Operadores de “discount” afirmam-se como os maiores retalhistas europeus- Edição 52- 12/2015

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40 Rm-Revismarket - 2015 Operadores de “discount” afirmam-se como os maiores retalhistas europeus 2014 foi um ano difícil para os principais retalhistas europeus. A deflação afetou a rentabilidade de muitos operadores, com exceção dos “discounters” alemães, que rapidamente estão a consolidar o seu domínio. Na classificação dos maiores retalhistas da Europa Ocidental, realizada no ano passado pelo Planet Retail, o Grupo Schwarz, dono do Lidl, estava muito perto de se tornar no maior operador europeu. A liderança foi firmemente alcançada este ano. Com vendas de mais de dois mil milhões de euros que o segundo operador, ultrapassou o Carrefour, que há muitos anos ocupava o lugar cimeiro, e está no bom caminho para aumentar a sua vantagem em oito mil milhões de euros em 2019. certo que para as vendas do Grupo Schwarz também contribuem as da cadeia de hipermercados Kaufland, mas, de acordo com o Planet Retail, o seu sucesso assenta grandemente na operação do Lidl. À conquista do continente europeu, o Lidl tem apostado numa estratégia que, cada vez mais, o afasta do modelo de “discount” e o aproxima do conceito de supermercado. O que é bem evidenciado pela adição de frescos, padaria e mais produtos de marca ao sortido oferecido pelas lojas da cadeia de desconto alemã, assim como pela ampliação das gamas de marca própria premium. O “discount” lançou-se, assim, à conquista do pódio do retalho europeu. Com a medalha de ouro entregue ao Lidl, o seu concorrente Aldi espreita a oportunidade para agarrar a de bronze. O quarto maior retalhista europeu É Texto: Carina Rodrigues Fotos: D.R. Dados de mercado

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2014 foi um ano difícil para os principais retalhistas europeus. A deflação afetou a rentabilidade de muitos operadores, com exceção dos “discounters” alemães, que rapidamente estão a consolidar o seu domínio. Na classificação dos maiores retalhistas da Europa Ocidental, realizada no ano passado pelo Planet Retail, o Grupo Schwarz, dono do Lidl, estava muito perto de se tornar no maior operador europeu.

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Operadores de “discount” afirmam-se como os maiores

retalhistas europeus2014 foi um ano difícil para os principais retalhistas europeus. A deflação afetou a rentabilidade de muitos operadores, com exceção dos “discounters” alemães, que rapidamente estão a consolidar o seu domínio. Na classificação dos maiores retalhistas da Europa Ocidental, realizada no ano passado pelo Planet Retail, o Grupo Schwarz, dono do Lidl, estava muito perto de se tornar no maior operador europeu. A liderança foi firmemente alcançada este ano. Com vendas de mais de dois mil milhões de euros que o segundo operador, ultrapassou o Carrefour, que há muitos anos ocupava o lugar cimeiro, e está no bom caminho para aumentar a sua vantagem em oito mil milhões de euros em 2019.

certo que para as vendas do Grupo Schwarz também contribuem as da

cadeia de hipermercados Kaufland, mas, de acordo com o Planet Retail, o seu sucesso assenta grandemente na operação do Lidl. À conquista do continente europeu, o Lidl tem apostado numa estratégia que, cada vez mais, o afasta do modelo de “discount” e o aproxima do conceito de supermercado. O que é bem evidenciado pela adição de frescos, padaria e mais produtos de marca ao sortido oferecido pelas lojas da cadeia de desconto alemã, assim como pela ampliação das gamas de marca própria premium.O “discount” lançou-se, assim, à conquista do pódio do retalho europeu. Com a medalha de ouro entregue ao Lidl, o seu concorrente Aldi espreita a oportunidade para agarrar a de bronze. O quarto maior retalhista europeu

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Texto: Carina RodriguesFotos: D.R.

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vendeu 52,7 milhões de euros em 2014 e está, também ele, a apostar numa estratégia de diversificação que lhe permita aumentar a base de clientes.Base esta que não para de crescer. No Reino Unido, por exemplo, cerca de 10% dos gastos nos supermercados são feitos no Lidl e no Aldi. De acordo com dados da Kantar Worldpanel, no período de 12 semanas terminado a 16 de agosto, as vendas do Aldi aumentaram 18% e as do Lidl cresceram 13%. Em contrapartida, as da Asda, sucursal britânica da

Walmart, encolheram 2,5% e as da Tesco contraíram 0,9%. As cadeias de “discount” estão a consolidar a sua presença no mercado britânico, onde metade dos consumidores visita as suas lojas pelo menos uma vez por mês. A Nielsen assinala que as vendas

do Aldi e do Lidl crescem a uma taxa de mais de 20% ao ano e que vão voltar a ganhar quota de mercado no Natal, pelo terceiro ano consecutivo.

