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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Produções Didático-Pedagógicas
Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE
II
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO - PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA
Título: Estratégias para o Enfrentamento da Violência Escolar e Bullying entre Alunos de Sala de Recursos e Sala de Ensino Comum: considerações para uma escola inclusiva.
Autora: Telma da Silva Rodrigues
Disciplina/área Educação Especial
Escola de Implementação do Projeto
Colégio Estadual do Jardim Independência – Ensino Fundamental e Médio.
Município Sarandi
Núcleo Regional de Educação Maringá
Professora Orientadora Dra. Sonia Mari Shima Barroco.
Relação Interdisciplinar Todas as áreas
Resumo Relações de violência e bullying que permeiam o cotidiano da escola, envolvendo alunos do ensino comum e sala de recursos, configuram a temática central desta produção didático-pedagógica. Estudar tal fenômeno é questão essencial para conhecer e intervir nessa realidade. Nesse sentido, o problema de pesquisa deste estudo traduz-se nas indagações: como lidar com as relações de violência no cotidiano escolar envolvendo alunos com e sem deficiência; e, como viabilizar estratégias combativas ao bullying, vivenciadas em tal realidade. Quanto aos objetivos são: entender como ocorre a violência escolar e o bullying e suas implicações junto aos envolvidos; empregar estratégias de ação que promovam a tomada de consciência dos alunos, quanto às práticas violentas no contexto escolar; criar condições de empoderamento aos alunos, com conhecimentos efetivos que os capacitem para a superação dos conflitos; desenvolver trabalho pedagógico junto aos educandos sobre questões que envolvam a violência e o bullying, por meio dos processos criadores e criativos, à luz da teoria histórico-cultural. Quanto à estratégia de ação destacamos que após a caracterização do ‘estado da arte’ que envolve a temática proposta, este estudo visa a intervenção pedagógica em um colégio estadual da região noroeste do Paraná com alunos da educação básica.
Palavras-chave: Violência Escolar. Bullying. Educação Especial. Educação Inclusiva. Teoria Histórico-Cultural.
Formato do material didático Unidade Didática
Público-alvo Alunos da Educação Básica
Universidade Estadual de Maringá
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL - PDE
TELMA DA SILVA RODRIGUES
ESTRATÉGIAS PARA O ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA
ESCOLAR E BULLYING ENTRE ALUNOS DE SALA DE RECURSOS
E SALA DE ENSINO COMUM: considerações para uma escola
inclusiva
MARINGÁ - PARANÁ
2014
TELMA DA SILVA RODRIGUES
ESTRATÉGIAS PARA O ENFRENTAMENTO DA VIOLÊNCIA
ESCOLAR E BULLYING ENTRE ALUNOS DE SALA DE RECURSOS
E SALA DE ENSINO COMUM: considerações para uma escola
inclusiva
Material Didático-Pedagógico apresentado à Secretaria de Estado da Educação do Paraná no Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, em parceria com a Universidade Estadual de Maringá, como requisito para o desenvolvimento das atividades propostas para o período de 2014/2015, sob a orientação da Professora Drª. Sonia Mari Shima Barroco.
MARINGÁ - PARANÁ
2014
1. APRESENTAÇÃO
“Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”.
Rosa Luxemburgo
No presente material, destacamos que o mesmo atende ao previsto pelo PDE
para a segunda etapa desse processo formativo. Trata-se da exposição dos nossos
estudos que se objetivam em fundamentos teóricos e metodológicos para a
realização do proposto no Projeto de Intervenção Pedagógica. Aqui, apresentaremos
levantamentos bibliográficos e aspectos teóricos que subsidiarão nosso trabalho
educacional, bem como as estratégias e procedimentos que elegemos orientados
por esses fundamentos.
Temos no presente texto, como objetivo mais amplo, a compreensão de
como a violência escolar e o bullying ocorrem na relação cotidiana dos alunos com e
sem deficiência, no espaço da sala de aula. Para tanto, delimitamos os seguintes
objetivos específicos: expor os resultados de um levantamento bibliográfico de como
a violência escolar e o bullying vêm sendo abordado em publicações científicas de
língua portuguesa nos últimos cinco anos; apresentar uma proposta de intervenção
para lidar com o fenômeno da violência na escola de modo educativo e, portanto,
formativo; e, discutir as possibilidades de trabalho com o cinema, destinado a alunos
de educação básica participantes da instância colegiada do Grêmio Estudantil,
tomando-os como multiplicadores da ação educativa.
Considerando o exposto, não é nossa intenção neste estudo apresentar o
aluno com necessidades educacionais especiais como vítima da relação conflituosa
que se dá no processo de inclusão. Antes, buscamos analisar a relação entre todos
os educandos, que de alguma maneira são discriminados e postos à margem de
mediações enriquecedoras e humanizadoras que permitem à educação escolar um
papel revolucionário em suas vidas. Essa defesa pressupõe que o binômio ‘ensino-
aprendizagem’ constitua-se como elemento essencial de formação da pessoa, com e
sem deficiência.
Nesse sentido, o problema de pesquisa estudado é traduzido pela questão:
como lidar com as relações de violência e bullying no cotidiano escolar que
abrangem alunos das modalidades do ensino comum e ensino especial? E, de forma
complementar: como viabilizar a efetivação de estratégias combativas a esses
fenômenos, vivenciadas em tal realidade?
A relevância do presente estudo deriva da necessidade de investigar as
relações de violência e bullying na escola que permeiam o relacionamento cotidiano
na sala de aula, envolvendo alunos do ensino comum e alunos da sala de recursos
multifuncionais. Tanto na mídia, quanto no espaço escolar, assim como na
sociedade, de forma geral, a violência escolar e o bullying tem se apresentado e
chamado a atenção dos envolvidos, dos familiares e dos estudiosos da educação e
da psicologia.
A escolha por essa temática teve como ponto de partida diversas
inquietações decorrentes do cotidiano escolar, este universo no qual atuamos há 20
anos, como docente no ensino regular e especial. Tal experiência nos permitiu que
ao longo deste período, fosse possível observar um processo de mudança na
própria educação especial dentro da perspectiva inclusiva, nos educadores, nos
alunos, bem como nos suportes legais que sustentam o sistema educacional
brasileiro.
Esta produção didático-pedagógica cumpre com a finalidade de apresentar
instrumentos práticos de intervenção no cotidiano da escola. Para tanto, nos
pautamos no projeto preliminarmente desenvolvido no primeiro semestre de 2014 do
programa PDE, que previa tal ação. A aplicação do projeto ocorrerá no primeiro
semestre de 2015, perfazendo uma carga horária de 32h.
O presente material está estruturado no formato de unidade didática que se
constitui numa produção didático-pedagógica onde se desenvolve uma temática
específica, aprofundando-a de forma teórica e metodológica, conforme orientações
do PDE (PARANÁ, 2014).
2. BULLYING E VIOLÊNCIA NA ESCOLA: DOS DADOS E DA TEORIZAÇÃO
Elegemos a Teoria Histórico-Cultural como perspectiva para os nossos
estudos acerca da violência e do bullying na escola por considerá-la capaz de
apresentar subsídios teórico-metodológicos consistentes para a formulação,
apreensão e análise das temáticas abordadas, bem como para as propostas de
enfrentamento ao fenômeno da violência escolar e do bullying, uma vez que a
referida teoria considera o homem um ser concreto, resultado de diversas relações
sociais, e em constante processo de desenvolvimento. Ao optarmos por essa teoria,
sinalizamos nosso embasamento num método que possibilita a identificação de
como a violência se manifesta, bem como suas causas e suas relações com outros
fatos histórico-sociais, para que não fique cerceada a explicações de caráter
subjetivo e particular (COSTA, 2014).
Ante o exposto, passamos às elaborações acadêmicas sobre algumas
publicações relacionadas às temáticas abordadas nesse estudo.
Propomo-nos a analisar quais concepções de violência tem direcionado as
discussões acerca da sua manifestação nas escolas, estudando de que maneira
pesquisadores da área compreendem e conceituam tal termo, pois disso dependem
as alternativas ofertadas ou rejeitadas, para a superação do fenômeno no contexto
da escola.
O vocábulo violência, de acordo com o Dicionário Brasileiro Globo (1998, p.
640), apresenta-se assim definido: “Qualidade do que é violento; abuso da força;
tirania; opressão; veemência; ação violenta; coação física”. Em aspecto geral,
quando se faz referência ao termo violência, tanto em seu sentido literal quanto no
que tange à sua representação social, faz-se ancoragem do termo com sua
significação relacionada à violência física, a maus tratos, a atos de agressões e a
criminalidade, dentre outros termos correlatos.
Nesta perspectiva, Candau (2012, p. 140) afirma que em geral, a sociedade e
os meios de comunicação social relacionam violência à criminalidade e a agressão
física e se preocupam com o tema somente quando “fatos desta natureza causam
especial impacto na vida social”, sobretudo quando são divulgados com alarde pela
mídia. A autora defende que “a violência não pode ser reduzida ao plano físico, mas
abarca o psíquico e moral [...] o que especifica a violência é o desrespeito, a
coisificação, a negação do outro, a violação dos direitos humanos”.
Candau (2012, p. 139) trata da dificuldade em conceituar o termo ‘violência’,
pontuando que, quando se questiona o que se entende pelo termo, o que em
primeira análise pode parecer uma questão simples e de fácil entendimento,
“encerra grande complexidade e dificuldade”. Em sua visão, isto ocorre em razão do
conceito de violência oscilar entre dois polos, quais sejam: um que reduz estes
comportamentos violentos “à criminalidade ou à agressão física de maior ou menor
gravidade”; e outro, que amplia a sua dimensão, quando a concebe como “toda
manifestação de agressividade, conflito ou indisciplina”.
Debarbieux (2002, p. 17, 18) assinala ser um erro “fundamental, idealista e
anti-histórico acreditar que definir a violência [...] consista em aproximar-se o mais
possível de um conceito absoluto [...] um encaixe preciso entre a palavra e a coisa”.
Por constituir-se num conceito que é “ineficaz devido à sua generalidade”,
acrescenta que não é possível “haver conhecimento total sobre a violência e sobre a
violência social na escola, porque tudo o que nos é possível é obter representações
parciais dela”. Neste sentido, o autor julga que a diversidade de representações a
respeito do termo ‘violência’ é salutar.
Mais do que definir conceitualmente, é importante posicionar a questão da
‘violência’ no tempo e no espaço. Segundo Debarbieux (2012, p. 21), é
imprescindível demonstrar que “[...] a violência tem uma história, que ela não
aparece de repente e que ela é previsível, porque é socialmente construída”. Neste
sentido, o autor destaca que pesquisadores europeus perceberam uma tendência da
mídia em “usar a violência como desculpa para a repressão e o conservadorismo”,
ou seja, pretextos para a manutenção e o aumento de seus mecanismos de
controle, autoridade e poder.
Notamos a complexidade em definir violência em seu aspecto geral. No
entanto, tal complexidade se agrava quando detemo-nos em analisar o conceito
inserido no contexto escolar. Assim, propomos a abertura a essa discussão.
Abramovay (2002, p. 95), considerando a diversidade de concepções e linhas
de abordagens (inglesa, francesa e estadunidense), defende que conceituar
‘violência escolar’ não é uma tarefa fácil, uma vez que as pesquisas em torno da
temática apresentam “relevantes mudanças tanto no que é considerado violência
como no olhar a partir do qual o tema é abordado”. A autora acrescenta que a
caracterização de violência varia em relação a diversos aspectos, tais como:
estabelecimento de ensino, os atores envolvidos (professor, gestor, aluno),
caraterísticas demográficas (idade, sexo, condição socioeconômica, etc).
Sabemos que a ocorrência de práticas violentas, tanto físicas quanto morais,
não têm como lócus exclusivo o ambiente escolar, já que tal fenômeno ocorre em
diversos espaços sociais nos quais o homem se constitui, inclusive neste. Assim,
Lopes Neto (2005, p. 165) considera que, apesar de não haver tal exclusividade do
ambiente escolar na produção e reprodução da violência, já que tal ambiente apenas
reflete as práticas sociais oriundas de outros espaços de convivência humana, o
autor reconhece a importância de se estudar o fenômeno – violência escolar –
apresentando uma definição para tal nos seguintes termos: “a violência escolar
corresponde aos comportamentos agressivos e antissociais, incluindo os conflitos
interpessoais, danos ao patrimônio, atos criminosos, entre outros”.
Como vimos, a conceituação sobre o termo violência de fato não se trata de
uma tarefa simples, sobretudo quando nos referimos ao ambiente escolar.
