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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
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A CONTRIBUIÇÃO DA INFORMÁTICA PEDAGÓGICA NA FORMAÇÃO DO
PROFESSOR E DO ALUNO-TÉCNICO
BONGIOVANI, Eduardo1
ARAÚJO, Luiz Eduardo de2
RESUMO
O presente artigo, como resultado do trabalho final da participação no Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE) desenvolvido pela Secretaria de Estado da Educação do
Paraná, discute o uso da informática educativa. Considera, portanto, o uso do computador e da
internet na educação escolar permeado pela prática do uso pedagógico do laboratório de
informática do Programa Nacional de Tecnologia Educacional (PROINFO). Propõe reflexões
acerca do impacto das políticas públicas para a educação subjacente ao programa em questão
e considerando tal contexto, evidencia-se como problema: De que forma o uso da informática
tem potencializado a formação dos alunos-técnicos e dos professores e qual a percepção
destes em relação à contribuição da informática na educação? Objetiva-se avaliar a percepção
do professor e dos alunos em relação à contribuição da informática na educação. Na
metodologia, uma abordagem qualitativa, pautada em pesquisa bibliográfica e pesquisa de
campo, usando o método relato de experiência apoia o estudo. Pode-se constatar que tanto os
professores quanto os alunos têm encontrado diversas barreiras, como a falta de infraestrutura
e problemas com a rede de computadores nas escolas. Apesar de reconhecerem a importância
da inclusão digital, não encontram os recursos necessários e de qualidade para introduzir os
meios tecnológicos em suas atividades. O poder público atua de forma lenta, quando poderia
tomar atitudes mais concretas no intuito de providenciar a instalação dos laboratórios de
informática com mais suporte de um técnico no espaço escolar. Dessa forma, o e
infraestrutura é a principal razão assinalada. Todos dizem saber da importância do PROINFO
não tem conseguido ainda promover a inclusão digital a contento, que são de responsabilidade
do poder público.
Palavras-chave: Educação Escolar. PROINFO. Informática Educativa.
1 Professor, Técnico do CRTE – Núcleo Regional de Educação, no Município de Cornélio Procópio,
Paraná. 2 Professor Mestre em Administração da UENP – Campos Cornélio Procópio.
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INTRODUÇÃO
A informática pedagógica vem adquirindo cada vez mais importância no cenário
educacional. Seu emprego como instrumento de aprendizagem e sua ação no meio social vem
aumentando de forma rápida na sociedade. Nesse sentido, a educação, que vem passando por
mudanças estruturais e funcionais frente a essa nova tecnologia, a introdução da informática
nas escolas e seu uso como importante ferramenta de ensino pressupõem novas perspectivas
de trabalho para os professores.
Considerando essas necessidades, é importante agregar a informática ao currículo
escolar, pois os computadores estão presentes na vida de alunos e professores, e à escola cabe
o dever de propiciar ao aluno as aprendizagens por meio das novas tecnologias. Assim, o
presente estudo justifica-se tendo em vista que o processo de informatização na sociedade
vem acompanhado da progressiva utilização da informática também nas escolas.
De acordo com Valente (2003, p. 02) o termo “informática na educação refere-se à
inserção do computador no processo de aprendizagem dos conteúdos curriculares de todos os
níveis e modalidades de educação”. Assim entendido, o computador e a internet são
ferramentas que pode ajudar o/a professor/a promover aprendizagem, autonomia, criticidade e
criatividade do aluno, contribuindo desta forma para sua emancipação. Mas, para que isto
aconteça, se efetivando na prática, é necessário que o professor assuma o papel de mediador,
favorecendo a interação entre aluno, conhecimento e computador, e isso supõe uma boa
formação para o exercício deste papel. Nem sempre, entretanto, se observa isso na prática do
espaço escolar. Assim, para potencializar as aprendizagens dos alunos garantindo o uso
pedagógico da informática, de forma que apresente resultados positivos mediante boas
estratégias pedagógicas, deve-se envolver uma significativa formação tecnológica do/a
professor/a.
A educação, envolvida no tripé: ensino/conteúdo/aprendizagem, no entanto, só se
efetiva com a formação do professor para a utilização da informática. Nas práticas educativas,
os equipamentos sozinhos não podem melhorar a qualidade da educação escolar. Esse pensar
diferente na utilização do computador de maneira pedagógica deve levar em conta o despertar
da curiosidade e do interesse do aluno, por isso é preciso aproveitar esse recurso para
intensificar a sua vontade de aprender. A informática educativa eleva o processo de ensino-
aprendizagem em um rol mais dinâmico, com interesse de não apenas ensinar informática
para os alunos, mas também ensinar conteúdos de forma interdisciplinar, juntamente com a
interatividade proporcionada pela ferramenta computador e internet.
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O PROINFO é um programa educacional criado pela Portaria nº 522/MEC, de 9 de
abril de 1997, para promover o uso pedagógico de Tecnologias de Informática e
Comunicações (TICs) na rede pública de ensino fundamental e médio. Assim, identificar os
benefícios desse programa para a formação dos alunos do Ensino Médio pode cooperar para
tomadas de posição quanto ao uso dos computadores na escola. Um computador com acesso a
internet é uma oportunidade e uma janela para se conhecer e se posicionar no mundo, o que
permite que o estudante siga em frente em busca do conhecimento e encontre novas fontes e
novas formas de aprendizagem. (FROES, 2013).
