sofrido nenhum acidente.

Gustavo AraújoFotos Cezar Fernandes

CAPA

H

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30 CIDADE, Outubro de 2008

trânsito segue em mão dupla, sendo que em alguns pontos a grande quantidade de curvas difi culta a ultrapassagem. Em horá-rios de maior movimento, como no fi nal da tarde, a viagem se transforma numa tediosa romaria em baixa velocidade. É justamente nestes trechos que a impaciência de alguns acaba sendo punida com a perda da vida. Tem sido assim entre Ibitioca e Serrinha (no município de Campos) e entre o trevo de Macaé e Casimiro de Abreu, por exemplo. Juntando o aumento da frota à imprudência de alguns e à infra-estrutura acanhada, dá para se ter noção do enorme abacaxi que a Autopista Fluminense - concessionária do grupo espanhol OHL, vencedor da licitação promovida pela Agência Nacional de Trans-portes Terrestres (ANTT) - terá de descascar nos próximos 25 anos, tempo de duração do contrato de manutenção da estrada.

InvestimentosPara fazer frente a um problema destas

proporções, os investimentos não serão nada modestos: R$ 2,3 bilhões. Os primei-ros seis meses, de acordo com o Programa

HUDSON FRAGA BASTOS FILHO Tentei frear, não consegui, acabei descendo

de Exploração Rodoviária (PER) defi nido pela ANTT, a Autopista Fluminense de-dicou às chamadas obras emergenciais, como retirada de mato do acostamento, construção de muretas centrais, sinalização horizontal e vertical, operação tapa-buraco, troca de defensas metálicas (mais conheci-dos como guard rails) e recuperação dos guarda-corpos nos viadutos, a um custo aproximado de R$ 96 milhões. O objetivo era eliminar problemas emergenciais que implicassem em riscos pessoais e materiais iminentes, provendo a estrada dos requisi-tos mínimos de segurança e conforto aos usuários. “A idéia era fazer uma operação de guerra”, explica o diretor superinten-dente da concessionária, Flávio Medrano de Almada, um engenheiro cuja história de vida tem uma profunda ligação com as estradas (veja box em anexo).

Por estas melhorias, e pelas muitas outras que são uma obrigação contratual, o motorista terá, é claro, que pagar. Ao longo do trecho da concessão, começaram a ser instaladas cinco praças de pedágio, cuja operação deve ter início em dezembro:

Km 40 (Conselheiro Josino - Campos), Km 123 (Serrinha - Campos), Km 192 (Boa Esperança - Casimiro de Abreu), Km 252 (Entrada de Mato Alto - Rio Bonito) e Km 299 (São Gonçalo - unilateral no sentido Rio de Janeiro). Em cada um destes postos, o motorista terá de desembolsar R$ 2,25. Quem seguir do Espírito Santo até o Rio, por exemplo, terá uma despesa extra de R$ 11,25.

Apesar de mexer com o bolso, pouca gente discorda da cobrança. “Vou pagar pedágio, mas vou ter uma pista segura”, acredita Celso da Silva Jorge, eletricista que há 19 anos socorre motoristas em difi -culdade na BR-101. Com a experiência de quem conhece o asfalto como poucos, ele acha que a situação já melhorou muito de-pois da realização das obras emergenciais, concluídas pela Autopista Fluminense no mês de agosto. “Não tinha placa na pista, agora tem. E diminuiu o número de roubos. Porque, do jeito que estava, até fazer uma ultrapassagem estava perigoso”, observa o eletricista, que já perdeu vários amigos em acidentes na rodovia.

CAPA

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Trânsito pesado onde ainda não existe duplicação

Socorro na pistaDesde 15 de agosto, mesmo sem co-

brar pedágio, a Autopista também está oferecendo socorro médico, atendimento mecânico, telefone 0800 para solicitar atendimento ou falar com a ouvidoria da empresa, viaturas para combate a incêndio, caminhões para resgate de animais na pista e viaturas de inspeção de tráfego circulando 24 horas por dia para verifi car as condições da rodovia. Este serviço de apoio mobiliza 187 funcionários (incluindo 28 médicos, 16 enfermeiros e 75 resgatistas), divididos entre sete bases operacionais instaladas em pontos estratégicos, que possibilitam o socorro a qualquer motorista em até cinco minutos. Este pequeno exército atua com 11 ambulâncias (sendo quatro UTIs móveis), oito guinchos, sete viaturas de inspeção, um carro para resgate de animais e um caminhão de combate a incêndio.

Estas medidas já trouxeram melhorias visíveis, mas foram apenas o primeiro passo. As grandes intervenções na BR-101, que realmente tornarão o trânsito mais seguro e trarão conforto a quem trafega

pela rodovia, terão início neste mês de outubro. Num prazo de cinco anos, a con-cessionária investirá R$ 1 bilhão em dois grandes focos. O primeiro será o completo recapeamento de cada metro da estrada. Além da substituição do asfalto, os trechos onde acontece maior acúmulo de água sob a pista ganharão reforço estrutural. Isso evitará problemas futuros, pois o excesso de água provoca o surgimento de buracos. O segundo foco será a sinalização, cujas principais ações serão a instalação de mu-retas centrais e de painéis eletrônicos em fi bra ótica. Em março de 2009, terá início outra importante intervenção: a duplicação no trecho entre Rio Bonito e Rio Dourado, com prazo de conclusão de três anos.

Outros compromissos assumidos pela Autopista Fluminense são a implantação de 17 passarelas, reforma de quatro postos da Polícia Rodoviária Federal, reforma de um posto fi xo de pesagem, implantação de seis bases de pesagem móvel, duas estações meteorológicas e um telefone de emergência a cada quilômetro até o fi nal do terceiro ano de concessão, construção

do contorno de Campos e instalação do Sistema de Circuito Fechado de TV, que terá 107 câmeras, monitorando em tempo real de quem entra e sai da estrada, cujas imagens também serão captadas pela Polícia Militar e pela Polícia Rodoviária Federal. Além de ajudar motoristas em difi culdades mecânicas ou vítimas de aci-dentes, o sistema de monitoramento por câmeras deve pôr fi m a um problema que vem aterrorizando os usuários da rodovia: os assaltos e falsas blitzes realizadas por bandidos, que recentemente fi zeram cinco vítimas no trevo de acesso a Quissamã.

Neiva Rangel confi a em dias melhores na BR-101, mas lamenta que as melhorias não tenham sido feitas há mais tempo. Há um ano e três meses, ela perdeu um fi lho na estrada. Maycon da Silva Rangel retornava do Rio, depois de ter rebocado um veículo, quando, no começo da madrugada, bateu de frente com um caminhão carregado com 16 toneladas de ovos. Aos 22 anos, vítima de politraumatismo, Maycon entrou para a estatística mais triste da rodovia. “A pista já deveria ter sido privatizada há

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Não é nenhum exagero dizer que a segu-rança nas estradas se tornou uma missão de vida para o engenheiro Flávio Medrano de Almada. Em 1986, quando se preparava para assumir a gerência de uma multinacional na Europa, ele teve seus planos interrompidos por uma tragédia familiar: sua esposa e sua sogra morreram num acidente de trânsito quando trafegavam na divisa de São Paulo com Minas Gerais. Com três fi lhos peque-nos, de 11, 9 e 6 anos de idade, precisou fi car no Brasil. “Mudou completamente minha vida, tive que ser pai e mãe”, recorda.