Considerando as diferentes correntes teórico-metodológicas, percebemos a
diversidade de concepções, ideologias e condições de produção do conceito que
justificam a não sintetização do mesmo em uma aceitação universal. Concebemos
que a definição do que seja violência depende da inscrição do mesmo na história, ou
seja, considerar a materialidade do fato ou fenômeno levando em conta a realidade
histórico-cultural na qual os sujeitos estão inseridos é questão sine qua nom.
No que se refere às pesquisas acadêmicas de cunho teórico-empírico a
respeito da violência na escola ou violência escolar, destacam-se os trabalhos de
Sposito (2001), Abramovay (2002) e Elias (2011), que compõem o ‘estado da arte’
sobre as pesquisas relacionadas ao tema, ao menos no que se refere ao contexto
brasileiro.
Sposito (2001, p. 87) estabelece um quadro com as principais modalidades de
violência, sendo elas: “ações contra o patrimônio; depredações; pichações; formas
de agressão interpessoal, sobretudo entre os próprios alunos”. Essa autora destaca
que no início da década de 1980 imperava o consenso de que os prédios escolares
precisavam de proteção e policiamento, “a fim de afastar da escola as pessoas
consideradas estranhas, [...] por considerá-los marginais ou delinquentes, e os
responsáveis direto pela violência ocorrida no espaço escolar”.
Segundo Sposito (2001, p. 91, 94), no início da década de 1990, a violência
escolar “passa a ser observada nas interações dos grupos de alunos, caracterizando
um tipo de sociabilidade entre os pares [...] ampliando e tornando mais complexa a
própria análise do fenômeno”. Os anos finais dessa mesma década são marcados
por um período “de iniciativas públicas preocupadas em reduzir a violência nas
escolas”. É possível depreender que tal período aponta modificações em relação ao
padrão de violência “observada nas escolas públicas, atingindo não só os atos de
vandalismo, que continuam a ocorrer, mas as práticas de agressões interpessoais,
sobretudo entre o público estudantil”. A autora levanta diversas consequências para
a ocorrência da violência no espaço escolar:
A expansão do ensino público sob condições precárias, expressas na ausência de investimentos maciços na rede de escolas e na formação dos docentes, soma-se à ausência de projetos educativos capazes de absorver essa nova realidade escolar (SPOSITO, 2001, p. 99).
Em relação aos dados da pesquisa de Abramovay (2002) a violência escolar
apresenta inúmeras causas e consequências, sendo que o “papel de uma análise
sociológica é conhecer e interrogar sobre as categorizações de um dado problema
social”. Com base na perspectiva da ‘Cultura de Paz’ da UNESCO (Organização das
Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), a pesquisadora estudou a
questão da ‘Violência nas Escolas’ (2002), da forma como segue:
A pesquisa foi realizada em 14 capitais brasileiras e recorreu-se a duas abordagens: a extensiva e a compreensiva. Na primeira das abordagens, o conjunto de informantes entrevistados por meio de questionário totalizou 33.655 alunos, 3.099 professores e 10.255 pais, enquanto no estudo qualitativo foram realizados entrevistas e grupos focais com 2.155 pessoas (ABRAMOVAY, 2002, p. 70).
Elias (2011, p. 32) expõe a tese de que a violência apresenta-se no plano
cultural, e por conta disso é “socialmente aprendida”. Com isso, defende que, por
meio de programas educativos que possibilitam a solução de conflitos é possível
reverter o fenômeno da violência. Essa linha teórica entende que “os
comportamentos violentos podem ser – através de ações educativas –
descontruídos e prevenidos”. Neste contexto, na categoria das violências ocorridas
entre os alunos, destaca-se o bullying. Tal expressão de violência se caracteriza por
“exclusão social, agressões verbais ou físicas, ameaças, exposição indevida em
mídia eletrônica – cyberbullying – e acosso [bullying] sexual”.
A definição de bullying, apesar de genericamente associada ao sentido de
violência, apresenta uma conceituação mais especificamente delimitada. Trata-se de
um termo de origem inglesa, que se refere à violência ocorrida de maneira repetida
contra uma mesma vítima e na qual existe desequilíbrio de poder entre os pares. Em
língua portuguesa não há tradução específica para o termo bullying, contudo Cunha
(2009) propõe a utilização da terminologia “vitimização entre pares” para se referir a
tal fenômeno.
Para efeito de registro, no contexto europeu aponta-se o bullying como a
principal categoria de violência escolar, sendo este estudado desde o final da
década de 1970. Há cerca de trinta anos o professor Dan Olweus desenvolve
pesquisas acerca da ocorrência de bullying no cotidiano escolar. Em 1993 Olweus
comandou uma campanha nacional contra o bullying nas escolas norueguesas,
sendo que seus estudos tornaram-se referência para os países europeus, sendo
considerado o pioneiro no estudo do referido tema, tendo posteriormente seu
reconhecimento em nível mundial (ELIAS, 2011, p. 17, 18).
Para Elias (2011, p. 19), o bullying abrange um conjunto de diferentes tipos de
violência, sendo que necessariamente deve apresentar as seguintes características:
intenção de causar sofrimento na vítima; comportamento por repetição;
impossibilidade da vítima em defender-se; “relação de domínio-submissão entre o(s)
agressor(es) e a vítima; presunção de impunidade do agressor; afirmação dos
agressores de que suas atitudes são brincadeiras”, quando na verdade não são.
Percebemos o aumento da violência discriminatória no espaço da escola, pois
aquele que não se ajusta aos padrões convencionados, impostos em sua maioria
pela mídia e ratificados pela sociedade, ficam sujeitos a rejeição. A discriminação
configura-se em ato de violência que está diretamente ligada a prática do bullying,
tendo como exemplos “a violência de gênero e o sexismo, o racismo, a homofobia, o
tratamento indigno a alunos com deficiência ou de determinadas condições sociais e
econômicas” (ELIAS, 2011, p. 21).
Assim, no contexto exposto, o bullying se constitui em uma das principais, se
não a principal, representação de violência escolar por apresentar consequências
negativas imediatas e implicações no longo prazo, gerando problemas acadêmicos,
sociais e afetivos, estes ligados diretamente quanto à frequência, severidade e
duração de tais atos (LOPES NETO, 2005). Desta forma, observamos que a
violência na escola e o bullying são fenômenos que não podem ser analisados fora
do contexto a que estão inseridos, sendo que envolvem questões históricas, sociais
e culturais.
Nesse processo de pesquisa de material sobre o fenômeno da violência na
escola encontramos o estudo de Williams (2003, p. 2) que apresenta resultados de
pesquisas que demonstram a estreita relação entre a pessoa com necessidade
especial e os variados tipos de violência: os maus tratos; a negligência dos
responsáveis; o abuso sexual. A autora destaca ser enorme a “assimetria das
relações de poder” entre o indivíduo deficiente e seu agressor, por aquele encontrar-
se numa posição de vulnerabilidade, e acrescenta que tal “assimetria de relação
hierárquica é multiplicada, conforme a severidade de cada caso, sendo ampliada se
a pessoa com necessidades especiais pertencer a um grupo de risco”, a exemplo, se
for criança ou mulher. Destacamos que este foi o único trabalho encontrado que
aborda a questão da violência contra o aluno com deficiência.
Salientamos que a ocorrência do bullying no espaço da escola se faz
recorrente e que é de fundamental importância que este não passe despercebido
pela equipe pedagógica, “por tratar-se de um fenômeno social de grande relevância
e por possuir características peculiares que podem ser identificadas” (FANTE, 2012,
p. 15). Por outro lado, a mesma autora enfatiza também que apesar da
obrigatoriedade da escola na identificação e prevenção da violência escolar, é
imprescindível que seja oferecida aos profissionais de educação capacitação
adequada para este devido fim (FANTE, 2012).
Dados mais recentes a respeito da violência na escola podem ser
encontrados nas publicações do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do
Estado de São Paulo - APEOESP - constam informes, denúncias, reportagens que
foram publicados e que merecem destaque no site deste sindicato. As informações
são apresentadas num espaço denominado Observatório da Violência.
Merece destaque a pesquisa feita em 2013 e intitulada - Percepção dos
professores, alunos e pais sobre a violência nas escolas estaduais de São
Paulo. Realizada pelo Instituto Data Popular, por solicitação da APEOESP revelou
em números a realidade da violência vivenciada pelos profissionais da educação
mostrando que: um (01) em cada dez (10) professores da rede estadual de ensino
do Estado de São Paulo afirmaram ter sofrido algum tipo de violência no ambiente
da escola, as mais citadas pelos docentes foram: agressões verbais e físicas,
bullying e danos ao patrimônio particular do professor.
Outros dados relevantes da pesquisa foram que as escolas com campanha
contra a violência apresentam um porcentual menor de agressões: 41% contra 51%
daquelas que não promovem campanhas. O levantamento também destacou que a
cada 10 escolas, quatro não possuem projetos de enfrentamento à violência. O
estudo revela ainda que a ronda escolar acontece com mais frequência no entorno
das escolas centrais (61%) que nas das periferias (45%). Os últimos dados revelam
que projetos de prevenção e combate à violência tem resultado positivo e diminui os
índices de violência na escola (APEOESP, 2013).
Em 16/09/2014 foi apresentado o resultado da pesquisa Violência nas
escolas: o olhar dos professores, realizada anualmente pela APEOESP, desde
2006. O levantamento de 2013 mostrou que 83% dos alunos afirmaram ter sofrido
algum tipo de agressão. Contraditoriamente, os alunos também são os maiores
praticantes de atos de violência. De acordo com a pesquisa, 95% dos estudantes
praticaram agressões físicas, verbais, e bullying. A presidente da APEOESP, Maria
Izabel de Azevedo Noronha, afirma que os números da pesquisa revelam um
modelo de gestão escolar defasado, e defende que a mediação precisa ter mais
espaço na escola.
De modo geral, podemos dizer que a pesquisa o Mapa da Violência - 2013
expressa números ainda mais atualizados sobre a situação geral de violência no
Brasil. A pesquisa feita pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos e pela
Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais analisou as mortes causadas por
armas de fogo. Os dados da pesquisa mostram que entre os jovens de 15 a 29 anos
as armas de fogo são a principal causa de morte. O crescimento passou de 4.415
óbitos em 1980 para 22.694 em 2010, e no ano de 2013 foram registradas 75.553
mortes de jovens na referida faixa etária (WAISELFISZ, 2013).
Na produção deste texto, fomos expostos a diversos questionamentos, sendo
que estes provocaram reflexões acerca da violência escolar e do bullying, como as
que se seguem: o que motiva um aluno ou grupo de alunos a humilhar, apelidar,
intimidar, ou até mesmo a perseguir um colega mais fraco e impossibilitado de se
defender? Seria intolerância? Seria satisfação em causar sofrimento e dor ao outro?
Seria uma forma de manifestar que existem conflitos interpessoais em tais relações?
Ou, ainda, seria uma forma de imitação e de reprodução das relações sociais
instituídas, pautadas na alienação? No âmbito da educação especial, a partir da
perspectiva inclusiva, tais questionamentos merecem nossa atenção (FANTE, 2012).
Podemos dizer que o processo de inclusão escolar, com tudo que isso
implica, é um caminho sem volta e que demanda estudo. Um ponto a ser destacado
é sobre a concepção de sociedade democrática que tem sido amplamente divulgada
e defendida. Contudo, como aponta Chauí (2001) em Escritos sobre a
Universidade, a democracia não é serena. Ela é um palco de lutas, de embates de
forças. Na contemporaneidade a concepção de democracia é propagada de modo
ingênuo, como se fosse livre de contradições. Embora assumamos a defesa da
sociedade democrática, há que se reconhecer o quanto ela é contraditória. Na
chamada ‘era da inclusão’ também se assume a defesa máxima dos direitos de
todos. Contudo, não é preciso ser profundo conhecedor de história ou de filosofia
para supor que uns direitos pleiteados por alguns se chocam com os direitos
reclamados por outros. Embora não se pense numa sociedade sem oportunidades
de debates e de apresentações de demandas e de envolvimento em suas
superações, reconhecemos que está posto o embate.
Assim, estudar a violência na escola e o bullying, que envolve alunos com e
sem deficiência, é um mero recorte do que se processa no âmbito da sociedade em
geral.
2.1. Considerações sobre aprendizagem e desenvolvimento
Ante o exposto acerca da violência e do bullying na escola indagamos: qual
teoria explicativa do desenvolvimento humano poderia contribuir para a apreensão e
compreensão do que se passa na escola? A Teoria Histórico-cultural (THC) legitima
a escola como sendo o espaço que possibilita ao sujeito o acesso às formas mais
elaboradas de conhecimento, tendo papel relevante no processo de humanização do
indivíduo, constituindo-se no local que possibilita o pleno desenvolvimento intelectual
e social do sujeito, bem como a assimilação do conhecimento produzido ao longo da
história da humanidade (COSTA, 2014).