A partir dessas considerações, tem-se como problema, que se tornou também o
objetivo geral, analisar de que forma o uso da informática potencializa a formação dos alunos
e dos professores e qual a percepção destes em relação à contribuição da informática na
educação. Na metodologia, utiliza-se a abordagem qualitativa pautada em pesquisa
bibliográfica com apoio de estudo de caso.
O presente artigo encontra-se organizado em quatro seções. Na primeira, apresentam-
se conteúdos relacionados à “Da Informática no Brasil ao PROINFO”, em seguida, discorre-
se sobre o “PROINFO no Paraná” e em terceiro, apontam-se assuntos relacionados ao
“Laboratório de Informática: uma ferramenta metodológica?” e “Projeto de Intervenção
Pedagógica: A inserção da informática no ambiente da escola”, conteúdo este que se relaciona
à implementação do projeto com professores e alunos.
BREVE HISTÓRICO E CONCEITOS DE TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS
Emprega-se pela primeira vez o termo Tecnologia Educacional nos Estados Unidos, e,
no campo da educação, no final dos anos 20 do século passado. Seu surgimento deu-se por
meio do uso de materiais visuais em cursos para especialistas militares durante a II Guerra
Mundial, com influência de avanços ocorridos na psicologia experimental e desenvolvimento
das ciências comportamentais e das ciências matemáticas. (LITWIN, 2001).
No Brasil, seu surgimento se deu em 1971, quando fundada a ABT – Associação
Brasileira de Tecnologia Educativa. Esta Instituição, com caráter científico, buscou o
desenvolvimento tanto qualitativo quanto quantitativo da tecnologia educacional. O uso do
computador pela sua importância tecnológica na educação originou-se com experiências em
universidades, isso no princípio da década de 70. Na Universidade Federal do Rio de Janeiro,
no ano de 1973, o NUTES/CLATES - Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde e o
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Centro Latino-Americano de Tecnologia Educacional usou o computador no ensino de
Química, através de simulações. Na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, nesse
mesmo ano, realizaram-se algumas experiências usando simulação de fenômenos de física
com alunos de graduação. (BRASIL, 1994).
O Centro de Processamento de Dados desenvolveu o software SISCAI - Sistema de
Controle de Acesso à Internet para avaliação de alunos de pós-graduação em Educação. Na
Universidade de Campinas em 1974 foi desenvolvido um software CAI - Computed Aided
Instruction para o ensino dos fundamentos de programação da linguagem BASIC - Beginners
All-Purpose Symbolic Instruction Code. Foram utilizados com os alunos de pós-graduação em
Educação produzidos pelo Instituto de Matemática, Estatística e Ciência da Computação e
coordenado pelo Prof. Ubiratan D'Ambrósio. Estes foram financiados pela Organização dos
Estados Americanos. (BRASIL, 1994).
Em 1975 é elaborado o documento "Introdução de Computadores no Ensino do 2°
Grau" financiado pelo Programa de Reformulação do Ensino e, mediante a visita de Seymour
Papert e Marvin Minsky ao país, lançam as primeiras ideias do que viria a ser o Logo (Tipo de
Ferramenta Computacional). E na década de 1980, por meio desse movimento, Papert
Seymour Papert e Marvin Minsky divulga ideias que defendem ser o computador um
instrumento com conceitos complexos, mas que permite ao aluno trabalhar estes conceitos de
forma simples e até lúdica. A partir desse entendimento, começou a se desenvolver uma
linguagem de programação para crianças. (BRASIL, 1994).
Seminários “Nacional de Informática em Educação” começam a ser realizados na
Universidade de Brasília em 1981 e na Universidade Federal da Bahia em 1982, e se
estabelece um programa de atuação que se originou o EDUCOM - Educação e Computador,
possuindo uma sistemática de trabalho diferente de outros programas educacionais iniciados
pelo MEC. (ANDRADE, 1993).
Na década de 1990, as Tecnologias Educacionais se diferenciaram pelo seu perfil,
com novos modos de trabalho na educação. Isso se deu em face às variadas questões,
reflexões e críticas, geradas em torno da sua importância nos sistemas educativos. E, com a
informática começando a ser disseminada de forma mais ampla no sistema educacional do
país com a iniciativa do Ministério da Educação (MEC) com o projeto EDUCOM cujo
objetivo foi o de se efetivar o desenvolvimento de pesquisas e estratégias metodológicas do
uso do computador como recurso pedagógico. Participaram várias universidades públicas, e
foram implantados centros-piloto para o desenvolvimento de investigações voltadas ao uso do
computador na aprendizagem. (VALENTE, 2003).
