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Fernanda Silva Fernandes de Abreu
Os Pescadores Esportivos na Web: Estudo de Caso sobre a
Interação entre Públicos de Nicho na Comunicação Digital
São Paulo
2011
Fernanda Silva Fernandes de Abreu
Os Pescadores Esportivos na Web: Estudo de Caso sobre a
Interação entre Públicos de Nicho na Comunicação Digital
Monografia apresentada ao Departamento de Relações Públicas, Propaganda e Turismo da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, em cumprimento parcial às exigências do Curso de Especialização Latu Sensu em Gestão Integrada da Comunicação Digital.
Orientador: Prof. Ruy Carneiro
São Paulo
2011
O trabalho Os Pescadores Esportivos na Web: Estudo de Caso sobre a Interação entre
Públicos de Nicho na Comunicação Digital, de Fernanda Silva Fernandes de Abreu foi
licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição - Uso Não Comercial 3.0 Não
Adaptada. Siga o link para mais informações.
Tá nervoso? Vai pescar!
Ditado popular
Resumo ABREU, F.S.F. Os Pescadores Esportivos na Web: Estudo de Caso sobre a Interação entre Públicos de Nicho na Comunicação Digital. 2011. 99 f. Monografia – Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.
Este trabalho se propõe a estudar os pescadores esportivos como modelo de públicos de nicho
na comunicação digital. Por meio de pesquisas empíricas com uso de teoria fundamentada,
verificamos que este público é uma comunidade bastante social, com presença forte na rede e
com regras próprias de convivência. Este estudo mostra as peculiaridades deste público de
nicho e verifica que, para se travar uma comunicação eficiente com os pescadores, é
necessário conhecê-los.
Abstract ABREU, F.S.F. Sport Fishermen on the Web: Case Study on the Interaction among Niche Audiences in Digital Communications. 2011. 99 f. Monograph – Escola de Comunicação e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2011.
This work is intended as a study of niche audiences in digital communication, using the online
community of sport fishermen as a model. Our empiric research, based on the grounded
theory method, has determined this public to be a very socially active group with a strong
presence on the internet, bound by its own set of conduct and relations standards. This study
exposes this niche's particular characteristics and determines that, in order to communicate
efficiently with sport fishermen, one must first get to know them.
Sumário
1. Introdução...............................................................................................................................8
1.1. Quem são os públicos de nicho? .....................................................................................8
1.2. Os Pescadores Esportivos como Público de Nicho .......................................................11
2. As Comunidades Virtuais.....................................................................................................13
2.1. Inteligência coletiva.......................................................................................................14
2.2. Capital Social e Influência.............................................................................................16
3. Pesquisa empírica .................................................................................................................18
3.1. Diálogos de partida: entrevista ......................................................................................18
3.2. Pesquisa quantitativa: questionário ...............................................................................21
3.2.1. Análise de resultados ..............................................................................................22
3.2.2. Algumas conclusões e críticas à pesquisa ..............................................................37
3.3. Observação e análise de comunidades virtuais..............................................................39
3.3.1. Fóruns de discussão................................................................................................40
3.4.2. Orkut.......................................................................................................................42
3.4.3. Facebook.................................................................................................................45
3.4.4. Blogs.......................................................................................................................47
4. Considerações Finais ............................................................................................................51
Apêndice...................................................................................................................................53
A. Questionário para pesquisa quantitativa ..........................................................................53
B. Lista de sites pesquisados ................................................................................................58
Referências Bibliográficas........................................................................................................60
1. Introdução
Em tempos de inovações tecnológicas e Web 2.0, nunca as relações humanas foram
tão discutidas. Com a popularização de novos serviços de comunicação digital, como
Facebook e Twitter, as empresas começaram a voltar seus esforços para o público nestes sites.
Isto inverteu o funcionamento das estratégias de comunicação: mais do que nunca, as
empresas devem estar preparadas para ouvir seus consumidores. Esta interação fica mais
complicada na medida em que os interesses dos públicos consumidores se especializam em
segmentos cada vez menores. A estes públicos damos o nome de nicho. Entretanto, quem são
eles? Pretendemos, com este trabalho, responder esta e outras questões.
1.1. Quem são os públicos de nicho?
Segundo constataram Mattar e Auad (1997) em suas pesquisas, há um consenso entre
os acadêmicos de que nichos são fatias de mercado nas quais seus integrantes (o público)
apresentam necessidades específicas, que devem ser exploradas pelas empresas em prol da
lucratividade. Já Anderson (2006) é mais específico em suas definições; ele apresenta nichos
como uma segmentação de interesses culturais, em oposição à cultura de massa, usando como
exemplo o mercado cultural em tempos de iTunes1. Na época pré-internet, produzir e,
especialmente, distribuir música demandava grande investimento e, por isso, as gravadoras
focavam em um público mais massificado a fim de garantir a venda em grandes volumes,
diluindo assim seus custos e gerando lucro. Isto mudou radicalmente com a invenção dos
formatos digitais para música e seu consequente compartilhamento por redes P2P2, o que
significou que não só o usuário poderia obter músicas isoladas – isto é, fora da embalagem
distribuída pelo produtor (o CD) – como também poderia ouvi-las quando e como quisesse.
Atualmente, o controle de como e quando consumir cultura está nas mãos do público.
Alie a isto constante evoluções tecnológicas que baratearam custos de produção, permitindo
aos próprios artistas (incluindo amadores) produzir e distribuir seu material sem depender de
1 Loja virtual de propriedade da Apple, especializada unicamente na comercialização de produtos culturais – como música, filmes e livros – em formato digital. 2 Sigla para peer-to-peer, nome que se dá às redes de compartilhamento de arquivos que independem de servidores centrais: os arquivos são trocados diretamente entre os computadores dos usuários, cortando quaisquer intermediários.
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gravadoras, e temos uma gama maior de estilos musicais que podem ser encontrados com
relativa facilidade por consumidores interessados.
Como nosso interesse nestes públicos vai além da simples exploração comercial,
utilizaremos neste trabalho a definição de Anderson: nicho é qualquer grupo de pessoas que
criam laços por possuirem interesses culturais em comum, geralmente segmentados e, por
vezes, bastante específicos. No entanto, nada impede que uma pessoa faça parte de diversos
nichos distintos, por possuir interesses compatíveis com estes grupos. Segundo o autor,
atualmente, isto é muito comum, fato que podemos comprovar pela simples observação de
nossos pares e, por que não, de nós mesmos.
A comunicação digital derrubou o que provavelmente era a maior barreira à criação
de verdadeiros nichos de mercado – transformou o consumidor que antes era isolado em um
integrante de algo maior, uma massa crítica capaz de absorver produtos com escalas maiores
de produção. Mesmo que o público se distribua por diferentes partes do mundo, agora ele
consegue trocar informações com outros que compartilham seu interesse e com os próprios
fabricantes.
Mattar e Auad (1997, p. 10) afirmam que “a busca e a disponibilidade de
informações é essencial para se explorar nicho”. Isto significa que as empresas que se
encontram dispostas a explorar um nicho de mercado devem investir tempo em buscar
informações para compreender seu público-alvo e entender a fundo seus interesses para, só
então, delimitar suas necessidades a fim de explorá-las.
Dependendo do nicho escolhido, essa pesquisa demanda muito tempo e esforço por
parte das empresas. Atualmente, esta tarefa é facilitada pela quantidade de informações à
disposição na internet, encontradas em blogs, fóruns e outras comunidades virtuais
frequentadas pelo público-alvo. Comunicar-se com este público, no entanto, exige muito
cuidado e transparência da empresa, já que a web é uma via de comunicação de mão dupla: os
consumidores também têm, à sua disposição, informações sobre as empresas. E, sendo uma
via de mão dupla, os públicos na web esperam diálogos, em oposição aos monólogos da
propaganda de massa. Por isso, as empresas precisam estar preparadas para ouvir seu público,
que não se contenta mais em ser um consumidor passivo das propagandas ainda encontradas
nas mídias tradicionais.
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Não é raro encontrar na internet relatos negativos de consumidores a respeito de
ações tomadas por empresas em tempos de Web 2.0. Estanislau (2009), pescador esportivo,
conta em seu blog uma situação que presenciou no fórum de discussão que administra:
Lembro de uma pessoa que uma vez entrou no fórum e postou uma mensagem relatando que algumas iscas que ele havia comprado, perdeu (sic) toda a pintura e outros problemas. Logo uma pessoa entrou e passou a defender com unhas e dentes aquela marca, chegando a criar inimizades com mensagens arrogantes e grosseiras, na tentativa de defender a tal marca. Mas com o tempo todos notaram o motivo, esta pessoa tinha um vínculo com a marca citada, um vínculo comercial. Isto só causou um efeito contrário ao pretendido. Pois infelizmente a tal isca tinha realmente os problemas relatados e o posicionamento radical de um usuário espelhou na marca toda a antipatia que ele criou no ambiente social do fórum. Muitas pessoas deixaram de adquirir aquela marca.
Já Fernandes (2011) compartilha uma experiência que teve no Twitter, quando
demonstrou interesse por um livro e um representante da editora interpelou: “não espere,
compre já!”. O autor relata ter ignorado a mensagem da editora, já que esta não demonstrava a
intenção de criar um diálogo, apenas fazia uso do imperativo já tão conhecido na linguagem
de marketing, e tece ainda uma observação: “fazer marketing em redes sociais exige interesse
pessoal, mano a mano. É algo difícil, gasta muito tempo, porque implica em conhecer e
dialogar com pessoas reais” (grifo do autor). Castells (2007, p. 461) comprova este
sentimento: “o preço a ser pago pela inclusão no sistema é a adaptação a sua lógica, a sua
linguagem, a seus pontos de entrada, a sua codificação e descodificação”.
Então, como fazer para criar comunicação efetiva com públicos de nicho? Na
tentativa de responder a esta questão, apresentaremos um estudo de caso dos pescadores
esportivos nas comunidades virtuais para se ter uma ideia de como se comportam estes
públicos. Partimos da premissa de que é necessário investir algum tempo conhecendo
características e necessidades do público-alvo para que seja possível travar com ele um
diálogo eficaz.
