OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA …...através de questionários, palestras, visitas e...
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Versão On-line ISBN 978-85-8015-075-9Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
PARANÁ GOVERNO DO ESTADO
1. FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA TURMA – PDE/2013
Título Modelagem Matemática da Produção e da Geração de Renda para o Sustento Familiar
Autor Cimara de Godoy Bueno
Disciplina/Área Matemática/Matemática
Escola de Implementação
do Projeto e sua
Localização
Colégio Estadual do Campo José Martí – Ensino
Fundamental e Médio.
Assentamento 8 de Abril.
Município da Escola Jardim Alegre – Paraná
Núcleo Regional de
Educação
Ivaiporã – Paraná
Professor Orientador Prof. Dr. Paulo Laerte Natti
Instituição de Ensino
Superior
Universidade Estadual de Londrina – UEL
Relação Interdisciplinar Disciplina de Arte, Português e Geografia.
Resumo O referido projeto de intervenção pedagógica tem
como objetivo propiciar oportunidades de
aprendizagem através de uma metodologia nova,
a Modelagem Matemática e a Etnomatemática,
que partem da realidade do educando,
aproximando o conhecimento científico com o
conhecimento do cotidiano, proporcionando
assim a possibilidade da transformação da vida
no campo. Esse trabalho será realizado com
educandos do 7º ano e tem por objetivo trabalhar
as operações básicas: porcentagens, lucros,
tabelas e gráficos. Neste processo pretendem-se
através de questionários, palestras, visitas e
cálculos matemáticos envolver o educando no
processo de ensino e aprendizagem,
despertando nos educandos a curiosidade em
relação a forma como a matemática contribui
para a compreensão da realidade do campo.
Palavras-chave Modelagem Matemática. Agricultura Familiar.
Ensino Aprendizagem. Cálculos Matemáticos.
Formato do Material
Didático
Unidade Didática
Público Alvo Alunos do 7º ano do Ensino Fundamental
2. APRESENTAÇÃO
Esta proposta tem como finalidade resgatar de forma concreta o processo de
ensino e aprendizagem para que assim, atenda as reais necessidades do educando
que é aprender com significado.
Não são os conteúdos ensinados na escola que estão errados ou que sejam
desnecessários, mas é necessário descobrir novas metodologias e estratégias que
apresentem esses conteúdos de forma mais interessante, que perpassem a
realidade do educando e através desse processo haja transformação. Assim,
pretende-se que esses conteúdos matemáticos contribuam para a formação humana
de forma mais consistente, produzindo conhecimento que refletirá na contribuição
para a transformação da realidade.
Neste contexto, a Produção didática pedagógica que ora apresentamos tem
como um dos principais recursos epistemológicos a Modelagem Matemática, uma
ferramenta pedagógica que busca ensinar os conteúdos, mas que esses conteúdos
possam contribuir para explicações dos fenômenos naturais e sociais do cotidiano
dos educandos.
A problemática a ser estudada é a produção de renda na agricultura familiar.
Será estudada a dinâmica da vida no campo e prática na agricultura, desde a
produção, beneficiamento e comercialização, até como se produz a existência e a
sustentabilidade da propriedade. Também serão discutidas as possíveis fontes de
renda e a problematizando da produção de riqueza nas diversas atividades agrícolas
das famílias dos educandos. Dessa forma, por meio da Modelagem Matemática será
possível questionar e problematizar aspectos em torno dos conceitos de auto
sustento, auto consumo e sustentabilidade no contexto da produção agrícola dos
educandos e seus familiares. Este trabalho se atenta na possibilidade de contribuir e
apontar necessidades de planejamento, organização, aplicação do conhecimento,
incentivando a participação dos educandos nesse processo valorizando e
otimizando o trabalho no campo. Esta Produção Didática Pedagógica se caracteriza
no formato de Unidade Didática, que será aplicado no 7º ano do Ensino
Fundamental do Colégio Estadual do Campo José Martí – Ensino Fundamental e
Médio, no Assentamento 8 de Abril, Jardim Alegre – Pr.
