OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · Também será possível compreender as...

36
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7 Cadernos PDE II

Transcript of OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · Também será possível compreender as...

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE

II

FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO: PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

PROFESSOR PDE 2014

Título A POESIA CONCRETA NO CONTEXTO

LITERÁRIO BRASILEIRO E AS MÚLTIPLAS

POSSIBILIDADES DE LEITURA DO POEMA-

OBJETO: trabalho aplicado ao 4º ano do curso de

Formação de Docentes.

Autor Edimarães Silvestre

Escola de atuação Colégio Estadual José Ferreira de Mello – Ensino

Fundamental, Médio e Normal.

Município da escola São Jerônimo da Serra.

Núcleo Regional de Educação Cornélio Procópio

Orientadora Professora Doutora Diná Tereza de Brito

Instituição de Ensino Superior Universidade Estadual Norte do Paraná

Área de conhecimento Língua Portuguesa

Linha de Estudo Literatura e escola: concepções e práticas

Formato do material didático Sequência Didática Pedagógica

Relação interdisciplinar Filosofia, Sociologia, Artes, Música, Língua

Estrangeira Moderna (Inglês), História, Geografia.

Público – alvo Alunos do 4º ano do curso de Formação de

Docentes

Resumo Esta Sequência Didática será desenvolvida no

Colégio Estadual José Ferreira de Mello, em São

Jerônimo da Serra e tem como objeto de ensino a

Poesia Concreta e as múltiplas possibilidades de

leitura do poema-objeto. Através da Sequência

Didática, com a realização de onze (11) oficinas,

os alunos do curso de Formação de Docentes

serão levados a compreender a Poesia Concreta

e suas inter-relações com as demais artes em

seu contexto. Além da percepção do que foi o

movimento da Poesia concreta, os alunos

poderão compreender como surgiram as

mudanças sociais, políticas, econômicas e

culturais no Brasil desde a década de 1950. No

cenário cultural dessa época, a Poesia Concreta

é um momento de passagem e de ruptura

definitiva com as formas tradicionais de se fazer

Arte e Literatura no Ocidente. O trabalho final

será a realização de um seminário integrador com

uma mostra de arte concreta nas suas diversas

vertentes: Literatura, Música, Cinema, pintura e

Escultura. Pretende-se aprofundar os estudos

sobre o referido movimento literário, por entender

que nem sempre os livros didáticos tratam o tema

a contento. O 4º ano de formação de Docentes foi

escolhido porque é uma turma que brevemente

estará atuando em escolas de educação básica e

a Sequência Didática poderá ajudá-los a ser

melhores leitores e a melhorar a sua performance

em sala de aula.

Palavras - chave Poesia Concreta. Formação de Docentes.

Sequência Didática.

APRESENTAÇÃO

Sou professor da Rede Pública do Estado do Paraná desde 1994. Atuei

sempre no mesmo município em que resido: São Jerônimo da Serra. Durante

esses anos trabalhei em todos os colégios do município, tanto na sede quanto nos

distritos. Esta proposta de trabalho nasceu de uma inquietação pessoal do

Professor PDE, o qual ao longo dos anos de regência em sala de aula, percebeu

que o trabalho com a Literatura Contemporânea nem sempre é devidamente

abordado nos livros didáticos disponíveis. É perceptível que nesses manuais tenta-

se condensar em poucas páginas toda a produção literária e artística desde 1950.

Assim sendo, a Poesia Concreta, que é um momento de ruptura definitiva dos

ideais modernistas de 1920, é estudada em pouco mais de duas ou três páginas.

Porém, a compreensão desse momento literário é fundamental para se entender

tudo o que foi e ainda é produzido na Literatura Brasileira desde então. Sem essa

compreensão, não é possível avançar a contento no que se chama de Literatura

Brasileira Contemporânea.

Através desta Sequência Didática, os alunos tomarão conhecimento mais

amplo do que é a Poesia Concreta e seus desdobramentos nas outras artes, sua

influência na sociedade. Também será possível compreender as transformações

sociais, políticas, econômicas e culturais ocorridas na sociedade brasileira a partir

de 1950. Ainda poderão compreender que o movimento da Poesia Concreta e seu

produto, o poema-objeto, são pontos de uma ruptura definitiva com as formas

tradicionais de se fazer Literatura no Ocidente e que tudo o que se produziu de arte

a partir daí, ou foi para reafirmar os ideais do movimento ou para negá-los.

Contudo, é inegável que a Poesia Concreta é um momento único nas letras

brasileiras.

O Colégio Estadual José Ferreira de Mello é o estabelecimento de ensino

mais antigo do município de São Jerônimo da Serra, tendo iniciado suas atividades

em 1949 como Grupo Escolar. Atualmente, oferta os cursos de Educação de

Jovens e Adultos, Ensino Médio e Curso de Formação de Docentes. Conta com

713 matrículas nesses cursos em três turnos. Os alunos que frequentam o

estabelecimento são oriundos de todas as regiões do município e sua

heterogeneidade é marcada pela diversidade social, econômica, cultural e étnica.

O Curso de Formação de Docentes é frequentado por alunos e alunas de

três municípios: São Jerônimo da Serra, Nova Santa Bárbara e Santa Cecília do

Pavão. A finalidade desse curso é formar pessoas para atuar em salas de

Educação Infantil e séries iniciais do Ensino Fundamental. Portanto, esses alunos

em breve estarão atuando em salas de aula, como regente de sala ou como

auxiliar, e trabalharão diretamente com crianças em idade escolar. O ato

pedagógico de ensinar a ler está entre as funções que eles deverão desenvolver.

Nesse ato de interação com o mundo das letras a criança tomará contato com a

cultura letrada e se emancipa através da alfabetização. Uma vez alfabetizada, a

criança amplia seus horizontes através da leitura e da produção textual. Nessa

interação com o conhecimento, a criança se efetiva como leitor de um mundo

contraditório: por um lado, organizado em sistemas sociais; por outro lado, caótico,

pois está em constante transformação.

Nesse sentido, a interação do professor com o aluno é fundamental para

incentivar na criança o gosto pela leitura. Portanto, esta Sequência Didática, busca

formar o professor de alfabetização para formar melhor o aluno de classes de

alfabetização. O poema-objeto permite uma grande ludicidade na sua interação

com o leitor, desde que o seu significado seja compreendido de forma eficaz. Vale

ressaltar que em um texto há sempre o significado do próprio texto, o significado do

autor e o significado do leitor. Portanto, o leitor pode inferir significados para o

enunciado do texto através do seu conhecimento prévio de mundo e sua

experiência como leitor.

Os poemas concretos são textos curtos com frases curtas ou apenas

formados por palavras aparentemente soltas e sem nexo. Porém, quando há a

compreensão do contexto em que ele foi produzido, o sentido passa a ser

percebido e o leitor interage criando novos sentidos. Portanto, o formato do poema-

objeto, a disposição das palavras na página, o objeto formado, o aparente caos

sintático e semântico, à primeira vista pode causar estranheza e repulsa no leitor.

Porém, com a compreensão do contexto de produção daquele texto, os

significados começam a surgir e esse caos começa a se dissipar e o leitor passa a

interagir com o texto.

Assim sendo, a poesia Concreta e o seu produto, o “poema-objeto”, só

passam a ter sentido com a compreensão do contexto em que foram produzidos.

Fato não raro na Literatura, o contexto é fundamental para se compreender

qualquer texto. Porém, talvez, em nenhuma outra estética literária e artística o

contexto seja tão importante quanto na Poesia Concreta, pois a destruição

definitiva da sintaxe, do verso, da métrica, da rima, da estrofe e de tudo que é

tradicional no verso, gerou um objeto que só se revela de forma concreta através

da pesquisa no contexto econômico, social, político e cultural do poema. Nesse

sentido, as demais disciplinas do currículo escolar são auxiliadoras para

contextualizar esse movimento. A Geografia com a sua compreensão das

mudanças sociais no Brasil de 1950 para cá; a História e a sua descrição crítica

dos fatos da época; a Filosofia e as reflexões advindas do entendimento desse

tempo; a Sociologia e o seu estudo da sociedade como organismo vivo e latente;

as Artes e os desdobramentos produzidos pela Poesia Concreta, que nas demais

artes ficou conhecido como Concretismo (cinema, música, escultura, pintura e

teatro); a Língua Estrangeira Moderna que permite a interação mais próxima com a

cultura de um povo a partir do seu maior patrimônio cultural, a Língua. Enfim, o

campo é vasto, e quase inexaurível. Porém, esta Sequência Didática propõe um

estudo e atividades que permitam aos alunos do 4º ano do Curso de Formação de

Docentes compreenderem essas mudanças sociais, políticas, econômicas e

culturais no Brasil da segunda metade do século 20 através da leitura de alguns

poemas concretos.