O objetivo deste trabalho é fornecer à academia e ao mercado algumas informações
sobre como se comportam os públicos de nicho no meio digital. Pretendemos ainda
demonstrar que é importante conhecer o consumidor-interlocutor com maior profundidade
antes de iniciar a comunicação. Acreditamos que seja possível extrapolar as informações
coletadas aqui para outros públicos de nicho e, assim, fornecer subsídios para melhorar os
processos de planejamento de comunicação nas empresas.
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1.2. Os Pescadores Esportivos como Público de Nicho
A pesca amadora, ou recreativa, ou esportiva, é caracterizada por sua natureza não
comercial – isto é, seus adeptos não tomam esta prática como profissão. Nos termos da lei, já
foram utilizadas várias definições para diferenciar esta modalidade de pesca, no entanto,
como conceito geral, o Ministério da Pesca e Aquicultura – MPA (2010a) define a pesca
amadora como:
atividade de natureza não comercial, a qual se caracteriza por hobby ou esporte, onde o praticante não depende desta atividade para sobreviver, ou seja, a pesca é praticada como atividade lúdica, com objetivo de recreação. (p. 6)
É possível, ainda, classificar a pesca esportiva como um nicho dentro da pesca
amadora, apropriando-nos do conceito introduzido pela Portaria IBAMA nº 30, de 23 de maio
de 2003: “modalidade da pesca amadora em que é obrigatória a prática do pesque e solte,
sendo vedado o direito à cota de transporte de pescado, prevista na legislação”. No entanto, há
um consenso entre especialistas e praticantes de que não existe uma nomenclatura exata e
oficial. Já que não estamos tratando aqui de pesca profissional, utilizaremos ao longo do
trabalho, por vezes, a expressão isolada “pescadores” para nos referirmos ao nosso objeto de
estudo.
O próprio Ministério afirma que informações sobre a pesca amadora no Brasil são
escassas, de forma geral. Não existem dados suficientes para quantificar o total de praticantes
desta modalidade no Brasil, já que “a metodologia de coleta de dados empregada no âmbito
dos programas nacionais de monitoramento da atividade de pesca não considera a pesca
amadora” (2010a, p. 13). Alguns estudos indicam que, em 2002, havia cerca de 240 mil
pescadores amadores registrados no IBAMA, mas estima-se que haja até 6 milhões de
praticantes em todo o país (IPAAM, 2002 apud CARVALHO e MEDEIROS, 2005, p. 24).
A pesca recreativa é uma atividade democrática: não há restrição de gênero, idade ou
renda para se começar a pescar, e tampouco são necessários experiência e conhecimento
prévios. Junte um caniço, um pedaço de linha, anzol e miolo de pão como isca e já é possível
fisgar alguns lambaris à beira de um córrego (FABICHAK, 1995).
A autora do presente trabalho, pela observação e convivência com nosso objeto de
estudo ao longo dos anos, pôde constatar que é um esporte predominantemente masculino,
observação reforçada por Carvalho e Medeiros (2005, p. 23). Sim, há muitas mulheres que
praticam a pesca esportiva com a mesma paixão dos homens, entretanto aquelas com quem
11
esta autora conviveu eram esposas ou filhas de pescadores. Fabichak (1995, p. 65) tenta
oferecer uma explicação para este fato, afirmando que o homem busca locais calmos em seus
dias de folga, quando está longe da agitação da vida cotidiana; já a mulher teria o
comportamento inverso, “pois geralmente está acostumada a ficar no aconchego do lar
durante o período em que o marido trabalha”. Consideramos esta teoria deveras defasada,
devido à presença crescente da mulher no mercado de trabalho, mas não a tomamos de todo
como incorreta, já que o autor recomenda a pescaria como “a receita para combater o
estresse” (idem, p. 69) e nossas observações ao longo dos anos confirmam a eficácia desta
receita. O autor também percebe este esporte como sendo uma atividade que, não raro,
envolve toda a família em busca de um pouco de tranquilidade, um descanso da vida agitada
nas grandes cidades.
Apesar de seu caráter amador – isto é, não profissional, como já estabelecemos –,
com o tempo, a pesca esportiva exige de seu praticante aprendizado e domínio de diversas
técnicas e equipamentos adequados às várias modalidades de pesca. Sendo a literatura sobre o
assunto muito escassa no país, resta ao pescador ampliar seus conhecimentos por meio de
experiência própria ou troca de informações com outros praticantes, o que confere um caráter
social à atividade.
Dentro do contexto delimitado pelas definições iniciais para públicos de nicho,
podemos considerar a pesca amadora como subgrupo de duas atividades distintas: esporte e
pesca. Há ainda dentro da pesca amadora sub-nichos relativos às diversas modalidades
existentes: pesca de praia, fly fishing, pesca embarcada com caiaque, para citar apenas
algumas. Assim como em outros públicos, os pescadores fazem uso da internet para
interagirem com seus pares, ampliarem seus conhecimentos ou simplesmente conhecerem
outras pessoas com os mesmos interesses.
Já tendo conhecido um pouco sobre o público por leituras e observações, procuramos
verificar, por meio de pesquisa empírica, quem são os pescadores presentes em comunidades
virtuais e observar sua interação nelas.
12
2. As Comunidades Virtuais
O que caracteriza a atual revolução tecnológica não é a centralidade de conhecimentos e informação, mas a aplicação desses conhecimentos e dessa infomação para a geração de conhecimentos e de dispositivos de processamento/comunicação da informação, em um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e seu uso. (CASTELLS, 2007, p. 69)
Neste capítulo, apresentaremos as definições encontradas na bibliografia acerca das
comunidades virtuais e alguns conceitos importantes sobre seu funcionamento. Começamos
por afirmar que uma comunidade virtual nada mais é do que uma extensão da realidade: a
diferença é que as interações entre pessoas são mediadas por computadores.
Incomoda-nos muito encontrar ainda, na literatura, discussões acerca da
sociabilização dos usuários na rede. De acordo com Wellman e Gulia (1997), alguns
estudiosos julgam que as interações pela internet nunca podem ser profundas ou completas,
porque tiram o elemento do contato pessoal das relações. Os autores utilizam, ao longo do
texto, a expressão “vida real” – grafada desta forma, entre aspas – como uma espécie de
protesto, já que acreditam que as interações nas comunidades virtuais são tão reais quanto
qualquer outra coisa. Procuraremos, pela pesquisa empírica, comprovar nossas impressões de
que esta premissa – não há diferença entre o real e o virtual – é verdadeira.
Primeiramente, apresentaremos um breve histórico sobre comunidades virtuais.
Castells (2007) relata que as primeiras comunidades virtuais a serem formadas deram-se com
o surgimento das BBS – bulletin board systems, ou sistemas de quadros de avisos. Esta
inovação marcou o surgimento das “comunidades virtuais”, como foram chamadas por
Howard Rheingold, já que os grupos de discussão (ou boards) dividiam-se por assunto. Deste
modo, foram definidas por ele como: “rede eletrônica autodefinida de comunicações
interativas e organizadas ao redor de interesses ou fins em comum”. (RHEINGOLD apud
CASTELLS, 2007, p. 443)
Estas novas tecnologias foram responsáveis pelo aumento do alcance individual das
pessoas na rede: “Quando as redes se difundem, seu crescimento se torna exponencial, pois as
vantagens de estar na rede crescem exponencialmente, graças ao número maior de conexões.”
(CASTELLS, 2007, p. 108) Não só isso, Mulgan (1991, apud CASTELLS, p. 109)
complementa que “as redes são criadas não apenas para comunicar, mas para ganhar posições,
para melhorar a comunicação”.
13
Com avanços tecnológicos e crescente popularização das comunidades virtuais, ficou
cada vez mais fácil para as pessoas conectarem-se com outros indivíduos com que
compartilhavam interesses. Castells já percebia esta segmentação de audiências em
decorrência das novas tecnologias: as mídias se diversificam, e se aumenta a possibilidade de
se atingir o público-alvo com maior precisão. “A mensagem é o meio” (idem, p. 425):
“Diferentemente da mídia de massa da Galáxia de McLuhan, elas [as comunidades virtuais]
têm propriedades de interatividade e individualização tecnológica e culturalmente embutidas.”
(ibidem, p. 442)
“(...) a nova mídia determina uma audiência segmentada. (...) Devido à multiplicidade de mensagens e fontes, a própria audiência torna-se mais seletiva, (...) tende a escolher as suas mensagens, assim aprofundando sua segmentação, intensificando o relacionamento individual entre o emissor e o receptor.” (SABBAH, 1985, apud CASTELLS, p. 424)
Castells fala ainda da disseminação das tecnologias e da aproximação das pessoas.
“O que permanece das origens contraculturais da rede é a informalidade e a capacidade auto-
reguladora de comunicação, a ideia de que muitos contribuem para muitos, as cada um tem a
própria voz e espera uma resposta individualizada”. (CASTELLS, 2007, p. 441)
As comunidades virtuais têm regras de convivência próprias, que pautam as
interações, e algumas delas contam ainda com moderadores que fiscalizam o bom andamento.
Outros conceitos são importantes para entender as relações dentro das comunidades
virtuais, como apresentaremos a seguir.
2.1. Inteligência coletiva
Nas palavras de Lévy (1998, p. 28): “É uma inteligência distribuída por toda parte,
incessantemente valorizada, coordenada em tempo real, que resulta em uma mobilização
efetiva das competências”. O que isto significa, efetivamente? Como o próprio autor sugere,
podemos desmembrar esta frase.
Distribuída por toda parte. Este é o axioma inicial do conceito: “Ninguém sabe
tudo, todos sabem alguma coisa, todo o saber está na humanidade”. Todo o conhecimento que
existe acumulado não foi cunhado por uma só pessoa, mas sim construído ao longo das eras e
continuamente ainda hoje.
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Incessantemente valorizada. A inteligência está por toda parte, mas, ao contrário do
que prevê o conceito, é frequentemente desvalorizada pela humanidade, que muitas vezes a
toma por uma coisa sem importância. Um exemplo disso é a sabedoria popular, que é passada
de geração para geração, mas que, por vezes, encontra resistência junto aos mais jovens, que a
consideram ultrapassada e sem utilidade.
