OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · Livro “O Corcunda de Notre Dame de Victor...
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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE
II
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Identificação da Produção Didático-Pedagógica
Professor PDE/2014
Título Oralidade e corpo: o resgate da cultura cigana nas aulas de Língua Portuguesa
Autor Sandra de Fátima Silva
Disciplina/Área (ingresso no PDE)
Língua Portuguesa
Escola de Implementação do
Projeto e sua localização
Colégio Estadual Antônio Lacerda Braga – EFM
Colombo-PR
Núcleo Regional de Educação Metropolitana Norte
Professor Orientador Cláudia Madruga Cunha
Instituição de Ensino Superior Universidade Federal do Paraná
Relação Interdisciplinar Filosofia, Educação Física Língua Portuguesa e Artes
Resumo
Este estudo tem como objetivo instigar no aluno uma perspectiva étnica para uma compreensão multicultural nos estudos da linguagem por meio dos estudos da cultura cigana através da dança, música, costumes, histórias e tradições promovendo o respeito a diversidade étnica. O desenvolvimento do projeto se dará a partir de vivências resgatando a oralidade e conhecimento do corpo como estratégia de ensino aprendizagem no estudo da cultura apresentada.
Palavras-chave Oralidade, Cultura cigana , Multiculturalismo, Língua Portuguesa, Corpo, Diversidade Cultural
Formato do Material Didático Caderno Pedagógico
Público Alvo Alunos do 1º ano do Ensino Médio
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SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS – DPPE
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ - UFPR
ORALIDADE E CORPO: O RESGATE DA CULTURA CIGANA NAS
AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
CURITIBA
2014
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SANDRA DE FÁTIMA SILVA
ORALIDADE E CORPO: O RESGATE DA CULTURA CIGANA NAS
AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Produção Didático-Pedagógico elaborada para o Programa de Desenvolvimento Educacional- PDE, da Secretaria de Estado da Educação do Estado do Paraná/SEED, sob orientação da Profª Drª Cláudia Madruga Cunha
CURITIBA
2014
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APRESENTAÇÃO
Este Caderno Pedagógico é uma produção realizada em cumprimento a
mais uma etapa do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE - do
Estado do Paraná. O presente trabalho propõe sensibilizar alunos e professores
no conhecimento da cultura cigana .
As Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa da Educação Básica do
Paraná (2008, p.63) indicam como conteúdo estruturante o “discurso como prática
social”. Nesta linha, estudam-se as etnias indígenas e afro-brasileiras, mas pouco
se fala ou se pesquisa sobre a história do povo cigano, que não só ainda sofre
preconceito, como também busca preservar as suas tradições através da dança,
música, tradições e costumes. Logo, intenciona-se promover o estudo sobre a
cultura cigana através da dança, música, costumes, história e tradições utilizando-
a como recurso para novas aprendizagens e a valorização do multiculturalismo na
sala da aula língua portuguesa.
MATERIAL DIDÁTICO
O Caderno Pedagógico será destinado a todos que buscam conhecer a um
pouco mais sobre a diversidade étnica especificamente a cultura cigana que está
presente em nosso cotidiano, mas que não é lembrada ficando assim como uma
das vozes ocultadas em nossa sociedade.
ENCAMINHAMENTOS METODOLÓGICOS
Este caderno pedagógico foi produzido para professores utilizarem com
alunos do primeiro ano do Ensino Médio, porém pode ser utilizado com alunos de
outras séries tanto do ensino fundamental ou médio, sendo adaptado de acordo
com o nível de ensino e objetivos dos educadores.
Foram desenvolvidas três Unidades Didáticas sendo elas: Oralidade,
Escrita e Linguagem Corporal. Cada Unidade Didática possui orientações
incluindo justificativa, objetivos, recursos materiais, quantidade de aulas e
avaliação.
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A Unidade da Oralidade e Unidade de Leitura possui vivência, conteúdo,
atividades, dicas e sugestão para que o professor possa a partir deste Caderno
Pedagógico desenvolver outras atividades e aprimorando mais seus
conhecimentos sobre o tema proposto. A Unidade de Linguagem Corporal é
diferenciada.
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INFORMAÇÕES METODOLÓGICAS
UNIDADE I:
ORALIDADE
1.1 Justificativa:
A atividade inicial tem por base preparar a turma para sensibilizar-se da
importância em estudar a cultura apresentada. Indicando a tradição oral
característica dos povos tradicionais como elemento principal da sua formação
identitária e que atualmente não é valorizada na sociedade atual.
1.2 Conteúdo Específico
Analisar conceitos que se relacionam a visão etnocêntrica.
1.3 Objetivos:
Incitar a curiosidade sobre a cultura cigana e desmistificar preconceitos.
1.4 Recursos Materiais
Imagens impressas ou apresentadas pelas mídias disponíveis.
1.5 Quantidade de aulas: 10 aulas
1.6 Avaliação:
A avaliação ocorrerá a partir da observação direta.
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UNIDADE II
LEITURA
2.1 Justificativa:
A leitura é um elemento fundamental na formação do educando é através
dos textos literários que conhecemos os valores sociais, políticos, econômicos e
culturais da sociedade.
2.2 Conteúdos Específicos:
- O uso da do texto Literário como elemento da historicidade.
- Identificar as expressões idiomáticas
- Identificar a características do gênero textual: conto
2.3 Objetivos:
Refletir sobre os modelos preestabelecidos na sociedade.
Entender que a diversidade está presente no contexto escolar.
2.4 Recurso Materiais:
Livro “O Corcunda de Notre Dame de Victor Hugo”
Conto “O Violino Cigano”
Conto “Faraó e a àgua do rio”de Guimarães Rosa do livro “Tutaméia: Terceiras
Estórias”
2.5 Quantidade de aulas: 10 aulas
2.6 Avaliação:
A avaliação ocorrerá a partir da observação direta.
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UNIDADE III
LINGUAGEM CORPORAL
3.1 Justificativa
A dança para o povo cigano tem muita representatividade em seus
costumes. É a forma de expressão que mais identifica a sua identidade e traz a
sua ancestralidade. Como explica Hilkner ,
Assim, o corpo é documento e fonte de informações. A própria existência da
vestimenta e dança cigana, resistindo ao longo do tempo, é uma prova desta
memória corporificada. Dentro de uma situação de alta dramaticidade como a
escravidão, a perseguição da inquisição e do nazismo, os povos ciganos
agregaram aos seus corpos estratégias de manutenção étnica, resistência e a
busca da liberdade em um sentido simbólico. (Hilkner, 2012,p.8).
Ou seja, em sua fala o corpo cigano traz as marcas da memória em sua
vestimenta ,dança e simbolismo. Completando com Hilkner
É no corpo que a matéria prima e a cultura são moldadas e inscritas. Nas sociedades ágrafas, como a cigana, só resta o corpo, funcionando como um livro ou um álbum, a pele como um pergaminho onde se inscreve uma história, uma recordação, um grito, uma esperança. (Hilkner ,2012,p.1).
Portanto, para se conhecer elementos de uma cultura é necessário
também experienciar como meio de internalização.
3.2 Conteúdos Específicos
Expressão corporal
3.3 Objetivos
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Aproximar-se através da dança dos povos da cultura cigana.
3.4 Recurso Materiais
Pendrive
Rádio
Tvpendrive
3.5 Quantidade de aulas: 12
3.6 Avaliação
A avaliação ocorrerá a partir da observação direta
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Oralidade
Fonte:http://www.vangoghgallery.com/catalog/Painting/107/Encampment-of-Gypsies-with-Caravans.html
A tua raça quer partir, guerrear,
sofrer, vencer, voltar.
A minha, não quer ir nem vir.
A minha raça quer passar.
Cecília Meireles (Epígrafe 7)
UNIDADE I
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VIVÊNCIA
(Fonte :SILVA,Sandra.Arquivo pessoal.2014)
A Bandeira Cigana
A bandeira cigana foi criada em 1971 pela International Gypsy Committee
Organized no primeiro congresso Mundial Cigano realizado em Londres. Esse
congresso tinha como intuito discutir os direitos do povo cigano que já havia
iniciado anteriormente suas discussões em movimentos pró Rhom e que aos
poucos foi tomando força. No Congresso além de oficializar a Bandeira cigana
também foram oficializados o Hino cigano “Dgelem, Dgelem” de autoria do Rom
yugoslavo Jarko Jovanovic,letra em romanês. O Hino fala sobre os ciganos que
sofreram nos campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Além
disso também o lema do povo Rhom foi consagrado sendo ele “Opré Roma”.
