OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · O etnocentrismo, segundo Rocha (2004) é um...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
PROBLEMATIZAÇÃO DE CONCEITOS SOBRE OS INDÍOS COM AL UNOS DO 6º. ANO
Maria Aparecida de Oliveira Flois1
Astor Weber2
RESUMO: Este artigo foi elaborado como pré-requisito do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) em História e teve como tema a problematização de alguns conceitos atribuídos aos indígenas, principalmente oriundos do pensamento ocidental. O estudo da temática indígena sob o título “Problematização de Conceitos sobre os Índios com alunos do 6º ano” originou-se pela ausência de conteúdos que versam sobre o assunto nos livros didáticos do Ensino Fundamental. Nos livros didáticos, os índios comumente são estudados como passado e, sua representação é uma ótica do colonizador, isso evidencia que prevalece uma visão etnocêntrica nos livros didáticos. Este artigo teve como objetivos problematizar conceitos como etnocentrismo, primitivismo e cultura com os alunos do 6º ano para contribuir no desenvolvimento do entendimento das sociedades indígenas. Também serviu para refletir sobre o conceito de cultura, com o objetivo de demonstrar aos alunos que existe uma pluralidade de culturas. Discutiu-se a abordagem em relação aos índios nos livros didáticos e operacionalizou-se a reflexão dos conceitos ao correlacioná-los com as atividades didáticas em sala de aula. Foram apresentados neste artigo alguns pontos sobre o projeto de intervenção, as estratégias e ainda conteúdos do material didático-pedagógico. Ao final percebeu-se que, ao se trabalhar com a temática indígena foi possível problematizar alguns conceitos que ainda norteiam a nossa concepção, e que ao serem trabalhados podem contribuir para que os alunos reavaliem o conhecimento que tem sobre as sociedades indígenas. Palavras-chave: Povos Indígenas. Cultura. Etnocentrismo. Livros Didáticos.
ABSTRACT: This article was prepared as a prerequisite of the Educational Development Program (EDP) in and the theme was the questioning of concepts allocated to indigenous, mainly coming from Western thought. The study of indigenous issues under the "Curriculum Concepts on the Indians with students from 6th grade" originated by the absence of content that deal with the subject in the teaching of elementary school books. In textbooks, the Indians are commonly studied as past and its representation is a perspective of the colonizer, this shows that prevails an ethnocentric view in textbooks. This article aimed to discuss concepts such as ethnocentrism, primitivism and culture with students of the 6th year to contribute to the development of understanding of indigenous societies. It also served to reflect on the concept of culture in order to demonstrate to students that there is a plurality of cultures. The approach was discussed in relation to the Indians in textbooks and operationalized the reflection of the concepts to correlate them with the educational activities in the classroom. Were presented in this article some points
1 Professora da Rede Estadual de Ensino do Paraná. Integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE - História. 2 Mestre em História pela UFMS - Universidade Federal do Mato-Grosso do Sul. Professor da UNESPAR - Campus de Campo Mourão/PR.
on the intervention project, the strategies, and content of the teaching-learning materials. At the end it was realized that, when working on indigenous issues was possible to question some concepts that still guide our design, and to be worked can help students to reassess the knowledge it has on indigenous societies. Keywords: Indigenous Peoples. Culture. Ethnocentrism. Textbooks.
1 INTRODUÇÃO
Nos livros didáticos, bem como nos currículos escolares é perceptível que
pouco conteúdo é reservado para a representação dos índios na História do Brasil. A
temática indígena é discutida principalmente no Brasil Colônia sendo que na História
do Brasil Império e República os indígenas são apenas mencionados, sem nenhum
destaque. Percebe-se que, nos livros didáticos há poucas gravuras e palavras que
poderiam auxiliar na discussão sobre os índios.
Muitos autores e ainda alguns educadores apontam os indígenas como
indivíduos que viviam em condições de barbárie e atraso e, diante das formas como
estes indivíduos são apresentados aos educandos, contribui-se para que os alunos
assumam atitudes discriminatórias em relação aos povos indígenas.
Parte da dificuldade de abordar os índios no contexto escolar é a falta de
preparo e também a falta de conhecimento do assunto pelos professores, isto
porque, para muitos a temática é desconhecida e também são grandes as
dificuldades e a falta de conteúdos para ministrarem suas aulas.
