Os “joaninos” entre os Kaingang da Terra Indígena Xapecó · Lei N°11.645, de 2008 na qual...

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Os “joaninos” entre os Kaingang da Terra Indígena Xapecó Nathan Marcos Buba 1 Ana Lúcia Vulfe Nötzold 2 A presente pesquisa se insere como um subprojeto no âmbito do Observatório da Educação “Ensino, saberes e tradição: elementos a compartilhar nas escolas da Terra Indígena Xapecó/SC” do Laboratório de História Indígena/UFSC e conta com financiamento da Capes/DEB/Inep. O estudo tem como objetivo analisar as permanências de “joaninos” entre os Kaingang da Terra Indígena Xapecó/SC, que se localiza no oeste do estado catarinense. Outro ponto que procuramos demonstrar é como e onde estão situados os locais sagrados para os Kaingang, que realizam as preces ao monge João Maria, denominadas pela população local de “águas santas” ou “pocinho de São João Maria”. As fontes utilizadas para a presente pesquisa são de estudiosos da temática indígena, de pesquisadores que abordam sobre a Guerra do Contestado, como também de viajantes e etnógrafos que percorreram a região sul do Brasil, e sobretudo este artigo procura realizar um diálogo das fontes supracitadas com a “voz” dos Kaingang, seja por trabalhos acadêmicos ou pelo uso de história oral. Através de entrevistas realizadas com os indígenas é possível perceber que os adoradores de João Maria estão diminuindo, sendo mencionados dois pontos principais que a pesquisa busca atestar: a) o aumento das igrejas evangélicas dentro da Terra Indígena; b) avanço do desmatamento que ameaça as “águas santas” Através das fontes citadas a pesquisa vai procurar demonstrar de que maneira os Kaingang da Terra Indígena Xapecó/SC manifestam suas crenças no monge que ficou marcado pela Guerra do Contestado, como também de que maneira essas crenças sofreram um processo de sincretismo com os rituais tradicionais Kaingang. O ensino nas escolas sobre a Guerra do Contestado, como também da temática indígena estão distantes de uma boa abordagem, além de 1 Acadêmico do curso de Bacharelado e Licenciatura em História da UFSC. Integrante do Laboratório de História Indígena e bolsista de Iniciação Científica do Obeduc/Capes/DEB/Inep. E-mail: [email protected] 2 Orientadora da pesquisa, etno-historiadora, professora Associada IV do Departamento de História da UFSC. Coordenadora do Laboratório de História Indígena e do Observatório da Educação/UFSC. E-mail: [email protected]

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Os “joaninos” entre os Kaingang da Terra Indígena Xapecó

Nathan Marcos Buba1

Ana Lúcia Vulfe Nötzold2

A presente pesquisa se insere como um subprojeto no âmbito do Observatório da

Educação “Ensino, saberes e tradição: elementos a compartilhar nas escolas da Terra

Indígena Xapecó/SC” do Laboratório de História Indígena/UFSC e conta com

financiamento da Capes/DEB/Inep. O estudo tem como objetivo analisar as

permanências de “joaninos” entre os Kaingang da Terra Indígena Xapecó/SC, que se

localiza no oeste do estado catarinense. Outro ponto que procuramos demonstrar é como

e onde estão situados os locais sagrados para os Kaingang, que realizam as preces ao

monge João Maria, denominadas pela população local de “águas santas” ou “pocinho de

São João Maria”. As fontes utilizadas para a presente pesquisa são de estudiosos da

temática indígena, de pesquisadores que abordam sobre a Guerra do Contestado, como

também de viajantes e etnógrafos que percorreram a região sul do Brasil, e sobretudo

este artigo procura realizar um diálogo das fontes supracitadas com a “voz” dos

Kaingang, seja por trabalhos acadêmicos ou pelo uso de história oral. Através de

entrevistas realizadas com os indígenas é possível perceber que os adoradores de João

Maria estão diminuindo, sendo mencionados dois pontos principais que a pesquisa

busca atestar: a) o aumento das igrejas evangélicas dentro da Terra Indígena; b) avanço

do desmatamento que ameaça as “águas santas” Através das fontes citadas a pesquisa

vai procurar demonstrar de que maneira os Kaingang da Terra Indígena Xapecó/SC

manifestam suas crenças no monge que ficou marcado pela Guerra do Contestado,

como também de que maneira essas crenças sofreram um processo de sincretismo com

os rituais tradicionais Kaingang. O ensino nas escolas sobre a Guerra do Contestado,

como também da temática indígena estão distantes de uma boa abordagem, além de

1 Acadêmico do curso de Bacharelado e Licenciatura em História da UFSC. Integrante do Laboratório de História

Indígena e bolsista de Iniciação Científica do Obeduc/Capes/DEB/Inep. E-mail: [email protected] 2 Orientadora da pesquisa, etno-historiadora, professora Associada IV do Departamento de História da UFSC.