Esta Sequência Didática procurou assumir a proposta de um trabalho

interdisciplinar que privilegia o letramento do leitor através da interação com os

poemas concretos. Porém, acima de tudo, este trabalho buscou a ampliação da

cultura letrada do aluno pela compreensão dos fatos históricos, sociais, políticos e

culturais que permeiam a estética do Concretismo. Esta Sequência Didática é

apenas uma proposta de trabalho docente para futuros docentes e alunos do

Ensino Médio. Certamente que há outras possibilidades de abordagens para se

fazer o mesmo trabalho com outras teorias e ações didáticas e metodológicas.

Também, é possível reconhecer que há outros textos que poderiam ser analisados

e estudados. Há outros filmes e músicas que poderiam (e merecem!) ser incluídos

em um trabalho como este. Porém, optou-se pelos que aqui estão elencados.

Àqueles que lerem esta Sequência Didática e desejarem aplicá-la, poderão ampliar

os conceitos, as interpretações e a abordagem didático-metodológica de acordo

com as especificidades de sua turma e do estabelecimento em que atuam. Por ora,

o que temos aqui neste texto é apenas uma proposta que o autor achou ser viável

para aplicar na turma em que atua como professor.

INTRODUÇÃO

Esta sequência Didática se propõe a fazer a mediação entre o professor, o

aluno e o conhecimento prático sobre a Poesia Concreta e o seu produto, o Poema

Objeto. Durante a elaboração do projeto de Intervenção Pedagógica, teorizou-se

sobre essa estética Literária e Artística e compreendeu-se que as múltiplas leituras

advindas desses textos somente são possíveis através da compreensão do

contexto de produção.

Deve-se lembrar que a Poesia Concreta é um marco na ruptura definitiva

com as antigas formas de se fazer arte e que, como ponto de passagem, ela marca

o início definitivo de uma nova forma de fazer literário. Inicialmente, foi concebida

como movimento dentro da Literatura e em seguida estendeu-se para as demais

formas de arte. Vale lembrar que enquanto Literatura, a estética é conhecida como

Poesia Concreta e nas demais artes como Concretismo.

À primeira leitura, esses poemas parecem ser códigos quase indecifráveis.

Porém, com estratégias de leitura eficazes e o pleno domínio do contexto de

produção, é possível ler, inferir, interpretar e (até mesmo!) atualizar a leitura desses

textos. Afinal, um texto só pode ser eficaz se a sua leitura fizer sentido para o leitor

que o lê no seu (do leitor) momento histórico.

Inicialmente, o Projeto de Intervenção Pedagógica tinha como um dos seus

objetivos formar os /as alunos/as do 4º ano de Formação de Docentes para que,

quando fossem atuar em salas de educação dos anos iniciais do Ensino

fundamental, pudessem fazer uso da ludicidade dos poemas concretos e, com isso,

despertar nos seus alunos, o gosto pela leitura e pela escrita. Portanto,

provavelmente, o leitor desta Sequência Didática poderá sentir falta de alguma

oficina específica de formação didática para esses futuros professores com a teoria

dos gêneros textuais e a construção de uma Sequência Didática. Explicamos: o

projeto contempla apenas 32 horas /aula que devem ser intercaladas com os

demais conteúdos da série. Essas teorias serão inseridas nos demais conteúdos

durante o trabalho no ano letivo. Portanto, buscou-se instrumentalizar esses futuros

profissionais para o despertar da necessidade de se interagir com o texto e

escrever sobre ele. Porém, essa formação e alguma base teórica sobre o trabalho

com o letramento literário, com os gêneros textuais e com os materiais

pedagógicos como Sequência Didática, Unidade Didática e Caderno Pedagógico

ocorrerá ao longo do ano.

Ressalta-se ainda que se procurou compor estas atividades direcionadas

para uma turma de 4º ano de Formação de Docentes, porém, nada impede que ela

seja adaptada para outras turmas e outras séries que o professor desejar trabalhar.

Por outro lado, pode-se afirmar que esta Sequência Didática pode, sim,

perfeitamente ser aplicada em aulas de Artes ou até mesmo de História.

Certamente que as turmas de 3º ano de Ensino Médio também poderão usufruir

desta Sequência Didática. Paralelamente a isso, as atividades podem ser aplicadas

de forma independente se o professor assim o desejar.

É necessário informar, ainda, que ao longo do ano letivo há a intenção do

professor auxiliar os alunos a produzirem uma Sequência Didática com atividades

sobre a ludicidade do Poema Objeto (leitura e produção) voltada para o trabalho

com as séries iniciais do Ensino Fundamental e aplicá-la no período do estagio

prático desses alunos. A construção dessa Sequência Didática e a sua aplicação

implicarão a parceria com as disciplinas de Estágio e de Metodologia do ensino de

Português.

Por outro lado, para atender às especificidades da Lei Federal nº 10.639/03,

que dispõe sobre a necessidade de se trabalharem os conteúdos afro-brasileiros,

esses conteúdos estarão inseridos em cada oficina. Porém é bom salientar que a

Oficina 8 será exclusivamente dedicada a esses conteúdos. A dinâmica dessa

oficina elencará aspectos de poetas africanos de língua portuguesa e sua produção

literária. É preciso ressaltar que os países africanos de língua portuguesa não

tiveram a efervescência da estética concretista, pois quando surgiu esse

movimento, esses países estavam em luta pela sua independência e a temática

das obras literárias desse período eram outras.

Da mesma forma, para atender ao disposto na Lei Federal nº 11.645/08, os

conteúdos indígenas serão inseridos no trabalho de cada oficina perpassando

todos os demais conteúdos. No entanto, na Oficina 8, serão discutidos esses temas

com mais profundidade junto com os alunos através da leitura de artigos sobre

elementos da oralidade e da escrita da cultura indígena. Como sugestão, serão

trabalhados artigos da revista Leetra, da Universidade Federal de São Carlos, a

qual traz textos que discutem sobre a cultura indígena e a sua literatura disponíveis

no site http://www.leetra.ufscar.br/cakephp/pages/view_biblioteca. Os artigos e

textos serão distribuídos para os alunos lerem e discutirem na aula sobre a

literatura indígena e seu espaço na sociedade brasileira. Certamente que não se

pode falar em movimentos literários na literatura indígena, pois ela não tem a

mesma sequência cronológica que a cultura cristã ocidental, porém segue outras

formas e características embasadas na oralidade.

Portanto, deve-se salientar que esta Sequência Didática não é pretensiosa,

aliás, ela é bem humilde e não se pretende inédita. Afinal, muito já se falou e se

publicou sobre a Poesia Concreta e seus desdobramentos desde que surgiu no

cenário da Literatura e das artes no Brasil e no mundo. As atividades que aqui são

sugeridas e as interpretações dos poemas e dos textos, bem como sua

intertextualidade são tentativas de buscar uma possível compreensão através da

interação com o contexto histórico, político, social e econômico. Essas

interpretações não são finais e nem acabadas. São formas de inferir significados e

sentidos para esses textos que, com sua riqueza semântica produz uma série de

significados plausíveis para o leitor. Surge-nos, então, a pergunta:

Como ensinar a expressão oral e escrita? Se, hoje em dia, existem várias pistas para responder a essa questão nenhuma satisfaz simultaneamente a todas as exigências. (DOLZ; NOVERRAZ; SCHNEUWLY, 2011, p. 81)

Portanto, estas atividades sequenciais são uma proposta para o trabalho de

instrumentalização dos alunos da Formação de Docentes no sentido prepará-los

para ler eficazmente os textos da Poesia Concreta e do seu principal produto: o

Poema Objeto.

