ou Maçon - obrascatolicas.com Catolico ou Macon.pdf · compatibilidade entre Maçonaria e...

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VOZES EM , FE 0u Gat0lico ou Maçon ! EDITORA VOZES LTMITADA , PETROPOLtS,R.T. http://www.obrascatolicas.com

Transcript of ou Maçon - obrascatolicas.com Catolico ou Macon.pdf · compatibilidade entre Maçonaria e...

VOZES EM,

FE

0u Gat0lico

ou Maçon !

EDITORA VOZES LTMITADA,

PETROPOLtS,R.T.

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*

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VOZES EM DEFESA DA F'É

C.c,PPRNo 2

Fnu Bo.lvsvruRA, O.F.M.

Ou Católico ou Maçon!

rn mrçÃo

1960

EDITÔRA VOZES LIMITADAPETBÓPOLIS RJ

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IMPRIMÀTURPOR COMISSÃO ESPECIAIJ DO ErMO.E BEVMO. SB. DOM MANUEL PEDBODA CUNIIA CINTRA, BISPO DE PE.TRóPouS. FBEI DESIDÉRIo xALvER.KÁMP, O. F. M. PETBóPOLrS,2-5-1960.

TODOS OS DIREITOS RESMYÂ.DOS

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-MEU AMIGO,

Ocupas uma posição de certo dentaque na so-

ciedadã? És industrial, comerciante, banqueiro, mé-

dico, advogadq político ou oficial militar? Pois

emprêgo, das facilidades que terás nos empréstimosou nas viagens, do apoio que será dado à tua pro-paganda, que a Maçonaria é umainstituiçao e caritativa, filantrópica,fi'losófica e Que ela tem Por objeto aindagação da verdade, o estudo da moral e a prá'tica da solidariedade; que ela quer trabalhar ape-

nas pelo melhoramento material e social da huma-nidade. Provav!,e-áo que a Maçonaria reconhece eprocl de Deus, a Prevalência doãspír ia e que, Por isso, nenhumateu de ser maçon. Inculcar-te-ãoque a Maçonaria náo é de maneira alguma con-tra a religião e muito menos contra a religiãocatólica; que não há absolutamente nenhuma in-compatibilidade entre Maçonaria e Catolicismo; que

ela proclama a tolerância e o respeito às convic-ções religiosas e políticas dos outros, a autonomiada criatura humana, o amor à família, a fideli-

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dade à pátria e a obediência à lei; que ela consi-dera todos os homens irmáos, livres e iguais, qual-quer que seja sua raça, nacionalidade ou crença; quesuas leis, constituigões e regulamentos proíbemexpressamente falar ou discutir sôbre política oureligião. Dir-te-ão que até bispos, padres e fradesilustres pertenceram à Maçonaria sem que nissopercebessem a mínima dificuldade contra sua fée suas convicções católicas. Mostrar-te-ão leis erituais em que se exige que o verdadeiro rnagonseja virtuoso, exemplar, de bons costumes, mortopara o vício, sem erros nem preconceitos, observenteda lei, patriota, cumpridor do dever, apóstolo dobem, sábio, inteligente, progressista, livre, toleran-te, sincero, caridoso, desinteressado, generoso, de-votado, confiante, pacífico, irmáo de todos, prote-tor das viúvas, advogado dos oprimidos. . .

Conceder-te-ão ser, infelizmente, verdade que aIgreja Católica condenou a Magonaria; mas foi por-que os Papas e os Bispos estavam mal informadosou agiram assim por outros motivos inconfessáveis;que, contudo, da parte da Maçonaria nã,o há reci-procidade, que ela continua a olhar para a Igrejae seus Sacerdotes com admiraçáo e simpatia, vendonela um dos maiores esteios sociais da nação; quea Maçonaria nunca se intrometeu e não se intrro-mete na vida da Igreja, senão quando solicitada epara fazetJhe o bem; e que, portanto, é injusta,injustíssima a acusação de que a Maçonaria com-bate a Igreja Católica...

Entretanto, meu amigo, antes de acreditares emtôdas estas comoventes, lindas e atraentes afirma-ções lançadas pela propaganda magônica, eu peçoa tua benevolente atengáo, por alguns instantes ape-nas, para atender também às razões que a Igreja

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teve e tem ao interditar a seus fiéis a iniciagão naOrdem Maçônica. Náo quero tirar-te a liberdade fí-sica de entrar na Maçonaria; mas antes que te re-solvas a dar êste importante passo, rogo-te pensarbem no abismo de incompatibilidades profundas eradicais que vão entrar em tua vida desde o mo-mento em que livremente te enfileirares entre os Ir-máos de Hiram.

DOUTRINA MAÇÔNICAE DOUTRINA CATÓLICA

A Constituiçáo do Grande Oriente do Brasil, de1951 (ediçáo de 1955), logo no art. 1, § 1, falados «requisitos essenciais» que devem verificar-se nocandidato à iniciagão; e um dêsses requisitos, in-dicado sob a letra g, sem o qual nenhum cidadáopode ser maçon, é êste: «Nõ,o professa,r i,il,eologinscontrórins aos pri,ncípi,os maçônícos e democráticos».E' por isso que o art. 32, a.o 13, confere ao GrãoMestre Geral a .atribuição de «suspender, commotivos fundamentados, para que sejam eli,mi,nnl,ospelos poderes competentes, os Maçons qun profes-so,rern, ideol,ogins ou doutri,nns contrd,ríns o,os prin-cí,pins dn Ordem e da Demoeracia». Será, pois, ex-pulso da Maçonaria o nraçon que não cumprir êstesea deaer de professar perfeita ol,esd,o às il,outri-nas Ma4ônicas. Quer isto dizer que a Magonariatem seus princípios, suas doutrinas e que todo ma-çon as deve aceitar e professar. De maneira ne-nhuma negamos à Maçonaria o direito de ter suadoutrina e de manter-se firme na defesa de seus«grandes princípios invariáveis e imutáveis». So-ciedade bem organaada e disciplinada, eta mesmode esperar semelhante fitmeza.

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Ora, convém, lembrar que também a Igreja Ca-tólica se apresenta como sociedade organizada edisciplinada; e que também ela tem os seus princí-pios doutrinários mantidos com firmeza e constân-cia. Também a Igreja exige de seus fiéis o d,euerd,e professar perfeita adesõ,o às doutrinas Católi.-cas. Também ela elimina ou expulsa do rol de seusfiéis todo aquêle que professar ideologias contrá-rias aos seus princípios fundamentais.

