OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA … · catarata, degeneração senil e traumas...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
ANA ELIZABETH BISATTO FERNANDES
CONHECIMENTO DOS PAIS SOBRE O DESENVOLVIMENTO
PSICOMOTOR DE CRIANÇAS COM BAIXA VISÃO
Produção Didático-Pedagógica – Unidade Didática para intervenção no Colégio Estadual Marechal Humberto de Alencar Castelo Branco – Ensinos Fundamental e Médio, como cumprimento das atividades previstas no Plano Integrado de Formação Continuada, ano 2013 do Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, vinculado à Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, Campus Cascavel.
Orientadora: Professora Ms Aneline Maria Ruedell
CASCAVEL
2013
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
TURMA 2013
Título: CONHECIMENTO DOS PAIS SOBRE O DESENVOLVIMENTO
PSICOMOTOR DE CRIANÇAS COM BAIXA VISÃO
Autor: ANA ELIZABETH BISATTO FERNANDES
Disciplina/Área:
EDUCAÇÃO ESPECIAL
Escola de Implementação do Projeto e sua localização:
COLÉGIO ESTADUAL MARECHAL HUMBERTO DE ALENCAR CASTELO BRANCO
Município da escola: CASCAVEL
Núcleo Regional de Educação: CASCAVEL
Professor Orientador: PROFA. MS. ANELINE MARIA RUEDELL
Instituição de Ensino Superior: UNIOESTE – UNIVERSIDADE ESTADUAL DO
OESTE DO PARANÁ
Relação Interdisciplinar:
Resumo:
A criança com deficiência visual apresenta restrição ao seu desenvolvimento, através da diminuição de movimentos corporais, levando-a a um prejuízo na interação com o meio. Muitos pais, não sabem como agir para suprir as necessidades de seu filho. O profissional que atua com essas crianças deverá conhecer as dificuldades dos pais, suas dúvidas e expectativas com relação ao desenvolvimento da criança e assim ter subsídios para demonstrar à família a importância de seu envolvimento no tratamento. O principal objetivo deste projeto será de investigar o conhecimento dos pais de crianças com baixa visão sobre o processo de desenvolvimento psicomotor de seu filho. Serão utilizados dois questionários. Um deles verificará a situação socioeconômica da família para uma melhor caracterização. O
segundo utilizará perguntas fechadas para investigar a comunicação com seu filho, suas atividades favoritas, desejos e expectativas dos pais. Após a coleta de dados, os mesmos serão analisados pelo software STATA 10. Os pais deverão trazer informações que servirão de referência na abordagem que contemplará o atendimento individual com ações em conjunto com a família, procurando fortalecer o desenvolvimento psicomotor, afetivo e cognitivo da criança. Com a análise dos dados teremos subsídios para a confecção de um manual para orientação aos pais.
Palavras-chave:
Relações pais-filho; criança; baixa visão
Formato do Material Didático: UNIDADE DIDÁTICA
Público:
Pais de bebês com baixa visão matriculados no centro de atendimento educacional especializado na área de deficiência visual do Colégio Estadual Marechal Humberto Castelo Branco.
1. APRESENTAÇÃO
O nascimento de uma criança, na maioria das vezes, é um momento de
alegria carregado de novas expectativas, sonhos e esperanças da continuidade
da família. No entanto, o mesmo não ocorre com o nascimento de uma criança
com algum tipo de deficiência motora e/ou sensorial. Quando os pais são
surpreendidos com as informações de que seu filho é diferente daquele que era
esperado, ocorre um momento de luto, de muita angústia e medo, pois a família
se depara com questionamentos sobre de quem é a culpa e sentimentos de
vergonha e rejeição.
A própria família acaba tendo que rever seus papéis e conceitos diante da
nova situação e a mãe, muitas vezes, torna-se o elo principal da criança com os
demais familiares. Mas, nem sempre esta interação ocorre de maneira
satisfatória, em virtude do estresse emocional, podendo levar à depressão. A
diminuição desta interação mãe-filho acaba criando um ambiente desfavorável
para a criança.
Como a família é o primeiro vínculo social e afetivo da criança, esta precisa
compreender o seu papel neste processo e participar ativamente do
desenvolvimento infantil. Muitos pais necessitam da ajuda de profissionais
especializados que venham a orientá-los, pois acreditam estarem isolados da
sociedade e condenados a uma vida de frustrações e tristezas.
No próprio CAEDV (Centro de atendimento especializado ao deficiente
visual), nos deparamos com pais desacreditados na evolução de seu filho, e
muitos acabam delegando o cuidado deste à pessoas sem um vínculo afetivo.
Outros protegem em demasia a criança, não dando espaço para que a mesma
tenha suas próprias experiências.
Ao procurarem o CAEDV, os pais se deparam com um espaço acolhedor e
que lhes possibilita relatar suas angústias, incertezas e preocupações com o
futuro do seu filho, e ao mesmo tempo lhe é mostrado possibilidades para o
desenvolvimento da criança. É necessário salientar que a maior preocupação dos
pais gira em torno da deficiência visual, esquecendo que a criança é muito mais
que o biológico e que ela necessita de outros estímulos como na área da
psicomotricidade, sensorial, sócio-afetiva-emocional e cognitiva, através da
educação psicomotora.
Por esta razão, surge o interesse pelo tema abordado. Este vem de
encontro às necessidades encontradas no dia a dia do CAEDV, ou seja, auxiliar
os pais a compreenderem que a educação psicomotora é determinante para
todas as áreas do desenvolvimento infantil. Além disso, a educação psicomotora
é um fator preponderante na busca da autonomia e segurança da criança com
deficiência visual; e mostrar aos pais que a falta de oportunidades prejudica mais
o desenvolvimento da criança do que a deficiência visual por si só.
A produção didático-pedagógica a ser desenvolvida nesse período tem por
objetivo atender às exigências do Programa de Desenvolvimento Educacional –
PDE, oferecido pela Secretaria de Estado de Educação – SEED. Consiste na
elaboração de uma Unidade Didática voltada aos pais de crianças com deficiência
visual que frequentam o CAEDV do Colégio Estadual Humberto Castelo Branco
em Cascavel.
O trabalho procurará atender as necessidades da família, bem como a
superação das dificuldades que a própria deficiência impõe a criança com
deficiência visual. Para isso, será necessário conhecer as dificuldades através de
questionários.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. DEFICIÊNCIA VISUAL
2.1.1 Conceito
A deficiência visual é caracterizada pelo comprometimento da visão e
refere-se a diminuição da resposta visual. Esta deficiência pode ser total ou
parcial, e as causas são congênitas ou adquiridas.