É importante verificar como os índios são abordados nos livros didáticos,
para que os professores se preparem e colaborem para minimizar a repetição dos
preconceitos e discriminações que durante décadas estiveram explícitos nos livros e
conteúdos trabalhados em sala de aula.
Vale lembrar que a Lei nº. 11.645 de 10 de março de 2008 em seu Art. 26-A
torna obrigatório o estudo da história e cultura afro-brasileira e indígena nos
estabelecimentos de ensino fundamental e de ensino médio. Esta lei procura
contribuir para considerar os índios como sujeitos que fazem parte da formação da
população, da cultura e da história nacional.
Apesar dos livros didáticos apresentarem discussões sobre a temática
indígena é preciso reforçar e avançar nas reflexões e, por meio de exemplos, tornar
o estudo sobre os indígenas mais inteligível para os alunos. Eles precisam
compreender que os índios são sujeitos que fazem parte da história atual da
sociedade brasileira e não devem ser representados como “elos perdidos” da história
do país.
É importante que a problematização sobre a história dos índios com os
alunos tenha início o quanto antes e principalmente quando ainda possuem bastante
curiosidade e recepção à aprendizagem. Há uma parte interessante em que se pode
inserir a discussão no 6º ano, quando se trata da origem do ser humano. Tratar do
estudo do mito de origem pode contribuir para o início de uma reflexão sobre o índio
como sujeito da sua própria história. Consequentemente, questões que envolvem os
conceitos de cultura, primitivismo e etnocentrismo pode ser objeto de estudo do
professor.
Neste sentido, reforçar o estudo da complexidade de conceitos e utilizar
exemplos históricos pode contribuir e ancorar os alunos na compreensão dos
indígenas como cidadãos brasileiros.
Diante disso, o presente artigo procura discutir os conceitos de
etnocentrismo, primitivismo e cultura, refletir sobre a abordagem indígena nos livros
didáticos, bem como abordar a possibilidade de trabalho com a temática indígena
em sala de aula e as formas de intervenção presentes no Projeto de Intervenção do
Programa de Desenvolvimento (PDE) em História, trabalhado com alunos do 6º ano
do Ensino Fundamental em classes regulares de ensino da rede Estadual.
Inicialmente será apresentada uma pesquisa bibliográfica com a finalidade
de auxiliar nas definições e entendimentos do tema proposto e, em seguida será
abordado o Projeto de Intervenção realizado pela professora PDE no Colégio
Estadual Manoel Bandeira (Alto Piquiri – PR) com alunos do 6º ano do Ensino
Fundamental, as considerações finais e referências utilizadas para o
desenvolvimento deste estudo.
2 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
2.1 ETNOCENTRISMO, PRIMITIVISMO E CULTURA
Ao chegarem às costas brasileiras, os navegadores portugueses
acreditaram ter descoberto o paraíso na terra. A cada novo lugar descoberto, nomes
eram dados como se o local fosse inabitado (CUNHA, 1992, p. 9), contudo, sabe-se
que muito antes dos descobridores havia indivíduos que povoavam as terras
brasileiras: os índios.
Percebe-se que a representação desses povos tem sido pouco expressivas
na história presente nos livros didáticos assim como no cotidiano escolar e,
normalmente os índios são vistos como vítimas indefesas, coadjuvantes, alienados e
sem nenhuma autonomia.
Pouco se sabe da história indígena e muito do que é transcrito na literatura
não é seguro. Sendo assim, muitas figuras dos livros didáticos representam os
indígenas como seres primitivos e, segundo Cunha (1992), o primitivismo é talvez
uma das maiores armadilhas no entendimento das populações indígenas.
Discorrendo sobre o primitivo, a visão do homem branco e as sociedades
primitivas, Rognon (1991, p. 126 - 127) enfatiza:
O “suspiro do homem branco” nada mais fez do que inverter a imagem negativa das sociedades primitivas que nos fora legada pela ideologia colonial e paternalista do “fardo do homem branco”. Donde o primitivismo, esse culto da pureza e da autenticidade primitivas, da ordem perdida e dos verdadeiros valores arcaicos: harmonia, sabedoria, vida saudável e virtuosa. As sociedades primitivas são sociedades sem Estado, sem classes e sem indústria, mas essa falta é uma sorte. Melhor: uma prova de lucidez diante de nossa decadência moderna. Pois não há nenhuma dúvida, aos olhos desses novos etnólogos, de que os selvagens escolheram salvaguardar sua forma de sociedade e recusar o progresso. E fugir a ele como se foge da peste (ROGNON, 1991, p. 126 – 127).
