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ESCOLA E FAMÍLIA:
INTEGRAÇÃO NECESSÁRIA NO PROCESSO EDUCATIVO1
PARREIRAS, Marisa Olivieri2
RESUMO
O presente artigo apresenta os resultados obtidos a partir de pesquisa realizada durante a participação no Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), ofertado pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED-PR). O tema selecionado para a pesquisa foi a integração família-escola. Atualmente, devido às mudanças pelas quais passa a sociedade, a família não tem assumido sua responsabilidade na educação de seus filhos, muitas acreditam que a educação num sentido mais amplo depende apenas da escola, pois é na escola que a criança aprende e se apropria dos modelos e valores pessoais, ou seja, apropria-se de seus próprios valores. Porém, apesar dessa influência da escola na vida da criança, ainda é no ambiente familiar que ocorre a primeira socialização desta, pois é onde tudo flui naturalmente, ou seja, é o seu primeiro contato de formação. Compartilhar ações para a formação de um indivíduo é, portanto, responsabilidade da escola, mas é principalmente uma função da família. A participação da família na escola fortalece os vínculos sociais do aluno elevando sua auto-estima, já que torna mais difícil o fracasso do aluno, e fortalece a sua identidade como pessoa. Para tanto, propomos discutir o assunto na perspectiva de empreender essa parceria e com isso firmar as possibilidades de ação do pedagogo com o apoio da família. Na primeira parte do texto discutimos as mudanças ocorridas nos últimos tempos em relação ao conceito de família, Na segunda parte, apresentamos algumas reflexões elaboradas a partir da pesquisa-ação desenvolvida.
Palavras chave: Família/escola. Ação Pedagógica. Possibilidades parceria.
INTRODUÇÃO
O presente tema foi escolhido a partir das observações em minha prática
escolar no Colégio Estadual André Seugling, onde atuo como pedagoga há 18 anos.
O colégio oferece educação fundamental (anos finais), ensino médio e educação
1 Artigo científico apresentado como requisito final ao Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), ofertado pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED/PR) , sob orientação da Prof.ª Ma. Roberta Negrão de Araújo (Universidade Estadual do Norte do Paraná/Campus Cornélio Procópio/Colegiado de Pedagogia).
2 Pedagoga da rede pública estadual do Paraná.
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profissional. Atende os três turnos, recebendo alunos com perfil socioeconômico
médio e baixo.
Dentro de as atribuições da Equipe Pedagógica descritas no Regimento
Escolar, destacamos como fundamental a de que estejamos sempre em harmonia e
mantendo a interação com todos os profissionais da escola, buscando um ensino de
qualidade social, um dos objetivos de nossa instituição de ensino. Acompanhamos
no convívio diário as frustrações e as dificuldades enfrentadas pelos professores em
sala de aula com relação aos alunos, e percebemos a necessidade de buscar auxílio
das famílias na tentativa de amenizar estes problemas.
É na família que os jovens recebem os primeiros ensinamentos de sua vida.
Porém, hoje, observa-se certa dificuldade em que pais encontram na educação de
seus filhos, pois a rotina diária de trabalho fora de casa dificulta tempo específico e
reservado para os seus. Observa-se a existência de famílias em que as mães muitas
vezes assumem a função materna e paterna.
O artigo 4º do Estatuto da Criança e do Adolescente3 (ECA) preceitua queÉ dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do Poder Público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária.
Sabe-se que a família é o núcleo do desenvolvimento emocional e físico e a
escola o ambiente institucional destinado à educação. A união família/escola reforça
a educação dos filhos/alunos. E quando nos deparamos com situações em que
constantemente recebemos professores desanimados com as atitudes negativas
dos alunos em sala, reforça-se a ideia de que a escola necessita da presença da
família auxiliando em suas decisões.
Segundo Paro (2000, p.16) a escola precisa buscar “formas de conseguir a
adesão da família para sua tarefa de desenvolver nos educandos atitudes positivas
e duradouras com relação ao aprender e ao ensinar”.
O desrespeito, a falta de interesse e a indisciplina são alguns dos
comportamentos que enfrentamos no dia a dia de uma escola. Estes
comportamentos, além de atrapalhar o andamento/rendimento da aula, fazem com
3 Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA – Lei nº 8069/90, dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providencias
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que os professores tenham que interromper as suas atividades e assim, iniciam-se
os chamados “sermões”.
De acordo com o Regimento Escolar, a escola passa a cobrar as
providências que são tomadas diante do registro da ocorrência. Mas, muitas vezes,
o problema ainda persiste com os mesmos alunos, isso porque a questão chegou à
escola, mas não surgiu no meio escolar, é uma consequência do relacionamento do
aluno com seus familiares, ou seja, vem do meio em que o aluno vive.
As alternativas precisam ser buscadas, em conjunto através dos pais,
professores, direção e equipe pedagógica e em muitas vezes, deverá ser construída
de formas diversas em diferentes realidades das, que hoje, estamos vivendo em
nossas escolas.
A efetivação de uma parceria família/escola, por meio dos pais e
professores/equipe pedagógica torna-se necessária e urgente nos dias de hoje. Pois
os problemas que ocorrem dentro das escolas podem ser resolvidos através de
reuniões mensais ou bimestrais, onde são discutidos e opinados para se buscar uma
solução do problema.
Todavia, para tal efetivação, a iniciativa deve partir da equipe pedagógica
em conjunto com os professores, visando trazer os pais para dentro da escola para
construir uma relação entre escola e família. Onde devemos priorizar o planejamento
e estabelecer compromissos para que o aluno tenha uma educação com qualidade
tanto em casa quanto na escola.
