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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6 Cadernos PDE OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Artigos

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Artigos

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CONSELHO DE CLASSE PARTICIPATIVO:

decisões tomadas a partir da participação da comunidade escolar

MEURER, José Feuser1

ROLKOUSKI, Emerson2

RESUMO: A função da escola é promover educação com qualidade, de forma emancipadora e democrática. Nesse sentido, surge o Conselho de Classe Participativo, no qual devem estar representados todos os segmentos da comunidade escolar. Esse artigo visa a relatar a ação desenvolvida como atividade do PDE, no Colégio Estadual Lysímaco Ferreira da Costa – Ensino Fundamental e Médio, localizado no Bairro Água Verde no município de Curitiba, com a intenção de implementar a modalidade de Conselho de Classe participativo. Tal ação justifica-se pelos índices de aprovação por conselho, superiores a 20% no nono ano do Ensino Fundamental, no ano de 2012. Desta forma, busca-se com essa implementação proporcionar uma educação emancipadora e democrática ao possibilitar a participação de toda comunidade escolar. Além disso, entende-se que quando o aluno e seus pais ou responsáveis são sabedores da real situação de aprendizagem, no decorrer do ano letivo, pela participação nos Conselhos de Classe, o envolvimento da família e o empenho do aluno serão mais intensificados. Tal fato somado às metodologias adotadas pelos professores e às práticas dos alunos poderá possibilitar a busca de um aprendizado de melhor qualidade, o qual poderá diminuir a necessidade da aprovação por conselho. Acredita-se que essa participação contribuirá para a formação cidadã dos alunos do Colégio Estadual Lysímaco Ferreira da Costa. Palavras-chaves: Gestão Democrática; Conselho de Classe Participativo; Avaliação em Matemática.

ABSTRACT: The function of the school is to promote quality education, in an emancipatory and democratic manner. Accordingly, the Participatory Class Council arises, at which all segments of the school community should be represented. This paper aims to report the action developed as the PDE activity in the State School Lysímaco Ferreira da Costa - Elementary and High School, located in the Água Verde neighborhood, in the city of Curitiba, with the intention of implementing the modality of the Participatory Class Council. Such action reaches justification due to the board approving ratings, higher than 20% in the ninth year of the Elementary School in the year 2012. Thus, it is sought to provide a democratic and emancipatory education through the proposition of an implementation able to make possible, the participation of all school community. Furthermore, it is understood that when the student and their parents or guardians are aware of the real learning situation, through the participation in the Class Councils, during the school year, family involvement and the commitment of the student will be more intensified. This fact, added to the methodologies used by teachers and the students’ practices may allow the pursuit of a better quality of learning, which may decrease the need for approvals by Council. It is believed that such participation will contribute to the students’ civic education at the State School Lysímaco Ferreira da Costa. Keywords: Democratic Management; Participatory Class Council; Assessment in Mathematics.

1. INTRODUÇÃO

Meu primeiro interesse para o PDE foi o de pesquisar sobre tecnologias,

especificamente na discussão sobre conteúdos de Tratamento da Informação. No

1Professor da Rede Estadual de Educação do Paraná, e-mail: [email protected]

2Professor orientador da Universidade Federal do Paraná, e-mail: [email protected]

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entanto, no início do ano letivo de 2013, durante as atividades da Semana

Pedagógica no Colégio Estadual Lysímaco Ferreira da Costa, observei que os

percentuais de aprovação Conselho de Classe no nono ano eram sensivelmente

maiores (cerca de 17%) que nos outros anos. Tal fato me motivou a alterar o meu

interesse de projeto PDE.

As discussões daquela semana me despertaram lembranças do tempo em

que trabalhava no Colégio Estadual Castro Alves, no município de Quedas do

Iguaçu. Naquele espaço realizávamos o Conselho de Classe Participativo, com a

presença de alunos, pais, demais representantes da comunidade escolar, além de

profissionais da educação que normalmente participam do Conselho de Classe

numa escola. Considerava os resultados sempre positivos, pois tínhamos alunos

exemplares, respeitosos, com consciência crítica, participativos, e o envolvimento da

família junto à escola só melhorava o relacionamento da escola com a comunidade.

Com base nessa experiência, me senti ainda mais motivado a modificar

meus planos e conversar com a equipe gestora da minha atual escola de atuação,

sobre a possibilidade de implantação de um Conselho de Classe Participativo.