Deste drama, Flávio refez sua trajetória

Uma missão de vida

muito tempo, e já deveria estar duplicada”, comenta Neiva, que guardou muitas fotos do fi lho, uma saudade que o tempo não fez diminuir e o medo de atravessar a estrada — rotina que é obrigada a repetir diaria-mente quando vai para o trabalho e retorna à casa no fi nal da tarde, em Casimiro de Abreu. “Todos os dias, atravesso a BR-101, e é um horror”, desabafa.

Duplicação jáSe a privatização da BR-101 era neces-

sária, parece não haver dúvidas. “Isso não se discute, porque o Estado é incompetente para manter as rodovias”, opina o presi-dente da representação Norte Fluminense da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Geraldo Hayen Coutinho. No meio político e empresarial, a preocupação é outra: que a duplicação da estrada até Campos seja agilizada. Pelo contrato elaborado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a obra terá de ser feita pela Autopista Fluminense, mas não com a urgência desejada. Até o terceiro ano de contrato, a única obrigação da concessionária será duplicar a rodovia até Rio Dourado. Outra obra considerada prioritária pela ANTT é a construção do anel viário de Campos, que teria 24 quilô-metros de extensão. A idéia das lideranças regionais é que haja uma inversão de prioridades: primeiro sairia a duplicação, e depois o anel viário.

“O trânsito tende a aumentar com o

desenvolvimento do país, e a BR-101 é a rodovia que liga o Norte ao Sul do Brasil. A solução é a duplicação o mais depressa possível”, defende o prefeito de Carapebus, Rubem Vicente, que recentemente parti-cipou de uma audiência pública no Rio de Janeiro que discutiu os investimentos anunciados pela Autopista Fluminense. Rubem Vicente pondera que o Norte Fluminense está recebendo investimentos de grande porte, como o Porto do Açu, o Complexo Logístico da Barra do Furado e a ampliação das atividades da Petrobras em Macaé, e que o refl exo natural será um aumento ainda maior no volume de tráfego na estrada.

Sérgio Mansur, gerente de Infra-estru-tura de Campos, concorda com a inversão no cronograma das obras. Em sua opinião, a duplicação da BR-101 a curto prazo será mais importante do que o anel viário, pois contribuirá para diminuir o grande número de acidentes que acontecem entre Campos e Macaé, um dos trechos mais perigosos da rodovia, trajeto obrigatório de milhares de pessoas que se deslocam diariamente a trabalho entre as duas maiores cidades da região. Na avaliação de Mansur, o anel vi-ário deve mesmo ser colocado em segundo plano. Um dos motivos é que a prefeitura e o governo do estado acabam de construir duas pontes sobre o Rio Paraíba do Sul, o que facilitará o escoamento do tráfego pesado em Campos. O outro motivo é que, com a construção do Porto do Açu no

vizinho município de São João da Barra, o desenvolvimento industrial caminhará em direção ao litoral — justamente no lado oposto ao planejado pela ANTT para a construção do anel. Seria o caso, portanto, de rever todo o projeto e, se for o caso, planejar um novo traçado.

NEIVA RANGEL com a foto do fi lho Maycon, morto na estrada há um ano e três meses Todos os dias atravesso a BR-101, e é um horror

FLÁVIO MEDRANO DE ALMADADiretor Superintendente da Autopista Fluminense

CAPA

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Com o objetivo de levar esta reivindica-ção às autoridades federais, foi lançado no dia 13 de agosto, na Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Campos, o movimento “Duplicação Já”. Neste dia, começou a ser formado um abaixo-assinado, que será entregue ao diretor geral da ANTT,

Bernardo Figueiredo. O próprio Flávio Almada, da Autopista Fluminense, esteve presente ao lançamento do movimento, como convidado, e disse concordar com a posição das lideranças regionais em favor da duplicação. Nas próximas semanas, este movimento deve se intensifi car. “Será

Resgate já opera na pista

profi ssional. Especializou-se em manu-tenção de rodovias e, nos últimos 15 anos, escreveu um currículo invejável, que inclui a presidência das concessionárias Ponte S.A., Via Lagos e Nova Dutra, uma pas-sagem pelo Equador e uma participação na direção da Associação Brasileira de Con-cessionárias de Rodovias (ABCR). Aos 57 anos, em seu segundo casamento e com os fi lhos já adultos, cabe a ele o desafi o de tornar mais segura a viagem pela BR-101 no norte do estado do Rio de Janeiro.

Problemas não faltarão. Além do tráfe-go que não pára de crescer, uma questão causa uma preocupação especial: em vários trechos, a estrada se tornou avenida. Em Campos, Casimiro de Abreu, Itaboraí e São Gonçalo, a população utiliza a rodovia federal como ligação entre bairros. Virou rotina usar a BR-101 para ir à padaria, vi-

sitar um parente ou transportar tijolos entre a loja de materiais de construção e a casa que se está construindo a dois quarteirões de distância. Em geral, são motoristas e pedestres que seguem em ritmo muito diferente de quem está viajando de Norte a Sul do país e acha normal dirigir a uma ve-locidade de 110 Km/h. O resultado aparece nas estatísticas: das 197 mortes registradas no ano passado nos 320 quilômetros da concessão, 51% foram por atropelamento — o que dá uma vítima a cada três dias. É o fruto do crescimento desordenado das cidades durante décadas, por causa do descaso dos governos em relação ao planejamento urbano.

De acordo com o diretor superintenden-te da Autopista Fluminense, estão sendo estudadas diversas medidas para coibir este problema. Entre elas, destacam-se a

construção de canteiro central e a instala-ção de telas anti-ofuscantes nas laterais, impedindo que as pessoas atravessem a pista e sejam obrigadas a usar passarelas aéreas ou subterrâneas. Outras medidas em estudo são a melhoria da ilumina-ção nos trechos urbanos e a realização de campanhas educativas nas cidades em torno da rodovia para impedir que proprietários de cavalos e bois deixem seus animais soltos à beira da estrada — outra causa freqüente de acidentes. Mas acima de tudo, enfatiza Flávio Al-mada, as prefeituras têm de ser parceiras da concessionária, construindo avenidas laterais de baixa velocidade e impedindo o crescimento desordenado das cidades em direção às rodovias. “Este é um pro-blema de décadas, que os governantes de hoje precisam enfrentar”.

necessário que o governador Sérgio Ca-bral também entre na questão”, pondera o prefeito de Quissamã, Armando Carneiro, acreditando que uma forcinha vinda do Palácio Guanabara, por parte de quem anda com o prestígio em alta nas altas esferas de Brasília, será muito bem-vinda.

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SERGIO Goldberg, Henri Giscard d’Estaing, Janyck Daudet e Ricardo Amaral deram o ponta pé inicial ao Club Med Cabo Frio, durante coletiva à imprensa no dia 30 de outubro

afi rmação foi feita pelo presidente do Club Med na América Latina, Janyck Daudet. O empreendimento turístico que vem provocando deba-

tes, audiências públicas e embates ambien-tais — principalmente nas cidades de Cabo Frio e Armação dos Búzios — promete ser referencial de qualidade, depois de 58 anos de atuação do Club Med no mundo.

Durante sua visita ao Brasil, o presi-dente mundial do Club Med, Henri Giscard d´Estaing, conversou com Cidade e falou sobre os planos da empresa e a expectativa sobre o que será construído na Praia do Peró, em Cabo Frio.

A presença de Giscard no Brasil, porém, não trouxe muitas novidades em relação ao empreendimento. Durante um almoço/coletiva, o francês contou que o objetivo do Club Med é se especializar mundialmente em alta qualidade de even-tos culturais.