Conforme Decreto Federal nº 5296/4 conceitua-se como deficiência visual:
Cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho,
com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre
0,3 e 0,005 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nas quais a
somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que
60°, ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores.
Segundo o Ministério da Educação e Cultura, “cegueira é a perda total da
visão, até a ausência de projeção de luz” (BRASIL, 2006, p.16). Nestas situações,
o aprendizado ocorre através dos sentidos remanescentes como: audição, tato,
olfato e paladar. O sistema Braille será o principal meio de comunicação escrita.
2.1.2 Causas
As causas mais frequentes de comprometimento visual são: a retinopatia
da prematuridade, catarata congênita, glaucoma congênito, coriorretinite,
degenerações retinianas e atrofia do nervo óptico.
2.1.3 Tipos
Entre os tipos de deficiência visual, a cegueira congênita ou amaurose é
caracterizada pela ausência de visão desde os primeiros anos de vida, podendo
ser de causas hereditárias ou relacionadas a outros comprometimentos que
ocorrem durante o período intrauterino.
A cegueira adquirida ou adventícia é caracterizada pela perda da visão ao
longo da vida, podendo aparecer de forma súbita ou gradual. As principais causas
podem ser as doenças infecciosas, diabetes, descolamento de retina, glaucoma,
catarata, degeneração senil e traumas oculares.
Outro tipo de deficiência visual é a baixa visão. Sua definição é mais
complexa devido a variedade e intensidade de comprometimentos das funções
visuais. Está relacionada com a diminuição da acuidade visual, redução no campo
visual, alteração na visão central e periférica, dificuldade para definir perto ou
longe, entre outras alterações visuais.
2.1.4 Baixa visão
Segundo dados do IBGE de 2010, no Brasil, 6.056.654 pessoas possuem
grande dificuldade permanente de enxergar (baixa visão ou visão subnormal).
O MEC define:
Pessoas com baixa visão – aquelas que apresentam desde condições de indicar projeção de luz, até o grau em que a redução da acuidade visual interfere ou limita seu desempenho. Seu processo educativo se desenvolverá, principalmente, por meios visuais, ainda que com a utilização de recursos específicos. (BRASIL, 2006, p. 16)
Segundo a definição do Instituto Benjamin Constant (IBC):
A pessoa com baixa visão apresenta uma perda visual severa, que não pode ser corrigida através de tratamento clínico ou cirúrgico, nem com o uso de óculos convencionais. Entretanto, ela mantém um resíduo visual que é individual e sua capacidade de usá-lo não depende somente da acuidade ou da patologia.
A baixa visão, muitas vezes é diagnosticada tardiamente em crianças pela
dificuldade na identificação e compreensão da própria deficiência. Inicialmente, as
famílias não percebem o prejuízo visual, principalmente com crianças menores
que caem facilmente, esbarram em móveis, olham e manipulam objetos de perto
e os deixam cair com frequência.
A criança com baixa visão não é cega, porém enxerga pouco e também
não apresenta clareza e precisão qualitativa da sua visão, criando uma limitação
nas informações advindas do ambiente. Desta forma, a criança tem um
conhecimento restrito do que a rodeia, sendo comum muitas serem vistas como
incapazes, com dificuldade de aprendizagem e até mesmo com deficiência
intelectual.
Após o diagnóstico de baixa visão, a criança deve ser encaminhada a um
Centro de Atendimento Especializado ao Deficiente Visual (CAEDV). O objetivo
deste encaminhamento é para o reconhecimento da sua situação visual, através
de uma avaliação e posterior intervenção. A intervenção será baseada na
complexidade de cada caso, utilizando atividades psicomotoras que visem o
desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo.
2. 2 PREJUÍZOS PSICOMOTORES DE CRIANÇAS COM BAIXA VISÃO
A criança com baixa visão pode apresentar diferentes prejuízos
psicomotores, tanto na área motora como na área cognitiva e afetiva.
2.2.1 Área motora
Os prejuízos em área motora estão relacionados à imagem e esquema
corporal, lateralidade, estruturação espacial, estruturação temporal, equilíbrio,
cinestesia e ritmo.
2.2.1.1 Imagem e esquema corporal
O esquema corporal está relacionado com o conhecimento corporal e suas
ilimitadas possibilidades de atuação (OLIVEIRA, 1997).
A imagem corporal é como a criança se vê e realiza um confronto com as
outras pessoas. A perturbação do esquema corporal pode comprometer a
imagem corporal, levar a lentidão dos gestos, dificuldade na orientação espaço-
temporal e no desenvolvimento da linguagem.
A criança com baixa visão deverá assimilar os conceitos da imagem e
esquema corporal o mais cedo possível, caso contrário ela terá dificuldades em
se reconhecer e reconhecer o outro, bem como relacionar-se com o mundo que a
rodeia. A criança poderá desenvolver atitudes de insegurança que venha a
dificultar suas relações sociais, afetivas e psicológicas.
2.2.1.2 Lateralidade
Representa a preferência de um lado do corpo em relação ao outro em três
níveis: mão, olho e pé.
Segundo Oliveira (2004), a lateralidade permite a criança relacionar as
coisas existentes em seu meio. Uma criança com a lateralidade definida identifica
os lados direito e esquerdo, em si mesma, nos outros e no espaço que a cerca.
A dificuldade na lateralidade ocasiona má postura, dificuldade na
coordenação motora fina, perturbações afetivas que podem gerar insucessos,
aparecimento de sincenesias e dificuldade de estruturação espacial.
2.2.1.3 Estruturação espacial
É através do espaço e das relações espaciais que a criança irá estabelecer
relações entre os elementos, ver semelhanças, fazer comparações e diferenças.
A deficiência visual interfere no reconhecimento do espaço físico e na
locomoção.
Segundo Meur e Staes (1984) apud Oliveira (1997), definem a estruturação
espacial como construção mental e é realizada por meio dos movimentos,
levando a consciência da situação de seu próprio corpo em um meio ambiente. A
criança com déficit na estruturação espacial tende a confundir posições, esbarrar
em objetos, não associa termos abstratos como direita e esquerda bem como os
termos espaciais, dificuldade em organizar e ordenar objetos.