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Recorrendo a Andrade (1993) havia propostas e decisões que eram provenientes de
resultados de discussões feitas pelos técnicos e pesquisadores da área. A função do MEC era a
de acompanhar, viabilizar e implementar as decisões. A diferença do programa brasileiro em
relação aos outros países, como França e Estados Unidos, é a questão da descentralização das
políticas, que no caso do Brasil não são produto somente de decisões governamentais, como
na França, nem consequência direta do mercado como nos Estados Unidos.
De acordo com Almeida (1998) o MEC implementou uma política que objetivava a
implantação nos Estados brasileiros do CIED - Centro de Informática na Educação. E para
permitir o funcionamento desses centros, desenvolveu-se o Projeto FORMAR (Formação de
professores) realizando cursos de especialização lato sensu com a finalidade de preparar
professores/as para o uso da informática na educação escolar, bem como para atuarem como
multiplicadores na formação de outros profissionais da educação. Os professores participantes
do FORMAR eram de distintas áreas de formação, o que, muitas vezes, dificultava um rápido
desenvolvimento, domínio e aprendizagem da tecnologia. As discussões eram enriquecidas
com os mais variados pontos de vista e modos de se usar o computador, bem como com as
distintas reações aos desafios e inquietações cognitivas, afetivas, sociais e culturais presentes
na sociedade. (ALMEIDA, 1998).
A partir de então, segundo Andrade (1993) foram aparecendo diversas outras
iniciativas, tanto nas esferas estaduais quanto municipais e privadas. Mas o grande gargalo
com que se deparava era relacionado à preparação e formação do/a professor/a para utilizar o
computador com seus alunos no espaço escolar, tendo em vista a necessidade de adaptação às
rápidas e frequentes mudanças nas configurações dos computadores. Isso exigiu revisão
absoluta no desenvolvimento de versões de software executáveis nos novos computadores.
Assim, de acordo com Mattos (1992) sugestões provenientes dos movimentos sobre
a informática educativa defendiam o ensino do computador como instrumento focado no
ensino e no aprendizado da computação. Sob essa perspectiva, o contexto social necessitava
de profissionais com conhecimentos de informática, sendo necessários que as escolas e
universidades se preocupassem em ensinar esse instrumento, focado no equipamento e no uso
dos softwares de mercado, processadores de texto, planilhas eletrônicas e navegadores. A
diversidade de softwares educacionais produzidos e as várias modalidades de utilização do
computador levam a concluir que se trata de uma tecnologia extremamente útil no processo de
ensino-aprendizagem.
O PROINFO, inicialmente “Programa Nacional de Informática na Educação” foi
criado pelo MEC a portaria nº 522 em 09/04/1997, com a intenção de agenciar o uso da
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Telemática como ferramenta de enriquecimento pedagógico no ensino público fundamental e
médio. Suas ações são desenvolvidas pela Secretaria de Educação a Distância, Departamento
de Infra-Estrutura Tecnológica - DITEC, em articulação com as Secretarias de Educação do
Distrito Federal, dos Estados e de alguns Municípios. Seu funcionamento se dá de forma
descentralizada, existindo em cada unidade da Federação uma Coordenação Estadual, e os
Núcleos de Tecnologia Educacional - NTE, dotados de infraestrutura de informática e
comunicação que reúnem educadores e especialistas em tecnologia de hardware e software.
Em 12 de dezembro de 2007, perante a criação do decreto n° 6.300 o ROINFO passou a ser
Programa Nacional de Tecnologia Educacional, tendo como principal objetivo promover o
uso pedagógico das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) nas redes públicas de
educação básica. (PARANÁ, 2010).
O PROINFO teve como justificativas:
1. Melhorar a qualidade do processo de ensino-aprendizagem [...];
2. Possibilitar a criação de uma nova ecologia cognitiva nos ambiente
escolares mediante incorporação adequada das novas tecnologias da
informação pelas escolas [...];
3. Propiciar uma educação voltada para o desenvolvimento científico e
tecnológico [...];
4. Educar para uma cidadania global numa sociedade tecnologicamente
desenvolvida [...]; (BRASIL, 1996, p. 7).
Ainda de acordo com este documento, o referido programa foi instituído para atender
todas as escolas da rede pública de ensino de todos os estados brasileiros, por meio da
colaboração entre o MEC, os governos estaduais e a sociedade, sendo que o sucesso deste
Programa dependeria necessariamente da capacitação dos recursos humanos envolvidos em
sua operacionalização, principalmente os professores. É o MEC quem compra, distribui e
instala laboratórios de informática nas escolas públicas de educação básica no Brasil.
Em contrapartida, os governos locais (prefeituras e governos estaduais) providenciam
a infraestrutura das escolas, indispensáveis para que elas recebam os computadores. As
escolas estaduais são selecionadas pela coordenação do PROINFO de cada estado, já as
escolas municipais são selecionadas pelos Prefeitos dos municípios. Isso tudo leva a se
reconhecer que um computador com acesso a internet é uma oportunidade para se conhecer e
se posicionar no mundo, o que permite que o estudante siga em frente em busca do
conhecimento e encontre novas fontes e novas formas de aprendizagem. (FROES, 2013).
O programa tem algumas especificidades direcionadas para a eficiência da escola, tais
como a qualidade do ensino e a preparação para o trabalho. Todavia, o Programa expressa seu
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foco na possibilidade de ampliação do mercado e sua lógica se constitui em vitrine escolar.