Inicialmente, expliquei a eles os benefícios que já havia vivenciado e tive boa

aceitação, principalmente, por parte do diretor do estabelecimento, que me deu

apoio e liberdade para avançar nas pesquisas e no que fosse necessário para a

implementação do projeto.

A partir daí, aumentamos as trocas de experiências com a equipe

pedagógica, conversas com professores, busca de mais dados com a secretaria da

escola, visando à implantação dessa modalidade de conselho no Colégio Estadual

Lysímaco Ferreira da Costa, do município de Curitiba.

O objetivo principal da implantação do Conselho de Classe Participativo é

buscar a melhoria do desempenho do educando, possibilitando uma maior

proximidade com a comunidade escolar bem como com sua família, trazendo-os à

discussão realizada no conselho e ampliando o nível de reflexão do professor e da

turma. Com essa ação, as metodologias adotadas pelos professores e as práticas

dos alunos podem ser adequadas para a busca de um maior aprendizado, o que

poderá diminuir a necessidade de aprovação por conselho.

O objetivo desse artigo é descrever a implementação de um Conselho de

Classe Participativo e as percepções dos participantes. Para que pudéssemos

embasar o processo de realização dessa modalidade de conselho, apresentamos

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algumas definições sobre o assunto, o que facilitará o entendimento da temática, a

realidade e as intervenções realizadas junto aos alunos, pais, professores e demais

funcionários da escola.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Conselhos de Classe têm sido utilizados para a decisão sobre a promoção

ou retenção de alunos. Trata-se, portanto, de um momento de avaliação coletiva

sobre o rendimento escolar que respalda a decisão individual dos professores das

diversas disciplinas. Dessa maneira, para refletirmos sobre os Conselhos de Classe,

de modo geral, faz-se necessário tecer algumas considerações sobre avaliação. É o

que faremos nesta seção, para em seguida discorrermos, especificamente, sobre o

Conselho de Classe.

2.1. Sobre a Avaliação

Conforme o dicionário Michaelis, avaliação consiste em “sf (avaliar+ção) 1

Ato de avaliar. 2 Apreciação, cômputo, estimação. 3 Determinação do justo preço de

qualquer coisa alienável. 4 Valor de bens, determinado por avaliadores. Var:

avaliamento.”

Enquanto isso, o dicionário Aurélio apresenta apenas que avaliação é “sf.1.

Ato ou efeito de avaliar. 2. Valor determinado pelos avaliadores. [Pl.: -ções.]”

Entretanto, no processo educacional há diversas definições de avaliação,

como a de Luckesi (2005),

A avaliação pode ser caracterizada como uma forma de ajuizamento da qualidade do objeto avaliado, fator que implica uma tomada de posição a respeito do mesmo, para aceitá-lo ou para transformá-lo. A definição mais adequada, encontrada nos manuais, estipula que a avaliação é um julgamento de valor sobre manifestações relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de decisão. [grifos do autor] (p. 33)

Observa-se, assim, o caráter subjetivo da avaliação, ao mesmo tempo em

que se coloca como determinante seu objetivo que é a tomada de decisão. Luckesi

(2005) afirma, ainda, que:

A avaliação, neste contexto, não poderá ser uma ação mecânica. Ao contrário, terá de ser uma atividade racionalmente definida, dentro de um encaminhamento político e decisório a favor da competência de todos para a participação democrática da vida social. (LUCKESI, 2005, p. 46)

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Dessa forma, é fundamental compreender que o ato de avaliar pressupõe

uma relação dialógica entre educadores e educandos no processo ensino-

aprendizagem, pois não deve ser somente o educando o responsável por seu

resultado avaliativo. A avaliação e os resultados que dela demandam indicam

também, uma retomada dos conteúdos e da metodologia utilizada.

O autor Vitor Henrique Paro, reafirma essa situação num contexto amplo

quando apresenta que

[...] em geral o único processo de avaliação de que se tem notícia nas escolas públicas refere-se à avaliação do rendimento dos alunos. Mas este, pelo que se conhece, consiste muito mais numa antiavaliação, já que, por meio de uma avaliação punitiva – que tem muito de desforra do professor pelos trabalhos a que ele é submetido – procura responsabilizar o aluno pelo fracasso na aprendizagem, evitando que a escola avalie seu próprio trabalho e reconheça o quanto este é ineficiente. E a ineficiência só pode ser perpetuada com a ausência de avaliação. (PARO, 2000, p. 80)