Assim, o entendimento acerca do processo de aprendizagem e
desenvolvimento humano toma como base essa teoria que tem como expoentes
principais os psicólogos russos L. S. Vigotski1 (1896-1934) e seus colaboradores, A.
N. Leontiev (1904 – 1979) e A. R. Luria (1902 – 1977). O estudo da obra dos
teóricos russos permite jogar luz sobre os questionamentos apresentados,
conduzindo a discussão realizada neste estudo, mesmo passado quase um século e
em situações socioculturais e econômicas tão diversas (Brasil e Rússia/URSS). Para
tanto, o embasamento teórico-metodológico dessa Produção Didático-Pedagógica
PDE tem como sustentação os escritos de Vigotski (2010), Barroco (2007), Turke
(2009), Moreira (2011), entre outros.
Moreira (2011, p. 66) aponta que os primeiros anúncios das elaborações
teóricas e metodológicas da Teoria Histórico-Cultural esquematizados por Vigotski
podem ser encontrados na obra intitulada Psicologia da Arte, escrita em 1925,
porém publicada em 1965. Tal produção vigotskiana advém do contexto
1 Considerando a diversidade de grafias para o nome de L. S. Vigotski, adotamos a presente forma:
Vigotski, salvo em caso de citações ou referências.
revolucionário de 1917, no qual a população russa sofria com a pobreza extrema e
demonstrava insatisfação com o cenário político-econômico-social. O homem, da
referida época, apresentava-se alienado devido às “circunstâncias inviabilizadoras
do desenvolvimento da população trabalhadora, [...], além de terem deturpadas ou
pouco desenvolvidas as suas consciências, ou a consciência humana”. Nessa
perspectiva a educação torna-se essencial para que “o homem se humanize”.
Moreira assinala que naquele cenário:
[...] teorizar sobre a aprendizagem e desenvolvimento humanos não se tratou de uma atividade descolada do contexto, antes se apresentou como uma necessidade: era preciso devolver às condições sócio-históricas o seu papel e retirar da biologia um poder que ela não tem e que era usado para justificar o status quo czarista na Rússia (MOREIRA, 2011, p. 66. Grifos da autora).
As pesquisas elaboradas por Vigotski e seus colaboradores quanto à
aprendizagem e desenvolvimento fundamentaram-se no materialismo histórico
dialético, elaborado por Karl Marx (1818 - 1883) e Friedrich Engels (1820 - 1895).
Sobre essa questão, Barroco (2007, p. 25) explicita que “Vigotski reconhece que o
desenvolvimento humano se realiza sob um processo dinâmico, sob um dado
movimento de ordem material objetiva, e sempre em relação a uma totalidade”. A
autora complementa que Vigotski “foi um dos primeiros psicólogos a fazer uma
aproximação comparativa no âmbito do desenvolvimento sob a direção do
materialismo”, destacando que tal perspectiva tem sua base na realidade prática
cotidiana e concebe a “aprendizagem e o desenvolvimento humano numa relação
dialética entre o que a humanidade construiu e desenvolveu e o que os indivíduos
são ou poderiam vir a ser” (BARROCO, 2007, p. 278). Essa concepção diverge das
ciências de sua época, que tomavam, em geral, o homem como resultado de um
processo evolutivo linear maturacionista e sem relação com a história.
Ao por em revisão as teorias da época, Vigotski (2010) discorre que
aprendizagem e desenvolvimento não se referem ao mesmo processo ou fenômeno,
contudo, são imbricados. A aprendizagem movimenta o desenvolvimento. Destaca,
ainda, existirem dois níveis de desenvolvimento, o ‘nível de desenvolvimento real’ e
o ‘nível de desenvolvimento potencial’. O ‘nível de desenvolvimento real’ se constitui
na capacidade do sujeito em executar tarefas de forma independente, referindo-se a
conhecimentos já adquiridos ou consolidados pelo indivíduo, ou seja, aquilo que ele
é capaz de fazer de maneira autônoma. Por sua vez, o ‘nível de desenvolvimento
potencial’, representa a capacidade de realizar tarefas com a ajuda de outras
pessoas mais capazes, já que se constitui na execução de atividades que o
indivíduo não domine ou possua conhecimento prévio.
A partir do pressuposto vigotskiano sobre a existência dos dois níveis de
desenvolvimento, o real e o potencial, é possível apresentar a ‘zona de
desenvolvimento proximal’, definida por Vigotski (2010, p. 97) como sendo:
[...] a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes.
Moreira (2011, p. 63) ao discorrer acerca do pressuposto vigotskiano que
atribui “à aprendizagem a responsabilidade pelo desenvolvimento” do indivíduo,
destaca que o desenvolvimento não é linear, nem tão pouco se constitui em um
processo evolutivo, mas caracteriza-se por ser um processo revolucionário que
resulta em saltos qualitativos e significativos. Acrescenta-se a isso a importância da
mediação entre os sujeitos, por meio de instrumentos e signos, que são
fundamentais para o desenvolvimento da linguagem.
Nesta vertente, Turke (2009), a partir da Teoria Histórico-Cultural, argumenta
que o trabalho pedagógico tem no processo de mediação do homem com outros
homens e com a natureza o caminho para o desenvolvimento das funções
psicológicas superiores (memória, linguagem, pensamento, atenção, imaginação,
abstração, percepção, generalização, entre outras). No entanto, em que pese o
discurso presente no cotidiano dos educadores, bem como a disseminação da
importância do ‘processo de mediação’ em cursos de formação continuada, uma vez
que tal conceituação faz parte dos Projetos Políticos-Pedagógicos (PPP) e das
Diretrizes Curriculares da Educação Básica (DCEs) das diversas disciplinas das
escolas públicas do Estado de Paraná, o mesmo torna-se engodo, quando os
envolvidos no processo educativo tem ideia errônea sobre o conceito de mediação e
apresenta dificuldade para efetivá-lo em sua prática escolar cotidiana.
A dificuldade ou ponto de conflito observado neste processo se refere,
sobretudo, a um distanciamento entre a teoria apreendida nas diversas formações
pelas quais passam os educadores e a efetivação desta na prática cotidiana, ou
seja, na sala de aula. Tal fato é justificado porque se dissemina na atmosfera escolar
a ideia equivocada de que a mediação se constitui, tão somente, na relação
professor/aluno; quando o primeiro auxilia o segundo em alguma atividade, a qual
este apresente dificuldade. Quando entendida dessa forma, a mediação torna-se um
processo estanque, distante das reais demandas de aprendizagem.
Neste sentido, Turke (2009, p. 10) argumenta que a interação baseada tão
somente no “intercâmbio entre os sujeitos”, empobrece tal processo, por não
concebê-lo como “mediação dialética que compreende o trabalho docente como um
processo entre ensino, aprendizagem e conteúdo”. O embasamento a partir a
abordagem Histórico-Cultural considera os conteúdos ensinados como sendo
“mediadores culturais sistematizados por várias ciências”, constituindo-se no pilar do
binômio ‘aprendizagem e desenvolvimento’. Norteada sob esta perspectiva,
entende-se que a mediação docente “contribui para a aprendizagem dos conteúdos
escolares e, consequentemente, para o desenvolvimento dos alunos”.
Moreira (2011) ao escrever sobre o papel fundante da educação, sublinha que
o simples ato de estar no espaço escolar, por si só, não garante que o educando se
torne um sujeito participativo e transformador de seu contexto histórico-social. Para
tanto, é imprescindível que ocorram intervenções pedagógicas capazes de
impulsionar um novo modo de pensar, que proporcione ao indivíduo a superação
daquilo que fica no campo das aparências e que o instrumentalize para a tomada de
consciência, favorecendo a sua transformação e a dos envolvidos em seu meio
social. Por conseguinte, a educação escolar no tocante à formação humana
emancipadora, pauta-se pelo ensino dos saberes filosóficos, científicos e artísticos.
Barroco (2007, p. 231), ao questionar “como se dá o processo de
desenvolvimento da criança com deficiência na perspectiva vigotskiana”, suscita que
a resposta para a referida questão encaminha-se para aquilo que entende “ser o
alvo da Educação Especial: provocar o desenvolvimento das funções psicológicas
superiores, ou a formação do homem cultural tanto quanto possível”. Quanto ao
processo de formação do homem cultural, a autora explica que para garantir sua
subsistência o homem é levado, na chamada ‘luta pela vida’, a criar, desenvolver e
empregar “ferramentas, que transformam externamente a natureza, e de
instrumentos, que servem para operações mentais, bem como leva à constituição da
linguagem”. Desta forma, tais elementos possibilitam a constituição do homem
cultural.
Barroco (2007, p. 115, 273) ao pontuar sobre os pressupostos vigotskianos
destaca que: i) é preciso situar o homem no tempo e no espaço; ii) o ato pedagógico
é político e tem comprometimento com a nova sociedade; iii) a cultura é produto da
vida e da atividade social do homem; iv) as intervenções teórico-práticas intencionais
e coerentes são condições essenciais à superação do capitalismo; e v) a história é
fundamental no processo de construção de uma escola crítica e progressista.
Barroco (2007) exprime os pressupostos vigotskianos em forma de uma
proposta prática para a educação na sociedade contemporânea, que considere
como componentes de fato e de direito todas as pessoas, independente de suas
especificidades:
A educação atual depara-se com a defesa de uma proposta de sociedade que respeite as diferenças que a raça, o nível sócio-econômico, o credo religioso, a opção sexual, a idade, a deficiência ou as necessidades educacionais especiais suscitam. No âmbito da educação escolar, tal proposta requisita dentre outras coisas, que as escolas comuns se preparem para receber esses indivíduos diferenciados (BARROCO, 2007, p. 20).
2.2. Do não ensino, da não aprendizagem e da violência.
Os apontamentos feitos por Barroco (2007) possibilitam que se discuta sobre
a temática desse estudo, pois se observa que dentre os docentes existe a
concepção de que a violência é um fenômeno que se origina nas ruas e invade a
escola. De forma convergente Candau (2012, p. 144) sustenta que muitos destes
professores têm dificuldades para “identificar formas de violência geradas pela
própria escola”, porque não consideram a “cultura escolar como fonte de violência”.
Segundo a autora, recentes pesquisas no contexto escolar revelam que:
Existe uma grande distância entre a cultura escolar e a cultura social de referência dos alunos e alunas, podendo este fato ser também fonte de violência, por exemplo, de violência simbólica ou daquela presente nas práticas especificamente escolares, como nos modos de conceber a avaliação e a disciplina (CANDAU, 2012, p. 144).
A violência no cotidiano escolar se reflete nas representações que os alunos
fazem sobre a escola, apresentando significados contraditórios e distintos sobre o
seu papel. Por um lado, é vista por estes “como um lugar para a aprendizagem”; por
outros, “como um local de exclusão social”, espaço onde se reproduz violência,
discriminação física, moral e simbólica. Fazendo referência a um estudo da
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), a autora mostra
que as diversas formas de violência “têm desdobramentos que afetam
negativamente a qualidade do ensino e a aprendizagem” (ABRAMOVAY, 2002, p.
75-81).
A respeito da influência negativa da violência no cotidiano escolar, dados da
pesquisa de Abramovay (2002, p. 84, 85) mostram que 44% dos alunos
entrevistados consideram que a violência no cotidiano escolar prejudica a sua
aprendizagem, e, consequentemente, o seu rendimento acadêmico. A média de
31% é composta por aqueles que admitem “ficar nervosos e revoltados com as
situações de violência que enfrentam nas escolas”, sendo que “a terceira mais
mencionada consequência da violência no ambiente escolar, registrada pelos
alunos, é a perda da vontade de ir à escola”. A autora conclui que a questão da
violência escolar afeta decisivamente no processo de desenvolvimento da
aprendizagem, já que o aluno exposto a tal situação, portanto vulnerável, pode
sentir-se desmotivado ao estudo, apresentando desinteresse, baixo rendimento
acadêmico, culminando com a evasão escolar.
Neste sentido, é papel fundante da escola proporcionar condições favoráveis
à aprendizagem e ao desenvolvimento do aluno. A negligência quanto aos fatores,
tanto internos quanto externos, que afetam decisivamente no processo educacional
é o ‘calcanhar de Aquiles’ de tal processo. A violência na escola e o bullying são
exemplos de ações perniciosas que impactam negativamente na aprendizagem e no
desenvolvimento de todos os educandos, no entanto, de forma particular os alunos
com Necessidades Educacionais Especiais.