Esse destaque é importante para indicar a função que a escola exerce sob a lógica de uma
sociedade produtora de mercadorias: se não consegue constituir-se em um espaço de
transmissão do saber acumulado pela humanidade, configura-se num espaço que amplia os
negócios, visando o mercado de trabalho. Nisso, há que se refletir. (PARANÁ, 2010).
De qualquer forma, identificar os benefícios desse programa para a formação dos
alunos pode cooperar para tomadas de posição quanto ao uso dos computadores na escola:
Capacitar professores e técnicos de suporte; Prestar suporte pedagógico e técnico às escolas;
Pesquisar, desenvolver e disseminar experiências educacionais; Interagir com as
Coordenações Regionais e Nacionais do PROINFO. O programa contempla ações de
formação que contribuam para dinamizar os processos de ensino e de aprendizagem,
desenvolver potencialidades, habilidades e conhecimentos específicos (BRASIL, 1996).
POLÍTICAS PÚBLICAS DE USO DAS TICs: O PROINFO NO PARANÁ
O funcionamento do PROINFO se dá de forma descentralizada no país, em cada
unidade da Federação existe uma Coordenação Estadual cujo trabalho principal é introduzir e
acompanhar as ações sobre as TICs nas escolas públicas, além de articular os esforços e as
ações desenvolvidas no setor sob sua jurisdição, em especial as ações dos Núcleos de
Tecnologia Educacional - NTE (BRASIL, 1996).
E o Estado do Paraná tem acompanhado esse desenvolvimento tecnológico
educacional exibido no Brasil e entre todos os programas educacionais, o PROINFO é um dos
que mais se tem destacado. E isso tem início na década de 1980, época em que a informática
na educação toma espaço importante nas políticas públicas do Estado. Foi somente no final de
1990 que o programa começa avançar significativamente, com as primeiras ações
relacionadas ao levar os laboratórios nas escolas da rede pública. Mas essas ações estavam
voltadas apenas para as questões técnicas, sem a formação dos professores, processo tão
importante. (GONÇALVES, 2009).
Com a adesão do Estado do Paraná ao PROINFO, tem-se início a intensificação das
ações. Em meados de 2000 é criado o Paraná Digital, cujo objetivo principal é implantar
laboratórios de informática nas escolas. O Estado passa a ofertar cursos de formação para a
utilização das tecnologias educacionais aos professores das escolas estaduais, mas estes não
foram suficientes para atender a demanda. (GONÇALVES, 2009).
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Para Valente (2003) os primeiros cursos ofertados aos professores, ao invés de
priorizar somente o domínio das ferramentas computacionais (Editor de Textos, Imagem,
HTML e Apresentações, Planilha Eletrônica, Internet), deveria também priorizar o domínio
do técnico e do educacional de modo não estanque. Isso porque apenas os Técnicos Regionais
de Tecnologia na Educação (CRTES) não dão conta de atender toda a demanda existente nas
escolas, onde os laboratórios constantemente apresentam problemas técnicos.
Foi por meio do Programa Paraná Digital em 2004, que teve início a ampliação de 12
Núcleos Tecnológicos (NTE) para 32 Coordenações Regionais de Tecnologia na Educação –
CRTE, denominação utilizada no Estado do Paraná. Numa parceria com o PROINFO, a
Coordenação de Apoio ao Uso de Tecnologias passa a realizar ações sobre a formação
continuada para os profissionais da Educação da Rede Pública Estadual de Ensino.
(PARANÁ, 2010).
Tendo em vista as equipes do CRTE, a formação dos professores passa a ser
descentralizada, onde cada assessor fica responsável por um determinado número de escolas,
cujas atribuições são:
O desenvolvimento de ações com objetivo de universalizar o uso de tecnologias nas
Escolas Públicas Estaduais do Paraná;
Articulação com as Equipes de Ensino dos Núcleos Regionais de Educação (NRE)
para a implementação e o desenvolvimento de atividades aos professores;
Assessoria técnica e pedagógica diretamente nas escolas para uso das TICs;
Informações aos (as) professores (as) sobre o Portal Dia-a-dia Educação, TV
Multimídia, Pendrive, TV Paulo Freire, TV Escola, Folhas, Livro Didático Público.
(VALENTE, 2003).
Entretanto, os cursos ofertados nessa formação dos (as) professores (as) não
privilegiaram o conhecimento da técnica, um dos principais gargalos e desafios existentes
atualmente. A formação do professor deve provê-lo com conhecimento técnico sobre
computadores, criar condições para que este possa construir conhecimento sobre os aspectos
computacionais, compreender as perspectivas educacionais subjacentes às diferentes
aplicações do computador e entender por que e como integrar o computador na sua prática
pedagógica. (VALENTE, 2005, p. 30).