Com o conceito de primitivismo, Cunha (1992, p. 11) destaca que as
sociedades indígenas foram “condenadas a uma eterna infância” e como se
entendia que haviam parado no tempo não havia necessidade de procurar sua
história.
Sobre as sociedades primitivas, Rognon (1991) as descrevem como sendo
comuns, sem diferenciais e não passíveis de mudança. Tal afirmação deixa claro o
preconceito e a discriminação dos antropólogos do final do século XIX pelos povos
primitivos dos quais os índios fazem parte. E, de acordo com o autor, essa teoria
preconiza a unidade fundamental do ser vivo submetido a uma única história da qual
todos fazem parte, mas os brancos se destacam.
Ainda segundo Rognon (1991), essa teoria evolucionista permitiu que todos
fossem submetidos a uma única e mesma história para justificar a política colonial de
tipo paternalista e, atualmente deve-se buscar retirar os sujeitos da estagnação que
se encontra e conduzi-los à maturidade, ou seja, ao conhecimento sobre os povos
indígenas.
As sociedades primitivas podem ser comparadas a organismos vivos, onde
cada elemento tem uma função exata de forma que seja permitida a perpetuação do
sistema. E, para que seja evitada uma desintegração social, preserva-se uma
estrutura tradicional social e uma elite é formada para tomar as rédeas do poder. As
sociedades primitivas são únicas e produtos de uma história, repleta de constantes
mutações e inovações (ROGNON, 1991).
No descobrimento do Brasil e em seus anos seguintes, os europeus
encontraram nos indígenas uma parceria comercial, uma vez que, enquanto os
índios forneciam matéria prima à coroa, os europeus forneciam produtos antes
desconhecidos pelos índios. Aos poucos as necessidades dos europeus foram se
modificando e, além das matérias primas a mão-de-obra também foi comercializada
com a troca de novos produtos úteis e de interesse aos povos indígenas (CUNHA,
1992).
Tem-se, portanto, que os descobridores, tão citados em livros didáticos
foram oportunistas com os índios e deles exploraram o que lhes fora permitido.
Contudo, a percepção de uma política e de uma consciência histórica onde
os índios são vistos como sujeitos e não apenas como uma sociedade vitimada só é
nova para os brancos, já que para os índios, segundo CUNHA (1992), é costumeira
uma vez que nas sociedades indígenas eles são vistos como produtos de suas
próprias ações e vontades.
Em consequência às estas construções, os índios são sempre estudados
como sujeitos de um passado remoto e aparecem em função de um ser superior a
eles, no caso os colonizadores, reforçando a tendência etnocêntrica da historiografia
nacional.
O etnocentrismo, segundo Rocha (2004) é um evento comum na história das
sociedades e pode ser conceituado como a percepção de mundo onde um grupo
específico é tido como o centro de tudo e seus valores são postos como referência
para seus semelhantes. Ainda de acordo com este autor, a sociedade do sujeito “eu”
é a ideal, ou ainda a superior e representada como “(...) espaço da cultura e da
civilização por excelência” (ROCHA, 2004, p. 9), onde há saber e progresso,
apontando as demais sociedades como atrasadas quando comparadas.
Para Rognon (1991) é importante diferenciar o etnocentrismo do racismo e
que enquanto o primeiro é próprio do Ocidente Moderno enquanto o segundo é
universal. Mas o mais importante é compreender que o etnocentrismo lida com a
fronteira entre a natureza e a cultura. Isto é, frente às diferenças das civilizações,
busca-se hierarquizá-las, mas sem abandonar a cultura e sem desumanizá-las como
acontece em casos de racismo.
Sobre grupo étnico, na Lei nº 11.645/08 é definido que, nos currículos
escolares deverão ser incluídos aspectos diversos da história e cultura de dois
grupos étnicos: os afro-brasileiros e os indígenas (BRASIL, 2008). Tem-se, portanto,
que os índios fazem parte de um grupo étnico distinto dos demais, ou seja, tem sua
própria etnia. Isto é, um grupo de pessoas com identidades comuns, com culturas e
biotipos semelhantes e que podem ser facilmente identificadas por terceiros
(CUNHA, 1987).
Sobre a cultura, a mesma não é algo fornecido pronto, mas sim algo
reinventado revestido de significados e, com a construção da identidade étnica é
possível extrair da chamada tradição determinados elementos culturais bastantes
importantes na retratação histórica de um povo (CUNHA, 1987).
