Onde a vida faz a curva

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G OSTO de escrever co- mo o pássaro de voar. Ausente dos artigos, estou condor na gaiola. Sou na companhia dos leitores o irmão na casa da família. Não vivo dinheiro. Existo sonhos. Não meço dificul- dades. Estendo otimismo. Vou para as lutas como quem sai para receber a vida. Viajo nos horizontes a esperança nascendo. Visto o branco do noivado das alvoradas beijando os dias. Tinjo o olhar no poe- ma dos crepúsculos bor- dando as noites. Ouço a canção dos ermos no na- moro das estrelas. O mun- do busca-me no coração. E vejo o eterno do perfu- me no breve das flores. Ando o tempo todo dentro da cabeça para es- tar sempre onde irão che- gar as gerações seguintes e ir-me atualizado na evolu- ção do conhecimento. A pessoa que ficar parada na calçada de uma esquina não conhecerá a sua cida- de. Também todo aquele que permanecer paralisa- do na atividade exercida e não se movimentar na in- teligência não descobrirá a sua vocação, que é o dom da utilidade realizadora inata em Ludwing van Be- ethoven, a música; em Al- bert Einstein, física e a quí- mica; em William Shakes- peare, a literatura; em Mo- handas Karamchand Gan- dhi, a paz; em Odilon San- tos, de Araguari, o trans- porte coletivo, e em José Pereira Cardoso, de Ponte do Norte, a quitanda. Es- ses dois mineiros fizeram de si o sucesso em Goiás. Porque trabalharam com o material da sua vocação. A sede no ideal de trans- cender-me ao que estou na imprensa, para cum- prir o que sou na vocação do jornalismo, esmaga- me de angústia no convi- ver com jornalistas desa- bitados de caráter. Estar frequente na labuta diária das edições no jornal, e não estar presente na au- toria dos editoriais sub- metem-me àquele jejum de um diabético produ- zindo pudim, manjar, ros- ca, brevidade nas doçarias para outros se deliciarem. Nunca escrevi tantos ar- tigos como neste ano. Es- tão às dezenas no prelo da gaveta em minha bibliote- ca. Vários passam de 50 laudas. Serão editados quando me vier no tempo o momento propício de ser rodada a chave que fe- cha o percurso das arma- dilhas e abre o roteiro sem as trapaças contra a estabi- lidade do jornal. O fato de haver parado de publicar meus artigos é o ato de abstinência a que me obri- guei como única condição de manter o Diário da Ma- nhã , com a liberdade aber- ta para a sociedade opinar, e sem despertar a conjun- ção do autoritarismo no corredor polonês dos cor- ruptos, que se montou na política, fora e dentro do poder em Goiás. O trabalho estafante tem sido-me a receita na serviceira para reerguer o jornal, tão despedaçado, como se ali estivera uma facção de desordeiros missionários endemonia- dos para reduzir aos cacos o meu sonho, enquanto eu estava ausente e escre- vendo o livro SagaSonho. Jazia em tudo a como- ção de vida se apagando com desesperante súplica de salvação. Todas as do- res que me ficaram cala- das das golpeadas recebi- das, anos a fio, para não deixar o Cinco de Março e o Diário da Manhã caí- dos, estavam ali sangran- do-me nos sentimentos. Flagelava-me aos olhos a realidade que eu não que- ria ver. A pilhagem amoita- da na inoperância admi- nistrativa. O saqueamento escondido na penúria fi- nanceira. O esbulho enco- berto no deszelo das má- quinas. A decomposição moral ocultada no lixoso dos cômodos. O conluio dos aproveitadores na ce- dição destilada no desestí- mulo dos funcionários. A infiltração macia de ten- dências cavilosas conju- rando manchosamente no invólucro da amizade con- tra a ética histórica da mi- nha resistência no jornalis- mo livre das tendenciosi- dades em proveito próprio. Reassumi em janeiro o comando do Diário da Manhã na tapera das es- peranças. Tudo era acaba- do nos ânimos esmoreci- dos. Rosto a rosto as incer- tezas desenhavam nos semblantes o aguardo do momento final no não há mais. A luz que resplande- cera na calva do peito rai- ava o fogo do interno na chaga das gotas. Os olhos segurando choro, a saúde matando as doenças, o es- forço vencendo os cansa- ços no corpo dobrado na carga dos 76 anos, a alma sofria na cisão das amiza- des idas na gratidão não lembrada por pessoas es- quecidas das derrotas re- vertidas em vitórias. Olhei, um velho conhe- cido me esperava: o chão, e nele os meus rastros, com o cavado dos calca- nhares nas descidas e com a marca dos dedos nas subidas; era só pisar decidido nas adversidades e firmar a cabeça nas idei- as criativas, que daria no tropeção das quedas o sal- to para o triunfo. Já fui empurrado por trás a esse chão. Ele é duro. Mas é o único lugar consis- tente para se pisar com fir- meza e subir quantas ve- zes cair. É onde a vida faz a curva: os fracos se apeque- nam e os fortes se agigan- tam. Vai-se à forja no ba- que das mudanças no do- loroso. Sumi no mundo e revi a solidão das apreen- sões desoladoras no ínti- mo e não compartilhada sequer pelo alívio das soli- dariedades externadas. A vida leva-nos e traz- nos sozinhos na gente às horas da morte. Às vezes sentimos ser menos teme- roso o instante de morrer que perigoso o momento a viver. O temerário obser- va-nos de todos os olhos nessas horas sem a alter- nativa da pendência. Singrei travessias nas tor- mentas de golfos transbor- dados nas virações de tu- fões que me deixavam confuso se o que via era delírio no azul dos céus se mexendo ou se era realida- de o azul se movendo nas ondas. Talvez fosse apenas a enchente dos dias de dois tempos afogando-me na mente – antes represa- dos nas marés montantes das águas contrárias que passaram na proa e depois arrombadas nas calmarias das águas que se esvazia- ram na popa. Velejei à deriva nos tra- pos da decepção pelo cau- dal dos ingratos e não de- sestendi o manto do per- dão na correnteza das trai- ções. Suei dores. Escrevi orações no sentimento. Respirei fadigas. Busquei ar na compressão das asfi- xias. Comi remédios. So- brevivi a centavos. Econo- mizei até raivas ultrapas- sadas da tolerância huma- na. Jogado às baixezas que desnivelam os caráteres Batista Custódio Diário da Manhã Editor-geral do Einstein Gandhi Shakespeare Beethoven Odilon Santos J. Pereira OPINIÃO PÚBLICA Editora: Sabrina Ritiely [email protected] (62) 3267 1147 GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 28 DE NOVEMBRO DE 2011 1 Diário da Manhã OPINIÃOPÚBLICA ONDE A VIDA FAZ A CURVA CONTINUA