Surge, assim, diante de ti, que és católico e con-vidado a ser mâçon, o seguinte problema: como ca-tólico, tens o dever de professar perfeita adesãoà doutrina da Igreja; como mâçon, terás o deverde professar perfeita adesão à doutrina da Maço-naria. Pergunto agora: será possível conciliar êstesdois deveres? E' evidente que a resposta dependecle um cotejo claro entre a doutrina maçônica e adoutrina católica. Quanto à doutrina católica nãohaverá maiores dificuldades em conhecêJa: estãoaí, à disposição de todos, os livros e manuais quea apresentam sem rebuços. Mas com relação à dou-trina maçônica a questão se torna mais difícil e com-plicada por câusa da rigorosa disciplina do segrêdoque torna hermêticamente fechados os maçons.Durante a própria cerimônia de iniciação no graude Aprendiz, momentos antes do juramento, depoiscle o neófito formular oficialmente o pedido de serrecebido maçon, o Venerável dirige-lhe a seguin-te grave advertência: «Refleti bem no que pedis.Nd,o conheceis os d,ogmas e os fins dn Associnçd,oa que deseiaí,s pertencer; e ela nõ,o é um eimplesagruwnlento de aru,ríli,o mír,tuo e ile wrídnl,e». Eaqui, para podermos ir adiante, precisamos inter-calar pequeno inciso:

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O caráter secreto da Maçonaria. - Não queremos maçons se diga que sua associação é uma so-ciedade secreta; isso seria uma calúnia inventada porseus adversários. Segundo êles a Maçonaria é dis-creta, nã"o secreta,. Entretanto, os documentos ofi-ciais exigem outra linguagem:

a) De acôrdo com o att. 4, no 4, da vigente Cons-tituiçd,o d,o Grancle Oriente do Brasil, é dever domaçon: «Nada imprimir nem publicar sôbre assun-to maçônico, ou que envolva o nome da Instituição,sem expressa autorização do Gráo Mestre». O aú.L7, letra p, impõe o mesmo dever às lojas.

b) O vigente Regulnmento Geral da MaçonariaBrasileira repete, no art. 92, as mesmas determi-nações. E no aú. 163, § 3, determina que o neó-fito, antes de ser iniciado, prometa o seguinte:<<Prometo servir com honra e desinterêsse a Ma-çonaria, gunrdnr os seua segredos e cumprir as suasleis» etc.

c) A Lei Pennl da Maçonaria Brasileira, atual-mente em vigor, considera no art. 17, s 4, delito deprimeira classe: <<A revelaçáo de cerimônias, rituaisou outros mistérios, não se tratando dos grandesmistérios dn Ordem»>. E no art. 18, s 8, é procla-mado delito de segunda classe, punido com a expul-são da Ordem: <<A revelação a quem quer que, im-pedido de o saber, dos grand,es segredos dn Or-dem>>. O mesmo art., no § 16, proíbe, sob penade eliminação: «A publicação, distribuição ou re-produção por qualquer forma gráfica, sem legal li-cença escrita, de qualquer prancha lcarta circular],documento ou ato maçônico» ; e ainda, no § 18: «Ofornecimento, direto ou indireto, a profano ou ma-çon irregular, de documentos ou quaisquer efeitosmaçônicos, sem formal autorizaçáo>>.

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d) Os vários nüuais Maçônicot, atualmente emuso aqui no Brasil, falam constantemente dos «ce-gredos e mistérios da Maçonaria». Assim o msgonAprendiz (to grau) deve jurar, sob pena de tero pescoço cortado, «nunc& revelar qualquer dosmistérios d,a, Maçonnrin que me vão ser confia-dosr... nunca os escrever, gravar, ttaEat, impri-mir ou empregar outros meios pelos quais possadivulgáJos» I o Companheiro (lo grau) promete ejura, sob pena de ter arrancado o coração, «nuncarevelar aos Aprendizes os segredos do grau de Com-panheiro, que me vão ser confiados»; também oMestre (ge grau) prefere ter dividido o corpo aomeio e ver'suas entranhas arrancadas e reduzidasa cinzas, a «revelar os segred,os do grau de Mestre».

Afirmam êstes documentos oficiais que a Maçn-naria Brasileira atual possui seus «mistérios», «gran-des mistérios», <<segredos» e «grandes segredos»que, de maneira alguma e sob a cominação dosmàis graves castigos, podem ser revelados. Ora, éprecisamente a isto que qualquer dicionário daria aqualificação de sociedade secreta e terrivelmentesecreta e não apenas «discreta».

Não obstante, podemos adianüar que caíram emnosso poder pessoal os mais secretos documentose livros da Maçonaria no Brasil. Inspiramo-nos ex-clusivamente nestes documentos autênticos dêstenosso atual movimento maçônico para conhecersua verdadeira doutrina. Como o presente cadernotem apenas a finalidade de dar-te sumárias infor-mações, não será possível documentar aqui cadauma de nossas informações sôbre os principais pon-tos da doutrina maçônica. Semelhante documenta-ção poderás encontrar no livro: A Maçonaria noBrasi,l. Ori,ento4d,o para os Católi,cos, livro que pu-

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blicamos na Editôra Vozes (Caixa Postal 23, Pe'trópolis, R. J.). Com base nest'a documentaçáo,

aprlesentamos o seguinte cotejo entre à doutrinamagônica e a doutrina oatólica:

Doutrina Maçônica: Doutrina Católica:

1)- Existe um Ser Su- 1) Eliste. um Ser Su-nr"úo. convenientemente de- premor Criador e Conserva-irominâdo "Grande Arquiteto dor de todos os sêres con-do lJnivereo". tingentes' que com sua pa-

ternal Providência vela sô-bre cada uma de suas cria-turas.

2\ Para o conhecimento 2) Pala o conhecimentodi'natureza íntima do Ser d,a nattteza íntima do Ser

de falar sôbre Si aos homens.3) E' sagtado e inviolá-

vel, em todo indivÍduo hu-mano, o direito de pensarlivremente.

jetiva preexistente; não, Po-rém, contra essa realidade,

â?i"nffl'" o êrro não tem

4) O homem deve diri- 4) O homem deve-dirigirnir'seus atos e sua vida ex- seus atos e sua vida deãlusivamente de acôrdo com acôrdo com a sua própriaa sua própria tazáo e cons- consciência e, sobretudo, .deciência. acôrdo com os mandamentos

revelados positivamente PorDeus.

5) E' duo 5) .E'que deve ela- o PróPriçõescom oe omodoó modo tuado pe

tural e o homem deve aco-modar-se às determinaçõesdivinas.

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Doutrina Maçônica:

6) Qualquer coação ou in-fluência externa, seja de or-dem física, seja de ordemmoral, no sentido de dirigirou olientar o pensamento doindivíduo, deve ser conside-rado como atentado contraum direito natural e sagra-do e por isso deve ser de-nunciado como violência einjustiça. A Maçonaria con-sidera seu dever principalcombater esta violência, am-biçáo e fanatisnro.

7) O meio ambiente emque vive e respira o indi-víduo humano deve manter-se rigorosamente neutro, semhostilizar nem favorecer re-ligião alguma determinada,nem mesmo a religiáo cristá.

8) Asociedadeemormen-te o Estado devem manter-seoficialmente indiferentes pe-rante qualquer religião con-creta.