Em 2007 implanta-se a TV Pendrive no Estado e em 2009 o projeto “Um Computador
por Aluno (UCA)”. Este foi direcionado pelo MEC, tendo como objetivo avaliar a
funcionalidade pedagógica em sala de aula. Os laptops poderão, em longo prazo, ser uma boa
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alternativa tecnológica na educação básica e poderão estar disponíveis daqui há algum tempo,
assim como têm sido com o lápis e o caderno. Entretanto, há que se evidenciar que a
formação para os (as) professores (as) e outros funcionários da escola em qualquer projeto de
implantação faz uma enorme diferença. Não se evidencia registros de ações referentes a
formação técnica para os (as) professores (as) e outros funcionários da escola, como o
administrativo, no histórico de ações do Portal Dia a Dia, apenas sobre o que referencia o
pedagógico. (VALENTE, 2003).
Sánchez (1999) aponta que equipar a escola com as novas tecnologias sem formar o
professor e outros funcionários, causa enorme prejuízo à formação do aluno. E ainda discorre
que:
Os professores que possuem uma sólida formação estarão mais propensos a unir
teoria e prática se estiverem comprometidos socialmente com o ensino e
aprendizagem, e se puderem atuar numa escola democrática, onde as ações coletivas
sejam predominantes. Para facilitar o bom desempenho de suas ações, que devem
estar de acordo com as exigências da sociedade atual, é necessário o seu contínuo
aprendizado e a articulação desse aos outros saberes já existentes (SÁNCHEZ, 1999,
p.57).
O que acontece é uma preocupação exagerada com a aquisição de equipamentos, e,
delega-se para segundo plano a preparação dos (as) professores (as) para tais utilizações
tecnológicas. Não há prioridade educacional na mesma magnitude, deixando transparecer a
ideia equivocada de que o computador e os softwares poderão resolver grande parte dos
conflitos educativos. (SANTOS; RADTKE, 2005).
Para Lévy (2007) cabe ao poder público garantir aos (as) professores (as) uma
formação de ampla qualidade pedagógica e até técnica, porque não, permitindo a todos um
acesso a midiatecas, a centros de orientação, de documentação e de auto formação, sem
negligenciar a importante mediação dos (as) professores (as) do acesso ao conhecimento.
Segundo o autor, é necessário uma formação continuada que favoreça a reflexão, que ofereça
possibilidades concretas de ampliar conhecimentos e de aprofundar o estudo teórico para
aperfeiçoar a prática pedagógica.
Há alguns critérios para que as escolas estaduais possam fazer parte do PROINFO
Urbano e/ou Rural, o município ou o estado deve seguir três passos: a Adesão, o Cadastro e a
Seleção das escolas: a adesão é o compromisso do município com as diretrizes do Programa,
imprescindível para o recebimento dos laboratórios. A seleção das escolas sempre é feita no
Sistema de Gestão Tecnológica, onde já existem escolas pré-selecionadas de acordo com os
critérios adotados nestas distribuições. As escolas estaduais são selecionadas pela
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Coordenação do ROINFO de cada estado, já as escolas municipais são selecionadas pelos
Prefeitos dos municípios. (BRASIL, 1996).
As ações do Programa são:
Assistência Técnica;
Documentos Orientadores;
Escolas Contempladas;
Formação de Suporte Técnico;
Manual de Instalação;
Linux educacional;
Computador Interativo e Lousa Digital;
Perguntas Frequentes;
Rede Elétrica e Lógica;
SIGETEC (Sistema de Gestão Tecnológica).
Essas informações demonstram o suporte técnico para a efetivação das ações
relacionadas à formação do professor e consequentemente, a do aluno. O ROINFO assenta-se
nas diretrizes cujos princípios se pautam em quatro objetivos: melhorar a qualidade do
processo de ensino-aprendizagem; possibilitar a criação de uma nova ecologia cognitiva nos
ambientes escolares mediante incorporação adequada das novas tecnologias da informação;
propiciar uma educação voltada para o desenvolvimento científico e tecnológico; educar para
uma cidadania global numa sociedade tecnologicamente desenvolvida. (PARANÁ, 2010).
Promoção de seminários e reflexões levaram o Paraná à implementação de ações
como a ampliação dos NTE no Estado e em 2007 criou-se a Diretoria de Tecnologia
Educacional (DITEC), por meio do Decreto 1396/07, cuja coordenação das CRTE passou a
ser denominada Coordenação de Apoio ao Uso de Tecnologias (CAUTEC).
LABORATÓRIO DE INFORMÁTICA: UMA FERRAMENTA PEDAGÓGICA OU
UMA UTOPIA?
A utilização do computador nas práticas educativas exige investimento para o
desenvolvimento e crescimento profissional para que os (as) professores (as) possam ser
pesquisadores e atuar como mediadores na aprendizagem do aluno. Deve se atualizar
estudando sempre para a concretização do projeto pedagógico pretendido na escola, que é
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garantir o conhecimento ao aluno. E para que os (as) professores (as) possam,
verdadeiramente, ser capazes de utilizar o computador como uma ferramenta nas suas práticas
educativas, exige-se, além de sua capacitação técnica, uma prática reflexiva. (SIMIÃO &
REALI, 2002).