Na mesma direção, mas refletindo sobre a retenção do aluno, Thereza

Penna Firme afirma que a escola

[...] dará uma resposta digna ao desafio da educação de qualidade quando for capaz de entender que cada vez que ela condena um aluno à “repetência”, é ela que está “repetindo” um sistema rígido-punitivo-discriminatório, do qual ela própria gostaria de se libertar. Por outro lado, cada vez que ela reconhece os avanços da trajetória da criança e considera os seus tropeços como parte da construção do próprio sistema de aprendizagem, ela está sendo capaz de inovar. Esta é a concepção mais dinâmica, mais atualizada, mais justa, de avaliação escolar. Avaliar não é reprovar, mas sim, compreender e promover a cada momento, o desenvolvimento pleno da criança, do jovem ou de qualquer indivíduo ou grupo social que se submeta ao processo de alfabetização e de aprendizagem em geral. [aspas da autora] (FIRME, 2009, p. 3)

É importante enfatizar que a avaliação, comumente, vem sendo entendida

como uma medida de estímulo ao estudo. No entanto, observa-se que essa prática

tem trazido um efeito colateral indesejável, alterando o objetivo final da escola que

deveria ser a aprendizagem e acaba considerando apenas um número, a nota, como

fator de promoção para o ano seguinte. Nesse sentido, Luckesi corrobora com tal

afirmação, apontando que

Os alunos têm sua atenção centrada na promoção, ao iniciar um ano letivo, de imediato, estão interessados em saber como se dará o processo de promoção no final do período escolar. Procuram saber as normas e os modos pelos quais as notas serão obtidas e manipuladas em função da promoção de uma série para outra. (LUCKESI, 2005, p. 18)

É importante lembrar, também, que além dos alunos estarem preocupados

somente com a promoção de ano, isso, muitas vezes, é sentido nos pais e,

indiretamente, demonstrado até mesmo pelos gestores e professores, quando nos

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momentos de reunião escolar com os responsáveis pelos alunos, a escola dispende

tempo e exige toda atenção, apenas, dos pais dos alunos que estão com

dificuldades e/ou estão em condições de provável reprovação.

Os pais das crianças e dos jovens, em geral, estão na expectativa das notas de seus filhos. O importante é que tenham notas para serem aprovados. Isso é facilmente observável na denominada Reunião de Pais e Mestres, no final de cada bimestre letivo, especialmente no nível de escolaridade de 1º Grau. Os professores vão à reunião para entregar os boletins aos pais e conversar com eles sobre as crianças que estão “com problemas” [aspas do autor]. Tais problemas, na maioria das vezes, se referem às baixas notas de aproveitamento. Os pais, cujos filhos apresentam notas significativas, não sentem necessidade de conversar com os professores de seus filhos (que reunião é essa, então, em que os reunidos não têm interesse em conversar sobre o tema para o qual foram convidados?). Aliás, os encontros são realizados de tal forma que não há meio de se conversar. São todos os pais de uma turma de trinta ou mais alunos para conversar com um único professor num mesmo momento. O ritual é criado para que efetivamente não haja um encontro educativo. Então, em geral, os pais se satisfazem com as notas boas, que, por sua vez, estão articuladas com as provas, nas quais estão centrados professores e alunos. (LUCKESI, 2005, p. 19-20)

Por ser difícil ao professor dar atenção aos pais de todos seus alunos,

independente da média que possuam, apenas aos que estão deficitários/abaixo da

média é destinado algum momento para conversa. Observa-se a necessidade de

que a escola crie uma logística de atendimento para todos os pais presentes na

mesma reunião, com a atenção necessária e igualdade de direito.

A utilização do momento de Conselho de Classe para o convite à

participação dos familiares no processo educativo, ao mesmo tempo em que se

explicitam as concepções de educação da instituição escolar, poderá suprir boa

parte da lacuna apontada, sobretudo se esse Conselho de Classe for participativo.

Com o objetivo de ampliar a compreensão sobre o tema, serão tecidas, a seguir,

algumas considerações sobre o Conselho de Classe em geral, e, em particular,

sobre o Conselho de Classe Participativo.