2.2.1.4 Organização temporal
As primeiras noções de tempo se formam através das experiências
pessoais da criança, que ao realizarem atividades que a agradam, o tempo passa
com maior rapidez e o contrário ocorre com situações indesejadas.
O aprendizado ocorre através da sua vivência, por isso a importância de se
estabelecer uma rotina no seu dia a dia, para então adquirir noção de sequência
(RODRIGUES, 2002).
A criança com baixa visão que apresentar déficit na orientação temporal,
terá dificuldade em situar-se nos acontecimentos do passado, presente e futuro,
prejudicando seu processo de adaptação ao ambiente. Poderá também acarretar
dificuldades no ritmo, equilíbrio, marcha e apresentar confusão na ordenação da
sequencia dos fatos.
2.2.1.5 Equilíbrio
O equilíbrio está associado a três sistemas: o sistema visual que é
controlado pelo cérebro; sistema proprioceptivo responsável por transmitir as
informações dos músculos e articulações para o cérebro; e o sistema vestibular
(labirinto) que informa todos os nossos movimentos. Havendo falha em dos três
sistemas o equilíbrio fica comprometido provocando posturas inadequadas
(BUENO, 2003).
A criança com baixa visão por insegurança costuma separar os pés ao
andar, dando pequenos passos e realizando compensações corporais,
responsáveis pela desorientação corporal e o desequilíbrio. Portanto, necessita
vivenciar atividades que venham a estimular o seu equilíbrio para ajustes
posturais e das posições do corpo em relação aos objetos e ao espaço,
proporcionando-lhe maior segurança e participação em atividades que exigem
movimentos.
2.2.1.6 Cinestesia
Através da cinestesia percebemos os movimentos musculares. Segundo
Coll (1990) apud Brasil (2003) esta percepção nos torna consciente da posição e
do movimento do corpo. Por exemplo, quando se eleva o braço até a altura dos
ombros, o sentido cinestésico nos informa a posição exata do braço e qualquer
movimento executado. Este sentido irá auxiliar a criança com baixa visão na sua
mobilidade, para identificar através de seus movimentos obstáculos presentes em
superfícies, na qual venha percorrer no seu dia a dia.
2.2.1.7 Ritmo
O ritmo está presente desde o nascimento através dos movimentos
instintivos como a respiração, os batimentos cardíacos e também nas
necessidades biológicas como a fome, a sede e o sono. Segundo Lapierre e
Aucouturier (1985) apud Taube (1998), o ritmo aparece de maneira espontânea
no movimento natural, este é vivenciado de maneira instintiva, à medida que o
movimento torna-se consciente, passamos de um ritmo espontâneo à percepção
analítica e simbólica.
Taube (1998) afirma que alguns autores definem o ritmo como percepção e
estruturação num tempo, espaço, ordem e dinâmica. Para a criança com baixa
visão, o ritmo contribui para a melhoria do equilíbrio, agilidade, resistência,
postura e na precisão dos seus movimentos, auxiliando-a na exploração do seu
meio e tornando-se segura e independente, principalmente se vier a necessitar de
exercícios de orientação e mobilidade.
2.2.1.8 Coordenação motora
Coordenação motora é a integração entre a mente e o corpo, gerando
movimentos coordenados através dos músculos, nervos e órgãos, resultando em
uma ação global mais equilibrada e eficiente. Permite a criança dominar seu
corpo no espaço com reações adaptadas a diversas situações e controlando os
movimentos mais bruscos, como correr, pular, girar, pegar, etc.
Em virtude da deficiência visual, essas crianças tendem a ter uma evolução
mais lenta. Segundo Bueno (2003), a criança cega não tem a motivação de
explorar o ambiente e alcançar objetos. Prefere atividades passivas ou ser guiada
para realizar qualquer atividade motora que possa conectá-la ao espaço.
Desta forma, também a criança com baixa visão, se não for
adequadamente estimulada e orientada, apresentará um comportamento passivo
e sem reação frente aos desafios que lhe são apresentados.
2.3 EDUCAÇÃO PSICOMOTORA
2.3.1 Conceito
Para Galvão (1995), a psicomotricidade pode ser vista como a ciência que
apresenta como objeto de estudo o homem, que por meio do seu corpo em
movimento relaciona-se com seu mundo interno e externo através de um
processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas,
afetivas e orgânicas.
A psicomotricidade apresenta diferentes programas de intervenção como a
estimulação, educação, reeducação e terapia psicomotora. Para esta produção
didático-pedagógica foi escolhida a educação psicomotora.
Segundo Le Bouch:
A educação psicomotora concerne uma formação de base indispensável a toda criança que seja normal ou com problemas. Responde a uma dupla finalidade: assegurar o desenvolvimento funcional tendo em conta a possibilidade da criança ajudar sua afetividade a expandir-se e a equilibrar-se através do intercambio com o ambiente humano. (LE BOUCH, 2001, p.13)
A educação psicomotora tem como finalidade desenvolver a criança em
sua totalidade. Ela é a base para o processo intelectual e tem o seu corpo como
ponto de referência que, através das suas experiências concretas irá internalizar
as ações cognitivas, afetivas e os movimentos.
Durante o processo de aprendizagem da criança, a educação psicomotora
é fundamental para adquirir boa coordenação motora que auxiliará no equilíbrio,
controle muscular, estruturação espacial, orientação temporal, esquema corporal,
atenção, memória e percepção visual.
2.3.2 A Educação psicomotora para crianças com baixa visão
No período de zero a dois anos, o sistema visual através dos movimentos
oculares faz com que a criança movimente a cabeça e o corpo para a busca de
objetos, pessoas e luzes. Para a criança com baixa visão, estas buscas estão
diminuídas, limitando a sua experiência sensório-motora e prejudicando a
movimentação espontânea para exploração visual do ambiente, criando
insegurança nos seus movimentos posturais e deslocamento no espaço.
(BRUNO, 1993).
Os movimentos nos primeiros anos de vida são fundamentais ao
desenvolvimento pleno da criança. A criança com baixa visão fica restrita em seus
movimentos e não tem domínio do espaço a sua volta. Se não for educada e
estimulada precocemente tende a ser uma criança apática e insegura,
principalmente fora do seu ambiente. (BRUNO, 1993)
A criança com perda visual grave necessita de um tempo maior para
adquirir habilidades básicas que favoreçam sua relação com o ambiente, e assim
promover seu aprendizado e sua independência.