Coordenadora do Laboratório de História Indígena e do Observatório da Educação/UFSC. E-mail: [email protected]

tentar demostrar como está a permanência dos joaninos entre os Kaingang essa pesquisa

mostra que existe uma possibilidade do professor abordar a temática indígena e do

Contestado de uma maneira próxima.

Palavras chave: Kaingang; Contestado e religiosidade.

Considerações inicias

Entre as várias similaridades da História do Contestado e da História dos povos

indígenas de Santa Catarina podemos destacar algumas muito significativas: o descaso e

a violência utilizada com os indígenas e caboclos pelos governos regionais e nacional

brasileiro, o silenciamento dos povos que foram atingidos por esses governos, seja

através da brutalidade desses, como também do preconceito de outras camadas da

sociedade, e não menos importante, do pouco espaço que esses temas ocupam nos livros

didáticos. Através do vídeo-documentário Terra Cabocla3 (2015) o historiador Paulo

Pinheiro Machado atenta para o problema ainda frequente nos livros didáticos quando

aborda a Guerra do Contestado (1912-1916), pois o evento muitas vezes é explicado em

um ou dois parágrafos, sendo citado apenas como um conflito que ocorreu devido a

disputa territorial entre Paraná e Santa Catarina.

Semelhante a abordagem sobre os indígenas nos livros didáticos, mesmo com a

Lei N°11.645, de 2008 na qual torna obrigatório o estudo da história e cultura afro-

brasileira e indígena nos estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio,

públicos e privados4 podemos perceber que ainda há muito o que avançar nessa área.

Em outros estudos foi possível perceber o que foi mencionado através da análise ao

livro didático intitulado História Geral e Brasil de José Geraldo Vinci de Moraes

(MORAES, José Geraldo Vinci de. História: Geral e Brasil: Ensino Médio: volume 2 /

José Geraldo Vinci de Moraes. – 1.ed. – São Paulo: Saraiva, 2010), no qual foi possível

3 Documentário de 82 minutos dirigido por Marcia Paraiso e Ralf Tambke. Ao longo do vídeo-documentário se

encontram depoimentos de pesquisadores da Guerra do Contestado, como também do povo da região que ainda sofre

com a desigualdade social. 4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm. Acesso em 14/05/2016

perceber que as imagens dos indígenas dos dias atuais mostravam geralmente o “índio

de cocar”, “índio de arco e flecha”, “índio cortando mandioca”, ou seja aquela imagem

colonial do indígena com poucas vestes e com o corpo pintado. Dificilmente se encontra

imagens de indígenas na cidade, estudando em universidades, usando roupa, calçados,

aparelhos eletrônicos sem que queira atingir um tom do exótico, fazendo com que se

generalize uma imagem do que é ser indígena. As autoras Schmidt e Cainelli reprovam

esse tipo de abordagem, pois não há a confrontação de diferentes tipos de documentos

(imagens de povos indígenas de várias regiões) para que o “aluno possa construir

relações de semelhanças e diferenças, combinar informações e estabelecer

generalizações” (2009, p. 126).

Isso não é o suficiente para uma representação da realidade indígena, pois ainda

que alguns povos mantêm parte das características quase sempre apontadas nos livros

didáticos, outros foram mais atingidos pelo chamado “processo civilizatório” e já não se

encaixam nas citadas imagens. Se torna necessário a problematização desse item nos

livros didáticos, pois o indígena não é mais aquele do período colonial, já que a cultura

é dinâmica e sofre mudanças no próprio sistema cultural, ou pelo contato com sistemas

distintos (LARAIA, 2004, p.96).

Por conseguinte, o presente estudo busca demonstrar que a História da Guerra do

Contestado e a temática indígena merecem mais que dois parágrafos, ou simples fotos

que não condizem com a realidade de todos os povos, da mesma forma que elas podem

ser abordadas em conjunto, como procuramos demonstrar a seguir.