“Nossa ambição hoje é de ser o especialista mundial em férias de alta qualidade para a família. O lançamen-to do Club Med no Peró é uma etapa complementar na implementação desta estratégia. Queremos ser os melhores em tudo que fazemos”, assegurou Henri Giscard d´Estaing.

“Maratona de aprovações”“O empreendimento está em dia com

todas as licenças ambientais. Foi uma maratona de aprovações e hoje temos um projeto ambientalmente perfeito. Depois de várias audiências públicas fomos nos adaptando e enriquecendo o projeto a cada nova exigência dos órgãos municipais, estaduais e federais”, disse o empresário Ricardo Amaral, minimizando a ameaça dos ambientalistas, que prometem ir à justiça para tentar embargar o empreen-dimento.

Amaral, que junto a construtora Agen-co responde pela projeto Reserva Peró,

também fez questão de destacar que o Club Med já possui as licenças Prévia e de Instalação, que permitem o início da primeira etapa da obra.

Como o village será construído em uma APA (Área de Preservação Ambiental), Os empreendedores asseguram que tudo foi cuidadosamente planejado. Os 373 apar-tamentos serão construídos sobre palafi tas, três metros acima do piso natural com o intuito de gerar o menor impacto possível ao ambiente.

Reserva Peró O projeto Reserva Peró é o maior inves-

timento turístico que a cidade de Cabo Frio já recebeu. Para se ter uma idéia da gran-diosidade, o Club Med é apenas um dos empreendimentos previstos para instalção dentro do projeto, que está sendo desen-volvido pelo empresário Ricardo Amaral (conhecido como “Rei da Noite Carioca”, criador de bares e boates de sucesso no Rio de Janeiro, São Paulo, Nova York e Paris)

AGORA VAI“É como um fi lho que está nascendo de um parto difícil”

Publ

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Juliana Vieira

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T u r i s m o

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35CIDADE, Outubro de 2008

e pela construtora Agenco (a mesma que construiu os apartamentos utilizados pelos atletas durante os Jogos Pan-americanos no Rio de Janeiro).

A Reserva Peró deverá estar concluída em cinco anos com a promessa de ser, a partir de então, “o mais importante destino turístico do Brasil”. A área total chega a 4,5 milhões de metros, porém a ocupação, prometem seus idealizadores, será inferior a 7%.

Além do Club Med, a Reserva Peró será composta ainda por outros hotéis cinco estrelas que ainda não foram defi nidos, residências de dois pavimentos, campo de golfe de 18 buracos, centro hípico e esportivo, comércio, circuito gastronômico e hortos.

“As cidades de Cabo Frio e Búzios terão oportunidade de ter um projeto que mudará o metabolismo de todo Estado. Estamos no caminho certo”, disse Sérgio Goldeberg.

Por que o Peró? Janyck Daudet tem na ponta da lín-

gua a resposta quando indagado sobre a escolha do local. Segundo ele, o Peró foi escolhido “pelas paisagens maravilhosas e condições climáticas favoráveis”. Como

se não bastasse este presente dos Deuses, a localização estratégica de duas cidades de alto potencial turístico também somou pontos para a escolha do local.

“O aeroporto eleva Cabo Frio à catego-ria de grande destino turístico internacional e sua construção foi um dos fatores que contribuíram para a decisão do Club Med de construir no Peró seu quatro village no Brasil”, afi rmou.

Particularidades O empreendimento será o quarto

village do Club Med no Brasil. Um total de R$ 95 milhões serão investidos até a inauguração no primeiro semestre de 2010. Com uma área de 40 hectares (cerca de 400 mil metros quadrados) e uma praia de quatro quilômetros de extensão chegando a ser maior que a de Copacabana, o village será erguido no Peró com a promessa de preservar o meio ambiente e as espécies nativas.

A expectativa dos diretores do Club Med é de atrair um grande número de turistas para a o Peró. “Com certeza o destino Cabo Frio vai se internacionalizar ainda mais. Quatro milhões de famílias são candidatas a vir para o Club Med e o Brasil tem capacidade de trazer turistas do mundo inteiro, em especial da Europa”, aposta Janyck.

Empregabilidade Assim como o Superclubs Breezes

Costa do Sauípe, destino turístico nobre da Bahia, que emprega 60% de mão de obra local, o Club Med promete seguir o mesmo caminho. Os empreendedores anunciam a implantação de um programa de capacitação para a mão de obra local, tanto para a construção quanto para a ope-ração do hotel.

“Hoje em dia todos os Clubs Meds usam mão de obra local. Mais ou menos 400 pessoas de Cabo Frio vão ser treinadas e trabalharão com a gente”, garantiu o pre-sidente do Club Med na América Latina.

De acordo com o material ofi cial de divulgação, as obras devem gerar 2.000 empregos diretos na fase de construção e 600 vagas para mão de obra especializada em hotelaria.

“Revolução Silenciosa” “O presidente do Club Med teve o bom

gosto de ter escolhido uma área virgem da nossa Região dos Lagos, que é uma

REPRESENTAÇÃO gráfi ca de como será o Club Med Cabo Frio

região onde, hoje, acontece uma verdadeira revolução silenciosa. Isto está combinado ao primeiro aeroporto privado do Rio de Janeiro, de grande resultado, que é o ae-roporto de Cabo Frio. O aeroporto cresce dia a dia e com serviços de carga também”, disse o governador Sérgio Cabral durante o coquetel de lançamento do projeto no Palácio Laranjeiras.

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Mariana Ricci

O principal nome da dança clássica brasileira, a bailarina Ana Botafogo encantou os presentes no Ginásio Poliesportivo Aracy Machado durante a quarta edição do Festival Internacional de Dança de Cabo Frio, que aconteceu nos dias 4 a 7 de setembro. A bailarina se apresentou no primeiro dia do festival, representando a coreografi a “A Viúva Alegre” (The Merry Widow) acompanhada pelo bailarino Marcelo Misailidis e pelo corpo de baile da Cia. Brasileira de Ballet do Rio de Janeiro.

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Prêmio Jabuti 2008 é concedido a ex-editor da revista CidadeLançado postumamente no dia 17 de dezembro de 2007, cinco meses após a morte do autor, Rubem Braga – Um fazendeiro do ar (Editora Globo, 2007, 610 páginas), do jornalista e escritor Marco Antônio de Carvalho, acaba de receber o Prêmio Ja-buti 2008 na categoria Melhor Biografi a. Na ocasião de seu lançamento o livro foi incensado pela crítica como biografi a defi nitiva e agora re-cebe o maior e mais prestigiado prêmio literário brasileiro, concedido há cinqüenta anos pela

CBL – Câmara Brasileira do Livro. Resultado de dez anos de trabalho que contabilizou 267 entrevistas durante a sua preparação, Rubem Braga – Um fa-zendeiro do ar começa na Itália em 1944-45, para onde o exímio cronista seguira aos 32 anos como correspondente de guerra, especialmente para co-brir a campanha da FEB na guerra contra o horror nazista. Neste contexto, espocam surpreendentes

revelações sobre as manobras de Getúlio Vargas no Palácio do Catete, que enviara tropas para acabar com a ditadura de Hitler, mas não intentava nem um pouco em acabar com a própria ditadura que instalara no Brasil. Há no livro passagens hilariantes que demonstram a fi rmeza de caráter de Rubem Braga, como a que se refere ao almoço em Florença, oferecido pelo General Cordeiro de Farias aos correspondentes, quando este discursou sobre a impor-tância da luta contra as ditaduras de Hitler e Mussolini, e Rubem o interpelou: “General, muito me admira o senhor falar em democracia, quando mandou me prender e me deportar”. O saudoso Marco Antônio de Carvalho teve em sua trajetória uma marcante passagem por Cabo Frio, quando foi editor da revista Cidade. Ganhar o Jabuti representa dar à obra vencedora o reco-nhecimento da comunidade intelectual brasileira, signifi cando ser admitido em uma seleção de notáveis da literatura nacional.