2.2. Sobre Conselho de Classe

Uma definição de Conselho de Classe, tal qual é realizado pelas escolas, é a

apresentada por Dalben (2006) quando afirma que

o Conselho de Classe é um órgão colegiado, presente na organização da escola, congregando professores das diferentes disciplinas, diretores, pedagogos, que se reúnem para refletir e avaliar o desempenho pedagógico dos alunos das diversas turmas, séries e modalidades de ensino. As características básicas, segundo a autora, do Conselho de Classe são: a) a forma de participação direta efetiva e entrelaçada dos profissionais que atuam no processo pedagógico; b) sua organização interdisciplinar; c) a

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centralidade da avaliação escolar como foco de trabalho da instância. (2006, p. 31, apud BUZO, COSTA, 2009, p. 3-4)

Comumente, em um Conselho de Classe participam diretores, pedagogos e

professores. Já em um Conselho de Classe Participativo devem estar representados

todos os segmentos da comunidade escolar:

- Gestão escolar;

- Equipe Pedagógica da escola;

- Professores da escola,

- Profissionais de Serviços Gerais e Administrativos da escola;

- Alunos;

- Pais de alunos;

- APMF (Associação de Pais Mestres e Funcionários).

Quanto mais segmentos forem representados e participarem do Conselho de

Classe, mais democrático ele será, possibilitando ao aluno e seus responsáveis

participarem da discussão dos assuntos, para que possam promover mudanças em

suas atitudes, sejam elas educacionais ou disciplinares, as quais possam estar

prejudicando este aluno ou prejudicando, até mesmo, seus colegas de turma e

professores, na condução dos conteúdos, durante o desenvolvimento das aulas.

Muitas vezes, os professores e/ou a equipe pedagógica ou os gestores da

escola não possuem conhecimento de algumas atitudes, ou informações, que são

observadas ou presenciadas pelos profissionais da equipe administrativa, serviços

gerais e cozinheiras, pois alguns alunos compartilham situações particulares com

essas pessoas pela proximidade e identificação dada no ambiente escolar. A

participação desses profissionais que, geralmente, não costumam participar de um

Conselho de Classe, pode ser de grande valia, em benefício do conjunto, pois,

muitas vezes, uma informação que é desconhecida dos professores, pode ter

relevância no desenvolvimento escolar de um aluno ou um grupo de alunos.

Na medida em que se conseguir a participação de todos os setores da escola – educadores, alunos, funcionários e pais – nas decisões sobre seus objetivos e seu funcionamento, haverá melhores condições para pressionar os escalões superiores a dotar a escola de autonomia e recursos. (PARO, 2000, p. 12)

Tal conselho tem como objetivo contribuir para que o aluno deixe de ser

passivo e passe a ser sujeito ativo no processo avaliativo ao qual está inserido, pois

é sobre ele que será discutido e sobre ele pesará o resultado da decisão, seja ela de

aprovação ou de manutenção de uma reprovação. Além disso, esse resultado

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poderá influenciar sua vida socialmente e profissionalmente, além de ampliar a

coparticipação de todos no processo educativo.

Além da participação de outros atores, faz-se necessário reconsiderar os

objetivos do Conselho Escolar, que não deve ter como única meta culpabilizar os

alunos pelos baixos resultados obtidos. Devem ser discutidos outros assuntos

referentes aos alunos que não estão em condição de reprovação e que,

normalmente, ficam excluídos das pautas de Conselho de Classe, quando não há a

participação da comunidade escolar, ou seja, quando é antidemocrático. Paro (2000)

corrobora com tal afirmação quando argumenta:

Por isso, a preocupação com o provimento de um ensino de qualidade para a população deve priorizar formas eficazes de se proceder à avaliação do processo escolar. Os conselhos de classe, por exemplo, não podem continuar sendo instâncias meramente burocráticas, onde se procura apenas justificar o baixo rendimento do aluno, colocando a culpa em fatores externos à escola. É preciso prever instrumentos institucionais que avaliem não apenas o rendimento do aluno, mas o próprio processo escolar como um todo, com a presença de alunos e de pais, pois eles são os usuários da escola e a eles compete apontar problemas e dar sugestões de acordo com seus interesses. É óbvio que não se trata já de atividade estritamente administrativa, mas da própria ligação entre o administrativo e o político, com o primeiro procurando viabilizar o segundo e este servindo de fundamento para a realização daquele. (PARO, 2000, p. 81)