Coordenada em tempo real. Entra aqui a importância do ciberespaço3 como
universo de coleta destes conhecimentos. A velocidade exigida só pode acontecer por meios
eletrônicos, diz o autor.
Mobilização efetiva das competências. É necessário identificar estas inteligências a
fim de mobilizá-las. Isto significa que “quando valorizamos o outro de acordo com o leque
variado de seus saberes, permitimos que se identifique de um modo novo e positivo” e, ao
mesmo instante, “contribuímos para mobilizá-lo, para desenvolver neles sentimentos de
reconhecimento que facilitarão, consequentemente, a implantação subjetiva de outras pessoas
em projetos coletivos”. (LÉVY, 2008, p. 30)
Dois dos pilares deste método são a cooperação e a competição. Para exemplificar,
Lévy menciona, em uma entrevista4, o exemplo da comunidade científica, que é capaz de
compartilhar ideias (cooperar), pois tem a possibilidade de confrontar opiniões opostas de
seus pares (competir) e, assim, gerar conhecimento. “É do equilíbrio entre a cooperação e a
competição que nasce a Inteligência Coletiva”, diz.
De acordo com a análise de Jenkins (2006), este conceito define a quintessência dos
fóruns de discussão, utilizando como exemplo o caso de um ambiente criado para discutir o
reality show Survivor5. Nele, os participantes uniam seus esforços para analisar o programa e
todas as comunicações que a emissora estabelecia para tentar descobrir, antes do final, quem
havia sido o vencedor. Jenkins conta que, apesar de existirem algumas pessoas com mais
recursos para efetuar análises – os moderadores principais tinham acesso a imagens de satélite
para tentar determinar inclusive a locação das gravações antes que esta fosse oficialmente
anunciada pela emissora –, todos no fórum davam suas contribuições para chegar a uma
resposta para o mistério.
3 Termo cunhado por William Gibson, em 1984, para designar “o universo das redes digitais como lugar de encontro e de aventuras, terreno de conflitos mundiais, nova fronteira econômica e cultural”. (LÉVY, 1998) 4 Referências a esta entrevista foram encotradas em http://webinsider.uol.com.br/2002/09/09/a-inteligencia-coletiva-segundo-pierre-levy/ 5 No Brasil, a franquia ficou conhecida como No Limite.
15
Os fóruns de discussão, assim como os blogs, são focos de inteligência coletiva
acumulada. Todo o conhecimento trocado ali por seus participantes/autores fica guardado em
um histórico, à disposição de todos.
2.2. Capital Social e Influência
Como verificou Recuero (2009), não há, entre os acadêmicos, definição exata do que
seja capital social. Os estudiosos apenas concordam que “o conceito refere-se a um valor
constituído a partir das interações entre os atores sociais”. Em suas pesquisas, a autora conclui
que o capital social é um:
conjunto de recursos de um determinado grupo (recursos variados e dependentes de sua função (...)) que pode ser usufruído por todos os membros do grupo, ainda que individualmente, e que está baseado na reciprocidade (...). Ele está embutido nas relações sociais (...) e é determinado pelo conteúdo delas (...). (2009, p. 50. Grifo da autora.)
Ou seja, capital social é tudo aquilo que rege as interações em uma rede social. Outro
elemento importante presente nas comunidades virtuais é a influência que seus membros têm
uns sobre os outros. De acordo com Armano (2011), são seis os pilares que definem o que é
influência nos dias atuais:
• Alcance: o autor cita o exemplo do jornalismo, em que um veículo de grande
alcance é considerado influente. Assim, quanto maior o alcance da mensagem,
maior potencial de influenciar os receptores ela tem.
• Proximidade: quanto menores as redes individuais, maior a importância da
proximidade entre os indivíduos para garantir a disseminação da mensagem.
• Expertise: nas redes sociais, os indivíduos ganham status de experts a partir do
momento em que compartilham seus conhecimentos com os demais e, portanto,
ganham reconhecimento.
• Relevância: não importa o alcance de uma pessoa na rede se ela não tiver
relevância no nicho em que atua. Utilizando o exemplo do autor, um cantor pop
pode ter um grande alcance junto às massas, mas provavelmente não terá
relevância alguma em uma comunidade de economistas.
16
• Credibilidade: tem a ver com a reputação de um indivíduo em seu círculo
social. Se os outros membros de sua rede não confiam nele por uma razão ou
outra, suas opiniões não terão importância.
• Confiança: elemento essencial nas questões de influência. Confiamos na
opinião de nossos amigos, porque os conhecemos e sabemos que desejam o
nosso bem, mesmo que eles não sejam experts.
Em nossa opinião, os dois pontos mais importantes nas interações entre os membros
de uma comunidade virtual são credibilidade e confiança. As pessoas, nestas comunidades,
confiam umas nas outras de acordo com a credibilidade que elas passam.
Wellman e Gulia (1997) atentam para esta questão utilizando o exemplo da
comunidade hacker, baseados em estudos de Meyer. Os hackers precisam proteger suas
identidades utilizando pseudônimos (nicknames) quando estão envolvidos em alguma
atividade ilegal. Se fazem uso do mesmo nickname sempre, as autoridades podem rastreá-los.
No entanto, eles relutam em trocar seus “nomes de guerra” por causa da reputação associada a
eles: com um novo nickname, eles precisam ganhar novamente o respeito do grupo, pois um
hacker que não contribui para o grupo não é considerado um membro da comunidade.
Anderson (2006) cita muito a questão da credibilidade. Em sua opinião, um dos
fatores que mais impulsiona o mercado atualmente são os “pós-filtros”: recomendações de
outros clientes e formadores de opinião em blogs, resenhas, listas etc. Os consumidores
acreditam nestes influenciadores devido aos seis pilares definidos anteriormente, mas
principalmente porque eles passam credibilidade.
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3. Pesquisa empírica
Esta pesquisa escolheu como metodologia a Teoria Fundamentada, descrita em
Fragoso, Recuero e Amaral (2011). Dissemos “escolheu”, pois a pesquisa aqui apresentada
nasceu de conversas entre esta autora e o Sr. Wagner Abreu, 56 anos, casado, bancário
aposentado, pescador esportivo há mais de 40 anos e “forumeiro” desde 1995 e, atualmente,
dono de uma loja de pesca virtual.
A Teoria Fundamentada dita que o pesquisador vá a campo livre de pré-concepções,
obtenha dados sobre seu objeto de estudo, catalogue-os, faça análises e só então busque
fundamentação na bibliografia. Não temos pretensões de achar que seguimos a metodologia
original à risca, por dois motivos: só viemos a conhecê-la após o início dos trabalhos e, tendo
observado o comportamento do objeto de pesquisa por vários anos, esta autora já tinha uma
ideia do que encontraria pela frente.
A fim de completar nosso objetivo, que é o de conhecer os pescadores esportivos,
saber como interagem e medir a influência de seus pares sobre suas decisões de consumo,
adotamos três métodos investigativos: (a) entrevista com o Sr. Wagner como amostra
qualitativa, (b) pesquisa quantitativa com os pescadores esportivos, por meio de questionário
e (c) observação e análise de postagens e interações em comunidades online.
3.1. Diálogos de partida: entrevista
Como já dissemos, este trabalho teve início com uma conversa entre esta autora e um
representante do público estudado. Optamos por tomá-lo como amostra qualitativa e
especialista, pois julgamos que a experiência adquirida ao longo dos anos lhe concede
autoridade para tratar de assuntos que dizem respeito à pesca esportiva e a seus participantes,
ainda que somente baseado em observações pessoais. Suas considerações foram úteis ainda
durante a tabulação dos resultados da pesquisa quantitativa e da análise das comunidades
online.
Este diálogo inicial ocorreu antes de qualquer outra parte desta pesquisa, quando o
tema ainda estava em construção, e, por isso, não fora montado um roteiro para guiar esta
interação; deixamos o assunto fluir livremente, interrompendo com questões adicionais
18
quando julgamos necessário. A seguir, relataremos o conteúdo da conversa, interpolando com
considerações extras quando precisas.
Os pescadores esportivos sempre foram um grupo muito social. Se não é necessário
ter os apetrechos mais modernos para iniciar na atividade, para manter-se nela é preciso
aprender novas técnicas, conhecer outros equipamentos, evoluir. Antes da internet, havia as
revistas especializadas e até mesmo programas de televisão, contudo, de forma geral, a
literatura era escassa. Por este motivo, a troca de conhecimento entre os grupos era
importantíssima: aprendia-se a pescar com a experiência daqueles que o faziam há mais
tempo. Fosse um filho aprendendo com seu pai, amigos ensinando uns aos outros ou mesmo
compradores dialogando com donos de lojas de materiais para pesca – que, não raro,
acabavam também por tornarem-se amigos.
Deste mesmo modo, receber dicas e indicações de amigos antes de adquirir algum
novo apetrecho era essencial, por um simples motivo: o preço dos equipamentos era e é, de
maneira geral, elevado, e os instrumentos têm funções especializadas, isto é, cada estilo de
pescaria demanda ferramentas específicas. O pescador não só precisa saber que aquele
equipamento é bom, como também deve se certificar de ter o instrumento adequado para sua
pescaria antes de desembolsar a quantia necessária.
Portanto, na época pré-internet, os pescadores contavam com quatro fontes principais
de informação: as revistas especializadas, os programas de televisão, o lojista de confiança e o
grupo de amigos. Revistas e televisão, na qualidade de mídias de massa, tinham um peso
grande na escolha dos equipamentos até que se descobriu que os articulistas e os
apresentadores eram patrocinados pelos fabricantes e, portanto, suas opiniões poderiam não
ser tão isentas como se pensava. De certa forma, o mesmo poderia acontecer com o lojista,
todavia não no grupo de amigos. Claro que sempre houve aqueles que simpatizavam mais
com determinada marca6, contudo era bastante improvável que um pescador “comum” fosse
patrocinado por alguma empresa7 e, portanto, a opinião dos amigos ganhava um peso maior
nas decisões de compra.