Inquieta, constestadora, ativista, Maria do Rosário Mureb, a Zarinho, vem mar-cando presença em Cabo Frio desde garota com suas posições inovadoras e muita criatividade. Sua primeira inven-ção a Banda Analfabeatles é sucesso até hoje. Agora, Zarinho reliza “o sonho de sua vida”, como declara. Montou uma banda apenas com mulheres per-cussionistas. As Mulheres que Batem. Sucesso antes mesmo de se apresentar em qualquer lugar. Zarinho explica: “Tudo que eu ponho a mão dá certo”, diz sem falsa modéstia. Com mais de 40 mulheres, a procura é grande para participar. São tantas as interessadas, que já é necessário fazer seleção. “Agora precisamos de alguém que bata o sur-do”, avisa Zarinho.

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á está em pleno funcionamento a nova Central de Atendimento dos Correios – CAC. São três diferentes números

que a população dispõe para solicitar serviços, obter informações, fazer críticas e dar sugestões. A nova central está equi-pada com aparelhos de última geração e 300 PAs - posições de atendimento, todas operadas por empregados dos Correios, garantindo mais qualidade e rapidez nos atendimentos.

O número 3003 0100 pode ser uti-lizado para solicitar serviços, pedir informações a partir de capital, região metropolitana ou cidade-sede de DDD. A tarifa é compartilhada e tem o custo de ligação local. Para as demais localidades, tais serviços são acessados pelo 0800 725 7282, gratuitamente. O telefone 0800 725 0100 é o número exclusivo para registrar sugestão, elogio ou reclamação. Ele pode

ser acessado de qualquer lugar do Bra-sil e a ligação é totalmente gratuita. A CAC funciona de segunda a domingo, inclusive feriados, das 8 às 22h, e tem capacidade de atender até 30 mil liga-ções por dia.

Os atendimentos da nova CAC oferecem ao cliente a opção de enviar telegramas, solicitar Disque Coleta, fazer busca de CEP e obter diversas informa-ções sobre produtos e serviços.

Na fase de contratação de pessoal e instalação da nova central, os atendi-mentos aos clientes dos Correios vinham sendo prestados de forma regional, por meio de núcleos instalados em todos os estados. A NEC do Brasil S.A foi a empresa vencedora da licitação para oferecer soluções de contact center. Já a Embratel é a responsável pelos serviços de telefonia.

Correios tem nova Central de Atendimento

Espaço Cultural e Ambiental Érico Veríssimo (ECAEV), criado e patrocinado pelo empresário e

ambientalista Ernesto Galiotto, come-morou a Semana da Árvore com três dias de palestras e apresentações em sua sede, em Tamoios, segundo distrito de Cabo Frio.

Mas, o ponto forte das comemora-ções foi a realização de uma caminhada pelo Parque da Preguiça, no dia 26 de setembro. Convidados, imprensa, am-bientalistas e alunos da rede pública municipal percorreram algumas trilhas e puderam apreciar a exuberância da fl ora e a riqueza da fauna. Durante o passeio os participantes puderam até mesmo encontrar o famoso Mico Leão Dourado. Ameaçado de extinção, mostrou-se tranquilo e feliz vivendo dentro do Parque.

Com 1.374.000 metros quadra-dos, o Parque da Preguiça deverá ser ampliado em mais 200 hetc-tares, segundo informa Galiotto, proprietário da área. “Quem ganha com isso somos todos nós, princi-palmente a população de Tamoios que passará ter um dos maiores e melhores parques do estado do Rio de Janeiro”, afi rma.

Passeio no Parque

Mico Leão Dourado recepcionou os participantes da caminhada no Parque da Preguiça

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OFotos: Divulgação

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Localizada em área onde originalmente existia um campo de Dunas, a construção que em breve abrigará o Super Club Breezes, em Búzios, segue em rítmo acelerado, apesar do vai e vem de embargos e liberações judiciais

SUSTENTABILIDADEeis a questão

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Terraplanagem no campo de Dunas, autorizada pela FEEMA em 1987, possibilitou a emissão de laudos futuros dando a área como degradada

Niete Martinez

Artigo 225 da Constituição Federal diz que todos têm direito ao Meio Ambiente e assegura a criação de áreas a serem protegidas. Dentro

da Lei, estão defi nidas como sendo Áreas de Proteção Permanente (APP) as Dunas e Restingas. Esses conceitos estão expressas na Lei Federal 4.771/65 - Código Florestal, Resolução Conama 303/02, e pelos Artigos 268, da Constituição Estadual (RJ) e 242, da Lei Orgânica do município de Búzios.

E agora? No canteiro de obras do Su-perClub Breezes, os blocos de concreto amontoando-se ligeiros sobre o antigo campo de Dunas e a movimentação dos trabalhadores, não parecem levar essa sopa de leis muito a sério.

Fato praticamente consumado, o em-preendimento tem uma longa história de coerência e estratégia para contar.

No princípio, era um loteamento chamado Nova Geribá

Nele, condomínios, hotéis, villages, lo-tes residenciais. Qualquer semelhança com o projeto atualmente em implantação não terá sido mera coincidência. Era o ano de 1986, quando o proprietário do terreno na época, Carlos César de Oliveira Sampaio, solicitou o desmembramento da área com vistas à implantação de loteamento deno-minado Nova Geribá, na praia das Emerên-cias no bairro de Tucuns, em Búzios.

Em meados de 1987, o empreendedor obteve da Fundação Estadual de Engenha-ria e Meio Ambiente (Feema) Licença de Instalação (LI) 026/87, para a implantação de 77 lotes e a execução de terraplanagem no local. Apesar da LI ter sido emitida em nome do antigo proprietário, consta o registro da venda da área, em 6 de abril do mesmo ano, para as empresas Sernam-biguara Imóveis Ltda (65%) e Plarcon Engenharia Ltda (35%).

A partir daí, foram 20 anos de muitas idas e vindas, laudos, pareceres, renova-ções de licenças e solicitações de novas, até a liberação final, que só aconteceu em abril de 2004. Pouca coisa mudou na concepção original do projeto, até o nome continua o mesmo. A persistência e a to-mada de medidas estratégicas decisivas, como a execução da terraplanagem no campo de Dunas, no ano de 1987, foram fatores determinantes, e serviram de base

para o enfrentamento dos muitos embates que viriam.

Nesse período, dois Inquéritos Civis (101/99 e 01.044/06) foram abertos para apurar irregularidades na concessão das licenças e duas Ações foram propostas, uma Civil Pública, pelo Ministério Público Estadual que motivou a assinatura de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), e outra, Popular, por um grupo de 49 pes-soas. Ambas ainda em tramitação.

As Ações pedem o cumprimento da Constituição, alegando que o empreendi-mento está sobre uma APP. Os empreende-dores alegam que a área estava degradada, não está incluída como Área de Proteção estadual ou municipal, e acenam com gera-ção de emprego e contrapartida social.

“O que é mais importante: o passarinho, que pode voar, ou os meninos de Cem Braças?”

A pergunta é do arquiteto João Uchôa, diretor da Ciclo Arquitetura e coordena-dor dos projetos ambientais e sociais do empreendimento, referindo-se ao pássaro Formigueiro-do-litoral (Formicivora Litto-ralis), que se encontra na lista das espécies em extinção e é endêmica da Região dos Lagos vivendo unicamente nas Dunas e Restingas, e que é uma das alegações dos ambientalistas.