Certamente, que na tentativa de implantar uma gestão democrática, da qual

o Conselho de Classe Participativo é uma das importantes instituições na escola,

muitos são os desafios. Paro nos motiva a superar os desafios iniciais quando afirma

que

Toda a vez que se propõe uma gestão democrática da escola pública de 1º e 2º graus que tenha efetiva participação de pais, educadores, alunos e funcionários da escola, isso acaba sendo considerado como coisa utópica. Acredito não ser de pouca importância examinar as implicações decorrentes dessa utopia. A palavra utopia significa o lugar que não existe. Não quer dizer que não possa vir a existir. Na medida em que não existe, mas ao mesmo tempo se coloca como algo de valor, algo desejável do ponto de vista da solução dos problemas da escola, a tarefa deve consistir, inicialmente, em tomar consciência das condições concretas, ou das contradições concretas, que apontam para a viabilidade de um projeto de democratização das relações no interior da escola. [grifos do autor] (PARO, 2000, p. 9)

Nesse sentido, a participação da comunidade escolar pode contribuir na

solução das dificuldades e desafios identificados no processo ensino e

aprendizagem. Com a participação dos alunos, dos pais e funcionários, juntamente

aos que já integram o Conselho de Classe, todas as situações que forem discutidas

e definidas, sendo conhecidas, imediatamente e na íntegra pelo aluno – sujeito da

educação – poderão auxiliá-lo a se sentir mais responsável para alcançar seus

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objetivos bem como ampliar o sentimento de coparticipação da família no

acompanhamento dos estudos dos educandos.

Dessa forma, segundo o que Paro apresenta, pode-se conseguir a

participação democrática nas atividades exercidas na gestão escolar, pois poderão

surgir situações do ponto de vista da comunidade e não apenas da forma como a

gestão da escola apresenta. Conforme Leonardo Boff, “todo ponto de vista é a vista

de um ponto” e o ponto do qual a comunidade observa pode ser diferente do que a

gestão escolar consegue observar, muitas vezes, é como a mantenedora da escola,

neste caso, o Governo, quer que seja vista, mantendo a hierarquização de poderes.

Muitas das dificuldades que a escola apresenta são também vivenciadas nas

famílias e para que aceitem as mudanças que a escola solicita, é necessário,

também, que a escola escute o que a sociedade tem a dizer, pois

A crítica desses membros da comunidade à atuação da escola pode sintetizar-se na seguinte pergunta: “Se a escola não participa da comunidade, por que irá a comunidade participar da escola?” Isto deveria alertar-nos para a necessidade de a escola se aproximar da comunidade, procurando auscultar seus reais problemas e interesses. [aspas do autor] (PARO, 2000, p. 27)

Nesse sentido, o autor reforça a necessidade da escola em ouvir o que a

comunidade tem a dizer, colaborando assim para uma melhor formação de seus

alunos. Enfim, a proposta de um Conselho de Classe nesse âmbito, prevê que as

decisões não sejam tomadas para os alunos, mas com os alunos.

3. METODOLOGIA E APRESENTAÇÃO DOS DADOS

Nesta seção, serão descritos o campo de aplicação do projeto de

intervenção, a sequência da implementação, o instrumento de coleta de dados e

apresentados os dados coletados.

3.1. A Escola

O projeto foi implementado no Colégio Estadual Professor Lysímaco Ferreira

da Costa - Ensino Fundamental e Médio, situado à Avenida Iguaçu nº 3012, Água

Verde, no município de Curitiba, mantido pelo Governo do Estado do Paraná e

administrado pela SEED. Essa escola atende, no ano de 2014, a aproximadamente,

1260 alunos em 39 turmas.

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Trata-se de uma escola situada, portanto em região Central de Curitiba que

atende à classe C e D, Conforme seu PPP,

(...) especificamente nesta escola, alunos advindos de diferentes regiões da cidade, próximas e distantes da mesma. Uma parte desses alunos aparenta estarem desorientados e alienados em relação ao seu papel na sociedade, não demonstram interesse pelos conteúdos escolares, não têm limites nem objetivos claros quanto as suas ações, além de não demonstrarem preocupação com o futuro. Essa postura é provavelmente reflexo da sociedade conflituosa em que vivem, a qual os estimula constantemente e principalmente através dos meios de comunicação de massa (PPP, 2010, p. 17-18).

Essa diversidade na formação das turmas contribui para a inserção social

dos indivíduos, ao mesmo tempo em que pode apresentar situações conflituosas

que a escola deve solucionar, utilizando-se dessas realidades para a melhoria da

formação cidadã de seus educandos.

3.2. O projeto

Os contatos, com a escola, foram iniciados em meados do primeiro semestre

de 2013. A equipe gestora se mostrou receptiva e, juntamente, com a equipe

pedagógica foram elaborados três modelos de folder, para convidar pais, alunos e

profissionais da escola como representantes da comunidade escolar.

