_Os Avanços Da COP 21 _ Teoria e Debate
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10/03/2016 Os av anos da C OP 21 | T eor i a e D ebate
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Edio 146
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As manifestaes dejunho de 2013 na cidade
de So Paulo
Ceclia Figueiredo
Como funciona umaestao de tratamento de
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Wladimir Pomar
A questo energtica noBrasil
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Artur Henrique
Dilogo e participaosocial na gesto Haddad
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Os avanos da COP 21
Desenvolvimento ecidade: um novo modelo
de gesto
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INTERNACIONAL ARTIGO
assuntos e pessoas:
Meio ambiente mudanas climticas Carlos Augusto Klink
Jos Domingos Gonzalez Miguez Adriano Santhiago de Oliveira
Edio 146 08 maro 2016 Carlos Augusto Klink
O Acordo de Paris constitui concreto e relevanteinstrumento para a
comunidade internacional comear a trilhar umnovo caminho com a uniode todos os pases para o combate mudana global do clima e reduo deemisses, que a nica soluo para resolver um dos maiores desafios daagenda mundial
Os avanos da COP 21
O Acordo de Paris tem como meta limitar o aumentodo aquecimento do planeta a 1,5 CFoto:Jacky Naegelen/Reuters
Com a adoo do Acordo de Paris, a 21 Conferncia das Partes (COP) da
Conveno das Naes Unidas sobre as Alteraes Climticas marca a
transio do sistema Top-down do Protocolo de Quioto, no qual apenas os
pases desenvolvidos (sem a participao dos Estados Unidos e do Canad no
primeiro perodo de compromisso e adicionalmente sem Japo e Rssia no
segundo perodo) tinham metas de cumprimento de reduo de emisses de
gases de efeito estufa para um sistemabottom-up, em que todos os pases
passam a ter metas de reduo ou limitao de emisso de maneira
determinada voluntariamente por cada pas.
A COP 21 foi a maior conferncia, com mais de 30 mil participantes e com a
maior presena de chefes de Estado (150). O sucesso alcanado deve-se a
um trabalho cuidadoso e hbil da Presidncia Francesa da COP (chanceler
Laurent Fabius), com envolvimento dos chefes de Estado no incio da
conferncia e conduo firme, polida e transparente.
O documento do acordo consta como anexo de dezesseis pginas (29 artigos)
de uma deciso com dezenove pginas. Aparentemente, os Estados Unidos
no precisariam ratificar o acordo no Congresso, pois a maior parte da
contedos relacionados
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Jos Viegas Filho
Kjeld Jakobsen
A Sria em momento
crtico
Arranca a disputapresidencial norte-americana de 2016
em debate
Comentrios
Qual o saldo da Rio +20?O encontro foi o maior jrealizada pela ONU,houve grandeparticipao demovimentosorganizados. Mas quaisso os desdobramentosda Conferncia?
opiniesRumo aodesenvolvimentosustentvel
Geraldo Vitor de Abreu
A contribuio do BrasilGilberto Carvalho
Ponto de partida mais doque de chegadaMrcio Macdo
A Rio+20 no acabouRosane Bertotti
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legislao para o cumprimento j se encontra aprovada e no h nenhum
requisito mandatrio que crie custos adicionais para os pases.
O acordo tem como meta global manter o aquecimento do planeta bem abaixo
de 2 C e perseguir nos esforos para limitar o aumento de temperatura em
1,5 C. Prev, ainda, uma avaliao agregada do progresso em relao ao
alcance do objetivo a cada 5 anos a partir de 2023. Haver, adicionalmente,
um dilogo facilitador entre as Partes em 2018 . O obje tivo do acordo e a
avaliao agregada tambm tm em seu escopo elementos de adaptao aos
impactos adversos da mudana do clima e de meios de implementao. O
acordo estabelece ainda um quadro de transparncia ampliada para ao e
apoio, construdo a partir dos sistemas existentes na Conveno.
A entrada em vigor do acordo dar-se- com a ratificao por 55 Partes, com
ao menos 55% das emisses globais de acordo com a informao mais recente
submetida pe la Parte. O Brasil, segundo este critrio, representa 2,48% das
emisses globais. O acordo trata ainda em detalhe de adaptao, perdas e
danos, tecnologia e formao de capacidade.
Um ponto decisivo para o sucesso da COP 21 de Paris foi a deciso adotada
na COP de Lima de que os pases deveriam submeter suas contribuies antes
da COP 21. Com isso, o Acordo de Paris no tratou sobre as metas dos pases,
que j haviam sido submetidas previamente COP 21 com base nas
respectivas determinaes nacionais.
