Os 3615 - Roche - Livro Diagnostico Disturbios Do Movimento Baixa

82
Sarah Camargos Marcella Costa Isabella Filogônio Francisco Cardoso M a n u a l p a r a o D i a g n ó s t i c o d o s D i s t ú r b i o s d e M o v i m e n t o

Transcript of Os 3615 - Roche - Livro Diagnostico Disturbios Do Movimento Baixa

  • Sarah Camargos Marcella Costa Isabella Filognio Francisco Cardoso

    Manual para o Diagnstico dos

    Distrbios deMovimento

    Apoio

    s conceitos emitidos so de responsaiidade dos autores e no reetem necessariamente a opinio de Produtos Roche Qumicos e Farmacuticos S.A.

    Cd 81406356 / VIR-01538-2012 / Ago/12

    MA

    NU

    AL

    PA

    RA

    O

    DI

    AG

    N

    ST

    IC

    O

    DO

    S

    DI

    ST

    R

    BI

    OS

    DE

    MO

    VI

    ME

    NT

    O

  • EDITORA OMNIFARMA LTDA. Rua Capito Otvio Machado, 410 - So Paulo, SP - CEP 04718-000 - PABX: 55.11.5180-6169 - E-mail: [email protected]. Diretor Executivo: Marcelo Valente. Diretor: Jos Eduardo Valente. Gerente Administrativa: Karina Pinheiro. Assistente de Eventos: Patrcia Carvalho. Contato: Selma Brandespim e Marcello Setembre. Coordenador de Produo: Edson Honorio. Diagramao: Fernando F. dos Santos. Atendimento: Newton Meirelles Jr. Reviso: Thais Naufel. 2012 Editora OMNIFARMA Ltda. - Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 19/02/98. Nenhuma parte desta publicao poder ser reproduzida, sem autorizao prvia, por escrito da Editora OMNIFARMA Ltda., sejam quais forem os meios empregados: eletrnicos, mecnicos, fotogrficos, gravao ou quaisquer outros. O contedo deste material de inteira responsabilidade dos autores. Cd. da Publicao: 3615.2012. Distribuio exclusiva classe mdica.

    MANUAL PARA O DIAGNSTICO DOS DISTRBIOS DE MOVIMENTO

    Copyright 2012, Produzido por Editora e Eventos Omnifarma Ltda.Proibida a reproduo total ou parcial desta obra, por qualquer sistema,

    sem prvio consentimento da Editora e Eventos Omnifarma Ltda.

    Todos os direitos reservados para Editora e Eventos Omnifarma Ltda.

    Manual para o diagnstico dos distrbios de movimento / Sarah Camargos...[et al.]. --1. ed. -- So Paulo : Omnifarma, 2012.

    Outros autores: Marcella Costa, IsabellaFilognio, Francisco Cardoso Bibliografia. ISBN 978-85-62477-23-2

    1. Distrbios do movimento - Fisioterapia2. Distrbios do movimento - Pacientes - Reabilitaodo movimento - Pacientes - Reabilitao3. Doenas do sistema nervoso - Reabilitao4. Doenas neuromusculares - Fisioterapia5. Fisioterapia I. Camargos, Sarah. II. Costa,Marcella. III. Filognio, Isabella. IV. Cardoso,Francisco.

    CDD-616.804312-11521 NLM-WL 100

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)(Cmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

    ndices para catlogo sistemtico:

    1. Reabilitao neurolgica : Fisioterapia : Medicina 616.8043

    Impresso no Brasil 2012

  • com prazer que apresento o Manual para o Diagnstico dos Dis-trbios de Movimento, escrito pela Profa. Dra. Sarah Camargos, do Setor de Neurologia do Departamento de Clnica Mdica da Facul-dade de Medicina da UFMG. Nos ltimos dez anos ocorreu um aumento significativo do nmero de neurologistas brasileiros que se dedicam prio-ritariamente a cuidar de pacientes portadores de parkinsonismo e outras doenas do movimento. Esse incremento possivelmente consequncia de alguns fatores, como o aumento do nmero de pacientes com essas enfermidades (a incidncia de vrias delas proporcional idade e, com o rpido envelhecimento da populao brasileira, sua prevalncia tem aumentado rapidamente) e a oferta regular de atividades educacionais na rea ao longo dos ltimos anos. Com isso, existem servios dedicados a distrbios de movimentos em toda a extenso do territrio nacional.

    Esta obra preenche lacuna na literatura neurolgica em nosso meio. A partir das atividades do Setor de Distrbios de Movimentos do Hos-pital das Clnicas da Universidade Federal de Minas Gerais, a Profa. Sa-rah Camargos organizou a definio dos principais fenmenos clnicos observados na prtica de distrbios de movimentos, compilou as mais relevantes escalas de avaliao quantitativa de parkinsonismo e algu-mas hipercinesias e apresentou os bulrios das drogas mais comumente utilizadas no manejo de distrbios de movimento. Trata-se de um texto prtico, para consulta cotidiana e, com sua disponibilidade em verses em papel e eletrnica, estou certo que o Manual ser de grande utilida-de para residentes e profissionais mdicos interessados em distrbios do movimento.

    Por fim, parabenizo a Profa. Sarah Camargos pela iniciativa e por haver produzido esta obra prtica e de grande qualidade.

    Francisco Cardoso Professor Titular do Setor de Neurologia, Departamento de Clnica Mdica Faculdade de Medicina da UFMG

    Prefcio

  • Sarah CamargosCRM-MG 32508 Setor de Neurologia do Departamento de Clnica Mdica da Faculdade de Medicina da UFMG

    Marcella CostaEstudante de Medicina da UFMG

    Isabella FilognioEstudante de Medicina da UFMG

    Francisco CardosoCRM-MG 19766 Professor Titular do Setor de Neurologia do Departamento de Clnica Mdica Faculdade de Medicina da UFMG

    Autores

  • ndice analtico

    Captulo 1ATAXIAS ............................................................................................................................. 16

    COREIA ............................................................................................................................... 25

    DISTONIA ........................................................................................................................... 31

    DOENA DE PARKINSON ............................................................................................. 35

    ATROFIA DE MLTIPLOS SISTEMAS ......................................................................... 40

    DEGENERAO CORTICO BASAL GANGLINICA ............................................... 44

    DEMNCIA COM CORPOS DE LEWY ........................................................................ 48

    PARALISIA SUPRANUCLEAR PROGRESSIVA .......................................................... 54

    SNDROME DAS PERNAS INQUIETAS...................................................................... 59

    TREMOR ............................................................................................................................. 66

    TIQUES E SNDROME DE TOURETTE ........................................................................ 72

    DOENA DE WILSON..................................................................................................... 78

    MIOCLONIA ...................................................................................................................... 84

    Captulo 2UPDRS ................................................................................................................................. 94

    USCRS ...............................................................................................................................104

    ESCALA DE FAHN-MARSDEN ...................................................................................110

    TWSTRS ............................................................................................................................113

    Captulo 3DROGAS MAIS UTILIzADAS EM DISTRBIOS DO MOVIMENTO...................121

    ANTICOLINRGICOS ....................................................................................................122

    ANTIPARKINSONIANOS ..............................................................................................124

    NEUROLPTICOS ...........................................................................................................137

    ANTICONVULSIVANTES ..............................................................................................144

    CORTICOSTERIDES ....................................................................................................151

    OUTROS ...........................................................................................................................152

  • Oambulatrio de Distrbios do Movimento da UFMG foi criado em julho de 1993 pelo professor Francisco Cardoso. Desde ento, o servio tem for-mado neurologistas, mestres e doutores na rea.

    Esse manual foi formulado com a finalidade de orientar o residente ou o aluno interessado na rea de Distrbios do Movimento a avaliar corretamente o paciente sob a luz de critrios atuais.

    Para a confeco do manual recebemos o apoio da Pr- Reitoria de Graduao da Universidade Federal de Minas Gerais e tambm da Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG).

    Introduo

  • Captulo 1

    Definies e critrios para os principais distrbios de movimento

    Ataxia

    Coreia

    Distonia

    Doena de Parkinson

    Atrofia de mltiplos sistemas

    Degenerao crtico basal ganglinica

    Demncia com corpos de Lewy

    Paralisia supranuclear progressiva

    Sndrome das pernas inquietas

    Tremor

    Tiques e sndrome de Tourette

    Doena de Wilson

    Mioclonia

  • 15

    Definies e critrios para os principais distrbios de movimento

    A seguir, apresentamos as definies e etiologia dos principais distrbios de movimento.

    Distrbios de Movimento

    AtaxiasCoreia

    DistoniaDoena de Parkinson

    Atrofia de mltiplos sistemasDegenerao cortico basal ganglinica

    Demncia com corpos de LewyParalisia supranuclear progressiva

    Sndrome das pernas inquietasTremor

    Tiques e sndrome de TouretteDoena de Wilson

    Mioclonia

  • 16 17

    ATAXIASIntroduo

    Ataxia uma palavra grega que significa fora de ordem. Ataxia um si-nal neurolgico de incoordenao motora e desequilbrio que pode estar presente em uma srie de doenas. A ataxia pode ser cerebelar, sensitiva ou vestibular. Atentaremos nesse captulo s ataxias cerebelares.

    Segundo Anita Harding (1996), ataxia cerebelar se refere decomposio irregular do ajuste fino da postura e dos movimentos, normalmente controlados pelo cerebelo e suas conexes. O termo aplica-se funo motora dos membros, tronco, olhos e musculatura bulbar.

    As ataxias podem ser divididas em adquiridas e hereditrias, lembrando que os casos espordicos podem ser tanto adquiridos quanto hereditrios, provenien-tes de mutao nova, resultado de mutao dominante com penetrncia incom-pleta ou secundrio heranas recessiva, mitocondrial e ligada ao X.

    Apresentao clnica Ataxia de marcha: alteraes de marcha, sendo essa inicialmente irregular

    de base alargada, progredindo para abasia e impossibilidade de ficar em p. Ataxia de tronco: incapacidade de sentar-se ou ficar em p sem apoio, ten-

    dncia a cair para trs, oscilaes de cabea e tronco, hipotonia. Ataxia de membros: dismetria, disdiadocinesia, decomposio de movi-

    mentos, tremor cintico, postural e de inteno, hipotonia, sinal do rechao. Manifestaes bulbares: disartria, disfagia. Sinais e sintomas visuais: apraxia oculomotora, dismetria, lentificao dos

    movimentos oculares, movimentos sacdicos quadrados.

    EtiologiaAs ataxias podem ser subdivididas em: ataxias adquiridas degenerativas, ataxias adquiridas no degenerativas e ataxias cerebelares hereditrias, sendo estas: au-tossmicas recessivas, autossmicas dominantes, ligadas ao X e mitocondriais.

    Em relao s ataxias adquiridas degenerativas, as formas mais comuns so a atrofia de mltiplos sistemas (forma cerebelar) e a ILOCA (atrofia cerebelar idioptica de incio tardio). J nas ataxias cerebelares adquiridas no degenera-tivas, as etiologias podem ser diversas, como secundria doenas vasculares, txicas, imunomediadas, traumticas, neoplsicas ou endcrinas.

    O Quadro 1 mostra as diversas etiologias das ataxias adquiridas degenerati-vas e no degenerativas.

    As ataxias recessivas (Quadro 2) so um grupo heterogneo de ataxias que ocorrem predominantemente na criana e no adulto jovem.