A Modelagem Matemática da produção e de geração de renda para o
sustento familiar possibilitará a aquisição de conhecimentos dentro de um processo
que parte do interesse do educando, que é melhoria de vida no campo. Os
conteúdos matemáticos irão ao encontro das questões apontadas da seguinte
forma:
Visando a sustentabilidade, buscando nos cálculos matemáticos indicativos para
as soluções dos problemas do sistema de trabalho na produção de renda.
Fazendo levantamento de dados, hipóteses, situações-problemas com dados
reais do dia-a-dia, possibilitando resolver problemas vivenciados pelos educandos.
Trabalhar lucros, porcentagens, operações básicas, gráficos, tornando a
matemática viva, não estanque e que não leva a nada, mas que se relaciona com
outras questões, inclusive de outras áreas do conhecimento.
Levar os educandos a um processo de ensino e aprendizagem que proporcionará
a eles possibilidades de transformação no campo, através daquilo que aprenderam.
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA / REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A educação existe por toda a parte e, muito mais do que a escola, é o resultado da ação de todo meio sociocultural sobre os seus participantes. É o exercício de viver e conviver o que educa. A escola de qualquer tipo é apenas um lugar e um momento provisório onde isto pode acontecer. (BASSANEZZI, 2004, p. 15).
Caldart compreende a educação como:
Um tipo de prática social que fundada na produção de saberes ou de conhecimentos, na especificidade de relações entre o ensino e aprendizagem e, finalmente, nas transformações pessoais que potencializaram a humanidade, ou seja, que tornaram os seres humanos mais humanos (CALDART, 2006, p. 104).
De acordo com a Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional (BRASIL,
1996) a educação é um direito de todos e um dever do estado. Ela pode acontecer
na cidade e no campo. Em seu artigo 28, estabelece as seguintes normas para a
educação no campo:
Na oferta da educação básica para a população rural, os sistemas de ensino proverão as adaptações necessárias à sua adequação, às peculiaridades da vida rural e de cada região, especialmente: I – conteúdos curriculares e metodologias apropriadas às reais necessidades e interesses dos alunos da zona rural; II – organização escolar própria, incluindo a adequação do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às condições climáticas; III – adequação à natureza do trabalho na zona rural (BRASIL, 1996).
A definição de escola pública do/no campo é lei e está assegurada no
parágrafo único do art. das Diretrizes Operacionais para Educação Básica nas
Escolas do Campo:
A identidade da escola do campo é definida pela sua vinculação as questões inerentes a sua realidade, ancorando-se na sua temporalidade e saberes próprios dos estudantes, na memória coletiva que sinaliza futuros, na rede de Ciência e Tecnologia disponível na Sociedade e nos Movimentos Sociais em defesa de projetos que associem as soluções por essas questões a qualidade social da vida coletiva do país. (MEC, 2002, p. 37).
A Educação do Campo nasceu como mobilização/pressão de movimentos sociais por uma política educacional para comunidades camponesas: nasceu da combinação das lutas dos sem-terra pela implantação de escolas públicas nas áreas de reforma agrária com as lutas de resistência de inúmeras organizações e comunidades camponesas para não perder suas escolas, suas experiências de educação, suas comunidades. (SANTOS, 2008, p. 71).
É necessário esclarecer que a definição de escola do campo só faz sentido
quando pensado o projeto de desenvolvimento do campo, na perspectiva da classe
trabalhadora. Essa definição está referendada no parágrafo único do art. 2º das
Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo (MEC,
2002).
Segundo as Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do
Paraná – Educação do Campo: “A perspectiva de educação do campo se articula a
um projeto político e econômico de desenvolvimento local e sustentável a partir da
perspectiva dos interesses dos povos que nele vivem”.
A concepção de campo tem seu sentido cunhado pelos movimentos sociais no final do século XX, em que referencia à identidade e cultura dos povos do campo, valorizando-os como sujeitos que possuem laços culturais e valores relacionados à vida na terra. Trata-se do campo lugar de trabalho, de cultura, da produção de conhecimento na sua relação de existência e sobrevivência. (DCEC, 2010, p. 24).