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Artigo do jornalista Batista Custódio, sobre Paulo Garcia, Corrupção, Operação Sexto Mandamento, Polícia Militar, Goiânia

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Page 1: Onde a vida faz a curva

GOSTO de escrever co-mo o pássaro de voar.

Ausente dos artigos, estoucondor na gaiola. Sou nacompanhia dos leitores oirmão na casa da família.Não vivo dinheiro. Existosonhos. Não meço dificul-dades. Estendo otimismo.Vou para as lutas comoquem sai para receber avida. Viajo nos horizontesa esperança nascendo.Visto o branco do noivadodas alvoradas beijando osdias. Tinjo o olhar no poe-ma dos crepúsculos bor-dando as noites. Ouço acanção dos ermos no na-moro das estrelas. O mun-do busca-me no coração.E vejo o eterno do perfu-me no breve das flores.

Ando o tempo tododentro da cabeça para es-tar sempre onde irão che-gar as gerações seguintes eir-me atualizado na evolu-ção do conhecimento. Apessoa que ficar parada nacalçada de uma esquinanão conhecerá a sua cida-de. Também todo aqueleque permanecer paralisa-do na atividade exercida enão se movimentar na in-teligência não descobrirá asua vocação, que é o domda utilidade realizadorainata em Ludwing van Be-ethoven, a música; em Al-bert Einstein, física e a quí-mica; em William Shakes-peare, a literatura; em Mo-handas Karamchand Gan-dhi, a paz; em Odilon San-tos, de Araguari, o trans-porte coletivo, e em JoséPereira Cardoso, de Pontedo Norte, a quitanda. Es-ses dois mineiros fizeramde si o sucesso em Goiás.Porque trabalharam como material da sua vocação.