Os conceitos formados por pessoas com deficiência visual diferem
qualitativamente dos conceitos construídos com base em experiências visuais. Se
isto não for considerado e compreendido, a criança com baixa visão poderá
repetir de forma automática o que ela ouve sem atribuir sentido e significado.
Portanto, a deficiência visual não gera dificuldades cognitivas e nem prejudica a
formação dos conceitos mas, pode sim impedir a criança de elaborar e
desenvolver a representação de uma ação ou um objeto pelo pensamento,
decorrente da falta de experiências enriquecedoras que possibilitem essa
construção (BRASIL, 2010).
No intuito de prevenir e amenizar atrasos no desenvolvimento psicomotor
da criança com baixa visão, a educação psicomotora deve ser iniciada assim que
for diagnosticada a deficiência visual, pois o período sensório-motor (zero a dois
anos) é de grande importância para o desenvolvimento cognitivo e diante das
experiências vividas neste período irá proporcionar relações entre as suas ações
e os objetos entre si.
Em consequência do problema visual, a criança tem escassas as
oportunidades de obter informação através do sentido da visão. Por este motivo,
a intervenção precoce se faz necessária e deve ser ressaltada no programa da
educação psicomotora à área cognitiva que compõe requisitos, entre os quais se
destacam:
Linguagem: a aquisição da linguagem é determinante para a compreensão de
mundo e envolve a afetividade e a socialização. Para a criança com deficiência
visual, a fonte de compensação em relação às limitações biológicas é mediada
pela linguagem, memória e atenção; adquiridas através de experiências
significativas, contextualizadas, vividas, internalizadas e estruturadas no período
sensório-motor. De acordo com Vygotsky (2010), o desenvolvimento da
linguagem inicia-se através da aquisição de experiências significativas do
comportamento verbal simbólico somado a ação através da utilização inteligível
dos objetos, da organização espacial significativa dos brinquedos que permitem a
descoberta da realidade e, consequentemente, a aquisição da linguagem.
Percepção: Normalmente as crianças com deficiência visual adquirem seu
conhecimento através de experiências que não incluem o uso da visão, porém,
faz-se necessário que lhes sejam oferecidas oportunidades para desenvolver os
sentidos remanescentes, como a percepção auditiva, tato e olfato. A percepção
auditiva possibilita a criança com deficiência visual a interpretar no ambiente
diversos tipos de sons que venha a ajudá-la na sua orientação. Para isto, a
criança deve ser treinada a identificar os sons desde pequena, já que o ouvido é
considerado o principal órgão sensorial à longa distância e é extremamente
importante, principalmente para as pessoas com deficiência visual. O tato é um
sistema sensorial que possibilita a obtenção de informações diversas sobre
espessuras, densidades, tamanhos, formas e classificações de diversos
materiais. A criança com deficiência visual utiliza o tato para o reconhecimento de
objetos de forma gradual, ou seja, por partes para sequencialmente formar a ideia
do todo e podendo transformar estes em pontos de referência. O olfato envolve a
capacidade de distinguir odores que pode auxiliar na orientação, reconhecimento
e localização de ambientes como: jardins, cozinha, banheiro e até mesmo para a
localização na rua. A criança com deficiência visual, desde pequena deve ser
estimulada a reconhecer diversos odores para treinar a discriminação dos
mesmos (BRASIL, 2003).
Atenção: Segundo Luria (1991), a atenção é o processo que mantém uma severa
vigilância sobre o curso preciso e organizado da atividade mental. Ela é um pré-
requisito para adquirir o conhecimento, pois é a atenção que seleciona e organiza
as informações provenientes do meio. A atenção age de duas maneiras: a
involuntária que é inata na criança, ela não depende do seu esforço, ocorre
através de interferências do meio; e a voluntária na qual é selecionado aquilo que
lhe parece interessante. Como a atenção voluntária é treinada, a criança com
deficiência visual deve estimulada a ampliar seu estado de atenção seletiva por
meio de nomeação e ordenação das ações.
Memória: Para que a criança exerça a ação de pensar, a memória deve ser
considerada como uma aliada que venha a favorecer lembranças concretas, e
assim chegar a um nível de abstração do objeto. A memória da criança com baixa
visão está respaldada através das informações táteis, auditivas e olfativas, e de
suas ações corporais. Segundo Luria (1991), cabe à memória a função de
receber, analisar e armazenar informações através dos aspectos perceptivos à
criança. Para Bueno (2003), ver, ouvir e tocar corretamente são aspectos que
requerem aprendizagem espontânea ou intencional na idade mais precoce
possível.
Para a criança cega ou com baixa visão, a educação psicomotora é
semelhante ao da criança vidente. No entanto, deve ser considerado as
especificidades de cada uma, respeitando o tempo de desenvolvimento para a
aquisição da aprendizagem.
Na criança com baixa visão, há um resíduo visual na qual deve ser
estimulado para que haja uma otimização na sua utilização, pois mesmo restando
um resquício visual dificilmente terá um conceito adequado dos objetos.
Segundo Le Bouch (2001), o objetivo inicial da educação psicomotora é
permitir à criança a vivência em um corpo disponível, levando a um bem-estar e
uma harmonia de seus movimentos.
A educação psicomotora proporcionará o aprendizado, que através das
suas experiências, a criança irá recolher informações, identificá-las e interpretá-
las, afim que estas possam ser interiorizadas por ela.
Esta intervenção irá beneficiá-la em vários aspectos:
A imagem corporal ajudará para a formação da sua personalidade,
pois é através da consciência do seu corpo e da sua forma de agir
que irá internalizar suas experiências, passando a perceber através
do corpo as coisas que a cercam (LE BOULCH, 2001).
O esquema corporal depende da organização corporal vivenciada por
ela e será internalizada em virtude de uma tomada de consciência de
seu corpo, pois este se forma por intermédio da sua construção
mental que é estimulada por meio das suas ações, através do uso
que faz do seu corpo (LE BOULCH, 2001).
A estruturação espacial irá beneficiar para o processo de adaptação
da criança ao ambiente, pois é por meio do espaço e das relações
espaciais que se estabelecem as relações entre os objetos. Dessa
forma são realizadas observações, comparações, semelhanças e
diferenças entre eles levando aos conceitos destes objetos. A
estruturação espacial não nasce com o indivíduo, é uma construção
mental dos movimentos da criança em relação aos objetos que estão
em seu meio (BUENO, 2003).
A lateralidade irá auxiliar a criança a ser capaz de diferenciar os dois
lados de seu eixo corporal, e através deste conhecimento serão
formados os conceitos de direita e esquerda (BUENO, 2003).