O processo de construção das Diretrizes Curriculares de Educação do Campo
(DCEC,2010) foi um avanço muito grande, pois a educação do campo, por muito
tempo foi tratada com descaso em seu currículo, geralmente, apresentou-se distante
da realidade e das necessidades de quem vive e trabalha no campo. De acordo com
o Dossiê do MST (Movimentos Sem Terra):
Um dos princípios fundamentais da proposta pedagógica do MST é de que nas escolas dos assentamentos toda aprendizagem e todo ensino devem partir da realidade. Mas o que entendemos por realidade? Realidade é o meio em que vivemos. É tudo aquilo que fazemos, pensamos, dizemos e sentimos da nossa vida prática. E o nosso trabalho. É a nossa organização. É a natureza que nos cerca. São as pessoas e o que acontece com elas. São os nossos problemas do dia-a-dia e também os problemas da sociedade que se relacionam com nossa vida pessoal e coletiva. (MST, 2005, p.51).
Nesse sentido o MST é um dos movimentos sociais que vem contribuindo
para a Educação do Campo, educação essa que vem ganhando espaço. Porém, as
escolas do campo, na maioria das vezes, tem o mesmo ensino da cidade, fugindo do
ensino da realidade do campo, ou seja, a teoria não condiz com a prática dos
camponeses. A escola do campo tem que ser compreendida como o local de
apropriação de conhecimentos científicos na mediação do conhecimento do trabalho
e da vida, pois o que é aprendido na escola deve estar relacionado com a vida do
educando, dos seus pais e da comunidade camponesa. Sendo assim eles vão
entender melhor o mundo em que vivem, para a sua emancipação humana e
transformação social.
Segundo o Dossiê MST Escola:
Não podemos nos contentar em conhecer e compreender só as coisas, as relações, a história, o funcionamento do nosso Assentamento, o que está a nossa volta. Precisamos conhecer também àquilo que não vemos todo dia e que a humanidade já descobriu. (MST, 2005, p. 33).
Saviani diz que:
É fundamental o domínio do conhecimento científico clássico para a formação da classe trabalhadora, mas não devem ser transmitido mecanicamente como se fazia a pedagogia tradicional, pois se assim for feito, em nada contribuiremos para a construção de uma sociedade igualitária. “Assim a transformação da igualdade real está associada à transformação dos conteúdos formais, fixos e abstratos, em conteúdos reais, dinâmicos e concretos”. (SAVIANI, 1995, p. 74).
Neste sentido, as tendências Etnomatemática e Modelagem Matemática,
indicadas nas Diretrizes Curriculares de Matemática do Estado do Paraná, são
suportes metodológicos para relacionar a aprendizagem escolar com situações do
seu contexto social. Conforme as Diretrizes Curriculares de Educação Básica de
Matemática:
O papel da etnomatemática é reconhecer e registrar questões de relevância social que produzem o conhecimento matemático. As manifestações matemáticas são percebidas por meio de diferentes teorias e práticas, das mais diversas áreas que emergem dos ambientes culturais. E que a modelagem matemática tem como pressuposto a problematização de situações do cotidiano. Ao mesmo tempo em que propõe a valorização do aluno no contexto social, procura levantar problemas que surgem de questionamentos sobre situações de vida. (DCE, 2008, p. 64).
A Modelagem é um método de ensino da matemática, que faz interagir a
realidade com a matemática. Segundo Biembengut e Hein:
Modelagem Matemática é o processo que envolve a obtenção de um modelo. Este, sob certa óptica, pode ser considerado um processo artístico, visto que, para se elaborar um modelo, além de conhecimento matemático, o modelador precisa ter uma dose significativa de intuição e criatividade para interpretar o contexto, saber discernir que conteúdo matemático melhor se adapta e também ter senso lúdico para jogar com as variáveis envolvidas. (BIEMBENGUT e HEIN, 2003, p.12).
A Modelagem Matemática é uma metodologia que causa no educando mais
interesse pelo estudo de matemática. Ela auxilia no processo ensino-aprendizagem,
tornando o aluno capaz de enxergar a matemática em nosso cotidiano, de forma
prática e objetiva, não apenas aquela vista nos livros didáticos, sem vida e distante
realidade do seu dia-a-dia. Ela ajuda a causar o desenvolvimento do educando
como cidadão crítico e transformador de sua realidade, preparando-o para futuras
profissões nas mais diversas áreas do conhecimento.