    Ataxia uma das manifestaes do sistema nervoso central mais prevalente em doenas mitocondriais. Devemos suspeitar de doena mitocondrial quando houver uma combinao de envolvimento multissistmico, como neuropatia, miopatia, ptose, oftalmoparesia, retinite pigmentosa, atrofia ptica, surdez, do-ena renal, cardiovascular ou heptica, alm de elevao de lactato-piruvato ps prandial e lactato ps esforo. Nesses casos, importante a realizao da bipsia com avaliao da cadeia respiratria e do DNA mitocondrial[1,2]. As formas mais comuns de ataxia relacionada mutao no DNA mitocondrial so: MELAS (miopatia mitocondrial, encefalopatia com acidose lctica e evento isqumico), MEERF (epilepsia mioclnica associada a fibras vermelhorasgadas) e NARP (neuropatia, ataxia e retinite pigmentosa), LHON (neuropatia ptica de Leber) e Kearn Sayre (oftalmoplegia externa progressiva, retinopatia pigmentar, altera-o de conduo cardaca, surdez, diabetes ptose e sinais piramidais)[5]. As doen-as mitocondriais no se restringem apenas s mutaes do DNA mitocondrial. Mutaes no DNA nuclear em genes que esto envolvidos em processos mito-condriais podem originar sndromes de ataxia associadas a outras manifestaes multissistmicas. As mais comuns so a doena de Leigh (retardo mental, epilep-sia, oftalmoparesia, atrofia ptica, ataxia, distonia, diabetes, insuficincia renal, cardiovascular com caracterstica alterao de sinal na ressonncia magntica em tlamos e gnglios da base), CPEO autossmica dominante ou recessiva (of-talmoplegia crnica externa progressiva, neuropatia, miopatia, ataxia e surdez), SANDO (ataxia espinocerebelar recessiva e epilepsia - Quadro 2) e IOSCA (ata-xia espinocerebelar de incio infantil com ataxia, epilepsia, atetose, hipotonia, hipoacusia, oftalmoplegia, hipogonadismo e neuropatia sensitiva).

    A ataxia ligada ao X mais comum a sndrome tremor-ataxia, ligada pr--mutao do gene FMR1 (fragile site of mental retardation gene), localizado no cromossomo X. O nmero de expanses CGG situa-se em torno de 55 a 200 nes-ses pacientes. Acima de 200 expanses, o fentipo de X frgil e, abaixo de 55, considerado dentro dos limites da normalidade. O quadro clnico caracterizado por declnio cognitivo, demncia, apatia, desinibio, irritabilidade, depresso, ataxia de marcha, tremor de inteno, parkinsonismo, neuropatia e disfuno autonmica. A imagem por ressonncia magntica mostra atrofia cerebelar com hiperintensidade no pednculo cerebelar mdio nas ponderaes em T2 e flair[6].

    As ataxias de origem autossmica dominante so, em sua maioria, bastantes claras quanto sua origem, j que em grande parte delas a penetrncia com-pleta. A idade de incio situa-se em torno dos 30-40 anos, mas h pacientes com incio mais tardio ou mais precoce. At o momento foram descritas aproximada-mente 30 formas de ataxias espinocerebelares autossmicas dominantes. Anita Harding, em 1982, dividiu as ataxias espinocerebelares autossmicas dominan-tes (ADCA) em tipos 1, 2, 3 e 4, sendo o tipo 1 com atrofia ptica, demncia, sinais extrapiramidais e amiotrofia (hoje as ataxias espinocerebelares - AEC 1,

  • 18 19

    Qua

    dro

    1. A

    taxi

    as a

    dqui

    ridas

    [1-3

    ] .E

    xem

    plos

    Prop

    edu

    tica

    Obs

    erva

    es

    Atr

    ofia

    de

    ml

    tiplo

    s sis

    tem

    asFo

    rma

    cere

    bela

    rR

    M H

    iper

    sina

    l ta

    nto

    long

    itudi

    nal

    quan

    to v

    ertic

    al n

    a po

    nte

    (glio

    se d

    as fi

    bras

    tran

    sver

    sas)

    si

    nal d

    a cr

    uz

    Atro

    fia p

    utam

    inal

    em

    sua

    mar

    gina

    o

    late

    ral,

    atro

    fia n

    o tro

    n-co

    cer

    ebra

    l e d

    o ce

    rebe

    lo, h

    iper

    sina

    l dor

    so-la

    tera

    l no

    puta

    men

    Park

    inso

    nism

    o n

    o re

    spon

    sivo

    a le

    vodo

    pa e

    dis

    auto

    nom

    ia

    ILO

    CA

    RM

    - at

    rofia

    cer

    ebel

    arA

    taxi

    a pu

    raVa

    scul

    ares

    AVC

    is

    qum

    ico

    TC -

    hip

    osin

    al e

    m te

    rrit

    rio c

    ereb

    elar

    e R

    M c

    om h

    iper

    sina

    l em

    sequ

    enci

    as d

    e TR

    long

    oAV

    C h

    emor

    rgi

    coTC

    - hi

    pers

    inal

    em

    terr

    itrio

    cer

    ebel

    ar e

    RM

    isoi

    nten

    so n

    o T1

    e

    hipe

    rinte

    nso

    no T

    2 (a

    gudo

    )A

    taqu

    e is

    qum

    ico

    trans

    itrio

    Side

    rose

    supe

    rfic

    ial

    RM

    : dep

    sito

    de

    side

    rina

    em a

    nel (

    hipo

    inte

    nso

    em T

    2 e

    gra-

    dien

    te e

    cho)

    . LC

    R: f

    errit

    ina,

    pro

    ten

    a e

    celu

    larid

    ade

    elev

    adas

    Surd

    ez n

    euro

    sens

    oria

    l, si

    nais

    pira

    mid

    ais,

    mio

    clon

    ia e

    spin

    hal,

    dem

    nci

    a, p

    olirr

    adic

    ulop

    atia

    , ano

    smia

    Subs

    tnc

    ias t

    xic

    as

    lcoo

    lA

    trofia

    de

    verm

    is c

    ereb

    elar

    , enz

    imas

    hep

    tic

    as a

    ltera

    das

    Ata

    xia

    de tr

    onco

    , pou

    ca a

    taxi

    a de

    mem

    bros

    e n

    enhu

    ma

    alte

    -ra

    o

    da fa

    laQ

    uim

    iote

    rpi

    cos

    His

    tria

    cln

    ica

    Cic

    losp

    orin

    a, A

    ra-C

    Met

    ais p

    esad

    osH

    ist

    ria o

    cupa

    cion

    alM

    erc

    rio, m

    anga

    ns,

    bism

    uto

    Solv

    ente

    sH

    ist

    ria o

    cupa

    cion

    alTo

    luen

    o e

    tetra

    clor

    eto

    de c

    arbo

    noM

    edic

    amen

    tos

    Ant

    eced

    ente

    s pes

    soai

    sA

    ntic

    onvu

    lsiv

    ante

    s, lt

    io, m

    etro

    nida

    zol,

    etc

    Doe

    nas

    imun

    esEs

    cler

    ose

    ml

    tipla

    RM

    com

    pla

    cas h

    iper

    inte

    nsas

    em

    T2

    e fla

    irLC

    R c

    om b

    anda

    s olig

    oclo

    nais

    Out

    ras m

    anife

    sta

    es d

    e SN

    C, n

    eurit

    e p

    tica

    Ata

    xia

    anti

    GA

    DA

    ntic

    orpo

    ant

    i GA

    D +

    Rig

    idez

    , dia

    bete

    s, tir

    eoid

    iteD

    oen

    a ce

    laca

    Ant

    iglia

    dina

    e a

    ntie

    ndom

    sio

    +A

    umen

    to d

    a fo

    sfat

    ase

    alca

    lina,

    PN

    PS a

    xona

    lD

    iarr

    eia,

    ane

    mia

    , nef

    ropa

    tia, d

    erm

    atite

    , mio

    clon

    ia, c

    rises

    Mill

    er F

    ishe

    rA

    nti G

    Q1b

    gan

    glio

    sdi

    o +

    Ofta

    lmop

    legi

    a e

    neur

    opat

    ia c

    rani

    ana

    Lupu

    sFA

    N +

    Con

    tinua

    Tiro

    idite

    de

    Has

    him

    oto

    Ant

    i TPO

    , Ant

    i TB

    GD

    emn

    cia

    trem

    or, m

    iocl

    onia

    Neu

    ropa

    tia c

    om Ig

    M a

    nti

    MA

    G (m

    yelin

    ass

    ocia

    ted

    neur

    opat

    hy)

    Ant

    i MA

    G p

    ositi

    voPN

    PSM

    des

    mie

    liniz

    ante

    Trem

    or p

    ouco

    resp

    onsi

    vo a

    o tra

    tam

    ento

    Sjog

    ren

    Ant

    i-SSA

    (Ro)

    , Ant

    i-SSB

    (La)

    Olh

    os e

    boc

    a se

    cos

    Snd

    rom

    e pa

    rane

    opl

    sica

    LCR

    b

    anda

    s olig

    oglo

    nais

    , RM

    com

    alte

    ra

    es d

    e su

    bst

    ncia

    br

    anca

    , ant

    icor

    pos (

    anti

    HU

    , YO

    , Ri,

    Tr)

    Ant

    i HU

    - Ca

    pulm

    oA

    nti Y

    O- C

    a de

    pul

    mo

    e g

    inec

    olg

    ico

    Ant

    i Ri-

    Ca

    de m

    ama

    e gi

    neco

    lgi

    coA

    nti T

    r- L

    info

    ma

    Alte

    ra

    o m

    etab

    lic

    aH

    ipot

    iroid

    ism

    oTS

    H a

    lto e

    T4

    baix

    o, P

    NPS

    axo

    nal

    Mio

    edem

    a, m

    ioqu

    imia

    Hip

    opar

    atiro

    idis

    mo

    Hip

    ocal

    cem

    ia, h

    iper

    fosf

    atem

    ia p

    arat

    orm

    nio

    bai

    xo h

    ipom

    ag-

    nese

    mia

    , cal

    cific

    ao

    dos

    gn

    glio

    s da

    base

    Pare

    stes

    ia, t

    etan

    ia, c

    rises

    conv

    ulsi

    vas,

    alte

    ra

    es p

    siqu

    itri

    cas

    Hip

    ovita

    min

    ose

    B12

    Ane

    mia

    meg

    alob

    lst

    ica

    Vita

    min

    a B

    12 b

    aixa

    PNPS

    M A

    U, e

    spas

    ticid

    ade,

    snd

    rom

    e co

    rdon

    al p

    oste

    rior,

    leu-

    coen

    cefa

    lopa

    tia e

    dem

    nci

    a, g

    loss

    ite, d

    iarr

    eia,

    hip

    erpi

    gmen

    -ta

    o

    das u

    nhas

    Infe

    ccio

    sas

    Sfil

    is te

    rci

    riaV

    DR

    L e

    FTA

    abs

    pos

    itivo

    Junt

    as d

    e C

    harc

    ot, p

    upila

    s de

    Arg

    yll

    Rob

    erts

    on, d

    isau

    tono

    -m

    ia, a

    trofia

    pt

    ica,

    aor

    tite

    Doe

    na

    de W

    hipp

    leB

    ips

    ia d

    e du

    oden

    o: P

    AS

    + em

    cel

    ulas

    de

    muc

    osa

    gast

    roin

    -te

    stin

    alM

    ielo

    patia

    cer

    vica

    l, de

    mn

    cia,

    mio

    clon

    ia, o

    ftalm

    ople

    gia

    su-

    pran

    ucle

    ar, p

    erda

    vis

    ual,

    nist

    agm

    o, p

    tose

    , mio

    rritm

    ia

    culo

    m

    astig

    atr

    ia, a

    rtral

    gia,

    dia

    rrei

    aC

    ereb

    elite

    (var

    icel

    a zo

    ster

    , ru

    bol

    a, in

    fluen

    za, J

    C,

    pertu

    ssis

    )

    LCR

    com

    aum

    ento

    de

    prot

    ena

    e c

    elul

    arid

    ade,

    test

    es so

    rol

    gi-

    cos p

    ara

    vru

    s pos

    itivo

    s

    Men

    ingi

    te B

    asila

    r (tu

    berc

    ulos

    e ou

    list

    erio

    se)

    LCR

    com

    aum

    ento

    de pr

    ote

    na e

    celu

    larid

    ade,

    hipo

    glic

    orra

    quia

    Torp

    or, s

    inai

    s de

    disf

    un

    o de

    ner

    vos c

    rani

    anos

    Doe

    na

    Pri

    nica

    LCR

    : pro

    ten

    a 14

    -3-3

    EEG

    : ond

    as tr

    ifsi

    cas

    Dem

    nci

    a, P

    NP,

    per

    da v

    isua

    l, m

    iocl

    onia

    , cris

    es, s

    urde

    z ne

    u-ro

    sens

    oria

    lTu

    mor

    es

    Ast

    roci

    tom

    a, m

    edul

    obla

    stom

    a, h

    eman

    giob

    last

    oma,

    ep

    endi

    mom

    a, p

    apilo

    ma,

    met

    sta

    seAV

    C: a

    cide

    nte

    vasc

    ular

    cer

    ebra

    l; PN

    S: p

    olin

    euro

    patia

    sens

    itiva

    ; PN

    PSM

    : pol

    ineu

    ropa

    tia se

    nsiti

    vo m

    otor

    a.