Todos os pases participam do acordo por meio da submisso de uma
Contribuio Nacionalmente Determinada (NDC na sigla em ingls). Atualmente
187 Partes (das 196) j submeteram suas NDCs (95,4% das Partes da
Conveno-Quadro das Naes Unidas sobre Mudana do Clima UNFCCC).
Cada submisso sucessiva de cada Parte dever representar uma progresso
alm de sua contribuio atual e refletir a mais alta ambio possvel. Os
pases desenvolvidos devero continuar com a liderana assumindo metas
absolutas de reduo de emisso para a economia como um todo e os pases
em desenvolvimento devero continuar ampliando seus esforos de mitigao
e so encorajados a mover ao longo do tempo para metas de limitao ou
reduo de emisso para toda economia.
O Acordo de Paris cria trs modalidades de mecanismos de mercado:
mtodos cooperativos cooperao voluntria na implementao de suas
NDCs pela transferncia de resultados de mitigao internacionalmente, que
amplia o esforo de cooperao nos moldes do Comrcio de Emisses da
Unio Europeia; Mecanismo de Desenvolvimento Sustentvel (MDS), que
generaliza a ideia do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de
Quioto para todos os pases e permite o envolvimento de entidades pblicas e
privadas autorizadas pelas Partes, correspondendo a um esforo adicional
alm da NDCs; e , finalmente, Mtodo de no Mercado basicamente para
apaziguar os oponentes dos mecanismos de mercado.
O papel do Brasil na COP 21
O Brasil foi um protagonista da COP 21, com as participaes da presidenta
Dilma Rousseff na abertura da Conferncia e da ministra do Meio Ambiente,
Izabella Teixeira, por solicitao da Presidncia Francesa, presidindo os
trabalhos sobre diferenciao, que era o ponto de conflito mais difcil de ser
resolvido no Acordo de Paris. A ministra Izabella foi assessorada ainda pelo
embaixador Luiz Alberto Figueiredo, com vasta experincia diplomtica na
Conveno sobre Mudana do Clima, e, ainda, pelo embaixador Jos Antnio
Carvalho, que chefiou os negociadores da delegao. Todo esse contextogarantiu o resultado exitoso da Conferncia, na perspectiva do governo
brasileiro.
O processo brasileiro de preparao para a COP 21, incluindo a elaborao da
Pretendida Contribuio Nacionalmente Determinada (INDC na sigla em ingls),
comeou com consultas amplas sociedade, conduzidas pelo Itamaraty, em
2014, de forma abrangente e transparente, incluindo governo, academia e
organizaes no governamentais. Houve, adicionalmente, durante todo o ano
de 2015, dilogos de alto nvel com segmentos importantes da economia
brasileira (governo, setor privado) e representantes da sociedade (governo,
academia e organizaes sociais).
A NDC brasileira bastante simples na forma de entendimento, mas com alto
grau de ambio. O ponto de referncia, ano base, 2005. A Contribuio
Nacionalmente Determinada (NDC) a reduo de 37% das emisses de gasesde efeito estufa em 2025 em relao ao ano-base. O Brasil ainda submeteu
uma Contribuio Indicativa Subsequente (no definida no Acordo de Paris) de
reduo de 43% das emisses de gases de efeito estufa em 2030. A reduo
absoluta em relao ao ano-base e a cobertura de 100% do territrio
nacional, toda economia e os seguintes gases de efeito estufa: CO 2, CH4,
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N2O, SF6e as famlias de gases PFCs, HFCs (principais gases de efeito estufa).
O Brasil utilizou na sua NDC a mtrica do GWP-100 anos, definida no 5
Relatrio de Avaliao do Painel Intergovenamental sobre Mudana do Clima
(IPCC AR5). Sobre a adaptao, frisou a dimenso social em especial, os
mais vulnerveis, e desenhos de polticas de acordo com o Plano Nacional de
Adaptao. Quanto aos meios de implementao, embora no seja
condicionada a apoio internacional, a NDC dever ser implementada sem abrir
mo do uso de recursos provenientes dos Mecanismos Financeiros da
Conveno e quaisquer outras modalidades de cooperao e apoio
internacionais.