2.2 A ABORDAGEM DOS ÍNDIOS NOS LIVROS DIDÁTICOS
Investigando o vazio demográfico do norte do Paraná em livros didáticos,
Mota (1994) relata que em inúmeros casos as terras do estado eram vazias e até
mesmo esquecidas e que passaram a se desenvolver com a descoberta do potencial
do local por imigrantes de diversas partes do mundo, evidencia uma posição
racionalista em que a sociedade estabelece bases para seu futuro. E, nessa
perspectiva, as sociedades indígenas que faziam parte da região não são tratadas
dentro do contexto histórico e antropológico por não se encaixarem na proposta
racionalista.
A imensa variedade dos povos indígenas presentes na historiografia do
Brasil foi resumida a dois grandes grupos: Tupi e Tapuia em virtude do pensamento
herdado do período colonial, associado às estratégias de colonização sobre as
sociedades indígenas (SANTOS, 2010). E, assim, ao longo dos anos a diversidade
indígena tem sido ignorada nos livros didáticos, sendo caracterizados genericamente
tendo suas distintas culturas e línguas ignoradas.
Para Bittencourt (2004), os livros didáticos são veículos pelos quais há
transmissão de valores, cultura e ideologias aos educandos durante o período em
que se frequenta o ambiente escolar. Por este motivo é necessário que os
conteúdos neles expressos sejam condizentes com a verdade, permitindo que haja
valorização da cultura e da história do país através da reflexão da importância e do
conhecimento da diversidade étnico-cultural brasileira.
Delgado (2011) aponta que, ao analisar livros didáticos, em especial os do
ensino fundamental, é possível perceber que a temática indígena é frequentemente
ignorada nos currículos e quando abordados são sistematicamente mal trabalhados.
Professores também apresentam falta de informação sobre a temática e
creditam, muitas vezes, aos materiais didáticos a visão estereotipada, equivocada e
genérica atribuída aos índios. É evidente que o material didático deveria servir como
suporte aos professores, entretanto, grande parte transforma este suporte em sua
fonte primária de conhecimento, não buscando novos conhecimentos extra currículo
(DELGADO, 2011).
Para Silva e Grupioni (1995), a maioria dos livros didáticos tende a
generalizar a figura indígena em sala de aula, ao mesmo tempo em que afirma a não
contemporaneidade destes povos, tratando os mesmos como homogêneos, isto é,
sem características peculiares, além de atribuir sua existência somente ao passado.
As informações, em geral, são insuficientes, não discutindo a história
indígena, presente ainda na cultura europeia. Sua cultura raramente é trabalhada e
temas políticos e sociais são os que mais se destacam na escassa temática
indígena abordada nos livros didáticos (DELGADO, 2011).
Para Guimarães (2008), os livros não discutem a história pré-colonial do
Brasil, nem sua diversidade cultural antes do descobrimento. Também não há
nenhuma abordagem sobre os números de indígenas, isto é, o contingente
populacional deste povo antes da invasão do país. Esta abordagem, de acordo com
o autor, é essencial para que os alunos tomem conhecimento da dizimação dos
índios ao longo da história.
Os livros, comumente, destacam a falta de organização política dos índios,
bem como a autoridade do cacique. Poucos tratam do papel da mulher, das crianças
e sua organização social. As guerras contra os europeus também são assuntos de
destaque, contribuindo para o etnocentrismo, ao apontar o índio como ser primitivo
incapaz de resolver seus conflitos pacificamente (DELGADO, 2011).
Vicentino (1995) se preocupa também com a falta de informação religiosa
indígena, e acrescenta que o assunto não é bem elaborado e muito menos
trabalhado corretamente, já que não se trata de conhecimentos dominados pelo
homem branco. Segundo o autor, ao ler um livro que indica o pajé como chefe da
tribo e também religioso, que usa ervas, cantos místicos e espíritos das florestas,
permite-se associar os índios à magia, fantasiando sua religião e relacionando-a à
algo irreal, no qual os alunos, muitas vezes, não acreditam.
Cavalheiro e Costa (s.d.), acreditam que alguns conceitos, quando utilizados
de maneira inadequada, comprometem todo o trabalho de esclarecer os alunos
sobre a história dos índios no Brasil. Assim, conceitos equivocados são formados
pelos alunos ao mesmo tempo em que inúmeras informações e conceitos são
negligenciados.