Quando tratamos a matemática associada a forma cultural distinta, aplicamos
o conceito de Etnomatemática. De acordo com D’Ambrosio:
Um importante componente da etnomatemática é possibilitar uma visão crítica da realidade, utilizando instrumentos de natureza matemática. Análise comparativa de preços, de contar, de orçamentos proporcionam excelente material pedagógico. (D’AMBROSIO, 2005, p. 23).
De acordo com Bassanezi:
Diferentes concepções de ensino de Matemática é consequência de diferentes concepções sobre a própria Matemática. Quando se assume a visão de Matemática como algo presente na realidade concreta, sendo uma estratégia de ação ou de interpretação desta realidade, se está adotando uma postura de etno/modelagem. Entendemos por etnomatemática, a matemática praticada e elaborada por um grupo cultural e que está presente nas mais diversas situações da vida. (BASSANEZI, 2004, p.207-208).
Paulo Freire explicava:
O que eu proponho é um trabalho pedagógico que, a partir do conhecimento que o aluno traz, que é uma expressão da classe social à qual o educando pertencem, haja uma superação do mesmo, não no sentido de anular esse conhecimento ou se sobrepor um conhecimento a outro. O que se propõe é que o conhecimento com o qual se trabalha na escola seja relevante e significativo para a formação do educando. Professores e professoras, alunos e alunas seriam parceiros na conquista do conhecimento emancipador: o entusiasmo, a alegria de aprender, o sentido de partilha na descoberta, a curiosidade, seriam cultivados na relação pedagógica. “O professor tem o dever de ‘reviver’, de ‘renascer’ a cada momento de sua prática docente para que os conteúdos que ensina seja algo vivo e não noções petrificadas” [...]. (SOUZA, 2001 p. 190).
4. MATERIAL DIDÁTICO
Essa unidade didática consiste na interação entre a teoria e a prática por meio
da aplicação da Modelagem Matemática e Etnomatemática no processo ensino
aprendizagem explorando conteúdos matemáticos na produção de renda dos
agricultores.
4.1 ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS
ATIVIDADE 1: Aplicação do questionário diagnóstico.
No início da implementação do projeto será aplicado um questionário que tem
por objetivo fazer sondagem para verificar o conhecimento dos educandos em
relação à importância da matemática, sobre certos conceitos matemáticos a serem
utilizados no decorrer das aulas e o uso dos mesmos no seu cotidiano. Segue
abaixo o questionário.
1. Você acha importante a matemática? Justifique.
( ) sim ( ) não
2. Você sabe de alguma situação do agricultor onde ele tem que realizar
cálculos matemáticos? Quais?
( ) sim ( ) não
3. Você conhece medida de área?
( ) sim ( ) não
4. Você sabe o que é autossustento? Justifique.
( ) sim ( ) não
5. Você sabe o que é autoconsumo? Justifique.
( ) sim ( ) não
6. Você sabe o significa economia? Justifique.
( ) sim ( ) não
7. Você sabe o que é renda? Justifique.
( ) sim ( ) não
8. Você sabe de onde vem a renda da sua família? Dê um exemplo.
( ) sim ( ) não
9. Você conhece o preço de compra e de venda dos produtos?
( ) sim ( ) não
10. Você compra tudo que consome com a alimentação? Quais produtos que
você compra e quais os que você não compra?
( ) sim ( ) não
ATIVIDADE 2
Objetivos
Conhecer o conceito de autossustentabilidade, autoconsumo, autossustento,
economia e renda.
Apropriar do conhecimento sobre o conceito.
Procedimentos: Pesquisar o conceito de autossustentabilidade,
autoconsumo, autossustento, economia e renda.
ATIVIDADE 3
Objetivos
Obter informações para planejar uma melhor produtividade no lote
(respeitando época do plantio, rotatividade de cultura, preparação do terreno...).
Identificar diversas possibilidades de geração de renda no lote.
Procedimentos: Palestra ministrada com um profissional da área –
Agrônomo ou Técnico Agrícola, que irá discorrer sobre a organização e
planejamento do lote.