A sede no ideal de trans-cender-me ao que estouna imprensa, para cum-

prir o que sou na vocaçãodo jornalismo, esmaga-me de angústia no convi-ver com jornalistas desa-bitados de caráter. Estarfrequente na labuta diáriadas edições no jornal, enão estar presente na au-toria dos editoriais sub-metem-me àquele jejumde um diabético produ-zindo pudim, manjar, ros-ca, brevidade nas doçariaspara outros se deliciarem.

Nunca escrevi tantos ar-tigos como neste ano. Es-tão às dezenas no prelo dagaveta em minha bibliote-ca. Vários passam de 50laudas. Serão editadosquando me vier no tempoo momento propício deser rodada a chave que fe-cha o percurso das arma-dilhas e abre o roteiro semas trapaças contra a estabi-lidade do jornal. O fato dehaver parado de publicarmeus artigos é o ato deabstinência a que me obri-guei como única condiçãode manter o Diário da Ma-nhã, com a liberdade aber-ta para a sociedade opinar,e sem despertar a conjun-ção do autoritarismo nocorredor polonês dos cor-ruptos, que se montou na

política, fora e dentro dopoder em Goiás.

O trabalho estafantetem sido-me a receita naserviceira para reerguer ojornal, tão despedaçado,como se ali estivera umafacção de desordeirosmissionários endemonia-dos para reduzir aos cacoso meu sonho, enquantoeu estava ausente e escre-vendo o livro SagaSonho.

Jazia em tudo a como-ção de vida se apagandocom desesperante súplicade salvação. Todas as do-res que me ficaram cala-das das golpeadas recebi-das, anos a fio, para nãodeixar o Cinco de Março eo Diário da Manhã caí-dos, estavam ali sangran-do-me nos sentimentos.

Flagelava-me aos olhos arealidade que eu não que-ria ver. A pilhagem amoita-da na inoperância admi-nistrativa. O saqueamentoescondido na penúria fi-nanceira. O esbulho enco-berto no deszelo das má-quinas. A decomposiçãomoral ocultada no lixosodos cômodos. O conluiodos aproveitadores na ce-dição destilada no desestí-mulo dos funcionários. A

infiltração macia de ten-dências cavilosas conju-rando manchosamente noinvólucro da amizade con-tra a ética histórica da mi-nha resistência no jornalis-mo livre das tendenciosi-dades em proveito próprio.

Reassumi em janeiro ocomando do Diário daManhã na tapera das es-peranças. Tudo era acaba-do nos ânimos esmoreci-dos. Rosto a rosto as incer-tezas desenhavam nossemblantes o aguardo domomento final no não hámais. A luz que resplande-cera na calva do peito rai-ava o fogo do interno nachaga das gotas. Os olhossegurando choro, a saúdematando as doenças, o es-forço vencendo os cansa-ços no corpo dobrado nacarga dos 76 anos, a almasofria na cisão das amiza-des idas na gratidão nãolembrada por pessoas es-quecidas das derrotas re-vertidas em vitórias.

Olhei, um velho conhe-cido me esperava: o chão,e nele os meus rastros,com o cavado dos calca-nhares nas descidas ecom a marca dos dedosnas subidas; era só pisar

decidido nas adversidadese firmar a cabeça nas idei-as criativas, que daria notropeção das quedas o sal-to para o triunfo.

Já fui empurrado portrás a esse chão. Ele é duro.Mas é o único lugar consis-tente para se pisar com fir-meza e subir quantas ve-zes cair. É onde a vida faz acurva: os fracos se apeque-nam e os fortes se agigan-tam. Vai-se à forja no ba-que das mudanças no do-loroso. Sumi no mundo erevi a solidão das apreen-sões desoladoras no ínti-mo e não compartilhadasequer pelo alívio das soli-dariedades externadas.

A vida leva-nos e traz-nos sozinhos na gente àshoras da morte. Às vezessentimos ser menos teme-roso o instante de morrerque perigoso o momentoa viver. O temerário obser-va-nos de todos os olhosnessas horas sem a alter-nativa da pendência.