E quanto a isso, Zeichner, aponta que:
Os cursos de treinamento preparam tecnicamente os professores, o que não deixa de
ser importante, mas não é o suficiente. O professor precisa se capacitar para entender
por que e como integrar o computador em sua prática educativa, atendendo aos
objetivos pedagógicos e às necessidades de seus alunos. Para isto é essencial o
processo de reflexão da própria prática (ZEICHNER, 1993, p.69).
Pode-se afirmar, assim, que o laboratório de informática é o parceiro mais próximo da
escola pública no processo de inclusão digital, mesmo não sendo eficiente devido a muitos
problemas que apresenta. É por meio desses que diretores, (as) professores (as) e alunos
podem se inserir mais facilmente à aplicação de novas tecnologias. O uso pedagógico dessa
rede poderá possibilitar aos (as) professores (as) e alunos uma nova forma de construção do
processo de ensino e de aprendizagem. (MATTOS, 1992).
A introdução e expansão da Internet na educação fomenta anáalises o potencial de
seus recursos para o enriquecimento das estratégias educacionais. Assim, devido a facilidade
de acesso a rede e a ampla distribuição desta nos centros educacionais e instituições de
ensino, houve a possibilidade de usufruir dos seus recursos, objetivando a melhoria da
educação.
Neste sentido, Behrens (2008) salienta que:
O uso da Internet com critério pode tornar-se um instrumento significativo para o
processo educativo em seu conjunto. Ela possibilita o uso de textos, sons, imagens e
vídeo que subsidiam a produção do conhecimento. Além disso, a Internet propicia a
criação de ambientes ricos, motivadores, interativos, colaborativos e cooperativos
(BEHRENS, 2008, p.99).
A relação da internet com o processo educativo faz com que as pessoas se sintam
preparadas para tomar decisões importantes e escolherem o seu próprio caminho de
aprendizagem. Os avanços no mundo das tecnologias fazem com que a Internet crie
possibilidades educativas que representam expectativas novas, lançando novos desafios para a
educação e aperfeiçoando cada vez mais o conhecimento. Explorando de forma eficaz as
potencialidades do ambiente virtual nas situações de ensino-aprendizagem, possibilita-se ao
aluno maior interação no processo de aprender, conforme destaca Moran (2008):
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A internet é uma tecnologia que facilita a motivação dos alunos, pela novidade e
pelas possibilidades inesgotáveis de pesquisa que oferece. Essa motivação aumenta,
se o professor a faz em um clima de confiança, de abertura, de cordialidade com os
alunos. Mais que a tecnologia, o que facilita o processo de ensino-aprendizagem é a
capacidade de comunicação autêntica do professor, de estabelecer relações de
confiança com os seus alunos, pelo equilíbrio, competência e simpatia com que atua
(MORAN 2008, p.22).
É pela internet que se desenvolvem novas formas de comunicação, aproximando
textos e imagens em movimento. A possibilidade de divulgar páginas grupais na internet gera
nos adolescentes uma grande motivação, sensibilidade, responsabilidade. Todos se esforçam
por escrever melhor, por comunicar melhor as suas ideias, então, é conveniente que se
resinifiquem as ações educativas, levando aos professores (as), por meio de formação
continuada à incorporação das ferramentas tecnológicas que resultem em práticas educativas
que promovam os saberes em diversos campos. (MORAN 2008).
Segundo Levy (1996) está havendo novas maneiras de pensar e de conviver no mundo
das comunicações e da Informática, modificando as relações entre os homens e entre o
trabalho. Há mudanças na escrita, na leitura, no modo de enxergar o mundo e a aprendizagem,
pois se perpassa um processo em que a Informática está cada vez mais avançada. E diante
disso tudo se torna imprescindível que o professor possa refletir e repensar sua prática,
construindo novas formas de ação que permitam lidar e construir essa realidade que ora se
apresenta. Para que isso ocorra, o professor tem que levar seus alunos para o laboratório de
informática, dar sua aula com qualidade extrema.
Torna-se necessário que o professor assuma o papel de mediador, favorecendo a
interação entre aluno, conhecimento e computador, e isso supõe uma boa formação para o
exercício deste papel. Nem sempre, entretanto, se observa isso na prática do espaço escolar.
Assim, para potencializar a aprendizagem dos alunos, garantindo o uso pedagógico efetivo da
informática, de forma que apresente resultados positivos com boas estratégias pedagógicas
sejam aplicadas, a formação tecnológica do/a professor/a é relevante. A educação, envolvida
no tripé ensino/conteúdo/aprendizagem, no entanto, só se efetiva com a formação do
professor para a utilização da informática. Nas práticas educativas, os equipamentos sozinhos
não podem melhorar a qualidade da educação escolar. (PARANÁ, 2010).
Assim, de acordo com Froes (2013):
Os recursos atuais da tecnologia, os novos meios digitais: a multimídia, a Internet, a
telemática trazem novas formas de ler, de escrever e, portanto, de pensar e agir. O
simples uso de um editor de textos mostra como alguém pode registrar seu
pensamento de forma distinta daquela do texto manuscrito ou mesmo datilografado,
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provocando no indivíduo uma forma diferente de ler e interpretar o que escreve,
forma esta que se associa, ora como causa, ora como consequência, a um pensar
diferente (FROES, 2013, p.54).