9) O ensino público, da-do e mantido pelo Estado,deve ser absolutamente leigoou neutro em assuntos re-ligiosos.

10) A Maçonaria aceita edefende os elementos da re-ligião natural e abstrai dareligião cristã, mas sem hos-tilizá-la.

Doutrirw Católica:6) Ninguém deve eer co-

agido contla sua vontade aabraçar a fé na BevelaçâoCristá; mas pelo ensino, pe-la educação e formação, ohomem pode e deve ser in-fluenciado e melhorado poroutros; e isso não só nãoé violência ,alguma, ou in-justiça, mas é excelente obrade caridade cristã. A IgrejaCatólica considera seu deverprincipal trabalhar na ins-trução e na educagáo morale religiosa de todog os ho-mens.

7, O meio ambiente emque vive e respira o indivÍ-duo humano deve estar im-pregrado de princípios re'ligiosos e morais certamenterevelados e ordenados porDeus.

8) O ideal seria que asociedade e mormente o Es-tado dessem oficialmente aoscidadãos os meios e as faci-lidades de passarem sua vidainteiramente segundo as leise prescrições de Deus.

9) O ensino público, dadoe mantido pelo Estado, náopode abstrair de Deus e deSuas leis e determinações.Concretamente o ensino lei-go ou neutro é impossÍvele resvala parê o ateísmo.

10) A Ig:reja Católicaaceita e defende os elemen-tos verdadeiros da religiãonatural e abraça com amore gratidáo a religião cristã,sabendo ser impossÍvel per-manecer indiferente peranteCristo: "Quem não fôr pormim será contra mim" (Lc11, 23).

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Doutrina lllaçôníca:11) A Magonaria reconhe-

ce que tôdas ae religiões sáoboas e iguais perante Deus.

Doutrina Católlca:11) A Igreja Católica r+

conhece que, perante Deus,eóéboaeaceitávelare-ligiáo ensinada pelo PróPrioDeus, mediante Cristo Jesus.t'Nem todo aquêle que medisser: Senhort Senhorl en-Irarâ no reino dos céus; massômente aquêle que fizer avontade de meu Pai celeste'(Mt 7, 27).

12) "Quem crer e fôr ba-tizado será salvol mas quemnão crer será condenado"(Mt 16, 16).

13) "Se náo comerdeg acarne do Filho do Homeme náo beberdes o seu san-gue, não tereis a vida emvós" (Jo 6, 53).

14) "Se queres ser perfei-to, vai, vende todos os teugbens e dá-os aos pobres, eterás uú tesouro no céu; de-pois, vem e segue-me" (Mt19, 21); "em verdade vosdigo que todo aquêle que porcausa de mim e do evange-tho deixar casa, ou irmáo, ouirmã, ou máe, ou pai, ou fi-lho, ou campo, receberá, jánesta vida, no meio de per-seguições, o cêntuplo em ca-sas, irmáos, irmãs, máes, fi-lhos e campos; e no mundofuturo terá a vida eterna"(Mt 10, 29-30).

15) À Igreja Católica en-sina que o Matrimônio é umvínculo santo e sagrado, ver-dadeiro sacramento (quer di-zer: meio de santificaçáo) eque, em caso algu.m, é per-mitido o divórcio.

A frontal oposição entre a doutrina maçônicae a católica é manifesta: a Igreja e süa doutrina

12) A Maçonaria não exi-ge a necessidade da fé cris-lá, e do batismo cristáo.

18) A Maçonaria náo exi-ge a necessidade de "comerê carne de Cristo e bebero seu sangue" (a Comunhãoou Eucaristia).

14) A Maçonaria condenacomo contrária à moral, re-tr6grada e anti-social a exis-tência de corporações religio-Bas que segregam sêres hu-mênos da sociedade e dafamília.

15) A Maçonaria procla-ma que o matrimônio náoé sacramento e que o divór-cio, em certos casos, é umaexigência da lei natural.

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de um lado, a Magonaria e sua doutrina doutrolado. São, como se vê, dois campos opostos. Sãoduas sociedades irreconciliáveis em sua doutrina:ou a Igreja ou a Maçonaria. Ou q,t6li,eo au mnçon!Querer aceitar a doutrina de uma e outra é im-possível. E' por isso que o maçon, que tem o deveressencial de professar perfeita adesão aos princípiosda Maçonaria, se quiser ser conseqüeúe, se quiserconservar o bom-senso e a lógica, deve necessària-mente renegar as doutrinas da Igreja e deixar deser católico. Mas é também por isso que o católico,que igualmente tem o dever imprescindível de pro-fessar perfeita adesão à doutrina da lgreja, deveconseqüentemente renegar os princípios da Mago-naria e deixar de ser maçon.

E aí estrá a primeira tazáo, evidente, clara, im-posta pela lógica e pelo bom-senso, por que a Igre-ja devia proibir aos seus fiéis a iniciação na Ma-çonaria: é pura e simplesmente um caso de coe-rência. Condenar-se-ia a si mesma a lgteja, se per-mitisse ou tolerasse maçons entre os fiOis, se náoexcluísse da recepção dos sacramentos os que, Ircrprincípio, não mais crêem nestes meios de santi-ficação instituídos por Cristo

JURAMENTOS ILÍCITOS E BLASFEMOS

A segunda tazáo por que a Igreja condena aMaçonaria, e em que os documentos pontifícios in-sistem muito, pode ser resumida nos seguintes pon-tos: a) A Maçonaria exige de seus membros ter-ríveis juramentos, pelos quais se comprometem aguardar inviolável segredo sôbre tudo quanto vi-ram, ouviram ou ficou deliberado ou resolvido nassessões das lojas ou nas reuniões secretas dos ma-

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çons; b) êstes juramentos são mantidos sob- as maishorrorosas ameaças de moÚe e de implacável per-seguiçáo; c) o magon deve comprometer-se solene-

mente a obedecer, sem discussão nem tergiversagão,às resoluções, determinações, deliberações ou ordensrecebidas dos competentes poderes maçônicos.

E' verdade que a Igreja Católica reconhece, emtese, a liceidade dum juramento promissório ouvotq, mas reclama para isso as seguintes condições:a) que seja proferido com suficiente conhecimentodaquilo que se vai prometer sob juramento; b) que

seja feito sem coação interna ou externa; c) que

tenha por objeto uma coisa possível e boa; d) que

haja suficiente motivo para recorrer à forma sole-ne do juramento.