Segundo o arquiteto, “a área é com-pletamente afetada há muitos anos. Não existe nada lá. Não tem nenhum bicho lá. Os biólogos foram lá e constataram isso”, enfatiza.

João questiona também a ação dos ambientalistas quanto ao projeto. “Acho que virou coisa pessoal. Já fi zemos de-zenas de reuniões sempre abertas e em locais públicos, participamos de várias audiências com a comunidade e eles nunca apareceram por lá”.

“O ambientalista, ele é capaz de tirar o hotel por causa de um passarinho raro que pousa ali. Vai ver quantas crianças moram em Cem Braças e que fi cam na rua até tarde de noite e que podem estar se formando no tráfi co”, pondera Uchôa, defendendo o empreendimento como sendo “uma semen-te” na questão da responsabilidade social e sustentabilidade para a cidade.

O arquiteto lembra que o empreendi-mento cumpriu todas as exigências legais. “Foi votado pela Câmara de Vereadores, passou pela Secretaria de Planejamento,

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DEISE CRISTINA LEONARDO A melhor coisa que aconteceu para o bairro foi a vinda do Breezes

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JOÃO UCHÔA O conceito moderno de meio ambiente olha o ambiente, a questão social e a questão econômica

Meio Ambiente, Feema, teve a supervisão do Iphan, teve o MP, teve Juiz, teve pes-quisa de biólogos, geógrafos, agrônomos, contratados e indicados pela própria Feema e pelo Iphan”, ressalta.

Moeda VerdeSustentabilidade. A idéia de “promover

o desenvolvimento econômico suprindo as necessidades da geração atual, sem com-prometer a capacidade de atender as gera-ções futuras”, moldada durante a Eco-92, no Rio, e aperfeiçoada em Johanesburgo, em 2002, com a inclusão do fator social, está defi nitivamente na moda. E parece ter chegado à região.

“O conceito moderno de meio am-biente olha o ambiente, a questão social e a questão econômica. Sem esse tripé não existe preservação de nada, não existe recuperação”, afi rma Uchôa lembrando que alguns conceitos de sustentabilidade já estão impregnados na obra. “O hotel está equipado com captação de águas pluviais, reaproveitamento de águas, de energia, temporizador”, informa.

Instalado ao lado de dois bairros com graves problemas de adensamento urbano de baixa renda (Cem Braças e Tucuns), o empreendimento oferece como moeda de troca pelo impacto causado, o fortale-cimento da comunidade local através de investimentos na qualifi cação da mão de obra local para aproveitamento no hotel. E também o saneamento completo do bairro de Cem Braças, sonho da comunidade e da prefeitura, até aqui sem capacidade para realizar a proeza.

Inicialmente projetado para ter sua própria rede e estação de tratamento de esgoto, o empreendimento mudou sua estratégia para atender essa demanda da comunidade. O novo projeto de saneamen-to interligará a rede do hotel e a do bairro num único sistema ligado à Estação de Tratamento da concessionária Prolagos. A mudança que, segundo João Uchôa, “custa cinco vezes mais do que a estação própria”, inclui a instalação 13.848 metros lineares de rede coletora e a construção de uma elevatória.

E não fi ca por aí. Outros projetos de recuperação estão listados entre os com-promissos assumidos pelos empreendedo-res: a recuperação de um brejo próximo ao hotel, a construção de um Horto-Escola, o refl orestamento em diversas áreas e a construção da sede da Defesa Ambiental do município.

Moeda Social“Nós entendemos que a melhor coisa

que aconteceu para o bairro foi a vinda do Breezes”, afi rma Deise Cristina Leonardo, presidente do Centro de Apoio ao Traba-lhador (CAT), que tem a sede no bairro de Cem Braças. Ela defende com veemência a implantação do empreendimento, alegando que a área estava degradada. “As dunas não vão mais se formar, pois lá não tem mais areia”, acredita.

A presidente informa que o hotel pro-curou o CAT quando precisou de trabalha-dores para a obra. “Desde o princípio os trabalhadores são contratados através do CAT. Nós temos um cadastro dos mora-dores da cidade, e quando eles precisam de gente nos procuram. 80% do pessoal é local. Já fi zemos mais de 1.000 encami-nhamentos e deve ter uns 600 efetivados”, conta Deise explicando que os salários são os do sindicato, e os trabalhadores ainda recebem horas extras e todos os diretos previdenciários.

O CAT passou também a coordenar os cursos para a qualifi cação da mão de obra a ser utilizada futuramente no hotel, e que são ministrados pela Universidade Estácio de Sá com o patrocínio do empreendimen-to. Entre eles estão, recepção, técnicas de governança, educação ambiental, inglês e espanhol para hotelaria, bar tender, garçon, eventos e até mesmo português e matemáti-ca. “É emprego de carteira assinada”, vibra Deise, lembrando que a cidade oferece poucas oportunidades de emprego fi xo.

Previsto para inaugurar no final de 2009, o hotel deverá proporcionar 450 vagas e as 100 primeiras já estão sendo oferecidas pela internet. A diretora de RH do SuperClub Breezes, Emília Guerra, informou que a fase atual é de pré-seleção de currículos e assegurou a política do grupo é privilegiar a mão de obra local. “Na Costa do Sauípe (BA) temos um compromisso com a comunidade e 60% do nosso efetivo é local. Em Búzios não será diferente”, diz.

GABRIEL GIALLUISI Isso escreve na testa de cada um de nós: idiotas

THOMAS WEBER O Breezes é um bom negócio para o Breezes, não para a cidade

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Nome popular: formigueiro-do-litoral Nome científico: Formicivora littoralis. Tamanho : aproximadamente 13 centímetros. Peso: cerca de 13 gramas. Local onde é encontrado: algumas restingas da costa leste do estado do Rio de Janeiro, entre os municípios de Saquarema e Armação de Búzios. Habitat: exclusivo das restingas arbustivas da Região dos Lagos, estado do Rio de Janeiro.

ESPÉCIE EM EXTINÇÃO

DUNAS DE TUCUNSEcosistema frágil

Dentro da política de geração de renda para os moradores, artesãos locais estão produzindo as luminárias e os mosaicos para o piso, e 12 costureiras já se preparam para costurar todo o enxoval do hotel, que inclui 2.550 almofadas, 400 lençóis e 400 colchas, para começar.

ALei e o SocialApesar do rol de benefícios oferecidos,

os ambientalistas não se dão por vencidos e ainda tentam parar a obra na justiça. Para a advogada Carolina da Rocha Lima Diego que representa os interesses de 49 pessoas em uma Ação Popular, o assunto está longe de ser um fato consumado. “Não é por uma argumentação social que você vai rasgar a Lei. Ademais, cabe ao poder público suprir essas necessidades para que se não tenha que penalizar o meio ambiente por conta disso”, expõe Carolina.

A advogada acha possível reverter a situação e até mesmo chegar à demolição da obra. “Se fi car provado que é APP, é possível, sim. Mas, tem muita coisa pela frente ainda”, adianta.

Gabriel Gialluisi, da Ong Viva Búzios, é taxativo: “Isso escreve na testa de cada um de nós: idiotas. Ali tem Duna, e Duna é APP, ponto. Acho que tem que parar tudo, fazer um Termo de Ajuste de Conduta e demolir 90% do que está lá”, dispara. O ambientalista alega também que o hotel não respeita o Projeto Orla, que estabelece 200 metros de afastamento da arrebenta-ção, argumentando que o próprio empre-endimento vai sofrer com a movimentação da areia sob a ação dos ventos.