    Qua

    dro

    1 - C

    ontin

    ua

    o

  • 20 21

    Qua

    dro

    2. A

    taxi

    as re

    cess

    ivas

    [3,4

    ] .Ti

    pos

    Dia

    gns

    tico

    Prop

    edu

    tica

    Sina

    is e

    sint

    omas

    Out

    ros a

    chad

    osA

    taxi

    a +

    neur

    onop

    atia

    pu

    ra

    Ata

    xia

    de F

    riedr

    eich

    PNS

    axon

    alPi

    ram

    idal

    ism

    o, n

    euro

    patia

    , esc

    olio

    se,

    sina

    l de

    Bab

    insk

    i. Po

    de h

    aver

    cor

    eia

    Dia

    bete

    s, ca

    rdio

    patia

    , aus

    nci

    a de

    at

    rofia

    cer

    ebel

    arA

    taxi

    a re

    laci

    onad

    a a

    Polim

    eras

    e G

    ama

    (SA

    ND

    O)

    Aum

    ento

    do

    cid

    o l

    ctic

    o s

    rico

    Ata

    xia,

    ofta

    lmop

    legi

    a, d

    isar

    tria,

    ne

    urop

    atia

    axo

    nal s

    ensi

    tiva,

    pto

    se,

    park

    inso

    nism

    o, m

    iocl

    onia

    Les

    es st

    roke

    -like

    , atro

    fia c

    ereb

    elar

    Ata

    xia

    por d

    efic

    inc

    ia

    de V

    itam

    ina

    EV

    itam

    ina

    E ba

    ixa

    PNPS

    , tre

    mor

    cef

    lic

    o, d

    isto

    nia,

    su

    rdez

    , dis

    fun

    o d

    e be

    xiga

    , ret

    inite

    pi

    gmen

    tosa

    com

    esc

    otom

    a em

    ane

    l, be

    xiga

    neu

    rog

    nica

    , xan

    tela

    sma,

    xa

    ntom

    a em

    tend

    es

    Aum

    ento

    do

    cole

    ster

    ol e

    dos

    tri

    glic

    rid

    es, a

    usn

    cia

    de a

    trofia

    ce

    rebe

    lar

    Abe

    talip

    opro

    tein

    emia

    VLD

    L, L

    DL

    baix

    osA

    cant

    ocito

    se

    Ret

    inite

    pig

    men

    tar,

    este

    ator

    reia

    PNPS

    , aus

    nci

    a de

    atro

    fia c

    ereb

    elar

    Ata

    xia+

    ne

    urop

    atia

    se

    nsiti

    vo-m

    otor

    a

    Ata

    xia-

    tela

    ngie

    ctas

    iaA

    lfa-f

    etop

    rote

    na

    aum

    enta

    daTe

    lang

    iect

    asia

    ocu

    lar e

    pel

    e, a

    prax

    ia

    ocul

    omot

    ora,

    dis

    artri

    a, d

    isto

    nia,

    cor

    eia,

    m

    iocl

    onia

    , tre

    mor

    , atro

    fia m

    uscu

    lar,

    espi

    nhal

    dis

    tal,

    hirs

    utis

    mo,

    hip

    opla

    sia

    test

    icul

    ar e

    ova

    riana

    . Pre

    disp

    osi

    o

    ne

    opla

    sias

    e in

    fec

    es r

    espi

    rat

    rias

    Dim

    inui

    o

    de Ig

    A, I

    gE, I

    gG2

    Aum

    ento

    de

    IgM

    . Gam

    opat

    ia

    mon

    oclo

    nal

    Into

    ler

    ncia

    a g

    licos

    eA

    trofia

    de

    cere

    belo

    PN

    PS o

    u SM

    ax

    onal

    Ata

    xia

    apra

    xia

    ocul

    ar

    tipo

    1A

    lbum

    ina

    dim

    inu

    daA

    prax

    ia o

    cula

    r, co

    reia

    , dis

    toni

    aA

    umen

    to d

    o co

    lest

    erol

    LD

    L, a

    trofia

    ce

    rebe

    lar

    Ata

    xia

    apra

    xia

    ocul

    ar

    tipo

    2A

    lfa-f

    etop

    rote

    na

    aum

    enta

    daA

    prax

    ia o

    cula

    r, co

    reia

    , dis

    toni

    aA

    trofia

    cer

    ebel

    ar

    Ref

    sun

    ci

    do fi

    tni

    co

    aum

    enta

    doSu

    rdez

    , ret

    inin

    te p

    igm

    enta

    r, ca

    tara

    ta,

    atro

    fia d

    a ri

    s, an

    osm

    ia, i

    ctio

    se,

    card

    iom

    iopa

    tia, a

    rritm

    ia, q

    uint

    o m

    etac

    arpo

    peq

    ueno

    , p

    cavo

    , he

    pato

    meg

    alia

    e fa

    lha

    de c

    resc

    imen

    to

    (cria

    na)

    Aum

    ento

    de

    prot

    ena

    no

    LCR

    . PN

    PS

    desm

    ielin

    izan

    teB

    ips

    ia d

    e ne

    rvo

    com

    pad

    ro

    em c

    asca

    de

    ceb

    ola

    Hip

    ocol

    este

    role

    mia

    (cria

    na)

    Leuc

    odis

    trofia

    (cria

    na)

    Aus

    nci

    a de

    atro

    fia c

    ereb

    elar

    Con

    tinua

    Xan

    tom

    atos

    ece

    rebr

    oten

    dne

    aC

    oles

    tano

    l au

    men

    tado

    Para

    pare

    sia,

    mio

    clon

    ia, d

    emn

    cia,

    pa

    rapa

    resi

    a, a

    tero

    scle

    rose

    , xan

    tela

    sma,

    au

    men

    to d

    e te

    nde

    s, ca

    tara

    ta

    Atro

    fia c

    ereb

    elar

    PNPS

    M a

    xona

    l

    Ata

    xia

    de C

    harle

    voix

    Sa

    guen

    ayPa

    rapa

    resi

    a es

    pst

    ica,

    neu

    ropa

    tia

    axon

    al, s

    inai

    s pira

    mid

    ais e

    hi

    perm

    ielin

    iza

    o d

    as fi

    bras

    da

    retin

    a

    Atro

    fia c

    ereb

    elar

    supe

    rior c

    om

    hipo

    dens

    idad

    es li

    near

    es n

    a po

    nte

    em T

    2

    GM

    2 de

    inic

    io ta

    rdio

    Def

    ici

    ncia

    de

    hexo

    amin

    idas

    e A

    ou A

    +B

    Para

    pare

    sia

    esp

    stic

    a, n

    euro

    patia

    ax

    onal

    , dis

    toni

    a, a

    ltera

    o

    cogn

    itiva

    , s

    ndro

    me

    de n

    eur

    nio

    mot

    or, e

    pile

    psia

    Atro

    fia c

    ereb

    elar

    Ata

    xia

    sem

    ne

    urop

    atia

    Doe

    na

    de W

    ilson

    Cob

    re a

    umen

    tado

    Dis

    toni

    a, c

    orei

    a, d

    emn

    cia,

    doe

    na

    hep

    tica

    Ane

    mia

    hem

    olti

    caC

    erul

    opla

    smin

    a di

    min

    uda

    Ace

    rulo

    plas

    min

    emia

    Cer

    ulop

    lasm

    ina

    baix

    aA

    ltera

    o

    retin

    iana

    e a

    ltera

    o

    cogn

    itiva

    Hip

    oint

    ensi

    dade

    no

    T2 e

    m n

    cle

    os

    dent

    eado

    s, n

    cleo

    rubr

    o e

    gang

    lios d

    a ba

    seN

    iem

    anPi

    ck ti

    po C

    Bi

    psia

    de

    pele

    co

    m te

    ste

    de

    Filip

    in p

    ositi

    vo

    Ofta

    lmop

    legi

    a su

    pran

    ucle

    ar v

    ertic

    al,

    espl

    enom

    egal

    ia, a

    ltera

    o

    cogn

    itiva

    Atro

    fia c

    ereb

    elar

    Ata

    xia

    cere

    bela

    r au

    toss

    mic

    a re

    cess

    iva

    tipo

    1

    Ata

    xia

    pura

    Atro

    fia c

    ereb

    elar

    Ata

    xia

    cere

    bela

    r au

    toss

    mic

    a re

    cess

    iva

    tipo

    2

    Aum

    ento

    do

    cid

    o l

    ctic

    o e

    decr

    sci

    mo

    de

    coen

    zim

    a Q

    10 n

    o m

    scu

    lo

    Ret

    ardo

    men

    tal,

    mio

    clon

    ia, e

    pile

    psia

    , in

    tole

    rnc

    ia a

    o es

    for

    oA

    trofia

    cer

    ebel

    ar c

    om le

    ses

    tipo

    st

    roke

    like

    PNS;

    pol

    ineu

    ropa

    tia se

    nsiti

    va; P

    NPS

    M: p

    olin

    euro

    patia

    sens

    itivo

    mot

    ora

    Qua

    dro

    2 - C

    ontin

    ua

    o

  • 22 23

    2 e 3), tipo 2 com degenerao retiniana pigmentar e sinais piramidais (AEC 7), tipo 3 com forma cerebelar pura (AEC6) e tipo 4 com mioclonia e surdez[7]. O fentipo dessas ataxias se sobrepe, sendo muito complexo o diagnstico base-ado apenas em achados clnicos. No Brasil, a mais comum a SCA3, ou doena de Machado Joseph. As caractersticas clnicas dessa doena so: oftalmoparesia supranuclear associada ataxia, piramidalismo, espasticidade, distonia, neuro-patia perifrica e parkinsonismo. Algumas caractersticas clnicas so mais co-muns em algumas ataxias, como mostra o Quadro 3 (adaptado[3]).

    Propedutica Imagem por ressonncia magntica, eletroneuromiografia, exame oftalmol-

    gico, eletrorretinograma. Bioqumica e provas hormonais: dosagem de vitaminas B12 e E, folato,

    alfa-fetoprotena, dosagem hormonal (hipogonadismo hipergonadotrfico presente em ataxia com deficincia de CoQ10), cobre srico, urinrio e ceru-loplasmina, ferro, ferritina, TSH, T3, T4, FSH, LH, testosterona, prolactina anti TPO, anti TBG, homocistena, colesterol, triglicrides.

    Provas de atividade inflamatria: FAN, ANCA, C3, C4, CH50, beta2-micro-globulina, fator reumatide, imunoglobulinas, enzima conversora da angio-tensina, antigliadina, antiendomsio, antidescarboxilase de cido glutmico (antiGAD).

    Investigao de erros inatos do metabolismo: erros na glicosilao, ciclo da ureia, doenas lisossomais, peroxissomais e aminocidos.

    Alterao mitocondrial: corpos cetnicos, dosagem de lactato e piruvato pr e ps prandial, hidroxibutirato/acetoacetato pr e ps prandial.

    Anlise do ciclo da ureia: amoniemia pr e ps prandial, cido ortico urinrio, cromatografia de aminocidos no sangue e urina.