E assim, justificamos o projeto realizado, sentindo a necessidade de
um trabalho conjunto entre professores e pais para a busca de ações e
alternativas, na perspectiva de sucesso do trabalho pedagógico em sala e a
mudança de atitudes dos alunos. Trata-se de um trabalho que busca conscientizar
a importância do papel da família no cotidiano escolar do filho, refletindo
positivamente no processo ensino- aprendizagem e a formação qualificada do
indivíduo.
A escolha desse tema deu-se a partir da análise das ocorrências
encaminhadas pelos professores até a equipe pedagógica. Aluno indisciplinado,
desmotivado, não entrega tarefa e falta de respeito com professores. Esse é o
quadro constante de ocorrência do dia a dia da escola. A ausência da família nesta
instituição pode influenciar negativamente no desenvolvimento satisfatório dos
alunos.
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A vida agitada das famílias, a correria do dia a dia faz com que os
pais deixem para a escola toda a função educacional de seus filhos. No mundo
moderno os jovens são influenciados no modo de pensar, agir e sentir com os
avanços da tecnologia, o perigo das drogas a sexualidade. A escola recebe estes
jovens com todas as influências, positivas e negativas. Porém, a escola não pode
assumir função educativa sozinha. Percebemos que transferiu para a escola,
funções que são de responsabilidade também da família. Em função de todos os
problemas que a escola enfrenta, questionamos:
Quais ações o pedagogo pode desenvolver com o intuito de oportunizar a
integração da família com a escola com o objetivo de efetivar o processo
ensino-aprendizagem?
Considerando tal problema, elencamos como objetivo geral:
Oportunizar atividades de interação da família e escola para contribuir na melhoria
do processo educativo. E como objetivos específicos: fundamentar, teoricamente, os
envolvidos, em relação à gestão democrática e à participação do segmento família
nas ações da escola; proporcionar palestras, estudos teóricos e debates que
auxiliem os professores e os pais no processo educacional; trabalhar a informação
nos aspectos ético-moral e social e romper com a prática de chamamento dos pais
apenas em situações de conflito.
1 A RELAÇÃO FAMÍLIA - ESCOLA
A relação família/escola compreende a parceria existente entre tais
instituições, com o objetivo de promover e construir a formação da criança, ou seja,
são duas instituições em prol de um objetivo comum, e portanto, precisam manter
um diálogo aberto sobre todos os assuntos relacionados à educação e formação dos
filhos/alunos. Tais instituições fazem parte de um grupo social, histórico e
culturalmente constituído e desenvolvido, com interesses e necessidades comuns.
Essa relação tem sido um tema muito discutido nos dias atuais. Ambas são
instituições com objetivos específicos, e se interligam com relação à educação do
indivíduo. Estão juntos num dado espaço de tempo, de modo a formar valores
educacionais voltados não apenas para o mercado de trabalho, mas também para o
convívio social, ético e de cidadania.
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Uma dessas instituições é a escola. Porém, a falta de afeto e envolvimento
da família é um fator deteriorante na formação do indivíduo, pois a primeira escola é
o ponto de apoio da educação de uma criança, é a base que a sustentará por toda a
vida. Tudo o que a criança observa, em seu dia-a-dia irá determinar a vida que terá
com outras pessoas, ou seja, sua formação depende principalmente do meio em que
vive.
Atualmente, devido às mudanças pelas quais passa a sociedade, a família
não tem assumido sua responsabilidade na educação de seus filhos. Muitas
acreditam que a educação, num sentido mais amplo, depende apenas da escola.
Hoje a escola se apresenta como uma instituição social, isto porque faz a mediação
entre indivíduo e a sociedade. Ao transmitir o conhecimento cultural e, com ele,
modelos de comportamento e valores morais, a escola permite que a criança se
socialize, ou seja, se eduque. É na escola que a criança aprende e se apropria dos
modelos e valores pessoais, ou seja, apropria-se de seus próprios valores.
Apesar dessa influência da escola na vida da criança, ainda é no ambiente
familiar que ocorre a sua primeira socialização, pois é onde tudo flui naturalmente,
ou seja, é a primeira escola de formação do indivíduo. É sob essa estrutura, que se
desenvolve o caráter e as virtudes sociais e morais, porém ela já não desempenha o
papel de socialização totalizante, isso porque outros agentes assumiram funções
antes delegadas a ela. Os pais esperam que a escola possa transmitir valores
morais, intelectuais e físicos a seus filhos. Isso não é possível, pois somos frutos do
meio em que vivemos, e o aluno convive por um período muito maior com seus
familiares do que com a escola, e a autoridade dos pais são limites importantes, já
que são exemplos de vida para seus filhos.
Porém, isso vem mudando, porque a família também mudou sua
constituição. Atualmente muitas são formadas apenas por mãe e filhos, outros por
avós e netos. A figura paterna perdeu um pouco o seu brilho, e o recato que essa
figura impunha desmoronou muitos valores, que em parte estão sendo transmitido
pelas escolas, aumentado os conflitos já existentes, pois os filhos criados sem
limites não aceitam, a intervenção de pessoas alheias a seu meio familiar.
A falta de conscientização por parte dos pais de sua importância na
educação dos filhos. Assim como a resignação em aceitar o desinteresse dos
mesmos, alegando culpa da escola ou falta de tempo para conversar com os filhos,
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torna tanto para a família quanto para a escola, o presente e o futuro ainda mais
desafiador.
Ao incentivar os pais a participar de formas adequadas ao desenvolvimento,
as escolas maximizam os benefícios para todos, pois essa participação fortalece a
identidade do aluno, já que a família é a base da organização social. O acesso aos
valores no seio familiar é automático, mas resulta de aprendizagem e de convívio,
ou seja, do meio em que vive.