Denise Morand, do Fórum de Entida-des Civis de Búzios (Fecab), começou a

questionar o empreendimento em 2006 e apresenta a sua versão de desenvolvimento sustentável, dizendo que o desejável para o lugar seria a implantação do Parque das Dunas de Tucuns com a população de Cem Braças e Tucuns vivendo da sua exploração. “Isso sim, é desenvolvimento sustentável. Não se restringe ao período de uma obra, é para sempre e com a natureza preservada”, defende.

Também no setor hoteleiro a obra en-frenta resistência. Hector Sirera diz que Búzios já passou por três moratórias de construção desde 2001 “porque se con-cluiu que a cidade não tinha condições de receber mais nenhum empreendimento. E não se encontraram as saídas para os problemas de então, portanto, não se po-deriam ser liberadas as construções”, diz o hoteleiro.

Para Tomas Weber, da Pousada Byblos, “A lei foi sendo burlada com condomínios virando hotéis, shoppings virando hotéis... E, assim, você hoje tem um excesso de leitos extraordinário em Buzios. Isso, na baixa temporada, se refl ete em briga de preços”, explica.

“Não tendo mais como chegar ao clien-te pelo preço, é preciso incluir serviços como alimentação, por exemplo, o que é uma coisa horrível para a cidade. No caso do Breezes , como todo resort do tipo all inclusive (todas as refeições, bebidas e opções de lazer incluídas 24 horas por dia), o hotel terá um esquema completo de aten-dimento ao cliente que incluiu alimentação, farmácia, cabeleireiros, eventos, quadras de tênis, piscinas, diversão. O Breezes é um bom negócio para o Breezes, não para a cidade”, conclui.

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O NOVOVelho PortinhoO charmoso bairro Portinho, com boa parte das suas residências localizadas às margens do Canal Itajuru, sempre foi um caso à parte em Cabo Frio. Sem o burburinho de points estabelecidos como no Boulevard Canal e Praia do Forte, durante muitas décadas foi o responsável pela chamada noite alternativa da cidade, com os bares do Condomínio Casa Grande à frente do movimento.

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mbora a tradição jamais tivesse morrido de vez, os comerciantes do local ansiavam por ter sua clientela ampliada, porém com o mesmo nível de seleção. Mas como atrair de volta ao local um público disperso há vários anos por diversas

casas noturnas espalhadas e em diferentes pontos? A reposta surgiu com um projeto que já nasceu vitorioso: o Portinho Boêmio, idealizado pelo empresário e músico Marcelo Santa Rosa em parceira com José Guimarães Júnior, da Marbela Distribuidora de Bebidas, que acon-tece sempre na primeira sexta-feira de cada mês.

Freqüentador assíduo do local, Júnior conta que a idéia surgiu num bate-papo informal com Marcelo. Para ele, faltava algo que atraísse o público que ainda não conhecia a diversidade de opções e o charme daquele bairro cabo-friense.

“Conversei com Marcelo, que a princípio não respondeu logo positivamente. Mas mostrei para ele as possibilidades que um evento de médio porte traria para aqueles bares do condomínio e aí ele entrou com as idéias. A Marbela banca o palco, os músicos, distribui as bebidas e o resto é com os bares”, explicou Junior.

Para idealizar o Portinho Boêmio, Marcelo, que é proprietário do bar Boa do Portinho então arregaçou as mangas e pôs no papel o seu projeto. Certamente, a música teria de fazer parte dele. A cada edição, um de-terminado estilo musical é a estrela da noite. Na última, homenagem aos Beatles.

“Temos uma banda base, formada por mim, Maurí-cio Lemos e um vocalista. No vocal, temos sempre um cantor convidado, que desta vez foi o Vinicius Azevedo, que faz parte do grupo Nomenow, ao qual também per-tenço. E não fazemos cover. Damos sempre nossa leitura às músicas executadas. Vamos fazer mais três edições e no verão vamos dar uma parada. Se vamos voltar no ano que vem, só o tempo irá dizer”, faz mistério.

Vocação para a boemiaA cada edição, o Portinho Boêmio mobiliza um

público de cerca de três mil pessoas até o Condomínio Casa Grande. O palco fi ca instalado no calçadão em frente ao Canal, e os bares espalham suas mesas pelas ruas. O esquema de trânsito é mambembe e a via pública é fechada com cadeiras de plástico. Mas todo mundo respeita numa boa.

A idéia de Marcelo e Júnior foi rapidamente acei-ta pelos seus vizinhos comerciantes e uma das mais satisfeitas é Emilce Conceição Rita, proprietária do restaurante Dom Marcelo.

“Com o evento, mais pessoas passaram a conhecer nosso restaurante e começaram a vir também em outras ocasiões, fora da festa. O Portinho Boêmio é um suces-so”, comemorou.

Rua em frente ao Casa Grande fi ca tomada pelo público nos dias do evento

Renato SilveiraFotos Mariana Ricci

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Os demais proprietários de bares, bis-trôs e até mercearias do condomínio tam-bém são unânimes em festejar o sucesso do evento. Para eles, o sucesso pode ser verifi -cado pelo aumento do movimento também nos fi nais de semana comuns, quando não acontece o Portinho Boêmio.

O empresário do ramo de material de construção e presidente em exercício da Associação Comercial, Industrial e Turística de Cabo Frio, Eduardo Rosa, de freqüentador do projeto, passou a parceiro e na última edição resolveu também patro-cinar a festa.

“Acho que Cabo Frio estava precisan-do de um evento assim, voltado para as famílias da cidade, onde os conhecidos

MARCELO SANTA ROSA Vamos fazer mais três edições e no verão vamos dar uma parada

EMILCE DA CONCEIÇÃO RITA Com o evento, mais pessoas passaram a conhecer nosso restaurante e começaram a vir também em outras ocasiões

GLORINHA E SILVINHA DO QUIOSQUE DAS MENINAS Acreditamos no projeto e participamos de todas as edições

Rua e restaurantes fi cam lotados nos dias de evento

se encontrassem para confraternizar. Não poderíamos fi car de fora disso”, garantiu.

Todos os PúblicosFora do Condomínio Casagrande, o

Quiosque das Meninas, dirigido por Glo-rinha e Silvinha também aderiu ao projeto e em todas as edições, programou uma festa equivalente ao evento que acontece há alguns metros dali. Na última edição, Za-rinho Mureb com sua banda Analfabeatles fazia a alegria de um público que circulava de um lado para o outro ou fi cava por ali mesmo, destacado da multidão que lotava o local da festa.

“Acreditamos no projeto e partici-pamos de todas as edições. O quiosque

não fi ca ali no meio, mas nosso público também gosta da boemia e de boa músi-ca. Aqui, talvez haja um pouco mais de privacidade”, apostam, pensando talvez na clientela LGBT que trocava carinhos à vontade nas mesas instaladas em volta do quiosque.

Refl exos O único estabelecimento que não adere

ao projeto, por ter clientela diferenciada e público para lotar a casa durante todos os dias é o tradicional Bar do Titio. Com cerveja e comida barata, Marcos José de Lima, o Titio, faz a festa dos estudantes e “duros” em geral. O bar somente há poucos meses aderiu à música ao vivo, e também

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MARCOS JOSÉ DE LIMA, O TITIO Meu movimento também pega um refl exo da festa

JOSÉ GUIMARÃES JUNIOR A Marbela banca o palco, os músicos, distribui as bebidas e o resto é com os bares

fi ca lotado nos dias do evento. Só que ao ritmo do samba.