Como já discutimos em capítulos anteriores, com a internet, as barreiras geográficas
caem e os círculos sociais se ampliam; com os pescadores não foi diferente. O entrevistado
relata que o primeiro ponto de encontro virtual entre pescadores de que teve notícia foi um
6 Atualmente, conhecidos como “advogados de marca”. 7 Temos consciência de que é uma prática comum entre as empresas a contratação de possíveis formadores de opinião para promoverem seus produtos, confome descrito em ESTANISLAU (2009).
19
canal no mIRC8 – supomos que, antes disso, deviam existir discussões nas BBS, os sistemas
de quadro de avisos. Por volta de 1995, surgiram os fóruns de discussão, com uma interface
bastante rudimentar, não muito diferente do próprio mIRC. O lançamento do phpBB9, no
final do ano 2000, abriu uma série de possibilidades para as comunidades, devido ao aumento
constante da quantidade de funções disponíveis. Já era possível, por exemplo, criar grupos de
usuários e atribuir-lhes boards exclusivas. Acreditamos que isto, juntamente com a facilidade
de uso do sistema phpBB, contribuiu para a proliferação de outros fóruns, que por vezes eram
dissidentes dos iniciais e que poderiam servir a públicos segmentados por região, sub-nichos
dentro da pescaria esportiva (como por exemplo os praticantes de pesca de praia, ou os
adeptos do fly fishing) ou mesmo grupos de amigos que criavam, assim, um fórum exclusivo
para sua turma.
Esses fóruns continuam sendo o principal ponto de encontro virtual dos pescadores
na rede. O fórum nada mais é do que um espelho do que acontece no “mundo real”. Ele relata
que, em um dos encontros combinados entre amigos virtuais, a única diferença que sentiu é
que não havia computadores mediando a conversa: os assuntos e a maneira como eram
discutidos eram iguais aos do fórum; isto a pesquisadora pode comprovar pelas observações
ao longo dos anos de convivência com outros pescadores.
Quando perguntado sobre o uso de outras ferramentas de mídia social pelo público
estudado, ele diz saber que alguns utilizam o Orkut, porém, como faz pouco uso do Facebook,
não pode fazer afirmações sobre a utilização desta ferramenta. No entanto, uma constatação
interessante: segundo ele, observa-se um uso muito raro do Twitter por uma suposta falta de
segurança, já que “é possível saber onde você está e isto vira informação para assaltantes”.
Com relação aos hábitos de consumo, a cultura da recomendação se intensificou com
a web, já que o pescador pode ter acesso a opiniões de mais pessoas e, com isso, obtém uma
quantidade maior de informações para escolher seus apetrechos. Além disso, o pescador gosta
de ir às lojas físicas para testar o equipamento, “sentir a pegada” e depois pesquisa o melhor
preço antes de se decidir pela compra, um comportamento natural à maioria dos
consumidores. No entanto, em se tratando de iscas artificiais, entra o fator fundamental da
cultura da pescaria esportiva, a história de pescador: é comum que uma isca artificial torne-se
sucesso de vendas, porque alguém (normalmente um formador de opinião) relatou ter tido
8 Software de chat que usa o protocolo IRC (Internet Relay Chat). O mIRC foi precursor de programas como o ICQ e o MSN. http://en.wikipedia.org/wiki/MIRC 9 Sistema bastante popular de gerenciamento de fóruns, escrito em linguagem PHP. http://www.phpbb.com/
20
muito sucesso com sua utilização – ou seja, fisgou peixes grandes. A divulgação boca-a-boca,
neste caso, é a melhor que existe, e este comportamento é frequente em outras situações: a
escolha de uma determinada isca, principalmente em pesqueiros10, é pautada pelos resultados
que estão sendo obtidos por outros pescadores naquele dado momento.
Temos, então, uma ideia de como este público se socializa e como utilizam as
ferramentas digitais na comunicação. Com base nestes relatos, moldamos a estrutura dos
processos de pesquisa a serem utilizados na análise de seu comportamento.
3.2. Pesquisa quantitativa: questionário
A fim de investigar as informações recolhidas com aquela conversa inicial,
decidimos realizar uma pesquisa quantitativa entre os pescadores por questionário online11.
Elaboramos perguntas com os objetivos de delimitar o perfil socioeconômico dos
participantes, de investigar hábitos de pesca, de compreender comportamentos de consumo e
de obter subsídios para uma análise posterior de suas interações no meio digital.
Como campo de pesquisa, foram selecionados, no total, 11 fóruns de discussão,
encontrados por mecanismos de busca ou por indicação de participantes durante o período de
execução da pesquisa, e 9 comunidades do Orkut, localizadas por meio da busca interna do
próprio site. O critério para seleção destes ambientes foi o de representatividade numérica
(número de participantes e postagens) e/ou relevância dentro de uma região ou modalidade de
pesca (lista no Apêndice). Utilizamos também Facebook e Twitter para a divulgação, bem
como solicitávamos aos participantes que repassassem a pesquisa a seus conhecidos.
O procedimento de aplicação do questionário nos fóruns de discussão era simples (ou
assim imaginávamos): em cada fórum, deveria ser efetuado um cadastro, seguido do envio de
uma mensagem à equipe de moderação para que autorizassem nossa pesquisa. Só após esta
autorização, era escrita a postagem aos membros do fórum, explicando os motivos e os
objetivos da pesquisa e convidando-os ao preenchimento do questionário. Utilizamos
procedimento equivalente no Orkut e Facebook: juntamo-nos aos grupos utilizando o perfil
pessoal da autora, porém, como não era possível entrar em contato com os moderadores,
10 A definição de pesqueiro encontrada em dicionários se refere a qualquer lugar onde se pesca. No entanto, faremos uso dessa expressão para nos referirmos aos Pesque-e-Pague, por ser uma denominação comum entre os pescadores. 11 Alguns participantes dos fóruns sugeriram que o questionário fosse aplicado também em lojas físicas e encontros presenciais para que incluíssemos na pesquisa também aqueles pescadores que não acessam a internet. Ora, sendo a pesquisa sobre a comunicação no meio digital, não havia qualquer sentido em realocarmos nossos esforços para o público offline; agradecemos as sugestões e oferecemos nossos motivos para recusá-las.
21
alteramos a postagem padrão para pedir autorização ao mesmo tempo em que divulgávamos o
questionário aos participantes. Tivemos alguns entraves iniciais à pesquisa, mas, como a
execução desta não foi prejudicada, trataremos deles mais adiante.
3.2.1. Análise de resultados
Deixamos o questionário à disposição dos pesquisados no período de 6 a 18 de junho
de 2011, obtendo um total de 715 respostas válidas. A análise superficial dos resultados gerais
da pesquisa – isto é, sem qualquer cruzamento de dados –, já confirmavam o quadro delineado
na conversa com o Sr. Wagner e pela revisão bibliográfica. O questionário, como foi aplicado,
encontra-se no Apêndice.
Os homens são maioria quase absoluta entre os respondentes, 98%. As idades vão de
12 a 71 anos, sendo a maior concentração nas faixas de 26 a 35 anos (34%) e 36 a 45 anos
(22%).
22
23
Quanto ao estado civil, observa-se maioria de casados (55%), sendo que solteiros
totalizam 31%. No total, 56% têm filhos.
Nota-se também a alta escolaridade: 33% completaram o Ensino Superior, mais 24%
que têm o Superior Incompleto, e 19% cursaram uma Pós-Graduação. Cremos que este fato,
somado à maioria das respostas de moradores da região Sudeste (63%), resulta em renda
pessoal também alta: 25% declaram ganhos entre 5 e 10 salários mínimos12, 19% entre 10 e
20 salários e 14% com renda superior a 20 salários.
12 Considerando o salário mínimo nacional vigente à época, de R$ 545,00.
24
Os dados obtidos com a porção socioeconômica do questionário não nos
surpreenderam de todo. Já esperávamos a predominância masculina, e os dados sobre idade e
família confirmou o que descreveu Fabichak (1995). Interessante observar que, ainda que a
pesquisa mais recente da comScore (2011) estime o número de pessoas com acesso à internet,
no Brasil, em 45,1 milhões, os resultados de escolaridade e renda altos obtidos com o
questionário demonstram um certo grau de elitização dentro destas comunidades. Não
queremos dizer com isto que o esporte é elitizado: é certo que os equipamentos ficam mais
caros à medida que são mais especializados, e viagens de pesca mais longas a lugares mais
distantes demandam um investimento maior por parte do pescador. No entanto, é possível que
a escassez de representantes das classes D e E entre os respondentes tenha mais a ver com a
falta de interesse em participar destas comunidades online do que com as dificuldades no
acesso à rede. Não temos como saber.
Na parte do questionário referente aos hábitos de pesca, o gráfico das respostas
relativas ao tempo de prática resultou em uma curva progressiva13, mostrando maioria de
pescadores já veteranos: 31% praticam a pescaria esportiva há mais de 20 anos; 25%, entre 10
e 20 anos e 19%, entre 5 e 10 anos de prática, em um total de 65%.
13 Supomos que o formato do gráfico tenha mais a ver com as faixas de tempo que delimitamos para as respostas, no entanto este fato não invalida a afirmação.
25
O uso de fontes de informação para aprender novas técnicas é variado, com alguma
diferença de volume entre elas. A pesquisa em mídias online (sites, blogs e comunidades
online) é maior do que nas mídias de massa (revistas e TV), sendo uma média de 47% destas
contra 70% das primeiras. Além disso, 74% afirmam trocar experiências durante pescarias, e
54% em meio às compras de apetrechos em lojas físicas. Outras fontes de informação citadas
foram cursos, vídeos no YouTube e experimentação pessoal.
Entre os locais de pesca, os mais populares são rios, lagos e represas, com barco
(64%) ou sem (47%), pesque-e-pague (35%) e praias (35%). De acordo com o especialista
consultado, as preferências têm mais relação com as modalidades de pesca praticadas do que
com o custo em si, já que, de maneira geral, somente a pesca em alto-mar14 demanda
investimentos maiores.
14 Optamos por utilizar a classificação “alto-mar” para nos referirmos à pesca de espécies marinhas de grande porte, chamados peixes “de bico”, como o Marlin Azul.