Observa-se, nas páginas seguintes, os folders elaborados.

Figura 1: Folder destinado aos alunos

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Figura 2: Folder destinado aos professores

Figura 3: Folder destinado aos pais

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Para implementação desse projeto, foi marcada uma reunião de Conselho de

Classe, com a participação de dezessete pais e sete alunos, que aconteceu no dia

28 de maio de 2014, às seis horas da tarde, no salão de reuniões do colégio. Além

dos pais e alunos estavam presentes alguns dos professores do nono ano “A”, a

direção e equipe pedagógica do colégio.

Para esse evento, foi convidada a professora, pedagoga Vivian Rita Meza

Siqueira Cezar de Oliveira, que não trabalha naquela escola, mas que tem vasta

experiência em gestão democrática, para que falasse aos presentes sobre a

temática. Em sua fala, ela destacou sobre:

Conselho de Classe Participativo;

A importância desse momento;

Interação família-escola-estudante, entendendo as fases de desenvolvimento;

A passagem da moral heterônoma para a moral autônoma;

Qual objetivo da escola, se não o de contribuir para o desenvolvimento e a

realização do ser humano?

Neste sentido esse tripé, família-escola-estudante é fundamental na busca

desse pleno desenvolvimento;

Assuntos e documentos sigilosos que são restritos a unidade;

A necessidade da escola de se reestruturar na produção de registros, que

são:

- identificação da situação;

- ficha de anamnese;

- registros dos professores;

- registros dos funcionários;

- registros de auto avaliação - desenvolve sua consciência critica;

- retorno de registros e repasses com os pais ou responsáveis;

- retorno de encaminhamentos (se necessário) - pediátrico/ clínico geral/

neurológico, psiquiátrico, etc.;

- fichas de observação de aula.

A participação dos pais e alunos foi positiva e, a aceitação por parte dos

professores também foi boa, embora estivessem apreensivos anteriormente. Ter a

família e o aluno presente num momento tão importante como é o Conselho de

Classe contribui para a aproximação da escola com a família e, até mesmo entre as

famílias, pois esta escola agrega alunos que moram distantes entre si.

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3.3. Os sujeitos e o instrumento de coleta de dados

Com vistas a levantar as percepções dos diversos atores do Conselho escolar

Participativo, foram realizadas entrevistas com três pais, quatro alunos e dois

professores. As entrevistas foram gravadas em áudio e contemplaram as seguintes

perguntas:

1) O que é Conselho de Classe?

2) O que mudou no seu pensamento sobre Conselho de Classe depois da

participação?

3) O que você achou do conselho e da possibilidade de participação em um

conselho participativo?

4) O que teria que melhorar na dinâmica do Conselho de Classe?

5) Você gostou de participar do Conselho de Classe Participativo?

A seguir, são apresentadas as transcrições das respostas dos professores.

3.4. Apresentação dos Dados

3.4.1. Professor 1:

1) O que é Conselho de Classe?

“O Conselho de Classe, na minha percepção, é um momento em que professores,

equipe pedagógica e direção sintetizam tudo aquilo que foi experienciado no

decorrer do bimestre ou trimestre, buscando otimizar o trabalho docente e

viabilizar novas formas de abordagem de conteúdos e fazer com que o aluno

possa de fato aprender. Também é o momento onde os professores manifestam

os seus sentimentos, no sentido do trabalho que está dando certo, e o que não

tem sido tão proveitoso, e, nessa troca de experiência no modelo que a gente

tem, tradicional, de Conselho de Classe, é onde a gente consegue captar aquilo

que deu certo e abolir aquilo que não foi proveitoso”.

2) O que mudou no seu pensamento sobre Conselho de Classe depois da

participação?

“A gente pode perceber que o Conselho de Classe, ele mais democratizado, ele

encontra uma série de entraves ou barreiras, até mesmo psicológicas porque,

aquela liberdade que o professor tem pra expor as suas angustias enfim, o

descontentamento ou até mesmo elogios a determinados alunos ele acaba por ter

inibido a fala, a partir do momento que você tem um público que também participa

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e que é objeto do Conselho de Classe o professor tem que ter muito mais cautela

para poder manifestar suas opiniões. Então, qualquer elogio exacerbado a

determinado aluno, ou uma crítica menos contundente, ou até mais contundente,

ela precisa ser muito bem pensada pra evitar a exposição do aluno ou até mesmo

da turma, então, o que mudou é que a gente tem que tomar mais cuidado, nesse

modelo de conselho participativo”.