3. METODOLOGIA
Para desenvolvermos nossos estudos PDE, realizamos uma investigação
bibliográfica. Esta contou com diferentes etapas:
a) Levantamento; localização; e acesso de fontes:
Para subsidiar o presente trabalho, permitindo-nos uma varredura sobre
as publicações a respeito da violência na escola e do bullying
envolvendo pessoas com e sem deficiência, recorremos à base de
busca Scielo - Scientific Electronic Library Online -
<http://www.scielo.org/php/index.php>. Justificamos a escolha da base
Scielo por ser uma fonte de pesquisa que indexa diversos periódicos
acadêmicos, dos mais diversos tipos de classificação na tabela
Qualis/Capes, comportando um considerável número de publicações
nas diversas áreas do conhecimento, permitindo acesso amplo e
facilitado, disponibilizando ferramentas de busca, que tornam a
pesquisa mais dinâmica.
Os critérios para a busca foram: identificação de materiais publicados
nos últimos cinco anos em língua portuguesa em revistas indexadas em
tal base. Os termos para a busca foram: Escola AND Violência;
Educação Inclusiva AND Educação Especial; Educação Especial AND
Violência; Educação Inclusiva AND Violência.
b) Seleção; análise do material acessado:
Para a seleção do material a ser estudado fizemos a leitura atenta dos
títulos e resumos. Assim, pudemos excluir possíveis artigos que não
fossem adequados para a utilização na presente temática. Os materiais
selecionados (artigos e ensaios) foram sistematicamente analisados
quanto ao conteúdo e ao tipo de estudo (Revisão Bibliográfica Crítico-
reflexiva ou Estudo de Campo/Coleta de dados). Os resultados foram
tabulados e analisados quali-quantitativamente.
O conteúdo estudado serve de subsídios para o trabalho de intervenção
na escola. Em relação a este trabalho a ser desenvolvido em uma
Escola de Educação Básica, inicialmente faremos reconhecimento da
escola e da prática escolar, das relações sociais ali protagonizadas por
meio de observações participantes. Apresentamos, a seguir, os nossos
critérios para a escolha dos participantes.
c) Público-alvo:
Para a aplicação do projeto no ano de 2015 o público-alvo constitui-se
em alunos da educação básica de um colégio da região noroeste do
Paraná, pertencente à rede pública estadual de ensino. Diante das
inúmeras faces com que a violência se manifesta nessa escola faz-se
necessária uma ação educativa que possibilite o protagonismo juvenil,
propiciando aos educandos espaços para a reflexão e para a expressão
artística como instrumento de empoderamento no enfrentamento à
violência.
d) Seleção dos participantes:
Será dada a prioridade aos alunos integrantes da instância colegiada
Grêmio Estudantil e aos líderes de turma, uma vez que estes são
potenciais multiplicadores da ação educativa. Prevemos em torno de 30
a 40 participantes voluntários.
Faremos a socialização da proposta de intervenção PDE com a equipe
diretiva e o corpo docente durante a Semana Pedagógica, formação continuada que
abre as atividades do ano letivo de 2015. Após, realizaremos o processo de
observação participante, prévia à intervenção com o público-alvo. Elas dar-se-ão
dentro das salas de aula e em outros espaços da escola, na entrada e saída dos
períodos e nos intervalos, num total de oito horas, distribuídas em até dez dias
letivos. Essa atividade permitirá um reconhecimento inicial da população para as
adequações que se fizerem necessárias à proposta a ser aplicada. Interessa à
atividade de observação como os alunos, com e sem deficiência, se relacionam,
permitindo entender como ocorre a violência escolar e o bullying e quais suas
implicações junto aos envolvidos.
Na sequência faremos contato com o público-alvo para divulgarmos o projeto
e, posteriormente realizaremos uma reunião com o propósito de apresentar o
formato do curso: objetivo; estrutura; cronograma dos encontros; carga horária;
proposição para a atuação nos momentos não presenciais e elaboração de
estratégias para o enfrentamento do fenômeno da violência e bullying no espaço da
escola. Além disso, buscaremos sensibilizá-los quanto à importância de sua
participação como multiplicadores da ação educativa. Ao fim do encontro,
efetuaremos a inscrição dos alunos que voluntariamente desejarem integrar-se ao
projeto.
O estudo, na perspectiva da Teoria Histórico-Cultural, nos possibilita
pensarmos em educação e cinema como mediadores do desenvolvimento humano
e como processos de socialização na formação cultural e educacional do indivíduo.
A escolha pelo trabalho com obras cinematográficas ocorre por acreditarmos que
filmes com boa qualidade e reconhecido valor artístico e cultural contribuem para o
desenvolvimento da capacidade do aluno em fazer a avaliação estética e reflexiva
sobre o filme. O cinema, quando bem utilizado, serve como suporte pedagógico e
favorece o desenvolvimento das atividades de ensino e aprendizagem porque
contribui para a formação cultural do aluno (DUARTE; ALEGRIA, 2008).
Quanto aos procedimentos de trabalho, realizaremos reuniões semanais
com os alunos previamente inscritos, perfazendo um total de 08 encontros com 3
horas presenciais cada. Os procedimentos didático-pedagógicos empregados
envolverão sessões fílmicas, avaliação e devolutiva.
a) Sessões fílmicas:
Elas versarão acerca dos temas centrais do presente estudo:
Estratégias para o enfrentamento da violência escolar e bullying
entre alunos de sala de recursos e sala de ensino comum:
considerações para uma escola inclusiva. Ao início de cada encontro
apresentaremos a problemática a ser tratada no filme, por meio de
discussões, questionamentos e dinâmicas, entre outras abordagens.
Após a exibição da obra, encaminharemos reflexões sobre a temática,
buscando sempre trazer os dilemas apresentados no filme para o
cotidiano da escola. Ainda, proporemos aos cursistas a realização de
uma hora de atividade não presencial relacionada ao tema abordado, a
ser realizada ao longo da semana. Destacamos que todas as atividades
acontecerão em período contraturno a fim de não prejudicar os
educando quanto aos conteúdos ministrados em sala de aula.
b) Avaliação:
A avaliação do projeto ocorrerá durante o trabalho, na observação da
frequência, participação e envolvimento dos alunos nas atividades
propostas.
c) Devolutiva:
Após a conclusão do curso, nos reuniremos novamente com a equipe
diretiva e corpo docente para apresentarmos a devolutiva, destacando
os resultados obtidos a partir da intervenção pedagógica. Durante a
aplicação do projeto serão coletados dados que servirão de base para a
elaboração do Artigo Final, que será apresentado no segundo semestre
de 2015, como conclusão do Programa PDE.
4. CONSIDERAÇÕES SOBRE A PESQUISA BIBLIOGRÁFICA: ANÁLISE DA
LITERATURA
Diante da fundamentação teórico-metodológica anteriormente apresentada
neste trabalho, expomos aqui os resultados obtidos a partir da análise da literatura
acerca dos temas centrais do estudo. Para realizarmos o levantamento bibliográfico
dos textos publicados na base de dados Scielo, elegemos como critérios: serem
elaborados em língua portuguesa, no período compreendido entre 2010 e 2014,
como descrito na metodologia, notamos a escassez de trabalhos que versassem
sobre a temática específica da violência escolar e bullying envolvendo o aluno da
modalidade educação especial, foco deste trabalho.
Observamos que diversos estudos tratam a questão da violência na escola,
em seu aspecto generalista, sendo escassas as pesquisas que abordam a
discussão no aspecto que tange a violência sofrida e praticada pelos alunos com
necessidades educacionais especiais. Embora a pesquisa tenha centrado atenção
no levantamento do estado da arte referente aos últimos cinco anos de produção
acadêmica sobre o tema proposto encontramos uma referência anterior - WILLIAMS,
2003 – que aborda numa mesma obra a discussão sobre violência escolar e bullying
contra o deficiente.
A pesquisa da literatura relevante publicada na base Scielo foi efetuada
utilizando as palavras-chave: Escola AND Violência; Educação Inclusiva AND
Educação Especial; Educação Especial AND Violência; Educação Inclusiva AND
Violência. O termo de busca bullying não foi proposto visto que o objetivo do estudo
é analisar de modo abrangente a violência manifesta na escola, e não um de seus
desdobramentos em específico. Ainda assim 21 artigos fizeram referência ao
bullying e foram indicados a partir dos descritores escola AND violência e foram
analisados porque tratavam da violência escolar de modo geral.
Para a organização dos dados, consideramos relevante a categorização das
informações dos artigos em uma tabela, constituindo-se num instrumento de
sistematização dos resultados bibliográficos encontrados neste estudo. As
informações requisitadas foram: i) título do artigo; ii) referência bibliográfica; iii) data
e hora do acesso; iv) palavras-chave descritas no artigo; v) resumo; vi) endereço
eletrônico ou link do artigo. A referida tabela foi utilizada na análise sistemática da
literatura, sendo que esta será aqui discutida, porém não apresentada.
Após a leitura dos textos apontados em todos os descritores, os dados
relevantes foram organizados em planilhas gráficas e tabelas, para posterior análise
quantitativa e qualitativa do conteúdo dos artigos revisados. Esses dados serão
apresentados ao longo da exposição da análise de literatura.
Ao buscarmos as publicações relacionadas aos termos Escola AND
Violência localizamos 47 ocorrências, dos quais 04 foram excluídas da análise,
porque seus conteúdos não estavam relacionados aos indexadores. As demais 43
publicações foram lidas integralmente, uma vez que os resumos disponibilizados não
possibilitavam a análise detalhada quali-quantitativa dos mesmos. Ao fazermos a
busca pelos termos Educação Inclusiva AND Educação Especial obtivemos 29
trabalhos, que foram lidos na íntegra uma vez que todos se enquadravam na
temática de pesquisa. Os termos de busca Educação Especial AND Violência
apontaram 03 artigos. Mas, em função de dois artigos serem recorrentes nos termos
de busca Escola AND Violência, consideramos para a classificação e análise
somente a incidência destes nos primeiros termos de busca, evitando dessa forma a
sua duplicidade. Nos descritores educação inclusiva AND violência conseguimos
apenas uma produção acadêmica (SILVA, VALADARES E SOUZA, 2013), que
apresentou a expressão “perspectiva inclusiva”, como resultado de sua pesquisa,
contudo, não abordando especificamente a temática da educação inclusiva e
violência, sendo excluído da análise.
O primeiro critério de análise foi quanto à metodologia de pesquisa
adotada. Optamos por classificar os artigos entre pesquisa bibliográfica ou pesquisa
de campo/coleta de dados. Os descritores Escola AND Violência apontaram 13
artigos em que os autores desenvolveram pesquisas bibliográficas e 30 artigos de
pesquisa de campo/coleta de dados. Os descritores Educação Inclusiva AND
Educação Especial resultaram em 10 artigos cujos autores desenvolveram
pesquisas bibliográficas e 19 que realizaram pesquisa de campo/coleta de dados. O
único artigo encontrado na busca com os termos Educação Especial AND
Violência consistia em uma pesquisa de campo. Percebemos que em todos os
descritores foi maior o número de pesquisas realizadas utilizando a metodologia de
pesquisa de campo ou coleta de dados (Tabela 1).
Tabela 1. Levantamento da literatura recente disponível na base de dados Scielo, relacionada aos termos de busca indicados e classificada quanto à metodologia empregada nos estudos.
Os artigos resultantes da pesquisa Escola AND Violência, foram
sistematicamente classificados quanto ao tipo de violência principalmente abordado
ao longo do trabalho (Fig. 1), bem como quanto aos protagonistas de cada estudo
(Fig. 2). Na Figura 1 podemos observar que a violência física foi a mais abordada,
tendo sido o tema principal de 23% dos artigos. Ainda, as violências verbal,
psicológica, criminal e bullying foram de maneira geral citadas em frequência
semelhante nas obras analisadas. A questão do bullying apresenta características
interessantes, uma vez que este tipo de violência pode envolver aspectos das outras
classes aqui abordadas, com destaque para intervenções físicas, verbais e
psicológicas, desta forma artigos que enfatizaram mais de um tipo de violência foram
Termos de busca
Violência AND Escola
Educação Inclusiva AND Educação Especial
Educação Especial AND Violência
Educação Inclusiva AND Violência
Pesquisas Bibliográficas
13 10 00 00
Pesquisas de Campo/ Coleta de dados
30 19 01 00
Total de artigos 43 29 01 00
nominados em ambas as classes. As violências simbólica e sexual foram abordadas
em 8% do total de publicações analisadas cada. Uma minoria de 6% dos artigos
abordou o tópico de maneira geral, sem enfatizar um tipo específico de violência,
sendo assim classificados.