De acordo com Delgado (2011), os livros didáticos representam grande
importância no ensino escolar e na formação básica dos estudantes. E estes
instrumentos de ensino têm o poder de aparecer e desaparecer histórias sobre
diferentes povos e nações. É comum ver a separação dos índios de acordo com o
estágio da história nacional.
Na época da colonização, fica explícito o primitivismo e a ignorância dos
índios ao apontam sua ajuda aos europeus em troca de “bugigangas”. Nesta
perspectiva, os índios são tratados como seres interesseiros e ignorantes, não se
admitindo que, muitas vezes, os produtos oferecidos pelo homem branco se
apresentavam como recursos de valor no que tange a facilitar o cotidiano indígena
(DELGADO, 2011).
Outro fato que chama a atenção nos livros didáticos é a atribuição ao índio
de um povo não brasileiro, como se os brasileiros fossem os colonizadores que se
estabeleceram no país e suas famílias. Os índios são apresentados como seres
nativos que aos poucos foram dizimados, mas nunca se refere à eles como os
verdadeiros brasileiros (DELGADO, 2011).
Aos índios ainda se atribui características de nudez, escravização, lutas
sangrentas, desconfiança, dentre outras. Eles começaram a ser considerados
“civilizados” quando os jesuítas os catequizaram, ou seja, até então eram vistos
como animais irracionais, incapazes de se relacionar (DELGADO, 2011).
Para modificar o quadro estabelecido por décadas sobre os indígenas em
sala de aula, a Lei nº. 11.645/08 coloca a temática em pauta, determina que aos
professores cabe desenvolver um trabalho amplo, inserir a temática indígena em
suas aulas e oportunizar o ensino sobre os povos indígenas (BRASIL, 2008).
A partir do estabelecimento desta legislação, os livros didáticos têm passado
a trazer um maior número de informações sobre os índios, abordando-os de maneira
mais completa, acrescidas de dados atuais. Entretanto, não são apenas os livros os
responsáveis pelo esclarecimento acerca da temática indígena. Os professores
também são elementos fundamentais, e responsáveis por uma abordagem mais
interessante e apropriada para que os alunos do ensino fundamental compreendam
a importância deste povo no desenvolvimento nacional.
2.3 POSSIBILIDADES DE TRABALHO COM A TEMÁTICA INDÍGENA EM SALA DE
AULA
O despreparo de se trabalhar com a temática indígena e comum a muitos
professores de história que, por não ter informações suficientes para ministrarem
suas aulas, e por não buscarem novas fontes, deixam o índio no passado, tratando-
o como um mero figurante, sem explicar seu real papel na história brasileira passada
e atual (DELGADO, 2011).
Silva e Silva (2010) admitem que é importante que o conceito de cultura seja
tratado nas aulas de história e acrescentam que todas as culturas tem sua própria
estrutura e mudam ao longo dos anos, por se tratarem de algo dinâmico. Desta
forma, não é possível atribuir aos índios a falta de história, visto que, assim, provoca-
se a impressão de que os índios sejam seres sem cultura, que não evoluíram e nem
se transformaram ao longo dos séculos.
É importante ressaltar que nas escolas, a questão indígena é abordada com
maior ênfase no dia do índio, dia 19 de abril, principalmente no ensino fundamental,
sendo que, muitas vezes esta é a única data que a temática é trabalhada
(DELGADO, 2011). Normalmente, as atividades são pintar desenhos de índios,
sempre nus, com penas na cabeça e vivendo em meio a mata, com arcos e flechas,
caracterizá-los como sujeitos primitivos.
Sendo assim, trabalhar o conceito de cultura permite que os índios tenham
sua história apresentada, rompem com o etnocentrismo ao tratar da temática por
meio da apresentação de suas peculiaridades e ainda suas influências na sociedade
brasileira.
Nascimento (2013) considera o currículo um instrumento capaz de
transformar e renovar o conhecimento em sala de aula. Assim, é importante que os
professores estejam familiarizados com os currículos de suas escolas ao mesmo
tempo em que forem capazes de integrar as minorias étnicas e sociais, discutindo
suas culturas e diversidades, tão importantes para a sociedade contemporânea.
O conteúdo a ser trabalhado em sala de aula deve considerar a
multiplicidade cultural dos índios. Até porque o currículo a ser trabalhado deve ser
mais amplo do que o que se usa comumente e deve ser ampliado conforme o
professor busca novos conceitos e fatos sobre a cultura dos indígenas
(NASCIMENTO, 2013).