Filho (2005, p.29) explica a significação dos elementos da bandeira Com
base nestas explicações, pode-se entender que: a roda vermelha no centro da
bandeira significa a vida é o caminho percorrido pelo povo, suas tradições. Os
aros representam a força do fogo (transmutação) transformação e movimento.
São exatamente 16 aros que também representam os 16 clãs ciganos .A cor azul
simboliza os valores espirituais ;ou seja a sua conexão com o mundo espiritual .
Em resumo é libertação e liberdade.
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A cor verde representa a mãe natureza. Representa a sobrevivência do homem a
partir da mãe terra; ou seja sua gratidão pelo mundo orgânico e subterrâneo. E
com isso protegê-la pois é dela que se dá a sua subsistência material e espiritual.
Procedimentos Metodológicos:
Para preparar a atividade o professor utilizará um TNT verde onde todos
sentarão sobre ele, em roda de conversa como representação da terra. Sobre o
TNT ele pedirá que um aluno escolha uma carta. Cada carta terá uma imagem ou
palavra para a discussão. A atividade tem por base criar um contexto para o
conhecimento fazendo aflorar sensações sobre o tema proposto. Despertando
estas sensações pelo uso das cartas e outros elementos, tais como :Bandeira
Cigana( professor passa a explicar o que significam as cores e símbolos da
bandeira cigana).
DICAS para saber + :
Como segunda sugestão de atividade, indica-se um fragmento do filme
“Chocolate” (2001), dirigido por Lasse Hallström que é baseado em um romance
homônimo de Joanne Harris. Conta a história de Vianne Roucher, mulher solteira
e com uma filha , chegam a uma cidade da França estritamente conservadora e
“tranquila” governada pelo Conde Reinaud que dita as regras de conduta local.
Ela como por tradição familiar segue o nomadismo e vai de acordo com o vento
norte de cidade a cidade levar os conhecimentos de seus antepassados através
do chocolate que ela sabia manipulá-los como remédios para alma abre e assim
abre uma chocolateria em frente a Igreja local ironicamente no período da
Quaresma. Neste filme além de discutir a violência de gênero discute-se também
a exclusão social quando ocorre a chegada do cigano Roux e seu povo que vive
as margens do rio e considerado pela população local ameaça a tranquilidade da
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cidade por não compartilharem com os mesmos valores sociais e culturais. São
discriminados a ponto serem levados ao desprezo e a violência.
Atividade: discutir com seus alunos o que é preconceito utilizando as
perguntas norteadoras e por último mostrar a cena em que a discriminação leva a
violência (quando o acampamento foi incendiado).
PERGUNTAS NORTEADORAS
A) O que caracteriza um povo ? Nação ou país?
B) Você conhece algum povo que foi perseguido? Qual? Por quê?
C) Como se define uma minoria étnica?
D) Segundo Nicolas Ramanush em seu livro “Atrás do Muro Invisível Crenças-
Tradições e Ativismo Cigano” explica o que é discriminação a partir do esquema a
seguir: Preconceito + Esteriótipo + Generalização = Discriminação! Como
você define esses conceitos? Você concorda que há discriminação em nosso
país?
E) O Ministério Público de Minas Gerais em 2009 recebeu uma denúncia de um
cidadão de origem cigana sobre a discriminação ao seu povo a partir das
definições dadas nos dicionários de Língua Portuguesa. O Ministério Público de
MG pediu explicações a diversas editoras e indicando mudanças nos dicionários
em suas próximas edições. A partir desse esclarecimento você concorda que a
atribuição de palavras com sentido pejorativo as definições nos dicionários,
apesar de serem termos já usados no decorrer da história e não ser atualizados a
medida em que a sociedade evolui, é um desserviço a sociedade promovendo
cada vez mais o preconceito? (Link do texto para conhecimento:http://oab-
rj.jusbrasil.com.br/noticias/3034088/ministerio-publico-processa-editoras-por-
expressoes-em-dicionario
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Brasil: país de todos os povos
Segundo Moonem (2013, p.87) a vinda dos ciganos para o Brasil ocorreu a
partir do ano de 1574 quando João de Torres, sua esposa e filhos foram
degredados de Portugal. Conta-se que João de Torres foi condenado as galés e
sua esposa Angelina a deixar o país em dez dias. Essa condenação ocorreu
simplesmente pelo fato de serem ciganos. No entanto, João de Torres alegou não
ter condições físicas para a condenação expedida e pediu que fosse deportado
com sua família para o Brasil. Com o deferimento do pedido ele foi condenado a
ficar no Brasil por no mínimo 5 anos. Apesar de ser o único a ter um documento
oficial não se sabe ao certo se realmente João de Torres e sua família chegaram
ao país.
As perseguições aos ciganos de Portugal foram crescentes no reinado de
João V (1706-1750) e dezenas deles foram degredados para as colônias
Ultramarinas. No Brasil os deportados eram enviados para regiões que ficassem
longe dos principais portos da colônia, então foram mandados para o Maranhão.
A intenção era de que os ciganos povoassem as áreas do sertão nordestino que
eram ocupadas pelos indígenas e que ficassem longe das áreas brasileiras de
mineração e agricultura. Teixeira (2008) explica que os documentos da Coroa
Portuguesa aos governadores proibiam os ciganos o uso de sua língua em terras
brasileiras. Apesar do cuidado em isolar os ciganos em algumas regiões foi
impossível e eles ciganos foram se espalhando por Pernambuco, Ceará, Minas
Gerais, Sergipe, São Paulo, Rio de Janeiro....
Registra-se que os primeiros ciganos a entrarem no Brasil eram do Clã dos
Calons ou Kalé, originários da Península Ibérica. Mas no início do séc XIX
ciganos do Clã Rom começaram a chegar ao Brasil durante este séc através da
clandestinidade e junto com migração de italianos, alemães, russos, gregos e
poloneses...
Vivência
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Procedimentos Metodológicos:
Para esta atividade é necessário que o professor faça a leitura do livro de
Rodrigo Correa Teixeira “História dos Ciganos no Brasil” para que após contar a
lenda tire dúvidas de seus alunos.
Primeiramente será feita apresentação da “Lenda da Cigana do Carimbó,”
escrita por Luciana do Rocio Mallon , através da técnica de contar histórias e a
partir dela vai-se explicando como que os ciganos chegaram em nosso país e
quais as suas contribuições em nossa cultura. O professor pode utilizar, como
sugestão a técnica a seguir :
Sentados em roda de Discussão, o professor, com um mapa do Brasil em
tamanho grande que possa a partir do desenvolvimento da história ir colocando
os elementos que fazem parte da narrativa grudada no mapa. É importante que o
professor entregue para alguns alunos esses elementos para participarem da
explanação. Na medida em que o professor vai contando a história os alunos vão
completando o mapa com os elementos ( índios, árvore, tambor ,africanos,
portugueses, ciganos, cigana.....)
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Lenda da Cigana do Carimbó
Luciana do Rocio Mallon
Na época do Brasil Colônia, na região Norte existiam os índios Tupinambás que
gostavam de músicas e danças. Eles usavam uma árvore chamada curimbó para
fazer um tambor, que era utilizado em rituais.
Naquela região, muitos escravos fugiam para as florestas e eram acolhidos por
estes índios. Deste jeito, a cultura deles foi recebendo uma pitada de contribuição
africana.
Reza a lenda que, naquele tempo, muitos infratores que eram presos no Sul e
Sudeste, mas, que não conseguiam ser mortos, na forca através da pena de
morte, eram levados para o Norte onde poderiam usufruir da liberdade. Porém
como muitas autoridades já sabiam da fama destas pessoas, a fofoca se
espalhava entre a população e assim estes seres eram expulsos das vilas através
de ameaças. Deste jeito, estas criaturas fugiam para a selva e eram acolhidas nas
aldeias dos tupinambás. Então, a cultura destes índios recebeu a influência dos
portugueses.