OS POVOS INDÍGENAS EM SANTA CATARINA: OS KAINGANG

A história dos povos indígenas é indispensável para se compreender tanto a

história regional, como a estadual e nacional. Assim como a população que se envolveu

no conflito do Contestado, os indígenas são fundamentais para a construção do que é

hoje Santa Catarina. Isso ocorre desde os primeiros anos de contato entre indígenas e

europeus, pois foram as populações já residentes no atual litoral de Santa Catarina que

repassaram seu conhecimento sobre fauna e flora, sobre a direção dos rios, dos campos

para os europeus, nos quais utilizaram esses conhecimentos para “garantir a exploração

da terra e o pronto alcance de riquezas” (SANTOS, 1977, p.29). Esses ensinamentos são

importantes até os dias atuais, seja pelo conhecimento de rotas que são utilizadas até os

dias de hoje, como também pela domesticação de “várias espécies de vegetais, como

milho, a mandioca, o fumo, a erva-mate” que foram absorvidas pelos europeus e se

encontram na mesa de inúmeras residências de Santa Catarina. (SANTOS, op. cit. p.28).

Ao longo dos anos os indígenas sofreram com as medidas dos governos

regionais e nacional, como por exemplo a Carta Régia de 1808 de D. João VI que

determinava guerra contra os indígenas que faziam incursões nas cercanias de Lages.

(Idem, 1997, p.27). Após a independência do Brasil os povos indígenas em Santa

Catarina continuaram a sofrer com as medidas governamentais, foram autorizados e

pago por Santa Catarina, pelas companhias de colonização, e pelos próprios colonos,

grupos de pessoas que tinham como objetivo afugentar (matar) os indígenas da região

por representarem um obstáculo para o desenvolvimento do país.

Posteriormente na República até meados do século XX os indígenas passaram a

ser responsabilidade do SPI5 (Serviço de Proteção aos Índio), órgão que lesou as áreas

indígenas, e utilizou de violência e tortura6. Nas últimas décadas, sobretudo após a

Constituição Federal de 1988 os povos indígenas conquistaram vários direitos como o

fim da tutela, ensino diferenciado, demarcações das Terras Indígenas, maior acesso as

universidades através de cursos específicos ou das cotas. De acordo com Ana Lúcia V.

Nötzold a Constituição Federal de 1988 garantiu “às comunidades indígenas o direito à

alteridade, o uso de suas línguas maternas e a processos próprios de aprendizagem

(2003, p.15). Por mais que avanços foram obtidos, ainda há muito o que melhorar.

5 O SPI – Serviço de Proteção aos Índios foi criado em 1910, passando por vários ministérios, sendo afetado pela

falta de verba do governo, como também pela má administração e corrupção dos seus administradores. O SPI foi

extinto em 1967, sendo substituído pela FUNAI. Mais informações em: RIBEIRO, Darcy. Os índios e a Civilização:

a integração das populações indígenas no Brasil moderno. São Paulo: Companhia das Letras, 1996. 6 Os casos de corrupção, espoliação nas áreas indígenas através da venda e extração de madeira e torturas feita pelos

chefes de posto do SPI vem sendo analisado através do Relatório Figueiredo, no qual foi escrito no período da

Ditadura Militar pelo procurador Jader Figueiredo Ele é composto de mais de 7 mil páginas sobre casos de corrupção

de funcionários do SPI, mas ficou desaparecido até 2013, onde foi encontrado quase intacto. Ver BRINGMANN,

Sandor Fernando. ENTRE OS ÍNDIOS DO SUL: Uma análise da atuação indigenista do SPI e de suas

propostas de desenvolvimento educacional e agropecuário nos Postos Indígenas Nonoai/RS e Xapecó

(1941 – 1967). 2015.452p. Tese (Doutorado) – Curso de História, Universidade Federal de Santa

Catarina, Florianópolis, 2015.

Atualmente habitam em Santa Catarina três povos indígenas. O povo Guarani,

que no ano de 2012 segundo dados da FUNASA somava um total de 1.657 pessoas,

distribuídos por todo o território catarinense, porém residem principalmente na região

litorânea. Os Xokleng/Laklãnõ habitam atualmente o Vale do Itajaí e o Planalto Norte

de Santa Catarina, somando um total de 2.169 pessoas (FUNASA,2012). Por

conseguinte, os Kaingang, que representam a maior população indígena de Santa

Catarina, somando um total de 6.543 pessoas (FUNASA, 2012), habitando

principalmente a região Oeste do território catarinense. (BRIGHENTI, 2012, p.38).