De acordo com Amaral

As sequências didáticas são um conjunto de atividades ligadas entre si, planejadas para ensinar um conteúdo, etapa por etapa. Organizadas de acordo com os objetivos que o professor quer alcançar para a aprendizagem de seus alunos, elas envolvem atividades de aprendizagem e de avaliação (disponível em https://www.escrevendoofuturo.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=212:sequencia-didatica-e-ensino-de-generos-textuais&catid=23:colecao&Itemid=33 acesso em 27/10/2014 às 15h 26 min).

Dolz, Noverraz e Schneuwly (2011, p 82) definem Sequência Didática como

“um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira sistemática, em

torno de um gênero textual oral ou escrito”. Os autores definem um esquema de

trabalho através do seguinte gráfico:

(Dolz; Noverraz e Schneuwly, 2011, p. 83)

De acordo com este esquema, a apresentação inicial deve partir de um

“problema de comunicação bem definido” (DOLZ; NOVERRAZ E SCHNEUWLY,

2011, p. 84). Portanto, esta Sequência Didática partirá do pressuposto de que os

alunos têm dificuldades de interagir comunicativamente com os Poemas Concretos.

Isso poderá ser confirmado em atividades diagnósticas a serem aplicadas no início

do trabalho.

Uma vez apresentada a situação, é necessário estimular os alunos a

produzirem textos. Escrever é fundamental nesse método, pois, assim como

preconizam as DCEs de Língua portuguesa do Estado do Paraná

É tarefa da escola possibilitar que seus alunos participem de diferentes práticas sociais que utilizem a leitura, a escrita e a oralidade, com a finalidade de inseri-los nas diversas esferas de interação. Se a escola desconsiderar esse papel, o sujeito ficará à margem dos novos letramentos, não conseguindo se constituir no âmbito de uma sociedade letrada (Paraná: 2008, p. 48).

Portanto, o trabalho pressupõe que há problemas de interação com os

textos e que os alunos sentem dificuldades de compreensão desses poemas que

são ideologicamente marcados e que representam um determinado momento da

cultura nacional.

Os módulos apresentados no gráfico de acordo com os autores (Idem) são

os momentos de trabalhar os problemas que surgiram durante a primeira escrita e

são passos para a superação dessas dificuldades. Esses problemas podem ser de

acordo com os autores de diversas ordens: linguística, ideológica, filosófica,

histórica, estrutural, enfim, é o momento de propor atividades de superação de

problemas.

Dolz, Noverraz e Schneuwly (2011, p. 89) propõem que as atividades para a

superação dessas dificuldades sejam compostas de exercícios que alternem entre

a análise de textos que vão das mais simples até as mais complexas. Para os

autores não há quantidade de módulos fixa e cabe ao professor aplicar tantos

quantos acreditar que são necessários para superar o problema inicial.

Finalmente, o gráfico propõe que haja uma atividade final de produção

textual. No caso desta Sequência Didática, a produção final será um poema

concreto de acordo com a teoria proposta no Plano Piloto para a Poesia Concreta e

a sistematização de todas as atividades ocorrerá em um Seminário integrador

realizado pelos alunos.

Esta Sequência Didática foi estruturada a partir de oficinas para que os

alunos sempre façam algo prático em cada aula e que possam desenvolver a

leitura, a oralidade e a escrita. Essas duas habilidades serão trabalhadas dentro

dos poemas concretos, por entender que as palavras possuem forte conteúdo

político e ideológico e que “elas são tecidas a partir de uma multidão de fios

ideológicos e servem de trama a todas as relações sociais em todos os domínios”

(BAKHTIN: 1999, p. 41). As DCEs de Língua Portuguesa do Estado do Paraná

afirmam que

o ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa visa aprimorar os conhecimentos linguísticos e discursivos dos alunos, para que eles possam compreender os discursos que os cercam e terem condições de interagir com esses discursos (Paraná: 2008, p. 50).

Portanto, as aulas de Língua Portuguesa devem se constituir espaço de

aprimoramento dos recursos linguísticos e de leitura e produção de texto, pois,

provavelmente a maioria dos alunos não dispõem de espaço para debater contexto

histórico, político, social e econômico a partir da poesia. Esta Sequência Didática

busca a interdisciplinaridade com as demais áreas do conhecimento e isto ficará

evidenciado durante a leitura e a aplicação desta proposta de trabalho. Portanto, o

professor precisará dominar conteúdos que vão além do currículo de Língua

Portuguesa para que possa dominar efetivamente a leitura dos Poemas Concretos.

É necessário ressaltar que não se pode perder de vista que a Poesia

Concreta é “a mais importante vanguarda poética após a Semana de 1922”

(CAMPEDELLI E SOUZA: 2000, p. 289). Portanto, é fundamental que haja a

compreensão de que “a unidade desses textos deixou de ser o verso e passou a

ser a palavra” (CAMPEDELLI E SOUZA: 2000, p. 290) e que essa palavra

se manifesta simultaneamente em três dimensões: verbal (aspecto sintático e semântico), oral (aspecto sonoro) e visual (aspecto gráfico). A palavra libertou-se da distribuição linear da linguagem verbal e aproximou-se do imediatismo da comunicação visual; o espaço do papel passou a integrar o significado do poema (CAMPEDELLI E SOUZA: p. 290).

Portanto, o poema concreto é produto da integração de todas as formas de

comunicação humana não sendo possível estudá-lo, analisá-lo ou interpretá-lo fora

de seu contexto de produção. Sem a devida interação com o contexto a sua leitura

deixa de ser a produção de sentidos e pode ser mera decodificação.

Ainda relembrando as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná de língua

Portuguesa, é necessário lembrar que o planejamento do professor é fundamental

para o êxito de trabalho, pois

o plano de trabalho docente é o lugar da criação pedagógica do professor, onde os conteúdos receberão abordagens contextualizadas histórica, social e politicamente, de modo que façam sentido para os alunos nas diversas realidades regionais, culturais e econômicas, contribuindo com sua formação cidadã (Paraná, 2008, p. 89).

Portanto, a contextualização de todos os textos ocorrerá de acordo com a

realidade de cada poema e que tem como objetivo final levar o aluno a refletir

sobre o ato da leitura tendo como foco o trabalho com a linguagem. Não se

pretende avançar (pelo menos neste momento do trabalho!) para outros momentos

de análise como a pragmática do texto ou a análise do discurso. As atividades tão-

somente se aterão ao trabalho de contextualização e de interação para que o aluno

produza sentidos para o texto que ler e escreva de acordo com o que for solicitado.

O documento das DCEs de Língua Portuguesa do Estado do Paraná tem

como conteúdo estruturante o “discurso como prática social” (Paraná, 2008, p.

89/90) e que os conteúdos básicos devem ser compostos pelos

gêneros discursivos; pelas das práticas de leitura, oralidade, escrita e da análise lingüística, para serem abordados a partir do gênero selecionado na tabela, conforme as esferas sociais de circulação: cotidiana, científica, escolar, imprensa, política, literária/artística, produção e consumo, publicitária, midiática, jurídica (Paraná, 2008, p. 90).

Portanto, o trabalho com texto literário da Poesia concreta está em

consonância com o que é solicitado no documento oficial da rede pública de ensino

do Estado do Paraná, pois este afirma que a esfera literária e artística formam

espaço de circulação de textos plenos de significado e de discurso social marcado

histórica, cultural e politicamente.

Certamente que o leitor desta Sequência Didática poderá questionar a

inclusão de outros poemas dessa estética literária, pois a produção dos artistas

dessa vertente foi muito profícua e ampla. Porém, foram escolhidos aqueles que

estão entre os mais conhecidos e que estão mais amiúde nos livros didáticos e

mais circulam nos meios sociais. Além disso, esses textos parecem dialogar mais

com a nossa época e podem ter a sua leitura atualizada para temas

contemporâneos.

Finalmente, deve-se ressaltar que esta Sequência Didática adota como

teoria pedagógica o Interacionismo Sociodiscursivo para embasá-la e que ela pode

ser um complemento para o trabalho com o livro didático do PNLD disponível na

Escola. O livro didático, muitas vezes, se constitui em um dos poucos recursos que

o professor dispõe em seu cotidiano para o trabalho com os alunos e que em seu

meio social é o único livro que muitos alunos possuem em casa. Porém, esses

livros nem sempre abordam suficientemente o tema da Poesia Concreta, nem de

forma quantitativa e nem de forma qualitativa, pois, a maioria deles não teoriza

sobre a estética, não fala de seus desdobramentos e nem mesmo analisa os

poemas de forma a levar o aluno a adquirir plena competência discursiva,

linguística e cultural através do letramento literário e pedagógico.

DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

Professor PDE: Edimarães Silvestre.

Área/ Disciplina: Língua Portuguesa.

NRE: Cornélio Procópio.

Professora orientadora: Dra. Diná Tereza de Brito.

IES vinculada: UENP/Cornélio Procópio.

Estabelecimento de implementação: Colégio Estadual José Ferreira de Mello –

Ensino Fundamental, Médio e Normal.

Objeto de intervenção: Alunos e alunas do 4º ano do curso de Formação de

Docentes.

SEQUÊNCIA DIDÁTICA

Poesia Concreta – poema objeto

OFICINA 1: Preparando a apresentação da situação (2 aulas).

Objetivo:

Explicar aos alunos o Projeto de Intervenção Pedagógica e os seus

propósitos motivando-os para a participação nos trabalhos.

Professor, antes de você iniciar o seu trabalho com esta Sequência Didática,

decore a sala de aula com cartazes contendo: poemas concretos, cenas de filmes

do cinema concreto, objetos da escultura concreta e cenas de teatro.

Na TV pendrive, ponha alguma propaganda cujo significado não seja declarado ao

telespectador, mas que seja inferido ao longo do enredo (como sugestão a peça

publicitária Loucos, da empresa Ipiranga que está disponível em

<http://youtu.be/a8eT3yt2VX8>). Explique que essa peça faz intertextualidade com

História. Medicina, Sociologia, Filosofia, Artes e outras áreas do conhecimento. E

que se o espectador não tiver esses conhecimentos não conseguirá produzir todo o

sentido que a peça possui. Também sugerimos deixar tocando em um aparelho de

som a música Me deixe mudo, de Walter Franco. Se for possível, no projetor

multimídia exibir o filme de curta metragem Zea (disponível em

<http://youtu.be/VhiEBEoBYdc>).

Também leve um cartaz que fale sobre o PDE e deixe exposto na sala de aula em

todos as oficinas que for realizar.

Procedimentos:

- Depois que os alunos começarem a se questionar sobre o porquê de toda aquela

decoração, comece a explicar sobre o PDE e seus objetivos. Também explique

sobre o que é a Sequência Didática e sobre as oficinas que serão realizadas

durante as aulas.

- Pergunte aos alunos se eles entenderam o que os textos querem dizer e por que

os autores produziram esses textos dessa forma.

- Em seguida, comece a explicar rapidamente o porquê dos cartazes, dos filmes e

da música.

- Explique que aqueles textos só fazem sentido se houver a interação entre o leitor

e o texto.

- Interaja com os alunos perguntando os possíveis significados desses textos.

- Mostre aos alunos que para compreender esses textos é fundamental que o

contexto histórico, social, político e econômico seja compreendido.

- Peça aos alunos que escolham um poema concreto de sua preferência que

estiver em um cartaz e escrevam sobre a leitura que fizeram dele. Explique que

esta é apenas uma atividade inicial que servirá apenas para comparar com as

leituras que eles farão do mesmo poema quando tiverem o contexto da produção

do poema.

- Como atividade final desta oficina, peça a eles que elaborem um relatório sobre

as suas impressões iniciais deste projeto, dos textos e do tema que será

trabalhado.

Professor, como atividade de pesquisa extraclasse peça aos alunos para que leiam

no seu livro didático o capítulo que aborda a Poesia Concreta.

OFICINA 2: Reconceituando a arte literária (2 aulas).

Objetivo:

Esclarecer o que é Literatura e o que não é Literatura.

Professor, leve textos de poesia de diversos autores sobre temas variados e de

épocas diferentes. Também leve para a sala textos como receita de bolo, convite,

notícia de jornal e outros que não são literários.

Particularmente, leve o texto Lição sobre a água, de Antônio Gedeão (disponível

em <http://www.citi.pt/cultura/literatura/poesia/antonio_gedeao/agua.html> , acesso

em 09/10/2014). Também leve o texto Propriedades físico químicas da água (este

texto está disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Propriedades_físico-

químicas_da_água> acesso em 09/10/2014).

Procedimentos:

- Solicite que os alunos leiam os textos.

- Questione-os se a linguagem desses textos é apresentada da mesma forma.

- Caracterizar aos alunos o que é linguagem literária e o que não é linguagem

literária.

- Explique aos alunos que a Literatura é uma arte e caracterizá-la em relação às

demais artes.

- Como atividade em sala de aula, pedir que os alunos leiam os textos sobre a

água e que escrevam um texto mostrando a sua compreensão sobre o que é

literatura e o que não é literatura.

- Como atividade para a casa, solicitar a eles que pesquisem em na biblioteca

sobre a Semana de Arte Moderna de 1922, pois será objeto de estudo na próxima

aula.

OFICINA 3: Os ideais do Modernismo (2 aulas).

Objetivo:

Contextualizar o Modernismo brasileiro a partir de seus pressupostos

históricos, culturais, políticos e artísticos.

Professor, para esta oficina traga cartazes (pode ser para a TV pendrive) com

quadros de pintura brasileira clássica e da pintura modernista.

Também traga textos de poesias de várias épocas diferentes (Idade Média,

Renascimento, Barroco, Arcadismo, Romantismo, Simbolismo e Vanguardas

Europeias e do Modernismo).

Procedimentos:

- Leia com os alunos alguns textos de épocas anteriores ao Modernismo.

- Em seguida leia com eles textos do Modernismo.

- Explique a eles as diferenças fundamentais desses poemas: temáticas,

estilísticas, estruturais.

- Também se faz necessária a contextualização da Semana de Arte Moderna:

política da Velha República, a imigração, a formação dos primeiros sindicatos, a

Coluna Prestes e auge a Crise do Café.

- Organizar a sala em grupos de 4 ou 5 alunos para que elaborem um relatório

elaborem um relatório em conjunto mostrando a sua compreensão sobre esta aula.

- O relatório deverá ser lido pelos alunos e comentado pelo professor.

Como sugestão para o trabalho em casa, pedir aos alunos para pesquisarem sobre

a míni série Um só coração (Globo, 2004), que aborda a Semana da Arte Moderna.

OFICINA 4: As fases do Modernismo (3 aulas).

Objetivo:

Compreender as transformações ocorridas no Modernismo Brasileiro.

Professor, para esta aula, traga para a sala de aula poemas de autores

modernistas das diversas fases e tendências. Também traga músicas de diversas

épocas a partir de 1930 para contextualizar o aluno sobre as transformações

ocorridas no Modernismo Brasileiro desde a Semana de Arte Moderna. Além disso,

traga também quadros de pintura modernista

Procedimentos:

- Distribua aos alunos poemas de Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade,

Cassiano Ricardo, Oswald de Andrade, Mário de Andrade e outros. Ler esses

poemas com os alunos e analisá-los sob a sua temática e estrutura poética.

- Mostre quadros de pintura modernista de Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral, Anita

Malfati e Portinari.

- Explique o contexto histórico do Brasil e suas modificações desde 1920 até 1950.

- Apresente aos alunos o fim da República do Café com Leite, o Governo de

Getúlio Vargas e o governo de Eurico Gaspar Dutra.

- Explique aos alunos as transformações ocorridas no cenário mundial com a

quebra da Bolsa de Nova Iorque e a Segunda Guerra Mundial.

- Os alunos devem relatar suas impressões em um relatório de aula. Nesse texto

eles devem explicitar a sua compreensão da importância dos fatos históricos sobre

as artes e sobre a literatura particularmente.

Tarefa:

Solicite aos alunos para que assistam ao vídeo O governo de Juscelino Kubitschek

(disponível em http://www.youtube.com/watch?v=0ujMjeg6lUM) e façam um

resumo do vídeo.

OFICINA 5: Apresentando a Poesia Concreta e o poema – objeto aos alunos (3

aulas).

Objetivo:

Introduzir aos alunos os textos da Poesia Concreta.

Professor:

Nesta oficina você deve apresentar aos alunos alguns poemas da Poesia Concreta

para que possam conhecer esta estética. Ainda não é o momento de explicar a

teoria que embasa a estética. Esta oficina é somente para permitir ao aluno a

primeira aproximação com o poemas desse movimento.