Um certo dia, uma caravana de ciganos estava passando, pelo Norte do Brasil, e
resolveu armar as tendas numa clareira no meio da floresta. Neste grupo estava a
cigana Cláudia que vestia saia rodada, bijuterias e gostava de dançar. Depois que
as barracas foram armadas, esta garota resolveu passear pela selva. Mas,
acabou se perdendo e não achou mais o seu povo. Desta maneira ela passou a
gritar pela floresta:
- Socorro!
- Socorro!
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Até que ela viu uma fumaça, caminhou e entrou numa aldeia, onde existia três
etnias bailando uma dança circular: indígena, negra e branca. Assim um
descendente de português avistou a cigana e exclamou:
- Menina, o que você vai fazer com esta saia rodada?!
- Menina, o que você vai fazer com este rebolado?!
- Menina, vem para a roda!
Então Cláudia dançou junto com estas pessoas.
Depois da festa, a garota contou sobre sua situação e foi convidada para morar
naquele lugar. Certo dia, a cigana sugeriu ao chefe:
- Deveríamos ir até a vila oficial dos brancos para mostrar esta dança que é feita
com o tambor curimbó.
Por isto uma reunião foi feita e a ideia da menina foi acolhida.
Deste jeito os moradores da tribo foram até o centro da vila oficial dos brancos e
começaram a dançar. Assim eles encantaram o povo e por causa da madeira do
tambor, aquela manifestação artística recebeu o nome de: Carimbó.
Por coincidência as palavras que o descendente de português falou para a cigana
Cláudia, quando ela entrou na aldeia, são semelhantes aos versos cantados pela
cantora Lia Sophia na música chamada: Ai, Menina.
(Fonte: http://www.usinadeletras.com.br/exibelotextoautor.php?user=lupoetisa>)
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PERGUNTAS NORTEADORAS
A) O que são lendas?
B) Quais são os elementos que compõe as lendas?
C) Você sabia que os ciganos foram degredados de Portugal para o Brasil ?
D) Por que nos livros didáticos não se fala da presença dos ciganos na
formação do nosso país ?
E) Desde 1574 há ciganos no Brasil e só a partir de 2003 que o governo
começou a criar políticas públicas para melhorar a vida dos ciganos. Você
imagina como é a vida deste povo? Você acha que eles conseguem
usufruir dos mesmos direitos de um cidadão comum na saúde, educação,
segurança e lazer? Como você vê essa situação? Você conhece alguma
criança cigana que frequenta a escola ?
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Conteúdo
Rhom: um povo....muitas histórias
A história da cultura cigana sobrevive até os dias de hoje apesar de tantas
dificuldades em conservar as suas tradições. Gasparet (1999) indica que
atualmente os ciganos são classificados como nômades, seminômades e
sedentários .
Nômades são aqueles que viajam, não possuem uma residência fixa e
vivem em acampamentos.
Seminômades são aqueles que viajam uma parte do ano e no outro
período vivem em acampamentos, casas ou apartamentos.
Sedentários são aqueles que possuem uma residência fixa; ou seja,
deixaram o nomadismo.
Nomadismo é a principal característica do povo cigano .Quando se pensa
em povo cigano involuntariamente vem a mente a palavra nomadismo. Porém
muitas histórias foram criadas sobre a saída deste povo o que gerou mais
preconceito. E os motivos que os levaram ao nomadismo foram a busca pela
sobrevivência através das atividades econômicas e as perseguições que
ocorreram. Conhecer a origem do povo cigano, não é simples, pois como povo
ágrafo suas histórias foram relatadas através da oralidade permanecendo sempre
entre os seus. Assim, com a escassez de documentação histórica foi encontrado
através de pesquisas semelhanças do romani (língua cigana) e o sânscrito
400 palavras da língua cigana - Heinrich Grellmann analisou e constatou
que de cada trinta palavras ciganas doze a treze palavras eram de origem hindi
(língua derivada do sânscrito.
Origens do povo cigano –há uma teoria de que o povo cigano teve a sua
origem na Índia. Essa teoria foi estudada por muitos pesquisadores e aprovada.
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Não se sabe ao certo em que época ou parte da Índia os ciganos vieram. Os
pesquisadores admitem ser da região noroeste da Índia (Paquistão por volta do
ano 1000 da era cristã , como relata Filho ( 2005). Registra-se que a primeira
saída do povo cigano da Índia ocorreu com a invasão das tropas turco-persas, no
período de 1001 a 1026 d.c, levando toda a população de Punjab e Sindh como
escravos e prisioneiros.
Diáspora -a migração do povo cigano da Índia a Europa foi conhecida
como diáspora. Em cada cidade que os ciganos chegavam eram vistos com
curiosidade pela população local devido as suas vestimentas e modo de ser. Mas
aos poucos a simpatia foi dando lugar a animosidade, pois a Igreja os tratavam
como hereges por não aceitarem o modo de viver da população local e fazendo
magias e leitura de sorte. E assim os que detinham o poder além da Igreja
chamavam os ciganos de arruaceiros , ladrões e etc....
“Raça Maldita”-Segundo Pereira (2009), “eles eram tidos como “raça
maldita” ,conforme uma lei inglesa de 1593 assinalava : “todo cigano é um
demônio que se deve destruir a ferro e fogo; e levar esse nome é blasfêmia.”
Consequentemente a hostilidade com esse povo foi criada através das proibições
não permitindo que agissem conforme suas tradições e costumes.
Procedimentos Metodológicos:
Assistir o documentário “História do povo cigano”, disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=C1NdjejfyH4>
Sugere-se que o professor antes da sua aula assista o documentário sob o
título “A origem dos filhos do sol” – Os ciganos no mundo” o vídeo é dividido em
duas partes .
1ªParte : 12min e 28 seg <https://www.youtube.com/watch?v=xLCP7RLEghA>
A primeira parte destaca como se originou o povo cigano e como surgiram
alguns preconceitos ao longo de sua história.
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Sugestões :
2ªParte: 12min e 34 seg <http://www.youtube.com/watch?v=9fRdSg8TfhI>
Na segunda parte destaca a Porrajmos (genocídio cigano):
3ªParte: 3min e 09 seg http://www.youtube.com/watch?v=-tUuXzz_-xM
Na terceira parte comenta sobre como que os ciganos se organizaram após o
genocídio cigano.
PERGUNTAS NORTEADORAS
A) O que você sabe sobre o povo cigano ?
B) Na cultura cigana há uma diferença entre a função do homem e da mulher.
Cada um desenvolve um papel em seu clã. Apesar de ser patriarcal a mulher é
muito respeitada devido a maternidade que é considerada uma dádiva a família
cigana. Comente quais são as funções do homem e da mulher no clã?
C) O povo cigano é organizado em Clãs e esses clãs possuem grupos e
subgrupos que são constituídos a partir de sua origem, costumes e tradições. Os
grupos mais importantes são os Rom, Sinte e Kalon. No Brasil sabe-se da
presença dos Calons (séc XVI) oriundos da Península Ibérica ,os Rom
(séc.XIX)oriundos dos países Balcãnicos e os Sinte ou Sinti(final do séc.XIX)
1migraram para o Brasil junto com os colonos alemães e italianos. A partir desse
esclarecimento quais as características que nos possibilita identificar estes clãs?
1 leitura das páginas 16 a 20 do Livro de Nicolas Ramanush sob o título “Atrás do Muro
Invisível, tradições e ativismo cigano” e para atividade d a leitura da página 74 a 84.
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D) Segundo o documentário “História do povo cigano (part1) os homens
desenvolviam no passado alguns ofícios. Segundo Nicolas Ramanush em seu
livro “Atrás do Muro Invisível Crenças-Tradições e Ativismo Cigano” , os ofícios
ciganos significam o modo de vida de alguns grupos para sua sobrevivência.
Esses ofícios tradicionais ciganos contribuíram para a autodenominação de seus
grupos. Você sabe qual o meio de subsistência é deste povo na sociedade atual ?
OUTROS MATERIAIS
RAMANUSH Nicolas. Atrás do muro invisível: crenças, tradições e ativismo
cigano. 1ª ed. São Paulo. Editora Bandeirantes. 2012.