Figura 01: Localização das Terras Indígenas em Santa Catarina

Fonte: Mapa elaborado por Carina Santos de Almeida e Clovis Antonio Brighenti (2014) e modificado

por Nathan Marcos Buba - Acervo LABHIN

O povo Kaingang pertence as sociedades indígenas de tradição Jê, e ao tronco

linguístico Macro Jê. Telêmaco Borba7 quando escreve sobre o mito de surgimento do

povo Kaingang relata que esse povo teria surgido após um dilúvio, onde utilizando a

7 Telêmaco Borba foi um político e escritor paranaense que relatou os povos indígenas, principalmente os Kaingang

no final do século XIX e início do XX. Escreveu inúmeros textos sobre as características dos povos Kaingang, dentre

eles em 1908: Actualidade Indigena, utilizado na presente pesquisa.

ajuda da natureza os irmãos Kamé e Kairu surgiram debaixo da terra e deram origem ao

povo (1908, p.20). Portanto, os Kaingang são uma sociedade organizada

“tradicionalmente em duas metades opostas que são chamadas Kamé e Kairu”

(NÖTZOLD, 2004, p.08).

Os Kaingang foram conhecidos por várias denominações durante a história,

como Bugre8, Guayaná9, Xokleng, Tupi, Botocudo e ficaram mais conhecidos como

Coroados. (MÉTRAUX, 1946, p.03). O motivo da denominação Coroado se dava pelo

corte de cabelo. A denominação Kaingang foi muito tempo atribuída a Telêmaco Borba,

porém Lúcio Tadeu Mota através de seus estudos constatou que foi Franz Keller através

de um relatório em 1867 que usou a denominação Caingangue pela primeira vez.

(MOTA, 2004, p.13).

O lugar escolhido para realizar esse estudo com os Kaingang é a Terra Indígena

Xapecó/SC, esta que pertence aos municípios de Ipuaçu/SC e Entre Rios/SC, possui por

volta de 6 mil pessoas, distribuídas em 950 famílias (NÖTZOLD; ROSA;

BRINGMANN 2012, p.24).

Hoje os Kaingang da T.I. Xapecó sobrevivem de uma maneira bem diferente dos

seus antepassados, atualmente:

Vivem em um espaço limitado em pequenas Terras Indígenas que foram demarcadas,

muitas vezes impossibilitando-os de manterem sua cultura sem influência de outras

culturas, mas no passado ocupavam parte do território do sul do país mais

precisamente na região oeste e seu espaço não era delimitado, sobreviviam da caça,

pesca e coleta de mel, frutos e folhas fornecida pela própria natureza, também

cultivavam milho, abóboras e feijão10 (BIAZI; ERCIGO, 2014, p. 21)

Atualmente a prática de artesanato, de cultivar a terra, de caçar ainda existe,

porém em número reduzido. A maioria dos Kaingang atualmente trabalham nas cidades

que cercam a T.I. Xapecó/SC, principalmente nos frigoríficos, cooperativas, entre outras

8 No interior catarinense ainda é muito usado o termo bugre para se referir aos indígenas, podendo ser Guarani,

Kaingang ou Xokleng/Laklãnõ. Esse termo segundo Mabilde surgiu devido ao grito de alerta que davam quando viam

a presença de um não indígena em seu território. 9 Segundo Alfred Métraux a primeira vez que foi registrado a presença dos Kaingang na literatura foi através da

denominação Guayaná. 10 Citação extraída do Trabalho de Conclusão de Curso de duas acadêmicas Kaingang que se formaram na primeira

turma do Curso de Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica realizado na UFSC- Universidade

Federal de Santa Catarina, em abril de 2015.

empresas espalhadas na região. Entretanto, uma das profissões de mais destaque dentro

das aldeias atualmente é de professor das escolas indígenas.

O MONGE JOÃO MARIA

Um dos principais acontecimentos decorrido em solo catarinense é a Guerra do

Contestado, por mais que esse episódio não desperte muita atenção por parte dos

governantes, da grande mídia, dos livros didáticos, foi um evento importante para

compreendermos a configuração atual do território catarinense. Em estudos, o geógrafo

Nilson Fraga traz dados sobre a região do Contestado enfatizando que a região ainda é

prejudicada pelas medidas governamentais, tais como a distribuição de dinheiro vindo

da capital federal para os municípios do Contestado. O município de Timbó Grande

(região do Contestado) recebeu em 2012, 431mil reais ou R$ 60,00 por pessoa, em

comparação Florianópolis recebeu o equivalente a R$ 533,00 por pessoa. (FRAGA,

2012, p.13).