O chamado Rito Escocês Antigo e Aceito, que é

o rito adotado por 96% das lojas maçônicas doBrasil, se divide em 33 diversos graus e em cadagÊau o maçon deverá pronunciar novo juramento.Veja-se, para amostra, o texto exato dos três pri-meiros graus:

O jtnamento il,o pri'meiro grau,, Aprend,'í,zz «En,F., juro e prometo, de minha livre vontade, pela

minha honra e pela minha fé, em presença doGrande Arquiteto do Universo, e perante esta as-sembléia de Maçons, solene e sinceramente, nuncarevelar qualquer dos mistérios da Maçonaria que

me vão ser confiados, senão a um bom e legítimoIrmão, ou em Loia regularmente constituída; nuncaos escrever, gtavaÍ, ttagar, imprimir ou empregaroutros meios pelos quais possa divulgáJos. Juro maisajudar e defender os meus irrnãos em tudo quepuder e for necessário e reconhecer como únicaPotência Maçônica legal e legÍtima no Brasil ao

Grande Oriente e Supremo Conselho do Brasil, ao

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qual prestarei inteira obediência. Se violar êste ju-ramento, seja-me arrancada a língua, o pescoçocortado e meu corpo enterrado nas areias do m&r,onde o fluxo e ô refluxo das ondas me mergu-lhem em perpétuo esquecimento, sendo declaradosacrílego para com Deus e desonrado para com o§homens. Amém!»

O juramento dn segund,o grau, Companhei,ro:<<Juro e prometo nunca revelar aos Aprendizes ossegredos do grau de Companheiro que me vão serconfiados, assim como prometi nunca revelar osde Aprendiz. Se eu for perjuro, seja-me arrancadoo coraçáo para servir de pasto aos abutres. AssimDeus me ajude !»

O juramento d,o terceiro grwu, Mestre: <<Eu, F.,juro de minha livre vontade e em presença do Su-premo Arquiteto do Universo e desta RespeitávelLoja, consagrada a S. João da Escócia, e solene-mente prometo nunca revelar os segredos do Graude Mestre. Se eu fôr perjuro, seja o meu corpodividido ao meio, sendo uma parte lançada ao meio-dia e a outra ao setentriáo, e âs minha entranhasarrancadas e reduzidas a cinzas e estas lançadasaos ventos. Assim Deus me ajude. Amém !»

Em vista dêstes e dos outros juramentos ma-çônicos pergunta-se: Realizar-se--ao ai as quatro con-dições exigidas para a liceidade de qualquer jura-mento ? Nossa resposta será totalmente negativa.Com efeito:

le O juramento maçônico não é proferido comsuficiente conhecimento daquilo que se vai prometer.Os próprios textos provam êste asserto: o maçonjura não revelar os segredos que lhe «vão ser con-fiados». Que segredos? Êle náo o sabe! As gravís-simas e por vêzes ridículas medidas de precaução

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no cerimonial maçônico, prescritas pelos vários ri-tuais, as tremendas ameaças de castigo e vingan-

çâ em caso de traição e perjúrio, o ambiente de

punhais, espadas e sinais de morte, tudo isso está

a indicar que as resoluções a serem tomadas em

semelhantes reuniões secretas não sáo de caráterpuramente beneficente ou filantrópico. Quem pre.tende praticar apenas o bem e a virtude, mesmo

discretamente, não tem necessidade de ocultar-se tan-to, náo precisa temer a luz do dia, náo liga seus

compromissos de agáo a horrorosos juramentos, nãoameaça com morte e perseguição em caso de traição.A loja maçônica é o ambiente natural de antrosde conjuração e conspiração, de maquinações e de

tramas. Atrás do frontispício maçônico deve ha-ver alguma outra coisa, além das anunciadas prá-ticas de viúude e beneficência. E esta <<outra coi-sâ>), eis o grande segrêdo da Maçonaria, desco-

nhecido ao próprio maçon na hora do juramento.E' ilusório e ridículo dizer que os segredos da Ma-

çonaria estão nos sinais e toques de reconhecimento,na palavra sagrada e semestral e nas provas e ce-

rimônias do rito de iniciação, etc. Pois os rituaismaçônicos, com seus «mistérios» e <<segredos>), po-dem ser encontrados até em bibliotecas públicas!Tudo isso ainda não é o segrêdo; tudo isso, pelocontrário, são apenas meios para encobrir <<o gran-de segrêdo». E êste tão falado segrêdo, já não te-mos dúvidas a êste respeito, é pura e simplesmen-te o seguinte: são as deliberações, resoluções e

decisões planejadas e urdidas nas reuniões secretasdas Lojas, dos Capítulos, dos Areópagos, dos Su-premos Conselhos e dos Congressos Maçônicos.

Quando se reúnem maçons, de qualquer grau e emqualquer tipo de loja, a fim de deliberar sôbre me-

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didas a serem adotadas para impedir a ação daIgreja (vejam-se alguns exemplos na parte finaldêste folheto e outros muitos documentos por nóspublicados na mencionada obra: «A Magonaria noBrasil. Orientação plra os Católicos», Editôra Vo-zes, Caixa Postal 23, Pefuípolis, R. J.), ou paramodificar os rumos da vida pública ou política, éentão que estamos diante do verdadeiro «segrêdo daMaçonaria». Para semelhantes conventículos, sim,compreendem-se perfeitamente as severíssimas me-didas de precaução e de defesa. E para a pronta.e obediente execução de seus planos, êles dispõemde um enorme exército de maçons muitas vêzesinocentes, mas que se comprometeram, sob penade castigo e perseguição sem tréguas, a executarsem discussão nem sofismas as ordens que irão re-ceber. Assim, por exemplo, o art. 19, § 11, da LeiPenal Maçônica, atualmente vigente no Brasil, con-sidera delito coletivo, a ser punido com a sumáriaeliminação ou supressão da loja: «O sofisma ou ter-giversação no cumprimento das deliberações dos cor-pos superiores». Quando se filia a uma loja, o ma-çon deve jurar o seguinte: «Juro e prometo, pelaminha fé e pela minha honra, cumpri,r as resolu-ções il.os poderes com,petentes e qa ileli,beraçõesdesta Augusta Loja». . .

2s O juramento maçônico não é feito sem coaçãoQuem conhece o ambiente das demoradas cerimünias de iniciação, psicolôgicamente bem arquiteta-das, deve conceder que o candidato, à altura do ju-ramento, quando o Venerável lhe pergunta se aindaestá disposto a entrar na Maçonaria, deve ter umavontade quase heroica para voltar atrás. Todos osjuramentos são proferidos em verdadeiro ambien-te de ameaça e terror. Apenas um exemplo: Pro-

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nunciado o juramento, o novo Aprendiz, sempre de

olhos vendados, é conduzido para uma outra sala,fracamente iluminada. E' então desvendado; e vê-se num ambiente meio escuro, com dezenas de es-padas voltadas para êle e ouve as seguintes gra-vÍssimas admoestações do Venerável: «Êste clarãopálido e lúgubre é o emblema do fogo sombrio que

há de alumiar a vingança que prepâramos aos co-bardes que perjuram. Essas espadas, contra vósdirigidas, estão nas mãos de inimigos irreconciliá-veis, prontos a embainháJas no vosso peito se for-des tão infeliz que violeis o vosso juramento. Emqualquer lugar do mundo em que vos refugiásseis,encontraríeis perseguição e castigo, e a tôda partelevaríeis a vergonha do vosso crime. O sinal de vossareprovagáo vos precederia com a rapidez do re-lâmpago e aí acharíeis maçons inimigos do perjú-rio e a mais terrível punição».