Para Aranha (1996, p.61), “A educação dada pela família fornece o solo para
o ser humano, tanto biológico, quanto social e psicológico. É a mediadora entre
indivíduo e sociedade”. Embora cada momento histórico corresponda a um modelo
de família, é seu dever acompanhar o desenvolvimento de seus filhos, e assumir a
importância de sua presença no contexto escolar. Compartilhar ações para a
formação de um indivíduo é responsabilidade da escola e principalmente da família.
Corroborando o pensamento de Aranha, entendemos que a família é o local
privilegiado para o desenvolvimento humano, isto porque o homem não sobrevive
sozinho, psicologicamente, são importantes as relações afetivas para sua saúde
mental e consequentemente para sua formação.
A participação da família na escola fortalece os vínculos sociais do aluno
elevando sua auto-estima, já que a participação ativa dos pais no processo escolar
torna mais difícil o fracasso do aluno, e fortalece a sua identidade como pessoa. A
escola, por sua vez, reclama que ao assumir funções que são pertinentes à família,
tem desviado-se de seu objetivo principal que é de natureza cognitiva.
Outro ponto a ser destacado é, que a escola deve conhecer o aluno com o
qual está convivendo uma boa parte do dia, pois cada família tem suas
características e peculiaridades refletindo no educando que atendemos. Observa-se
aí que os pais são pontos de referência para seus filhos como avalia Chechia e
Andrade (2002, p.207).
[...] os aspectos psicológicos da família influenciam na educação escolar dos filhos, ou seja, os filhos vivem reflexos negativos e positivos do contexto familiar, internalizando-os conforme o modelo recebido, e esses modelos parecem possuir um peso considerável.
A escola necessita que a família eduque seus filhos com firmeza, assumindo
a sua responsabilidade como pais educadores, sendo uma aliada para a escola. A
família precisa entender que além de suas obrigações de educação, os filhos
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necessitam de atenção, carinho e amor. É na família que se propicia a afetividade e
materiais necessários para o bem estar de seus componentes.
De acordo com Veiga (1995, p.14) “[...] resgatar a escola como espaço
público, lugar de debate, do diálogo, fundado na reflexão coletiva” faz com que
objetivos comuns sejam direcionados e aplicados visando uma parceria positiva.
Já Aquino (1996) afirma que “a estruturação escolar não poderá ser pensada
apartada da família. Em verdade, são elas as duas instituições responsáveis pelo
que se denomina educação no sentido amplo” (p.46). Com essa articulação, os
pais se sentiram mais valorizados percebendo que a escola necessita de sua
presença na vida escolar de seu filho.
Unir a família e escola para a formação do indivíduo pode ser o caminho
para uma educação plena e de qualidade, pois existem diversas contribuições que
tanto a família quanto a escola podem oferecer e assim, em conjunto será propiciado
o pleno desenvolvimento dos seus filhos e dos nossos alunos.
Quando a família tem uma participação ativa no processo escolar,
dificilmente acontece o fracasso escolar do aluno, pois existe uma harmonia com a
escola, pais/equipe pedagógica que fortalece o jovem como aluno, melhorando seu
processo de aquisição do conhecimento historicamente acumulado.
Não podemos deixar de registrar as mudanças ocorridas com o passar do
tempo nas famílias. Pois cada momento da história apresenta um modelo de família
que ao longo do tempo passou por várias transformações, recebendo influências no
contexto sócio-econômico e político conforme a época vivida. Para tanto se recorre
aos conceitos históricos da família e as mudanças ocorridas nos seus conceitos e
relações, assim como na sua constituição no decorrer da história da humanidade.
1.1FAMÍLIA: CONCEITO HISTÓRICO
As relações das crianças na sociedade, intermediadas pela família, são
fenômenos que mudam com o tempo. A família está sujeita às mudanças de acordo
com as diferentes relações estabelecidas entre os homens. Hoje quando pensamos
‘família’ lembramos o conjunto de pessoas que estão ligadas por laços de
parentesco.
Esses laços podem ser resultantes de casamentos ou dos que vivem sob o
mesmo teto, sejam eles, pais e filhos legítimos ou não. Ou seja, é uma instituição
natural, historicamente constituída que ao longo do tempo vem sofrendo
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modificações em função das transformações econômicas, culturais e sociais,
provocando mudanças nos papéis e consequentemente nas relações, alterando sua
estrutura no que diz respeito à composição familiar.
Embora a família seja vista como a instituição social mais resistente à
mudança, é, na verdade, tão frágil como qualquer outra instituição, a alegação de
que é conservadora é uma ilusão, pois na estrutura, função e concepção, a família
mudou drasticamente ao longo do tempo.
Apesar dessas mudanças, a família continua sendo a base essencial para a
formação e estruturação do sujeito, ou seja, esta instituição é baseada no afeto, no
amor e nas atitudes de companheirismo (PORTELLA; FRANCESCHINI, 2008).
Apesar das influências do ambiente para a formação da personalidade do indivíduo,
a família, ainda se constitui no lugar onde se encontra o amparo, pois é nesse
ambiente que o ser humano é moldado.
Mesmo que a função de formação das novas gerações, não seja delegada
exclusivamente à família, pode-se perceber que a família ainda preside os
processos fundamentais do desenvolvimento da criança.
De acordo com Portella e Franceschini (2008), no passado entendia-se por
família a união de pessoas aparentadas que viviam, na mesma casa, em especial o
pai a mãe e os filhos. No decorrer do tempo esse conceito de família mudou, mas
ainda hoje, a família se constitui em um dos poucos valores seguros, desejado pelo
homem de todas as condições sociais.
Para Prado (1991, p.11), “nenhuma sociedade teria vivido, ao longo da
historia, sem a referência de alguma forma de instituição familiar”, para o mesmo a
família não é algo biológico, natural, mas produto de diferentes formas históricas de
organização entre os humanos que, aos poucos, foram sendo institucionalizadas na
forma de organizações familiares.
