Ortografia
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Ortografia: como trabalhar?Como trabalhar a ortografia com os alunos?
Ao se trabalhar com a ortografia no Ciclo de Alfabetização, deve-se privilegiar algum aspecto?
O que não se pode deixar de trabalhar?
O que julgo dispensável nesse momento de Alfabetização?
Como a criança aprende mesmo a escrever corretamente as palavras?
Ortografia: como trabalhar?
O ensino da ortografia deve ser iniciado no ano 3, etapa em que a criança já compreende o sistema de escrita alfabética. Nessa etapa de escolarização, deve-se chamar a atenção dos alunos para algumas regularidades da língua escrita.
Nossa norma ortográfica apresenta casos de regularidades e irregularidades na relação entre sons e letras. Caderno Pacto, Unidade 03,
p. 26.
As correspondências regulares podem ser de três tipos: diretas, contextuais e morfológico-gramaticais. A apropriação dessas restrições se dá através da compreensão dos princípios gerativos da norma, isto é, das regras.
Caderno Pacto, Unidade 03, p. 26.
As regularidades diretas são evidenciadas quando só existe na língua um grafema para notar determinado fonema (é o caso de P, B, T, D, F, V). Por exemplo, o P representará sempre o fonema /p/ (pato, capa, chapéu, entre outras), independente da posição em que apareça na palavra. A grafia desses sons não impõe dificuldades às crianças que já começaram a perceber essa relação já no momento da apropriação do SEA. Caderno Pacto, Unidade 03, p. 26.
As correspondênciasletra-som regulares diretas
(P, B, T, D, F, V)
P/B T/D F/V
PATO/BATO TATA/DATA FACA/VACA
PECA/BECA TECA/DECA FERA/VERA
PICO/BICO TITO/DITO FILA/VILA
POTE/BOTE TOMO/DOMO FOTO/VOTO
As regularidades contextuais, por sua vez, ocorrem quando a relação letra-som é determinada pela posição (contexto) em que a letra aparece dentro da palavra. Por exemplo: o uso do C ou QU relaciona-se ao som /k/, mas depende da vogal com que forme sílaba (casa, pequeno). Uma dificuldade para as crianças está relacionada à escrita das vogais nasais e dos ditongos nasais, o que pode ser explicado pela quantidade de possibilidades que existe na língua portuguesa para marcar a nasalidade: M/N em posição final de sílaba (campo, canto), uso do til (manhã), uso do dígrafo NH (linha), além dos casos de nasalização por contiguidade, em que a nasalização ocorre porque a sílaba seguinte já começa com uma consoante nasal – (amo).
Caderno Pacto, Unidade 03, p. 26-7.
As correspondências letra-som regulares contextuais:
C/QU; G/GU; R/RR; SA/SO/SU em início de palavra.JA/JO/JU; Z inicial; O ou U/ E ou I em sílaba final.
M e N nasalizando final de sílaba.NH; Ã e ÃO em final de substantivos e adjetivos.
C/QU: CINTO/QUINTO; JACA/JAQUETA.
G/GU: GELA/GUELA; GAROTO/GUARANÁ.R/RR: CARO/CARRO; FERA/FERRA;
SA/SO/SU: SALA; SOLA; SUBA.JA/JO/JU: JACA; JOCA; JUCA.
Z: ZERO; ZULMIRA.O ou U/E ou I em sílaba final: VOVÓ/CAJU/BULE/SACI.M e N nasalizando final de sílaba: POM-BO; MAN-GA.
NH; Ã e ÃO: NINHO; IRMÃ; IRMÃO.
Análise Linguística: Outros Conhecimentos ANO 1 ANO 2 ANO 3
Grafar corretamente palavras com correspondências regulares diretas entre letras
e fonemas (P, B, T, D, F, V).
I/A A C
Grafar corretamente palavras com correspondências regulares contextuais entre letras ou grupos de letras e seu valor sonoro (C/QU; G/GU; R/RR; SA/ SO/SU em início de palavra; JA/JO/JU; Z inicial; O ou U/ E ou I em sílaba final; M e N nasalizando final de sílaba; NH; Ã e ÃO em final de substantivos e adjetivos).
I A/C
As correspondênciasletra-som regulares morfológico-gramaticais
As correspondências som-grafia baseadas em regras morfológico-gramaticais estão presentes também nas flexões verbais.
As crianças, para garantir a escrita correta desses verbos, inicialmente, elas podem levantar hipóteses quanto a sua grafia. A depender da pronúncia, algumas podem grafar a terminação com /o/; /u/; /l/. A escrita correta virá a partir do estudo morfológico, ou seja, da compreensão da classe da palavra.