ATIVIDADE 4
Objetivos
Conhecer uma propriedade com plantio diversificado.
Observar a importância do trabalho familiar em uma propriedade.
Adquirir conhecimento de como trabalhar em conjunto.
Conhecer a importância da matemática no orçamento e no consumo familiar.
Procedimentos: Visita em uma propriedade onde o agricultor tem uma
produção diversificada. Entrevista com o proprietário. Questões a serem abordadas:
A quanto tempo está no lote?
Como eram as condições financeiras quando chegou no lote?
Quantos alqueires paulista tem o lote?
Como foi aplicado o investimento?
Qual a área de cultivo?
Qual a produção anual?
O que se comercializa?
ATIVIDADE 5
Objetivos
Organizar e compreender os dados da planilha, adquiridos na propriedade
com produção diversificada.
Realizar os cálculos matemáticos.
Procedimentos: O agricultor fornecerá a quantidade produzida anualmente de
cada item da planilha.
PRODUÇÃO FAMILIAR
Item Unidade Quantidade Consumo Valor unitário
Valor total
Arroz
Feijão
Leite
Carne bovina
.......
ATIVIDADE 6
Objetivos
Desenvolver a noção de mapas e legendas.
Desenvolver a noção de cálculos de área; aplicar a porcentagem e
representar os resultados no gráfico de barras.
Procedimentos: Construir um mapa da propriedade com referencias no mapa
do assentamento e imagens do “google mapas”. Calcular as porcentagens da área
de cada divisão ocupada pelo lote. Construir gráficos de barras com os dados da
tabela e os resultados obtidos.
ATIVIDADE 7
Objetivo
Comparar o valor pago ao produtor de um determinado produto com o valor
vendido no mercado.
Procedimento: Pesquisar com pessoas do assentamento que entregam leite o
valor que é pago pelos laticínios da região e pesquisar o preço que é pago no
mercado. Fazer os cálculos de porcentagens, colocar os dados na tabela e fazer a
representação gráfica.
ATIVIDADE 8
Objetivos
Apresentar o trabalho a comunidade escolar.
Procedimentos: Em teatro, organizar uma apresentação para as famílias
expondo de forma clara e objetiva os conceitos de autossustento, sustentabilidade e
autoconsumo, estabelecer as diferenças entre agricultura familiar e agronegócio.
ATIVIDADE 9: Reaplicação do questionário diagnóstico.
Reaplicar o questionário do início das atividades, para a verificação de
aprendizagem.
5. ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
Primeiramente será feito a apresentação da proposta de intervenção
pedagógica à direção, à equipe pedagógica e aos educadores da escola onde a
implementação será realizada no decorrer do período. Posteriormente, a proposta
será apresenta aos educandos do 7º ano, expondo os objetivos da proposta de
intervenção, que tem como tema produção e geração de renda para sustento
familiar.
Em seguida será aplicado um questionário para a verificação do
conhecimento sobre conceitos matemáticos e o uso dos mesmos em questões
relacionadas à agricultura familiar, que serão trabalhadas no decorrer das aulas.
Para que os educandos compreenda melhor o que será trabalhado é preciso
que eles saibam alguns conceitos e isto se dará através da interdisciplinaridade com
a disciplina de português, onde os educandos farão pesquisa na internet ou
dicionário, para saber os conceitos de autossustentabilidade, autoconsumo,
autossustento, economia e renda.
Será ministrada uma palestra por um Agrônomo ou Técnico Agrícola, que irá
apresentar as possibilidades de obter uma melhor renda através da diversificação da
produção. Ele trabalhará também a questão de produzir sem afetar o meio ambiente
e a saúde do agricultor.
Para melhor entender a renda na agricultura familiar será feita uma visita a
uma propriedade que tem produção diversificada. O agricultor mostrará sua
propriedade e explicará como produzir para o seu autoconsumo e autossustento. Os
educandos realizarão uma entrevista com questões relacionadas à agricultura
familiar. As questões estão na atividade 4.
Em outra atividade o educando e sua família irão preencher em uma planilha
informações de produtos que são produzidos e consumidos por eles.