Singrei travessias nas tor-mentas de golfos transbor-dados nas virações de tu-fões que me deixavamconfuso se o que via eradelírio no azul dos céus semexendo ou se era realida-de o azul se movendo nasondas. Talvez fosse apenasa enchente dos dias dedois tempos afogando-mena mente – antes represa-dos nas marés montantesdas águas contrárias quepassaram na proa e depoisarrombadas nas calmariasdas águas que se esvazia-ram na popa.

Velejei à deriva nos tra-pos da decepção pelo cau-dal dos ingratos e não de-sestendi o manto do per-dão na correnteza das trai-ções. Suei dores. Escreviorações no sentimento.Respirei fadigas. Busqueiar na compressão das asfi-xias. Comi remédios. So-brevivi a centavos. Econo-mizei até raivas ultrapas-sadas da tolerância huma-na. Jogado às baixezas quedesnivelam os caráteres

BatistaCustódio

Diário da ManhãEditor-geral do

Einstein Gandhi Shakespeare Beethoven Odilon Santos J. Pereira

OPINIÃOPÚBLICAEditora: Sabrina Ritiely [email protected] (62) 3267 1147

GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 28 DE NOVEMBRO DE 2011 1Diário da Manhã OPINIÃOPÚBLICA

ONDE A VIDA FAZ A CURVA

CONTINUA

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rastejantes, voltei intocávelnos trunfos do digno. Nasforças do combate estão-me as energias do vence-dor. Rebatizo na sequidãoda lágrima o velho jorna-lista com o suor do moçono jornalismo.

A nau da imprensa cons-truída no perenal da uto-pia, às vezes navio, às vezessubmarino, não encalhanos naufrágios, e, se preci-so, às vezes trator, às vezesaeronave, não encrava nolitoral nem abalroa noshorizontes. Os obstáculossão naturais, o destino ostraz, o destino os leva. Sócaem vencidos nos revesesos que negam na pessoa odestinado no espírito, co-

mo o jornalista que se aga-cha nas nomeações ofici-ais ou se ajoelha nas verbasde propaganda.

As premonições são vi-sões extrassensoriais pres-sagiando o que vai aconte-cer a tempo de ser evitado.O pressentimento abre-menos olhos o vértice do ân-gulo que permite enxergarpor trás das montanhas osprecipícios e a via estreitapor onde passar a salvo.

Os que me avaliam co-mo precipitado nos emba-tes desnecessários com opoder, não percebem quesão etapas em que estoudesamarrando a imprensada arrogância dos gover-nantes. A intuição percep-

tiva é a minha bússola,ampliada pelas lentes doconhecimento da políticacomo ciência, que as trococonforme as variações dastocaias no panorama, enão adianta me provoca-rem na paisagem das arti-lharias, pois reajo apenasquando o alvo está no al-cance da mira certeira.

A experiência mostrou-me no reduto de ondesopram favoráveis osventos dos desafios nonúcleo dos perigos. Osembalos nas descidasmovem os impulsos nassubidas. Não há mistériopara encontrar o pontoonde se dobra da destrui-ção para reconstrução.

A obstinação é o fenô-meno impulsor dos idea-listas ousados. A tenácia dodeterminismo no timão éo segredo de o Diário daManhã haver sido manti-do à tona no dilúvio daspressões de autoritarismosà borda das mentalidadesmedievais. O jornal já na-vega seguro, a terra à vista,a bandeira da liberdadehasteada no mastro amos-tra no fim do nevoeiro, osol luzidio a estibordo, oazul dos céus dissolvendono azul das águas as últi-mas manchas brancas dosicebergs, as âncoras já arri-adas na enseada do PortoPovo. Ainda estou atraves-sando horas que me estão

amargas na Terra e me sãodoces no Céu.

Olhem no coração dosgoianos. Estou lá. Os quetrabalham nas eleições deseus mandatos no povo, aserviço do povo de sua ca-sa, podem continuar ten-tando reduzir-me a pó dojornalismo nas terras deGoiás. Será em vão, a nãoser no dia que conseguis-sem enterrar de vez a liber-dade de imprensa nas exé-quias da consciência dasperebas do populismo, jávivendo os seus dias de ve-lório na clientela eleitoral ecom atestado de óbito nasferidas da freguesia dos su-perfaturamentos nos ne-gócios públicos.