    Anlise lisossomal: oligossacrides na urina, mucopolissacrides na uri-na, cido silico, hexosaminidases A, B, alfa- e beta-galactosidase, aril-sulfatases A e B.

    cidos orgnicos na urina. Anlise peroxissomal: cidos graxos de cadeia muito longa, cido fitni-

    co, perfil de acilcarnitinas na urina.

    Quadro 3. Sinais clnicos adicionais nas ataxias espinocerebelares autossmicas dominantes.

    Subtipo Sintomas clnicos

    AEC1 Sacadas hipermtricas, hiper-reflexia, disfuno executiva

    AEC2 Sacadas com velocidade diminuda, parkinsonismo, mioclonia, tremor de ao

    AEC3 Oftalmoparesia, nistagmo, espasticidade, polineuropatia, parkinsonismo, distonia

    AEC4 Sndrome cerebelar pura

    AEC5 Sndrome cerebelar pura com sintomas bulbares

    AEC6 Sndrome cerebelar pura de incio mais tardio (maior que 55 anos)

    AEC7 Surdez e retinopatia pigmentar

    AEC8 Espasticidade, neuropatia sensitiva, sinais piramidais

    AEC9 Oftalmoplegia, atrofia ptica, disartria, sinais piramidais, sinais parkinsonianos

    AEC10 Epilepsia

    AEC11 Sndrome cerebelar pura de curso benigno

    AEC12 Tremor, hiperreflexia, demncia, distonia, polineuropatia

    AEC13 Incio na infncia, retardo mental

    AEC14 Mioclonia e declnio cognitivo

    AEC15 Sndrome cerebelar pura de curso lento

    AEC16 Tremor de cabea e mos

    AEC17 Disfagia, demncia, epilepsia e coreia, distonia ou parkinsonismo

    AEC18 Atrofia muscular e perda sensitiva

    AEC19 Mioclonia e alterao cognitiva

    AEC20 Tremor palatal e disfonia, tosse espasmdica

    AEC21 Sintomas extrapiramidais (acinesia, rigidez e tremor), demncia e hiporreflexia

    AEC22 Sndrome cerebelar pura com hiporreflexia

    AEC23 Perda sensitiva e sinais piramidais, tremor de cabea e membros

    AEC25 Neuropatia sensitiva

    AEC26 Sndrome cerebelar pura

    AEC27 Tremor, discinesia e sintomas psiquitricos

    AEC28 Oftalmoplegia, neurnio motor superior e epilepsia

    AEC30 Sndrome cerebelar pura

    AEC31 Sndrome cerebelar pura, surdez

    AEC35 Sinais de neurnio motor superior, paralisia pseudobulbar

    AEC36 Atrofia muscular proximal e fasciculaes com aumento de reflexos

  • 24 25

    Referncias bibliogrficas1. Klockgether T. Sporadic ataxia with adult onset: classification and diagnostic criteria. Lancet

    Neurol 2010;9:94-104.2. Degardin A, Dobbelaere D, Vuillaume I, Defoort-Dhellemmes S, Hurtevent JF, Sablon-

    nire B, Deste A, Defebvre L, Devos D. Spinocerebellar ataxia: a rational approach to aetiological diagnosis. Cerebellum 2012;11:289-299.

    3. Ataxias: general [internet] 19 de fevereiro de 2010. Disponvel em: http://neuromuscular.wustl.edu/ataxia/aindex.html#ref1: acessada em 25 de maio de 2012.

    4. Anheim M, Tranchant C, Koenig M. The autosomal recessive cerebellar ataxias. N Engl J Med 2012;366:636-646.

    5. Finsterer J. Mitochondrial ataxias. Can J Neurol Sci 2009;36:543-553.6. Jacquemont S, Hagerman RJ, Hagerman PJ, Leehey MA. Fragile-X syndrome and fragile

    X-associated tremor/ataxia syndrome: two faces of FMR1. Lancet Neurol 2007;1:45-55.7. Harding AE. The clinical features and classification of the late onset autosomal dominant

    cerebellar ataxias. A study of 11 families, including descendants of the the Drew family of Walworth. Brain 1982;105:1-28.

    COREIA

    Introduo

    A coreia uma sndrome de movimentos irregulares, abruptos, involun-trios e excessivos na qual as contraes musculares parecem fluir ale-atoriamente de uma parte do corpo para outra, causando a impresso de agitao e inquietude[1-3]. Quando os movimentos coreicos so importantes, assumindo carter grosseiro, so chamados balismos[1,3]. A coreia pode afetar mos, ps, tronco, pescoo e face, inclusive movimentos dos olhos e da lngua. Acredita-se ser causada por danos nos ncleos da base do crebro, principal-mente na via indireta, que inibe contraes musculares indesejadas e previne a iniciao dos movimentos[1].

    EtiologiaAs causas de coreia podem ser divididas em genticas e no genticas (Quadro 1).

    Descrevemos, a seguir, as duas principais formas de coreia (hereditria e adquirida).

    DOEnA DE HunTIngTOnDoena de Huntington (DH), causa mais frequente de coreia gentica, um dis-trbio neurodegenerativo de herana autossmica dominante, caracterizado pela trade: coreia, declnio cognitivo e alteraes comportamentais. Surge habitual-mente na idade adulta, entre a terceira e quarta dcada de vida, sendo implaca-velmente progressiva, culminando em deficincia motora completa e demncia, seguidos de morte entre 15-20 anos aps o incio dos sintomas[2,3]. Entretanto, uma pequena proporo dos pacientes desenvolve os primeiros sintomas antes dos 20 anos de idade (variante de Westphal, de rpida progresso) ou depois dos 70 anos[3].

    Fisiopatologia da DHA DH causada por uma expanso da repetio de trinucleotdeos (CAG) no gene que codifica a doena no cromossomo 4p16 (gene IT15). A repetio de CAG normal ao longo do gene da DH igual ou menor que 35; expanses de 40 trinu-cleotdeos ou mais so resposveis por causar DH com penetrncia completa[3].

    Apresentao clnica da DHA DH caracterizada clinicamente por coreia e/ou distonia, declnio cognitivo e alteraes psiquitricas e comportamentais, ocorrerendo juntas ou uma prece-dendo as outras[7].

  • 26 27

    Causas genticas

    Doena de HuntingtonDoenas Huntington- LikeNeuroacantocitoseSndrome de McLeodDoena de WilsonCoreia hereditria benignaAtrofia espinocerebelar tipo 2, 3 e 17Degenerao Dentato-rubro-palidoluisianaAtaxia de FriedreichAtaxia-telangiectasiaAtaxia associada com apraxia oculomotoraNeuroferritinopatiaDegenerao associada a Pantotenatoqui-

    nase (Neurodegenerao com acmulo intra cerebral de ferro)

    Doena de Leigh e outras mitocondriopatiasDoena de Lesch-Nyhan

    Imunolgicas

    Coreia de Sydenham (CS) e suas variaes (coreia gravdica e coreia induzida por contraceptivos)

    Lpus Eritematoso SistmicoSndrome do anticorpo antifosfolpideSndromes paraneoplsicasEncefalomielite aguda disseminadaDoena celaca

    Relacionadas a drogas

    AmantadinaAnfetaminaAnticonvulsivantesMonxido de carbonoEstimulantes do SNC (metilfenidato, pe-

    moline, ciproheptadina)CocanaDiscinesia tardia: agonistas dopaminrgi-

    cos, bloqueadores de receptor de dopamina, levodopa, bloqueadores do canal de clcio

    EtanolLevofloxacinLtioSimpaticomimticosTeofilinaAntidepressivos tricclicos

    Quadro 1. Causas de coreia.

    Sndromes de abstinncia

    InfecesAidsBactria - Difteria - BorrelioseEncefalites - Parvovrus B19 - Sarampo - CaxumbaParasitas - NeurocisticercoseProtozorios - Malria - Sfilis

    Disfunes endcrino-metablicas

    Insuficincia AdrenalHiper/hipocalemiaHiper/hipoglicemiaHipomagnesemiaHiper/hiponatremia Insuficincia hepticaHipertiroidismoCoreia gravdicaCoreia relacionada a anticoncepcionais

    Vasculares

    Coreia ps-circulao extracorpreaAcidente vascular cerebralHematoma SubduralHipxiaVasculite

    Diversas

    Encefalopatia anxicaParalisia cerebral (forma extrapiramidal)KernicterusEsclerose mltiplaDesenvolvimento normal (menos de 12

    meses de idade)Nutricional (como deficincia de B12)Ps-traumtico (leso cerebral)Coreia senilCoreia essencial

    Adaptado de Cardoso, 2009[3].

    Apesar de a coreia ser o movimento prottipo e usualmente aparecer com incio da doena em idade mdia ou tardia, o espectro de deficincia motora in-clui movimentos oculares anormais (75% dos casos), sintomas parkinsonianos, distonia (comum na variante de Westphal), mioclonias, tiques, ataxias, disartria, disfagia, espasticidade com hiper-reflexia e reflexo cutneo-plantar em exten-so[3], e ainda elevao do superclio. A medida que a doena progride aparecem a rigidez parkinsoniana ou distonia, a qual encontrada em mais de 90% dos pacientes com DH[8], apesar de raramente se tornar to proeminente como nas distonias idiopticas. O aspecto geral da marcha da doena de Huntington base alargada, com balano e movimentos para cima e para baixo, responsvel por cau-sar quedas frequentes, em at 60% dos pacientes[9], e em carter de marionete[2].

    O comprometimento comportamental universal na DH, sendo comum a de-presso maior (mais de 40%), tentativas de suicdio (responsvel por 7,5% das mor-tes[2]), ansiedade, ataques de pnico, sintomas obsessivos, compulsivos e manacos, psicose, irritabilidade e comportamento agressivo, hipersexualidade e apatia[3].

    Anormalidades neuropsiquitricas so encontradas em 98% dos casos. Os pacientes apresentam declnio cognitivo, raciocnio lentificado, prejuzos na organizao, no planejamento e resoluo de problemas e no controle de im-pulsos[2]. Os pacientes no estgio final da doena apresentam demncia, rigidez intensa e mutismo acintico. A imobilidade e a disfagia muitas vezes levam pneumonia aspirativa, a causa mais comum de morte nesses pacientes[3].

    Diagnstico da DHPacientes com apresentao tpica e histria familiar de Doena de Huntington geneticamente confirmada podem ser diagnosticados clinicamente sem um teste confirmatrio gentico[2].

    COREIA DE SyDEnHAMCoreia de Sydenham (CS) a forma mais comum de coreia autoimune em todo o mundo e conta com a quase totalidade de casos agudos de coreia em crianas[5]. A coreia uma das principais caractersticas e um critrio diagnstico da Febre Reumtica (FR) aguda, uma complicao no supurativa de infeco faringoa-migdaltica pelo Streptococcus Beta-hemoltico do grupo A. A FR uma doena inflamatria sistmica aguda, febril e autolimitada que acomete articulaes, co-rao, crebro e pele (eritema marginato).

    A CS surge usualmente aos 8 anos de idade, de 4 a 8 semanas depois da fa-ringite estreptoccica com maior prevalncia entre as mulheres. A coreia rapida-mente se torna generalizada, mas em 20% dos pacientes persiste a hemicoreia[3].

    Fisiopatologia da CSA infeco faringoamigdaltica estreptoccica em indivduos geneticamente pre-

  • 28 29

    dispostos pode levar a uma reao cruzada de anticorpos e acometer ncleos da base levando a uma hipoatividade do globo plido interno. Os circuitos fronto-estriatais motor, oculomotor, dorsolateral, orbital lateral e medial podem estar prejudicados. Isso ocorre devido semelhana molecular entre antgenos estrep-toccicos e do SNC, como o eptopo de protenas M bacterianas. Os anticorpos esto presentes em 50% a 90% dos pacientes com CS[3].