A região onde se deflagrou o Conflito do Contestado era tradicionalmente

ocupada pelos povos indígenas. Segundo Maurício Vinhas de Queiroz:

Antes da chegada dos conquistadores, essas terras entre o Iguaçu e o Uruguai

já eram habitadas. Nelas viviam os Kaingang, que cultivavam o milho e

preferiam levantar aldeias nos campos abertos, e os Xocrén, os quais falavam

uma língua pertencente ao mesmo tronco, mas desconheciam o cultivo da

terra, e, praticavam a coleta e a caça, percorriam em constantes correrias o

âmago das florestas de araucárias, que lhes serviam de refúgio e abrigo

(1981, p.19).

Esse território no século XVIII passa a ser mais visado, pois o sul brasileiro

passa a fornecer produtos para as capitanias centrais do Brasil, principalmente animais

de tração como a mula, devido a sua grande resistência em viagens longas

(MACHADO, 2004 p.60). Com isso, a região do Contestado passa a ter a circulação dos

chamados tropeiros, que cortavam o território catarinense, esses caminhos passaram a

ser denominados caminho das tropas nos quais levavam os animais de tração do Rio

Grande do Sul até São Paulo.

Com o caminho das tropas, formou-se um longo curso de fazendas de

invernada e criação, locais de importância fundamental ao repouso e engorda

do gado extenuado pelas longas jornadas, o que acabou por transformar esta

região em fronteira da expansão pecuária paranaense e gaúcha (MACHADO,

2004, p.61).

Junto dos grandes fazendeiros, passam a se fixar na região (além dos indígenas

que já estavam ali) os peões e agregados das fazendas, esses ligados ao grande

proprietário de terra, onde dificilmente conseguia uma ascensão econômica, quando a

atingia procuravam territórios longínquos dos fazendeiros. (AURAS, 2001, p.28). Um

viajante que percorreu a região nesse período descreve como viviam os pequenos

posseiros:

No centro de um milharal murcho, uma pequena casa de barro, coberta de

palha, na qual arrasta a vida de um ou outro negro ou um índio manso, em

constante perigo de ser atacado e assassinado pelas bugres, pois precisamente

os negros e os índios mansos são os mais odiados pelos selvagens (AVÉ –

LALLEMANT, 1953, p.94).

Através da descrição de Robert Avé-Lallemant é possível perceber que não

havia um clima muito amistoso entre a população indígena e alguns pequenos posseiros,

contudo, os indígenas e sertanejos foram fortemente atingidos pela cooperação dos

governos nacionais com o capital estrangeiro, seja pelas companhias de colonização ou

pelas empresas estrangeiras, principalmente a Brazil Railway Company e a Southern

Brazil Lumber and Colonization Company pertencentes a Percival Farquhar11.

Com a vinda dessas empresas estrangeiras para o interior do sul brasileiro, o

território antes habitado pelo caboclo e indígena começa a interessar essas companhias,

onde a presença dessas populações é vista como um obstáculo para o progresso

nacional, esses indivíduos passam então a ser empurrados cada vez mais ao interior.

Principalmente devido a Lei de Terras de 1850, no qual as terras devolutas deveriam ser

compradas do governo, e o papel da escritura tornou-se fundamental para a questão

territorial, as populações sertanejas que não tinham tais documentos passaram a ser

chamadas de intrusas12.

Devido à construção de colônias, da estrada de Ferro São Paulo – Rio Grande e

com a retirada de madeiras pela Lumber as populações indígenas e caboclas foram

11 Percival Farquhar nasceu na Pensylvania (EUA). Depois de fazer investimentos em outros países na América

Latina passou a atuar no Brasil em 1904. Foi responsável por diversas construções como a Rio de Janeiro Light &

Power Company, construção de inúmeras estadas de ferro dentre elas a E.F. Madeira-Mamoré e São Paulo-Rio

Grande, construiu o primeiro frigorífico e ergueu a maior serraria da América do Sul em Três Barras/SC (AURAS,