A temática Escola AND Violência foi abordada sob as mais diversas ópticas
dentre as diferentes publicações. As maneiras diferenciadas de se abordar um
mesmo tópico ficou evidente quando os artigos foram classificados quanto à ciência
ou as principais áreas que embasaram o estudo (Fig. 4). A Pedagogia foi a ciência
de base de 16 das 43 publicações analisadas, o que já era esperado uma vez que a
temática Escola é estritamente relacionada à área de atuação da Pedagogia. Por
outro lado, um resultado muito interessante e de certa forma inesperado foi a alta
frequência das ciências da saúde, com destaque para a Enfermagem, como
embasamento para também 16 das publicações. A Psicologia foi a ciência de base,
isoladamente ou em conjunto com a Pedagogia, para 13 publicações. Por fim, 02
artigos não utilizaram nenhuma das três ciências supracitadas como fundamentação,
um dos artigos abordou a temática Escola e Violência sob a óptica da Economia e
outro sob o ponto de vista das ciências tecnológicas.
Figura 1. Classificação dos artigos resultantes da busca Escola AND Violência
na base Scielo, quanto à natureza da violência abordada.
Figura 2. Quantidade de artigos resultantes da pesquisa “Escola AND Violência”
na base Scielo, quanto aos protagonistas das pesquisas.
Figura 3. Classificação dos artigos resultantes da pesquisa Educação Especial
AND Educação Inclusiva quanto ao tipo de deficiência abordada.
Figura 4. Número de artigos resultantes da pesquisa dos termos “Escola AND
Violência”, na base Scielo, classificados quanto à principal ciência de embasamento
utilizada no estudo.
5. DETALHAMENTO DOS PROCEDIMENTOS DE TRABALHO: DOS
PLANEJAMENTOS DOS ENCONTROS COM OS ALUNOS
De tudo ficaram três coisas:
A certeza de que ele estava sempre começando, A certeza de que era preciso continuar
E a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo.
Fazer da queda um passo de dança, Do medo uma escada,
Do sono uma ponte, Da procura um encontro.
Fernando Sabino
No presente trabalho optamos pela utilização de filmes como recurso didático-
pedagógico no processo de intervenção. As obras cinematográficas trazem à tona
paixões, interesses e sentimentos que permeiam as lutas sociais, revelando algo
que está para além da produção artística, mas que na realidade tem significado para
toda a humanidade. O conhecimento dos fatos, dos conflitos, bem como das
contradições sociais são formas encontradas pelos homens para o enfrentamento e
superação de problemas futuros. No âmbito da educação, esta prática é condição
fundamental para o desenvolvimento de uma ação educacional mais coerente e
consistente (CARVALHO, 1998).
Ancorados nessa percepção de trabalho com as produções cinematográficas,
estabelecemos os critérios para a seleção do acervo. As fontes fílmicas foram
escolhidas a partir dos objetivos pretendidos para cada encontro e de acordo com a
faixa etária do público-alvo. Dentre as obras selecionadas, buscamos aquelas que
abordassem a temática da violência e do bullying na escola, apresentassem
temáticas sociais e educacionais relacionadas, bem como discutissem a
problemática da pessoa com deficiência.
Para a composição dos encontros elaboramos um formato geral para orientar
os trabalhos, obedecendo a seguinte estrutura: i) tema; ii) objetivo(s); iii)
procedimentos do encontro; iv) ficha técnica; v) sinopse; vi) questões para o debate;
viii) possíveis contribuições, limites e críticas.
5.1. Primeiro Encontro
Tema: Reflexões sobre a pobreza: fator gerador de violência e exclusão.
Objetivo:
Discutir como o desenvolvimento do sistema econômico de produção não
garante que alunos com e sem deficiência, sobretudo os mais pobres, tenham
acesso aos bens culturais elaborados pela humanidade.
Procedimentos:
Proporcionar aos participantes um café inclusivo no qual todos devem se
alimentar, mesmo frente a limites impostos pela deficiência. Antes de iniciar o
café, os participantes serão divididos em 04 grupos: o primeiro grupo terá os
olhos vendados, o segundo as mãos amarradas, o terceiro um fone de ouvido
e o quarto grupo terá venda nos olhos e fones de ouvidos. O objetivo é
aproximar os participantes de algumas deficiências (física, auditiva, visual e
surdocegueira), além de fazê-los se colocarem no lugar do outro. Na
sequência, os convidados receberão o comando: alimentem-se! A professora
PDE observará o comportamento dos cursistas, não podendo interferir no
procedimento dos mesmos. Após o café os cursistas serão questionados: i)
se conseguiram comer adequadamente; ii) como se sentiram com a limitação
imposta; iii) se tiveram ajuda ou ajudaram alguém; iv) como descrevem a
sensação de dependência em relação ao outro. A professora PDE registrará o
relato de cada cursista sobre a sua participação na atividade.
Exibição do filme Filhos do Paraíso, obra cinematográfica com produção
iraniana, que trata de diversas temáticas, tais como: a pobreza extrema, o
trabalho infantil, a perda da infância, a dificuldade de acesso aos bens de
consumo, possibilitando reflexões sobre as diferenças socioeconômicas.
A partir da exibição do filme, propomos pensar coletivamente sobre as
questões apresentadas, processo mediado pela presente professora PDE.
Apresentar aos alunos texto jornalístico e documentário sobre a paquistanesa
Malala Yousafzai, de apenas 17 anos, que se tornou a mais jovem na história
a vencer um prêmio Nobel. Ela, juntamente com o indiano Kailash Satyarthi,
foram os vencedores do Prêmio Nobel da Paz de 2014. Malala foi escolhida
por defender o direito de todas as crianças à educação, independente de
gênero. Ao manifestar, em seu blog, a indignação diante da opressão vivida
pelas crianças, em especial as meninas de seu país, a jovem se tornou alvo
de grupos extremistas. No ano de 2012, Malala foi atingida por arma de fogo
disparada por um membro do Talibã. Ela sobreviveu, atualmente mora na
Inglaterra juntamente com sua família, sendo que ficou conhecida
mundialmente como símbolo da resistência contra o radicalismo.
Recentemente escreveu um livro intitulado: Eu sou Malala, obra na qual
narra o terror vivido, quando perseguida pelo grupo extremista.
FICHA TÉCNICA
Sinopse:
Ali é um garoto de nove anos, proveniente de família humilde, que perde o único par
de sapatos da irmã Zahra. Na tentativa de evitar a bronca dos pais o garoto passa a
revezar com a irmã o único par de sapatos que possui. Enquanto isso, Ali se
inscreve em uma competição entre escolas, na intenção de chegar em terceiro lugar
na corrida, cujo prêmio será um par de tênis, e assim repassá-lo para a irmã.
Questões para o debate:
Como superar os problemas da pobreza, da fome, do desemprego, da não
aprendizagem e da exclusão social?
A sociedade capitalista, que na sua essência exclui o sujeito do processo
produtivo e fortalece as diferenças, seja pela raça, pela deficiência, pelo nível
de escolaridade apresenta um discurso de inclusão. Que tipo de inclusão é
essa?
Crianças pobres sabem menos sobre matemática, história, arte, ciências e
sobre cidadania? Verdade ou mito.
Título no Brasil Filhos do Paraíso
Título Original Children of Heaven
Ano Lançamento 1998
Gênero Drama
País de origem Irã
Duração 89 min.
Classificação Livre
Fonte: http://www.imdb.com/title/tt0118849/?ref_=fn_al_tt_1
Comente sobre as situações de violência presentes no filme.
Possíveis contribuições, limites e críticas:
Na obra cinematográfica observamos a realidade social pela ótica de duas
crianças. O mundo mais próximo dos irmãos Ali e Zahra é a periferia marcada por
dificuldades econômicas e fragilidade social. Esse universo, contudo, se contrapõe a
outro, geograficamente próximo, mas socioeconomicamente muito distinto.
Logo de início, o filme apresenta um problema: Ali perde o único par de
sapatos de sua irmã Zahra. A trama se desenvolve a partir desse acontecimento
central, pois os irmãos tentam recuperar o objeto perdido sem que os pais fiquem
sabendo do ocorrido, e optam por revezar o único par de sapatos disponível.
Durante o filme, observamos a cumplicidade entre os irmãos, mas ao mesmo
tempo a impossibilidade destes em conversarem com os pais e comunicarem o
ocorrido. Tal distanciamento, entre pais e filhos, se constata pelo aparente
isolamento de mundos no próprio ambiente familiar, pois não se comunicam nem
tampouco compartilham os problemas, reproduzindo no lar, numa escala reduzida, o
que ocorre na sociedade.
Apesar desse distanciamento, percebemos que as crianças têm consciência
da sua realidade social, e que prematuramente amadurecem. A infância dá lugar aos
dilemas do mundo adulto. Ali, o pequeno grande herói do filme, e Malala, que
representa a luta em defesa do direito à educação das crianças, são personagens,
respectivamente, fictícios e reais, que à sua maneira, lutam contra a pobreza para
ter garantido o seu direito ao estudo, apesar da situação adversa.
Solicitaremos aos alunos, como atividade de ação prática, que pesquisem
sobre pessoas que, assim como Malala, se tornaram inspiração para todo o mundo,
lutando contra todas as condições contrárias, instigadas pelo desejo de um mundo
melhor para se viver. Sugeriremos alguns nomes, tais como: Martin Luther King,
Mahatma Gandhi, Dalai Lama, Nelson Mandela, Chico Mendes, Madre Teresa de
Calcutá, Helen Keller, Herbert de Souza, o Betinho, e etc.
5.2. Segundo Encontro
Tema: Inclusão da pessoa com deficiência no mercado de trabalho.
Objetivo:
Compreender como a sociedade considera cada indivíduo, com e sem
deficiência, em suas limitações, potenciais e particularidades;
Tomar conhecimento da Lei 8213/91 de 24/07/1991, no que se refere à
Inclusão de Deficientes no Mercado de Trabalho;
Conhecer a Lei nº 10.098 de 19/12/2000, que trata da Acessibilidade da
Pessoa com Deficiência;
Explorar sites nacionais especializados em orientar e encaminhar
profissionais com deficiência para o mercado de trabalho.
Procedimentos:
Iniciaremos o encontro com um slide de apresentação sobre diversos tipos de
deficiência, destacando a Síndrome de Tourette, abordada no filme.
Apresentaremos os Documentos: Lei nº 8213/91 (que trata da obrigatoriedade
de inserção do deficiente no mercado de trabalho) e a Lei nº 10.098 (que
dispõe sobre a promoção de acessibilidade à pessoa com deficiência).
A partir da exibição do filme pensaremos coletivamente sobre as questões
propostas.
Apresentação de reportagens, previamente selecionadas, sobre pessoas
deficientes inclusas, com sucesso, no mercado de trabalho.
Explorar sites nacionais que tem como foco indicar pessoas com deficiência
para o mercado de trabalho e divulgar notícias sobre a obrigatoriedade de
cumprimento da Lei nº 8213/9, também conhecida como Lei de Cotas.
Propor aos cursistas a criação de um esquete (peça de curta duração) com no
máximo 10 minutos, representando um deficiente em busca do primeiro
emprego.
FICHA TÉCNICA
Sinopse:
Drama inspirado em fatos reais da vida de Brad Cohen, um jovem com
Síndrome de Tourette, distúrbio neuropsiquiátrico caracterizado por tiques motores
e/ou vocais, que ocorrem de maneira repetida e persistente. Geralmente se instala
na infância, não tem cura, mas pode ser controlada. Brad Cohen, protagonista dessa
história, desafia a todos ao se decidir pela profissão de professor.
Questões para o debate:
A pessoa com deficiência é apontada como diferente. Mas eis a questão:
diferente de quem?
O que é ser normal? Existe um padrão de normalidade do ser humano?
Quem estabelece o nível de normalidade e diferença entre as pessoas?
A que você atribui a dificuldade de algumas pessoas em aceitarem a
deficiência do personagem principal?
Como vimos no filme a Síndrome de Tourette é um distúrbio marcado por
tiques motores e vocais, manifestados de maneira repetida e involuntária.
Alguma vez você caçoou ou foi caçoado por apresentar algum tique nervoso?
Como você reagiu?
Existe uma pressão vigente na sociedade para capacitação profissional para
colocação no mercado. Brad Cohen teve chance de mostrar sua capacidade
profissional? Quais dificuldades ele encontrou neste processo?
Há situações de violência no filme? Quais? Onde? Discuta.
Possíveis contribuições, limites e críticas:
O filme O Primeiro da Classe relata a história verídica de Brad Cohen. Logo
de início ele afirma que tem “uma amiga que o acompanha desde os seis anos de
Título no Brasil O Primeiro da Classe
Título Original Front of the class
Ano Lançamento 2008
Gênero Drama
País de origem EUA
Duração 95 min
Classificação Livre
Fonte: http://www.imdb.com/title/tt1292594/?ref_=fn_al_tt_1
idade”. Brad está se referindo à Síndrome de Tourette, que segundo Hounie e
Petribú (1999) é um distúrbio neurológico marcado por tiques motores e vocais
complexos, não necessariamente realizados ao mesmo tempo, com movimentos
repentinos, incontroláveis e que ocorrem repetidamente.