TEIXEIRA. Rodrigo Corrêa. História dos Ciganos no Brasil. Recife: Núcleo de Estudos ciganos, 2008.
FILHO. Nelson Pires. Ciganos :Rom –Um Povo sem fronteiras .São Paulo:Madras.2005 Fonseca, Isabel. Enterrem-me em pé:A longa viagem dos ciganos. São Paulo.
Companhia das Letras.1996.
PEREIRA. Cristina da Costa. Os ciganos ainda estão na estrada. Rio de Janeiro:Rocco.2009 Acesso ao site da Embaixada Cigana do Brasil.
(http://www.embaixadacigana.com.br/) Lá irá se encontrar muitos materiais para
pesquisa e livros para aquisição escritos por Nicolas Ramanush presidente da
Embaixada. Tem o intuito de diminuir as diferenças étnicas em nossa sociedade e
garantir os direitos dos cidadãos ciganos. Não possui fins lucrativos; ou seja, é de
caráter social e cultural. Acesso em :25/11/2014.
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Atividades
A) Apresentar o Hino cigano Gelem,Gelem em fotocópias para que conheçam a
língua Romani (facilmente encontrado na internet) e explicar sobre a sua
origem. Passar o vídeo https://www.youtube.com/watch?v=GbUlL6ZaXGI sobre
Porrajmos o Holocausto Cigano( parte 1). Fazer uma coletânea de músicas de
cantores brasileiros que falam sobre o povo cigano e analisar as impressões dos
autores descrito na música.
B)Segundo Fillho (1981) , a presença da música cigana na corte brasileira foi
constante em diversos festejos e principalmente no casamento de D.Pedro I e da
princesa D. Leopoldina. A partir deste relato analise a tela a seguir:
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Johann_Moritz_Rugendas#mediaviewer/File:Rugendas_lundu_1835.jpg
Esta tela foi feita por Johan Moritz Rugendas, pintor alemão,que viajou por
todo o Brasil no período de 1822 a 1825 e expressando através de suas pinturas
os povos e costumes brasileiros. A obra “Danse Landu”,1835 retrata um casal de
aparência europeia dançando ao som de um instrumento de cordas. E ao redor
deles pessoas diversas. Todos em festa. Acredita-se que a dança Lundu que
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derivou a dança Carimbó, a partir de estudos recentes de Samuel Araújo e
Antônio Guerreiro (2007) no Texto “Lundu à Cigana” defendem a tese de que
analisando a tela de Rugendas conclui-se que há uma grande contribuição cigana
na música e dança popular. Com base nas informações dadas, pesquise quais as
influências da cultura cigana em nosso país.
DICAS para saber +
Leitura do texto:
• Lundu à cigana: a influência dos ciganos na música e danças populares
brasileiras é maior do que imaginávamos até agora. Por Samuel Araújo e Antônio
Guerreiro de Faria. Disponível em:
http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/lundu-a-cigana
Acesso em 19/11/2014.
• Leitura da página 25 a 41(cap.2 e 3)do Livro de Mello Moraes Filho “Os ciganos
no Brasil e Cancioneiro dos Ciganos”.
• Ver o vídeo da música que é comentada na Lenda da Cigana do Carimbó de Lia
Sophia. Disponível em:< https://www.youtube.com/watch?v=cQg8tk4D5A8>
Acesso em :19/11/2014. E pesquisar sobre a dança Carimbó e Lundu.
OUTROS MATERIAIS:
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Leituras:
MOONEN. Frans .Anticiganismo e políticas ciganas na Europa e no Brasil. Recife. Núcleo de Estudos Ciganos.2013. TEIXEIRA. Rodrigo Corrêa. História dos Ciganos no Brasil. Recife: Núcleo de Estudos ciganos, 2008.
FILHO, Mello Moraes. Os ciganos no Brasil e Cancioneiro dos Ciganos.Belo Horizonte.Ed.Itatiaia; São Paulo.Ed.da Universidade de São Paulo.1981.
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Leitura
(Fonte :SILVA,Sandra.Arquivo pessoal.2014)
“Se eu fosse cigano
para que me serviriam o livro ?
E o mapa e a placa e o guia
Se eu me aconselharia com a vida,
Mestra bem mais antiga ?”
( Fonte:VILLAS BOAS, Ático .Ciganos :Poemas em Trânsito.)
UNIDADE II
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VIVÊNCIA
Toda vestida de vermelho
Há uma grande diversidade de ritual do casamento tradicional cigano
devido a variedade de clãs. O casamento cigano é um dos rituais mais
importantes. Na tradição cigana a família é monogâmica. Não existe poligamia ou
relacionamentos extraconjugais. Segundo Gasparet (1999) a virgindade da moça
é sagrada e obrigatória
A festa de casamento geralmente dura três dias indiferente do clã, mas em
alguns casos perdura por uma semana e é custeada pelo pai do noivo ou dividido
entre as famílias de acordo com a tradição. Ainda segue-se a tradição de se fazer
a escolha entre as famílias dos noivos e que não mantem nenhum contato até o
casamento. Após o casamento a moça vai morar com a família do noivo tendo
seus sogros como pais devendo a eles respeito e somente saíra da casa dos
sogros quando tiverem sua própria morada. Deverá aprender com a sogra todos
os costumes da família e o que o marido gosta.
Em alguns clãs ainda segue a tradição do uso do vestido vermelho, como
explica Pereira (2009) “no segundo dia do casamento a noiva deve usar vestido
vermelho.” O vestido vermelho representa o amor, a paixão. Ingredientes
necessários ao casal. É uma tradição da Índia, mas que ainda é praticada no
Brasil e em outros países.
Além de muita comida, música, dança ocorre em cada clã rituais que se
diferem de acordo com a religião e tradição a qual pertence.
Procedimentos Metodológicos :
A leitura do conto “O violino Cigano” será feita com a participação dos
alunos. O professor entregará fragmentos do conto para cada aluno em tamanho
.
grande (folha A4). Os fragmentos deverão estar em desordem para que o
professor vá montando o conto com seus alunos no quadro. Grudando cada
parte. E assim vai-se fazendo a leitura. A última parte do texto o professor omite
e pede que os alunos imaginem o que teria acontecido no final. Eles deverão
escrevem em uma folha e entregar para o professor. Esta atividade pode ser feita
em grupos tanto a leitura dos fragmentos como também a escrita da última parte
do conto. É interessante que o professor tenha duas cópias dos fragmentos do
texto. Um fica com os alunos enquanto se vai fazendo a atividade e o outro o
professor vai grudando no quadro em sequência. Assim o professor vai
trabalhando a produção textual e pontuação.
Leitura da página 64 a71, do Livro “Atrás do Muro invisível –Crenças –
Tradições e Ativismo Cigano, de Nicolas Ramanush, para a explicação sobre
como ocorre o casamento cigano”(Obs.ver também sugestão de outros materiais).
O Violino Cigano (conto cigano)
Numa bela casa rodeada por um bosque enorme e sombrio viveu muito
tempo atrás um barão viúvo e rico com suas três filhas. A mais velha chamava-se
Dronha e era talvez a pessoa mais insuportável das redondezas. Porque além de
muito feia, com sua boca enorme de dentes pontiagudos, ela conseguia deixar
uma impressão horrível em todos que a conheciam. Achava que o mundo
conspirava contra ela e não poupava ninguém do seu mau humor, com suas
palavras sempre ríspidas e seus olhos apertados em constante irritação. A filha
do meio era mais tonta do que propriamente de má índole. Mas era preguiçosa e
impaciente, e maltratava todo mundo exigindo que seus desejos fossem
satisfeitos imediatamente. Seu nome era Catina e sua aparência se igualava à de
Dronha em feiura. O pior de tudo era o contraste entre as duas e a irmã mais
nova, Leila. Não havia ninguém que não gostasse dela. Bela como um botão de
rosa, parece que sua beleza tornava-se ainda mais exuberante pela alegria e
doçura que acompanhavam todos os seus gestos, pela graça do seu olhar, pelo
acolhimento atencioso que dispensava a quem se aproximava dela. Por sua
.
causa, a situação das outras irmãs ficava ainda mais delicada. Era evidente, por
exemplo, a preferência do velho barão pela filha mais nova e, o mais grave, todos
os jovens do povoado só pediam a mão de Leila em casamento. Para garantir que
as outras duas não ficassem solteiras, o pai dizia que só permitiria que Leila se
casasse depois das irmãs. Isso não adiantou nada já que ninguém aparecia para
cortejar Dronha e Catina.
