Os sem teto e os filhos - readaptação

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Os sem teto e os filhos Foi às margens do Lagoa De águas cristalinas Junto a um grande arvoredo Que pude construir meu ninho. Eu via nesse lugar Uma única saída Pra poder botar em ordem Um pouco da minha vida Assim como eu vieram Em busca de moradia E aos poucos foram se agregando Mais de oitenta famílias. Muitos anos se passaram Mais ou menos vinte e sete As crianças já cresceram Mas já nasceram os netos A cidade foi crescendo Lá surgiram muitos bairros Avenidas são abertas E vão ser interligadas. Para nós não foi surpresa Quando chegou o recado Que deveríamos sair Para não sermos despejados. Com a notícia nas casas Fizemos uma reunião Para juntos lutarmos Por outro pedaço de chão Buscando a resolução Ficamos apavorados Era a desconfiança

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Os sem teto e os filhos

Foi às margens do LagoaDe águas cristalinasJunto a um grande arvoredoQue pude construir meu ninho.

Eu via nesse lugarUma única saídaPra poder botar em ordem Um pouco da minha vida

Assim como eu vieramEm busca de moradiaE aos poucos foram se agregandoMais de oitenta famílias.

Muitos anos se passaramMais ou menos vinte e seteAs crianças já cresceramMas já nasceram os netos

A cidade foi crescendoLá surgiram muitos bairrosAvenidas são abertasE vão ser interligadas.

Para nós não foi surpresaQuando chegou o recadoQue deveríamos sairPara não sermos despejados.

Com a notícia nas casasFizemos uma reuniãoPara juntos lutarmos Por outro pedaço de chão

Buscando a resoluçãoFicamos apavoradosEra a desconfiança

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Que estava ao nosso lado

Conversando com o PaulãoEra quem nos ajudavaPara falar com o prefeitoQue em tudo é quem mandava

O secretário de obrasMais uma vez nos pediuCom uma promessa boaVocês vão para o cerejeiraDesocupando o Lagoa

Não fiquei muito afobadoJá tinha pra onde irSó fiquei com a saudadeDo lugar onde vivi.