Tarefa:

Comece a aula solicitando aos alunos que leiam o resumo que fizeram do vídeo.

Procedimentos:

- Leia com os alunos o poema Beba Coca Cola, de Haroldo de Campos (disponível

em BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix,

2008, página 478). Solicitar-lhes que falem sobre a compreensão que fizeram deste

poema. Esta atividade desenvolve a oralidade do aluno e propõe uma primeira

aproximação com a Poesia Concreta.

- Leia com os alunos o poema Poesia em tempo de fome, de Haroldo de Campos

(disponível em BOSI, Alfredo. História concisa da Literatura Brasileira. São Paulo:

Cultrix, 2008, página 479). Os alunos devem comentar oralmente sobre a temática

desse texto. Ressalta-se que o professor deve ouvir a opinião de todos os alunos.

Para isso é necessário instigar a participação da cada um deles.

- Após ouvir as respostas dos alunos, apresente para eles outro poema concreto e

leia com eles:Velocidade, de Ronaldo Azevedo (disponível em

http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=27764). Peça-lhes

que falem as suas impressões sobre o poema. Faça perguntas como: vocês já

conheciam esse texto? Sobre o que o texto está falando? Que velocidade é essa

de que fala o autor? Quem é o autor? Esse texto tem algo parecido com os textos

que lemos antes? Em seguida peça a eles que escrevam em seu caderno o que

entenderam do texto.

- Na sequência, apresente-lhes o texto terra, de Décio Pignatari e Haroldo de

Campos e peça que eles leiam esse poema 5 vezes, pelo menos (disponível em

http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/mylinks/viewcat.php?cid=14&min

=730&orderby=titleA&show=10). Solicite que eles escrevam no caderno um

pequeno texto respondendo ao seguinte questionamento: em que esse texto é

parecido com os demais que foram lidos anteriormente? Qual é o tema principal

deste poema? Ele pode ser considerado uma poesia? Por que? O que é poesia

para você? Peça para que alguns alunos leiam a sua resposta e vá comentando

cada uma delas instigando a participação dos demais.

Observação:

Lembre-se, ainda os alunos ainda não têm a teoria da Poesia Concreta, esta é

apenas uma aproximação com os textos dessa estética. Espera-se que os alunos

façam comentários do tipo: Não sei do que se trata! Isso não é texto! Isso não me

diz nada! Portanto, é possível que eles se escandalizem com os textos até aqui

apresentados. Comente com eles que esse escândalo ocorreu com a sociedade na

época em que os poetas concretistas publicaram esses textos e que escandalizar o

leitor era exatamente o objetivo desses artistas.

- Leia com os alunos o Plano Piloto para a Poesia Concreta (disponível em

http://tropicalia.com.br/leituras-complementares/plano-piloto-para-poesia-concreta).

- Comente com eles os propósitos da Poesia Concreta e o porquê de os poemas

dessa estética formarem objetos.

- Exiba o vídeo Frederico Barbosa – Concretismo – São Paulo na Literatura

(disponível em http://www.youtube.com/watch?v=MafBfT1GELI). Comentar com os

alunos sobre os conteúdos do vídeo que mostra a Poesia Concreta no contexto

literário do Brasil. O vídeo apresenta o Concretismo em seu berço: São Paulo e faz

parte de evento que busca compreender como o Concretismo surgiu e como ele se

desenvolveu no Brasil a partir de 1950 e como ele evoluiu para as demais artes

naquela cidade.

Tarefa:

Solicite a eles que acessem o site <http://www.poesiaconcreta.com> e escolham

um poema de sua preferência e escrevam um texto mostrando a sua compreensão

sobre ele.

OFICINA 6: Contextualizando o cenário político, econômico, social e cultural da

Poesia Concreta no Brasil (4 aulas).

Objetivo:

Compreender o contexto histórico em que ocorreu o surgimento da Poesia

Concreta no Brasil.

Professor, nesta oficina é fundamental que você contextualize o cenário histórico

da década de 1950 até 1970. Este período de tempo foi o auge da Poesia Concreta

no Brasil. Ressalta-se que é impossível compreender essa estética literária sem a

devida compreensão dos fatos históricos que a permeiam.

Tarefa:

Comece a aula solicitando aos alunos que, voluntariamente, leiam o poema que

escolheram e pergunte a eles o porquê da escolha desse texto.

Procedimentos:

- Explique aos alunos que os textos da Poesia Concreta só fazem sentido se

houver o pleno conhecimento do contexto de sua produção: político, social,

econômico e cultural. Portanto, comece exibindo no projetor multimídia ou na TV

pendrive um vídeo abordando sobre o governo de Getúlio Vargas (sugerimos A Era

Vargas (disponível em http://www.youtube.com/watch?v=RMYopenhdvU)

- Comente sobre as transformações econômicas ocorridas no Brasil durante o

período em que a Poesia Concreta teve o seu auge: fim do governo Vargas,

governo de JK e a industrialização do Brasil, renúncia de Jânio Quadros, governo

de João Goulart e o golpe militar.

- Retome o poema Beba Coca Cola (disponível em BOSI, Alfredo. História concisa

da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 2008, página 478). Explique a eles que

o poema faz uma alusão à forma como ocorreu a industrialização do Brasil no

governo de JK, o qual concedeu uma série de incentivos para que indústrias

estrangeiras se fixassem no país. Mostre aos alunos que é possível ler o texto

juntando a última sílaba de uma palavra com a primeira sílaba de outra palavra e

assim formar uma nova palavra: no primeiro verso é possível criar / a o/ e /caco/.

Desses substantivos é possível depreender que algo no país (economia, política,

cultura, sociedade) está entregue a Baco, em alusão ao deus romano do vinho e

das orgias. Nesse sentido é possível ler que o país estava de, certa forma,

desorganizado em alguns setores da sociedade. O substantivo caco faz alusão à

indústria nacional que não conseguia competir com as empresas estrangeiras que

estavam se instalando no Brasil. As companhias estrangeiras eram mais

desenvolvidas tecnologicamente e conseguiam ser mais competitivas do que a

indústria nacional.

- No segundo verso, juntando-se a última sílaba da primeira palavra com a primeira

sílaba da segunda palavra obtém-se a palavra /beco/. Pode-se compreender desse

jogo semântico uma alusão aos recorrentes empréstimos do governo JK junto a

organismos internacionais (principalmente o Fundo Monetário Internacional – FMI)

para cumprir o seu Plano de Metas de 50 anos de progresso em 5 anos de

governo. Esses empréstimos endividaram o Brasil lançando o país em uma espécie

de beco quase sem saída e gerou uma inflação cada vez mais galopante que

comprometeu seriamente a economia do Brasil por diversas gerações.

- No terceiro verso novamente é possível formar a palavra / a o/. No quarto verso,

forma –se mais uma vez a palavra /beco/.

- Ao fazer esse mesmo jogo lúdico de leitura do poema com as colunas do texto na

vertical, é possível na segunda coluna formar palavras como /coco/. Este

substantivo pode fazer alusão às denúncias de corrupção que havia sobre a

política nacional. Ainda na coluna do meio do texto pode-se formar a palavra

/caca/. Este substantivo é uma expressão popular que as mães costumam dizer às

crianças para se referir a alguma sujeira que possa haver quando os bebês estão

engatinhando. Essa expressão faz parte do repertório de algumas regiões

brasileiras. A mãe diz à criança quando esta, engatinhando, toca e algo sujo:

“Deixa, filho, isso é ca-ca”. Esse substantivo pode aludir mais uma vez às

denúncias de corrupção da política nacional e que a economia brasileira industrial

ainda era criança, porém já marcada por escândalos na política.

- Na terceira coluna vertical é possível formar a palavra /lala/, este vocábulo pode

se referir à alegria do povo brasileiro com o carnaval e com a possível felicidade de

ver o país crescer economicamente (mesmo que endividando-se cada vez mais!).

O termo / la-la/ lembra a musicalidade e o cantar das pessoas.