Desde a infância Brad sofreu com o preconceito e a desconfiança quanto a
sua doença. Na escola, professores e colegas de classe julgavam que os barulhos
estranhos e tiques nervosos eram feitos de propósito e para incomodar os demais.
Em família, Brad Cohen tinha o apoio do irmão e da mãe, porém era rejeitado pelo
pai, que não aceitava a condição especial do filho. Sem conseguir controlar seus
tiques e cacoetes, Brad sofreu várias situações de bullying, viveu momentos de
rejeição, preconceito e discriminação por conta da sua deficiência.
A história de Brad começou a mudar durante uma apresentação cultural em
sua escola, quando o diretor interrompeu um evento e deu voz ao garoto, para que
ele explicasse a razão de seu comportamento diferenciado. Brad falou sobre a
Síndrome de Tourette de maneira clara, objetiva e verdadeira. Ao final o diretor
perguntou o que todas as pessoas daquele colégio poderiam fazer para ajudá-lo, e o
menino respondeu: “só quero ser tratado igual a todo mundo”.
E de fato, a partir desse esclarecimento coletivo inicia-se a inclusão social de
Brad na escola. Ele desenvolve-se, gradua-se e especializa-se, sempre contando
com a ajuda da mãe e do irmão. Mas Brad deseja mais, ele quer a sua
independência financeira e profissional, e por conta disso inicia uma luta em busca
do emprego dos seus sonhos.
Esse drama da vida real mostra a história de um homem que desafia a todos
ao se decidir pela carreira profissional de professor. A história do protagonista não
se distancia muito das de outras pessoas com formas diferentes de ser, e que por
isso são discriminadas. Você conhece casos de pessoas que passaram por
situações similares a de Brad Cohen?
5.3. Terceiro Encontro
Tema: Inclusão social da pessoa com deficiência.
Objetivos:
Promover reflexões acerca da aprendizagem de alunos que necessitam de
atendimentos pedagógicos diferenciados.
Discutir a educação das pessoas com necessidades educacionais especiais
no contexto da sala da aula.
Refletir sobre a função da comunidade escolar quanto à inclusão social.
Procedimentos:
Iniciaremos o encontro com uma apresentação sobre as tipologias da
violência, desde as de cunho material às simbólicas.
Exibiremos o filme Meu nome é Rádio, solicitando aos alunos que observem
tanto a inclusão de pessoas com deficiência quanto à questão da violência
escolar.
Faremos questionamentos propostos, e como atividade complementar,
apresentaremos uma literatura de cordel abordando o tema, de autoria de
Isaac Luna e Inácio Feitosa, intitulada Bullying Escolar: a peleja da
covardia com a senhora educação (2010).
Como aplicação prática, solicitaremos aos alunos que se organizem em
duplas e criem uma literatura de cordel abordando o tema da violência e
bullying na escola.
FICHA TÉCNICA
Título no Brasil Meu nome é Rádio
Título Original Radio
Ano Lançamento 2003
Gênero Drama
País de origem EUA
Duração 109 minutos
Classificação Livre
Fonte: http://www.imdb.com/title/tt0316465/?ref_=tt_rec_tti
Sinopse:
O filme acontece na década de 1970, no interior dos Estados Unidos.
Baseado em fatos reais, conta a história de Harold Jones, um treinador de futebol
americano que desenvolve uma amizade com um rapaz deficiente intelectual. Rádio
é um jovem solitário, que vive empurrando um carrinho de supermercado pelas ruas
da pequena cidade em que vive. Os moradores locais demonstram receio em se
relacionar com ele. De início o treinador não sabe o nome do jovem, que por sua vez
não consegue se apresentar; sendo assim, pelo fato de ele gostar de rádios, Jones
passou a chamá-lo pelo nome de Rádio. Com o passar do tempo a amizade entre os
dois aumenta e Harold Jones resolve colocá-lo como ajudante na equipe que era
treinador. Jones percebe a transformação de Rádio, de um jovem tímido e quieto
torna-se inspiração para toda a comunidade local.
Questões para o debate:
Quais semelhanças e diferenças observarmos entre as cenas do filme e o
cotidiano de nossa escola?
Muito se fala em inclusão. O que é inclusão e como tornar esse processo
mais efetivo em nossa escola?
Quais mediações colaboraram para que o protagonista Rádio fosse incluído
no contexto social da escola, e por consequência, da sociedade?
Rádio apresenta dificuldades de aprendizagem e dificuldade para inserir-se
socialmente. Você observa casos semelhantes em nossa escola?
Retrate as situações de violência observadas no filme.
Possíveis contribuições, limites e críticas:
Na obra apresentada, os jogadores, a diretora da escola e até mesmo a mãe
do protagonista Rádio simbolizam o preconceito arraigado em nossa sociedade
despreparada para conviver com pessoas que não se adequam ao que consideram
o modelo “normal” de cidadão. Sabemos que realizar a inclusão social não é tarefa
fácil; é necessário que todos os integrantes da sociedade modifiquem conceitos,
ideias e juízos de valor, na perspectiva de promoverem a inclusão social de
indivíduos com e sem deficiência.
Os documentos legais que tratam da inclusão garantem que todos os alunos
têm seus direitos assegurados e que não podem ser discriminados ou privados do
convívio social, em especial as crianças com necessidades educacionais especiais.
Estas têm o direito de serem inclusas no ensino regular e terem suas necessidades
educacionais atendidas, respeitando as especificidades de sua deficiência.
No entanto, observamos que a mera institucionalização do acesso à
‘Educação para Todos’, representada pelos documentos legais e pelas políticas
públicas voltadas à educação inclusiva, não garantem o pleno desenvolvimento do
educando, quando se considera o cotidiano marcado pela violência escolar e
bullying. Nessa perspectiva Padilha (2009) revela que:
O processo educativo não deve atenuar as dificuldades advindas da deficiência, mas concentrar todas as forças para compensá-las. Os deficientes (e diríamos, hoje, todos os nossos alunos empobrecidos e pouquíssimo escolarizados, mesmo que matriculados na escola) têm forças psíquicas, vontade de viver e de ser socialmente válidos (p. 27).
Sendo assim, reportando à temática de estudo proposta para esta produção,
observamos que a violência na escola e o bullying inviabilizam a inclusão e o
processo de aprendizagem e desenvolvimento dos alunos, com e sem deficiência,
por privá-los de seus direitos fundamentais, uma vez que tais práticas cerceiam o
seu aprendizado. O problema se mostra mais difícil de ser superado quando a
pessoa, além de deficiente é pobre, como o caso do protagonista.
Padilha (2009) afirma que os deficientes, em especial, os mais pobres, não
têm acesso aos bens culturais produzidos pela humanidade. Mesmo com o
crescente avanço da ciência e da tecnologia, estas não conseguem atingir a todos, a
acessibilidade e a mobilidade do deficiente são restritas, poucas são as escolas
equipadas adequadamente para recebê-los, são escassos os livros na versão
Braille. Por sua vez, Cavalcante e Goldson (2009) argumentam que é importante
reconhecer que nem todas as pessoas deficientes são pobres, e que nem todos os
pobres têm deficiências ou transtornos mentais. Neste sentido, a violência não se
manifesta somente dentro do contexto da pobreza, pelo contrário, ocorre em todas
as sociedades, envolve ricos e pobres, todas as idades e ao longo de toda a história
da humanidade.
5.4. Quarto Encontro
Tema: Reflexão sobre o papel da educação formal na emancipação humana.
Objetivos:
Refletir sobre a função da escola e o papel da leitura no processo de
emancipação humana.
Discutir sobre a participação efetiva dos pais e/ou responsáveis pelo
educando no processo de aprendizagem e desenvolvimento
Procedimentos:
De início, lançaremos a seguinte questão: qual a importância da escola em
sua vida?
Que implicações a aprendizagem formal recebida em sala de aula tem na sua
vida prática?
Você tem o hábito de ler? Que tipos de leituras você gosta de fazer?
Exibição do filme Mãos Talentosas.
Debate e reflexão sobre a obra cinematográfica.
Acessaremos no laboratório de informática blogs e sites que incentivam a
leitura. A cada trio, farão a leitura de uma literatura previamente definida pela
professora PDE, no decorrer da semana. No encontro seguinte, os grupos
contarão a história em forma de expressão artística livre.
Sugerimos que o filme seja exibido em outros momentos, com outros
segmentos da comunidade escolar; Considerando a história representada no
filme, enfatizar a importância da participação dos pais e/ou responsáveis na
vida escolar de seus filhos.
FICHA TÉCNICA
Título no Brasil Mãos Talentosas
Título Original Gifted Hands
Ano Lançamento 2009
Gênero Biografia / Drama
País de origem EUA
Duração 86 minutos
Classificação Livre
Fonte: http://www.imdb.com/title/tt1295085/mediaindex?ref_=tt_pv_mi_sm
Sinopse:
O filme é baseado em fatos reais e conta a trajetória de vida de Benjamin
Carson, respeitado diretor do Departamento de Neurocirurgia Pediátrica do Hospital
Johns Hopkins (EUA). Na infância Ben era marcado por ser um garoto pobre, negro,
filho de mãe separada e analfabeta, que cresceu em meio ao preconceito, tornando-
se um garoto de temperamento instável. Na escola apresentava um baixíssimo
rendimento acadêmico, sofria preconceito por parte de seus colegas e se achava
incapaz de conseguir algo na vida. A figura mais importante nesse contexto de
pobreza e preconceito foi Sonya Carson, mãe de Ben e maior incentivadora do
futuro do filho. Ela fazia de tudo para que Ben acreditasse em seu potencial e
melhorasse o rendimento escolar. Sonya se fortalece em suas convicções quando
se depara com a biblioteca de seu patrão, pois enxerga na leitura um caminho para
mudar o futuro de seu filho.
Questões para o debate:
Em que medida o filme permite refletir sobre a função da escola e da leitura
no desenvolvimento intelectual do indivíduo?
Temos a figura de Sonya, mãe de Ben Carson, que, mesmo analfabeta,
acompanha e exige bom rendimento escolar do filho. Como você analisa a
relação dos pais ou responsáveis no acompanhamento da aprendizagem de
seus filhos?
Tomando Ben Carson como exemplo de superação, responda: quais fatores
e/ou quais pessoas contribuíram para o sucesso profissional do protagonista?
Quais situações de violência você pode notar no filme?
Possíveis contribuições, limites e críticas:
O filme possibilita a análise sobre a importância do estudo formal para a
emancipação humana, permite a reflexão sobre o quanto é necessário a dedicação
e o empenho nos estudos a fim de se atingir o objetivo proposto, além de enfatizar a
importância da leitura para o desenvolvimento pessoal e intelectual do indivíduo.
A proposta de educação na perspectiva da inclusão vem sendo alvo de
inúmeras discussões e de proposições. Indagamos a respeito de qual teoria poderia
oferecer subsídios teóricos para compreendê-la. A Teoria Histórico-Cultural (THC)
ganha relevância para esse propósito ao destacar que a função essencial da escola
é propiciar ao educando o acesso ao que há de mais desenvolvido na ciência,
filosofia e arte. Os estudos realizados por Vigotski e seus colaboradores acerca dos
processos de aprendizagem e desenvolvimento contribuem com elementos que
permitem pensar que os conhecimentos artísticos e científicos podem ser
organizados e apropriados pelos alunos, resultando no desenvolvimento de funções
psicológicas superiores (BARROCO, 2007b).
Sonya, mãe do protagonista, mesmo não tendo o conhecimento formal sobre
as teorias de aprendizagem, é figura essencial para o desenvolvimento intelectual do
filho. Ela reconhece a educação como meio de humanização, aprecia música
clássica, vê na biblioteca do patrão a possibilidade para o filho adquirir o gosto pela
leitura, mostra-se responsável, cuidadosa e exigente com a aprendizagem do filho.
Enfim, ela acredita no potencial intelectual de Bem, e não permite que ele desista do
sonho de se tornar neurocirurgião.
Considerando a proposta deste estudo que busca analisar como a violência
escolar e o bullying ocorrem na relação cotidiana dos alunos, com e sem deficiência,
verificamos que Bem sofreu vários tipos de violência, mas com a ajuda da mãe e sua
dedicação extrema aos estudos, superou todas as adversidades: preconceito,
dificuldade de aprendizagem, pobreza, e atingiu o sucesso escolar e profissional.
5.5. Quinto Encontro
Tema: A ação transformadora da escola e da cultura no desenvolvimento e
humanização de alunos com e sem deficiência.
Objetivos:
Legitimar a importância da escola e das ações pedagógicas no processo de
inclusão, não com o sentido de responsabilizá-la completamente por este
movimento, mas na defesa de que lutar contra a exclusão é tarefa de todos.