26
Para descobrir novos pontos de pescaria, os respondentes dão preferência a convite
de amigos (87%), seguida de pesquisa em comunidades online (57%) e sites especializados
(47%). Encontramos ainda uma surpresa em outras respostas: o uso de aplicativos de
geolocalização como o Google Earth15 – de fato, nosso especialista relata que alguns
conhecidos já se baseavem em imagens de satélite para identificar possíveis pontos de pesca,
em preparação para viagens, desde antes do lançamento da ferramenta da Google em 2005 e
sua consequente popularização.
Os meios online são mais uma vez os mais utilizados quando o assunto é manter-se
informado a respeito de novos equipamentos de pesca: 73% para comunidades online e 58%
para sites especializados. A preferência pela indicação de amigos chega a 65%, e, logo em
seguida, vêm as revistas especializadas, com 52%. Outros meios, como programas de
televisão, sites de fabricantes e indicação de lojistas ficam em torno de 35% cada.
15 http://earth.google.com/
27
Quanto às compras, 56% estimam que seu gasto anual com equipamento de pesca
seja de até 10% de sua renda pessoal, e 26% têm um gasto de 10 a 20%. O cruzamento dos
dados mostra que a porcentagem de gastos pouco tem a ver com os rendimentos individuais,
ou seja, estas respostas estão igualmente distribuídas entre as faixas de renda.
Perguntamos sobre quais os fatores mais importantes na hora de escolher um
equipamento, dentre nove opções. A cada fator deveria ser atribuída uma nota de 1 a 5 pelos
respondentes.
28
29
30
Ao final, somamos o número de respostas e atribuímos a elas os pesos
correspondentes, como em uma votação, e o resultado foi, nesta ordem:
1. Testar o equipamento pessoalmente (93%)16;
2. Indicação de amigos (84%);
16 A porcentagem não identifica o número de respondentes, mas sim uma média indicativa da preferência geral, de acordo com o cálculo realizado.
31
3. Preço (75%);
4. Recomendação de formadores de opinião (70%);
5. Resenha em sites especializados (70%);
6. Resenha em revistas especializadas (58%);
7. Recomendação de lojista (50%);
8. O equipamento é lançamento/novidade (48%);
9. Anúncios ou propaganda (44%).
Estes resultados confirmam a afirmação do especialista, de que os pescadores têm
preferência por testar o equipamento antes da compra. Podemos observar ainda a importância
que têm as recomendações de amigos – ou seja, pessoas de confiança – e de formadores de
opinião. É interessante notar também que resenhas em sites têm peso maior do que resenhas
de revistas. Já imaginávamos que o preço seria um fator importante, devido à média de gastos
verificada anteriormente, fato que foi confirmado quando pelo menos 87% afirmaram
pesquisar preços, em lojas online e físicas, antes de efetuar uma compra. Além disso, 56%
afirmaram que uma boa relação custo-benefício é decisiva para uma boa experiência de
compra, e 28% primam pela qualidade do equipamento.
32
Sobre experiências negativas com um equipamento ou empresa, novamente o fator
social impera: 83% comentam sobre o ocorrido com amigos e 55% registram sua opinião em
fóruns e outras comunidades online. 50% afirmam ainda que deixam de adquirir os produtos
da empresa, e apenas 36% decidem levar suas reclamações diretamente à empresa. Algumas
pessoas disseram fazer uso de sites específicos para este fim, como o Reclame Aqui17.
Quanto ao uso de internet, 61% são usuários há mais de 10 anos. 24% dizem passar
mais de 40 horas semanais conectados, e, considerando que a rede é atualmente uma
ferramenta de trabalho, este dado não é surpresa. Outros períodos mais proeminentes nos
resultados estão na faixa de 5 a 25 horas por semana de conexão.
17 http://www.reclameaqui.com.br/
33
O cruzamento destes dados com as faixas salariais não mostra qualquer relação
visível entre renda e acesso à internet, já que os valores não divergem dos resultados totais de
acesso, conforme tabela 3.1.
Salários < 1 1 a 2 2 a 3 3 a 5 5 a 10 10 a 20 > 20 Total
acesso Até 5h 5% 12% 6% 8% 7% 5% 2% 6%Entre 5h e 10h 30% 17% 7% 15% 15% 13% 19% 16%Entre 10h e 15h 0% 2% 17% 14% 13% 7% 9% 11%Entre 15h e 20h 15% 17% 17% 10% 10% 11% 10% 11%Entre 20h e 25h 10% 12% 13% 17% 7% 15% 13% 13%Entre 25h e 30h 15% 14% 7% 6% 7% 10% 7% 8%Entre 30h e 35h 5% 7% 11% 8% 9% 4% 9% 8%Entre 35h e 40h 0% 7% 6% 2% 3% 6% 1% 4%Mais de 40h 20% 12% 16% 21% 29% 29% 31% 24%
Tabela 3.1 – Renda x Tempo de acesso à internet. As porcentagens apresentadas têm como referência a faixa de renda. A última coluna apresenta os resultados da pesquisa, para comparação.
A maioria dos participantes (76%) afirma se preocupar com a segurança de suas
informações na internet, ainda que 23% tomem precauções somente em caso de transações
financeiras.
34
Ao serem perguntados se alguma vez já deixaram de usar algum site por não parecer
seguro, 50% se preocupam com a ausência do certificado de segurança, 46% se incomodam
se o site pede dados pessoais sem necessidade e, se não encontram informações suficientes
sobre a entidade por trás dele, 47% vão embora.
Finalmente, na seção destinada às interações online, 96% afirmam gostar de
compartilhar informações sobre a pesca esportiva com outras pessoas. Imaginamos que
pudesse haver alguma relação entre o não-compartilhamento e a faixa etária dos respondentes,
porém o cruzamento dos dados não indicou algo neste sentido.
Quanto à interação com outros pescadores por comunidades online, nenhuma
surpresa ao constatarmos que 91% participam de fóruns de discussão. Outros meios
representativos: 32% utilizam o Orkut, 22% estão no Facebook, 20% participam de blogs por
meio de comentários e 15% usam listas de e-mail. 13 pessoas afirmaram não participar de
nenhuma comunidade online, mas ainda assim alguns selecionaram pelo menos uma das
outras opções. Não sabemos dizer se a pergunta não foi clara o suficiente, ou se estas pessoas
são lurkers18.
18 Nome dado à pessoa que está presente em uma comunidade online, entretanto apenas lê as postagens, sem interagir com nenhum outro participante.
35
Quanto ao tempo de acesso, 40% estão presentes nestas comunidades por até 5 horas
semanais, 27% gastam entre 5 e 10 horas semanais e 5% afirmam que passam 40 horas
semanais interagindo com outros pescadores. Cremos que isto se deve ao fato de que estas
pessoas consideraram também o tempo que passam conversando por comunicadores
instantâneos como o MSN, já que este foi citado pelos participantes na pergunta anterior.
Como já imaginávamos, a interação virtual se transpõe para a realidade: 69% do total
de respondentes já marcaram pescarias entre os membros das comunidades, e, em 92% destes
casos, a pescaria incluiu também amigos conhecidos apenas virtualmente até então.
36
Perguntamos também aos participantes o que eles pensam sobre a presença de
empresas nas redes sociais de que participam, e as respostas foram positivas: 57% aceitam a
presença da empresa se ela oferece vantagens como promoções e/ou descontos, 63% aceitam
se ela oferece boas informações sobre seus produtos e 55% aceitam quando ela oferece boas
informações sobre a pesca esportiva em geral. Apenas 6% rejeitam totalmente a presença de
empresas em suas comunidades.
3.2.2. Algumas conclusões e críticas à pesquisa
Estes resultados confirmam muito do que verificamos até agora pela revisão
bibliográfica e pela pesquisa qualitativa. Apesar de termos conseguido um número de
respostas bem acima do esperado, não dispomos de dados suficientes para afirmar com
37
precisão qual foi o alcance do questionário. Somando-se o número total de participantes das
comunidades pesquisadas, chegamos a quase 170 mil pessoas, mas sabemos que é bastante
comum encontrar a mesma pessoa inscrita em fóruns diferentes, posto que vários participantes
afirmaram já ter visto a pesquisa e respondido a ela em outro fórum ou no Orkut.
É possível também que o resultado de 91% de participação nos fóruns de discussão
possa ser fruto de uma amostra viciada. No entanto, conforme pudemos verificar em
observações ao longo da pesquisa, o nível de interação é realmente maior nos fóruns de
discussão. A soma pura e simples do total de inscritos nos fóruns resulta em cerca de 56 mil
contra cerca de 112 mil no Orkut. Consideremos que, na pior das hipóteses, o número total de
membros únicos nestas comunidades seja igual ao número de inscritos na maior delas: 18 mil
e 50 mil pessoas, respectivamente. Ouvimos de várias pessoas, ao longo da pesquisa, que os
fóruns são o meio de comunicação online preferido pelos públicos de nicho, e, mesmo não
tendo encontrado na literatura qualquer referência a esta afirmação, os resultados da pesquisa
nos levam a acreditar que a premissa é válida para o público estudado.
A execução da pesquisa se mostrou problemática em vários aspectos, a começar pelo
cadastro nos fóruns de discussão. Em 9 dos 11 fóruns selecionados, era necessário que um
moderador aprovasse o cadastro recém-criado antes que fosse possível enviar qualquer
postagem. Isso impossibilitava, inclusive, o envio de mensagem privada19 ao administrador
para explicarmos os motivos de nosso interesse no fórum. Em alguns casos, encontramos um
e-mail de contato e o problema se resolveu; em outros, foi necessária a intervenção de algum
membro com quem tivemos contato em outros fóruns e que, sendo cadastrado naquele em que
estávamos ainda “barrados”, pôde entrar em contato com o moderador em nosso nome e
resolver a situação. O mesmo acontecia no Orkut, e, como a ferramenta dificultava o contato
com os moderadores, só nos restou esperar. No entanto, apenas uma das comunidades
selecionadas não aceitou nosso cadastro antes do fechamento da pesquisa.