Os professores e alunos devem refletir e investigar sobre questões
relacionadas à vida de diferentes etnias, considerando suas peculiaridades. A escola
deve considerar um diálogo cultural, não apenas com os educandos, mas também
com os demais membros escolares, permitindo assim que haja uma ressocialização
dos alunos com os demais povos.
Silva e Silva (2010) destacam que o etnocentrismo também deve ser
trabalhado em sala de aula, de forma que valores sejam discutidos e o aluno passe
a perceber as contribuições do índio para a cultura do homem branco, mudando
preconceitos.
Desta maneira, os professores devem se informar sobre o assunto,
despindo-se de conceitos e preconceitos acerca do tema a ser abordado, permitindo
aos alunos refletirem sobre a importância destes povos na sociedade atual
(DELGADO, 2011). Assim, ao se trabalhar a cultura, o primitivismo e o
etnocentrismo, permitem-se aos educandos desenvolver uma visão mais ampla
sobre o tema, com coerência e despidos de preconceito.
Para que seja possível trabalhar com indígenas na contemporaneidade,
podem-se utilizar metodologias pautadas em situações atuais, tais como conteúdos
disponíveis em livros, revistas, conteúdos digitais, dentre outros. O foco deve ser a
discussão sobre a sociedade indígena, reservas indígenas, povos indígenas,
legislação, dentre outros. Os professores, neste caso, devem ser os propiciadores
do conhecimento, apresentando aos seus alunos exemplos de cultura, música,
culinária, dentre outros que fazem parte de nosso cotidiano e foram criados a partir
da cultura indígena (DELGADO, 2011).
3 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
O tema proposto neste trabalho foi escolhido para ser problematizado com
alunos do 6º ano do Ensino Fundamental, da Escola Estadual Manuel Bandeira. Os
estudantes da Escola tem pouco acesso a conteúdos que abordam adequadamente
sobre a história e cultura indígena. Constantemente os alunos são expostos a
concepção do etnocentrismo e à suposição do primitivismo destes povos, bem
como, pela sua pretensa falta de cultura.
Sobre o desenvolvimento da intervenção pedagógica, esta aconteceu a
partir da análise criteriosa de informações de conteúdos analisados no livro didático
“Vontade de Saber História” de Pellegrini, Dias e Grinberg (2009) que demonstraram
a necessidade e a possibilidade de abrangência do tema proposto.
Este livro didático, utilizado nas aulas de História da Escola Estadual Manoel
Bandeira deixa clara a percepção de que os índios fizeram parte apenas do
passado, e sua história não é retratada, sendo que, poucos conteúdos abordam a
temática indígena e os que falam sobre o assunto deixam evidente a visão
etnocêntrica acerca destes povos.
Nos livros didáticos, em geral, bem como nos currículos escolares é
perceptível que pouco conteúdo é reservado para a representação dos índios na
História do Brasil. A temática indígena é discutida principalmente no Brasil Colônia
sendo que na História do Brasil Império e República os indígenas são apenas
mencionados, sem nenhum destaque. Percebe-se que, nos livros didáticos há
poucas gravuras e palavras que poderiam auxiliar na discussão sobre os índios.
Parte da dificuldade de abordar os índios no contexto escolar é a falta de
preparo e também a falta de conhecimento do assunto pelos professores, isto
porque, para muitos a temática é desconhecida e também são grandes as
dificuldades e a falta de conteúdos para ministrarem suas aulas.
A proposta de ensino foi pensada no sentido de ser executada em sala de
aula ao se concentrar em considerações nas diferenças entre os diferentes povos
indígenas, bem como suas semelhanças com os brancos e transformações. Para
tanto, foram discutidas as principais hipóteses sobre a origem do homem na
América, a cultura dos índios na visão do homem branco, os conceitos de
primitivismo, etnocentrismo e cultura, a realidade indígena e as Leis que amparam
os indígenas no cenário nacional.
O desenvolvimento do trabalho justificou-se pela importância de apresentar os
índios como cidadãos brasileiros e não apenas como um povo histórico que fez parte
da História do Brasil como meros expectadores, ou seja, sem importância para o
desenvolvimento do país. Desta forma, a criação da Produção Didático-Pedagógica
buscou problematizar conceitos indígenas ao mesmo tempo em que fosse possível
mostrar aos alunos que mesmo os conteúdos abordados em sala de aula tratem dos
índios de maneira pouco esclarecedora, estes fizeram parte da história e, mesmo
que os índios tenham sua cultura modificada, estes não deixam de serem índios.