Um dia elas pediram ao pai que não deixasse mais Leila ir junto com elas aos
bailes e festas, para ver se alguém as convidava para dançar. Assim foi feito mas
mesmo Leila tendo concordado de bom grado em não sair de casa, as irmãs
ficavam a noite inteira sentadas num canto da festa, ignoradas por todos. A raiva
que as duas sentiam de Leila foi aumentado dia a dia, até que Dronha chamou
Catina e lhe disse:
- Temos que fazer alguma coisa para nos livrarmos de Leila. Se ela
continuar viva, não há esperança para nós, vamos ficar solteiras até nossa morte.
- Que horror – disse Catina -, ela é nossa irmã, você não pode nem pensar
em fazer nada contra ela. Não conte comigo para nenhum plano.
- Pois então está bem. Cuido de tudo sozinha, não preciso mesmo de uma
idiota que só atrapalha como você.
No dia seguinte Dronha convidou Leila para um passeio no bosque. Leila
ficou feliz, afinal quase nunca saía de casa e adorava caminhar no meio das
árvores. As duas passaram a tarde conversando enquanto se embrenhavam cada
vez mais para o fundo do bosque, onde havia um grande precipício à beira do
caminho. Foi para lá mesmo que Dronha conduziu a irmã sem que ela
desconfiasse de nada.
- Nossa – disse Leila -, eu nunca tinha chegado até aqui. Imagine se
alguémcair lá embaixo, dá medo só de pensar.
- Que tal experimentar esse medo pessoalmente? - gritou Dronha,
empurrando Leila com toda força abismo abaixo.
.
No meio da queda, a pobre menina agarrou um ramo de zimbro enraizado
no morro e ali ficou dependurada, tentando não soltar a mão de jeito nenhum.
- Por favor – ela dizia -, não faça isso comigo, Dronha. Não me deixe
morrer nesse lugar. Ajude-me a sair daqui.
- Vou ajuda-lá, com certeza – respondeu a irmã completamente
transtornada. E, pegando um pedaço de pau, Dronha bateu com fúria na mão da
irmã que segurava o galho de zimbro.
Com um grito de dor, Leila largou o galho e caiu nas profundezas do
abismo. A irmã olhou para baixo e não viu nem sinal dela. No silêncio daquele
lugar tenebroso ficou guardado o segredo do seu crime, e ela foi para casa certa
de que tinha feito o que era necessário e que agora sua sorte ia mudar.
No dia seguinte o barão achou estranho que Leila não estivesse na casa e
que ninguém soubesse dizer para onde ela tinha ido. Preocupado, ordenou que
os empregados dessem uma busca nos arredores, depois foi ele mesmo
acompanhado de homens valorosos procurar a menina nos quatro cantos daquele
reino, dia e noite sem parar. Mas Leila tinha desaparecido e, por incrível que
pareça, ninguém se lembrou de procurá-la no abismo do bosque. Um ano se
passou, e enquanto na casa grande o barão chorava a perda de sua filha querida,
Leila jazia sem vida no fundo do precipício. Mas enquanto seu corpo se
decompunha e se misturava à terra, às folhas secas, às pedras e à areia, o ramo
de zimbro de permanecia na sua mão foi se enraizando e ganhando força no meio
daquele solo fértil e úmido. Depois de dois anos transformou-se numa árvore
comprida, cujos ramos mais altos chegaram até o caminho, à beira do abismo. A
copa imponente da árvore de zimbro balançava ao vento, e de seus galhos
emanava uma estranha melodia, que em tudo se parecia com uma música
cigana.
Todos os dias, atraído por essa melodia, um jovem pastor cigano chamado
Lavuta se aproximava da árvore sentava-se embaixo dela. Ele era conhecido
como o melhor tocador de violino da região. As pessoas diziam que, quando ele
tocava, era como se os mais melodiosos espíritos da floresta estivessem
animando seu coração e seus dedos. Todos paravam seus afazeres para escutá-
.
lo, até as crianças, as plantas, os animais e os rios se aquietavam num silêncio
embevecido, quando Lavuta tocava.
Toda vez que ele ouvia o lamento da árvore de zimbro, deixava seu
rebanho e vinha para perto dela, sentava-se, punha seu velho violino sob o queixo
e começava a tocar. O violino estava bastante estragado, mas Lavuta gostava
dele como se gosta de um amigo querido. Um dia, enquanto tocava entretido
embaixo da árvore, o arco do violino se partiu. Lavuta depositou o violino no chão
para examinar o arco, e no mesmo instante o violino escorregou precipício abaixo.
Ele se levantou de um salto mas não conseguiu pegá-lo. O pastor desesperou-se
pois aquele violino era tudo que ele tinha neste mundo, e chorou por muito tempo,
até adormecer, inconformado, deitado de bruços, com o rosto na terra.
E então ele teve um sonho: ele estava ali, naquele mesmo lugar, escutando os
murmúrios dos galhos da árvore de zimbro, e aos poucos o triste lamento foi se
transformando numa música que soava como um violino. Ele percebeu que era
seu violino que tocava sozinho e, junto com ele, uma voz de mulher cantava uma
triste melodia cigana. Ele compreendia muito bem as palavras da canção, que
dizia:
“Lavuta, pegue seu violino e toque, para todo mundo saber que eu fui morta por
uma mulher má de dentes pontiagudos.”
O pastor, dentro do seu sonho, pensou que não poderia tocar, pois o
violino tinha caído no precipício. Como se tivesse escutado seus pensamentos,
uma voz ecoou lá do fundo do abismo, dizendo-lhe que cortasse o alto do tronco
da árvore de zimbro e que com a madeira fizesse outro violino.
Quando acordou logo em seguida, Lavuta lembrou do sonho com todos os
detalhes, achou tudo muito estranho, mas ao mesmo tempo resolveu não dar
muita importância, pois aquilo tinha sido apenas um sonho.
Depois de reunir o rebanho, ele voltou para seu quarto, que ficava num lugar
distante, dentro das terras do barão. Naquela mesma noite ele teve outro sonho:
via uma linda jovem entrar no seu quarto segurando um violino. Olhando melhor,
percebeu que era seu violino que ela estendia na sua direção. Em língua cigana
ela dizia:
- Toque seu violino e depois quebre-o de encontro à mesa. Se fizer isso, eu
serei sua mulher.
.
Em seguida ela desapareceu no ar e Lavuta acordou. Nesse mesmo
momento ele tomou uma decisão. Na manhã seguinte, assim que se levantou, foi
até a beira do precipício para cortar a árvore de zimbro. Passou o dia inteiro
esculpindo e moldando a madeira, até que o violino ficou pronto quando a noite
chegou. Feliz da vida, admirando sua obra, Lavuta se preparou para experimentar
o violino, mas assim que ele levantou o arco, o violino começou a tocar sozinho.
Era a mesma melodia e a mesma voz cantando a canção cigana do seu sonho.
A melodia soava muito alto e chegava lá fora, pela janela aberta do seu
quarto. O cuidador de cavalos do barão, que passava por ali naquele momento,
ouviu as estranhas palavras daquela música e foi falar com Lavuta.
- Quem está cantando? – ele perguntou.
Lavuta lhe contou toda a história desde seu primeiro sonho, e o amigo o
aconselhou a mostrar o violino mágico para o barão.
- Você sabia – ele disse – que a mulher do barão era cigana? Acho que ele
vai gostar de conhecer esse milagre e vai até compreender as palavras da
canção.
Os dois foram juntos até a casa grande e pediram para ver o barão.
Quando ele apareceu, o violino começou a tocar e o pobre arregalou os olhos,
sobressaltado:
- É a voz da minha filha. Onde é que ela está?
Ele correu pelos cantos da sala, por toda parte, e não encontrou ninguém.