Hoje o modelo de família vem sofrendo mudanças radicais, ela parece ser
mais suscetível a ser influenciada do que ser influente. Isso se deu, quando a família
começou a perder a capacidade de cuidar da educação de seus membros, tornando-
se dependente dos profissionais da educação para fazer o que lhe era de obrigação.
A década de 1960 foi o palco que mais marcou essas transformações, isso
porque o número de separações e divórcios aumentou muito e a religiosidade
perdeu força, não conseguindo segurar os casamentos, que até então eram
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indissolúveis (BOCK, 2002). A partir daí, surgem inúmeras organizações familiares,
muitas delas formadas por união instável.
Observa-se que as mudanças sociais determinam a forma de organização
familiar dentro da sociedade, assim como a maneira de se transmitir os valores e as
ideias dominantes do momento. A sobrevivência material e psíquica da criança,
também é atribuída à família, já que ela está inserida na base material da sociedade,
e se comporta de acordo com o momento histórico vivido no momento.
Atualmente há uma espécie de família, cujos limites são indefinidos, porque
falta a estrutura funcionalista atribuída aos pais e mães, irmãos, já que muitas
crianças vivem sob cuidados de terceiros. Com a emancipação sexual e econômica
da mulher, a família, não é mais nuclear, pois a mãe também trabalha fora e os
filhos, ou estão sob os cuidados de babás ou dos avós, ou em creches sob cuidados
de terceiros. O lar se tornou um espaço quase neutro, embora continue sendo o
espaço da família, os pais já não têm o mesmo domínio que tinham antes, isso
porque os seus filhos estão sendo educados alheios a sua influência.
A emancipação da mulher e as necessidades financeiras levaram a mãe a
participar do mercado de trabalho, sendo muitas vezes a única provedora dos
encargos familiares. Por outro lado, o casal moderno, pai e mãe trabalhando fora,
dividindo as despesas da casa e os afazeres domésticos, passaram os cuidados
dos filhos a terceiros. Os pais passaram a pensar em si
próprios, não dando o afeto necessário.
Para suprir essa carência afetiva, muitos acabaram por se envolver com
drogas, e mais um agravante se somou a isso: a falta de limites não imposta pelos
pais, tanto na parte econômica quanto na liberdade de expressão e que chegou à
escola. Hoje muitos jovens e até crianças desafogam suas mágoas em professores
e amigos dentro das nossas escolas.
Com todas essas mudanças e o excesso de liberdade, nasceu o casal
moderno, baseado na paixão, o que resultou na união estável, porém não
duradoura. Isso tornou o adultério uma prática comum tanto por parte do homem
quanto da mulher, ou seja, a fidelidade e o respeito mútuo foram para segundo
plano. Devido a esses fatores, muitos lares se desfizeram, o que aumentou os filhos
com problemas de relacionamento familiar. Assim, os atritos entre pais e filhos
chegaram às escolas, acarretando problemas de convívio para alunos e educadores.
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Aranha (1998) define a família moderna como sendo, ao mesmo tempo,
relacional e individualista. Para a autora, “é na tensão entre esses dois lados que se
constroem e se desfazem os laços familiares” (p. 144). Entretanto, ainda é a família
o local privilegiado para o desenvolvimento do ser humano. Para a autora, o amor
em suas várias formas, é visto "como unidade e identificação total entre dois seres; e
como troca recíproca entre seres individuais e autônomos". Dentro desta última
perspectiva, a troca recíproca, de atenções e cuidados tem por finalidade o bem do
outro como se fosse o seu próprio.
1.1.1 Constituição da família
Até pouco tempo, o modelo de família consistia em pai, mãe e prole,
considerado ideal pelo modo dominante de pensar na sociedade e, por isso, usado
para classificar todos os outros modos de organização familiar.
Para entendermos melhor as mudanças na concepção de família, e a função
social desta instituição se faz necessário recorrermos à história. Segundo Bock
(2002, p.247) “a família monogâmica é um ponto de partida histórico, embora
devamos considerá-la como produto de diversificadas formas anteriores de
organização do homem, para dar conta da sobrevivência da espécie”.
Pesquisas realizadas pelo antropólogo americano L. H. Morgan e citado por
Bock, demonstram que, desde a origem da humanidade, houve sucessivos tipos de
famílias.
Família consangüínea, intercasamento de irmão e irmãs carnais; Família sindiásmica ou de casal, o casamento existia enquanto ambos desejassem; Família patriarcal, o casamento de um só homem com diversas mulheres; Família punaluana, casamento de varias irmãs, carnais e colaterais, com os maridos de cada uma das outras, isto é, o grupo de homens era conjuntamente casado com o grupo de mulheres. E família monogâmica, que se funda sobre o casamento de duas pessoas, com obrigação de coabitação exclusiva, fidelidade, controle do homem sobre a esposa e os filhos, garantia de descendência consangüínea (BOCK, 2002, p.248).
Percebemos que a família como conhecemos hoje, não é uma organização
natural determinada, a organização familiar está sendo constituída pelas condições
históricas, e as mudanças sociais determinam a organização familiar e a forma como
a família irá cumprir sua função social (BOCK, 2002).
Por assumir papel fundamental na sociedade, a família é forte transmissora
de valores, ou seja, tem a tarefa de socializadora. A função social atribuída a ela é a
de transmitir os valores, que se constituem em culturas e ideias do momento
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histórico vivido, ou seja, educar as novas gerações segundo padrões de valores e de
condutas aceitáveis pela sociedade.
A família, nessa perspectiva, é uma das instituições responsáveis pelo
processo de socialização realizado por aqueles que têm o papel de transmissores,
“os pais”, e desenvolvidas junto aos receptores, “os filhos”. É de responsabilidade da
família a sobrevivência física e psíquica das crianças, pois é nela que ocorrem os
primeiros aprendizados dos hábitos e costumes da cultura.