Com este panorama de fundo, marcado por um ambiente concorrencial cada vez mais forte, os restantes retalhistas tiveram de responder. E fizeram-no em várias frentes, a primeira das quais assumindo que a união faz a força, dando origem a uma onda de alianças de compras, especialmente prevalentes no mercado francês, de modo a conseguir condições mais favoráveis de negociação com os fornecedores. O Carrefour

aliou-se à Cora, o Intermarché ao Grupo Casino e a Auchan à Système U. A nível europeu, a Auchan uniu-se ao Grupo Metro e o DIA ao Grupo Casino, enquanto o E.Leclerc voltou a juntar esforços com a Rewe. Portugal assistiu à aliança entre Intermarché e

DIA e à criação da CINDIA, Espanha à de DIA e Eroski e, a um outro nível, a Ahold fundiu-se com a Delhaize. Denominador comum de todos estes movimentos: alcançar economias de escala. Tão simples quanto isto. A outra frente de batalha dos operadores de retalho foi a diversificação do modelo de negócio, com uma aposta mais marcada na conveniência, respondendo à mudança dos hábitos de compra dos “shoppers”. Estratégia onde o

franchising desempenhou um papel preponderante, de modo a alimentar a expansão destes pontos de venda, ao requerer um investimento de capital menos intensivo por parte do

A nível europeu, a Auchan uniu- se ao Grupo Metro e o DIA ao Grupo Casino,

enquanto o E.Leclerc voltou a juntar esforços com a Rewe. Portugal assistiu à aliança entre Intermarché e DIA e à criação da CINDIA, Espanha à de DIA e Eroski e, a um outro nível, a Ahold fundiu-se com a Delhaize. Denominador comum de todos estes movimentos: alcançar economias de escala. Tão simples quanto isto.

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20 maiores retalhistas da Europa Ocidental Variação Posição Retalhista Vendas 2014 e

(mil milhões de euros)

Número delojas 2014

Vendas 2019 p(mil milhões de euros)

+ 1

67,9 9.010 86

= 2 65,2 7.937 73,2 = 3 64,1 3.767 77,9

+ 4 52,7 7.906 65,1

= 5 51,4 13.357 58,2 - 6 Metro 51,3 1.632 50,2

= 7 Rewe 47,9 10.491 53,7

= 8 44,5 1.768 51,5 = 9 37 3.121 40,1

= 10 33,8 3.264 42,2

= 11 32,4 1.309 39,7 = 12 31,9 589 35,8

= 13 26,5 2.605 35,1

= 14 24,2 9.870 28,9 = 15 U 23,5 1.577 26,1

= 16 22,1 667 24,4

= 17 20,2 1.521 25,7 - 18 Coop 18,9 2.150 23

+ 19 El

16,7 1.443 18,9

Novo 20 ICA

GrupoSchwarz

Carrefour

Tesco

Aldi

Edeka

Grupo

Grupo

E.Leclerc

Auchan

Intermarché

Sainsbury’s

Walmart

Migros

Casino

Système

Morrisons

Mercadona

(Suíça)

CorteInglés

Gruppen 15,7 1.864 19,4 e - estimativa; - previsãoFonte: Planet Retail

retalhista. Caso da portuguesa Sonae, que expandiu a insígnia Meu Super através deste regime. Ou da britânica Tesco, com o negócio de conveniência One Stop, no Reino Unido, que tem já mais de 100 lojas franchisadas. A rede de supermercados de proximidade da Sonae MC, que contava com apenas 70 lojas em 2013, atingiu em 2014 as 140, o dobro de lojas do ano anterior, tendo chegado ao arquipélago da Madeira e aos 18 distritos de Portugal Continental. Em 2015, a rede pretende atingir as 200 lojas e no final do primeiro trimestre de 2017 acredita chegar às 300 . Também as vendas líquidas da rede duplicaram de 2013 para 2014, tendo-se obtido um valor de aproximadamente 50 milhões euros. Até ao final deste ano, o Meu Super prevê vendas no valor de 80 milhões de euros. Esta aposta é explicada por um estudo recente do Planet Retail que aponta o canal de conveniência como o de maior crescimento a nível europeu, ultrapassando até o online. As previsões são de que as vendas destas lojas cresçam a uma média de 6,5% até 2019. Crescimento, este, que contrasta com o dos chamados

Um estudo recente do Planet Retail aponta o canal de conveniência

como o de maior crescimento a nível europeu. As previsões são de que as vendas cresçam a uma média de 6,5% até 2019. Que contrasta com os chamados formatos “big box”, que se deparam com a abrupta queda no tráfego nas suas lojas. Estas lojas terão de encontrar novas e inovadoras formas para atrair os consumidores, se quiserem travar a trajetória descendente das suas vendas. Não obstante, continuarão a ser, nos próximos cinco anos, o maior canal de retalho na Europa Ocidental.

formatos “big box”, pontos de venda que se deparam com a abrupta queda no tráfego nas suas lojas. Veja-se o caso da Auchan, que se tem debatido com a desaceleração das vendas, situação que, muito provavelmente, se manterá até 2017. De acordo com o Planet Retail, estas lojas terão

de encontrar novas e inovadoras formas para atrair os consumidores, se quiserem travar a trajetória descendente das suas vendas. Não obstante, hipermercados e grandes lojas continuarão a ser, nos próximos cinco anos, o maior canal de retalho na Europa Ocidental.

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