2001 p.36). 12 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L0601-1850.htm. Acesso em 20/05/2016

sendo expulsas de suas terras. Com as expulsões, e a vida complicada dos sertanejos a

figura dos monges João Maria tem um papel fundamental para o conflito do Contestado,

pois “a pregação desses profetas teriam servido como catalisadores da insatisfação dos

sertanejos e contribuído decisivamente para a eclosão da guerra” (CARVALHO, 2008,

p. 56). Quando se menciona a Guerra do Contestado uma das figuras mais importantes

desse conflito é o monge João Maria13, ou melhor, os monges João Maria. De acordo

com a historiografia do Contestado há pelo menos dois homens que andaram nos sertões

no sul brasileiro e que foram identificados como João Maria pela população cabocla.

Entretanto, o número de monges não é relevante para a maioria dos habitantes do

Contestado, pois de acordo com Paulo Pinheiro Machado, para o “habitante do planalto

catarinense, só existiu um monge João Maria” (2004, p.164).

O primeiro monge João Maria seria natural de Piemonte, região ao norte da

Itália, quando chegou ao Rio de Janeiro e foi cadastrado pelo Império tinha 43 anos e

nos registros foi denominado como Giovani Maria d’ Agostini. Nesse documento

constava que era um homem de estatura baixa, cor clara, cabelos grisalhos, olhos pardos

e rosto comprido (ALMEIDA, 1998, p. 39). Andou pelas regiões sudeste, centro-oeste e

sul do Brasil, onde aconselhou os sertanejos, “levantou cruzeiros, praticou curas

utilizando fontes de água que o povo acabava por considerar santas (CARVALHO,

2008, p. 56). De acordo com Maurício Vinhas de Queiroz, João Maria de Agostini não

foi mais visto a partir do ano de 1870 (QUEIROZ, 1981, p.51). Segundo Paulo Pinheiro

Machado:

O segundo monge foi João Maria de Jesus, o qual o coronel Pinto Soares

afirmou ser um imigrante sírio de nome Anastas Marcaf. Testemunhos

diretos afirmam que João Maria de Jesus tinha fala acastelhanada, era

proveniente de Buenos Aires e peregrinou pelo planalto entre 1890 e 1908.

Afirmando que estava pagando uma penitência, este João Maria, além de

relativa semelhança física com o primeiro, adotou várias práticas do monge

desaparecido (2004, p.167).

Os dois monges como supracitado por Machado tinham práticas parecidas,

entretanto existiam algumas diferenças entre eles, João Maria d’Agostini não tolerava

nenhum tipo de ajuntamento de pessoas a sua volta, era mais próximos da Igreja

13 Muitas pessoas ao se referir ao monge do Contestado utilizam a denominação São João Maria, mesmo este não

sendo reconhecido como santo pela Igreja Católica.

Católica, ou em outras palavras não incomodava a instituição, entretanto, João Maria de

Jesus criticava o catolicismo e era menos rigoroso com pessoas a sua volta. O segundo

monge do Contestado não foi mais visto a partir de 1906, muitos pesquisadores

enfatizam que ele morreu no Paraná ou no Rio Grande do Sul, porém, para os

adoradores do monge ele havia se retirado, permanecendo encantado no Morro do Taió,

e voltaria para deixar o mundo em ordem novamente. (QUEIROZ, 1981, p.52).

JOÃO MARIA ENTRE OS KAINGANG DA T.I. XAPECÓ/SC

Os adoradores de João Maria, ou joaninos, termo utilizado na tese de Tania

Welter (2009) estão espalhados por todo o território sul brasileiro, e não é diferente

entre os Kaingang da T.I. Xapecó/SC, povo este que teve o primeiro contato com o

cristianismo no século XVII, quando missionários jesuítas andavam perto de seu

território (ALMEIDA, 1998, p.35). Entretanto foi a partir da fixação das primeiras

cidades e principalmente o contato com os colonos que aproximaram os Kaingang do

cristianismo.

Outro aspecto do contato dos Kaingang com o cristianismo, foi a aproximação

com o denominado catolicismo popular, principalmente com o contato com os monges

do Contestado, os quais são vistos como santos. De acordo com Telmo Marcon:

A influência da religiosidade que permanece viva entre os caboclos em

algumas regiões do Sul do Brasil que pesquisamos está vinculada a dois

monges: João Maria de Agostini e João Maria de Jesus. Esses personagens

são denominados pela maioria dos caboclos e também por índios Kaingang

de São João Maria (2008, p.141).