    Apresentao clnica da CSOs pacientes apresentam impersistncia motora, notada particularmente na pro-tuso da lngua e fixao ocular. Em raros casos, a hipotonia e a bradicinesia so to pronunciadas que o paciente torna-se acamado (coreia paraltica). Contra-es dos msculos do trato respiratrio superior resultam em sons involuntrios produzidos por alguns pacientes, enquanto outros podem presentar sacadas hi-pomtricas, crises oculgiras, disartria, comprometimento da fluncia verbal e da prosdia. Outros achados podem estar presentes, como migrnia, papiledema e convulses. Cerca de 60% a 80% dos pacientes apresentam envolvimento car-daco, particularmente disfuno da valva mitral, enquanto 30% podem apre-sentar arritmias. As anormalidades comportamentais tambm merecem ateno: obsesses e compulses, hiperatividade e dficit de ateno[10], labilidade emo-cional e disfuno executiva[3].

    Diagnstico da CSO diagnstico definitivo dado pelos critrios de Jones e pela excluso de outras causas.

    Os critrios de Jones, determinados pela American Heart Association (Qua-dro 2) indicam que a presena de dois sinais maiores ou de um sinal maior e dois menores representa uma alta probabilidade da doena, sendo obrigatria a evi-dncia de infeco estreptoccica prvia. A presena de coreia como manifesta-o nica da doena tambm permite o diagnstico, uma vez que se trata de uma manifestao mais tardia, podendo tanto a dosagem do anticorpo estreptoccico quanto a cultura de orofaringe serem negativas[11-13].

    Quadro 2. Critrios de Jones (1992).

    Sinais maiores Sinais menores

    CarditePoliartriteCoreiaEritema marginadoNdulos subcutneos

    ClnicosArtralgiaFebreLaboratoriaisAumento da VHS e PCRIntervalo PR prolongado

    Evidncia de infeco prvia por Streptococcus do grupo A

    Cultura de garganta ou teste de antgeno estreptoccico positivo

    Propedutica para identificao das coreias Cultura ou pesquisa de anticorpos antiestreptolisina (ASLO). Pesquisa de antgeno antinuclear (ANA). Anticorpos antifosfolpides (APLA). Hemograma com pesquisa de acantcitos. CK (se houver suspeita de neuroacantocitose). Eletroneuromiografia (se houver suspeita de neuroacantocitose). Dosagem de eletrlitos (sdio, potssio, cloreto, bicarbonato, magnsio, cl-

    cio) e aminocidos. Funo tireoidiana. Glicose. Ressonncia magntica do encfalo. Teste gentico.

    Diagnstico diferencial das coreiasVrios distrbios mimetizam a coreia, como: tiques, distonia, tremor, ataxia, per-da de propriocepo, autoestimulao, distrbios psicognicos, ansiedade e o desenvolvimento normal (menos de um ano de idade)[1,6]. A coreia pode ser dife-renciada de outros tipos de movimentos atravs de suas caractersticas: ser irre-gular, abrupta, involuntria, excessiva, e imprevisvel, alm de causar contraes musculares que parecem fluir aleatoriamente de uma parte do corpo para outra.

    Entre as diversas causas de coreia, possvel identificar peculiaridades do distrbio coreico de cada uma, alm de resultados de exames laboratoriais, para ento diferenci-las: Neuroacantocitose: incio adulto, coreia leve, tiques, estereotipias orais, neu-

    ropatia perifrica, distonia alimentar, aumento de creatininaquinase srica e acantcitos nos eritrcitos.

    LES: incio agudo, coreia localizada e frequentemente peridica, com ocor-rncia de anormalidades sorolgicas e clnicas caractersticas.

    Discinesia tardia (pacientes psiquitricos sob tratamento prolongado com drogas neurolpticas): movimentos repetidos (estereotipia) em oposio ao acaso da coreia. A marcha geralmente normal.

    Demncias pr-senis: assemelha-se ao distrbio mental, mas apresenta mio-clonias e no movimentos coreicos.

    Coreia hereditria no-progressiva: inicia-se na infncia, no se agrava e no se associa demncia ou a distrbios de personalidade.

    SCA17 (ataxia espinocerebelar tipo 17 ou Huntington Like tipo 4): ataxia, declnio cognitivo, convulses e psicose.

    Huntington Like 1: doena prinica de incio precoce com alteraes psqui-cas. Incio entre 23 e 31 anos de idade, alteraes de personalidade, demncia,

  • 30 31

    alterao de cordenao e marcha, coreia, rigidez, ataxia, convulses. Atrofia frontal, temporal e cerebelar.

    Huntington Like 2: incio aos 40 anos, coreia, demncia, convulses, rigidez e sem alteraes oculares. Atrofia estriatal e cortical. Os pacientes so geral-mente de descendncia africana.

    Huntington Like 3: incio com 3 a 4 anos, desenvolvimento neuropsicomo-tor, alterao da fala, distonia, ataxia, crises, coreia e espasticidade. Atrofia cortical e docaudado.

    Desordens do acmulo de ferro.

    Referncias bibliogrficas1. Joy E. Pediatric chorea and choreoathetosis. World Wide Education and Awareness for

    Movement Disorders [internet]. 14 de fevereiro de 2011 [citado em 26 de maio de 2011]. Disponvel em: http://www.wemove.org/syd/pediatric/

    2. Shannon KM. Huntingtons disease and other choreas. Neurology Continuum 2004;10: 65-88.

    3. Cardoso F. Huntington disease and other choreas. Neurol Clin 2009;27:719-736.4. Zomorrodi A, Wald ER. Sydenhams chorea in western Pennsylvania. Pediatrics 2006;117:

    e657-659.5. Elia A, Lalli S, Albanese A. Differential diagnosis of dystonia. Eur J Neurol 2010;17:1-8.6. Merrit. Tratado de neurologia. Guanabara Koogan: Rio de Janeiro, 2002.7. Louis ED, Lee P, Quinn L. Dystonia in Huntingtons disease: prevalence and clinical cha-

    racteristics. Mov Disord 1999;14:95-101.8. Grimbergen YA, Knol MJ, Bloem BR. Falls and gait disturbances in Huntingtons disease.

    Mov Disord 2008;23:970-976.9. Maia DP, Teixeira AL Jr, Quintao Cunningham MC. Obsessive compulsive behavior, hype-

    ractivity, and attention deficit disorder in Sydenham chorea. Neurology 2005;64:1799-1801.

    10. Oliveira SKF, Bandeira M. Review for the primary care physician rheumatic fever. Ped Rheumonline Journal. 2004.

    11. Lennon D. Acute rheumatic fever in children. Recognition and treatment. Pediatr Drugs 2004;6:363-373.

    12. Bisno AL, Gerber MA, Gwaltney JM, Kaplan EL, Schwartz RH. Practice guidelines for the diagnosis and management of group A streptococal pharyngitis. Clin Infect Dis 2002;35: 113-125.

    DISTONIA

    Introduo

    Distonia refere-se ao movimento anormal caracterizado por contrao muscular padronizada, direcional e frequentemente sustentada, levando posturas anormais ou a movimentos de toroT. A associao de uma postura tnica lentificada e movimentos rpidos, assemelhando-se a tremores, caracterstica clnica deste distrbio de movimento[2]. O grau de distonia pode variar desde um distrbio leve, tarefa especfica, a at um status distnico, levan-do inclusive mioglobinria, sua forma mais grave.

    EpidemiologiaDistonia a terceira causa mais comum de movimento anormal aps tremor e parkinsonismo, atingindo prevalncia de 2 a 50 casos por milho em incio precoce (menores de 20 anos) e 30 a 7.320 casos por milho em incio tardio (maiores de 20 anos)[5]. Aproximadamente 70% dos pacientes com distonia tm a forma idioptica ou primria. Quanto distonia focal, acredita-se que apro-ximadamente 25% tenham base hereditria. Em relao localizao, as dis-tonias mais comuns so a do pescoo (torcicolo espasmdico) e o blefaroes-pasmo. Comumente a distonia cervical apresenta-se com dor e truque sensitivo (geste antagonistique). Apenas 10% sofrem remisso nos trs primeiros anos de doena[6].

    ClassificaoA classificao das distonias pode ser baseada na idade de incio dos sintomas, gravidade (repouso, ao e ao especfica), distribuio de regies do corpo afe-tadas e etiologia[2]. Em relao topografia, ela pode ser focal, segmentar (duas partes contguas), multifocal (duas ou mais partes no contguas), generalizada (distonia segmentar crural mais uma parte do corpo adicional) e hemidistonia (distonia unilateral). Quanto classificao etiolgica, a distonia pode ser pri-mria ou idioptica (quando nenhuma anormalidade, exceto a distonia, est pre-sente e no h anormalidade estrutural cerebral ou erros inatos do metabolismo detectveis); ou secundria (quando a distonia segue uma alterao neurolgica hereditria ou insulto exgeno e geralmente est associada a outras anormalida-des, como parkinsonismo, demncia, sinais piramidais ou cerebelares)[3]. Uma subcategoria de distonia secundria a distonia-plus, que hereditria e acom-panhada de outros sinais alm da distonia, mas no h degenerao cerebral. Outra subcategoria a heredodegenerativa, na qual h evidncia histopatolgica de degenerao cerebral. comumente recessiva e resultado de erros inatos do

  • 32 33

    metabolismo. H tambm as autossmicodominantes, as ligadas ao X e as de herana mitocondrial[4]. O Quadro 1 resume as principais causas de distonia.

    DiagnsticoO diagnstico de distonia pode ser difcil, devido sua variabilidade de apre-sentaes, ao reconhecimento incerto dos sinais clnicos especficos, ao largo espectro etiolgico e coexistncia de outros distrbios de movimento[2]. O diagnstico de distonia clnico, baseado no reconhecimento de caractersticas especficas. Os sintomas decorrem da ao concorrente da musculatura agonista

    Quadro 1. Principais causas de distonia: classificao etiolgica[4].

    Primria

    EspordicaHereditriaDYT 1, 2, 4, 6, 7, 13, 17

    Secundria

    Associada doena neurolgicaDistonia plus:Espordica doena de Parkinson, paralisia supranuclear progressiva, atrofia de mltiplos

    sistemas, degenerao crtico-basal ganglinicaHereditria DYT 5 (a e b), 11, 12, 14, 15, 16Doena degenerativaLigada ao X-DYT3, Lesch Nyhan, distonia-surdez, ditonia-cegueira-surdez e retardo.Autossmico-dominante Doena de Huntington, SCA 1-8, paraparesia espstica familiar,

    atrofia dentato-prubro-plido-luisianaAutossmico-recessiva Doena de Wilson, Hallervorden Spatz, acantocitose, ataxia-

    -telangiectasiaAssociada a defeitos do metabolismo acidria glutrica, homocistinria, tirosinose leucodistrofia, Nieman Pick, gangliosidose lipofuccinose cerride neuronalHerana mitocondrial Doena de Leber, Doena de LeighHerana incerta Neuroacantocitose, sndrome de Rett, doena de incluso neuronal e

    hemocromatose

    Sintoma de um agente exgeno ou ambiental - neurolpticos, anticonvulsivantes, ergotamni-cos, levodopa, agonistas dopaminrgicos, bloqueadores de canal de clcio, Mn, CO, metanol

    Relacionada a uma causa conhecida sndrome paraneoplsica, deficincia de vitamina E, hipoparatiroidismo, encefalite, vasculites, esclerose mltipla, leso expansiva, isquemia cerebral, hemorragia intracraniana, malformao vascular, trauma craniano, leso de nervo perifrico, kernicterus, paralisia cerebral, lpus eritematoso sistmico, sndrome de Sjgren, sndrome antifosfolpide

    Pseudodistonia - siringomielia, sndrome de Arnold-Chiari, torcicolo vestibular, sndro-mes de Isaacs, homem rgido (stiff man) e Sandifer, contratura de Dupuytren, subluxao atlanto-axial.

    Psicognica.

    Relacionada a outro movimento anormal:Tique distnico.Distonia paroxstica (DYT 8, 9, 10,18,19,20).