3) O que teria que melhorar na dinâmica do Conselho de Classe?

“Aspecto positivo do Conselho de Classe participativo é a participação, a

presença do pai, a própria presença do aluno, que em tese isso favorece a

responsabilidade do aluno, pelo menos, provoca isso, exige que o aluno sendo

avaliado ele chame pra si a responsabilidade única e exclusiva pelo mérito da sua

aprendizagem, eu não vou dizer que seja única e exclusiva, porque precisa

também da contraprestação da ação do professor motivador e orientador do

processo de conhecimento, mas o aluno passa a se conhecer como um sujeito

muito mais importante do que um mero número, quando se comenta sobre a

aprendizagem daquele aluno, enfim, se houve êxito ou não, ele vai perceber o

quanto ele é importante, uma vez que ele está sendo e foi avaliado por todo

aquele colegiado, e é objeto de deliberação em determinado momento que

resgata também até o seu reconhecimento, para o aluno é importante, nossa,

olha todo mundo agora falando de mim, eu sou importante, então, isso tem essa

valorização do resgate da autoestima do aluno”.

4) Você gostou de participar do Conselho de Classe Participativo?

“Eu acredito que para os dois extremos a gente não está preparado, aliás, o

antigo (atual) a gente está acomodado e no modelo novo, no modelo participativo

nós ainda não estamos adaptados, então é preciso que a escola faça um link, um

meio termo entre essas duas propostas pra que a gente não fique na

tradicionalista e nem se rompam todos os elos, eu acredito que seria viável

momentos de participação, mas não de comunidade, ao meu ver, porque não

deixa de haver exposição quando você tem um pai, vários pais ouvindo

problemas afetos à aprendizagem do aluno, que não deixa de envolver a família

de um terceiro aluno, isso acaba se tornando em alguma medida, constrangedor

para o próprio aluno e muitas vezes o questionamento que vem no sentido

contrário, do professor, quando o aluno questiona o professor ou quando o pai

questiona o professor que é omisso em alguma medida, expõe o professor

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também perante toda a comunidade, então, esses cuidados aí que a gente

precisaria superar. Essa mudança necessária, essa quebra de paradigmas e de

atitudes dos professores pode se converter em melhorias para o aluno? Não

tenho dúvidas, até porque o professor, ele pode ser questionado publicamente

pelas suas ações, que se não estão a contento, se elas não correspondem à

expectativa da família ou até mesmo da escola, o professor acaba, como eu

disse, por ser exposto. Obviamente, ele sabendo que nesse Conselho de Classe

pode vir a tona o resultado do trabalho dele, ou a metodologia aplicada, uma vez

que ele sabe da exposição, ele vai tomar muito mais cautela na condução do

trabalho no dia-a-dia, sabendo que poderá ser objeto de fala, inclusive a

metodologia que ele aplicou, então, sem dúvida, isso ajuda o professor a melhorar

ou dinamizar a metodologia aplicada. E isso é um ponto positivo nessa mudança

de atitude possível do professor? Tem o aspecto extremamente positivo na

mudança, mas, a gente pode ter por exemplo, o aspecto negativo que é o

professor se sentir intimidado nessa postura aí, de não ter a liberdade que ele

acredita pra poder bem desenvolver o trabalho em sala de aula”.

3.4.2. Professor 2

1) O que é Conselho de Classe?

“Conselho de classe é um momento que nós temos para poder decidir e deliberar

sobre a condição do aprendizado do aluno dentro da sala de aula”.

2) O que mudou no seu pensamento sobre Conselho de Classe depois da

participação?

“O conselho participativo é uma prática interessante pelo fato de que as famílias

podem estar participando ativamente da vida escolar dos filhos, porém nós temos

que fazer uma adaptação dentro das escolas para que isso se concretize de

forma total, com todos os alunos”.

3) O que você achou do conselho e da possibilidade de participação em um

conselho participativo?

“É interessante pela condição democrática da educação, a escola estar aberta

para poder ter uma real função dentro do processo ensino aprendizagem, família-

estudante-escola participando de uma forma interativa. É isso que eu acredito.

Condição espacial e a condição de horários e principalmente os alunos que

participaram do conselho, que na verdade, os que deveriam ter vindo, não vieram,

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pois os mais problemáticos não vieram e os que não tinham problemas acabaram

participando”.

4) Você gostou de participar do Conselho de Classe Participativo?