Mas as palavras da música ele havia entendido muito bem, e sabia perfeitamente
quem era a mulher má de dentes pontiagudos. Horrorizado, ele foi atrás da filha
mais velha e não teve muito trabalho em fazê-la confessar o que havia feito. O
velho barão expulsou as duas filhas de sua casa, dizendo-lhes que nunca mais
voltassem, achando que Catina tivesse sido cúmplice da irmã, embora ela não
soubesse de nada.
Enquanto isso, de volta ao seu quarto, Lavuta ficou um certo tempo
segurando o violino mágico, pensando na jovem que havia aparecido no seu
sonho.
- Será que é mesmo Leila, a filha do barão? – ele dizia para si mesmo. –
Ela prometeu que se casaria comigo se eu quebrasse o violino na mesa.
.
Ele não sabia se devia ou não acreditar no sonho. Olhou o violino pela
última vez e com um gesto firme espatifou-o de encontro à mesa. No mesmo
momento, Leila apareceu, viva, diante dele. Na mão ela trazia seu velho violino,
consertado, com cordas novas, a madeira brilhando, perfeita. Completamente
aturdido, Lavuta escutou sua história.
- Durante dois anos eu fiquei enterrada no abismo – ela começou, falando
com voz doce e perfumada. – Minha mãe foi uma cigana conhecedora das artes
da magia. Quando meu pai a conheceu, ficou encantado com sua beleza e
apaixonou-se por ela. Ela também o amou, mas antes de se casarem ela foi
amaldiçoada por um espírito que a desejava para si. O espírito determinou que
todas as crianças que nascessem daquela união seriam feias e más. Depois que
minhas duas irmãs nasceram minha mãe suplicou ao espírito que a libertasse do
feitiço. Ele concordou, com uma condição: quando ela tivesse outra criança,
deveria morrer e ir viver com ele no reino dos espíritos. O preço da minha beleza
foi a morte da minha mãe. Depois, quando minha irmã me empurrou no precipício,
a alma da minha mãe se converteu no ramo de zimbro que eu agarrei na queda.
E foi segurando o ramo, a mão de minha mãe, que eu caí lá embaixo. Criando
raízes, o ramo virou árvore e eu pude nascer pela segunda vez do corpo da
minha mãe. Mas minha forma humana eu só poderia recuperar se um homem
transformasse a madeira da árvore no objeto mais querido do seu coração. Você
amava seu violino, Lavuta, e quando ele caiu no abismo eu sabia que apenas
você, com seu amor, poderia me devolver à vida. Por isso apareci no seu sonho e
agora estou aqui.
- Parece que o que tinha que acontecer já foi feito – disse Lavuta. – Eu
recebi meu violino de volta e você voltou a viver. Mas também me lembro de uma
certa promessa...
- Eu não a esqueci – disse Leila com um sorriso encantador. – Você não
quer experimentar seu violino antes de mais nada?
Lavuta se preparou para tocar e, como antes, o violino começou a tocar
sozinho a melodia do sonho acompanhada da canção cigana. Pouco depois, o
barão entrou , atraído pela música, e mal pôde acreditar quando viu a filha
estendendo os braços apara abraçá-lo.
.
- Meu pai – ela disse -, o pastor Lavuta me devolveu à vida e eu prometi
casar-me com ele.
O velho barão estava tão radiante que não fez nenhuma objeção ao
casamento. Pouco importava se seu futuro genro era um pobre pastor; a única
coisa que ele queria era ver sua filha feliz e viva.
E ele nunca teve nenhuma razão para se arrepender do seu consentimento.
O pastor Lavuta ficou conhecido em todo o reino, não por ter se casado
com a filha do barão, mas sim por ser o maior violinista de que aquele povo teve
notícia. Até hoje se contam histórias que falam de como Leila e Lavuta se
amaram, dos filhos que tiveram e de como o pastor prosperou e tornou-se senhor
daquelas terras, graças à sua arte, que a todos encantava. Mas todas as histórias
que foram contadas, de geração em geração, começam falando do verdadeiro
amor e da sabedoria de uma mulher cigana.
( Recontado por Regina Machado em: O violino cigano e outros contos de
mulheres sábias. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.) Disponível em :
http://www.outrahistoria.org.br/historias/033.html . Acesso em 19/11/2014.
PERGUNTAS NORTEADORAS
1) Como podemos identificar elementos da cultura cigana no conto apresentado?
2) Você conhece os costumes no casamento cigano ?
3) Qual a mensagem que o conto “O Violino Cigano” nos apresenta?
.
Notre Dame de Paris e sua história
A Catedral de Paris, segundo Andrade (2005) foi construída entre 1160 a
1280, pelo bispo de Paris Maurício de Sully, considerada um dos principais
monumentos arquitetônicos que participou de vários momentos históricos da
França.
Catedral de estilo gótico ,apresenta arcos em forma de ogivas e interior
bastante iluminado devido aos vitrais. A Catedral passou por vandalismo em
diversos momentos da história, especificamente na fase da Revolução Francesa
muitas estátuas foram destruídas, como explica Frias (1988). Mas somente foi
restaurada em meados dos séc. XIX.
Chaves e col. (2010) em sua fala relata que as mudanças ocorridas na
arquitetura da Catedral de Notre Dame de Paris descrita na obra de Victor Hugo é
um crítica a sociedade que com as mudanças aniquilavam as fases da história
que retratavam cada parte da sua arquitetura.
Procedimentos Metodológicos :
Antes dessa atividade o professor deve organizar com seus alunos a
leitura com antecedência da obra na íntegra. Em data agendada organizar as
discussões e atividades.
Faça a leitura do segundo capítulo do livro O Corcunda de Notre Dame de
Victor Hugo . Para o desenvolvimento desta atividade sugere-se ao professor
contar inicialmente a história do Corcunda de Notre Dame de Victor Hugo. Se for
possível passar um fragmento do filme ou o trailer para que os alunos na
visualização se ambientalizem melhor com a proposta. E destaque nesse capítulo
como a cigana Esmeralda é apresentada na obra. Explicando que esta obra de
Victor Hugo corresponde ao período romântico da Literatura e nele apresenta a
mulher idealizada; e respectivamente nesse período a mulher cigana é mostrada
como símbolo de sedução e criando uma imagem estereotipada; e como destaca
CONTEÚDO
.
Teixeira (2008,p.66)no artigo , O Romantismo, do jornal “ A cigana”, editado no
Recife em 1874, a mulher considerada bela e figura representante do período
Romântico era a mulher cigana idealizada pelos romancistas europeus que
qualquer homem não resistiria ao seu fascínio. Por outro lado temos a figura de
“Quasímodo”, o corcunda de Notre-Dame que vai representar o grotesco ;ou
seja, a discussão entre o que era belo e o feio na Idade Média. Nesta obra a
imagem dada ao que é feio carrega elementos de deformidade, maldade e
castigo. Era como na sociedade medieval se pensava que o belo era a
representação do divino e o grotesco do profano. Assim acreditava-se que
pessoas com deficiência eram acometidas por demónios que tomariam suas
almas.
Destaca-se nesse capítulo como a cigana Esmeralda é apresentada na
obra. Explicando que esta obra de Victor Hugo corresponde ao período romântico
da Literatura e nele apresenta a mulher idealizada; e respectivamente nesse
período a mulher cigana é mostrada como símbolo de sedução e criando uma
imagem estereotipada; e como destaca Teixeira (2008, p.66) no artigo , O
Romantismo, do jornal “ A cigana”, editado no Recife em 1874, a mulher
considerada bela e figura representante do período Romântico era a mulher
cigana idealizada pelos romancistas europeus que qualquer homem não resistiria
ao seu fascínio.( E assim já explicando sobre as características da período
literário romântico).Por outro lado temos a figura de “Quasímodo”, o corcunda de
Notre-Dame que vai representar o grotesco ;ou seja, a discussão entre o que era
belo e o feio na Idade Média. Nesta obra a imagem dada ao que é feio carrega
elementos de deformidade, maldade e castigo. Era como na sociedade medieval
se pensava que o belo era a representação do divino e o grotesco do profano.
Assim acreditava-se que pessoas com deficiência eram acometidas por demónios
que tomariam suas almas. Fazer uma comparação entre a obra de Victor Hugo
com o desenho animado do Corcunda de Notre-Dame da Disney.
