Os desafios enfrentados pelos professores

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Os desafios enfrentados pelos professores A matéria “Gaúchos distantes da escola ideal”, publicada no jornal Zero Hora (08/04), dá conta de algo que os profissionais da educação já constataram há muito tempo, o descaso com o setor, a falta de infraestrutura das escolas públicas do nosso Estado e leis que não dão o devido regulamento a esta atividade essencial à sociedade. Na verdade, as regras já foram aprovadas pelo Conselho Estadual de Educação (CEED), sem que haja, até agora, no entanto, segundo a presidente do Conselho, Cecília Farias, “qualquer projeto sendo colocado em prática para mudar essa situação”. Há inúmeras discrepâncias entre o ideal e a realidade. Aliás, estamos muito longe do ideal. Vamos aos exemplos: Para a Educação Especial, há um decreto nacional que prevê o acesso universal a alunos especiais. Contudo, são raras as escolas que possuem acessibilidade universal. “Falta investimento para a adaptação nas unidades”, afirma a diretora pedagógica da SEC (Secretaria de Educação), Sônia Balzano. Assim como a filosofia e sociologia, a língua espanhola e a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) passaram a ser obrigatórias no ensino médio, mas como o Estado tem dificuldade para contratar professores até de Português, Matemática e Geografia, imaginemos a dificuldade para a

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Os desafios enfrentados pelos professores

A matéria “Gaúchos distantes da escola ideal”, publicada no jornal Zero Hora (08/04), dá

conta de algo que os profissionais da educação já constataram há muito tempo, o descaso

com o setor, a falta de infraestrutura das escolas públicas do nosso Estado e leis que não

dão o devido regulamento a esta atividade essencial à sociedade. Na verdade, as regras já

foram aprovadas pelo Conselho Estadual de Educação (CEED), sem que haja, até agora, no

entanto, segundo a presidente do Conselho, Cecília Farias, “qualquer projeto sendo

colocado em prática para mudar essa situação”.

Há inúmeras discrepâncias entre o ideal e a realidade. Aliás, estamos muito longe do

ideal. Vamos aos exemplos: Para a Educação Especial, há um decreto nacional que prevê o

acesso universal a alunos especiais. Contudo, são raras as escolas que possuem

acessibilidade universal. “Falta investimento para a adaptação nas unidades”, afirma a

diretora pedagógica da SEC (Secretaria de Educação), Sônia Balzano.

Assim como a filosofia e sociologia, a língua espanhola e a Língua Brasileira de Sinais

(LIBRAS) passaram a ser obrigatórias no ensino médio, mas como o Estado tem dificuldade

para contratar professores até de Português, Matemática e Geografia, imaginemos a

dificuldade para a contratação para essas outras áreas. Outra determinação é a criação do

ensino à distância para o ensino médio, todavia não há nenhum curso EAD atualmente na

rede pública estadual. Nem sequer projetos.

A mais polêmica resolução, no entanto, diz respeito a travestis e transexuais. O parecer

aconselha as escolas a adotar o nome social escolhido pelo aluno. “Trata-se de uma vitória

para que as escolas dêem atenção às diferenças”, afirma Cecília Farias. O próprio CEED

orienta os professores a tratar os alunos pelo nome que ele escolheu. Outro problema está

no acesso à educação infantil : há uma necessidade de mais investimentos nesse setor.

Observando estes fatos não fica difícil entender por que o Rio Grande do Sul ocupa a

vergonhosa 20° posição no que tange ao acesso à Educação Infantil no país, atendendo

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apenas 36% das crianças abaixo de cinco anos, segundo o IBGE. São muitos os problemas.

Isso tudo sem falar na desvalorização profissional do professor, dos problemas encarados

em sala de aula com alunos carentes, ausência de centros de informática nas escolas e de

outros suportes básicos essenciais ao bom termo da atividade de educação.

Diante deste quadro de dificuldades e desafios, há que se prestar tributo e

reconhecimento ao profissional de educação, representante maior do ato de ensinar, o

professor, alguém que luta contra tudo e contra todos para realizar o seu trabalho, por

vezes nas condições mais adversas possíveis. Não podemos depender, contudo, a vida

inteira do altruísmo e abnegação de uma classe que possui amor ao que faz, mas necessita,

mais do que nunca, de condições de trabalhos dignas e adequadas. Senão, vejamos: como

iremos edificar, através das gerações futuras, um país que nos orgulhe e seja referência

mundial no conserto das nações? Certamente com estradas, indústrias, exportações, etc,

mas, sobretudo, com educação de qualidade, a mola mestra impulsionadora da construção

do capital humano e da própria sociedade.