Depois disso, já tendo convidado os participantes dos fóruns a responderem a
pesquisa, percebemos uma desconfiança por parte de alguns pescadores que pensavam ser
uma pesquisa comercial disfarçada, possivelmente encomendada por alguma loja de materiais
para pesca. É certo que o questionário continha várias questões acerca de hábitos de consumo,
pois esperávamos, com estes dados, verificar a real influência dos fatores sociais nas decisões
de compra. Cremos que isto poderia ter sido evitado com a elaboração de perguntas
19 Como o próprio nome indica, diz-se da mensagem enviada utilizando-se a interface do fórum a destinatários específicos, como se fosse um e-mail.
38
diferentes, mais voltadas ao aspecto social das interações, contudo os pré-testes não indicaram
algo neste sentido. Consideramos esta uma falha em nosso método, sem, no entanto, invalidar
os resultados obtidos.
Por último, tivemos dificuldades em analisar os dados apresentados pelo
questionário, possivelmente pelo fato de já estarmos, em certo nível, inseridos no contexto da
comunidade de pescadores pela convivência ao longo dos anos. Isto porque a maioria dos
resultados nos pareceu bem pouco surpreendente, talvez por causa de pré-concepções. Para
chegar às análises finais, tivemos de contar com a ajuda de terceiros, leigos no assunto.
De posse destes dados, delimitamos a amostra a ser analisada na última etapa da
pesquisa: a observação e a análise das interações entre os pescadores nas comunidades
virtuais.
3.3. Observação e análise de comunidades virtuais
Tendo como base os resultados da pesquisa quantitativa e observações ao longo da
execução desta, decidimos por focar nossos esforços na análise dos fóruns de discussão. Não
só os dados indicam que a interação de nosso objeto dentro deles é maior do que nas outras
redes, como também pudemos perceber uma diferença clara na interação que tivemos durante
a pesquisa. Foram pesquisadas também as redes sociais mais populares no país atualmente,
Orkut e Facebook, em menor escala, devido aos índices de uso destes serviços verificados nos
resultados do questionário.
Observamos ainda alguns portais voltados à pesca esportiva, sites de publicações
especializadas e blogs para verificar os níveis de interação por meio de comentários. Os sites
foram encontrados por mecanismos de busca Google e Bing, em suas versões brasileiras, com
diversas combinações de palavras-chave relacionadas ao tema. Os cinquenta primeiros
resultados de cada busca foram primeiramente analisados de forma superficial, apenas
observando-se por cima o conteúdo dos sites; aqueles que julgamos ter maior relevância para
a pesquisa foram, então, efetivamente analisados.
A lista completa das comunidades virtuais e dos sites pesquisados encontra-se no
Apêndice.
39
3.3.1. Fóruns de discussão
Os grupos presentes nos fóruns de discussão são muito unidos e solícitos, como
pudemos observar durante a aplicação da pesquisa quantitativa. Os pescadores são uma
comunidade particular, acolhedora e pronta para compartilhar suas experiências, todavia eles
gostam de sentir que estão falando com pessoas reais: para se registrar, é necessário informar
um nome real, nada de apelidos, a menos que estes já sejam conhecidos de uma parte do
grupo. Entretanto, uma vez lá dentro, você é parte da família.
Pudemos sentir um pouco disto durante a condução da pesquisa empírica; quando
abordados pelo post inicial, alguns desconfiam de pesquisa de mercado disfarçada, mas a
maioria se prontifica a ajudar como pode, respondendo à pesquisa, recomendando a amigos
que o fizessem também – em especial aqueles declaradamente já versados nos processos
acadêmicos – e indicando outros lugares para pesquisa. Também recebemos convites para
comparecer a alguns encontros presenciais e observar a interação entre eles pessoalmente.
Abrimos aqui um espaço para abordar brevemente a questão da importância da
reputação nestes ambientes. Como já explicamos anteriormente, a execução da pesquisa nos
fóruns apresentou algumas dificuldades, com a desconfiança de alguns membros e
administradores dos fóruns. Devemos mencionar que, na maioria dos casos, esta autora foi
recebida com mais facilidade em fóruns administrados por amigos do Sr. Wagner. Ao
contrário do que esperávamos – Wagner é dono de uma pequena loja de pesca e isto poderia
reforçar a impressão de uma pesquisa comercial disfarçada –, a simples menção de seu nome
aumentou muito a receptividade à nossa pesquisa, devido aos laços de amizade.
Os admins e moderadores governam com mão de ferro, aplicando regras de
convivência rigorosas pelo bem do grupo. Comentários considerados ofensivos ou de baixo
calão, piadas com conteúdo sexual, preconceituoso, religioso e político, assim como imagens
consideradas impróprias não são tolerados. Conversamos com alguns moderadores a respeito
destas regras, já entendendo que a principal razão provavelmente fosse manter a boa
convivência entre os participantes.
Reproduzimos abaixo uma das respostas recebidas, que reflete a mentalidade geral
para as regras: organização e segurança. Contaram-nos também que a autorização prévia de
40
cadastros faz que o número total de participantes seja um dado confiável, já que esta
verificação previne a inscrição automática por bots20.
(...) assim conseguimos coibir um pouco mais os abusos, que existem em profusão, mas que vocês não vêem porque a administração cuida disso, demarcando com ferramentas do programa do fórum, cada usuário perigoso, de sorte que estes sofrem antes nossa moderação para poder ter suas mensagens publicadas. Por outro lado, há os crimes de internet, situação que cria para os fóruns responsabilidades em informar o IP de cada máquina que aqui participa, caso assim seja solicitado pela Polícia de Internet. Se além do IP, temos também as identificações, obviamente que cada usuário que aqui entrar para tentar "zoar" vai ter de pensar duplamente sobre isso! A ideia é também trazer mulheres e crianças para participar e, isso só é possível num ambiente onde haja respeito, como se aqui fora nossa sala de visitas. Vimos conseguindo, mas não é muito fácil! Todavia, minha filha, ou você, podem aqui participar sem qualquer falta de respeito por parte de usuários "sem noção"!
A estrutura de boards nos diversos fóruns é praticamente a mesma: discussão sobre o
esporte em geral, apetrechos para pesca, algumas para venda de material de pesca e
discussões acerca das diversas modalidades, cuja presença depende da temática do fórum.
Além disso, existe sempre uma board dedicada exclusivamente aos bate-papos sobre assuntos
diversos, não raro a mais popular do fórum.
Conforme verificamos, na conversa inicial, após uma leitura dos posts, comprovamos
que o clima da conversa é o mesmo que se encontraria em uma mesa de bar. É possível
encontrar muitas brincadeiras, discussões sérias e, por que não, algumas brigas. O nível de
interação é extremamente alto e bem qualificado, dificilmente um novo tópico fica sem
respostas.
Pudemos, inclusive, observar algumas discussões acerca do uso de outras redes
sociais – isto é, Orkut, Facebook e Twitter –, em que, de fato, foi possível confirmar a
preocupação dos usuários com questões de privacidade e segurança das informações pessoais.
Não encontramos qualquer indicador que demonstrasse resistência dos membros a
iniciantes, parece-nos que todos os interessados são bem acolhidos. Contudo, percebemos
algumas dificuldades no início da pesquisa, como já relatamos, e o especialista consultado
afirmou que, sim, há uma resistência dos membros do fórum se o iniciante se mostra “um
20 Contração de robots, bots são aplicativos que executam tarefas automatizadas pela internet. Tipicamente, executam tarefas simples e estruturalmente repetitivas, em uma velocidade muito mais alta do que seria possível para um ser humano. Entre outras aplicações, são muito utilizados para criar cadastros em sites para disseminação de mensagens indesejadas, o spam. Fonte: Wikipedia <http://en.wikipedia.org/wiki/Internet_bot>. Tradução livre.
41
mané”, ou seja, alguém que não está interessado no assunto do fórum e no que as outras
pessoas têm a dizer.
Em um dos fóruns em que a pesquisa foi conduzida, um dos membros nos incitava a
participar mais “pois o pessoal gosta de respostas rápidas”. Em tempos de velocidade de
informações, percebemos que a ânsia pela rapidez nas respostas permanece nos fóruns,
mesmo sendo um meio em que havíamos julgado que isto não era tão necessário. Acreditamos
que os participantes não querem sentir que estão falando sozinhos.
Acerca da participação feminina nos fóruns
Não pudemos deixar de notar que a participação feminina nos fóruns é escassa.
Deparamos com algumas participantes ativas nos fóruns, mas são raras, como comprovou o
resultado da pesquisa quantitativa. Encontramos um tópico específico em que se discutia
justamente a (falta de) participação das mulheres no fórum. Os participantes tendem a
concordar que isto não se deve a falta de competência delas em pescarias, muito pelo
contrário, muitos deles concordam que a maioria é composta de exímias pescadoras. O que
acontece, relatam, é que por vezes elas são muita assediadas – não no sentido sexual, mas sim
por serem uma exceção à regra em um ambiente predominantemente masculino – e se
afastam. Nosso especialista atentou para o fato de que os fóruns são ambientes machistas, e
por isso elas se sentem menos à vontade para interagir.
3.4.2. Orkut
A pesquisa no Orkut considerou apenas as comunidades sobre pesca esportiva
selecionadas na pesquisa qualitativa. Encontramos perfis pessoais sobre o assunto, muitas
vezes vinculados a um site ou a uma loja online, contudo foram desconsiderados por não
terem área própria para interação entre usuários – perfis pessoais têm apenas a página de
recados, que é voltada à comunicação entre apenas dois indivíduos de cada vez e que não tem
qualquer funcionalidade própria de fórum – isto é, discussão entre vários usuários, separação
por tópicos, mudança de posição na lista dos tópicos mais recentes etc. Também não entraram
na pesquisa conversas realizadas nas páginas pessoais de recados e nos álbuns pessoais.
Mesmo limitado apenas às comunidades, o Orkut gerou números bastante grandes. O
número de comunidades voltadas à pesca esportiva é alto, assim como a quantidade de
membros. As duas maiores, “Amantes da Pescaria” e “Pesca Esportiva”, têm respectivamente
42
pouco mais de 50 mil e 17 mil inscritos e figuram entre aquelas com maior índice de interação
entre os membros. Outras oito flutuam entre 3 mil e 10 mil participantes.