Com os dados da planilha os educandos irão organizar os mesmos em uma
tabela, separando os itens que tem valor monetário dos que não tem valor monetário
e assim poderá calcular o valor total de cada item de acordo com o valor unitário
fornecido pela educadora.
A educadora de Geografia com os educandos irão realizar uma pesquisa no
“google mapas” e observarão a propriedade que eles visitaram e também cada
educando poderá visualizar o seu lote. Tendo o mapa do assentamento como
referencia, irão construir um mapa da propriedade visitada. Nesse mapa apontarão
de forma aproximada a área de cultivo para cada atividade desenvolvida (pastagem,
lavoura, produção diversificada, sede, carreador).
A partir do mapa os educandos irão calcular a porcentagem da área de cada
divisão ocupada pelo lote. Vão construir uma tabela e fazer a representação no
gráfico de barras.
Através de uma pesquisa com os pais ou pessoas do assentamento, que
entregam leite para os laticínios, os educandos irão fazer uma comparação com o
valor pago por todos os laticínios, que compram o leite dos produtores do
assentamento, com o valor que é pago no mercado. Com todos os dados eles farão
os cálculos de porcentagens para verificar o percentual que irá pagar pela compra
do leite no mercado, com os resultados obtidos irão colocar os dados na tabela e
fazer a representação gráfica.
A educadora de artes, juntamente com os educandos, irão apresentar através
de um teatro para a comunidade escolar os conceitos de autossustento,
sustentabilidade, autoconsumo de forma clara e objetiva, pois muitas vezes as
famílias não os conhecem.
Para finalizar a implementação do projeto de intervenção pedagógica, o
questionário que foi aplicado aos educandos no início será reaplicado novamente,
para verificar o aprendizado em relação ao que foi trabalhado.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Espera-se que com esta unidade didática fundamentada nas tendências
metodológicas da Modelagem Matemática e da Etnomatemática que os educandos
tenham uma visão mais contextualizada do ensino de matemática. Espera-se que
esse projeto possa envolver o educando no processo de ensino e aprendizagem,
despertando nos educandos a curiosidade em relação à forma como se produz a
vida na terra. Compreendendo a complexidade da vida no campo, problematizar a
geração de renda familiar, realizar um levantamento de dados sobre a produção
agrícola dos educandos, proporcionando assim, o ensino de matemática com
significado.
7. REFERÊNCIAS
BASSANEZI, Rodney Carlos. Ensino-Aprendizagem com Modelagem Matemática. 2ª ed. São Paulo: Contexto, 2004.
BIEMBENGUT, Maria Salett; HEIN, Nelson. Modelagem Matemática no Ensino. 3ª ed. São Paulo: Contexto, 2003.
BRASIL, 1996. Disponível em: http://www6.senado.gov.br/legislacao/ListaPublicacoes.action?id=102480. Acessado em 03 de junho de 2012.
CALDART, Roseli Salete. Pedagogia do Movimento Sem Terra. Petrópolis: Vozes, 2000.
D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação Matemática: Da Teoria à Prática. Coleção Perspectivas em Educação Matemática. Campinas, SP: Papirus, 1996. D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Etnomatemática – Elo entre as Tradições e a Modernidade. Coleção Tendências em Educação Matemática. 2ª ed. 1ª reimp. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. DCE. Secretaria de Estado de Educação. Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná: Matemática. Curitiba: SEED, 2008. DCEC. Secretaria de Estado de Educação. Diretrizes Curriculares da Rede Pública de Educação Básica do Estado do Paraná: Educação do Campo. Curitiba: SEED, 2010.
MEC, 2002. Disponível em:http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/CEB012002.pdf. Acessado em 03 de junho de 2012.
MST. Dossiê MST escola: documentos e estudos 1990-2001. Edição especial. Caderno de educação, n°13, ITERRA, 2005.
SANTOS, Clarice Aparecida dos. Por uma Educação do Campo. Brasília: Incra, MDA, 2008.
SAVIANI, Dermeval. Escola e democracia. São Paulo: Autores Associados, 1995.
SOUZA, Ana Inês. Paulo Freire. Vida e Obra. São Paulo: Expressão Popular, 2001.