A imprensa do Paísmostra a faxina da

corrupção que a presiden-ta Dilma Rousseff está fa-zendo no Brasil, que, posi-tivamente, evoluirá para oarrastão do patrimôniodos corruptos e, necessa-riamente, expandirá paraos Estados e os Municí-pios. Mas o prefeito de Go-iânia, médico Paulo Gar-cia, parece estar sofrendoem sua visão política – oude astigmatismo, que de-forma a realidade no ce-nário; ou de ambliopia,que embaça a imagemdas vistas; ou de amauro-se, que é a cegueira –, poisé do seu opaco boato de lí-der que pareceu com a vi-sibilidade empanada pe-las remelas do equívocona internet em seu twitter.

Paulo não está conse-guindo entregar a Mensa-gem a Garcia que recebeude Iris. E twittou, arrogante:

“Sinceramente, não sei oque oDiário da Manhãtemcontra mim. Corrupção?Eu? Só quem não me co-nhece ou age de má-fé.Medesculpem o desabafo.”

Reconheceu a grosseriaao pedido de desculpa eprosseguiu enrustido napetulância:

“Eu sei que vão me cri-ticar por falar isto aqui,mas estão ultrapassandoo limite do razoável.”

O prefeito da Capital éum zum-zum nos votosdo irismo e um diz-que-diz-que bamboleteandono elo de fichas sujas nopetismo em sua gestão.Não adianta tirar fotoscom Dilma Rousseff. Oretrato que moldura a suaadministração é o da lici-tação da Montanha-Rus-sa do Mutirama. A brin-cadeira com dinheiro pú-blico está fotografada novoto do conselheiro Se-bastião Monteiro, do

TCM, com os caroços dacorrupção, sem retoques.

Na twittagem, o prefeitoadverte que o Diário daManhã está “ultrapassan-do o limite do razoável”.Oque está extrapolando é atolerância do alcaide comos desmandos arroladosno relatório do íntegroWagner Guimarães, que sedemitiu do cargo de Con-

trolador Geral do Municí-pio de Goiânia, escandali-zado com o rosário dascontas no cruz-credo dospecados administrativos.

O vereador Elias Vaz, vozda oposição na CâmaraMunicipal, tem ensurde-cido o silêncio do prefeitoante o vendaval das grila-gens oficiais que amea-çam varrer as áreas públi-

cas do mapa nas redonde-zas do Paço.

As metrópoles estãosufocadas pelo congesti-onamento de ruas, deavenidas, de praças e decasas construídas nasáreas públicas – comoSão Paulo e Rio de Janei-ro – e se pudessem voltarno tempo, não fariam adevastação que o prefeitode Goiânia usa a CâmaraMunicipal para legalizara especulação imobiliáriapredadora nos cerradosdo Paço. A área dá parafazer do crime ecológicoum pasto de engorda nacampanha eleitoral.

Mas o Paulo Garcia twitta: “A minha resposta será

o trabalho pela cidade.”A obra que ficará do tra-

balhador na derrubadadas árvores nativas nos al-queires do Paço Munici-pal, será uma cruz à espe-ra de Paulo Garcia na his-tória de Goiânia.

O jornalista Luiz CarlosBordoni provocou no pró-prio twitter do prefeito:

“Por que não chegamna cara do Batista Custó-dio e lhe dizem que o jor-nal dele é comprado, es-tá a serviço desse ou da-quele? Porque não sãohomens.”

Bordoni merece cachêdo meu agradecimento.Tenho notado a coceira navaidade de chefes de par-tidos, jogando a meio-campo como atacantes da

EM ALGUM LUGAR NO CORAÇÃO

Paulo Garcia

OPINIÃOPÚBLICA Diário da Manhã2

OPINIÃOPÚBLICAGOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 28 DE NOVEMBRO DE 2011

CONTINUABordoni Czepak

Os caroços da corrupção na licitação de compra da

Montanha-Russa do Mutirama

Page 3: Onde a vida faz a curva

oposição em Goiás e co-mo laterais no estádio dasituação em Brasília, co-michando o desejo de ver-borrarem seus cochichos:

“O Diário da Manhã es-tá comprado pelo Marco-ni Perillo.”