Este pensar diferente na utilização do computador de maneira pedagógica deve levar
em conta o despertar da curiosidade e do interesse do aluno, por isso é preciso aproveitar esse
recurso para intensificar a sua vontade de aprender. A informática educativa eleva o processo
de ensino-aprendizagem em um rol mais dinâmico, com interesse de não apenas ensinar
informática para os alunos, mas também ensinar conteúdos de forma interdisciplinar,
juntamente com a interatividade proporcionada pela ferramenta computador e internet.
Um computador com acesso a internet é uma oportunidade e uma janela para se
conhecer e se posicionar no mundo, o que permite que o estudante siga em frente em busca do
conhecimento e encontre novas fontes e novas formas de aprendizagem. De um lado
presenciam-se aulas tradicionais que se sustentam somente por meio da proximidade natural
de aulas presenciais, e de outro, a educação mediada pelas tecnologias, que não para de
avançar e de criar condições para a efetiva redução de distâncias. Esse avanço tecnológico
pode ser utilizado não apenas em cursos à distância, mas em cursos presenciais, onde a
tecnologia pode criar aproximação onde existe distância física. (FROES, 2013).
A informática oportuniza inúmeras possibilidades, segundo Tori (2004) podem ser
utilizadas em forma presencial e a distância, tais como: substituição de aulas expositivas por
material interativo on-line, complementado por aulas presenciais com atividades que
envolvam discussões, esclarecimentos de dúvidas, dinâmicas de grupo, orientações. Ainda,
gravação em vídeo de aulas, criação de fóruns de discussão por série, por área, por disciplina
e por projeto, monitoria on-line aos alunos, uso de laboratórios virtuais, apoio a projetos
colaborativos, oferecimento aos alunos de conta para acesso via Internet para conteúdos,
fóruns de discussão, biblioteca virtual, links e outros tantos recursos de apoio.
Para Kenski (2005) as tecnologias são recursos que ampliam o espaço da sala de aula,
mas que não dispensam a realização de planejamentos. A simples apresentação de um filme,
programa de televisão, computador e internet, exige um tipo de trabalho pedagógico bem
planejado, assim, as ações tendem a ser mais receptivas. Com o uso desses procedimentos, a
maneira de se proceder nas aulas se amplia e se agrupam em novos ambientes e processos, por
meio dos quais a interação comunicativa e a relação ensino e aprendizagem se fortalecem. E a
tendência é a de se constituir numa revolução educativa de enorme alcance, e, o Laboratório
de Informática é um grande aliado nesse sentido.
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Analisar o uso pedagógico do laboratório de informática do PROINFO significa
reconhecer tanto os alunos quanto os (as) professores (as) estão juntos nessa caminhada, que é
um momento de mudanças para todos. Portanto, se vive num momento em que há que se
repensar em novas escolas, novos (as) professores (as), novos alunos. Essas novas realidades
educacionais se apresentam como desafios para pensar sobre a realidade da escola e da
atuação do professor e alunos, na atualidade.
PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA: A INFORMÁTICA NO AMBIENTE
DA ESCOLA
Tendo em vista a etapa de implementação do projeto de intervenção na escola com
intuito de trazer reflexões sobre a importância do PROINFO – Programa Nacional de
Informática na Educação, retratam-se agora resultados vivenciados com professores e alunos
do Curso Técnico de Informática do Colégio Estadual André Seugling. Para a implementação
do projeto diversas ações foram realizadas, a saber: visita ao colégio, elaboração de um
questionário e roteiro de entrevista aplicado para professores e alunos do colégio,
sensibilização e divulgação do curso com os representantes da Direção e da Coordenação,
além da oferta de um curso de Informática na Educação com carga horária de 32 horas,
direcionado para o aluno-técnico e professores.
No referido curso foram trabalhadas atividades básicas, como: Windows, Word, Excel,
Power Point, FrontPage, Internet, Microsoft Office, instalação de Antivírus Norton, conexão
de cabos lógicos, elétricos e periféricos, compartilhamento de arquivos, criação de diretórios e
subdiretórios, criação de usuários, grupos e senhas, correio eletrônico Outlook Express.
A falta de infraestrutura é a principal razão assinalada. Um professor aponta que:
Sabemos da importância do PROINFO, porém, utilizo pouco o laboratório. E fui capacitado
para isso. Existem cursos de capacitação para professores oferecidos pela Secretaria de
Estado da Educação, porém a maioria dos professores cria certa resistência e não participa da
qualificação, o que consequentemente invalida a importância do laboratório e as
possibilidades de aprendizagem.
Portanto, mesmo diante das atividades básicas propostas, verificam-se grandes
desafios, mais para os professores do que para os alunos, já que estes demonstram maior
facilidade ao lidar com o computador.
Um dos alunos aponta:
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Um aluno aponta que: a rede wireless é fraca e sempre dá algum problema nos
computadores: muitas vezes fecha a tela e some todas as configurações feitas; também dá
problemas nos fios da linha telefônica que entra no modem e fio que sai do modem e entra no
roteador.