Aos professores ela foi criada com o objetivo de facilitar e enriquecer a atividade
docente além do desenvolvimento de seus alunos a partir de suas aulas.
Em seguida as ações foram desenvolvidas em conjunto com os alunos e
serão apresentadas ainda nesse estudo de forma que se permita exemplificar o que
foi trabalhado em sala de aula, com auxílio do material didático-pedagógico.
3.1 ESTRATÉGIAS DE AÇÃO E MATERIAL DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
A inquietação em relação ao tema transformou-se em objetivo deste estudo
e pesquisa a partir da busca de assuntos indígenas para trabalhar em sala de aula e
ausentes nos currículos da escola. Assim, ao longo dos anos de 2013 e 2014 no
PDE, (Programa de Desenvolvimento Educacional) buscou-se trabalhar com a
temática de forma que se possibilitasse buscar mais materiais e informações sobre
os povos indígenas, aumentando assim o conhecimento dos alunos acerca deste
tema.
O processo de estudo e pesquisa do tema resultou em uma unidade
temática, que objetivou fornecer subsídios para reflexões e informações, além de
sugestões que sejam capazes de auxiliar professores de história da rede pública de
ensino do Estado do Paraná ao longo de suas práticas pedagógicas.
Durante a elaboração do material didático-pedagógico, procurou-se apontar
conceitos e metodologias que permitiram promover discussões coerentes e
esclarecedoras sobre fatos da história nacional, conceitos de cultura indígena,
etnocentrismo e primitivismo. Também foram feitas associações entre teoria e
prática, em que, após trabalhar a teoria em sala de aula, optou-se por uma visita
prática a uma aldeia indígena no município de Guaíra - PR para complementar o
aprendizado em sala de aula.
O material didático-pedagógico desenvolvido como material de apoio para as
atividades a serem desenvolvidas durante o PDE com os alunos contemplou um
total de 32 (trinta e duas) horas aulas, divididas em quatro diferentes unidades.
A primeira unidade, intitulada de “Os Índios no Brasil” teve como objetivo
apresentar aos alunos prováveis origens dos povos americanos e a presença dos
índios ante o descobrimento do Brasil ao permitir que os educandos compreendam o
significado dos povos indígenas na História do país.
A segunda unidade buscou tratar da percepção do homem branco em relação
aos índios. Nesta unidade, procura-se perceber como os alunos enxergam os índios
e sua cultura e ainda ensinar às crianças que os índios não deixam de serem índios
quando sua cultura é modificada.
A terceira unidade procurou abordar as formas como os índios são
caracterizados e conceituados pelos outros povos, principalmente brancos. Os
alunos também são expostos à abordagem etnocêntrica e cultivam ainda o
primitivismo como uma característica dos índios bem como de sua cultura. Neste
sentido, o professor PDE levou seus alunos até uma tribo indígena apresentou a
eles a cultura deste povo além de suas características, permitindo que as crianças
criem sua própria visão acerca dos indígenas.
A quarta e última unidade teve como objetivo evidenciar como as leis
nacionais tratam e protegem os povos indígenas que vivem no território brasileiro.
As atividades desenvolvidas são todas dinâmicas e, por este motivo, podem
ser trabalhadas em conjunto com outras disciplinas, tais como artes, português,
geografia, sociologia e filosofia. Como já destacado, as atividades foram voltadas
aos alunos do 6º. Ano do ensino fundamental de uma escola da rede estadual de
ensino do estado do Paraná, sendo desenvolvidas nos horários de aula e de
contraturno.
Em conjunto com os alunos, foram trabalhados conceitos, analisadas
imagens, desenvolvidos cartazes e desenhos procurando trabalhar a temática
indígena de forma que preconceitos fossem desmistificados.
A partir de um primeiro questionário, respondido pelos alunos, foi possível
perceber a visão dos mesmos sobre os índios, de forma que a abordagem fosse
feita a partir da percepção inicial destes sujeitos.
Durante o desenvolvimento das atividades, os alunos se mostraram surpresos
ao perceberem o quanto a cultura indígena influenciou a contemporaneidade. Ao
trabalhar com palavras de origem indígena, os alunos buscaram ir além do proposto
em sala de aula, trouxeram novas palavras, alguns instrumentos e até mesmo
origens de seus antepassados e aparentados.