“Acho excelente a idéia do Portinho Boêmio, e meu movimento também pega um refl exo da festa. Mas tenho programa-ção própria na casa, que fecha impreterivel-mente 1h da manhã, para evitar problemas. Quem quiser continuar na farra, se dirige aos bares onde a música continua”, disse o Titio.

E a música não tem hora para acabar no Portinho. Após o show no palco, alguns bares como o Porto das Canoas e o Boa do Portinho continuam com programação ao vivo e aí que a boemia se estabelece de vez por lá. E pelo visto, para fi car!

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Ernesto Galiotto é empresário

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Ângelo Budega (*)

(*) Angelo Budega é músico e realizador do Projeto Apanhei-te Cavaquinho.

o começo do novo século é primordial refl etir a respeito do papel da arte, em geral,

e especifi camente do papel da música na formação do ser humano. O que se disse mais acima pode nos servir de alerta e exige que tomemos posições em relação ao aspecto de valor, na qual tende a se descuidar em uma sociedade de caráter eminente-mente tecnológico. A aquisição de habilidades e a formação especiali-zada, até agora fundamentais, não são sufi cientes, e que se exige outro aspecto que não pode ser escutado: o desenvolvimento da sensibilidade faz o som e a música. Se a educação musical se limitar em focar os aspectos materiais e técnicos, sua orga-nização não passaria a ser uma espécie de catálogo de sons; é sua utilização como linguagem e o vínculo afetivo que o indivíduo mantém com ela, o que lhe outorgará signifi cação.

Mediante a imersão de um menino em um meio musical positivo e agra-dável, capaz de favorecer e estimular práticas de escutar e produção vocal e/ou instrumental, rico em experiências, se pode chegar a prática musical pelo domínio progressivo de habilidades e pela capacidade de atuar, raciocinar, criar e fazer música. Esse ambiente favorável expõe informalmente a criança a sons de diversas procedências e a música de diferentes culturas, estilos e épocas, escondidas em consonâncias com as condições do indivíduo e do grupo, com isso, por meio da família com materiais e formas de utilização, podem desenvolver sua musicalidade e sua capacidade de escutar e fazer música. Esse ambiente será, ao mesmo tempo, receptivo e orga-nizado, com essas qualidades graduadas de cuidadoso para que a criança, sem perder o estímulo, necessite fazer certo esforço para ultrapassar suas próprias ca-pacidades e avançar fazendo o domínio da linguagem musical.

O incentivo da presença da música no cotidiano da escola, desde a formação esmerada de profissionais da música (professores musicais) faz os critérios multiculturais na eleição do repertório, ampliarem as experiências e contribuí-rem para a formação do gosto musical da comunidade: alunos, professores e membros de outras áreas escolares. Este é um trabalho que deve ser assumido por todos, e não só pelo professor de música, pois “uma andorinha não faz verão”. É uma grande tarefa que requer a adesão de todos da comunidade escolar.

Para concluir, proponho aqui um elemento mais de refl exão através das palavras de um grande fi losofo da edu-cação musical: Ronald B. Thomas:

A educação real não é estudo a respei-to das coisas; é a experiência dentro das coisas. Se a música é um meio expressi-vo, seu aprendizado implica expressão. Se for uma arte criativa, aprender signi-fi ca criar. Se a música tem signifi cado, os juízos pessoais são fundamentais para o processo de aprendizagem. Se a música é uma arte comunicativa, o processo educativo deve envolver os alunos no processo de comunicação. Os textos po-dem ser pensados, porém os signifi cados precisam ser descobertos...

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O papel da música hoje nas escolas

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Livros

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Octavio Perelló

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Um jovem escritor paulista despontou nesta década de 2000 com uma literatura que suscita espanto, pelo talento e originalidade. Seus personagens insólitos não poupam o leitor de estranhezas, mas ganham dimensão humana em histórias que encantam pelo vigor inventivo. Estamos falando de Santiago Nazarian, e para escolher um de seus excelentes livros, recomendamos Mastigan-do Humanos – Um romance psicodélico (Nova Fronteira, 2006, 224 páginas), que é imperdível. Trata-se da história de um jacaré urbano, frustrado e existencialista, que além de mastigar usa sua bocarra para falar de sua triste condição de réptil que perdeu o reinado sobre a terra. “O erro dos dinossauros foi querer aparecer demais”, esta é a máxima deste jacaré-narra-dor que, em crise, abandona a vida do pântano para aventurar-se pelo mundo.

Especialistas e curiosos sobre a história dos descobrimentos ma-rítimos dos séculos XV e XVI não podem deixar de conhecer um excelente livro sobre o tema. Trata-se de Ciência & Navegação: Caminhos para o descobrimento do Brasil (Andréa Ja-cobsson Estúdio, 2007, 115 páginas). Classifi car de grata surpresa essa aventura científi ca e literária de Bento Ribeiro Dan-tas não é apropriado, pois quem detém experiência vasta sobre navegação e aguçado interesse pela História, em especial sobre o descobrimento do Brasil, só poderia escrever uma obra com abordagem diferenciada das costumeiras. Um dos precursores da renomada classe Tornado no Brasil e apoiador incansável dos

eventos náuticos que fi zeram de Búzios um santuário da vela nacional, o bacharel em Direito, velejador e empresário da construção naval Bento Ribeiro Dantas nos explica, através de narrativa fascinante e bem documentada pesquisa, como os portugueses se tornaram os senhores dos mares, e faz a co-rajosa afi rmação de que seria impossível o Brasil ter sido descoberto ao acaso por navegadores tão talentosos. Atenção caros leitores, preparem-se para concordar com o autor.

As ações de um príncipe novo são observadas e examinadas mais de perto do que as de um príncipe hereditário e, quando elas são consideradas virtuosas, ganharão a confi ança e afeição dos homens e farão seus súditos se sentirem obrigados em relação a ele, mais do que a um príncipe de linhagem antiga. Os homens se entusiasmam mais com as coisas do pre-sente do que com as do passado e quando encontram seu próprio bem-estar no presente, deleitar-se-ão com isso, não procurarão mais nada e estarão prontos para defender o novo príncipe de todas as maneiras, a não ser que este lhes falte em outros aspectos.

(Maquiavel em O Príncipe, Golden Books, 2008, 255 páginas – Texto integral com notas e comentá-rios de Napoleão Bonaparte e da Rainha Cristina da Suécia).

PÉROLAS DAS ESTANTES

Navegando através da História com Bento Ribeiro Dantas

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ERNESTO LINDGREN é sociólogo

Metástase da sandice

Ernesto Lindgren

etástase é, tam-bém, fi gura da retó-rica de quem lança à

conta de outrem a respon-sabilidade pelo que alega. Na Região dos Lagos de-liberadamente descumpre-se ao zoneamento urbano lançando-se à conta das prefeituras a responsabilidade. Alguém admite ter furtado um objeto, mas res-ponsabiliza a vigilância.

Administrações incompetentes, uso predatório do solo e truculência são algumas das causas da desordem. Das administrações destacam-se Arraial do Cabo e Cabo Frio que antes da cons-trução de estações de tratamento cana-lizaram valões que funcionavam como fossas onde, pelo menos, 80% do esgoto eram absorvidos pelo terreno arenoso. Iniciou-se a poluição das praias e em Cabo Frio causou a destruição da laguna e a poluição da Praia do Forte. E a de Búzios, com a abertura de canais que se tornaram depósitos de esgoto.

Construções irregulares se encon-tram em todas as cidades: nos topos de morros, em áreas públicas, em APAs. Lotes são subdivididos para neles se construir um número maior de casas permitido no lote original. E há a ação de corrupto que tem cargo numa prefeitura e aprova projeto irregular proposto por empresa privada a qual está associado.