Entende-se que a família opera nos processos fundamentais do
desenvolvimento da criança, pois é no seio familiar que ocorre a aquisição da
linguagem formal e dos primeiros relacionamentos, condição básica para que a
criança se desenvolva e entre no mundo como parte dele.
A instituição familiar desempenha um papel extremamente importante na
transmissão da cultura, pois é nela que se obtém a estruturas do comportamento
entre as gerações.
1.1.2 A importância do vínculo familiar
O vínculo familiar, em seus aspectos biológicos e sociais é condição básica
para o desenvolvimento saudável da criança. Não há condições de sobrevivência
física e psíquica onde não existe amor. De acordo com Oliveira (2003, p.47), ”[...] o
desenvolvimento de uma criança é o resultado da relação entre seu corpo físico e
emocional com seu meio, assim como com as pessoas com quem estabelece
ligações afetivas e emocionais”.
O vínculo afetivo familiar notadamente tem mão dupla por ser significativo,
tanto para a criança como também para os pais, pois muda suas vidas, devido à
importância da troca de afetividade. Porém, nem sempre esse lugar de proteção e
cuidados que chamamos família é real. Em muitos casos é um mito, isto porque
muitas crianças sofrem nesse ambiente suas primeiras experiências de violência,
que vão desde violência psíquica até abuso sexual, e geralmente é o próprio pai que
é o agressor. Estas expressões de raiva, ofensas e agressões físicas, tende a ser o
modelo de vida que a criança carregará para sempre, mesmo quando socorrida a
tempo esse trauma permanece no seu íntimo.
De acordo com Aranha (1996, p.61), a família como instância mediadora
entre indivíduo e sociedade, deveria promover a superação do egocentrismo infantil,
transformando o adulto num ser pronto para o convívio social. Observa-se que a
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ausência de autoridade dos pais muitas vezes é entendida pelos filhos como
desinteresse, ou seja, os filhos necessitam da autoridade dos pais não só para sua
evolução material, mas também psíquica e emocional.
1.2 A FAMÍLIA BRASILEIRA
O período do Brasil - Colônia foi marcado pela família tradicional e patriarcal,
na qual o casamento baseava-se em interesses particulares, onde a mulher era
submissa às ordens do esposo. Já no séc. XIX surgiu, com o fim da escravatura, a
proclamação da república e a industrialização, um novo modelo de família.
O pai continuava sendo aquele que possuía o direito de controlar a vida da
mulher e filhos. A mulher assumia o papel de dona de casa, sendo responsável pela
educação dos filhos e os atributos do lar. Na maioria das vezes o casal tradicional,
ou seja, a união de duas pessoas se unindo para trazer hereditariedade era uma
instituição econômica não baseada no amor, a mulher cuidava da manutenção da
casa e a criação dos filhos. Antigamente a família tinha um chefe responsável pela
despesa da casa, o que decidia tudo. O homem era visto como o principal membro,
a mulher era apenas a que cuidava do lar e do aprendizado dos filhos.
A mulher não tinha voz ativa, se submetia ao seu esposo de acordo com os
ensinamentos recebidos de seus pais. Permanecia casada mesmo que o casamento
não estivesse bem, isso porque não tinha uma profissão, e consequentemente não
podia criar os filhos. Sendo assim a mulher se via obrigada a exercer seu papel
social, de esposa e mãe.
A transformação, pelas quais passaram os valores sociais e as
necessidades financeiras, fez com que a mulher crescesse naturalmente, com isso
houve uma necessidade de equilíbrio no papel da mulher em relação ao homem,
essa mudança influenciou o novo modelo de vida familiar no Brasil.
Nesse contexto a família passou a ter dificuldades de relacionamento dentro
de seu lar, os pais passam mais tempo fora, as mães com seu emprego, muitas
vezes, não possuem tempo suficiente de observar o andamento dos filhos, não dão
a atenção devida. Com isso as crianças de hoje estão se tornando adultos precoces,
isso porque a vida os transformou, o que provocou em algumas crianças
transtornos, mudanças de comportamento.
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Assim, percebemos, na sociedade contemporânea, não apenas o modelo
tradicional de família (nuclear, conjugal heterossexual), mas outras formas de
organização parental. A separação de casais está aumentando, a cada dia,
distanciando a relação entre pai, mãe e filhos. Por outro lado, a emancipação da
mulher e a necessidade financeira tem levado a mulher a participar do mercado de
trabalho, sendo que muitas vezes é a única a prover do salário.
Tal fato, por sua vez, trouxe o afastamento da mãe, terceirizando a
educação de seus filhos. As crianças são inseridas no convívio social muito cedo
(creches, escolas, projetos) diminuindo o tempo de contato com a família.
Acrescentando, também que muitas das crianças ficam aos cuidados de avós, tios,
ou empregadas que passam a assumir a educação familiar.
Em seu art. 227, a Constituição Federal de 1988 aborda a questão da
família, como sendo.
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, educação, lazer, cultura, dignidade, respeito, liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (BRASIL, 1988)
Já o artigo 205 da Carta Magna, por sua vez, reza.
A educação, é direito de todos e o dever do Estado e da família, será promover e incentivar com a colaboração da sociedade esse processo de construção, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, assim como seu preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho.
Desta forma, a participação da família do aluno é um fator de fortalecimento
para a escola. E, junta se a esse fator, o fato de que a presença da família assegura
ao aluno uma base sólida para seu desenvolvimento, não só a aprendizagem, como
também, de princípios éticos de valores sociais, afetivos que são necessários à sua
formação como pessoa e como cidadão.