Um dos alunos relatou que, ao dizer aos pais o que estava sendo abordado
na disciplina de História, descobriu que alguns parentes tinham antepassados
indígenas e que estes moravam em aldeias. Tal fato provocou a curiosidade de
outros alunos que também buscaram perguntar aos pais a possibilidade de terem
origem indígena.
Também foram desenvolvidas atividades que permitiram o debate e o
confronto de ideias. Ao se usar dos mitos indígenas, trabalhou-se com aspectos
lúdicos, bastante evidentes nos alunos do sexto ano do ensino fundamental. O
trabalho realizado com oficina de teatro também foi capaz de promover o
desenvolvimento corporal e a expressão dos alunos.
As atividades voltadas à interpretação de gravuras também chamaram
bastante a atenção, visto que lidar com atividades visuais tendem a prender a
atenção de crianças em idade escolar. Mas, dentre as atividades desenvolvidas, a
mais cativante aos alunos foi à visita realizada à tribo indígena.
Os alunos se demonstraram ansiosos ao longo de todas as aulas e no dia que
a visita foi realizada, todos compareceram e demonstraram interesse, questionaram
os índios sobre seus hábitos e fatos cotidianos.
Ao retornarem à sala de aula, ficou clarividente a mudança na visão destas
crianças acerca dos índios, deixando claro que o trabalho desenvolvido em sala de
aula é capaz de mudar conceitos e dissolver paradigmas, além de esclarecer o
público alvo sobre o tema proposto.
Muitos alunos deixaram de tratar os índios como seres sem história, antigos e
desprovidos de cultura. Estes mesmos alunos passaram a compreender que os
índios fazem parte do cotidiano e que são sujeitos comuns, assim como eles, que
vestem roupas semelhantes, tem casas semelhantes e uma história de vida.
A maioria dos alunos ainda relatou que, ao visitar a aldeia indígena em
Guaíra, percebeu que os índios podem ser confundidos com outras pessoas de
origem não indígena quando encontrados aleatoriamente pelas ruas.
Perceberam também que a cultura dos índios está inserida em sua cultura e
que muitas das palavras têm origem indígena, bem como certos costumes e ainda
determinados objetos e seus devidos usos. Neste sentido, o objetivo proposto foi
atingido ao permitir aos alunos mudarem certos conceitos sobre os índios.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o PDE, desenvolvendo atividades voltadas à temática indígena, ficou
clara a necessidade de trabalhar este tema em sala de aula, visto que há grande
preconceito ao se tratar destes povos, vistos como primitivos e sem cultura.
Nos livros didáticos, a imagem do índio é a moldada ainda por uma visão
eurocêntrica, demonstrando que os livros tem caráter etnocêntrico, representando os
índios como meros coadjuvantes de uma história da qual eles também foram
sujeitos.
Ao iniciar os trabalhos, percebeu-se que a visão dos alunos era de que os
índios eram seres que viviam na selva, em ocas, nus, pintados, sem acesso à
civilização. Aos poucos se foi desconstruindo estes conceitos e preconceitos, e os
alunos começaram a perceber que os índios fazem parte da sociedade em que eles
vivem, podem conviver entre eles sem deixar de terem suas origens indígenas e,
portanto, sua cultura.
Ao longo do desenvolvimento das atividades, os alunos passaram a
perceber que a cultura indígena está presente em sua cultura. Um dos alunos
descobriu tem origem indígena, fato que causou a curiosidade em outros que
acharam interessante o fato de terem parentesco, mesmo longe, com índios.
Outro fato que chama a atenção é a importância que os alunos deram à
visita a aldeia indígena, onde foi possível ter contato com a realidade e perceber o
quão semelhante é a cultura indígena e a cultura do homem branco, mesmo com
suas peculiaridades. Os alunos se interessaram pela vida dos índios, perceberam
que estes podem ter as mesmas ocupações que o homem branco, que tem cultura e
particularidades, que tem uma estrutura social, seus costumes e, dentro de cada
família suas diversidades.
A cultura indígena é bastante rica e, por este motivo, representa um universo
de possibilidades a serem trabalhadas em sala de aula com os alunos. Desta forma,
é importante que os professores desenvolvam atividades buscando abordar o tema
com mais afinco, proporcionar aos alunos a possibilidade de conhecerem a história
de seu país com os primeiros povos como sujeitos históricos.
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