Discutir sobre o problema dos diagnósticos equivocados, intencionalmente ou
não, e seus impactos no processo de aprendizagem de alunos com ou sem
deficiência.
Procedimentos:
Iniciaremos o encontro lançando aos cursistas a seguinte questão: o que você
sabe sobre o autismo? Você conhece as características de uma pessoa
autista?
No laboratório de informática aprofundaremos a abordagem sobre o autismo
com a exploração de um site que traz um documentário a respeito da temática
que será tratada no filme.
Na sequência exibiremos o filme Uma Viagem Inesperada, e faremos a
análise fílmica a partir das questões propostas.
A obra cinematográfica aborda a dificuldade da mãe em incluir seus filhos
autistas na escola, para melhor entendimento sobre essa questão
apresentaremos um texto de referência sobre a temática inclusão versus
exclusão.
Como aplicação prática, os cursistas deverão entrevistar um docente ou um
coordenador pedagógico, a fim de compreender como ele concebe a inclusão
do aluno autista, e qual o conhecimento que ele tem sobre esta deficiência.
FICHA TÉCNICA
Sinopse:
Baseado em uma história real, Uma Viagem Inesperada revela a luta de uma
mãe que encontra barreiras para inserir seus dois filhos gêmeos autistas, no ensino
regular. Corrine, a mãe, precisa vencer as barreiras atitudinais e enfrentar o
preconceito em relação ao autismo, além de conscientizar as pessoas que é
necessário respeitar as diferenças. O apoio incondicional da mãe foi fundamental
para os filhos se desenvolverem nos estudos.
Questões para o debate:
O que é autismo? Você já conviveu com alguém autista?
As dificuldades de comunicação dos gêmeos autistas causaram-lhes sérios
transtornos, nos diversos espaços sociais os quais eles frequentavam. Por
que isso aconteceu?
Em nossa discussão teórica abordaremos a autora Barroco (2007b, p. 186)
que destaca ser papel fundante da escola “ir para além da reprodução das
atividades cotidianas”. No filme apresentado a escola deu conta dessa
função?
Corrine lutava pelo ideal de emancipação humana dos seus filhos. Discuta se
e como ela atingiu esse ideal?
As leis garantem a inclusão escolar plena dos alunos com e sem deficiência?
Quais problemas decorrem dos diagnósticos equivocados de deficiências de
diversas ordens, como o autismo e como isto impacta na escola?
Quais tipos de violência você percebeu no filme?
Título no Brasil Uma Viagem Inesperada
Título Original Miracle run
Ano Lançamento 2004
Gênero Drama
País de origem EUA
Duração 88 min.
Classificação Livre
Fonte: http://www.imdb.com/title/tt0419967/?ref_=nv_sr_1
Possíveis contribuições, limites e críticas:
O filme Uma Viagem Inesperada possibilita a discussão sobre o processo de
inclusão no cotidiano da escola, bem como a análise das propostas de políticas
inclusivas.
Percebemos que no desenvolvimento do processo institucional, ou seja, da
criação de leis, instruções normativas, regras, que tiveram e tem como finalidade
reger legalmente, por meio de documentos, os procedimentos adequados para gerir
a relação entre os alunos do ensino especial e os do ensino comum, houve um
descompasso em tal processo, já que a imposição do modo de agir a ser adotado
pelos educadores, pelos alunos, bem como pela comunidade escolar, foi prejudicado
em razão de diversos fatores, a saber: i) a falta de capacitação dos professores; ii)
as inabilidades humanas; iii) a deficiência dos aparatos instrumentais; iv) as
barreiras atitudinais, por parte dos diversos atores envolvidos em tal processo.
Nessa perspectiva Barroco (2012) reitera:
Temos por legítima a luta pela observação e respeito à condição que a deficiência e o desenvolvimento diferenciado impõem, os quais têm motivado ações importantes por parte de inúmeros segmentos e organizações, em especial no tocante à acessibilidade física e arquitetônica. Contudo, consideramos que os princípios da inclusão tornam-se difíceis de serem respeitados e suas metas difíceis de serem alcançadas sem alteração na base estrutural da sociedade de classes sociais antagônicas. [...] Assim, podemos considerar que sem a superação das condições próprias ao capitalismo que gera a ideologia neoliberal, a transformação de mentalidades, pleiteada pelos princípios e metas da educação inclusiva, não se torna possível de modo amplo e pleno. (BARROCO, 2012, p. 117)
Barroco (2007b, p.184) destaca que Vigotski e demais autores da Teoria
Histórico-Cultural compartilham o “ideal de emancipação humana”, que intencionam
“elevar o homem da condição primitiva, de espécie biológica à de gênero humano”.
Para a pesquisadora, esse homem constitui-se na vida cotidiana a partir das
“atividades diárias rotineiras cuja característica marcante repousa na
heterogeneidade”. E acrescenta:
Pode-se dizer que a atividade reprodutora é evidente na esfera das atividades cotidianas. Mesmo em atividades rotineiras há a criação, embora nem sempre seja de modo suficiente para provocar mudanças significativas em objetos, indivíduos e sociedade (BARROCO, 2007b, p. 42).
Barroco (2007b, p. 186) ressalta que a vida estabelecida no cotidiano
apresenta diversas contradições; tem-se a pobreza que proporciona a riqueza, a
exclusão que busca a inclusão, o saber que reproduz a ignorância, entre outras. A
autora destaca ser papel fundante da escola “ir para além da reprodução das
atividades cotidianas e, depois, voltar-se a elas conscientemente, é objetivo a ser
buscado pela escola, pondo em movimento de modo intencional e planejado” as
funções psicológicas superiores.
Barroco (2007b, p. 186) escreve que cabe à escola a tarefa de formar esse
sujeito. Para tanto, faz-se necessário desenvolver a sua capacidade de “perceber,
analisar, sintetizar e generalizar informações que o mundo oferece”, elaborando
“novos conhecimentos que retornem à prática social modificando-a” por meio do
processo ação-reflexão-ação, a chamada práxis. Assim, é possível superar a
alienação posta pela prática cotidiana e proporcionar uma atividade criadora. Aos
docentes, cabe o envolvimento com as “atividades não cotidianas, a ciência, a
filosofia e as artes, o que se faz fundamental para apreenderem a importância do ato
de ensinar”.
Retomando a análise do filme, verificamos a dificuldade de inclusão dos
gêmeos autistas na escola, pois a mãe dos garotos sente-se oprimida diante dos
profissionais da educação que a acusam de negligência em relação à educação dos
filhos, uma vez que estes apresentam comportamento diferenciado, o qual a escola
considera como sendo indisciplina. Nesse contexto a escola se mostra como um
espaço que não favorece o diálogo, a inclusão e o desenvolvimento cultural dos
alunos com necessidades educacionais especiais.
A situação dos garotos melhora quando Corrine encontra um professor
especializado no atendimento à criança autista. Ele ensina à mãe uma maneira
eficiente para lidar com os seus filhos especiais. E a partir daí tudo se altera na
escola. Os garotos se destacam nas aulas de xadrez, música e esporte, e concluem
o ensino médio. A obra cinematográfica possibilita a reflexão de que, mesmo sem
um diagnóstico em mãos, muitas vezes limitamos nosso aluno ao rotulá-lo de
indisciplinado e incapaz.
5.6. Sexto Encontro
Tema: A inclusão da pessoa com deficiência adquirida ao longo da vida.
Objetivos:
Criar condições de empoderamento aos cursistas no combate ao bullying e a
discriminação contra a pessoa com e sem deficiência.
Munir os cursistas com a capacidade de disseminar a cultura da inclusão no
cotidiano escolar, com reflexos na sociedade.
Apresentar noções de orientação e mobilidade, bem como mostrar alguns
instrumentos indispensáveis para o acesso, aquisição e construção do
conhecimento da pessoa cega (sorobã, punção, reglete, entre outros).
Procedimentos:
Iniciaremos o encontro com a dinâmica: “Eu no lugar do outro!”, cujo objetivo
é fazer com que o aluno compreenda a importância de se colocar no lugar do
outro. Os materiais serão: lenços que servirão de vendas para os olhos e um
cronômetro. O professor PDE encaminhará o grupo até a quadra esportiva,
onde farão uma corrida de 100m, sendo os pontos de partida e de chegada
indicados pelo professor PDE. Ganhará o aluno que primeiro chegar ao ponto
indicado, como o diferencial de que correrão de olhos vendados. De volta à
sala faremos alguns questionamentos, que versarão sobre a experiência em
correr com os olhos vendados, suas sensações, medos e dificuldades.
Na sequência apresentaremos um vídeo com atletas paralímpicos,
destacando seus recordes e conquistas nos diversos esportes, e faremos a
seguinte reflexão: quão eficiente é o deficiente?
Apresentação do filme Vermelho como o Céu.
Após a exibição do filme refletiremos sobre as questões propostas, e, de
forma complementar, exibiremos um vídeo sobre audiodescrição, técnica que
permite ao espectador cego entender o que está sendo apresentado, seja
numa peça teatral ou na exibição de um filme. Recurso utilizado para tornar a
cultura mais acessível ao deficiente visual.
Proporemos uma atividade em dupla; um aluno fará o papel de cego (venda
nos olhos) e o outro será vidente. Apresentaremos em vídeo uma cena inédita
e pediremos que o cursista vidente seja o audiodescritor do aluno que não
está enxergando. Ele deverá passar o máximo de detalhes para que o outro
entenda o que está acontecendo. Após a exibição, as vendas serão retiradas.
Mostraremos novamente a cena e os cursistas deverão comentar: Qual a
sensação em não enxergar? E como foi ser audiodescritor? Ao rever a cena,
agora como vidente, você percebeu muita diferença daquilo que foi descrito
pelo audiodescritor? E o audiodescritor conseguiu passar todas as
informações para que o não vidente entendesse a cena?
Finalizaremos o encontro apresentando o alfabeto braille (pontos em relevo
marcados no papel e que são lidos pelo deficiente visual por meio da
percepção tátil). Após as informações sobre a finalidade e o uso, os alunos
manusearão o sistema braille. Na sequência apresentaremos cartões
contendo o nome dos cursistas, escritos em braille, sendo que estes deverão
descobrir em qual crachá está escrito o seu nome.
Como atividade prática, os cursistas levarão para casa, cartões com uma
pequena frase escrita em sistema braille; o desafio é que eles descubram o
que está escrito e tragam a tradução para o próximo encontro.
FICHA TÉCNICA
Sinopse: O filme Vermelho como o Céu narra a história verídica de Mirco
Mencacci, um garoto de dez anos, que após perder a visão em um acidente com
arma de fogo, é obrigado a estudar num instituto, no formato de internato, com
atendimento especial para cegos e para pessoas com deficiência visual. Mirco é
encaminhado para essa escola especial porque a escola em que ele estudava,
recusou a sua matrícula, após o acidente. Mirco, que agora enxerga apenas vultos,
Título no Brasil Vermelho como o céu
Título Original Rosso come il Cielo
Ano Lançamento 2006
Gênero Drama
País de origem Itália
Duração 96 min.
Classificação Livre
Fonte: http://www.imdb.com/title/tt0450121/?ref_=fn_al_tt_1
tem que se adaptar a essa nova condição e ao novo local de estudo. O rumo da
vida do protagonista muda quando ele acha, em seu quarto, um gravador. Uma
história envolvente de determinação e coragem frente aos preconceitos enfrentados
na sociedade italiana dos anos de 1970.
Questões para o debate:
Quais os dilemas enfrentados por Mirco, o protagonista do filme?
Qual era o maior sonho de Mirco? Você observa diferença entre barreiras e
limites aos sonhos?
O protagonista estuda num colégio de ensino especial. Ele está realmente
incluso?
Quais foram as maiores dificuldades de Mirco no processo de inclusão? Por
quê?
O espaço físico da escola na qual você estuda favorece a independência e a
acessibilidade da pessoa cega ou com deficiência visual? E para outros tipos
de deficiência?
Quais tipos de violência você percebeu no filme?
Possíveis contribuições, limites e críticas:
A produção cinematográfica Vermelho como o Céu tem início com cenas do
garoto Mirco Mencacci brincando de cabra-cega com seus amigos. Com seus olhos
cobertos, ele tem que correr atrás dos colegas, na tentativa de pegá-los. Filho único,
de uma família humilde da cidade de Toscana, Mirco vive com o pai e a mãe, e além
de brincar com os amigos, o protagonista aprecia ir ao cinema com o seu pai.
Mas um acidente com arma de fogo muda totalmente o rumo da vida de
Mirco. Ele tem os olhos atingidos por estilhaços e passa a enxergar apenas vultos.
Por conta dessa nova condição é enviado, contra a vontade dos pais, a um colégio
interno para cegos.