A relação de comunidades indígenas com o messianismo não é inédita. Da

mesma maneira que com os Kaingang, também ocorreram com outros povos, como por

exemplo, com os Baniwa do Alto Rio Negro, onde passaram a seguir um indivíduo

chamado Venâncio Christu (ALMEIDA, 1998, p.31). Outro aspecto em comum é que

esses povos, assim como os Kaingang, incorporaram símbolos do catolicismo popular e

passaram a utilizá-los dentro de suas tradições. De acordo com Ledson K. Almeida “há

situações de certas práticas associadas ao cristianismo tomarem novas formas ao serem

incorporadas por grupos indígenas e associadas a movimento milenaristas ou ao

xamanismo” (Op. cit., p.30).

Com o uso de entrevistas seguindo a metodologia da História Oral, realizadas

com os Kaingang da T.I. Xapecó/SC é possível constatar essa relação entre catolicismo

popular e tradição Kaingang. Em entrevista com o kujá14 Claudemir Pinheiro, este

assim nos informa:

Eu tenho na minha casa um altar, e que tem as grandes bênçãos e os santos

que tem me acompanhado, meus guias, um deles é São João Maria. Nossa

senhora de Fátima, Nossa Senhora Aparecida sempre estão nos meus

trabalhos. Todos os dias, todas as noites, quando a gente tem que fazer um

trabalho, um benzimento, remédio, você sempre está com seus guias, ou

santos juntos da gente. O João Maria é sempre um deles que está nos

trabalhos que a gente realiza. (PINHEIRO, 2015, Entrev).

Analisando a fala do Kaingang Claudemir Pinheiro podemos destacar alguns

pontos interessantes, um deles é quando ele cita que faz seus trabalhos de kujá, papel

que faz parte da tradição Kaingang, entretanto, para realizar tais trabalhos ele usa como

guias espirituais santos reconhecidos pela Igreja Católica como Nossa Senhora de

Fátima, e também ao catolicismo popular falando do monge João Maria. Em outra

entrevista com a Kaingang benzedeira Ivanira Rodrigues, ela fala sobre o monge João

Maria:

Eu tenho um amor nele, eu quero ver ele tanto pela estrada como na minha

casa. Então eu sempre trabalho com ele, toda a noite eu vejo a voz dele

comigo né. Então daí ele me ensina qual é o remédio que eu posso pegar, daí

no outro dia o primeiro remédio que ele manda pegar, eu vou correndo pegar

(RODRIGUES, 2014. Entrev.)

Como Claudemir Pinheiro, Ivanira Rodrigues também realizada práticas da

cultura Kaingang utilizando o nome do monge João Maria. Segundo seu depoimento ele

é o eu principal guia para colher os remédios do mato, plantas que são usadas pelos

Kaingang para curar enfermidades e demais problemas. Ivanira por inúmeras vezes fala,

que conheceu o monge João Maria, porém não tem idade para isso. Podemos entender

14 De acordo com Maria C. Oliveira o “kujá possui um guia espiritual animal ou santo católico, sendo capaz de

intervir de forma mais marcante com os espíritos de vivos e de mortos, sendo capaz por exemplo, de ver o que causou

a doença e de que forma, de buscar a “alma” de alguém que a perdeu, ir ao mundo dos mortos” (OLIVEIRA, 1996,

p.38).

essa referência de Ivanira a partir dos debates de Michael Pollak quando aborda a

memória por tabela, associando determinados fatos ou personagens históricos que foram

tão marcantes que pessoas que não pertenciam a época do acontecimento ou do

personagem acha que os presenciou (POLLAK, 1992, p.202).

Hoje algumas pessoas na T.I. Xapecó/SC seguem as tradições Kaingang, são

católicos e creem em João Maria, isso pode ser atestado com a fala de Claudemir

Pinheiro:

A maior parte da ida da gente na água são para fazer batizados de crianças,

crianças que recém nasceram. Por exemplo, chega uma índia lá que mais

segue a cultura dos nossos antepassados, elas pedem para a gente que querem

batizar seu neném na água santa do João Maria. Aí nós como Kujã somos

convidados para ir até essa água santa do João Maria para fazer esse batizado

(PINHEIRO, 2015, Entrev).