.
POR DENTRO DO TEXTO:
A) A Biografia é um gênero textual narrativo não ficcional que
geralmente tem os fatos narrados em ordem cronológica. São histórias de vida
contados a partir da observação subjetiva.Na Biografia não há julgamentos de
valor do autor ou expressões que indiquem sua opinião sobre as informações
referentes a sua escrita.Com isso ,dado as informações, redija a biografia de
Victor Hugo.
Nascimento: Besançon
(1802)
Falecimento :
Paris (1885)
Séc:
Xix
Pai: general do exército
napoleônico
Famoso escritor Escreveu dramas ,
romances e poesias.
19 anos exilado Cromwell (1827) Vozes Interiores (1837)
Os Castigos(1853) As
Contemplações(1856)
O Corcunda de Notre
Dame (1831)
Os Miseráveis(1862) Os Trabalhadores do
Mar (1866)
A) Inicialmente a obra tinha o título de Notre Dame de Paris , porém a partir de
diversas traduções de sua obra Quasímodo passou a ser considerado
pelos leitores em geral como o personagem principal. No entanto, a
personagem principal da obra é a própria Catedral. Com intuito de, como
representante do movimento Romântico em que se traz à tona os valores
medievais Victor Hugo, expressa através de sua obra defender o
monumento arquitetônico e de grande representatividade para o povo
Frances que estava sendo destruído. Faça uma pesquisa sobre a Catedral
de Notre Dame . Respondendo os tópicos a seguir:
- Quando foi construída?
.
- Qual seu estilo arquitetônico ?
- Por que ela não estava sendo preservada?
C) Em que período histórico é narrado essa história?(1482).Faça um breve
relato sobre a organização social, política, econômica e religiosa deste período.
D) Qual era o governante deste período?
E) Sobre os personagens, preencha o quadro a seguir :
Personagens Características Físicas
Características
Psicológicas
Quasímodo
Esmeralda
Claude Frollo
Capitão Febo
de
Châteaupers
Pierre
Gringoire
Djali
Jehan
Clopin
A) Como os ciganos foram retratados na obra de Victor Hugo? Por quê ?
B) Baseado nas discussões e leitura da obra, porque os personagens
Quasímodo e a cigana Esmeralda foram condenados pela sociedade?
C) A expressão bode expiatório é considerada uma expressão idiomática ou
expressão popular. Definida como um conjunto de palavras que não são
.
possíveis ser explicadas pelo seu sentido literal e sim através de uma
análise . Essas expressões estão associadas a partir de contextos culturais
de um grupo de pessoas que possuem alguma relação em comum, como
classe social, idade, meio e gírias, jargões...... Você sabe o significado da
expressão Bode expiatório? Dê outros exemplos de expressões
idiomáticas.
D) Andrade apud Victor Hugo (2005) em análise da obra “O Corcunda de
Notre Dame” entende que os personagens Quasímodo e Esmeralda são
tidos como bode expiatório na história. Você concorda com essa
afirmação?(obs. Explicar a origem da expressão-bode expiatório)
oUTROS MATERIAIS
Musical : O corcunda de Notre Dame . (Legendado em português) Disponível em
: https://www.youtube.com/watch?v=eQAhFNLvd_k . Acesso em :12/11/2014
.
Conteúdo
Sobre “Tutaméia:Terceiras Histórias de João Guimarães Rosa
“Tutaméia: Terceiras Estórias”foi o último livro publicado por João
Guimarães Rosa meses antes de sua morte em 1967.Possui 40 histórias curtas
que se desenvolvem no Estado de Minas Gerais. Ronái apud Rosa(1969)declara
que os personagens das histórias eram “vaqueiros, criadores de cavalos,
caçadores, pescadores, barqueiros, pedreiros, cegos e seus guias, capangas,
bandidos, mendigos, ciganos, prostitutas um mundo arcaico onde a hierarquia
culmina nas figuras do fazendeiro, do delegado e do padre.”
O conto “Faraó e a água do rio” vai retratar os modos de vida de
fazendeiros e ciganos fazendo uma discussão sobre nomadismo e a tradição de
criar raízes em um ambiente e seus descendentes. Silva (2013) explica que:
esse conto evoca o antagonismo que opõe a lei da ordem familiar, representada na imagem da Fazenda Crispins, com suas tachas de cem anos de eternidade - um mundo de cotidiano organizado – e a lei que rege as regras básicas do viver mundano, itnerante e clandestino emblematizada na figura dos ciganos. (Silva ,2013,p.2).
Esse conto é o décimo terceiro do livro Tutaméia:Terceiras estórias. A
história se passa em uma fazenda da família Crispins. Senhozório contrata dois
ciganos para consertar equipamentos da fazenda. Quando Senhozório limita o
número de ciganos que podem entrar em sua fazenda deixa claro o preconceito
para com os forasteiros não permitindo também contato dos ciganos com a sua
família. No desenvolvimento da história vai surgindo entre eles uma amizade e
assim a família de Senhozório acolheu os membros do clã em sua fazenda e
defendeu-os das acusações feitas pelos moradores da região . E quando os
ciganos deixam a fazenda Senhozório sente saudades do modo de viver dos
ciganos.
.
Procedimentos Metodológicos :
Apresentar a biografia de João Guimarães Rosa e depois falar sobre o livro
“Tutaméia:Terceiras Estórias” para prepará-los para conhecer o conto “Faraó e a
Água do Rio”. Sugere-se que o professor faça a leitura do conto com seus alunos.
Após questões para entender o texto. Neste conto discutem-se as questões sobre
o nomadismo, preconceitos, as diferentes formas de ver o mundo, o conflito entre
liberdade e conservadorismo.
PERGUNTAS NORTEADORAS:
A) O título do conto “Faraó e a água do rio” metaforicamente indica ao tema do
conto. Como você a partir do texto descreve a intenção do autor ?
B) Analise o os nomes dos membros da família Crispins e indique qual a sua
função na hierarquia familiar. Após responda, por que o nome de Siântonia
diferencia-se de todos?
Nomes dos membros da família Crispins
Senhozório
Siozorinho
Siântonia
Sinhalice
Sinhiza
A) No conto Siântonia, matriarca da fazenda fala sobre os ciganos: “receava-
os menos pela rapina que por estranhezas”. Explique o termo rapina e
como Siântonia definia os ciganos.
.
D) Siântonia é a personagem que vai representar o poder e a tradição. A partir
de sua fala explique a metáfora : “As paredes era que ameaçavam”.
E) Descreva a partir do conto os costumes do povo cigano. E a partir das suas
observações houve mudança nos costumes e como as pessoas veem os
ciganos?
OUTROS MATERIAIS:
Livros:
Gasparet, Murialdo. O rosto de Deus na cultura milenar dos ciganos. São
Paulo. Paulus.1999.
Pereira, Cristina da Costa.Os ciganos ainda estão na estrada. Rio de Janeiro,
Rocco.2009.
Vídeos:
Documentário : Vida Cigana. Disponível em : <https://www.youtube.com/watch?v=
mr4LO0AakSU> Acesso em 29/11/2014
Casamento Cigano.Disponível em : <https://www.youtube.com/watch?v=DIWvSjP
KmGY> Acesso em 29/11/2014.
Casamento Cigano.Disponível em : <https://www.youtube.com/watch?v=ET2ntX
c1350> Acesso em : 29/11/2014
.
ATIVIDADE
a)Mostrar imagens de Washington Luís, Juscelino Kubitschek, Elvis Presley e
Charlie Chaplin. Explicar que tivemos personalidades de etnia cigana que se
destacaram, como artistas , presidentes, escritores, poetas...Após, fazer a leitura
do poema de Cecília Meireles do Livro “Flor de Poemas” Epigrama nº7 (p.67). E
trabalhar as características do gênero poético.
Nesta etapa os alunos vão desenvolver campanhas para a
conscientização. A partir do poema de Cecília Meireles e imagens das
personalidades. Criar folders ou cartazes que mostrem a cultura e suas
personalidades utilizando o gênero poético.
b) Definir o que são provérbios e pedir que deem exemplos de provérbios
conhecidos. Após entregar a eles vários provérbios ciganos disponível em
http://www.kumpaniaromai.com.br/textos/termosciganos.htm. Acesso em
26/11/2014. E discutir sobre a visão do mundo pelo cigano a partir de seus
provérbios comparando com os nossos provérbios populares. Produzir material de
conscientização a partir dos provérbios ciganos. A atividade pode ser feita com a
utilização de texto verbal e não verbal.