- Ainda interpretando este texto da poesia concreta como um poema – objeto, se

observarmos atentamente para a diagramação das palavras no texto é possível

traçar o seguinte percurso:

Gráfico do autor

-Relate aos alunos que por este esquema, é possível perceber a formação de um

objeto: um intestino. A diagramação das palavras e a sua disposição no papel,

formam o órgão interno que termina na cloaca. Da formação do poema-objeto em

intestino, é possível inferir diversas leituras possíveis. Pode-se incentivar os alunos

a falar oralmente sobre essa leitura que fizeram com o professor e compará-la com

a sua primeira leitura que fizeram na oficina 5.

- Explique aos alunos que essa leitura só foi possível a partir da compreensão do

contexto de produção em que o texto foi concebido. Explique que pode ser que o

sentido original que o autor desejou dar ao texto não tenha sido necessariamente

esse, porém, deve-se relembrar aos alunos que em uma leitura existe o sentido do

autor, o sentido do leitor e o sentido que o próprio texto possui.

-Solicitar aos alunos que acessem o site (esse acesso pode ser em casa ou no

laboratório da escola e ler a interpretação sugerida para o poema comparando-a

com as interpretações que foram feitas nos trabalhos desta oficina)

http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_visual/decio_pignatari_2.html.

- Em seguida, exibir aos alunos o vídeo “Moteto em Ré Menor Beba Coca Cola”,

produzido pelo Coral da Universidade de São Paulo, que musicou o poema de

Décio Pignatari (disponível em http://www.youtube.com/watch?v=6DKRtGjIaD4). - -

- Explicar aos alunos que a Poesia Concreta e o Poema objeto é arte visual que

pode explorar os recursos sonoros formando uma bela plasticidade com a palavra.

- Como atividade integradora final, solicite aos alunos que leiam e declamem uns

para os outros o poema Supremo Castigo, de Mário Quintana (disponível em

http://www.casadobruxo.com.br/poesia/m/supremo.htm). Após a leitura deste

poema, reflita com os alunos sobre algumas questões como:

- o papel da poesia na formação da consciência crítica das pessoas;

- a importância da Literatura como arte na vida das pessoas;

- o diálogo entre as artes e entre os textos através da retomada de temas a partir

da linguagem específica de cada arte;

- a industrialização do Brasil a partir de meados da década de 1950;

- as relações de consumo na sociedade atual.

- Como atividade final exibir o vídeo O cinema Novo, O Teatro de Arena e O Teatro

Oficina (disponível em http://www.youtube.com/watch?v=GteljYE13A0). Explicar

que os ideais da Poesia Concreta avançaram nessas artes, também.

Tarefa:

Pedir aos alunos que escrevam um poema concreto mostrando as relações de

consumo entre o consumidor e uma marca famosa da atualidade. Esses poemas

serão escritos em cartolina e expostos no mural co Colégio.

OFICINA 7: Ampliando os horizontes (4 aulas).

Objetivo:

Ler, discutir e interpretar diversos poemas concretos a partir dos seus

contextos de produção atualizando a sua leitura para o contexto do aluno leitor.

Professor, nesta oficina, você deve analisar com os alunos o máximo de textos

concretistas que for possível. Nesta oficina são sugeridos alguns poemas, porém

cada turma tem a sua dinamicidade e o seu ritmo de aprendizado. Cabe a você,

professor, ampliar a quantidade de textos ou reduzi-las de acordo com a realidade

de cada turma.

Procedimentos:

- Inicie a aula perguntando aos alunos das dificuldades e das facilidades que cada

um teve em produzir o seu poema concreto. Estimule cada aluno a expor a sua

opinião.

- Em seguida, leia com os alunos o poema “Velocidade” (disponível em

http://www.poesiaconcreta.com.br/poema/velocidade.jpg), de Ronaldo Azeredo.

Pressupõe-se que a esta altura desta sequência didática, os alunos já possuem

certa afinidade com a leitura de Poesia Concreta e que já compreendem que o

contexto de produção do poema é fundamental para a produção de sentido desse

tipo de texto. Portanto, solicite-lhes que leiam esse texto e que, oralmente,

exponham suas opiniões sobre ele. No quadro de giz, ou em flip chart, vá anotando

o que cada aluno diz sobre as suas impressões sobre esse poema. Não deixe que

se perca de vista o contexto em que o texto foi produzido: 1957 e a industrialização

do Brasil no governo de JK. A seguir solicite a eles que escrevam no caderno uma

breve análise desse texto a partir de suas leituras e das leituras dos demais

colegas.

- Depois que todos escreverem, você ampliará a leitura dos alunos dizendo

que o poema pode ser lido tanto na horizontal quanto na vertical e que a repetição

do fonema “V” indica uma onomatopeia. O fato de aos poucos serem inseridos os

outros fonemas da palavra cria um recurso estilístico e semântico de aceleração:

“VVVVVVVVVV”, imagine esse som como de o barulho de algo acelerando. A

leitura desse poema não pode ser por letra, mas por fonema. Portanto, não deve

ser lido “V-V-V-V-V-V-V-V-V-V-V”, mas sim, como um fonema de um “V” longo. É

preciso sentir acusticamente esse som para entender o poema. No segundo verso,

o processo de leitura deve ser o mesmo, porém, no final, acrescentando um “E” e

assim sucessivamente em cada verso. Porém, a leitura do poema deve ser em um

fôlego só, não para não quebrar a sequência da imagem acústica criada no texto.

Na internet haverá um vídeo tutorial que produzi para sugerir uma possível leitura

desse poema com os alunos (o link será disponibilizado durante o GTR).

Em seguida, mostre a eles que a disposição das palavras no poema forma

um gráfico tanto na horizontal quanto na vertical e que, à medida em que as letras

e fonemas vão sendo acrescentados nos versos é possível traçar uma diagonal.

Esse tipo de gráfico é utilizado em diversas ciências, como Estatística, Matemática,

Física, Geografia, Economia entre outras: Observe estes exemplos:

http://educacao.globo.com/fisica/assunto/mecanica/analise-grafica-dos-movimentos.html

http://www.portalaction.com.br/sites/default/files/EstatisticaBasica/figuras/grafico_linhas.png

http://webeduc.mec.gov.br/portaldoprofessor/matematica/condigital2/midias/experimentos/Comida_a_quilo/explorando.html

Portanto, mostre aos alunos que o autor deste possivelmente desejava

demonstrar que a economia do país e as cidades estavam crescendo numa

espantosa velocidade. Escreva esse texto no quadro de giz e faça com eles o

gráfico e trace a diagonal. Lembre-os de que esse gráfico do poema pode indicar

que a vertical é o resultado do crescimento da economia do país e a horizontal

pode ser o crescimento das cidades a partir do êxodo rural das décadas de 1950 e

1960. Ainda no poema, trace a diagonal ascendente entre as letras (fonemas) “V” e

as demais letras (fonemas). Essa diagonal pode indicar o crescimento geral da

economia e da evolução da dívida externa brasileira no governo JK.

- Demonstre aos alunos a riqueza de sentidos que é proporcionada pela Poesia

Concreta a partir do seu poema objeto. Relembre a eles que a para um ser

considerado Poesia Concreta é fundamental que haja a formação de um objeto rico

em semântica e em sintaxe.

- A partir deste momento, distribua aos alunos o texto Psiu!, de Augusto de

Campos (disponível em http://diocostapoemas.blogspot.com.br/2009/07/analise-do-

poema-de-augusto-de-campos.html). Solicite aos alunos que escrevam no caderno

as suas impressões sobre este texto. Em seguida, peça que eles se juntem em

duplas e discutam juntos sobre os possíveis sentidos deste texto. Dê a eles um

tempo para que possam ampliar as suas falas sobre as possíveis significações

deste poema. Na sequência, solicite que as duplas se juntem em grupos de 6 a 8

alunos e novamente rediscutam sobre o texto. A ideia nesta atividade é que os

alunos vão enriquecendo as suas compreensões sobre o texto. Novamente

coordene o tempo para as discussões e, em seguida, forme um círculo na sala e dê

oportunidade para que os alunos voluntariamente falem sobre os significados que

construíram no poema.

- Finalmente, analise junto com eles a partir do contexto de produção que o poema

traz uma enorme carga semântica, pois explora os recursos visuais, tais como:

figuras, sinais, logo, marcas e palavras escritas.

O título do poema traz uma ambiguidade com a palavra psiu!, pois pode

significar a solicitação de atenção, ou ser o imperativo para que alguém se cale. No

centro do poema há um dedo em riste frente a uma boca em sinal de silêncio. O

fato de estar no centro pode significar que alguém (ou algo) está solicitando que

outros se calem, ou que está chamando a atenção de alguém ou de algo para fatos

e eventos.