3s O jummento maçônico não tem objetivos bons.«Não revelar os segredos que me vão ser confia-dos», êste objetivo, assim como soa e no ambienteem que é colocado, não é bom, porque pode fàcil-mente ser explorado para fins maus, em que umverdadeiro católico náo pode colaborar. Outros ju-ramentos, em graus superiores, contêm até elemen-tos diretamente heréticos em si. Por exemplo, oReal Arco (13e grau) deve prometer sob juramen-to: «Reconhecer em todos os homens o direito ina-lienável e imprescritível de render culto a Deusda maneira que julgar conveniente, de acôrdo coma sua própria tazáo». Como se não devêssemos,antes de tudo, reconhecer em Deus o direito ina-lienável e imprescritível de indicar, Êle mesmo, omodo como deve ser cultuado. Para um católico,que crê na realidade da Revelação Divina, êste ju-

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ramento é simplesmente uma blasfêmia: coloca osdireitos da razáo humana acima dos direitos dainfinita soberania do Criador. E' também intrin-secamente mau o objeto do juramento do GrandePontífice ou Sublime Escocês (tgo grau) : <<Eu,N. N., na presença do Grande Arquiteto do Uni-verso.., juro e prometo, sob palavra de honre,...não reconhecer outro guia senão a Razáo»! Umverdadeiro cristão, que admite a realidade da men-sagem de Cristo, náo pode absolutamente fazer êstejuramento; para êle, além e acima da razão, exis-te, graças a Deus, <<outro guia», infinitamente maisinteligente, yeraz e santo: Jesus Cristo, o UnigênitoFilho de Deus. Quem promete <<não reconhecer ou-tro guia senão a Razã"o» jura e promete náo reco-nhecer nem seguir a Cristo; e tal juramento é amais solene declaração de apostasia de Cristo. Domesmo modo é também intrinsecamente mau o ju-ramento do PrÍncipe Rosa Cruz (18e grau) e do Ca-valeiro Kadosch (300 grau). Em tudo isso temos,pois, razões gravíssimas que obrigaram a Igreja aproibir aos seus fiéis os juramentos maçônicos. Nãohá nisso nenhuma intolerância da parte da Igreja,mas apenas coerência e cumprimento do sagradodever de salvaguardar os próprios fundamentos doCristianismo. Incoerentes e profundamente ilógicossáo os <<cristãos» que proferem êstes e outros ju-ramentos e, ao mesmo tempo, fazem questão de que-rerem ser consideraclos e tratados como fiéis se-guidores de Jesus...

4g Não há motivo suficiente para invocar o San-tíssimo nome de Deus como testemunha da sinceri-dade e fidelidade das promessas maçônicas. Já ésurpreendente o mero fato de invocar-se o augus-to nome de Deus para aquelas promessas e naque-

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le ambientê. E', pois, um juramento formalmenteblasfemo.

Assim os juramentos maçônicos são gravemen-te ilícitos, pecaminosos, blasfemos e intrinsecamentemaus e imorais e, por conseguinte, nulos e inváli-dos. E' a razáo por que a Igreia náo permite aoscatólicos pronunciar semelhantes votos.

ou 0ATóLICO OU MAÇON !

No ano de 1738 o Papa Clemenrte XII, na cons-tituiçáo apostólica que começâ com as palavrasIn eminenúi, denunciou, por isso, vigorosamente aMaçonaria. Esta condenação foi depois confirmadapor quase todos os Papas, até o dia de hoje. Eisa passagem principal, tantas vêzes inculcada pelosSumos PontÍfices:

da Santa Obediência, a todos e a cada um dos fiéisde Cristo, de qualquer estado, posição, condição,classe, dignidade e preeminência que sejam, leigosou clérigos, seculares ou regulares, de ousar oupresumir entrar, por qualquer pretêxto, debaixo dequalquer côr, nas sociedades de maçons, ou propagá-las, sustentá-las, recebê-las em suas casas, ou darJhesabrigo e ocultáJas alhures, ser nelas inscrito ouagregado, assistir às suas reuniões, ou proporcio-nar-lhes meios para se reunirem, fornecer-lhes o quequer que seja, dar-lhes conselho, socorro ou favoràs claras ou em segrêdo, direta ou indiretamente,por si ou por intermédio de outro, de qualquermaneira que a coisa se faça, como também exortara outros, provocá-los, animá-los a se instruíremnessa sorte de sociedade, a se fazerem membrosseus, a auxiliarem-nas, ou protegerem-nas de qual-

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quer modo. E ordenamos-lhes absolutamente que seabstenham por completo dessas sociedades, assem-bléias, reuniões, corrilhos ou conventículos, e istodebaixo da pena de excomunháo, na qual se incor-re pelo mesmo fato e sem outra declaraçáo, e daqual ninguém pode ser absolvido senão por Nós,ou pelo Pontífice Romano reinante [ou por seudelegado especial], exceto em artigo de morte>>.

O vigente Direito Eclesiástico estabelece elara-mente o seguinte:

1) Todo aquêle que se iniciar na Maçonaria,incorre, só por êste fato e sem outra qualquer de-claragáo (ipso facto) na pena da excomunhão, re-servada si.mpli.citer à Santa Sé (cân. 2335).

2) Por ter incorrido na excomunhão (isto é:por ter sido excluído da Igreja), todo e qualquermaçon:

a) deve ser afastado da recepção dos sacr?men-tos (confirmação, confissão, comunhão, extrema-unçáo), ainda que os peça de boa vontade (cân.2318, § 1);

b) perdeu o direito de assistir aos ofícios di-vinos, como sejam: a Santa Missa, a recitação pú-blica do ofício divino, procissões litúrgicas, cerimô-nias da bênçáo de ramos, etc. (cân. 2259, § 1;2256, nt 7);

c) é excluído dos atos legítimos eclesiásticos (cân.2263), pelo que não pode ser admitido como pa-drinho de batismo (càn. 765, ns 2) ou de crisma(càn. 795, nc 1);

d) náo tem parte nas indulgências, sufrágios eorações públicas da Igreja (cân. 2262, § 1).

3) O maçon não pode ser admitido vàlidamenteàs associações ou irmandades religiosas (cân. 693).

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I4') Os fiéis devem ser vivamente desaconse-

lhados de contrair matrimônio com os maçons(cân. 1065, § 1).

6) Só após prévia consulta do Bispo e garantidaa educaçáo católica dos filhos, pode o pároco as-sistir ao casamento com um mâçon (cân. 1065, § 2).

6) O maçon falecido sem sinal de amependi-mento deve ser privado da sepultura eclesiástica(cân. 1240).

7) Deve-se também negar ao mesmo qualquermissa exequial, mesmo de aniversário, como tam-bém quaisquer outros ofícios fúnebres públicos (cân.t24t).