Marcariam gol contra.Era a oportunidade paraeu dizer para as arquiban-cadas os nomes dos políti-cos goianos donos dasfortunas roubadas nos go-vernos do País, do Estadoe dos Municípios.

Seria o prélio aberto aopúblico. A herança lati-fundiária que abandoneipela pobreza no jornalis-mo versus a penúria dosque subiram para a fortu-na na política.

Antes. Precisam mediro tamanho de minha his-tória nas lutas a fogos in-tensos. Depois. Necessi-tam medir a curta metra-gem de suas figuraçõesnos artigos sem passa-gem por dentro dos te-mas polêmicos. Final.Polêmica é o duelo dasarmas na versão literária.

Nos duelos, não venceo da arma cara, mas ven-ce o da pontaria melhor.Nas polêmicas, não ga-nha o de colete no poder,mas ganha o da melhormunição no conheci-mento e com reflexo rápi-do nas respostas seguidasnos argumentos aos ata-ques. Para polemizar como Paulo Garcia, eu nemprecisaria usar o cérebro.

Em algum lugar do co-ração, o sentimento nãogostaria que o dedo no ga-tilho estivesse na mão quefosse do braço do Paulo.Ele é um bom na pessoado prefeito desaforado co-

migo no twitter. Seria sa-cudir orvalho em talo decapim. Bastaria abalá-locom um jato de água ben-ta para descascar a petu-lância incrustada no cargoa que não chegou levadonos ombros de eleitoresseus, mas na garupa doseleitores do Iris.

Mas se o prefeito da Ca-pital é desses habitantesna vaidade do poder e de-seja experimentar o exer-cício de uma polêmicacom intensidade carbo-nária, franqueio-lhe espa-ço garantido nas páginasdo Diário da Manhã.

Mas que não saia a solbrando no qual se tem-perou na política às fo-gueiras filtradas nas pe-numbras de jornalistasencapados nas redomasdo servilismo. E que ve-nha nos latidos o donoda casa. Porque só miro acumeeira e não os hospe-dados nos cômodos, pa-ra que o senhor da festacombata ao som anima-do de seus cães ladrandoem retirada no terreirorestado às cinzas. Os as-sistentes imaginarão es-tar vendo nas cinzas osvultos deles à luz do cre-púsculo. Os participantesverão no fogo, não cin-zas, lavas inflamadas dovulcão das ideias.

Paulo não pode conti-nuar com a sua generosi-dade pendurada no cabi-de de aluguel à solidarie-dade cúmplice às brigadasideológicas. Deve recorrerà compreensão de que to-da briga é burra. Têm osmais errados e os menoserrados. O prefeito tementre seus garcianos os su-jados para a vida pública

na Lei da Ficha Limpa napolítica. Eles carecem sairdo armário da mentalida-de de vítimas para a luci-dez de que seus própriosalgozes são si mesmos.

O veneno que mata omal é o remédio do bem.Na página 190 de Doutri-na VIVA, ditado pelo espí-rito de Francisco CândidoXavier e psicografado porCarlos Baccelli – o karde-cista com espiritualidadecatequizada pelo ilumina-do de Uberaba e autor dolivro não difundido comomerece, por ser uma pon-deração advertidora aosmédiuns –, está escrito:

“Mal trabalha contra simesmo.”

Volte a ser a pessoa hu-milde que fora, PauloGarcia! Desvista-se da ar-rogância que a síndromede importância trajou napersonalidade do prefei-to, com corte e costuranas alfaiatarias com asilusões no poder, sobmedida dos figuristas dabajulação especializadana criação de fantasias.

A roupa do carisma depopulista e tocador deobras de Iris Rezende nãoassenta no figurino políti-co no mandato de prefeitopor empréstimo da vice.

O prefeito está fora demoda no modelo alinha-vado com remendos doprestígio popular do ante-cessor. Ao Paulo Garcia im-põe-se ao sacrifício intelec-tual de ler A roupa nova dorei. Ou recomendar ao pri-mata de erudição embal-samada, o secretário deImprensa Rodrigo Czepak,a inaugurar a sua inteligên-cia no leitura do conto deHans Christian Andersen.