Se tomarmos o contexto de produção para a análise deste texto e seu ano

de produção (1966), provavelmente o autor está fazendo referências ao governo

militar que já estava em voga no Brasil desde 1964. Esse governo baixou inúmeros

atos cerceando as liberdades no país (isso aparece no poema na palavra ATO.

Com a letra/fonema “O” de ATO o autor parece fazer referência à logomarca de

uma rede de TV que foi criada no início do governo militar. Essa referência pode

ser uma crítica ao poder da mídia no cenário da alienação da sociedade brasileira

da época.

- Instigue os alunos a falarem sobre as frases que compõem o poema, como “tudo

mais barato” (tanto pode ser referência aos preços que se baratearam, quanto à

atividade econômica que incentivou a concorrência entre as empresas e barateou

os preços ao consumidor, quanto ao barateamento/empobrecimento das produções

artísticas no Brasil com a censura imposta pelos governos militares). A palavra

“América” pode indicar o papel dos Estados Unidos da América no golpe militar

ocorrido no Brasil e a imposição do estilo de vida americano na sociedade

brasileira, o american way of life (sobre esse tema sugerimos a leitura de um texto

disponível em http://historiandocomalu.blogspot.com.br/2013/05/o-american-way-

of-life-e-crise-de-29.html). Enfim, explore todas as possibilidades que a leitura

desse texto pode sugerir.

- Peça a eles que comparem as leituras que fizeram, individual e em grupo, com a

leitura que podem fazer agora com a análise que fizeram juntos com o professor.

Solicite que escrevam no caderno as suas impressões sobre este texto.

- Para concluir esta oficina, distribua aos alunos o poema Epitáfio para um

banqueiro, de José Paulo Paes (disponível em

http://www.unesp.br/aci/jornal/203/ironia.php). Nesta atividade, você deverá fazer

junto com alunos a análise do poema. Explore com eles a riqueza vocabular da

palavra epitáfio. Explique que é um texto próprio para a morte de alguém. Explique

que a diferença do significado entre banqueiros e bancários. Comente que o

sistema bancário brasileiro teve grande importância no sistema econômico de JK e

dos governos militares. Incentive-os a participarem comentando sobre os

significados das palavras de cada verso. Vá anotando no quadro cada possível

significação que os alunos forem produzindo nessa interação. Em seguida

questione-os o possível objeto que este poema forma. Informe-os de que a Poesia

concreta sempre forma um objeto com as palavras.

- Escreva o poema no quadro e desenhe um triângulo invertido externo às

palavras, deixando o poema dentro da figura. Segue um modelo:

Mostre-lhes que a palavra mais longa do poema negócio fica no topo do

triângulo invertido e, à medida que o triângulo se estreita, as palavras vão

diminuindo de tamanho, terminando com a palavra o. Diga aos alunos que esse

triângulo pode formar uma pirâmide social invertida. Em seguida, ponha no quadro

um triângulo com a sua ponta para cima ao lado da pirâmide invertida. Segue o

modelo:

Com as imagens lado a lado e com o poema dentro do primeiro triângulo,

explique aos alunos que esse segundo triângulo representa as classes sociais que

haviam no Brasil a partir de meados do século 20 e que no topo da pirâmide

estavam os ricos, que detinham o poder econômico (no caso do poema, o

negócio). Na base do segundo triângulo está a classe mais pobre a quem no

primeiro triângulo está destinado o “o”, que tanto pode indicar o zero ou nada de

participação na economia, quanto o assombro (oh!) de ver o grande crescimento da

economia do país a partir do governo JK e do milagre econômico dos governos

militares. Assim sendo, pode-se colocar os dois triângulos da seguinte forma:

A partir da formação dessa imagem, pode-se inferir que aos ricos, o dinheiro,

a classe média, a dívida externa que nega o crescimento do indivíduo e que

deveria ser negada e o aparente ego de se acreditar inserido no progresso do país;

aos pobres, na base da pirâmide, o deslumbramento e a não participação do

crescimento econômico do país.

- Como atividade final, toque a música Lenda do Pégaso, de Moraes Moreira

(disponível em http://www.youtube.com/watch?v=uY1wm_kcCng), e explore com os

alunos a imagem sonora que é produzida no final da letra quando o artista repete

inúmeras vezes a palavra pégaso – pégaso – pegaso – pégaso. Questione se eles

conseguiram perceber no jogo de palavras e na interpretação do artista em um

primeiro momento o trote do Pégaso. Em seguida o barulho das asas do Pégaso

em pleno vôo e, finalmente, no término da música, o distanciamento por ele ter

pegado o azul. Comente com eles que este recurso estilístico, adotado pelo autor

em sua interpretação, cria um objeto sonoro que é próprio da poesia concreta.

Tarefa:

Solicite aos alunos que leiam o texto sobre Poesia Concreta para ampliar os

conhecimentos sobre essa estética literária disponível em

http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo9594/Concretismo. Peça que eles

OFICINA 8: Trabalhando elementos da diversidade étnico racial: cultura afro

brasileira e cultura indígena (4 aulas).

Objetivo:

Trabalhar a cultura afro-brasileira e indígena nos seus aspectos históricos,

sociais e culturais.

Professor, esta oficina é exclusiva para o trabalho com a cultura afro-brasileira e

indígena. Explique aos alunos que os países africanos de língua portuguesa

viveram processos de colonização que duraram maior tempo do que os países da

América. Informe que a independência da maioria desses países ocorreu a partir

da década de 1960 graças a lutas armadas dessas colônias. Explique que a

História da Literatura desses países segue outras formas de classificação e que o

Concretismo não teve tanta influência sobre as letras desses povos.

Informe que a Literatura Indígena segue, também as marcas da oralidade e

somente nos dias atuais é que, graças ao trabalho de diversas universidades, está

sendo catalogada e estudada.

Esta oficina será um trabalho de Literatura Comparada.

Procedimentos:

- Comece solicitando aos alunos que leiam o texto “Povos indígenas no Brasil e

sua Literatura”, do professor de Literatura da UfsCar, Daniel Munduruku (disponível

em http://www.univesp.ensinosuperior.sp.gov.br/preunivesp/4817/povos-ind-genas-

no-brasil-e-a-sua-literatura.html). Após a leitura, peça para que eles se organizem

em grupos de até 4 alunos e que eles elejam um relator para apresentar as suas

impressões sobre o texto. Informe que a Literatura indígena é de base oral e que

somente há poucas décadas está sendo transposta para a escrita. Informe, ainda

que essa oralidade é marca distintiva da diversidade cultural dos povos indígenas.

- Em seguida, comente com eles que a Literatura Africana de Língua Portuguesa

não segue os mesmos padrões de classificação que a Literatura Brasileira.

Explique que a luta pela independência desses países foi longa e árdua e que no

pós independência, a maioria deles sofreu com uma terrível guerra civil. Portanto,

os temas que essas Literaturas abordam são outros.

- Solicite que leiam o poema Fragmento que sou, da poetisa Graça Graúna

(disponível em http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=377732). Em

seguida peça para que leiam o poema Carta de um contratado, do poeta angolano

António Jacinto (disponível em http://www.jornaldepoesia.jor.br/aj02.html). Solicite

que comparem com algum dos poemas concretos já estudados até o momento

para que analisem as possíveis semelhanças e diferenças entre esses três, o

concretista, o africano e o indígena. Peça aos alunos que comentem oralmente

sobre essas semelhanças e diferenças. Questione-os o porquê dessas diferenças e

semelhanças. Instigue-os a se manifestar sobre suas opiniões.

- Como atividade final, toque para eles a música batmacumba, de Gilberto Gil e os

Mutantes (disponível em www.youtube.com/watch?v=pObbaUIqlQU). Esse poema

representa o sincretismo de diversas culturas: a americana (“Batman”: herói lutador

que sempre vence, sem pai e sem mãe); a cultura africana (“macumba”, marca da

religiosidade; “ba”, grito tribal de guerra).

- Explore a disposição das palavras no texto, os espaços em branco, e sonoridade

plástica que o poema propõe.