    Adaptado de Camargos, 2008.

    e antagonista. H a exibio da postura anormal que frequentemente piora ao movimento e melhora com relaxamento, sono ou truques sensitivos. A avaliao clnica inclui a escala de avaliao de distonia (Escala de Burke-Fahn-Marsdem).

    PropeduticaA histria de suma importncia no reconhecimento da etiologia da distonia. Histria de injria cerebral ao nascimento, exposio a agentes txicos ou am-bientais, comorbidades, alm de histria familiar de distrbios do movimento, devem ser cuidadosamente pesquisadas. Recomendamos realizar a prova te-raputica com levodopa (especialmente nos pacientes jovens com incio focal e posterior generalizao), j que nos portadores de Distonia dopa-responsiva (DYT5 ou doena de Segawa) pode haver grande melhora com esse medica-mento. Os testes genticos podem ser realizados aps o estabelecimento do diagnstico clnico[7]. O teste DYT1 recomendado para pacientes com distonia primria com incio antes dos 30 anos, iniciando nos membros e tornando-se generalizada a posteriori. O teste DYT6 teste recomendado em casos de incio precoce ou familiar com distonia crnio-cervical ou aps a excluso de DYT1. Indivduos com incio precoce e mioclonia devem ser testados para mutaes no DYT11[7]. Imagem por ressonncia magntica do crnio mandatria em alguns casos, principalmente nos casos de hemidistonia, j que nessa situao h grande chance de leso em ncleos da base contralaterais distonia. Quando h distonia precoce, tambm indicamos a avaliao da cintica do cobre e o exame da lmpada de fenda. Nas distonias cervicais a imagem por ressonncia magntica da coluna cervical de grande valia. Se houver suspeita de distonia secundria, os testes variaro conforme a suspeita especfica: teste de DNA para ataxias espino-cerebelares, doena de Huntington, alfa-fetoprotna, albumina, colesterol, imunoglobulina, acantcitos (se houver suspeita de ataxia associa-da); enzimas leucocitrias como beta galactosidase, galactocerebrosidase, aril sulfatase (se houver suspeita de doenas lisossomais); oligossacrides; cidos orgnicos e aminocidos na urina (se houver suspeita de doenas de depsito); bipsia de pele e dosagem de quitotreosidase (se suspeita de doena de Nie-man Pick tipo C); alm de eletrorretinograma, audiometria, eletroneuromiogra-fia, lactato e bipsia de msculo em caso de suspeita de doena mitocondrial.

    Diagnstico diferencialOs distrbios de movimento que podem ser mais comumente confundidos com distonia so tremor, doena de Parkinson, mioclonias, coreia e tiques[2].

    Referncias bibliogrficas1. Fahn S, Bressman SB, Marsden CD. Classification of Dystonia. Dystonia 3. Philadelphia:

    Lippincott-Raven, 1998.

  • 34 35

    2. Elia AE, Lalli S, Albanese A. Differential diagnosis of dystonia. Eur J Neurol 2010;17:1-8.3. Geyer HL, Bressman SB. The diagnosis of dystonia. Lancet Neurol 2006;5:780-790.4. Camargos ST. Caracterizao fenotpica e genotpica de parkinsonismo e distonia familia-

    res no ambulatrio de distrbios de movimento do Hospital das Clnicas da Universida-de Federal de Minas Gerais [Tese]. Belo Horizonte, MG: Universidade Federal de Minas Gerais; 2008.

    5. Defazio G, Abbruzzese G, Livrea P, Berardelli A. Epidemiology of primary dystonia. Lan-cet Neurol 2004;3:673-678.

    6. Chaudhuri KR, Ondo WG. Movement disorders in clinical practice. London: Springuer, 2010.7. Albanese A, Asmus F, Berardelli A. Guidelines for the diagnosis and treatment of primary

    (idiopathic) dystonia. Report by an EFNS MDS-ES Task Force Abstract.

    DOENA DE PARKINSON

    Introduo

    Adoena de Parkinson (DP), inicialmente descrita por James Parkinson em 1817 e denominada pelo mesmo de paralisia agitante, uma afec-o neurolgica das mais comuns e sua incidncia anual est estimada em 5 a 24 casos em cada 100.000 pessoas[1]. considerada a segunda maior cau-sa de doena neurodegenerativa depois da doena de Alzheimer, estando presen-te em at 1% da populao aps os 65 anos[2] chegando a atingir de 4% a 5% da populao acima dos 85 anos[3]. Estudos epidemiolgicos mostram um aumento da incidncia da doena de acordo com a idade, crescendo rapidamente aps a quinta dcada[4]. Estudos de prevalncia nos Estados Unidos e Europa (The Na-tional Parkinson Foundation) mostraram que Parkinson de incio precoce (PIP) contribui de 4% a 10% com os casos de DP[5].

    Define-se PIP como doena iniciada entre os 21 e 40 anos[6].

    EpidemiologiaEstudos epidemiolgicos recentes de Sveinbjornsdottir et al. (2000)[7] e Payami et al. (2002)[8] indicam que h uma maior evidncia de um componente gen-tico na etiopatogenia de PIP quando, comparado a DP. Tanner et al. (1999)[9], estudaram 19842 gmeos mono e dizigticos e concluram que no havia um componente gentico evidente quando a doena iniciava aps os 50 anos. No entanto, houve uma alta concordncia de DP em gmeos monozigticos (e baixa em dizigticos) quando a doena se inicia antes dos 50 anos, sugerindo, portanto, um componente hereditrio em PIP. Como se trata de uma doena progressiva, que usualmente acarreta incapacidade grave aps 10 a 15 anos do seu incio, tem elevado impacto social e financeiro[10]. Diversos estudos apontam que a DP determinada por fatores genticos e ambientais, e o risco parece aumentar com a histria familiar positiva, ser do sexo masculino e ter vivido em zona rural. J o tabagismo e o consumo de cafena parecem estar associados a um menor risco de desenvolver a doena[11].

    FisiopatologiaA principal alterao anatomopatolgica a morte de neurnios dopaminrgicos na poro compacta da substancia negra, alm da presena de corpos de Lewy nos neurnios remanescentes, embora haja alguns casos de doena de Parkinson que no apresentem corpos de Lewy. Estes so incluses citoplasmticas pro-teinceas e eosinoflicas que contm protenas, livres e conjugadas a ubiquitina, diversas enzimas e protenas do citoesqueleto celular. O contedo proteinceo

  • 36 37

    dos corpos deLewy inclui neurofilamentos, ubiquitina, sinuclena ligada protena sinfilina 1 e torsinaA, enzimas de ubiquitinizao e deubiquitinizao, ativadores de proteossomos e protenas induzidas por choque trmico. O centro do corpo de Lewy formado de agregados de protenas ubiquitinizadas e a ra-diaoformadadeneurofilamentosesinuclena.sabidoquenaDPocorredegenerao neuronal em outras regies do crebro, tais como o locus coeruleus, ncleo dorsal do vago, crtex cerebral, ncleo basal de Meynert, sistema olfat-rio e at mesmo os neurnios perifricos, como os do plexo mioentrico[12]. A te-oria de Heiko Braak, apesar de controversa, explica a progresso dos fenmenos pr-motores e motores da doena e, assim sendo, no estadio 1 os corpos de Lewy estariam distribudos no bulbo, trato olfatrio e neurnios perifricos intestinais,

    Quadro 1. Sinais e sintomas da doena de Parkinson.

    Sinais pr-motores (evidncias fortes)

    ConstipaoDficit olfatrio

    Alterao de comportamento do sono REMDepresso

    Sinais motores

    Sinais cardinais (bradicinesia, tremor de repouso, rigidez e instabilidade postural)

    Alterao de marcha (passos curtos, festi-nao)

    Postura em flexo do tronco, joelhos e membros superiores

    HipomimiaMicrografiaEpisdios de congelamento

    Diminuio do piscamentoBlefaroespasmo, apraxia de abertura ocularMovimento ocular extrnseco diminudo e

    fatigvelDisartriaHipofoniaDisfagiaAlteraes respiratriasDeformidades estriatais em mos e ps

    Sinais no-motores

    Sintomas autonmicosOlhos secosSudorese excessivaAlteraes urinrias (urgncia, noctria,

    frequncia, incontinncia e esvaziamento incompleto)

    Disfuno sexualHipotenso ortostticaConstipao

    Distrbios do sonoPernas inquietas e movimentos peridicos

    do sono InsniaSonhos vvidosSonolncia diurna excessivaDespertar frequenteAlterao do comportamento do sono REM

    Sintomas sensitivosDorParestesias

    Sintomas neuropsiquitricosAnedoniaAnsiedadeDepressoSndrome disexecutivaDisfuno visuoespacialDemnciaAtaques de pnicoPsicoseSndrome da desregulao dopaminrgica

    (Transtorno do controle de impulso)Comportamento repetitivo (punding)

    OutrosDiminuio da saliva (a sialorreia secun-

    dria disfagia)SeborriaFadigaAlteraes de pesoPescoo cadoCamptocormiaMo e p estriatalSndrome da Torre de Pisa

    Quadro 2. Diagnstico de Doena de Parkinson (UK Parkinsons Disease Brain Bank Criteria).

    Critrios necessrios para diagnstico de doena de Parkinson

    BRADICINESIA (e pelo menos um dos seguintes sintomas abaixo)Rigidez muscular em roda denteadaTremor de repouso (4-6 Hz) Instabilidade postural no causada por distrbios visuais, vestibulares, cerebelares ou

    proprioceptivos

    Critrios excludentes para doena de Parkinson

    Histria de AVC de repetioHistria de trauma craniano graveHistria definida de encefaliteCrises oculgirasTratamento prvio com neurolpticosRemisso espontnea dos sintomasQuadro clnico estritamente unilateral aps

    trs anosParalisia supranuclear do olhar

    Sinais cerebelaresSinais autonmicos precocesDemncia precoceLiberao piramidal com sinal de BabinskiPresena de tumor cerebral ou hidrocefalia

    comunicanteResposta negativa a altas doses de levodopaExposio metil-fenil-tetrahidropiridina

    (MPTP)

    Critrios de suporte positivo para o diagnstico de doena de Parkinson

    Incio unilateralPresena do tremor de repousoDoena progressivaPersistncia da assimetria dos sintomasBoa resposta a levodopa

    Presena de discinesias induzidas por le-vodopa

    Resposta a levodopa por 5 anos ou maisEvoluo clnica de 10 anos ou mais

    no estadio 2 na poro dorsal do bulbo e ponte, e no estadio 3 os corpos de Lewy finalmente alcanariam o mesencfalo e substncia negra, iniciando assim a sin-tomatologia motora da doena.

    Apresentao clnicaOs sintomas cardeais da doena consistem na lentido dos movimentos (bradici-nesia) alm de tremor de repouso, rigidez e instabilidade postural. Os sintomas da DP so divididos em sintomas motores e no motores. Os sintomas motores so geralmente assimtricos e com o tempo se tornam bilaterais. No Quadro 1 explicitam-se os sinais pr-motores, motores e no motores da doena.

    DiagnsticoCRITRIOS DO BAnCO DE CREBRO DE LOnDRESCom base nos critrios do Banco de Crebros da Sociedade de Parkinson do Reino Unido (os mais utilizados atualmente), o paciente ter diagnstico de DP se apresentar lentido dos movimentos (bradicinesia), outro critrio necessrio e pelo menos trs critrios de suporte positivo[13]. Os critrios podem ser divididos em trs grupos como mostrado no Quadro 2.

    O diagnstico, portanto, feito atravs da histria clnica e exame neurol-gico. Os testes laboratoriais, como tomografia computadorizada e ressonncia

  • 38 39

    magntica, so utilizados para descartar outras patologias cujos sintomas podem ser semelhantes aos da DP[14]. A funo dopaminrgica dos gnglios da base pode ser medida com radiotraadores PET e SPECT[15].