Sáo determinagões justas e sábias das alrtorida-des eclesiásticas. Faz-se, por vêzes, grande alardeem tôrno da excomunhão, como se â Igreja fôsseparticularmente intolerante pelo fato de declararalguém excluído do rol dos seus fiéis. Mas tôda equalquer sociedade organizada e disciplinada temo direito de eliminar os sócios rebeldes ou indis-ciplinados. Qualquer clube de futebol se julga como direito de garantir a ordem e a disciplina daassociação por meio de severas medidas discipli-nares, inclusive pela sumária eliminaçáo do delin-qüente. A própria Maçonaria prevê em sua LeiPenal numerosos casos de indisciplina e que sãopunidos pela suspensão dos direitos maçônicos ouatÉ, e o caso é assaz freqüente, pela expulsão domagon culpado. A Maçonaria, que considera justoe legal «eliminar os mâçons que professarem ideo-logia ou doutrinas contrárias aos princípios da Or-dem», deve considerar também justo e legal que aIgreja elimine os católicos que professarem ideo-logias ou doutrinas contrárias aos princípios daIgreja. O católico que resolveu tornar-se maçon, por

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êste fato excluiu-se a si mesmo da Igreja; ade-rindo aos princípios fundamentais da Maçonaria,renegou as doutrinas básicas da Igreja. As autori-dades eclesiásticas, por isso, são apenas coerentescom a atitude que o católico feito mâgon assumiu es-pontâneamente, quando o consideram estranho emesmo adversário da Igreja.

RESPOSTAS A ALGUMAS OBJEÇõES

1) Mas tem havido bispos, padres e frades maçons!Não queremos negar o fato. No século passado,com efeito, alguns membros do clero brasileiro de-ram seu nome à Maçonaria. Resta, contudo, saberque intuitos levaram a Maçonaria a aliciar pârasuas fileiras bispos, padres e frades. E, sobretudo,é preciso ver que tipos de padres ela conseguiüatrair. Toclos os nomes de bispos, padres e fradescitados são geralmente do início do século passado,quando, em muitos meios políticos, predominava aidéia da independência do Brasil. A própria Maço-naria de entáo foi fundada no Brasil com fina-lidades pronunciadamente políticas e especificamen-te <<para fazet a independência do Brasil», comose pode ler nos livros maçônicos. As lojas de Per-nambuco e da Baía, lá pelos anos de 1810, comotambém as do Rio pelos anos de 1820, eram, defato, centros políticos que tramavam a independên-cia (era êste, naqueles tempos, <<o grande segrêdoda Maçonaria»!). E não faltaram então padrese frades patriotas e políticos que alimentavam omesmo ideal. Tem-se dito até que a revoluçáo dePernambuco, em 1817, foi uma revolução de pa-dres. Frei Caneca, frei Sampaio, cônego Januárioe outros foram, taWez, excelentes patriotas ê há-beis políticos; mas não se pode por isso dizer que

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fôssem também sacerdotes disciplinados e religiososexemplares. Identificavam-se desta maneira os ideaispolíticos dêstes padres com os ideais políticos daMaçonaria de entáo, que, ao menos no Brasil, aindanão dera provas de anticlericalismo. E para con-seguir a independência, conjugaram suas fôrças.Não como sacerdotes, mas como políticos, apesarde sacerdotes, toraaram-se maçons. Por outro lado,aquêles políticos e padres não se sentiam adstri-tos, em consciência, às leis da Santa Sé que con-denavam e interditayam a Maçonaria, já que o re-galismo reinante na época se negava a dar-lhes seunecessário «Beneplácito» para obterem fôrça de lei.

Mas há também exageros na propaganda maçô-nica. Repetem, por exemplo, que Frei Monte Alaerneteria sido maçon. Frei Roberto B. Lopes, O. F. M.,que em 1958 publicou uma monografia sôbre ogrande pregador imperial, depois de investigar tô-das as fontes disponíveis para saber se Monte Al-verre foi maçon, escreve: «A êste respeito com mui-to pouco deparei. Só uma vez, na resposta ao Mar-quês de Lavradio, que lhe oferecera, com carta de29 de novembro de 1855, um opúsculo de sua au-toria sôbre as sociedades secretas, encontramos oseguinte comentário: «O escrito que V. Excia. fêzimprimir, e que eu recebi com a maior satisfação,devia ser lido nos salões dos reis e nas oficinas doartista, no escritório do negociante e debaixo docôlmo do lavrador; não se tratava aí de reconhecera profunda instrução de V. Excia., rnas sim escutaros sons agudos do clarirn que devia acordar do seuletargo de morte os que governam e os que sãogovernados, a fim de que êles conheçam a verda-deira causa dêsses terremotos políticos que há qua-se um século têm subveúido o universo e são a ori-

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gem dos males que depravam a sociedade atual»(Arq. Prov. Doc. nc 60, carta de 4-2-L866r. Nãoparecem ser palavras de maçon. . .

E permita-me lembrar também o exagêro da pro-paganda magônica com relação a Rui, Barbosa, apre-sentado constantemente como um «gtande maçon».No vol. VII das Obras Completos, editadas peloInstituto Nacional do Livro, p. 124, damos com aseguinte resposta de Rui Barbosa a um aparte doSr. Monte (em 27-7-1880) : <<Ora, eis a Maçonariana baila ! Saiba V. Excia. que sou um magon des-garrado. Tanto direito tem a Maçonaria de recla-mar-me, quanto o Ultramontanismo. Náo milito nêlenem nela. Fiz-me maçon quando estudante, em SãoPaulo, iniciando-me na Loja América, de que fuidos primeiros e mais assíduos, bem que um dosmais obscuros operários. .. Mas deixando São Pau-lo, deixei até hoje a Maçonaria, de que fiquei mem-bro avulso e simples Aprendiz...» - E no mesmoteatro, em Sáo Paulo, onde fêz o panegírico daMaçonaria, declarou Rui Barbosa: «Fui maçon ape-nas por um ano e meio; não alimentava a supersti-ção da Magonaria, não lhe simpatizava o caráter desegrêdo». Depois fala da «existência pomposa e

estéril das lojas». E revela: «Não tornei a militardebaixo de outro Oriente; faltavam-me algumasqualidades essenciais do maçon: o culto das soleni-dades, a confiança no prestígio do sigilo, o respeitodas hierarquias suntuosas>). . .

2) Mas a Maçonaria não é contra a Igreja! Bemsabemos que a propaganda maçônica gosta de re-petir e de alardear seus amôres à Igreja Católica.Na realidade temos, porém, e infelizmente, dema-siados documentos maçônicos autênticos e que pro-

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-vam exatamente o contrário. Citaremos apenas al-guns exemplos:

A) Aos 24 do 10c mês do ano de 5908 V.' .