A ROUPADO REI

“Era uma vezum rei, tão exa-g e r a d a m e n t eamigo de roupas

novas, que nelas gastava todo oseu dinheiro. Ele não se preocu-pava com seus soldados, com oteatro ou com os passeios pelafloresta, a não ser para exibirroupas novas.Para cada hora dodia, tinha uma roupa diferente.Em vez de o povo dizer, como decostume,com relação a outro rei:“Ele está em seu gabinete de tra-balho”, dizia: “Ele está no seuquarto de vestir.”

A vida era muito divertida nacidade onde ele vivia. Um dia,chegaram hóspedes estrangeirosao palácio. Entre eles havia doistrapaceiros. Apresentaram-se co-mo tecelões e gabavam-se de fa-bricar os mais lindos tecidos domundo. Não só os padrões e ascores eram fora do comum, co-mo, também, as fazendas ti-nham a especialidade de parecerinvisíveis às pessoas destituídasde inteligência, ou àquelas quenão estavam aptas para os car-gos que ocupavam.

“Essas fazendas devem seresplêndidas”, pensou o rei.“Usando-as, poderei descobrirquais os homens, no meu reino,que não estão em condições deocupar seus postos, e podereisubstituí-los pelos mais capa-zes... Ordenarei, então, que fa-briquem certa quantidade des-te tecido para mim.”

Pagou aos dois tecelões umagrande quantia,adiantadamen-te, para que logo começassem atrabalhar. Eles trouxeram doisteares nos quais fingiram tecer,mas nada havia em suas lança-deiras. Exigiram que lhes fossedada uma porção da mais caralinha de seda e ouro, que puse-ram imediatamente em suasbolsas, enquanto fingiam traba-lhar nos teares vazios.

– Eu gostaria de saber comovai indo o trabalho dos tecelões –pensou o rei. Entretanto, sentiu-se um pouco embaraçado aopensar que quem fosse estúpido,ou não tivesse capacidade paraocupar seu posto, não seria ca-paz de ver o tecido.Ele não tinhapropriamente dúvidas a seu res-peito, mas achou melhor man-

dar alguém primeiro, para ver oandamento do trabalho.

Todos na cidade conheciam omaravilhoso poder do tecido ecada qual estava mais ansiosopara saber quão estúpido era oseu vizinho.

– Mandarei meu velho minis-tro observar o trabalho dos tece-lões.Ele,melhor do que ninguém,poderá ver o tecido,pois é um ho-mem inteligente e que desempe-nha suas funções com o máximoda perfeição – resolveu o rei.

Assim sendo, mandou o velhoministro ao quarto onde os doisembusteiros simulavam traba-lhar nos teares vazios.

– “Deus nos acuda!!!”,pensou ovelho ministro, abrindo bem osolhos.“Não consigo ver nada!”

Não obstante, teve o cuidadode não declarar isso em voz alta.Os tecelões o convidaram paraaproximar-se a fim de verificarse o tecido estava ficando bonitoe apontavam para os teares. Opobre homem fixou a vista omais que pode, mas não conse-guiu ver coisa alguma.

– “Céus!”,pensou ele.“Será pos-sível que eu seja um tolo? Se é as-sim, ninguém deverá sabê-lo enão direi a quem quer que sejaque não vi o tecido.”

– O senhor nada disse sobre afazenda – queixou-se um dos te-celões.

– Oh, é muito bonita. É encan-tadora! – respondeu o ministro,olhando através de seus óculos.–O padrão é lindo e as cores estãomuito bem combinadas.Direi aorei que me agradou muito.

– Estamos encantados com asua opinião – responderam osdois ao mesmo tempo e descreve-ram as cores e o padrão especialda fazenda. O velho ministroprestou muita atenção a tudo oque diziam,para poder reprodu-zi-lo diante do rei.

Os embusteiros pediram maisdinheiro, mais seda e ouro paraprosseguir o trabalho. Puseramtudo em suas bolsas. Nem um fi-apo foi posto nos teares, e conti-nuaram fingindo que teciam.Al-gum tempo depois, o rei enviououtro fiel oficial para olhar o an-damento do trabalho e saber seficaria pronto em breve. A mes-ma coisa lhe aconteceu: olhou,tornou a olhar,mas só via os tea-res vazios.