Entende-se que a família é um sistema aberto e encontra-se em constantes
transformações devido à troca de informações que realiza com os sistemas sociais
do momento. As ações de cada um de seus membros são orientadas de acordo com
as características presentes no sistema familiar e podem sofrer influências e mudar
diante das necessidades externas.
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2 PROJETO DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA: APRESENTANDO OS
RESULTADOS OBTIDOS
Ao propor o Projeto de Intervenção Pedagógica ao Programa de
Desenvolvimento Educacional (PDE), intencionamos desenvolvê-lo no Colégio
Estadual André Seugling, nosso lócus de atuação. O colégio está situado no
município de Cornélio Procópio, região norte do Estado do Paraná. Além da
população local, o colégio atende também alunos de municípios da região. O corpo
discente é oriundo de classe média e baixa. O colégio oferta o ensino fundamental
(anos finais), médio e educação profissional: técnico em Secretariado e Informática.
O que motivou o nosso estudo foi a importância da parceria escola/família no
desenvolvimento educacional do aluno. Assim, ao discutirmos essas questões com a
direção da escola, da qual somos parte integrante, identificamos que muitas famílias,
por motivos diversos, estavam alheias a vida escolar de seus filhos.
Essa desatenção por parte dos pais pode interferir no processo pedagógico,
isto porque a criança/adolescente encontra nos pais o modelo de conduta que
assumirá diante da vida. Portanto, sua formação depende em maior parte da
vivência familiar, já que a participação na escola é uma etapa passageira, por um
espaço curto de tempo, logo essa parceria é fundamental para o bom andamento
educacional e deve ser buscada com maior afinco.
Sabe-se que o ideal é que família e escola, juntas, tracem as mesmas metas,
procurando propiciar ao aluno segurança na aprendizagem garantindo a formação
de cidadãos críticos capazes de enfrentar os problemas que surgem na sociedade.
Segundo Caiado (s/d) “Existem diversas contribuições que tanto a família
quanto a escola podem oferecer, para o desenvolvimento pleno dos alunos”. Alguns
desses critérios devem ser considerados prioridade para ambas as partes, ou seja,
cabe a família, dialogar com seu filho sobre os afazeres da escola, e alertá-lo para
que cumpra as regras estabelecidas pela escola. Também é necessário que a
família valorize o contato com a escola, principalmente nas reuniões e entrega de
resultados.
Da escola espera-se que cumpra a proposta pedagógica apresentada para os
pais, sendo coerente nos procedimentos e atitudes do dia-a-dia. Que seja
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proporcionado ao aluno liberdade para manifestar-se na comunidade escolar, de
forma que seja considerado como elemento principal do processo educativo. Para
que haja resultado positivo é necessário que ambas sigam os mesmos princípios,
bem como a mesma direção em relação aos objetivos que desejam atingir. Com
esse objetivo, desencadeamos o desenvolvimento das ações. A intervenção teve
início com a apresentação do projeto à Direção e Equipe Pedagógica, em seguida,
ao corpo docente do colégio.
Após o trabalho de fundamentação teórica e reflexão sobre a importância da
participação da família na escola, iniciamos a pesquisa de campo, com a coleta dos
dados empíricos. O instrumento utilizado para tal coleta foi um questionário
contendo questões objetivas de múltipla escolha e questões abertas. Foi entregue,
aos pais/responsáveis dos alunos do ensino fundamental (anos finais), um total de
cem (100) questionários, além de doze (12) aos professores da escola. Obtivemos o
retorno de 57% do primeiro grupo (pais/responsáveis) e 100% do segundo
(professores).
O questionário entregue para a família foi constituído por sete questões. As
cinco primeiras foram formuladas com o objetivo de identificar a participação desta
na escola, bem como o relacionamento com os filhos. A sexta abordou a atitude dos
pais diante do recebimento de reclamação do filho por parte da escola. E por último
foi solicitado que registrassem sugestões sobre quais medidas tomar frente à
indisciplina e o desrespeito, tanto aos profissionais da educação como ao patrimônio
público.
Questão 1
AVALIAÇÃO DA ESCOLA QUE SEU FILHO FREQUENTAÓtima 18 31,6%Boa 35 61,4%Regular 4 7%Insuficiente 0 0%Sofrível 0 0%
16
Ótima; 31,6%
Boa; 61,4%
Regular; 7,0% Insuficiente;
0,0%
Sofrível; 0,0%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
70,0%
Avaliação da Escola Que Seu Filho Frequenta
Fonte: Dados empíricos coletados na pesquisa de campo.
A partir dos dados obtidos foi possível perceber que a maioria está satisfeita
com o espaço físico, as atividades e a metodologia adotada pelo colégio. Assim,
notamos um contentamento por parte dos pais com relação aos professores e outros
profissionais da escola.
Na segunda pergunta evidenciamos que a maioria procura estar presente
quando solicitado.
Questão 2QUANDO É CHAMADO PARA PARTICIPAR DE REUNIÕES VOCÊ:
Sempre Participa 41 72%Pouco Participa 13 23%Nunca Participa 3 5%
17
Sempre; 72,00%
Pouco; 23,00%
Nunca; 5,00%
0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
Participação Em Reuniões
Fonte: Dados empíricos coletados na pesquisa de campo.
Analisando os dados observamos que os pais possuem maior percepção de
responsabilidade quando convocados para reuniões. Hoje em dia, observamos nas
reuniões que muitos pais comparecem a escola para “checar” a atuação da escola e
consequentemente dos professores. Há algum tempo as notas baixas eram
cobradas dos filhos, hoje muitos pais cobram dos professores.
Nos dias atuais, sabemos das dificuldades de relacionamento que alguns pais
enfrentam com os filhos, principalmente, tratando de adolescentes, provocando uma
série de conflitos dentro do lar. Surgem aí os desentendimentos familiares.