L.'. o Sob.' . Gr.'. Mestr.' . Gr.'. Comm.'. daOr.'. no Brasil expediu o decreto nc 406, em que

submeteu à apreciagão das lojas do Brasil inteirouma série de teses que deviam preparar um Con'gresso Maçônico Brasileiro. Entre as teses assimoficialmente propostas pela maior autoridade ma-

çônica no Brasil, encontramos as seguintes:«Decretada, sob o novo regime político vigente

eni nossa pátria, a separação da Igreja e do Es-tado, e feita a completa discriminaçã,o de esferasde competência dos poderes espiritual e temporal,não é admissível que a República mantenha umalegaçáo junto à Santa Sé;

«Devendo ser leigo o ensino ministrado nos es-tabelecimentos de instruçáo pública, não podem aêste ser equiparados os institutos mantidos porCongregações religiosas;

«Tendo o casamento deixado de ser consideradoSacramento, consagrando-o a lei civil como um con-trato solene sui generis, a que estáo ligados os maisvitais interêsses da família e da sociedade, é lógicodêsse caráter jurídico deduzir-se, como natural e ne-cessário, o divórcio a vínculo;

«Sendo a ciência a grande benfeitora da huma-nidade, e cabendo-lhe a diregão material, intelectuale moral da sociedade, os serviços de catequese ecivilização dos selvagens náo são da competênciaexclusiva ou especial dos representantes das reli-giões do passado;

«A Magonaria condena como contrária à morale anti-social a existência de corporações religio-

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sas, que segregam sêres humanos da sociedade e dafamília».

Reuniu-se depois o Congresso Magônico Brasilei-ro, em que foram tomadas as seguintes conclusõesdefinitivas:

«A Maçonaria se empenhará para que seja su-pressa a legação junto à Santa Sé;

<<que se torne obrigatfuia a precedência do ca-samento civil;

«que se decrete o divórcio a vínculo;<<que se negue competência especial aos repre-

sentantes das religiões parâ a catequese e civili-zaçáo dos selvagens;

«que seja condenada como contrâria à moral eanti-social, a existência de corporações religiosasque segregam sêres humanos da sociedade e dafamília».

Esta é a vontade deliberada e oficial não deum ou outro maçon isolado e anticlerical, mas daMaçonaria Brasileira em pêso, tendo sido anterior-mente interrogadas tôdas as lojas do território na-cional sôbre cada um dêstes pontos em paúicular.

B) O Grande Oriente Estadual de São pauloconvocou, por sua vez, um Congresso Estadual edirigiu às lojas do Estado perguntas sôbre a con-veniência ou não de fazer frente ao clericalismoe sôbre os meios que deveriam ser para isso empre-gados. Temos em mão um exemplar de tôdas asrespostas dadas pelas lojas daquele Estado. E eisaqui apenas uma pequena seleção de propostas ofi-ciais feitas pelas lojas para enfrentar o clero:

«Agir perante o govêrno no sentido de impe-dir e dificultar a atividade do clero.

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«Propor ao Congresso Nacional projetos de leispróprias e necessárias que proÍbam a entrada depadres estrangeiros;

«Exigir do Govêrno leis e medidas que expul-sem o clero e proíbam sua invasão;

<<Aos maçons políticos, que fizerem parte dascorporações legislativas, deve-se pedir que sejampertinazes na apresentação de projetos de lei proibin-do o noviciado ou mesmo taxando os eclesiásticoscom impostos pesados, sendo o produto aplicadona construção de asilos para velhos e em confôr-to dos que padecem, etc., de modo a tornar êsseimpôsto simpático aos olhos dos desgraçados mes-mo que sejam católicos;

<<Conseguir a eleiçáo de um maçon adiantado e

ativo para Presidente da República;<<Procurar conseguir preponderância absoluta, mas

secreta, dos maçons nos meios governamentais;«Unir tôdas as fôrças maçônicas para uma ação

conjunta e uniforme contra o clero;«Isoladamente e em conjunto os maçons cievem

negar sistemàticamente todo e qualquer auxílio ma-terial e moral às associações religiosas e ao cleroem geral;

«Cada chefe de família deve fazer o possívelpara evitar que sua família seja contaminada pe-los sentimentos e práticas pregadas pelo clero;

<<Laicizar a sociedade atual por meio da im-prensa;

<<Demonstrar a nefasta influência do jesuitismona sociedade humana;

<<Servir-se da imprensa, livro, revista, conferên-cias, congressos, etc., para aclatar os espíritos sô-bre o perigo latente no clero, criando um grupo de

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Irmãos dedicados e inteligentes para guiar a na-ção à Canaã" da liberdade do pensamento;

<<Ordenar às Lojas que organizem conferênciaspúblicas e congressos contra o clero;

«A Maçonaria unida deve fazer propaganda ativae persistente, destinada à demonstragão dos errose perigos da educação fradesca;

«Defender e propagar a instrução pública emi-nentemente leiga, afastando os padres des eseolas;

«Proíba-se o funcionamento das institui@es edu-cativas com caráter religioso, onde predomina aroupeta;

«Impedir a influência do padre sôbre a mulher;«Afastar a mulher do confessionário, emancipá-

la da tutela que sôbre ela pretende ter o padre,é o passo mais agigantado para se combater êssemonstro aud,az e terrível que se denomina cleri-calismo;

«E' necessário enfrentar o clericalismo até en-forcar o último Papa com os intestinos do últimofrade».

C) O periódico magônico de Niterói, O Mal,hête,de 5-7-1953, publicou na p. 6 os <<deveres de umverdadeiro liberal» ou maçon, e que são, literalmente:

«1) Não casar religiosamente na Igreja;«2) náo batizar seus filhos na mesma igreja;«3) não servir de padrinho dêsses casamentos,

batizados ou confirmações;«4) não confiar à Igreja nem a adeptos seus,

a educação de seus filhos;«5) declarar querer civil o seu funeral;«6) não fazer nem assistir a funerais religiosos;«7) não dar à Igreja, seja qual fôr o pretêxto,

dinheiro algum;

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I«8) não se associar, direta ou indiretamente, a

nenhuma cerimônia dessa Igreja;«9) manter longe de seu lar os chamados «Mi-

nistros do Senhor».

A MAÇONARIA NÃO MUDOU NO BRASIL

Dizem muitas vêzes que a Maçonaria de agoraé diferente; que tudo mudou; que já não existe oespírito anticlerical, etc.