    Sndromes ParkinsonianasSintomas parkinsonianos no so exclusivos da doena de Parkinson; estima-se que a DP seja responsvel por aproximadamente 86% dos casos de parkinso-nismo[16]. Um estudo de prevalncia de parkinsonismo em uma clnica de Mo-vimentos Anormais no Brasil demonstrou a porcentagem de DP em 68,9 %[17]. Foi revelado em um estudo populacional brasileiro que a taxa de prevalncia na populao acima de 64 anos de 3,3%[18]. As causas de sndromes parkinsonia-nas esto listadas no Quadro 3.

    H alguns sinais e sintomas que apontam para um quadro parkinsoniano, e no DP. Esses sinais so comumente chamados de sinais de alerta. So eles[19]: Resposta teraputica pobre a levodopa ou agonistas dopaminrgicos nos es-

    tgios iniciais da doena. Instabilidade postural e quedas precoces.

    Quadro 3. Parkinsonismo secundrio.

    Causas medicamentosas e txicas Causas estruturais

    Bloqueadores de receptores dopaminrgicosHaloperidol, pimozide, flufenazina, meto-

    clopramida

    Depletores de dopaminaReserpina, tetrabenazina, metildopa, alfa-

    metiltirosina, oxpertina

    Bloqueadores de canal de clcioCinarizina, flunarizina, nimodipina, anlodi-

    pina, diltiazem, nifedipina

    Metais e txicosMPTP (1-metil-4-fenil-1,2,3,6-tetrahidro-

    piridina)Monxido de carbonoDissulfito de carbonoParaquatToluenoCobalto, mangans e mercrio

    Parkinsonismo vascular (mltiplos infartos cerebrais, principalmente em nvel dos gn-glios da base)

    Cavernoma, malformao arteriovenosaEncefalopatia pugilsticaTumoresHidrocefalia de presso normal

    Parkinsonismo heredo-degenerativo

    Doena de HuntingtonNeuroacantocitoseDoena de WilsonDoena de FahrNeurodegenerao com acmulo intracere-

    bral de ferroAtaxia espino-cerebelar tipo 3 (doena de

    Machado Joseph)Demncia frontotemporal

    Causas infecciosas Parkinson-plus (parkinsonismo atpico)

    Encefalite letrgicaHIVDoena prinicaDoena de WhippleToxoplasmoseCisticercose (forma cstica nos gnglios da

    base)

    Parkinsonismo ligado doena de Alzhei-mer

    Doena dos corpos de LewyParalisia supranuclear progressivaAtrofia de mltiplos sistemas (forma par-

    kinsoniana e forma cerebelar)Degenerao cortico-basal-ganglinica

    Sinais de disautonomia nos dois primeiros anos de doena. Presena de sinais oculares como piscamentos s sacadas, latncia aumen-

    tada mirada inferior, paralisia supranuclear, sacadas em onda quadrada (square-wave jerks), nistagmo, alm de apraxia de abertura ou fechamento palpebral.

    Sinais de doena simtricos com predominncia de sintomas de tronco em fases iniciais da doena.

    Alucinaes visuais precoces ou psicose, precipitadas ou no por baixas do-ses de agentes dopaminrgicos.

    Referncias bibliogrficas1. Marttila RJ, Rinne UK. Epidemiology of Parkinsons disease: an overview. J Neural

    Transm 1981;51:135-148.2. Polymeropoulos MH. Mapping of a gene for Parkinsons disease to chromosome 4q21-q23.

    Science 1996;274:1197-1199.3. Fahn S. Description of Parkinsons disease as a clinical syndrome. Ann N Y Acad Sci 2003;

    991:1-14.4. Mayeux R. The frequency of idiopathic Parkinsons disease by age, ethnic group, and sex

    in northern Manhattan, 1988-1993. Am J Epidemiol 1995;142:820-827.5. Van Den Eeden SK. Incidence of Parkinsons disease: variation by age, gender, and race/

    ethnicity. Am J Epidemiol 2003;157:1015-1022.6. Quinn N, Critchley P, Marsden CD. Young onset Parkinsons disease. Mov Disord 1987;

    2:73-91.7. Sveinbjornsdottir S. Familial aggregation of Parkinsons disease in Iceland. N Engl J Med

    2000;343:1765-1770.8. Payami H. Familial aggregation of Parkinson disease: a comparative study of early-onset

    and late-onset disease. Arch Neurol 2002;59:848-850.9. Tanner CM. Parkinson disease in twins: an etiologic study. Jama 1999;281:341-346.10. Protocolo clnico e diretrizes teraputicas da doena de Parkinson. Ministrio da Sade,

    Secretaria de ateno Sade. 10/05/2010.11. Tanner C, Hubble J, Chan P. Epidemiology and genetics of Parkinsons disease. McGraw

    Hill: Nova York 1997.12. Braak H, Del Tredici K, Rb U, de Vos RA, Jansen Steur EN, Braak E. Staging of brain

    pathology related to sporadic Parkinsons disease. Neurobiol Aging 2003;24:197-211.13. Hughes AJ, Daniel SE, Kilford L, Lees AJ. Accuracy of clinical diagnosis of idiopathic

    Parkinsons disease: a clinicopathological study of 100 cases. J Neurol Neurosurg Psychiatry 1992;55:181-184.

    14. Jankovic J. Parkinsons disease: clinical features and diagnosis. J Neurol Neurosurg Psychiatr 2007;79:368-376.

    15. Brooks DJ. Imaging approaches to Parkinson disease. J Nucl Med 2010;51:596-609.16. Rajput AH. Epidemiology of parkinsonism: incidence, classification, and mortality. Ann

    Neurol 1984;16:278-282.17. Cardoso F, Camargos ST, Silva Jnior GA. Etiology of parkinsonism in a Brazilian move-

    ment disorders clinic. Arq Neuropsiquiatr 1998;56:171-175.18. Barbosa MT. Parkinsonism and Parkinsons disease in the elderly: a community-based sur-

    vey in Brazil (the Bambui study). Mov Disord 2006;21:800-808.19. Chaudhuri KR, Ondo WG. Movement disorders in clinical practice. Springer: Londres, 2010.

  • 40 41

    ATROFIA DE MLTIPLOS SISTEMAS

    Introduo

    AAtrofia de Mltiplos Sistemas (AMS) uma doena neurodegenerati-va progressiva de ocorrncia espordica que compromete vrias reas do sistema nervoso central, como: substncia negra, caudado, putamen posterior, globus pallidus (pars externa), oliva inferior, ncleos pontinos, clulas de Purkinje, clulas da coluna intermediolateral da medula, ncleo de Onufs, locus coeruleus, ncleo dorsal do vago, ncleos vestibulares, tratos piramidais e da coluna anterior. Desse modo, gera-se uma grande variabilidade clnica com a combinao de sinais e sintomas piramidais, extra piramidais, cerebelares e autonmicos[1].

    Os poucos estudos existentes na literatura sugerem uma taxa de prevalncia abaixo de 5 por 100.000 e uma taxa de incidncia abaixo de 1 em 100.000[6]. A doena acomete adultos de ambos sexos e tem sobrevida de 9,3 anos aps o primeiro sintoma[7].

    ClassificaoO paciente pode apresentar-se com predomnio de sintomas parkinsonianos, subtipo AMS-P, previamente chamado de degenerao estriato-nigral, ou pre-domnio de ataxia cerebelar, subtipo AMS-C, previamente chamado de atrofia olivopontocerebelar[2]. A predominncia parkinsoniana ou cerebelar pode ser cambivel com o tempo de doena. Um terceiro subtipo, com predomnio de disfuno autonmica definido como AMS-A[3], previamente chamado de sn-drome de Shy Drager[4,5].

    FisiopatologiaA AMS considerada uma sinucleinopatia juntamente com a doena de Parkinson e a demncia por corpos de Lewy. O substrato neuropatolgico dessa doena a presena de incluses citoplasmticas gliais, principalmente filamentos de alfa-si-nuclena nas estruturas olivopontocerebelares e estriatonigrais. Variantes genticas do gene da alfa-sinuclena (SNCA) esto associadas AMS espordica e alguns es-tudos de polimorfismo de um nico nucleotdeo (SNPs) sugerem que h suscetibi-lidade para a forma de manifestaes predominantemente cerebelares (AMS-C)[5]. Alm disso, genes envolvidos no stress oxidativo, disfuno mitocondrial, pro-cessos inflamatrios, doena de Parkinson e ataxia tm possvel associao[6].

    Apresentao clnicaClinicamente a doena se manifesta com parkinsonismo de predomnio rgido- acintico (usualmente simtrico), alterao da marcha, instabilidade postural e quedas (usualmente em bloco), associados a uma varivel de sintomas ce-rebelares, piramidais e disautonmicos, tais como: disartria do tipo cerebelar, disfonia, disfagia, hipotenso postural, incontinncia urinria, disfuno sexual, ataxia, dismetria, decomposio de movimentos e disdiadocinesia.

    DiagnsticoDe acordo com o segundo consenso para o diagnstico em atrofia de mltiplos sistemas, publicado em agosto de 2008, os critrios so divididos em definitivos, provveis e possveis, como mostra o Quadro 1.

    Quadro 1. Critrios do segundo consenso do diagnstico de atrofia de multiplos sistemas[8].

    AMS DefinitivaO diagnstico neuropatolgico definitivo de AMS estabelecido quando h evidncia de incluses citoplasmticas gliais positivas para alfa-sinuclena (incluses de Papp-Lantos) difusas e abundantes no sistema nervoso central, em associao com mudanas neurodegenerativas em estruturas olivopon-tocerebelares ou estriatonigrais[9]

    AMS ProvvelDoena espordica e progressiva, iniciando no adulto maior de 30 anos e com os seguintes sintomas:Disautonomia envolvendo incontinncia urinria com disfuno ertil nos homens ou Hipotenso ortosttica dentro de 3 minutos de ortostatismo de pelo menos 30 mm Hg da presso

    sistlica ou 15 mm Hg da presso diastlica eResposta insatisfatria dos sinais parkinsonianos com levodopa (bradicinesia com rigidez, tremor

    ou instabilidade postural) ouSndrome cerebelar (ataxia de marcha com disartria do tipo cerebelar, ataxia de membros ou dis-

    funo oculomotora)

    AMS PossvelDoena espordica e progressiva, iniciando no adulto maior de 30 anos e com os seguintes sintomas:Parkinsonismo (bradicinesia com rigidez, tremor ou instabilidade postural) ouSndrome cerebelar (ataxia de marcha com disartria do tipo cerebelar, ataxia de membros ou

    disfuno oculomotora) ePelo menos um sinal sugestivo de disfuno autonmica (urgncia urinria inexplicvel, esva-

    ziamento vesical incompleto, disfuno ertil em homens ou hipotenso ortosttica em nveis menores do que o AMS provvel) e

    Pelo menos um sintoma adicional mostrado abaixoSinais adicionais de AMS possvel

    Possvel AMS-P ou AMS-C: Sinal de Babinski com hiper-reflexia; estridor larngeoPossvel AMS-P: Parkinsonismo rapidamente progressivo (piora de mais de 20% ao ano no UPDRS

    motor); resposta insatisfatria a levodopa; instabilidade postural dentro dos 3 primeiros anos do acometimento motor; imagem por ressonncia magntica mostrando atrofia de putamen, pednculo cerebelar mdio ou ponte; hipometabolismo em FDG no putamen; PET ou SPECT mostrando de-nervao dopaminrgica pr-sinptica

    Possvel AMS-C: Parkinsonismo (bradicinesia e rigidez); ataxia de marcha com disartria do tipo cerebelar, ataxia de membros ou disfuno oculomotora; disfagia dentro dos 5 primeiros anos do acometimento motor; imagem por ressonncia magntica mostrando atrofia de putamen, pednculo cerebelar mdio, ponte ou cerebelo; hipometabolismo em FDG-PET (tomografia por emisso de psitrons com fluorodesoxiglicose- 18 F no putamen, tronco ou cerebelo)

  • 42 43

    Os Quadros 2 e 3 mostram sinais suportivos e no suportivos de AMS.