DICAS para saber +
Silva. Antônia Marly Moura da. “As paredes era que ameaçavam”: espaço e identidade no conto “Faraó e a água do rio”. Disponível em : http://anais.abralic.org.br/trabalhos/Completo_Comunicacao_oral_idinscrito_645_6018172
288bf2a8ad8e547c8d281f9fa.pdf .Acesso em 26/11/2014.
.
OUTROS MATERIAIS
Os Contos : O outro ou o outro (p.105) e Zingaresca (p.189) do livro
Tutaméia:Terceiras Estórias de Jõao Guimarães Rosa.
Vídeos: Edy Brito e Samuel (irmãosciganos). Disponível em <https://www.youtube.com/
watch?v=u4flQdvpQ> Acesso em 27/11/214.
Elvis Presley (Música) Chesay : Disponível em:<https://www.youtube.com/watch
?v=DqzOAm2FTOQ> Acesso em 27/11/2014.
.
Linguagem corporal
(Fonte: SILVA,Sandra. Arquivo pessoal.2014)
“ O CÉU É MEU TETO, A TERRA MINHA PÁTRIA, A LIBERDADE MINHA RELIGIÃO”-
PROVÉRBIO CIGANO
UNIDADE III
.
VIVÊNCIA
Procedimentos Metodológicos :
É necessário na primeira vivência que seja feita exercícios de
conhecimento e reconhecimento do corpo, pois há uma grande dificuldade dos
alunos em expor-se corporalmente. Com isso necessita-se uma preparação com
atividades simples possibilitando descontração e motivação. Sugere-se que se
possível utilize um espaço amplo para o desenvolvimento da atividade.
Sugestões :
1º Caminhar pela sala ao som de uma música escolhida pelo professor para sentir
o ambiente e pedir que aos poucos vão fazendo movimentos de acordo com a
música. É interessante que a música não seja conhecida por eles.
2º Brincadeira da estátua: a cada parada da música eles devem ficar em estátua
na última posição/
3º Em duplas fazer a dinâmica do espelho o professor escolhe uma música e
pede que um aluno desenvolva os passos e o outro imite-o .
4º Música : “Vamos Sacudir o Esqueleto” do programa Quintal da Cultura.
Disponível em : https://www.youtube.com/watch?v=00vK86xui_w .Acesso em
:28/11/2014.
.
5ª Música: “Ciranda dos Bichos” em Palavra Cantada. Disponível em :
https://www.youtube.com/watch?v=H9fXoZmMHK8 .Acesso em :28/11/2014.
Fazer um círculo com os alunos e ensinar o passo principal da ciranda e pedir que
os alunos vão seguindo as ordens da música.
VIVÊNCIA
Procedimentos Metodológicos:
A partir deste passo o professor irá desenvolver com seus alunos a dança
circular cigana. Os vídeos são somente para estudo e cabe ao professor passar
as músicas para mp3 ao copiar os vídeos.
- 1º Explicar aos alunos sobre a dança circular (ver o vídeo “Você em foco –
Danças circulares Sagradas”.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=sInVN6IlwgEAcesso em
28/11/2014.(vídeo para estudo do professor)
Após a explicação mostrar aos alunos um vídeo de dança circular sagrada para
que tenham uma noção do que é a dança circular. Como sugestão : Tibetan Circle
dance 2013-Dance Toghether.
Disponível em : https://www.youtube.com/watch?v=GEwTZ5FON78 . Acesso em
:28/11/2014.
2º Apresentar os passos da dança circular cigana da Macedônia . Merak Cocek
(Karavana Chajka).
Disponível em : https://www.youtube.com/watch?v=aQ6jBl5l2V0 .Acesso em
:28/11/2014.
3º Apresentar os passos da dança circular da Música “Alma Cigana”.
.
Disponível em : https://www.youtube.com/watch?v=WXF3G8JHYeU .Acesso em :
28/11/2014.
Obs: As atividades propostas são somente sugestões .O professor pode a partir
dos vídeos desenvolver a sua coreografia.
4º Desenvolver danças circulares com músicas ciganas diferenciadas. Sugestão:
Cigana (Oswaldo Montenegro), Jau dale Adjes (Grupo Encanto Cigano), Cocek
de Lune, Ugros (Ciganos da Hungria), Polka (Bareh Droma), Djelém, Djelém, de
Caravana Varekai.
5º Fazer uma seleção de músicas ciganas e a turma divide-se em dois grupos e
desenvolvem a sua dança circular.
OUTROS MATERIAIS:
- Música : Vamos sacudir o esqueleto do programa Quintal da Cultura. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=oxBCbIOsS3c .Acesso em:28/11/2014.
Paula, Andrea;Kamenski,João. Danças Circulares das Diversidades. In Projetos de Extensão Dança Circular na UFABC e Diversidades em Performances.São Paulo.abr/mai2013.
Disponível em: https://dancacircularufabc.files.wordpress.com/2013/03/apostila-danc3a7a-circular-das-diversidades-andrea-paula-e-joc3a3o-kamensky.pdf .Acesso em 28/11/2014.
.
REFERÊNCIAS:
FILHO. Nelson Pires. Ciganos :Rom –Um Povo sem fronteiras .São Paulo:Madras.2005. FILHO, Mello Moraes. Os ciganos no Brasil e Cancioneiro dos Ciganos.Belo Horizonte.Ed.Itatiaia; São Paulo.Ed.da Universidade de São Paulo.1981. Fonseca, Isabel. Enterrem-me em pé:A longa viagem dos ciganos. São Paulo. Companhia das Letras.1996
FRIAS. Paradigmas.Mitos, Enigmas e lendas Contemporâneas.RJ.Século
Futuro.1988.
Gasparet, Murialdo. O rosto de Deus na cultura milenar dos ciganos. São Paulo. Paulus.1999.
GUERREIRO, A,Araújo,S. Lundú à Cigana. Disponível em : http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/lundu-a-cigana . Acesso em : 19/11/2014.
HILKNER, Regiane Rossi and HILKNER, Mauro. Ciganos: um mosaico étnico.. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE PEDAGOGIA SOCIAL, 4., 2012, São Paulo.Procedimento online... Associação Brasileira de Educadores Sociais.Disponível em : <http://www.proceedings.scielo.br/scielo.php?script= sci_arttext&pid=MSC0000000092012000200022&lng=en&nrm=abn>. Acesso em: 28 Nov. 2014.
HUGO,Victor. O Corcunda de Notre Dame.CLÁSSICOS Adaptados Larousse. Trad. Andrade. São Paulo.Larouse. 2005.
ROSA. JoãoGuimarães.Tutaméia - Terceiras Histórias.RJ.José Olympio.1969.
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Outras fontes: Embaixada Cigana. Disponível em: < http://www.embaixadacigana.com.br> Aceso:10/08/2014 Ministério publico processa editoras por expressões em dicionário. Disponível em:<http://oab-rj.jusbrasil.com.br/noticias/3034088/ministerio-publico-processa-editoras-por-expressoes-em-dicionario> Acesso em 12/09/2014 MALLON, Luciana do Rocio. Lenda da cigana do carimbó. Disponível em: < http://www.usinadeletras.com.br/exibelotextoautor.php?user=lupoetisa> 22/08/2014 MACHADO, R. O violino cigano e outros contos de mulheres sábias. Disponível em:< http://www.outrahistoria.org.br/historias/033.html> Acesso em: 12/07/2014 Silva. Antônia Marly Moura da. “As paredes era que ameaçavam”: espaço e identidade no conto “Faraó e a água do rio”. Disponível em:<http://anais .abralic.org.br/trabalhos/Completo_Comunicacao_oral_idinscrito_645_6018172288bf2ad8e547c8d281f9fa.pdf> Acesso em 26/11/2014 Proverbios ciganos. Disponível em: <http://www.kumpaniaromai.com.br/textos /termosciganos.htm> Acesso em 26/11/2014