Não é verdade. Nem seria difícil provar o con-trário com expressiva documentação. Eis aÍ algunsexemplos para amostra:

O atual Grão Mestre do Grande Oriente do Bra-sil Dr. Cyro Werneck de Souza e Silva, no grandediscurso-programa por êle pronunciado no dia 2G-3-1955, traçou o programa de agão da Maçonariano Brasil. «E' chegada ahota de pensarmos no res-surgimento da Maçonaria na vida pública brasilei-ra», exclamou então. E' continuou: «E mister quenos atiremos âo campo da batalha enquanto é pos-sível combater, enfrentando o inimigo em todos ossetores». - E quem seria êste «inimigo» que deveser enfrentado? O Gráo Mestre o dirá sem deixarmotivos de dúvidas. Eis o texto, tal como foi publi-cado pelo Boleürn iln Grand,e Ori,ente ilo Brasô\, jan.-março de 1955, p. 51:

'Ag noeaas Ieis proclamam a separagáo da Igreja doEstado, como coneeqüência da campanha maçônica ence-tada no final do segundo Império e concluída na primeiraRcpública. Mas pela incúria de algu.ns governos e fraque-za de outros, a Igreja foi retomando aos poucos as antigasposi@eo, e, embora por política náo tenha procurado res-tabelecer a ostensiva ligação, que promanava dos temposem que os reig se diziam amparados pelo direito divino,na prática o conseguiu, e até com maiores vantagens, por-que agora náo tem os ônus que lhe tocavam no passado. por

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amil e uma formas é a Igreia subvencionada pelo Estado.Participa atiVamente da üda polÍtica, nos palácios e nascâmaras. Sai a campo nas eleiçõee. Disputa votos. Excomua-

nos, como estêve com os reie.Montaram escolag e inoculam na infância e na juven-

tude os seus princípios sectárioe e intolerantes, ensinando-lhes uma história deturpada a seu talante.

E aos poucos váo dominendo o povo brasileiro, num mo'vimento envolvente, atÁt hát' pouco desapercebido, mas queagora está às escâncaras.

Eis aí um dos pontos que devemos combater, náo porsimples princípio de contradiçáo, mas porque representaum real perigo para a cultura e a formação dos noggospatrícios. Mas combater com aa annas da inteligência, es-

clarecendo a sociedade profana e alertando-a contra taismanejos. Propugnando para que os poderes públicoe difun-dam o mais possível o ensino gratuito e láico, com o que

se evitará a proliferaçáo das escolas e uaiversidades man-tidas ou dirigidas por ordens religiosas ou sob sua influ-ência dogmática e sectária, bem como com a industrializaçãodo enslno como fonte de renda. E enquanto náo se alcança

máticas, amantes do Progresso e da Paz".

Eis aí a Maçonaria, a mesma de sempre. Pode umcatólico sincero aderir a semelhente progmma de

agã,o? Será mesmo verdade que a Maçonaria nãotem nada contra a I'geia?

Responde, meu amigo, responde tu mesmo.O mesmo Grão Mestre, no solene e conhecido dis-

curso de 24-7-1968, tornou a falar do ressurgimentoda Maçonaria e da necessidade de reentrar na videpolítica do Brasil, lutando pela laicidade do ensino

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primráiiq secundário e profissional e pela repres-são da Igreja das coisas públicas da nação, aãres-centaado: «Apoiaremos tôdas as campanhas que vi-sem incluir na nossa legislação o divóriio» Gt. So_leti.m do Grand.e Ori,ente do Brasil, julho 1g6d, p. 6).

Na sessão do Grande Oriente do Brasil ae A-á-1958, depois de considerar a influência atual daIgreja no Brasil, exclamou o Sr. José Benedito deOliveira Bonfim: «Dever é da Maçonaria reencetara luta pela manutenção das reinvidicações outroraconseguidas, saindo ao campo raso do.s debates pú_blicos para prosseguir na sua obra de institui@obenfazeja da sociedade. propomos, pois, qu" s" ãr-tabelega conferências públicas nas

-oficinãs ou em

auditórios profanos, use-se a imprensa e o rádio, nosentido de esclerecer o povo no tocante às idéiasbenéficas, infelizmente confundidas pelo trabalhonefasto da Igreja... Cumpre-nos resôlver as ques-tões sempre oportunas do divórcio, da laicisaçáã doensino e da Iiberdade de consciência...» (ct. no_letim ilo Granil,e Orí.ente il,o Brasil, maio d'e lg5g,p.37)._ E .para_que seja eoncreta a agão maçônica noBrasil, o Poder Central da nossa

-Maçonaria tomou

uma decisão bem importante, publicada no Bole_tim do Gronde Oríente ito Brasi,t de set._out. de1958, p. 15:

"Os Irmáos que, apresentando suas candidaturas a car_gos eletivos profanos [políticos], peçam oE votos de Ma_çons, devem declarar que ace tam é prometem trabalharpara:

a) completa laicidade e gratuidade do ensino primário,secundário e profiseional;

b) intransigente separação da Igreja do Estado;c) instituição na Legislação Brasilàira do div6rcio e da

supremacia do casamento civil ao religiosor.

*tl*

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Eis, amigo, algumas informa$es sôbre a Ma'

çonaria Brasileira, sôbre os deveres do maçon eÃôbre as razões por que o católico não pode sermaçoneporq católico.Crelo que ficou dilema:ou católico ou o, é im-possível. Tu, porém, terás que dizer a última pa-

iavra. Pois a decisão final dependerá de tua livreescolha. Se queres permanecer fiel à Igleja dos

Santos, não poderás unir-te aos Irmãos de Hiram.Mas se queres, não obstante, iniciar-te na Maço'naria, faze-o conscientemente,passo hás de sair da Igreia.lá, fora, gozando dos favoresficarei aqui, à tua espera, a s

sericórdia que faça retornar algum dia à ca§a pa-

terna um filho pródigo a quem tanto amara..,

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VOZES EM DEFESA DA FE'

Serie ll: Cadernos

l. Por que a Igreja Catól.iça condenou o Espiritismo /2. Ou Católico ou Maçon'3. A LBV de Alziro Zarur

^4. A Psicografia e Chico Xavier 15. Liberdade de Ensino / .t6. Livro Negro da Evocação dos Espíritos /7. Galileu Cãtitei a Luz da História ê Astronomia ví8. Resposta aos Espíritas -/9. O Círculo Esoterico da Comunhão do Pensamento r

10. O Rosacrucianismo no Brasil Ill. As Sociedades TeosóÍicas-I2. Martinho Lutero,*13. A Ref orma Luterana14. Os Presbiterianos r15. Os Congregacionalistas xlô. Os episcopalianos *17. Os Batistas '.18. Os Metodistas.19. Os Adventistas20. O Exercito da Salvaçáo.'21. A Associação Cristã de Moços x

22. As Testemunhas de Jeová.23. "Assembléias de Deus" e outras "lgrejas Pentecostais"24. Os Mormons ou Santos dos últimos Dias /25. A "Ciência Cristá"/- \

26. Os Catóticos e o Rearmamento Moral r/27. A Teoria de "A Bíblia somente" \-l^^" '28. A Teoria da "Justificação pela Fé sõmente" r29. Só os Católicos se salvam?r30. Cristo voltará em breve? -

31. A lmortalidade da Alma'l.r, .1

32. Cristo e realmente Deus? x33. A Inquisição.{p--34. Nossas Supeistições ,(35. Astrologia, Quiromancia e Quejandos.(

Na mesma coleção seguirão ainda dezenas de outros títulos,Ja em preparo

Pedidos à EDITôRA VOZES LIMITADA

Caixa Postal 23, Petrópolis, Estado do Rio

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