A interação nessas comunidades menores fica aquém do que os números indicam: a
razão entre o número de usuários ativos e o total de usuários é muito pequena, principalmente
se comparada aos fóruns, e a interação é, em geral, muito baixa. Na listas de tópicos, é
comum ver inúmeras entradas sem qualquer resposta, apenas com o post que originou o
tópico (fig. 3.1). Os temas são pouco variados; em diversas comunidades, o tópico destinado à
exibição de “troféus” (fotos com o peixe resultado da pescaria) é o mais movimentado. Há
eventuais tópicos de venda de material usado e comentários superficiais sobre locais de pesca.
A baixa interação pode se dar, em parte, pelo tipo de função que muitos usuários do
Orkut atribuem às comunidades. Em vez de participar daquelas a que se associa, ou mesmo
lê-las, muitos as utilizam apenas como lista de interesses na página de seu perfil: “Dentre as
iniciativas interessantes dos brasileiros, estava o uso das comunidades para dar personalidade
para o perfil, coisa que os americanos, que até então eram a maioria dos usuários, não faziam”
(RECUERO, 2008). Ou seja, as pessoas se associam a uma comunidade de pesca apenas para
mostrar a quem visita o perfil que é praticante de pesca, e não para interagir com outros
pescadores.
43
Fig. 3.1 – Exemplo de comunidade do Orkut com muitos membros, mas baixa interatividade
44
3.4.3. Facebook
Apesar do recente crescimento no país, o Facebook se mostrou uma terra estéril à
pesquisa. A própria busca foi um fator de dificuldade: o mecanismo procura pelas palavras-
chave apenas nos títulos de grupos e fanpages, não em suas descrições. Com isso, as buscas
no site precisaram ser mais cuidadosas e abrangentes do que nos outros casos. No entanto, por
mais cuidadosa que fosse a busca, os resultados relativos ao Brasil foram sempre mínimos. A
popularidade desproporcional desta rede social no país e no mundo se mostra com clareza
quando uma simples busca por “pesca” retorna resultados referentes a Portugal e países de
língua espanhola, e até mesmo a páginas italianas sobre pêssegos (em italiano, “pesca” é o
nome da fruta), mas praticamente nenhum conteúdo nacional (Fig. 3.2).
45
Fig. 3.2 – Amostra de resultados de busca no Facebook
Há algumas páginas e grupos, mas com pouquíssimos usuários e com interação
ínfima ou mesmo inexistente entre eles (Fig. 3.3). Alguns compartilham fotos de pescarias
recentes, mas não passam disso, nem essas fotos costumam ter comentários nos grupos e nas
fanpages. Talvez se aplique aqui a mesma lógica do Orkut, a personalização do perfil.
Encontramos uma exceção à regra no grupo “Nasci para Pescar – Uma Grande Família”,
porém acreditamos que isto se deve ao fato de que este teve origem no Orkut.
46
Fig. 3.3 – Exemplo de fanpage sem interação no Facebook
Vale ressalvar, no entanto, que em torno de 22% dos participantes da pesquisa
realizada em fóruns disseram utilizar o Facebook. É possível que exista, então, interação entre
os pescadores em seus murais e álbuns de fotos pessoais, em que podem se manifestar e
comentar sobre as atualizações uns dos outros. No entanto, a busca do site não alcança esse
conteúdo, e grande parte dos usuários do Facebook liberam o acesso a seus murais e fotos
apenas para amigos; uma busca nessa área se torna, assim, inviável.
3.4.4. Blogs
A pesquisa analisou blogs de tamanhos e fins diversos, desde pequenos sites pessoais
ou de grupos até blogs que se propõem a condensar informações relevantes do setor, como
legislação, períodos mais propícios para a pesca em cada região etc. Um traço comum a todos
47
os blogs analisados, no entanto, é a quase completa ausência de resposta relevante dos leitores
– e, portanto, daquilo que consideramos como interação entre leitor e site e entre os próprios
leitores.
Os blogs pessoais ou de pequenos grupos costumam trazer apenas relatos e fotos de
pescarias recentes; quando há comentários, fica claro que são de amigos dos pescadores ou
dos próprios pescadores do grupo (Fig. 3.4). A maioria destes comentários não tem
profundidade, apenas mencionam que a pescaria foi boa, o peixe tem um bom tamanho etc., e
não recebem resposta nem do site, nem de outros leitores, possivelmente porque todo o
público-alvo desses blogs já se comunica por outros meios.
Esperávamos resultados diferentes, já que 20% dos pesquisados declararam interagir
com outros pescadores por meio de comentários em blogs. A explicação que encontramos
para este fato é que temos noções diferentes do que significa “interagir”: para este público, o
simples fato de publicar um comentário em um blog, mesmo que esporadicamente, já deva ser
considerado interação.
48
Fig. 3.4 – Exemplo de interação em blogs
Sites mais genéricos sobre pesca, não centrados em um único grupo, e que, por isso,
poderiam atrair um público maior, diversificado, apresentam situação similar. Mesmo textos
49
sobre legislação ou sobre problemas políticos que envolvam a pesca, como a recente troca do
Ministro da Pesca, que, em outros blogs de porte similar, geram certa polêmica e polarização,
acabam sem comentário, ou com umas poucas opiniões que não encontram réplica. Alguns
desses sites têm domínio próprio ou estão vinculados a portais e a outras publicações; é
razoável acreditar que há potencial para discussão – entretanto isso não acontece. O único site
do tipo, dentre os pesquisados, em que há uma comunidade visível ao redor, que comenta
sobre o blog, tem também um fórum para este fim – a discussão, portanto, não se dá no
próprio blog.
50
4. Considerações Finais
Consideramo-nos satisfeitos com os resultados apresentados neste trabalho. Pela
pesquisa empírica e com auxílio da base teórica, pudemos conhecer melhor os públicos de
nicho por meio do estudo dos pescadores esportivos e seus hábitos em comunidades virtuais.
Observamos que, como já haviam dito Wellman e Gulia (1997), a comunicação por
meios eletrônicos não difere em absoluto do “mundo real”, e não enfraquece os laços entre os
participantes, pelo contrário. A pesquisa quantitativa, conduzida junto ao público nas
comunidades online, demonstrou que 69% dos entrevistados já marcaram pescarias por meio
destas ferramentas, sendo que em 92% destes casos a pescaria incluiu também amigos
conhecidos apenas no meio virtual. Pudemos perceber também uma especialização encontrada
nos fóruns, devido à existência de dissidências entre os adeptos das diferentes modalidades de
pesca nas comunidades virtuais, como existe no “mundo real”. Isto, no entanto, não impede
que os participantes se cadastrem em várias comunidades diferentes e interajam com adeptos
de modalidades diferentes, como de fato acontece.
Consideramos comprovada também nossa premissa inicial de que é necessário
conhecer uma comunidade de nicho ao executarmos processos na comunicação digital. Os
pescadores demonstraram ser um grupo solícito, porém fechado àqueles que julgam não ter
real interesse em seu hobby, e tendemos a acreditar que isto seja verdadeiro para a maioria dos
públicos de nicho.
Durante a pesquisa, percebemos também a importância de ter o auxílio de um
participante do grupo estudado para aprender o “caminho das pedras”, ou seja, os pontos
fundamentais de conhecimento e convivência para garantir uma boa interação com o grupo.
No nosso caso, as conversas iniciais com o Sr. Wagner, pescador esportivo selecionado para a
porção qualitativa de nossa pesquisa empírica, proporcionaram-nos insights interessantes a
respeito dos pescadores esportivos e seus hábitos de interação tanto no meio online como no
offline, que nos tomariam muito tempo de estudo para aprender por conta própria.
Apesar de já nos considerarmos conhecedores de nosso objeto de pesquisa pelos anos
de convivência – e justamente por isso tivemos dificuldades em analisá-los objetivamente –, a
pesquisa conduzida ainda nos trouxe algumas boas supresas. Uma delas foi a importância da
reputação quando no trato com estes públicos, percebida durante a nossa inserção nos fóruns
para a execução da pesquisa quantitativa. A simples menção do nome do Sr. Wagner,
51
conhecido de muitos administradores nos fóruns, abriu-nos muitas portas e facilitou a
execução da pesquisa quantitativa. Esta transferência de reputação que recebemos faz-nos
pensar que outros pesquisadores tenham dificuldades na execução de pesquisa similar; ao
mesmo tempo, deixamos aqui o alerta para aqueles que desejam trabalhar com públicos de
nicho sobre a importância de se ter um “guia” dentro destas comunidades.
Lamentamos não ter tido mais tempo para nosso estudo. A análise que fizemos das
comunidades virtuais, apesar de trazer bons resultados, não nos deu subsídios suficientes para
a criação de uma metodologia para guiar pesquisas semelhantes no futuro. No entanto, não
podemos deixar de mencionar novamente a importância de se entrar preparado em um estudo
desta natureza, isto é, tomando o tempo necessário para conhecer o público que se deseja
observar.
Teria sido interessante ainda verificar como é a relação no meio digital dos lojistas e
fabricantes de materiais para pesca com seu público-alvo. Não temos análises para comentar
este assunto com a profundidade devida, mas algumas rápidas observações mostram que as
empresas da área ainda estão engatinhando quando o assunto é o meio digital. Deixamos aqui
o espaço aberto para novas pesquisas nesta área.