Buscando responder esta questão formulamos a questão 3:
AVALIE SUA RELAÇÃO COM SEU FILHOÓtima 34 59,5%Boa 20 35,1%Regular 2 3,5%Muito Difícil 0 0%Nulo 1 1,9%
18
Ótima; 59,5%
Boa; 35,1%
Regular; 3,5%
Muito Difícil; 0,0%
Nulo; 1,9%
0,0%
10,0%
20,0%
30,0%
40,0%
50,0%
60,0%
Relação com Filho
Fonte: Dados empíricos coletados na pesquisa de campo.
Frente a essa questão observamos que a relação pai-filhos está dentro da
normalidade. Diagnosticamos que alguns pais relatam as resistências dos filhos
quanto aos limites impostos e regras a cumprir, principalmente com relação aos
horários de passeio.
Os conflitos familiares são considerados preocupantes na sociedade
brasileira, requerendo habilidade por parte de pais e filhos para lidar com o
problema. Neste contexto consideramos questionar a influência desses conflitos na
aprendizagem (questão 4)
OS CONFLITOS DA FAMÍLIA INFLUENCIAM NA APRENDIZAGEM DOS ALUNOS?
Concordo 46 80,7%Discordo 9 15,8%Nulo 2 3,5%
19
Concordo; 80,7%
Discordo; 15,8%
Nulo; 3,5%
0,0%
20,0%
40,0%
60,0%
80,0%
100,0%
Influência dos Conflitos Familiares no Aprendizado
Fonte: Dados empíricos coletados na pesquisa de campo.
Ficou evidente a opinião da família sobre os entraves que o mau
relacionamento familiar causa ao aprendizado do educando, esse problema
geralmente explode da pior forma, trazendo às vezes, consequências irreparáveis,
tanto a convivência familiar, como ao aprendizado e convívio escolar. Foi citado por
alguns pais que atitudes agressivas, desrespeito e mau comportamento podem ser
reflexos de conflitos familiares.
Para entender a importância do diálogo recorremos a Szymanski (2010)
“Dialogar com uma criança e um adolescente não significa abdicar da autoridade:
significa instaurar um pensar crítico; mostrar sensibilidade e abertura para
compreender o outro” (p.35). Desta forma, com o objetivo de verificar a importância
do diálogo nas famílias formulamos a questão 5.
VOCÊ MANTÉM DIÁLOGO COM SEUS FILHOS SOBRE A VIDA ESCOLAR, SEXUALIDADE, DROGAS E OUTRAS QUESTÕES?
Sim, sempre 48 84,2%Sim, poucas vezes. 7 12,2%Sim, somente quando acontece algo diferenciado.
1 1,8%
Não, pois trabalho. 1 1,8%
20
Diálogo com os Filhos
84,2%
12,2%
1,8%
1,8%
Sempre
Poucas Vezes
QuandoAcontece Algo
Não, poistrabalho
Fonte: Dados empíricos coletados na pesquisa de campo.
Ficou evidente que o diálogo está presente na maioria das famílias,
demonstrando a responsabilidade dos pais em acompanhar e instruir seus filhos
quanto às influências, tanto positivas como negativas, que sofremos na/da
sociedade atual.
2.1 A ÓTICA DOS PAIS
Para a coleta de dados selecionamos as turmas do período matutino, por ser
o turno em que atuo e, portanto, ter mais acesso aos envolvidos. Observamos que a
maioria dos depoentes possui o hábito de dialogar com seus filhos, apesar de
encontrarmos pessoas que acreditam que o fato de trabalhar os impede de
conversar com seus filhos.
É de conhecimento de todos que não é tarefa fácil conciliar trabalho e família,
porém também é de seu conhecimento que se agirmos assim o problema só tende a
aumentar, e nesse caso, a família fica desarmada, pois quem não instrui também
não pode cobrar.
21
Isso mostra uma realidade preocupante, pois de alguma forma os filhos
esperam ouvir dos pais um direcionamento isso para eles é uma forma de se
sentirem amados. Vale ressaltar que muito dos efeitos negativos observados dentro
das escolas tem inicio dentro da própria família, além disso, é necessário avaliar a
relação dos filhos com outros alunos dentro e fora do ambiente escolar. Nosso
trabalho mostra à necessidade de se alertar a população para a importância do
diálogo entre pais e filhos, pois os riscos da má companhia são constantes, e o
dialogo é uma forma de evitar problemas maiores no futuro.
2.2 A PERSPECTIVA DOS PROFESSORES
As questões formuladas aos professores contaram com questões abertas e
fechadas, tendo como objetivo identificar o seu ponto de vista em relação ao
comprometimento da família com a escola, para tanto escolhemos
preferencialmente, os que mantinham um contato mais direto com as séries
pesquisadas.
Com esse objetivo buscando compreender como os docentes analisam a
importância da participação da família na escola. Foram formuladas questões de
cunho teórico embasadas em autores como, Kullok (2002) que afirma ser o diálogo
um argumento indispensável à educação no séc. XXI. A mesma recebeu respaldo
de todos os educadores envolvidos.
Quanto o questionamento se a ação da família na vida escolar do filho pode
garantir um bom desempenho na escola, o resultado foi unânime. Podemos salientar
destacando Paro (2000, p.16) onde cita que a escola precisa buscar “formas de
conseguir a adesão da família para sua tarefa de desenvolver nos educandos
atitudes positivas e duradouras com relação ao aprender e estudar”.