    Quadro 2. Sinais suportivos (red flags) de AMS.Distonia orofacialAnterocolo desproporcionalCamptocormia (flexo anterior do tronco) e /ou sndrome de Pisa (flexo lateral do tronco)Contraturas das mos ou psSuspiros inspiratrios caractersticos, estridor respiratrio especialmente noiteDisfonia e disartria graves Incio ou aumento do roncoMos e ps frios e cianticosRiso ou choro patolgicosTremor mioclnico postural ou de ao

    Quadro 3. Sinais no suportivos do diagnstico de AMS.Tremor parkinsoniano clssico do tipo contar moedasNeuropatia clinicamente significativaAlucinaes no induzidas por drogas Idade de incio aps 75 anos ou antes dos 30 anosHistria familiar de ataxia ou parkinsonismoDemncia (nos critrios do DSM-IV)Paralisia supranuclear vertical ou importante alentecimento das miradas verticaisLeses da substncia branca sugerindo esclerose mltiplaDisfuno cortical, como afasia e apraxia

    PropeduticaA imagem por ressonncia magntica do encfalo pode revelar o sinal da cruz (hot cross bun sing) perceptvel na base da ponte de alguns pacientes com AMS e, apesar de no ser patognomnico, bastante sugestivo no diagnstico da atro-fia de mltiplos sistemas, principalmente na forma cerebelar (AMS-C). O sinal reflete a atrofia ou gliose das fibras transversas da ponte e das fibras pontoce-rebelares (em corte axial mostra hipersinal tanto longitudinal quanto vertical na ponte). Outras alteraes radiolgicas podem ser identificadas nos pacientes com atrofia de mltiplos sistemas, como atrofia putaminal em sua marginao lateral, hipersinal dorso-lateral no putamen, atrofia no tronco cerebral e do cerebelo[4,10].

    Diagnstico diferencialSo diagnsticos diferenciais: parkinsonismo ps encefaltico, doena de Parkin-son, demncia com corpos de Lewy, ataxias espinocerebelares (SCAs) 1,2,3,6 e 7, sndrome tremor-ataxia relacionado ao X frgil (FXTAS) e sndrome paraneo-plsica[1].

    Referncias bibliogrficas1. N Quinn. Multiple system atrophy--the nature of the beast. J Neurol Neurosurg Psychiatry

    1989;52:78-89.2. Wenning GK, Colosimo C. Diagnostic criteria for multiple system atrophy and progressive

    supranuclear palsy. Rev Neurol 2010;166:829-833.3. Berg D, Steinberger JD, Warren Olanow C, Naidich TP, Yousry TA. Milestones in magne-

    tic resonance imaging and transcranial sonography of movement disorders. Mov Disord 2011;26:979-992.

    4. Chaudhuri KR, Ondo WG. Movement disorders in clinical practice. Londres: Springer. 2010.

    5. Al-Chalabi A, Drr A, Wood NW, Parkinson MH, Camuzat A, Hulot JS, Morrison KE, Renton A, Sussmuth SD, Landwehrmeyer BG, Ludolph A, Agid Y, Brice A, Leigh PN, Bensimon G. Genetic Variants of the a-Synuclein Gene SNCA Are Associated with Multi-ple System Atrophy. NNIPPS Genetic Study Group PLoS One 2009;22,4:7114.

    6. Wenning GK, Litvan I, Tolosa E. Milestones in atypical and secondary Parkinsonisms. Mov Disord 2011;26:1083-1095..

    7. Gilman S, Low PA, Quinn N, Albanese A, Ben-Shlomo Y, Fowler CJ, Kaufmann H, Klo-ckgether T, Lang AE, Lantos PL, Litvan I, Mathias CJ, Oliver E, Robertson D, Schatz I, Wenning GK. Consensus statement on the diagnosis of multiple system atrophy. J Neurol Sci 1999;163:94-98.

    8. Gilman S, Wenning GK, Low PA, Brooks DJ, Mathias CJ, Trojanowski JQ, Wood NW, Colosimo C, Drr A, Fowler CJ, Kaufmann H, Klockgether T, Lees A, Poewe W, Quinn N, Revesz T, Robertson D, Sandroni P, Seppi K, Vidailhet M. Second consensus statement on the diagnosis of multiple system atrophy. Neurology 2008:26;71:670-676.

    9. Trojanowski JQ, Revesz T; Neuropathology Working Group on MSA. Proposed neuropa-thological criteria for the post mortem diagnosis of multiple system atrophy. Neuropathol Appl Neurobiol 2007;33:615-620.

    10. Albuquerque AV, Jnior HD. Sinal da Cruz: Um importante sinal radiolgico na Atrofia de Mltiplos Sistemas. Rev Neurocienc 2010;18:60-62.

  • 44 45

    DEGENERAO CORTICO BASAL GANGLINICA

    Introduo

    A degenerao crtico-basal ganglinica (DCBG) divide com a degene-rao lobar frontotemporal e paralisia supranuclear progressiva uma superposio de caractersticas clnicas e patolgicas. Alguns autores cunharam o termo como complexo de Pick. Tal complexo dividido em tau positivo e tau negativo. As doenas tau positivo seriam a DCBG, doena de Pick, paralisia supranuclear progressiva, tauopatia de mltiplos sistemas e demncia frontotemporal com parkinsonismo ligado ao cromossomo 17. Tau negativo seriam as outras variantes de demncia frontotemporal, tais como: de-mncia frontotemporal com alteraes imunorreativas ubiquitina sem doena do neurnio motor, demncia frontotemporal com doena do neurnio motor, demncia sem alterao histopatolgica distinta e doena por corpos de incluso de neurofilamentos[1]. Macroscopicamente, DCBG descrita como atrofia cor-tical frontoparietal ou frontotemporal com assimetria, alm de despigmentao da substncia negra. DCBG vista hoje como uma doena complexa que afeta as funes cognitivas e motoras, entretanto a participao relativa desses dois grandes sintomas continua controversa.

    DiagnsticoO Instituto de Doenas Raras do National Institutes of Health (EUA) introduziu critrios neuropatolgicos para definir o diagnstico acurado de DCBG[2]: Perda neuronal frequentemente frontal, parietal e/ou temporal. Perda neuronal da substncia negra. Leses neuronais e gliais (visualizadas por tcnica de Gallyas) tau positivas,

    especialmente placas e filamentos astrocticos tanto em crtex quanto em substncia branca, frequentemente no giro frontal, parietal superior e giros pr e ps central e estriado.

    Achados suportivos incluem atrofia cortical, frequentemente com espongio-se superficial; neurnios balonados (edema no pericrio, disperso da subs-tncia de Nissl, ncleo excntrico, acromasia e vacuolizao citoplasmtica) e corpos espiralados oligodendrogliais tau positivos.

    Apresentao clnicaA assimetria a caracterstica clnica mais importante da DCBG. A sintomato-logia geralmente de membro superior e varia entre rigidez, movimentos espas-

    mdicos, distonia ou alterao sensitiva. O membro afetado geralmente dispr-xico e bradicintico. Inicialmente no h alterao de linguagem ou demncia, e pode haver alterao de linguagem precoce, principalmente se ocorre apraxia bucofacial na apresentao. A apraxia geralmente do tipo ideomotora e quase universal ao longo do curso da DCBG. Outra apresentao comum (em quase 50% dos casos) a do sinal do membro aliengena.

    Pode ocorrer tremor postural, de ao e mioclonias (sentido distal-proximal) que pioram com a ao, sendo que a mioclonia pode exacerbar tanto com a ao quan-to com estmulos sensitivos. Geralmente uma mioclonia focal reflexa que prece-de ou acompanha os sintomas distnicos, e quando rtmica, lembra um tremor.

    Sinais sensitivos como o fenmeno da extino sensorial, astereognosia, agrafestesia, alterao de discriminao de dois pontos e parestesias tambm so relatados. Posteriormente, a alterao sensorial grave pode levar a um quadro pseudoatetico.

    Sinais de liberao frontal como grasping, labilidade emocional, sinais de liberao piramidal e disfuno bulbar podem aparecer ao longo da doena.

    No h resposta a levodopa e discinesias, porm estas podem ocorrer. Com a progresso da doena h desequilbrio, instabilidade postural e quedas frequentes[3,4].

    OuTRAS APRESEnTAESEm fases tardias, a DCBG pode apresentar alterao da movimentao ocular intrnseca, tanto horizontal quanto vertical, tipicamente com aumento da latncia para iniciar o movimento ou apraxia da movimentao ocular. A DCBG pode se apresentar como sndrome atrfica cortical posterior com apraxia ocular, ata-xia ptica e simultneo-agnosia (sndrome de Balint), acalculia, agrafia, agnosia para dedos, desorientao direita-esquerda (sndrome de Gerstmann), agnosia visual, alexia, agrafia e afasia sensitiva transcortical. Outra apresentao da DCBG a de distrbio de linguagem, incluindo a afasia progressiva no fluente, a apraxia da fala[3,4].

    CRITRIOS PROPOSTOS (TOROnTO)[3,4]Incio insidioso e progressivo sem causa identificvel de disfuno cortical re-presentada por pelo menos um critrio a seguir: Apraxia ideomotora assimtrica ou focal. Sinal do membro aliengena. Perda sensitiva cortical. Heminegligncia visual ou sensorial. Apraxia construtiva. Mioclonia focal ou segmentar. Apraxia da fala. Afasia no fluente.

  • 46 47

    Disfuno dos gnglios da base refletida por pelo menos um dentre: Rigidez apendicular assimtrica ou focal com ausncia de resposta susten-

    tada a levodopa. Distonia apendicular focal ou assimtrica.

    CRITRIOS SuPORTIVOS Evidncia de disfuno cognitiva focal ou lateralizada com preservao rela-

    tiva do aprendizado e da memria em testes neuropsicolgicos. Atrofia cerebral focal ou assimtrica em exames de imagem (tipicamente

    fronto parietal) ou hipoperfuso ou hipometabolismo nessas mesmas reas de caractersticas assimtricas em PET ou SPECT (tipicamente no crtex frontotemporal, gnglios da base e tlamo).No h ainda critrios validados para DCBG, mas h alguns propostos,

    como os de Lang (de Toronto), Boeve (Mayo) e Hodges (Cambridge). Um es-tudo recente mostrou que os trs critrios podem ser aplicados igualmente nos estgios mais tardios, entretanto, nos estgios precoces, foi demonstrado que os critrios de Cambridge tm uma maior aplicabilidade provavelmente devido ao peso dado s alteraes cognitivas e disfunes de linguagem. Os autores desse recente estudo propem uma modificao nos critrios de Cambridge a fim de aumentar a sensibilidade, mantendo alguns critrios mandatrios, como incio insidioso e progresso gradual, alm de ausncia de resposta com a levodopa, a fim de se aumentar a especificidade do diagnstico[5].

    Critrios de Cambridge modificados por Bak e Hodges[5]Para o diagnstico de DCBG o paciente deve satisfazer todos os critrios

    mandatrios, dois critrios maiores e dois critrios menores.Critrios mandatrios Incio insidioso e progressivoAusncia de resposta ao tratamento com levodopa*

    Critrios maioresSintomas motores: sndrome rgido acinticaSintomas corticais sensitivo motores: apraxia de membroSintomas cognitivos: alterao de fala e linguagem (inclui afasia, disartria e disgrafia)

    Critrios menoresSintomas motores: mioclonia focal ou segmentar, distonia assimtricaSintomas corticais sensitivo motores: fenmeno do membro aliengena, perda sensorial cor-

    tical, discalculiaSintomas cognitivos: disfuno frontal executiva (inclui diminuio de fluncia verbal e ou-

    tros testes de funo frontal anormais), dficits visuoespaciais

    *Ausncia de resposta ao tratamento com levodopa definida como ausncia de melhora dos sintomas extra-piramidais ou efeito apenas transitrio (menor de um ano) doses de 750mg ao dia por dois meses.

    Definies Assimet