- Em seguida, comente que as duas últimas letras do primeiro verso, a última letra

do segundo verso e as duas últimas letras do terceiro verso, se forem juntadas

nessa ordem formam a palavra “baobá”, que é uma árvore típica da flora africana e

é símbolo de força e resistência para esses povos.

- Explore com os alunos que a disposição gráfica das palavras do poema lembra o

losango da bandeira brasileira.

Com este poema é possível inferir que a cultura brasileira é o resultado do

entrecruzamento de diversas outras culturas.

- Solicite aos alunos que produzam outras leituras possíveis para esse poema.

Tarefa:

Tarefa:

Ler os artigos Literatura indígena e as novas tecnologias da memória, de Daniel

Munduruku e Literatura narrativa escrita por índios, de Olívio Jekupê (disponíveis

em http://www.leetra.ufscar.br/cakephp/pages/view_biblioteca_001), publicados na

Revista Leetra nº 01, da Universidade Federal de São Carlos. Esses textos devem

ser lidos e o aluno poderá escolher um deles para fazer uma resenha crítica a ser

entregue na próxima aula.

OFICINA 9: Planejamento para o seminário integrador (2 aulas).

Objetivo:

Preparar os alunos para atividade final e encerramento do projeto.

Professor, nesta oficina, você deve pedir que os alunos se organizem em 5 grupos.

Cada grupo ficará responsável por aprofundar as pesquisas sobre o concretismo

em uma determinada arte: como sugestão pode ser Literatura, Cinema, Pintura,

Escultura e Música. Sugere-se que Pintura e Escultura fique sob a

responsabilidade do mesmo grupo e que as demais artes fiquem sob a

responsabilidade de cada grupo. Um quinto grupo será o organizador do evento

final, que a realização de um seminário integrador para todos os alunos do Colégio.

Procedimentos:

- Explique aos alunos que cada grupo deverá pesquisar sobre a influência do

Concretismo em cada uma das artes e organizar uma sala temática para o seu

trabalho.

- Explique aos alunos que eles devem se utilizar de todos os recursos possíveis

para apresentar a arte de acordo com a teoria proposta pelo concretismo. Para a

Pintura sugerem-se as obras do pintor Maurício Nogueira Lima (1930-1999) (vídeo

disponível em http://www.youtube.com/watch?v=zMahx4J3Qhw). Na música

sugere-se o trabalho com os textos de Arnaldo Antunes e de Walter Franco

(http://www.youtube.com/watch?v=vSTqiIjnU-M, vídeo com entrevista do artista

sobre a sua arte). Sugere-se a música deste compositor “Me deixe mudo”.

O evento terá a abertura oficial no pátio do Colégio com a presença dos

professores e dos alunos. A fala de abertura será de algum profissional da

educação a ser convidado para a ocasião.

- Cada grupo utilizará uma sala do Colégio e a decorará com elementos da arte

que lhe foi atribuída para trabalhar. Assim sendo, na sala de cinema, o grupo

deverá decorá-la com cartazes, pôsteres e exibir trechos de filmes que possuam

elementos do Concretismo, como Cidadão Kane, Dança com Lobos e outros que

eles pesquisarem. O grupo receberá as visitas dos demais alunos do Colégio e a

cada 15 minutos farão uma comunicação para os visitantes.

Assim sendo, cada grupo decorará uma sala de acordo com a arte que lhe

foi atribuída e receberá os visitantes fazendo uma comunicação de

aproximadamente 15 minutos abordando:

- O que é o Concretismo.

- Momento histórico da estética artística.

- Principais características do movimento.

- Principais artistas e obras.

- Análise de algumas obras para os visitantes.

- Interação com os visitantes sobre a estética.

Um grupo ficará responsável pela organização do evento e pelo apoio aos

apresentadores e por receber os visitantes: salas, recursos materiais e áudio -

visuais.

Este grupo organizador ficará responsável por convidar um profissional para

fazer uma palestra sobre a Literatura e as artes no Brasil pós 1950. Esse grupo

deverá oficializar o convite ao profissional. Pode ser professor de Português, Artes,

História, Filosofia, Sociologia ou de outra área que possa fazer uma palestra de

aproximadamente uma hora. Essa palestra será para todos os funcionários,

professores e alunos do Colégio.

OFICINA 10: Preparação para o Seminário Integrador Final (1 aula).

Objetivo:

Preparar as salas ambiente do Colégio para o Seminário Integrador Final.

Professor: nesta oficina, devem-se conferir os materiais que serão utilizados na

atividade final. Também devem ser preparadas/ decoradas as salas para a

apresentação final.

Procedimentos:

- Os alunos devem preparar as salas na seguinte sequência: Literatura, Pintura-

Escultura, Cinema, Música.

- Os corredores do Colégio devem estar decorados com os poemas que os alunos

produziram nas oficinas.

- O grupo que coordena os trabalhos deve distribuir aos visitantes folhetos com a

programação das salas, do seminário e da palestra. Um aluno ou aluna desse

grupo será o/a Mestre de Cerimônias para os eventos sociais de abertura e de

encerramento: Abertura, composição da mesa, Hino Nacional, convocação ao

palestrante e cerimônia de encerramento.

OFICINA 11: Realização do evento final (5 aulas).

Objetivo:

Fazer a atividade integradora final com as atividades previamente

programadas.

Professor, esta é a atividade que sintetizará todo o seu trabalho com os alunos

durante a realização deste projeto. Cuide para todos os detalhes estejam em

ordem para o bom desempenho desta oficina.

Procedimentos:

Realização do evento de acordo com o planejado na oficina 10.

- Exibir para os presente o vídeo Hi Fi, de Ivan Cardoso (1999, disponível em

http://www.youtube.com/watch?v=mqUNNb1g524). Não tecer nenhum comentário

sobre o vídeo. Os comentários serão feitos no encerramento do Seminário e então

questionar ao público o sentido que fez na primeira exibição e o sentido que faz

agora ao final das exposições.

- O evento terá a duração de 5 aulas. Será iniciado às 7horas e 40 minutos e será

encerrado ao meio dia. Terá uma pausa de 15 minutos para eu o lanche seja

servido e em seguida as atividades serão retomadas.

- A palestra de encerramento deverá ocorrerá no pátio co Colégio e contará com a

presença de todos os professores, funcionários, equipe pedagógica, direção,

órgãos colegiados do estabelecimento (APMF e Conselho Escolar) e todos os

alunos.

Observação

Todos os apontamentos sobre o desenvolvimento desta Sequência Didática, assim

como as dificuldades de sua aplicação, os resultados obtidos, a interação dos

alunos com o conhecimento, a interdisciplinaridade, as possíveis melhorias no

material e outros apontamentos serão relatados em artigo a ser produzido como

texto final para a conclusão deste Programa de Desenvolvimento educacional.

Bom trabalho!

Referências

AMARAL, H. Sequência Didática e ensino de gêneros textuais.

Disponível em: <https://www.escrevendoofuturo.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=212:sequencia-didatica-e-ensino-de-generos-textuais&catid=23:colecao&Itemid=33> Acesso em 27/10/2014 às 16h 18min. ARAÚJO, Denise Lino. O que é e como se faz Sequência Didática. Fortaleza: Revista Entrepalavras Universidade Federal do Ceará, v 3, nº , 2013. (Disponível em http://www.entrepalavras.ufc.br/revista/index.php/Revista/article/view/148/181 acesso em 30/06/2014 às 14h 05 min). BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. Trad. de Michel Lahud e Yara

Frateschi. São Paulo: Hucitec, 1999, 9 ed. BOSI, A. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 2008, 46 ed. BRASIL. Lei Federal nº 10.639/2003 (disponível em

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm - acesso em 26/11/2014 às 17h 33 m) BRASIL. Lei Federal nº 11.645/2008 (disponível em

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11645.htm - acesso em 26/11/2014 às 17h 35m) CAMPEDELLI, S. Y. e SOUZA, J. B. Português: Literatura, produção de textos e Gramática. São Paulo: Saraiva, 2000, 3 ed. COLOMER, T. e CAMPS, A. Ensinar a Ler, Ensinar a compreender. Trad. Fátima Munrad. Porto Alegre: Artmed, 2002. DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. e Cols. Gêneros orais e escritos na escola.

Campinas: Mercado das Letras, 2011, 3 ed. PARANÁ. Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa. Curitiba: 2008.