Com relação à rigidez da escola, a pergunta foi formulada tomando como
base Parolin (2010), que afirma que a rigidez da escola pode gerar uma situação
emocional desfavorável, desestimulando e dificultando a aprendizagem. A opinião
dos professores foi diversificada. A maioria discorda dessa afirmação, pois acredita
que quanto maior a rigidez da escola, melhor será a formação do aluno, pois nossos
jovens precisam ser disciplinados, já que a disciplina forma indivíduo comprometido
não apenas com os estudos, mas também em relação à sociedade. Todavia, há
22
quem concorde com Paro (2000, p.32) “[...] ao lado da importância do estímulo dos
pais, é importante também o reforço positivo da auto-estima do aluno pelo
professor”.
Ao questionar sobre o papel do desempenho da escola e da família
recorremos a Szymanski (2010), ao afirmar que juntos, família/escola,
desempenham papel importante na formação do indivíduo e do futuro cidadão.
Neste contexto foi solicitado dos profissionais da educação envolvidos na pesquisa,
sugestões de como a família poderia colaborar nesta formação. A postura foi
unânime: enfatizaram que a participação da família na vida escolar é fundamental,
logo a participação nas reuniões convocadas pela escola, o acompanhamento dos
estudos extra, escola, assim como sua postura dentro do espaço escolar, são
atribuições que cabe a família assumir como compromisso social.
Considerando as normas do Regimento Escolar, foi questionado quais ações
podem ser desenvolvidas para amenizar os problemas de indisciplina e desrespeito
ao professor. Sugestões foram apontadas: chamar a Patrulha Escolar, apresentar
aos alunos seus direitos e deveres cumprindo o Regimento Escolar, palestras de
conscientização e recorrer à família.
A opinião da maioria dos professores abordados entende que a participação
da família é uma variável fundamental para o bom desempenho da educação, já que
a escola responde a necessidade social de preparo do indivíduo para a vida, mas a
família é responsável pela formação, moral de seus filhos, logo juntas completam a
formação do indivíduo.
Nesse contexto, dos fatores que influem para que aja um equilíbrio na relação
escola aluno refere-se à atuação da família junto à escola, pois a família reproduz,
em seu interior, a cultura que a criança internalizará. De acordo com Bock (2002), a
importância da educação familiar é tão fundamental que pode ser comparado ao
alicerce da construção de uma casa.
Podemos perceber também, que a participação da família na escola,
confirmando o que vários estudos revelam é uma âncora e envolve mais que
atuações físicas, os alunos percebem e respondem com mais responsabilidade tanto
em conteúdo quanto em comportamento.
Posteriormente à apresentação do projeto realizamos palestras e encontros
com os envolvidos, a fim de fundamentar nossa proposta. Assim, tendo em vista que
o projeto supunha a intervenção participativa na realidade escolar, a primeira
23
palestra foi ministrada por um psicólogo, com o intuito de discutir com a família a
temática em pauta. A segunda, por sua vez, com representante da Patrulha Escolar,
abordou a postura da família nos aspectos ético-moral e social.
Ainda em cumprimento às exigências do PDE, dentre as estratégias de ação,
foi realizada uma Produção Didático-Pedagógica (Unidade Didática), material
utilizado durante a implementação do projeto de intervenção que compôs um
Caderno Temático. As atividades propostas para a intervenção também foram
propostas no Grupo de Trabalho em Rede (GTR), proporcionando, desta forma, uma
intervenção indireta em outras unidades escolares. Destarte, as orientações e as
atividades direcionadas ao GTR seguiram cronograma e instruções definidas pela
Coordenação Estadual do PDE/SEED. O fundamento teórico obtido pela pesquisa
bibliográfica, bem como os resultados advindos da pesquisa de campo, por meio da
coleta de dados empíricos, além das discussões realizadas no GTR, foram
sistematizados e serviram de subsídio para a produção do presente artigo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os conflitos familiares advindos com as modernidades e necessidades
financeiras impostas pelo sistema capitalista “encurralaram” as famílias de certa
forma que foram obrigadas a acompanhar as transformações, decorrentes ao longo
do tempo.
Às necessidades foram surgindo a partir do momento em que todos
começaram a buscar rumos diferentes, seja a necessidade socioeconômica, ou até
mesmo como realização social e pessoal, deixando os filhos aos cuidados de
terceiros.
A família apesar de estar passando por todas essas dificuldades e crises de
relacionamento, está se adaptando ao cotidiano com novas formas de convivência.
A mulher do século XXI ganhou espaço, depois de tantas lutas conquistou vitórias
exercendo papéis sociais antes destinados, exclusivamente ao homem, hoje ela é
também responsável pelas finanças da casa, toma decisões importantes. Cuida do
lar e dos filhos, não mais com o afinco que tinha no passado.
Mesmo estando divididas entre “renúncia” do lar e realização pessoal ela
ainda é a referência no modelo de família atual. A mulher está transformada, mais
atuante, e isso decorreu da necessidade da vida moderna, que exigiu mudanças
24
constantes. Apesar dessas transformações, a família ainda é o esteio da sociedade
e tende a permanecer unida, mesmo em conflitos, buscam alternativas para
sobreviverem, as modernidades apesar de muitas vezes não viverem sob o mesmo
teto, pode se dizer que em relação aos filhos buscam o mesmo objetivo.
Quanto à vinda da família para o ambiente escolar, citamos Paulo Freire
(1999, p.38) “a educação sozinha não transforma a sociedade, porém sem a
educação a sociedade não muda”, ou seja, os filhos e os filhos/alunos incorporam
ensinamentos segundo as informações impressas em sua personalidade pelos
acontecimentos por ele vividos.
A participação da família na escola, portanto, é fundamental. Pois a
educação é uma formação integral principalmente de sua realidade já que com o
passar do tempo parte do conhecimento adquirido na escola é esquecido, mas o
nível cultural é uma postura que o acompanhará por toda vida. Entende-se que na
formação do ser humano o que prevalece é sua visão de vida.
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25
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