A cinestesia fará com que tenha consciência de sua posição e
movimentação no espaço, e será capacitado a compreender a
localização das extremidades do seu corpo nesse mesmo espaço
sem a utilização do controle visual. Além disso, a criança conseguirá
identificar a força dos seus movimentos e a resistência que se opõe
aos mesmos (BRASIL, 2003).
A educação psicomotora tem um papel fundamental para o
desenvolvimento do equilíbrio, pois este é um dos componentes mais
importantes para motricidade da criança, já que é através dele que o
corpo se mantém parado de modo estável ou em movimento,
permitindo ajustes posturais, que farão com que a criança tenha
segurança para andar, correr, pular, saltar, entre outros. (BUENO,
2003).
O ritmo, contribui para a aquisição do sentido rítmico, adaptação do
ouvido a compassos e ritmos diferentes, a conservação de um
determinado ritmo com o corpo e a voz, memorização e reprodução
de um determinado som, identificação dos tempos fortes e fracos,
verbalização do ritmo mediante palavras e promoção do controle dos
movimentos, regularizando o gesto impulsivo e coordenando-o.
2.4. PARTICIPAÇÃO FAMILIAR NA EDUCAÇÃO PSICOMOTORA
O nascimento de uma criança deficiente visual gera culpa, medo e
ansiedade. Inicialmente, os pais tem um sentimento de negação sobre a
deficiência, para depois sentirem revolta, depressão, rejeição e aceitação.
Muitas dúvidas são levantadas sobre o futuro da criança e como interagir
e interferir no seu desenvolvimento. A família não está preparada para lidar com
seus sentimentos e com a criança deficiente.
Existem fatores ambientais que podem influenciar no desenvolvimento
psicomotor de crianças com baixa visão, como a proteção excessiva da família
que limita as suas experiências. Outras vivenciam problemas decorrentes da
descrença de seus pais em relação às suas capacidades, abreviando assim as
oportunidades que lhes são propiciadas. A própria falta de informação sobre a
deficiência ou as condições sociais podem interferir no seu desenvolvimento
(BRUNO, 1990).
Dessa forma, a família deve ser orientada para perceber que a criança
cumprirá o mesmo percurso das outras crianças, mesmo com diferenças
significativas no seu desenvolvimento e que somente com a participação e o
envolvimento familiar a criança se desenvolverá plenamente.
Segundo Fuente apud Bueno (2003), durante os três primeiros anos de
vida, a influência dos pais é decisiva para o desenvolvimento integral da criança
com deficiência visual. No entanto, a família deve conhecer a forma como a
criança se desenvolve e como ela responde frente aos desafios que lhes são
propostos. Com este envolvimento proporcionarão condições para que a criança
se torne mais segura e independente.
3.OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Verificar o conhecimento dos pais de crianças com baixa visão sobre o
processo de desenvolvimento psicomotor de seu filho, com idade de 0 a 3 anos.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Verificar o conhecimento dos pais sobre as formas de interação e
comunicação de seu filho;
Verificar o conhecimento dos pais sobre as atividades preferidas de seu
filho;
Verificar as principais preocupações dos pais sobre o desenvolvimento
psicomotor de seu filho;
Verificar os principais desejos e expectativas dos pais sobre o
desenvolvimento psicomotor de seu filho.
4. ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO
Esta Unidade Didática tem seu objeto de ação na Escola com pais de
alunos com baixa visão, matriculados no Centro de Atendimento Especializado
para Deficientes Visuais – CAEDV, localizado nas dependências do Colégio
Estadual Humberto de Alencar Castelo Branco – Ensinos Fundamental e Médio,
situado na cidade de Cascavel.
Participarão do estudo pais e crianças com baixa visão. Como critérios de
inclusão, crianças de 0 a 3 anos, de ambos os sexos, matriculados no CAEDV do
Colégio Estadual Castelo Branco.
Em relação aos critérios de exclusão estão: crianças com faixa etária acima
de 3 anos e cuja patologia ocular não interfira no seu desenvolvimento global.
A primeira etapa do trabalho será a entrevista com os pais das crianças
com baixa visão. Os pais responderão dois questionários, sendo o primeiro para a
verificação das idades materna e paterna e da situação socioeconômica que será
realizado no primeiro encontro. O segundo questionário com perguntas fechadas
para identificar, registrar e avaliar as dificuldades encontradas pela família com
relação às necessidades específicas para o desenvolvimento da criança com
deficiência visual, dando ênfase à educação psicomotora, este será respondido
pelos pais em sua residência, pois haverá a necessidade de observação de seu
filho. Os instrumentos foram extraídos do livro “Avaliação Educacional de Alunos
com Baixa Visão e Múltipla Deficiência na Educação Infantil” de Garcia Bruno
(2009) e do livro “O Inventário Portage Operacionalizado: Intervenção com
Famílias” de Albuquerque Willians e Rossito Aiello (2001) (Anexos A e B).
Após este primeiro contato será feita uma análise de como as famílias
desses alunos percebem, compreendem e lidam com a deficiência de seu filho e
qual a projeção que elas têm sobre o futuro deles.
Os questionários serão aplicados no 1º bimestre do ano de 2014,
totalizando 6 horas. Após a análise dos dados, pretende-se propiciar aos pais
oportunidades e condições de ampliação de conhecimentos que venham a
favorecer um ambiente rico em estímulos, onde a criança irá conhecer e viver
novas experiências.
Esta ampliação de conhecimentos será através de encontros com a
presença dos pais e das crianças, através de quatro encontros mensais de duas
horas de duração para cada aluno, totalizando 72 horas, durante três meses, no
período de março a abril de 2014.
Além disso, será realizada a construção de um Manual que orientará os
pais no desenvolvimento motor, cognitivo e afetivo da criança de baixa visão de 0
a 3 anos. Constará neste material a evolução de cada etapa e formas de
desenvolver brincadeiras e materiais que podem ser utilizados e adaptados.
5. DESENVOLVIMENTO DA UNIDADE DIDÁTICA
Esta unidade didática totalizará 71h/aula, sendo 32 h/aulas destinadas para
a preparação dos materiais e leituras da unidade, e 39 h/aulas divididas em 5
etapas para serem trabalhadas individualmente com as crianças de baixa visão
juntamente com seus pais.