Por exemplo, empregamos U no final de verbos no passado, na terceira pessoa, como:
EU CANTEI EU BEBI EU SORRI
TU CANTASTE TU BEBESTE TU SORRISTE
ELE CANTOU ELE BEBEU ELE SORRIU
Mas empregamos o O no final de verbos no
presente, na primeira pessoa, como: EU CANTO EU BEBO EU SORRIO
O uso dessas regularidades baseia-se em regras que, aos poucos, as crianças assimilam a partir de um trabalho sistemático, cujo princípio é a reflexão.
As correspondências irregulares, por outro lado, não apresentam uma regra que ajude o aprendiz a selecionar a letra ou o dígrafo que deverá ser usado. Apenas um dicionário ou a memorização poderá ajudar nesses casos (MORAIS, 1998).
CHAPÉU / VASSOURA / QUEIJO / CARROÇA CAMINHÃO / PALHA / DESCIDA / EXCEÇÃO
Caderno Pacto, Unidade 03, p. 26.
Hora da Atividade!Cada grupo deve analisar seu texto (trava-
língua) e, a partir dele, propor uma atividade que contemple as regularidades diretas (as evidenciadas quando só existe na língua um grafema para notar determinado fonema: é o caso de P, B, T, D, F, V). Esta pode ou não conter o texto em si.
Exposição da atividade para o grupo.
A partir dessa atividade, o que podemos constatar que as crianças já sabem sobre a escrita?
Assim como é necessário conhecer o que as crianças já sabem sobre a escrita e o que ainda precisam saber, é necessária também a realização de um diagnóstico ortográfico para identificar o que as crianças já sabem sobre a norma, o que elas sabem de forma assistemática e o que elas ainda precisam saber. Assim, os professores devem pensar sobre os seus objetivos de ensino (o que devem ensinar?) e nos objetivos didáticos (o que os alunos irão aprender com determinado tipo de atividade?), de forma integrada aos objetivos formativos do currículo das escolas do campo. Caderno Pacto, Unidade
03, p. 36.
A partir do mapeamento, é necessário organizar o ensino, de modo a tratar separadamente as regularidades e irregularidades da norma ortográfica. O registro constante dos avanços das crianças em relação ao conhecimento ortográfico também deve ser realizado, o que ajudará o docente a rever e estabelecer novos objetivos.
Caderno Pacto, Unidade 03, p. 36.
O rei e a rainha foram passear
numa carruagem muito belaque mandaram comprar.
A coroa do rei era prateada,mas de ouro enfeitada.Ele beijava a rainha,
que estava apaixonada.
Andavam perto do rio,e nas ruas decoradas,
adoravam a cidadee andavam de mãos dadas.
Disponível em: http://www.aprenderebrincar.com/2012/10/poema-e-atividades-com-letra-r.html
Acesso em: 05.06.13.
O SOM DO R
/r/ - posição intervocálica (vibrante) – arara, cururu; /r/ - posição não intervocálica (vibrante) - proveito,
criativo;/r/, /rr/ - consoante uvular - formada pelo
impedimento do ar pela vibração da úvula - forte, carro, honra, rainha, rei.
VÍDEOS:
PARTE 01: http://www.youtube.com/watch?v=GMc3XXtPIsg
PARTE 2:http://www.youtube.com/watch?v=F7Hcg8NTajQ
CHINESA
BARONESA TRISTEZA
RIQUEZA
PRINCESA PUREZA
DUQUESA
FINEZA
DUREZA ESPERTEZA
O que as palavras abaixo têm em comum?
CHINESAPORTUGUESA
INGLESABARONESADUQUESAPRINCESAJAPONESA
MALVADEZAPUREZAFINEZADUREZARIQUEZATRISTEZA
ESPERTEZABELEZA
Todas têm o mesmo som. No entanto, a grafia muda. Então, como trabalhar a ortografia delas?
Por meio das REGRAS!As correspondências regulares morfológico-gramaticais são
compostas de regras que envolvem morfemas tanto ligados à formação de palavras por derivação lexical como por flexão (MORAIS, 1998), ou seja, nesses casos, são os aspectos gramaticais que determinam o grafema que será usado.
belo – belezaesperto – espertezaduro – durezatriste – tristezapuro - purezamalvado – malvadezarico - riqueza
Os substantivos originados de um adjetivo são escritos com: “EZA”.
chinês – chinesabarão- baronesaduque – duquesapríncipe – princesainglês – inglesaportuguês- portuguesa
japonês - japonesa
Os substantivos femininos que
indicam lugar de origem e título de
nobreza são escritos com
“ESA”.
As crianças devem ser levadas pelo docente a refletir sobre a norma ortográfica, contudo o ensino sistemático da ortografia não deve ser iniciado antes que os alunos compreendam o SEA e tenham dominado a maioria dos valores convencionais das letras. É importante que os aprendizes já sejam capazes de produzir e ler pequenos textos com alguma fluência, para que a ortografia venha a ser tomada como objeto de ensino e aprendizagem mais sistemáticos. Caderno Pacto, Unidade 03,
p. 29