Deve-se lembrar que o Brasil reduziu as suas emisses em 41% de 2005 a
2012. No perodo de 2004 a 2012, o PIB cresceu 32%, 23 milhes de
pessoas saram da pobreza e houve reduo de 52% das emisses (GWP). A
NDC prev ainda o crescimento do PIB do Brasil at 2030, crescimento da
renda per capita e da populao, cuja estabilizao esperada ocorrer
somente a partir de 2040, segundo o IBGE. Portanto, a NDC do Brasil exigir
um esforo considervel de reduo de emisso de gases de efeito estufa e se
caracteriza como muito ambiciosa. O resultado, a lcanado no perodo de 2004
a 2015, deu-se em razo da reduo de emisses devido ao desmatamento
em 79%. Em decorrncia, os setores mais intensivos em emisses atualmente
(com base em 2012) so agropecuria e energia (com participao de 37%
cada). O Brasil tem um mix de energia com uma grande participao de
energia renovvel (39,4% em 2014), ao passo que, em 2012, o mundo tinha
apenas 13,2%, e a OCDE, 8,6%. O mesmo panorama se repete na gerao de
eletricidade com uma grande participao de energia renovvel no Brasil
(74,6% em 2014) ao passo que, em 2012, o mundo tinha apenas 21,2%, e a
OCDE, 19,7%.
As medidas da NDC brasileira so consistentes com a meta de 2 C adotada
no Acordo de Paris, por meio do aumento do percentual de biocombustveis
sustentveis para 18%; fortalecimento do Cdigo Florestal em todos os nveis
da administrao pblica; eliminao do desmatamento ilegal na Amaznia
brasileira at 2030 e compensao de emisses de gases de efeito estufa
resultantes da supresso legal de vegetao at 2030; restaurao e
reflorestamento de 12 milhes de hectares de florestas at 2030 para
mltiplos propsitos e participao de 45% de energia renovvel no mix
energtico at 2030.
A meta de 45% de energia renovvel poder ser atingida por um leque de
polticas e medidas, incluindo expanso do uso de outras fontes renovveis
alm da hidreltrica no mix total de energia entre 28% e 33%; expanso do
uso de fontes de energia no fsseis domsticas, aumentando o percentual de
renovveis (alm das hidreltricas) na gerao eltrica para pelo menos 23% (o
que significa mais que dobrar o patamar atual), ampliando a participao de
elica, solar e biomassa; e aumento de eficincia energtica.
No setor de agropecuria, as medidas principais focam na restaurao
adicional de 15 milhes de hectares de pastagens degradadas at 2030 e
ampliao em 5 milhes de hectares de sistemas integrados lavoura-
pecuria-florestas at 2030.
Os desafios que esto colocados quanto mudana do clima
Recente estudo doNational Oceanic and Atmospheric Administration(NOAA)
dos Estados Unidos apresenta um mapa global de temperaturas para janeiro
de 2016. Esse mapa confirma que janeiro foi o nono ms seguido de recordes
de temperatura mdia da superfcie terrestre. Mas, alm disso, foi mais
incomum na medida em que teve a maior temperatura acima daquela que
seria considerada normal para qualquer ms. A camada de gelo do rtico
atingiu seu menor ponto durante um ms de inverno. A sequncia de nove
meses seguidos de recordes anteriores, de junho de 1997 a fevereiro de
1998, foi devido ltima grande ocorrncia do El Nio. E est ainda atrs da
sequncia de dez meses, ocorrida em 1944. provvel que com um novo
recorde de temperatura previsto para fevereiro de 2016, a atual sequncia
empate com aquela referente a 1944.
A essa notcia veio se somar a informao de que as temperaturas do Polo
Norte encontram-se ao redor de 0 C, muito acima da mdia habitual no
inverno (cerca de 20 C acima do normal).
E acrescenta mais urgncia o recente estudo publicado pela National Academy
of Sciences dos Estados Unidos, de um grupo de cientistas que reconstruiu a
histria do nvel do mar do planeta por 3.000 anos, levando-os a concluir que
a taxa de crescimento do nvel do mar no sculo 20 extremamente provvel
de ter sido mais rpida do que durante todo o perodo anterior.
No contexto em que o esforo da sociedade mundial para mitigar as emisses
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de gases de efeito estufa est apenas comeando, os sinais de aquecimento
global esto ficando cada vez mais claros. O Acordo de Paris constitui concreto
e relevante instrumento para a comunidade internacional comear a trilhar um
novo caminho com a unio de todos os pases para o combate mudana
global do clima e reduo de emisses, que a nica soluo para resolver
um dos maiores desafios da agenda mundial.
Carlos Augusto Klink secretrio executivo do Ministrio do Meio Ambiente
Jos Domingos Gonzalez M iguez secretrio de Mudanas Climticas e
Qualidade Ambiental do Ministrio do Meio Ambiente
Adriano Santhiago de Oliveira diretor do Departamento de Mudanas
Climticas do Ministrio do Meio Ambiente
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