Etapa 1- Entrevista com os pais para obter informações da família, conhecer suas
dúvidas e expectativas em relação aos atendimentos, avaliação das prioridades
da criança e da família. Nesse momento, poderá ser observado a qualidade de
interação sócio-afetiva da família com relação a seu filho com baixa visão.
Totalizando 3 horas.
Etapa 2 – Realizar uma avaliação funcional da visão utilizando o laudo médico,
para observar seu desempenho visual e compreender o seu nível de consciência
visual, a forma como recebe essas informações e como ela utiliza a visão diante
dos estímulos ofertados. Fazer também uma avaliação das funções sensório-
motoras, da comunicação e da relação sócio-afetiva. Através destas observações,
verificar como a criança interage com o meio e como ela processa este
conhecimento. Para estas avaliações serão utilizados dois atendimentos, e
durante o processo deverá ser feito intervenções sempre que necessário. Outro
ponto a ser ressaltado, é que durante o atendimento deverá ser explicado a
função dos exercícios e a importância da criança vivenciar através dos seus
movimentos. Totalizando 9 horas.
Etapa 3 - Iniciar o atendimento motivando o diálogo corporal, o toque e a
verbalização entre mãe e filho. Ajudar a mãe a realizar formas de trocas afetivas
no momento de brincar, passear, tomar banho, vestir e alimentar. Sempre que a
criança conseguir desenvolver as atividades, deverá ser elogiadas com palavras,
palmas e toque carinhoso. Serão realizadas atividades que permitem a
estimulação corporal através de diferentes posições, ajudar a criança a tocar seu
próprio corpo, promover brincadeiras com texturas diferentes em diversas partes
do corpo. Havendo resíduos visuais, a criança deverá ser estimulada a realizar
atividades com luzes, brilhos e objetos em movimento. Propor atividades que
venham a praticar em casa oferecendo um ambiente agradável, variando a luz do
ambiente e colocando músicas suaves. Totalizando 9 horas.
Etapa 4 – Neste momento trabalhar exercícios sensório-motores que venham a
fortalecer a musculatura do pescoço, desenvolvendo o controle cefálico. Para os
bebês, realizar atividades em decúbito prono em supino e sempre estimulando o
visual junto. Utilizar também estímulos sonoros provocando a busca auditiva, pois
esta é uma habilidade na qual vai ser adquirida através de exercícios. Variar os
sons para que a criança consiga identificar mais tarde. Realizar sons com o corpo,
como: bater palmas, estalar a língua, soltar beijos e outros. Totalizando 9 horas.
Figuras:Fonte: http://portal.mec.gov.br
Etapa 5 - Oportunizar atividades que venham a favorecer a movimentação
espontânea da criança. É necessário ajudá-la a organizar motoramente as partes
do corpo, permitindo conhecimento e vivência com o corpo. Desenvolver a
sensibilidade tátil e o uso das mãos através do toque, de exercícios de soltar,
puxar, apalpar e agarrar, pois além de estar desenvolvendo a coordenação viso-
motora, ela estará sendo preparada para realizar o movimento de conduta de
preensão, pois essas ações integradas irão ajudá-la no sentar, rastejar,
engatinhar, no equilíbrio e depois no seu deslocamento no espaço. A construção
da noção do espaço e da permanência do objeto vai depender das suas vivências
corporais. Importante também é a família estipular uma ordenação das atividades
no dia a dia, como tomar banho; hora de dormir; de brincar e outros para que a
criança tenha condições de estruturar noções temporais. Totalizando 9 horas.
Figuras: Fonte: http://portal.mec.gov.br
Lembrando que em todos os atendimentos será sugerido aos pais formas
de adaptar materiais para que possam estimular a criança com mais criatividade.
É importante frisar que temos que respeitar o tempo de cada criança, visto
que a criança com dificuldade visual necessita de muito mais atenção e
concentração para poder compreender os estímulos que lhe são ofertados, por
isso cansam mais.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Documento de salas multifuncionais. Brasília, 2006. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Orientação e Mobilidade: Conhecimentos básicos para a inclusão da pessoa com deficiência visual. Brasília: MEC, SEESP, 2003. BRASIL. Saberes e práticas da inclusão : desenvolvendo competências para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos cegos e de alunos com baixa visão. [2. ed.] / coordenação geral SEESP/MEC. Brasília: MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006. BRUNO, M. M. G. O Desenvolvimento Integral do Portador de Deficiência Visual. São Paulo: Newswork, 1993. BRUNO, M. M. G. Avaliação Educacional de Alunos com Baixa Visão e Múltipla Deficiência na Educação Infantil. UFGD, 2009. BUENO, S. T. Motricidade e Deficiência Visual In: Deficiência Visual : aspectos psicoevolutivos e educativos. São Paulo: Santos, 2003. GALVÃO, I. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. Petrópolis, RJ: Vozes, 1995. HOFFMAN, S. L. G. Disponível em: <http://www.neuropt.org/docs/vsig-portuguese-pt-fact-sheets/how-balance-system-works-como-o-sistema- responsavel.pdf?sfvrsn=2>. Acesso em: 30/10/2013. IBC. Instituto Benjamin Constant. Coordenação de Jonir Bechara. Desenvolvido pela Acessibilidade Brasil, 2005. Disponível em <http://www.ibcnet.org.br/Paginas/Cegueira/Artigo_07.htm>. LAPIÉRRE, A. & AUCOUTURIER, B. Fantasmas corporais e práticas psicomotoras. São Paulo: Ed. Manole, 1984.
LE BOULCH, J. Educação Psicomotora: psicocinética na idade escolar. Porto Alegre: Artes Médicas, 1987. LE BOULCH, Jean. O Desenvolvimento psicomotor: do nascimento aos seis anos. 7ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2001. LURIA, A. R. Curso de Psicologia Geral. 2ª ed. v. I. Tradução de Paulo Bezerra. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1991. MARTIN, M. B.; BUENO, S. Deficiência Visual: Aspectos Psicoevolutivos e Educativos. São Paulo: Livraria Santos Editora, 2003. MEUR, A. & STAES, L. Psicomotricidade: Educação e Reeducação. São Paulo: Ed. Manole, 1984. OLIVEIRA, G. de C. Psicomotricidade: educação e educação num enfoque psicopedagógico. Petrópolis: Vozes, 1997. RODRIGUES, M. R. C. Estimulação precoce: A contribuição da psicomotricidade na intervenção fisioterápica como prevenção de atrasos motores na criança cega congênita nos dois primeiros anos de vida. Revista Benjamin Constant, Rio de Janeiro, ano 8, n. 21, p. 15-16, maio 2002. Disponível em: Nossos_meios_RBC_RevAbril2002_Artigo_2. Acesso em 27/09/2013.espaço temporal TAUBE, M. L. Estudo qualitativo do desenvolvimento da capacidade rítmica da criança. Revista Movimento. V. 5 . Nº 9, 1998. VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. 2ª Ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989. VIGOTSKI, L.S.. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores, São Paulo: Martis Fontes, 2010
WILLIANS, L. C. de A.; AIELLO, A. L. R. O Inventário Portage Operacionalizado: Intervenção com a Família. São Paulo: Memnon, 2001.