A água citada por ele, são as denominadas águas santas, sendo lugares onde o

monge João Maria teria dormindo e benzido. Várias pessoas acreditam que suas águas

têm poderes milagrosos, pois com essa água são feitos batizados, práticas de cura e

proteção da lavoura. Próximo dessas “águas santas” geralmente é construído

monumentos capelas, capelinhas, oratórios, e até grutas (WELTER, 2007, p.140).

Claudemir em sua entrevista enfatiza que uma índia que segue a tradição leva seus

filhos para se batizar na água santa de João Maria. Podemos assim observar que a

tradição Kaingang passou por um processo de sincretismo religioso com o catolicismo

popular do monge do Contestado. Como cita Flávio B .Wiik.

‘São João Maria’ ou ‘O monge do Contestado’ como assim o(s)

denomina(m) os índios e população local na atualidade. Sua influência é

marcante sobre o ethos Kaingang, amalgamando imperceptivelmente ao seu

sistema xamânico que apresenta traços acentuados do catolicismo popular e

fora abraçado por segmentos indígenas mais tradicionais através de seus

rezadores, curadores, festeiros e performens de rituais tradicionais como o

kiki (WIIK, 2012, p.175).

Estes são apenas alguns exemplos de práticas tradicionais Kaingang que utilizam

o nome de João Maria. Muitos indígenas possuem em sua casa imagens do monge,

outros buscam sua “água santa” para inúmeros tipos de cura, batizados são realizados

nessas águas, ou seja, a figura do monge João Maria está muito presente nas práticas

tradicionais dos Kaingang da T.I. Xapecó.

Figura 02. Kujá Claudemir Pinheiro realizando uma benção na água santa Barro Preto – Terra

Indígena Xapecó/SC

Fonte: Acervo LABHIN

Nas entrevistas realizadas se constatou que o número de joaninos dentro da T.I.

está decrescendo, onde dois pontos fundamentais foram citados: a) aumento das Igrejas

Evangélicas dentro da T.I.; b) avanço do desmatamento que ameaça as “águas santas”.

Sobre o desmatamento se torna importante o depoimento de Claudemir Pinheiro:

A maioria dos locais hoje...nossa Terra Indígena têm uma grande devastação,

foram feitas muitas devastações para fazer plantação né, plantação de

sementes, de soja, trigo e milho. Então a maior parte da mata foi destruída

onde ficava essas águas santas, eu acho que nós temos preservadas aqui, e

que a gente está brigando pela conservação dela é essa do Barro Preto, que

quase chegou ali, digamos que está a uns quatro metros da água.

(PINHEIRO, 2015, Entrev).15

Por conseguinte, podemos observar que as práticas em nome do monge João

Maria dentro da T.I. Xapecó/SC sofreram um processo de sincretismo com as tradições

Kaingang que possui vários adeptos. Porém, através de entrevistas podemos analisar

que o avanço do desmatamento no interior da T.I. preocupa aqueles que fazem usos das

chamadas águas santas, pois a preservação das nascentes é fundamental para a

15 Dentro da T.I. se encontram três águas santa nas aldeias Jacú (Sede), Barro Preto e Pinhalzinho.

manutenção desses lugares sagrados para os Kaingang, sendo importante não somente

para os joaninos, mas também para todos que desejam preservar a história dos indígenas

e da Guerra do Contestado.

Figura 03. Capela e “água santa” de João Maria na Terra Indígena Xapecó/SC

Fonte: Acervo LABHIN

Figura 04. Imagens contidas dentro da capela da água santa Barro Preto

Fonte: Acervo LABHIN

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir de nossos estudos é possível constatar que a História indígena não está

distante da História do Contestado, e por sua vez essas não partes da História do Estado

de Santa Catarina, como também da História Nacional. Por isso, consideramos que os

chamados por muitos de “fanáticos”, “jagunços”, “silvícolas”, “selvagens” merecem

mais do que dois parágrafos nos livros didáticos, ou simples imagens para atender uma

lei (Lei 11.645/2008). Essas populações durante muito tempo sofreram e ainda sofrem

com as medidas governamentais, pois ainda representam para muitos um obstáculo ao

tão “hipnotizante progresso”. As populações indígenas e caboclas formam uma camada

importante da sociedade catarinense e merecem ser respeitas e conhecidas em seus

direitos que ainda não foram em sua totalidade atendidos. Para que isso aconteça é

fundamental que o conhecimento e a discussão desses temas em sala de aula aconteça

de forma coerente com a realidade atual.

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