Um outro professor aponta: tem problema de sistema nas máquinas e internet; sempre
ter de chamar o pessoal do provedor e do CRTE, sendo que estes atendem inúmeras escolas
jurisdicionadas ao Núcleo Regional de Educação e não podem estar disponíveis sempre; falta
de formatação do computador; rede de energia precária; falta de profissionais de
informática.
Uma professora diz: a maioria das máquinas precisa de reparos e não há recursos
para conserto dos equipamentos.
Uma aluna discorre que: muitos professores querem usar a TV Pendrive, é mais
utilizada que os computadores dos laboratórios de informática, mas, mesmo assim, muitos
professores ainda têm dificuldade de converter arquivos de um tipo de mídia para outro,
ficando restrito à exibição de filmes em DVD nas práticas pedagógicas.
Não resta dúvidas de que a infraestrutura é a principal razão assinalada. Todos dizem
saber da importância do PROINFO, a tendência é que o programa movimente cada vez mais
as escolas paranaenses e brasileiras. No Paraná não se pode falar que não houve conquistas,
pois há conquistas e proeminência de novas possibilidades tecnológicas educacionais, como a
lousa digital. Mas, apesar disso, há ainda muito que se fazer, há grandes gargalos! Ainda está
longe do imaginado e pretendido. Portanto, o desafio persiste. Continua-se na busca pela
integração definitiva dos Laboratórios de Informática Educativa e demais mídias ao cotidiano
escolar, tendo em vista que este é um processo inevitável e sem retrocesso e responsabilidade
do poder público. Mais cursos e mais formação continuada para os professores se faz
necessário. A sensação é que o caminho a ser percorrido para se chegar à escola pública ideal
e bem equipada é longo ainda, por enquanto, a inclusão digital continua sendo uma utopia.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerou-se nesta pesquisa o uso do computador e da internet na educação escolar
permeado pela prática do uso pedagógico do laboratório de informática do PROINFO. Assim,
ao propor como problema avaliar de que forma o uso da informática tem potencializado a
formação dos alunos-técnicos e dos professores e qual a percepção destes em relação à
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contribuição da informática na educação, questão que se tornou também o objetivo geral
desse estudo, pode-se constatar que tanto professores quanto alunos, apesar de reconhecerem
a importância da inclusão digital, não encontram os recursos necessários e de qualidade para
introduzir os meios tecnológicos em suas atividades pedagógicas. São diversas barreiras, como
a falta de infraestrutura e problemas com a rede de computadores nas escolas. Percepção
importante evidenciada foi que, tanto os alunos do curso técnico de Informática quanto os
professores, compreendem que na sociedade atual, onde o conjunto das atividades humanas se
torna altamente intensivo em busca do conhecimento, a informática abre um espaço amplo,
havendo necessidade de que a educação reconstrua, a cada dia, o seu papel. A formação
mediante a experimentação de conteúdos da educação digital são avanços e desafios que
colaboram para a emancipação da escola, de seus alunos e de seus professores.
A pressão por um nível mais elevado de conhecimentos exige que a educação deixe de
ser apenas um breve caminho na preparação para a vida profissional. Trata-se de aprender e
reaprender em todas as fases da vida, de reorganizar a educação em função do novo universo
em que se desenvolvem novos instrumentos para organizá-los, acessá-los, transmiti-los
mediante a informática, mudando, assim, as ferramentas que permitem lidar também com o
conhecimento mediante um universo mais descentralizado, mais flexível, mais participativo,
mais interativo. Isto seria uma forma de enfrentar os grandes desafios que permeiam a
educação. O poder público atua de forma lenta, quando poderia tomar atitudes mais concretas
no intuito de providenciar a instalação dos laboratórios de informática com mais suporte
técnico no espaço escolar. Dessa forma, o PROINFO não tem conseguido ainda promover a
inclusão digital a contento, que são de responsabilidade do poder público. Os laboratórios de
informática necessitam ainda se consolidarem como centros de referência em formação
continuada de professores e alunos no ambiente escolar.
Conclui-se que o PROINFO necessita da efetivação de sua proposta no que se refere
ao acompanhamento dos laboratórios de informática da escola no que tange à
operacionalização dos computadores, qualificando procedimentos de acompanhamento,
avaliando e levantando resultados a para democratizar e emancipar a escola pública. A escola
só cumprirá seu papel social se estiver aberta, incorporando novos hábitos, comportamentos,
percepções, demandas e tecnologias. Mesmo que de maneira lenta, a escola está avançando.
Construir uma nova escola pode ser também construir novas relações e consciências.
Para a efetivação de transformações das práticas educacionais relacionadas ao
Programa, há que se buscar novos caminhos para assegurar à escola o acompanhamento dos
avanços e das descobertas tecnológicas, sendo que isso deve estar diretamente atrelado com
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políticas públicas pautadas em princípios de inclusão e universalidade de acesso às
tecnologias e ao conhecimento, além de estar amparada por processos de gestão educacional
democrática. Sem tais premissas, essa transformação tão almejada por todos tende a ser uma
implementação restrita, pontual e específica, não deixando assim de se retratar muitas vezes
de forma utópica no que tange às perspectivas de melhoria de qualidade da educação.
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