ANEXO A - FORMULARIO PARA ENTREVISTA COM PAIS DE ALUNOS DO
CAEDV (CENTRO DE ATENDIMENTO AO DEFICIENTE VISUAL), DO
COLEGIO CASTELO BRANCO.
I. Identificação
1. Nome da criança: ________________________________________________Sexo (F) (M)
Data de nascimento:___________________________ Natural de:_____________________
Endereço:______________________________________Bairro: _______________________
Cidade:_________________________Fone:_______________________________________
Escola/CMEI:________________________________________________________________
1.1 Quais são os atendimentos especializados que o aluno já frequenta( fisioterapia,
fonoaudiologia, etc)
_____________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________
1.2 Antecedentes históricos:
Parentesco entre os pais:_______________________________________________
Abortos (naturais ou provocados):________________________________________
Filhos falecidos:______________________________________________________
Posição da criança na família:___________________________________________
A gravidez foi desejada:________________________________________________
Como se desenvolveu a gestação teve vomito, hemorragia, ameaças de aborto,
enfermidades da mãe, raio x ...). Fez pré-natal?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Parto ( normal,fórceps, cesariana, muito rápido, demorado, o bebe chorou logo, necessitou
de incubadora ou oxigênio...)?
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
Observações
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
2. Dados do pai:
Nome:________________________________________Data de nascimento:____________
Profissão:__________________________________________Salário: _________________
Local de trabalho:____________________________________________________________
Nível de Instrução:
( ) Analfabeto/ ensino fundamental até a 4° série incompleto
( ) Fundamental até a 4° série completo/fundamental até a 8° série incompleto
( ) Fundamental até a 8° série completo/ensino médio incompleto
( ) Ensino médio completo/superior incompleto
( ) Ensino superior completo 3. Dados da mãe:
Nome:________________________________________Data de nascimento:____________
Profissão:__________________________________________Salário: __________________
Local de trabalho:____________________________________________________________
Nível de Instrução:
( ) Analfabeto/ ensino fundamental até a 4° série incompleto
( ) Fundamental até a 4° série completo/fundamental até a 8° série incompleto
( ) Fundamental até a 8° série completo/ensino médio incompleto
( ) Ensino médio completo/superior incompleto
( ) Ensino superior completo
4. Composição familiar ( residentes na casa ):
Nome Idade Sexo Estado
Civil
Grau de
parentesco
Instrução Local de trabalho
4.1. Qual rendimento médio familiar mensal?
( ) até 2 salários mínimos
( ) até 3 salários mínimos
( ) até 4 salários mínimos
( ) até 5 salários mínimos
( ) mais de 5 salários mínimos 5. Habitação: ( ) casa própria ( ) alugada ( ) cedida
5.1. Tipo de construção
( ) alvenaria ( ) madeira ( )chão batido
5.2. Numero de dependências ( total )_______________________________________________
Quantos: ( ) quarto ( ) banheiro
5.3 Quantos itens abaixo existem na sua casa?
Itens Pontuação
nenhum 1 2 3 4 ou +
Tv a cores
Radio
Automóvel
Aspirador de pó
Geladeira
Maquina de lavar
Freezer
DVD
Microcomputador
Forno microondas
6. Os pais
6.1 Preocupações Muita Pouca Nenhuma
Dificuldade do filho em comunicar o que sente e deseja
Como será recebido na escola
Interação com as outras crianças
Integração social
Dificuldade na escola
A escola não sabe lidar com a criança com deficiência
Na escola não há material adaptado
A professora não recebe orientações para trabalhar com
esta criança
Que o filho enxergue melhor
Preocupação com o futuro
Acessibilidade
Receio de deixar o filho com outras pessoas
6.2 Desejos e expectativas Muita Pouca Nenhuma
Comunicar-se mais
Ser feliz
Ser independente
Ter amigos
Incluir na escola e comunidade
Andar
Falar
Brincar como as outras crianças
Brincar com outras crianças
Aprender
Usar óculos para ver melhor
Prescrição de recursos ópticos especiais
Responsável pelos dados da entrevista _________________________________________________________
Professora responsável pela entrevista______________________________________________
ANEXO B - FORMULARIO PARA ENTREVISTA COM OS PAIS
ALUNO (A):__________________________________________________IDADE:___________
1. A CRIANÇA
1.1 Como e seu filho (a)? Muito Regular Pouco Observação
Feliz
Alegre
Tranquilo
Agitado
Irritado
Humor inconstante
Nervoso
Chorão
Desligado
Atento
Interessado
Desinteressado
Comunicativo
Participativo ™
Brincalhão
Independente
Dependente
1.2 Interação e relação Ótima Boa Regular Ruim Observação
Interação com adultos
Interação com crianças
Interação com objetos
Manipulação do objeto
Exploração do objeto
Busca ativa do objeto
1.3 Interação, comunicação e linguagem Muito Regular Pouco Observação
Fala
Vocalizações
Sorriso
Olhar
Gesto manual
Movimento do corpo
Choro
Grito
Mostra reação a presença e voz familiares
Aceita contato físico, toque, beijo
Busca contato visual ou físico
Reconhece pessoas familiares
Identifica pessoas estranhas
Mostra-se bem humorado, irritado, chorão
Manifesta intenção comunicativa: olhar, sorriso,
gestos, movimentos
Tenta expressar-se com sons, grito, choro, palavras
Tolera situações novas e frustrações
Indica com gestos que reconhece objetos
Imita jogos vocais, de expressões e ritmos
Responde ao nome
Responde a gestos e sinais (bate palma, da tchau,