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Apêndice
A. Questionário para pesquisa quantitativa
[Perfil socioeconômico] 1. Sexo * ( ) Masculino ( ) Feminino 2. Idade * Em números [texto livre] 3. Estado * [caixa drop-down contendo uma lista com todos os Estados brasileiros] 4. Estado civil * ( ) Solteiro ( ) Casado ( ) União Estável ( ) Divorciado ( ) Viúvo 5. Tem filhos? * ( ) Sim ( ) Não 6. Escolaridade * ( ) Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio ( ) Superior Incompleto ( ) Superior Completo ( ) Pós-Graduação 7. Renda pessoal mensal (bruto) * Considere o mínimo nacional de R$ 545,00 ( ) Até 1 salário mínimo ( ) Entre 1 e 2 salários mínimos ( ) Entre 2 e 3 salários mínimos ( ) Entre 3 e 5 salários mínimos ( ) Entre 5 e 10 salários mínimos ( ) Entre 10 e 20 salários mínimos ( ) Mais de 20 salários mínimos ( ) Não tenho renda própria
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------------- [Histórico de pesca] 8. Pratica a pesca esportiva há quanto tempo, aproximadamente? * ( ) Menos de 1 ano ( ) Entre 1 e 2 anos ( ) Entre 2 e 3 anos ( ) Entre 3 e 5 anos ( ) Entre 5 e 10 anos ( ) Entre 10 e 20 anos ( ) Mais de 20 anos 9. Que meios utiliza para aprender novas técnicas, como arremessos ou qual equipamento usar em cada ocasião? * Marque mais de uma opção se necessário [ ] Revistas especializadas [ ] Programas de televisão [ ] Pesquisa em sites ou blogs especializados [ ] Pesquisa em comunidades online (fóruns, Orkut, Facebook etc.) [ ] Conversa com conhecidos e/ou desconhecidos durante pescarias [ ] Troca de experiências com outros pescadores em lojas físicas [ ] Indicação de lojistas [ ] Outros: [texto livre] 10. Em quais lugares costuma pescar? * Marque mais de uma opção se necessário [ ] Pesque-e-pague [ ] Água doce, desembarcado [ ] Água doce, embarcado [ ] Água salobra ou canais, desembarcado [ ] Água salobra ou canais, embarcado [ ] Praia [ ] Costão [ ] Costeira, embarcado [ ] Alto-mar 11. Como descobre novos pontos de pesca? * Marque mais de uma opção se necessário [ ] Revistas especializadas [ ] Programas de televisão [ ] Pesquisa em sites e/ou blogs especializados [ ] Pesquisa em comunidades online (fóruns, Orkut, Facebook etc.) [ ] Indicação/convite de amigos [ ] Indicação de lojistas [ ] Outros: [texto livre] ------------- [Hábitos de consumo] 12. Como se mantém informado sobre novos equipamentos de pesca? *
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Marque mais de uma opção se necessário [ ] Revistas especializadas [ ] Programas de televisão [ ] Sites de fabricantes [ ] E-mails/newsletters [ ] Sites e/ou blogs especializados [ ] Comunidades online (fóruns, Orkut, Facebook etc.) [ ] Indicação de amigos [ ] Indicação de lojistas [ ] Outros: [texto livre] 13. Aproximadamente, quanto de sua renda mensal é destinada à compra de equipamentos? * Pense em quanto gasta por ano com equipamentos e faça uma média ( ) Até 10% ( ) De 10% a 20% ( ) De 20% a 30% ( ) De 30% a 40% ( ) De 40% a 50% ( ) Mais de 50% ( ) Outro familiar é responsável pela compra 14. Na sua opinião, qual a importância dos seguintes fatores na hora de decidir pela compra de um equipamento? * Sendo (1) pouco importante e (5) muito importante.
1 2 3 4 5 Anúncios ou propaganda
O equipamento é lançamento/novidade Preço
Resenha em revistas especializadas Resenha em sites especializados
Recomendação de formadores de opinião Recomendação de lojista
Recomendação de amigos Testar o equipamento pessoalmente
15. Costuma pesquisar preços antes de adquirir um equipamento? * Marque mais de uma opção se necessário [ ] Sim, visitando lojas físicas [ ] Sim, visitando lojas online [ ] Sim, através de sites de comparação de preços [ ] Nem sempre, tenho uma loja preferida [ ] Nem sempre, sigo indicações de amigos [ ] Não costumo pesquisar preços 16. Na sua opinião, qual dos fatores abaixo é o mais importante para qualificar uma boa experiência de compra? * ( ) Bons preços ( ) Qualidade do equipamento ( ) Boa relação custo-benefício ( ) Atendimento personalizado
55
( ) Estoque variado e completo 17. Em caso de ter uma experiência negativa com um equipamento ou empresa, costuma compartilhar com outras pessoas? * Marque mais de uma opção se necessário [ ] Comento com amigos e/ou conhecidos [ ] Levo minha reclamação diretamente à empresa [ ] Escrevo uma postagem em fóruns e/ou comunidades online [ ] Deixo de adquirir outros produtos ou serviços da empresa [ ] Fico insatisfeito, mas não costumo tomar nenhuma atitude [ ] Outros: [texto livre] ------------- [Uso de internet] 18. Há quanto tempo, aproximadamente, você acessa a internet? * ( ) Menos de 1 ano ( ) Entre 1 e 2 anos ( ) Entre 2 e 3 anos ( ) Entre 3 e 5 anos ( ) Entre 5 e 10 anos ( ) Mais de 10 anos 19. Quanto tempo, em média, você passa conectado à internet? * Considere o tempo total, no trabalho, em casa e outros locais. ( ) Até 5h por semana ( ) Entre 5h e 10h por semana ( ) Entre 10h e 15h por semana ( ) Entre 15h e 20h por semana ( ) Entre 20h e 25h por semana ( ) Entre 25h e 30h por semana ( ) Entre 30h e 35h por semana ( ) Entre 35h e 40h por semana ( ) Mais de 40h por semana 20. Você se preocupa com questões relacionadas à segurança de informações e privacidade na internet? * ( ) Sim, bastante ( ) Sim, mas só em casos que envolvem transações financeiras ( ) Não me preocupo ( ) Nunca pensei no assunto 21. Já deixou de usar algum site, serviço ou loja online porque não lhe pareceu seguro? Se sim, qual o motivo? * Marque mais de uma opção se necessário [ ] O site não tinha certificado de segurança (conexão segura) [ ] O site pedia informações pessoais sem necessidade, como CPF, telefone, endereço etc. [ ] Não encontrei informações suficientes sobre a empresa/pessoa por trás do site [ ] Nunca deixei de usar qualquer site por este motivo [ ] Outros: [texto livre]
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------------- [Interação Online] 22. Gosta de compartilhar informações e novidades sobre equipamentos, lojas, técnicas, viagens e pontos de pesca? * ( ) Sim ( ) Não 23. Costuma participar de comunidades online para interagir com outros pescadores, mesmo que esporadicamente? * Marque mais de uma opção se necessário [ ] Fóruns de pesca [ ] Lista/grupo de e-mails [ ] Orkut [ ] Facebook [ ] Twitter [ ] Blogs especializados, através de comentários [ ] Não participo destas comunidades. [ ] Outros Se você participa de alguma das comunidades citadas acima, por favor responda às perguntas seguintes: 24. Quanto tempo, em média, você passa em comunidades online, interagindo com outros pescadores? Considere o tempo gasto em grupos de e-mail e sites de relacionamento como fóruns, Orkut, Facebook, Twitter etc. ( ) Até 5h por semana ( ) Entre 5h e 10h por semana ( ) Entre 10h e 15h por semana ( ) Entre 15h e 20h por semana ( ) Entre 20h e 25h por semana ( ) Entre 25h e 30h por semana ( ) Entre 30h e 35h por semana ( ) Entre 35h e 40h por semana ( ) Mais de 40h por semana 25. Já marcou pescarias através de alguma dessas comunidades? ( ) Sim ( ) Não 26. Se sim, alguma dessas viagens incluiu amigos que só conhecia virtualmente? ( ) Sim ( ) Não 27. Algumas empresas veem estas comunidades como bons canais de comunicação com seus consumidores. Em quais das circunstâncias abaixo você aceita a interação de empresas nas comunidades em que participa? Marque mais de uma opção se necessário
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[ ] Se a empresa me oferece vantagens (promoções, descontos etc.) [ ] Se a empresa oferece boas informações sobre seus produtos [ ] Se a empresa oferece boas informações sobre a pesca esportiva em geral [ ] Indiferente / Não tenho opinião [ ] Rejeito a interação de empresas nas comunidades em que participo [ ] Outros: [texto livre] ------------- [Fim]
B. Lista de sites pesquisados
Fóruns Pescaki - http://www.pescaki.com/ Caterva - http://www.caterva.com.br/forum/index.php Turma do Biguá - http://www.turmadobigua.com.br/turmadobigua/forum/index.php Momento da Pesca - http://www.momentodapesca.com.br/forum/ Pesca Nordeste - http://www.pescanordeste.com.br/forum/ Caiaque Brasil - http://caiaque.forumbrasil.net/ PeskBem - http://forum.peskbem.com.br/ Guia Pesca de Praia - http://www.guiapescadepraia.com.br/forum/index.php Fly Fishing Brasil - http://www.flyfishingbrasil.com.br/phpBB/ Mosqueiros do Rio - http://www.mosqueirosdorio.com.br/forum/index.php Tucunazul - http://www.tucunazul.com.br/forum/ Orkut Loucos por pesca - http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=1973453 Pesca & Cerveja - http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=354610 Pesca Esportiva - http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=51190 PESCA NO PANTANAL - http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=333299 PESCA & COMPANHIA - http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=227250 Pescaria e Cerveja - http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=2151883 AMANTES DA PESCARIA - http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=209384 Pesca Alternativa - http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=2245684 Pesca do Robalo - http://www.orkut.com.br/Community?cmm=242358 Shiro Pesca - Esportiva / LOJA - http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=91704082 NASCI PARA PESCAR - http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=26641665 Facebook http://www.facebook.com/pages/Revista-Pesca-Esportiva/114187218634871?sk=wall http://www.facebook.com/home.php?sk=group_222196631131732 http://www.facebook.com/home.php?sk=group_171158792899213
58
Sites e Blogs http://www.pescaalternativa.com.br/novo/ http://pesca-cia.blog.uol.com.br/ http://revistapescaecompanhia.uol.com.br/ http://www.pescadepraia.com/ http://pescamadora.com.br/blog/ http://www.dzai.com.br/guiasdepesca/blog/guiasdepesca http://blogdapescadodeja.blogspot.com/ http://falandodepesca.com.br/blog/ http://www.blogdojura.com.br/index.php http://www.tucuna.com.br/site/index.php http://www.sitedapesca.com.br/ http://www.revistapesca.com.br/ http://www.guiadapesca.com.br/
59
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