“Gostei, gostei, achei bem interessante, justamente essa participação das

famílias, não fica mais algo, digamos, de particular, os professores reunidos,

porém, como eu falei, temos que ter uma condição tanto espacial, temos que ter

um planejamento de todas as atividades dentro do conselho participativo.”

3.4.3. Alunos:

Com os alunos, não foi realizada uma entrevista individual, mas uma

conversa com o conjunto, na sala de aula e, as colocações foram:

“É quando os professores ficam discutindo só as coisas ruins que

acontecem na sala, os problemas;

Ah, não adianta a gente vem ali e é a mesma coisa que quando fazem a

entrega dos boletins, eles falam os problemas;

Foi bom, mas, ficar ouvindo sempre as mesmas coisas, a minha mãe já

sabia tudo isso, não adiantou nada;

A gente não pode falar nada, se falar eles ficam observando e daí

depois..., não adianta;

Achei que não adiantou, pois eles falam sempre as mesmas coisas”.

Os alunos deixam transparecer o seu descontentamento em relação aos

comentários que são feitos pelos participantes do Conselho de Classe, quando não

há sua participação nem da família e pensam que se estiverem presentes, ao menos

os professores serão mais realistas na apresentação dos problemas enfrentados em

sala de aula. Eles consideram que, normalmente, são tratados somente os pontos

negativos e que o conselho serve mais para aprovar alunos que estão em

dificuldades e tiveram uma participação significativa ou algum esforço durante o ano

letivo, mas, mesmo assim, não conseguiram a média mínima necessária para ser

aprovado por mérito.

É perceptível que os alunos, talvez, por nunca terem participado de um

Conselho de Classe, ficaram apreensivos e não gostaram muito de falar sobre como

são avaliados, tornando-se, por vezes, seres passivos no processo. Seria muito

interessante que os alunos tivessem uma mudança de atitude em relação a essa e

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outras situações que a vida apresenta e apresentará no decorrer da caminhada

profissional e social.

3.4.4. Pais:

Aqui, é apresentada uma síntese comentada, considerando que a fala dos

pais foi bem curta e objetiva, mas, pode-se perceber que ficaram muito felizes em

participar do Conselho de Classe, poder saber o que é discutido sobre seus filhos e

poder conversar com um número maior de professores, embora houvesse pais que

desejavam conversar com professores que não estavam presentes e isso foi ruim,

visto que se os pais fizeram um esforço para estarem presentes e alguns

professores faltaram à reunião.

Os familiares sentiram-se bem acolhidos e aceitos pela equipe gestora,

pedagógica e professores da escola. No entanto, muitos se posicionaram de forma

passiva, apenas ouvindo o que foi comentado pelos professores e demais

integrantes do conselho. O desejo da família é, realmente, ter uma aproximação

maior com a vida escolar de seus filhos, na escola.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A gestão da escola foi muito receptiva à intenção de implantação e

implementação da participação dos alunos, família e comunidade escolar no

Conselho de Classe, pois trazendo a família para dentro da escola tudo pode ser

facilitado, ocorrendo o apoio e a divisão de tarefas, somadas à multiplicação dos

esforços para a melhoria da educação.

Logo nos primeiros contatos com os professores, falando sobre a intenção da

realização do Conselho de Classe Participativo, foram encontradas algumas

resistências, assim como houve, também, professores que achavam que o conselho

deveria ser modificado e torná-lo participativo poderia ser uma alternativa viável. Por

sua vez, os resistentes, se fortaleciam com o apoio de outros colegas que, também,

não preferem a interação com os alunos e familiares nesses encontros.

Ao conversar com pais e alunos, antes da realização do conselho, observou-

se que eles estavam com vontade de mudanças, pois não sabiam o que acontecia

nessas reuniões, uma vez que a escola está definindo a vida dos seus filhos.

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Após a realização do conselho, percebeu-se que mesmo com vontade de

participar, a família se sente um tanto receosa em opinar e tornar sua participação

efetiva durante o Conselho de Classe, ficando mais na oitiva do que emitindo

opiniões e discutindo pontos que podem ser melhorados. Talvez essa reação dos

pais seja em virtude da opinião que seus filhos apresentam, em relação aos

professores e equipe gestora e pedagógica da escola.

A realização desse Conselho de Classe foi um momento marcante na vida

desses alunos, familiares e até mesmo da escola, pois alguns profissionais que lá

atuam, motivados pela presença dos pais e alunos nesse momento, puderam

repensar algumas práticas e conceitos ao agir com o aluno ou seus familiares.

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