beijos)
Brinca de esconde-esconde
Compreende e atende comunicação familiar: oi, da,
não, vamos
Utiliza silabas, palavras e frases significativas
Compreende ordens simples e complexas
Nomeia a si próprio, familiares e colegas
Utiliza a linguagem para expressar ideias,
sentimentos, desejos e necessidades
Conta historia
Descreve fatos e cenas
Utiliza argumentos
Inicia dialogo espontaneamente
Compreende linguagem figurada
Nomeia pessoas e objetos
Nomeia as partes do corpo
Nomeia figuras
Nomeia ações e função de objetos
Imita situações vividas na presença do
modelo(nanar, dar banho)
Brinca de faz de conta: telefona, faz comida
Agrupa objetos por semelhança e diferenças
Percebe semelhanças e diferenças nos objetos,
reconhecendo propriedades: cheio, vazio, grande,
pequeno
Realiza construções, ordenando por tamanho, cor,
forma e diferenças
Classifica e relaciona objetos por uso e função
Classifica e seria formas por: cor, textura, tamanho,
comprimento, espessura
Relaciona parte todo em objetos e figuras ( quebra-
cabeça)
Compreende e organiza sequencia temporal em
ações e figuras
Conta com sequencia uma historia
1.4 Atividades e brincadeiras Muito Regular Pouco Observação
Brincar com pessoas
Brincar com objetos
Brincadeira imitativa
Brincadeira de faz de conta
Jogos de encaixe
Jogos de construção
Jogos de quebra-cabeça
Passear
Conversar
Cantar
Ouvir musica
Ouvir historia
Ver tv
Ficar deitado
Colocar objetos na boca
Brincar com movimentos repetitivos
Fazer barulho com brinquedos
Jogar objetos no chão
Pular
Correr
Nadar
Ver figuras
Ver livros
Folhear livros e revistas
Modelar
Pintar
Desenhar
Escrever
1.5 Atividades que não gosta Muito Regular Pouco Observação
Dormir
Comer
Tomar banho
Vestir-se
Escovar os dentes
Pentear o cabelo
Festa
Grito
Ruídos inusitados
Ruídos fortes
Ajudar a guardar os pertences
Obedecer
Mover-se
Andar
Ir a escola
Novas atividades
1.6 Habilidade sensório- motora Sim Não Observação
A) Organização postural e movimentos
Mantém a cabeça em linha media
Controla o tronco
Movimenta-se e rola espontaneamente
Senta-se sozinho
Realiza flexão e extensão dos membros inferiores e
superiores
Desloca-se e muda de posição
Fica em pe sozinho
Anda
Pula e corre
Sobe e desce escada
B) Uso funcional das mãos e esquema
de ação
Abre e fecha as mãos
Agarra e solta objetos
Mantém preensão palmar (palmar, pinça, radial)
Realiza flexões de cotovelos, pulso, dedos
Usa indicador para apontar objetos
Manipula ativamente os objetos
Come com as mãos
Utiliza caneca, garfo e colher
Manipula massa, separa, junta
C)Coordenação dos esquemas e
experimentação ativa
Realiza o alcance dirigido do dedo(visual, auditivo
ou tatilmente)
Busca objetos perdidos
Explora objetos com as duas mãos
Puxa,sacode,agita, bate e joga objetos
Tira e põe objetos de caixa
Combina esquemas para atingir fim( puxa o cordão
para pegar um objeto)
Abre e fecha potes, garrafas
Empilha e encaixa objetos
AVALIAÇÃO FUNCIONAL DE HABILIDADES VISUAIS E NECESSIDADES EDUCACIONAIS
ESPECIAIS
Função
Habilidades
Atividades
Sim
Não
Observação
Nív
el l
Fu
nção v
isual B
ásic
a
Sensibilidade a contraste
Reação ao movimento, vulto, pessoas e
objetos
a luz
as cores
a forma
ao rosto
Mantém contato visual
Olhar: atento, desligado, distante, fuga
Nív
el ll
Vis
o -
Perc
eptivo
Esfera Visual (distancia em cm ou metro)
Posição ocular: simétrica ou assimétrica
Orienta cabeça e olhos: a luz, pessoas e
objetos
Focalização: flutuante, rastreada ou
dirigida
Fixação: mantém, rastreada ou fugaz
Seguimento com a cabeça e olhos: a luz,
movimento, rosto e objetos
Coordenação: olho-mão/ olho-objeto
Muda o olhar entre dois objetos ou mais
Explora o ambiente visualmente
Localiza pessoas/objetos no espaço
Procura objeto fora do campo visual
Movimenta-se com o corpo no espaço
Desloca-se com o corpo no espaço
Localiza e desvia de obstáculos
Seleciona objetos no espaço
Utiliza referencias no espaço
Niv
el lll
Vis
o -
Perc
eptivo
Reconhece objetos familiares/ não
familiares
Identifica objetos agrupados
Explora e analisa objetos visualmente
Cores: discrimina, associa e nomeia
Reconhece sua imagem no espelho e fotos
Identifica rostos e fotos familiares
Decodifica gestos e expressões/ imita
Decodifica objetos por uso e função
Discrimina figuras simples e complexas
Identifica detalhes em objetos e figuras
Decodifica figuras separadas ou agrupadas
Descreve características e semelhanças
em objetos/ figura
Estabelece relações visuais(reconhece
lugares)
Identifica ações, descreve e interpreta
cenas
Os pais
2.1 Preocupações Muita Pouca Nenhuma
Dificuldade do filho em comunicar o que sente e deseja
Como será recebido na escola
Interação com as outras crianças
Integração social
Dificuldade na escola
A escola não sabe lidar com a criança com deficiencia
Na escola não há material adaptado
A professora não recebe orientações para trabalhar com esta criança
Que o filho enxergue melhor
Preocupação com o futuro
Acessibilidade
Receio de deixar o filho com outras pessoas
2.1 Desejos e expectativas Muita Pouca Nenhuma
Comunicar-se mais
Ser feliz
Ser independente
Ter amigos
Incluir na escola e comunidade
Andar
Falar
Brincar como as outras crianças
Brincar com outras crianças
Aprender
Usar óculos para ver melhor
Prescrição de recursos ópticos especiais
1.4 Interesse por objetos Muito Regular Pouco
Sonoros
Táteis
Com alto contraste
Brilho
Iluminados
Cores brilhantes
Multi-sensoriais
1.5 Reconhece pessoas pela Frequentemente Às vezes Nunca
Visão
Voz
Cheiro
Toque
1.6 Reconhece objetos pela Frequentemente Às vezes Nunca
Visão
Tato
Barulho
Cheiro