A dor causada pelo distanciamento da família, a rigidez disciplinar do colégio
e a nova condição, são conflitos internos de Mirco, que não se adapta facilmente à
nova escola e resiste ao aprendizado de braille, bem como despreza, de início a
metodologia específica para atender o aluno cego ou com baixa visão.
Logo no primeiro dia no colégio Mirco e um colega sofrem bullying por outro
interno. Mirco revida e ambos partem pra violência física. Diante desse contexto
Mirco é posto de castigo em seu quarto. Nesse ínterim, o novato encontra um
gravador de voz. Esse equipamento mudará a vida do garoto, pois ele encontrará
por meio desse instrumento uma maneira de expressar a sua visão de mundo.
De início a condição de deficiente visual foi rejeitada por Mirco. Para a
aceitação e adaptação o menino teve o apoio do professor Don Giulio que, o
incentivava a desenvolver outros órgãos dos sentidos, a aprender o alfabeto braille,
bem como a utilizar os instrumentos próprios para um cego ou deficiente visual, tais
como: sorobã, reglete, punção, e outros.
Vermelho como o Céu é uma bela produção italiana que aborda várias
temáticas, entre elas: a dificuldade em aceitar uma deficiência adquirida, o bullying
contra a pessoa deficiente, a paixão pelo cinema, entre outras.
5.7. Sétimo Encontro
Tema: Altas Habilidades e Superdotação: incentivando potencialidades.
Objetivos:
Reconhecer a escola como espaço de aprendizagem que possibilita ao aluno,
com e sem deficiência, o desenvolvimento das suas potencialidades;
Estudar sobre o papel da família na percepção de que um dos seus membros
tem possível indicação de altas habilidades e superdotação.
Refletir sobre a função da escola para além dos conteúdos obrigatórios,
incluindo a artes, a cultura e a ciência como suporte do processo de
aprendizagem e desenvolvimento.
Procedimentos:
Iniciaremos o encontro com o questionamento: a escola possibilita ao aluno,
com e sem deficiência, o desenvolvimento da sua criatividade e
potencialidade?
Antes da exibição do filme faremos a dinâmica: “Se você pudesse...”, com a
intenção de possibilitar ao aluno um exercício para desenvolver o
autoconceito positivo. Técnica adaptada de: NEVES-PEREIRA, Mônica
Souza. Altas Habilidades / Superdotação Volume 02: Atividades de
Estimulação de Alunos. MEC, 2007, p. 51.
SE VOCÊ PUDESSE...
- Se você pudesse ensinar alguma coisa para alguém (um passatempo, um
jogo, uma habilidade, um instrumento musical...) o que seria?
- Se você pudesse aprender alguma coisa de algum colega, o que
aprenderia? Quem seria o colega a lhe ensinar?
- Se você pudesse quebrar qualquer recorde no mundo, qual seria? Por quê?
- Se você pudesse ser qualquer pessoa no mundo, quem você seria? Por
quê?
- Se você pudesse viver em qualquer lugar do mundo, onde viveria? Por quê?
- Se você pudesse mudar algum acontecimento da sua vida, o que mudaria?
Por quê?
O sétimo encontro abordará a questão das altas habilidades e
superdotação, que integra a modalidade da educação especial. Escolhemos o
filme Prova de Fogo para suscitar o debate e a reflexão sobre a temática
proposta. Acrescentaremos nesse encontro a discussão acerca da
inteligência em suas diferentes formas e do sucesso escolar de alunos, com e
sem deficiência, incluindo o tripé composto pelas artes, a ciência e a cultura.
Após a exibição do filme, debateremos as questões propostas para o
encontro, e de forma complementar, apresentaremos uma entrevista
concedida por Susana Perez, presidente do ConBraSD (Conselho Brasileiro
para Superdotação) abordando a temática Altas Habilidades e Superdotação
(AH/SD).
FICHA TÉCNICA
Sinopse:
Akeelah é uma garota de 11 anos, com talento incrível com as palavras.
Admirado com esse dom, o diretor de sua escola a inscreve num concurso regional
de soletração e faz com que ela seja treinada por um professor de literatura, Dr.
Larabee. Enfrentando a objeção de sua mãe, o ciúme de sua melhor amiga, as
diferenças sociais e as dificuldades no relacionamento com o seu professor-tutor,
Akeelah avança em todas as etapas do concurso, até ser classificada para a grande
prova de fogo de sua vida – a final nacional em Washington.
Questões para o debate:
Como promover a inclusão dos alunos com altas habilidades e superdotação
na escola?
O que é inteligência?
É papel da escola a definição de quem é inteligente ou não?
Título no Brasil Prova de fogo
Título Original Akeelah and the Bee
Ano Lançamento 2006
Gênero Drama
País de origem EUA
Duração 112 min.
Classificação Livre
Fonte: http://www.imdb.com/title/tt0437800/?ref_=fn_al_tt_2
Existem diferenças de ritmos e compassos entre os educandos?
Pessoas diferentes aprendem da mesma forma e no mesmo ritmo?
Você consegue reconhecer colegas de classe que apresentam potencial para
altas habilidades e superdotação?
Em que medida superdotados e alunos com dificuldade de aprendizagem
sofrem bullying?
Quais tipos de violência você percebeu no filme?
Possíveis contribuições, limites e críticas:
O filme Prova de Fogo proporciona a discussão sobre a aprendizagem de
alunos com Altas Habilidades e Superdotação (AH/SD). Estes formam um grupo
pouco assistido pelo sistema educacional brasileiro, uma vez que existem escassos
programas voltados para o seu atendimento. Da mesma forma que a escola não
está devidamente preparada para maximizar o potencial de aprendizagem de alunos
que apresentam um atraso no seu desenvolvimento, o mesmo acontece em relação
àqueles que apresentam potencial cognitivo, inteligência ou criatividade acima da
média (ALENCAR & FLEITH, 2008).
Akeelah, protagonista do filme, apresenta um talento incrível com as
palavras. Na escola ela sofre ameaça e hostilidade de alguns da classe por conta da
sua facilidade em aprender algo novo. Um professor reconhece a precocidade da
garota, e a inscreve num concurso de soletração. A partir desse fato muita coisa
muda na vida da protagonista. São muitos desafios impostos.
5.8. Oitavo Encontro Tema: Reflexões sobre a condição humana diante da violência - “Olho por olho e
ficaremos todos cegos” (Gandhi).
Objetivos:
Entender como ocorre a violência e o bullying na escola e suas implicações
junto aos envolvidos;
Promover a sensibilização e tomada de consciência dos alunos, quanto às
práticas de violência e bullying na escola;
Criar condições de empoderamento aos alunos, com conhecimentos efetivos
que os capacitem para a superação dos possíveis conflitos existentes no
contexto da escola.
Procedimentos:
O ponto de partida para a apresentação do filme Em um mundo
melhor será a questão: até que ponto vale a pena a vingança?
Após a exibição do filme faremos os questionamentos propostos e
pensaremos em alternativas para a questão: como o indivíduo pode
ser forte sem ser violento?
Apresentação e exploração do site Forte Sem Violência que
apresenta o projeto Stark Ohne Gewalt, termo alemão que em
português significa "ser forte sem ser violento". O projeto foi idealizado
por Mathias Kaps, um pedagogo alemão que não aceitava a crescente
manifestação de violência entre os adolescentes e jovens de seu país.
Ele percebeu que o fenômeno da violência acontecia devido à falta de
diálogo entre professores e alunos, o que acarretava dificuldades de
relacionamento. Mathias identificou problemas no sistema educacional
de seu país, que, com um currículo repleto de disciplinas, privilegiava a
educação intelectual dos alunos, deixando de lado a capacidade dos
educandos em descobrirem seus talentos e de se perceberem
enquanto humanos.
Em 2004, Mathias Kaps, juntou-se com a banda multicultural Gen
Rosso, que se propõe propagar mensagens de não violência através
da expressão artística, e iniciou o projeto educativo e preventivo
dirigido aos jovens.
Diante do exposto a proposta pedagógica será, conjuntamente com os
alunos, buscar alternativas de como o indivíduo pode ser forte sem
ser violento, e ao fim faremos o registro das ideias obtidas na forma
de construir os pilares de uma agenda elaborada coletivamente,
pregando a Cultura de Paz.
Com o presente encontro finalizaremos as discussões sobre violência
e bullying na escola, entre alunos com e sem deficiência. Mas
sabemos que esse assunto não se esgota em um único projeto.
Diante disso, solicitaremos que os cursistas discutam entre si: o que
lhe foi acrescentado a partir das atividades, dinâmicas, leituras e
reflexões realizadas? Sua visão quanto à temática abordada se
alterou? Você pretende colocar em prática o que foi discutido nos
encontros?
Construir uma agenda que congregue os resultados da experiência
obtida com os encontros e promova a cultura de paz, o respeito à
diversidade, o combate às discriminações, o incentivo a
aprendizagem e desenvolvimento extramuros à escola, pautados no
tripé da arte, da ciência e da cultura.
FICHA TÉCNICA
Sinopse:
Anton é um médico que divide sua vida entre o trabalho em um campo de
refugiados na África e em sua residência, situada numa pequena cidade da
Dinamarca. Nesses dois mundos distintos, ele e sua família enfrentam conflitos que
Título no Brasil Em um mundo melhor
Título Original Haevnen
Ano Lançamento 2010
Gênero Drama
Países de origem Dinamarca / Suécia
Duração 113 min.
Classificação 12 anos
Fonte: http://www.imdb.com/title/tt1340107/?ref_=fn_al_tt_1
os levam a dura escolha entre a vingança e o perdão. Anton tem dois filhos com
Marianne, de quem está se separando. O filho mais velho se chama Elias e sofre
com perseguições e bullying na escola. A situação muda quando o garoto conhece o
novato Christian, que perdeu a mãe recentemente e acaba de se mudar para o local.
Os dois se tornam bons amigos depois que Christian defende Elias, durante uma
agressão na escola. Porém, um insensato plano de vingança coloca em risco a vida
de ambos.
Questões para o debate:
O ditado popular diz que “mais vale um covarde vivo do que um herói morto”.
Com base neste ditado, discuta o que é covardia e o que é violência?
Como reconhecer as diversas formas de violência presentes na sociedade e
em diferentes contextos e faixas etárias?
Como lidar com as relações de violência ocorridas no espaço da escola
envolvendo alunos com e sem deficiência?
Quais as noções de civilidades trabalhadas no filme?
Discuta como a família produz e reproduz a violência ou a paz na sociedade?
Tanto no filme quanto no vídeo sobre o projeto Forte sem violência,
percebemos a proposição de uma “Cultura de Paz”. Como desenvolver uma
proposta de Cultura de Paz em nossa escola?
Possíveis contribuições, limites e críticas:
Com o oitavo encontro encerraremos a etapa de implementação do projeto
junto aos alunos, com a exibição do filme intitulado Em um Mundo Melhor, que de
maneira abrangente trata da violência social e de forma mais específica, faz
referência à violência na escola e ao bullying. Além disso, o filme trata de diversas
questões, a saber: xenofobia, tolerância, casamentos desfeitos, a dor de um filho
após a perda da mãe, a falta de diálogo em família, uso de internet pelas crianças
sem o cuidado de um adulto, entre outras.
Em um Mundo Melhor ganhou a premiação do Oscar em 2010, de melhor
filme estrangeiro, por tratar de um assunto dramático de maneira realista e
impactante. A diretora e produtora Susanne Bier tenta oferecer reflexões ao conceito
“olho por olho, dente por dente”, e propõe uma reflexão sobre o sentimento de
vingança. Haevnen, título original do filme, significa Vingança, que se constitui a
temática central do filme, e não ‘paraíso’ como pode nos levar a pensar, devido a
semelhança com a palavra ‘heaven’, vocábulo da língua inglesa. Esse jogo de
palavras nos remete ao tênue limite entre a violência e a paz. Embora Anton, o
protagonista do filme, pregue o revide moral, já que ensina a importância de não
revidar uma agressão com violência física, em uma situação extrema é interpelado
pela própria violência, e reage na mesma medida.
A contribuição dessa obra cinematográfica está no fato de que os
personagens não são apresentados de maneira maniqueísta (bons ou maus), eles
são simplesmente humanos que, em certos momentos conseguem controlar o
impulso da raiva e violência, e em outros podem explodir em acessos de fúria.
Diante disso somos levados a refletir sobre quais reações teríamos em situações-
limite como as enfrentadas pelos personagens, e até que ponto conseguiríamos
controlar nossos impulsos violentos? A obra cinematográfica contribui para a
reflexão sobre a temática abordada no presente estudo na medida em que evidencia
a questão da violência presente na sociedade e trabalha com a ideia da Cultura de
Paz, experimentada e defendida pelo protagonista do filme.
6. REFERÊNCIAS
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7. REFERÊNCIAS FÍLMICAS
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