No processo de sucessão urbana casas são substituídas por condomínios, como ocorreu no Rio de Janeiro, lá verticais, seguindo-se a substituição de moradores. Um imóvel é adquirido por quem vê a oportunidade de ter sua casa própria, mas alguns por quem assume a postura de “cheguei para tomar conta do lugar”. Sintomático é o caso de um cidadão com poder de polícia que impe-diu que uma queixa de perturbação de sossego fosse registrada em delegacia,

enquanto prossegue um processo em que aparece como vítima de desacato à sua autoridade. Entende que a Região é terra de ninguém onde os direitos alheios não precisam ser respeitados. É o rico-pobre da classifi cação de Washington Olivetto, que tem dinheiro, mas não tem cultura nem educação, alheio à importância do binômio homem-terra, a associação da qual surge uma cidade.

Os condomínios, divulgados em anúncios que não incluem “podre” depois de “frente para a lagoa” ou “próximo à lagoa”, espalham-se, e ne-les sempre se encontra alguém agindo como o citado cidadão: som alto e gri-taria de adultos e crianças, como se al-guém estivesse interessado no seu gosto musical e no palavrório. É um fato cujo antecedente é a truculência. O equilíbrio de 30, 40 e mais anos numa cidade de casas é rompido, impedindo a formação do que se chama de “vizinhança”.

A desordem e a degradação do meio ambiente pioraram, sendo questionável algum sucesso na tentativa de reverter a destruição. Investidores, inclusive locais, desprezaram a ética, levada a reboque do bom-senso que há muito foi para o espaço. É a metástase da sandice, que queima neurônios, colocando em risco a Região.

O futuro não é promissor: os Troglo-ditas estão vencendo por 8 x 0.

P o n t o d e V i s t a

M

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Petrobras inaugura terminal de passageiros em Macaé Foi inaugurado no dia 29 de setembro o novo Terminal de Embarque e Desembarque de Passageiros da Petrobras, no Aeroporto de Macaé. O evento contou com a presença de gerentes da Petrobras, autoridades da Aeronáutica, Infraero e Marinha. Anexo ao prédio da Infraero, a base oferece mais conforto e segurança aos mil trabalhadores que embarcam e desembarcam das plataformas marítimas diariamente. Numa área de 948 metros quadrados, o espaço comporta cerca de 200 lugares, sistema de monitoramento dos vôos - com quatro canais que sinalizam a saída e chegada das aeronaves-; sete guichês das empresas de linhas aéreas; salas exclusivas para que os profi ssionais possam assistir ao briefi ng de segurança antes dos embarques; telefones públicos; pontos de ramal e banheiros com instalações para portadores de necessidades especiais.

R e s u m o

TSE mantém Flávio O Tribunal Superior Eleitoral - TSE concedeu liminar em favor do vereador Flávio Machado (PSDB/Búzios), mantendo-o no mandato até dezembro deste ano, já que o vereador não conseguiu a sua reeleição. O PTB, partido pelo qual se elegeu, requereu o mandato, alegando infi delidade partidária.

XIV Congresso de Restaurantes em BúziosBúzios recebeu em setembro os mais renomados chefs da cozinha brasileira durante o 14º Congresso Nacional da Associação dos Restaurantes da Boa Lembrança (ARBL). A associação realiza o congresso todos os anos com a intenção de promover e consolidar a gastronomia no Brasil. Com o apoio da Embratur, o Congresso conta com a participação de jornalistas estrangeiros que vêm ao país conhecer a gastronomia local. A cidade de Búzios, sede deste ano, tem um dos 87 restaurantes associados à ARBL: o Sawasdee, de cozinha tailandesa, do chef Marcos Sodré.Para encerrar o evento, foi servido um jantar benefi cente com menu exclusivo, desenvolvido pelos chefs da associação, com renda revertida para a APAE-Búzios.

Mais gás e óleo leve no Pré-SalA Petrobras concluiu a perfuração do poço, conhecido

como Júpiter, no bloco BM-S-24, confi rmando a ocorrência de uma grande jazida de gás natural e óleo leve no pré-sal,

em águas ultra-profundas, na Bacia de Santos. O consórcio, responsável pela exploração deste bloco, é formado pela Petrobras (80%) e Galp Energia (20%). Essa perfuração confi rma a descoberta anunciada em 21 de janeiro de 2008.O poço 1-BRSA-559A-RJS (1-RJS-652A) está localizado a 290 km da costa do Estado do Rio de Janeiro e a 37 km a leste da área do Tupi, em profundidade d’água de 2.187 metros. A profundidade fi nal atingida foi de 5.773 metros a partir da superfície do mar.

Inscrições abertas no CEFET LagosEstão abertas as inscrições para o curso de Licenciatura em Ciências da Natureza com habilitação em Física, para o turno da tarde. São 35 vagas, sendo nove destinadas aos estudantes que fi zeram a prova do ENEM (Exame nacional do Ensino Médio). As provas serão realizadas em duas fases, nos dias 16 de novembro e 21 de dezembro.Estão abertas também as inscrições para os cursos técnicos.Os interessados devem entrar no site www.cefetcampos.br, até o dia 24 de dezembro, para efetuar a sua inscrição no link Campus UNED Cabo Frio e, em seguida, acessar o link ‘processo seletivo 2009’.

Reforma no Vital Brazil preserva vida de animais expostos O verão está chegando, mas as cobras da Exposição Permanente do Instituto Vital Brazil, no Rio de Janeiro, não têm com o que se preocupar. As antigas telhas foram trocadas por outras, feitas com embalagens longa vida da Tetra Pak recicladas, que reduzem o calor. A substituição é resultado da parceria do IVB com a Recicoleta, empresa parceira da Tetra Pak, e responsável pela coleta das embalagens.

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ABAV 2008De 22 a 24 de outubro, o Rio de Janeiro sediará pelo quinto ano consecutivo a mais importante feira de negócios de turismo do país, a ABAV 2008 Feira das Américas que este ano ocupará os cinco pavilhões do Riocentro.Sob a coordenação da TurisRio o estado do Rio de Janeiro estará representado num estande de 210 metros quadrados. Nele, participarão em regime cooperado, 40 municípios integrantes das regiões turísticas consideradas prioritárias, dentre elas a Região dos Lagos.

DebateO debate realizado pela InterTV (afi liada Globo) deu grande contribuição ao processo político de Cabo Frio. A partir dos novíssimos estúdios da emissora, a jornalista Maria Valente conduziu o programa, que teve cinco blocos e quase duas horas de duração, com competência e sobriedade. Todos tiveram a oportunidade de falar de seus projetos e debatê-los com seus adversários. Ataques pessoais não foram permitidos e, no fi nal, a imprensa local convidada pode também fazer perguntas aos candidatos.

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Galeria

“Caramujo” 50 x 60 - Óleo sobre tela - 50 x 60 cm

Fotos de Flávio Pettinichi

ELIANE MATTOS nasceu na cidade do Rio de janeiro, onde cursou a Escola de Belas Artes. Mudou-se para Arraial do Cabo no ano de 1986, o que foi primordial para o seu desenvolvimento como artista plástica. Vem participando de várias exposições individuais e coletivas desde o ano de 1980, no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Sergipe e Rio Grande do Sul. Possui várias obras em acervos particulares no Brasil, Alemanha, França e Estados Unidos. Atualmente ministra aulas de desenho e pintura no seu ateliê e no Centro Cultural de Arraial do Cabo.

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