– Não é lindo o tecido? – inda-garam os tecelões,e deram-lhe as

Hans Christian Andersen

OPINIÃOPÚBLICADiário da Manhã 3

OPINIÃOPÚBLICAGOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 28 DE NOVEMBRO DE 2011

CONTINUA

Elias Vaz Wagner Guimarães Sebastião Monteiro

O prefeito e seus garcianos sujados na Lei da Ficha Limpa

A petiçãoO relatório O voto

Page 4: Onde a vida faz a curva

Ofalso na responsabili-dade de muitos, es-

tampada na culpa de umna imprensa, insulta-mecomo a presença da víbo-ra ofende a vida nascendonos ninhos. O apetite quedevora na peçonha dasserpentes os passarinhossem asas tem a mesmavoracidade na impunida-de das honrarias que vo-am quais aves de arriba-ção pelos céus do poder edeixam abandonados emsua toca sendo estraça-lhada no chão do poleiroa honra dos que foramusados como patos ades-trados por eles.

As minhas dores não meferem e sofro muito nas fe-ridas dos outros. Não con-sigo conter minha indigna-ção e manter-me caladoperante o injusto nas ra-zões da piedade humana eé justo nas leis que codifi-

cam a qualidade dos mes-mos delitos nos crimes, deforma diferenciada nassentenças de absolviçãosem tanto e de condena-ção para tantos.

Ao ler as peças da Opera-ção Sexto Mandamento an-tevi – na busca bem-intenci-onada da Polícia Federal aosgrupos de extermínio da Po-lícia Militar de Goiás – aabertura no teto do Brasil,onde corrupção pinga dopoder e respinga os bandi-dos da criminalidade em to-dos os fundos dos Três Po-deres da República para cé-lulas do organismo social. Ocrime organizado é uma sí-filis. Contaminou as estrutu-ras institucionais nos gover-nos no Brasil. Como se fazexame de sangue e urina,radiografias, tomografiaspara se diagnosticarem asdoenças ocultas no corpo,faz-se indispensável um

checkup moral da austeri-dade nos organismos dopoder. A febre da corrupçãoestá alta nos termômetros. Emascarada nos sintomas daconsciência. Controlada aemplastros nos inchaços daratonice corporativista. Al-tíssima na pressão arterialdos subornos e das propi-nas em conluio amistosonas franquias circulatóriasdo narcotráfico, dos roubosde carros, das pistolagens,das lavagens de dinheiro àesquerda e à direita nocentro dos escalões parti-dários, por cima e por bai-xo nos poderes.

Olhei com profundida-de os porões do escânda-lo do crime de extermínioda Polícia Militar do Esta-do de Goiás. É a casa doshorrores. A Operação Sex-to Mandamento assom-bra no pesadelo dos es-pectros vagando tontosnos labirintos dos depoi-mentos. As contradiçõesescondem vultos nas gra-vações transcritas. As es-capadas estratégicas nasdeclarações levam às ja-nelas, às saídas abertas dedentro e de fora nas leis.Percebi que há muita cor-rupção estancada no te-lhado da política e no pi-so da polícia. O grupo deextermínio da PM é ape-nas uma das goteiras. Háoutras fechadas que gote-jam mais jorrantes e estãoestancadas em Goiás.

A Polícia Federal faz oque pode. Os políticos fa-zem o que não podiam. Fi-zeram nas bancadas dospartidos no Congresso Na-cional o crime nas leis. Osbandidos estão matandopessoas à vontade, endeu-

sados pela idolatria ao cri-me organizado na mentali-dade do Estatuto dos Direi-tos Humanos. Matar atual-mente um tatu para comernos campos é mais crimeque assassinar uma pessoanas cidades.

Todo cidadão goiano só jánão sabe quem será o pró-ximo a ser morto a qual-quer momento em todaparte no Estado. Sabe ape-nas que a polícia está desor-ganizada e que o crime or-ganizado continuará ma-tando a todo instante. E sa-be também que a próximavítima poderá ser qualquerum, inclusive o próprio.

As frutas caem das árvo-res, espalham-se no chão enascem viçosas no húmusdas folhas apodrecidas. As-sim está o crime. A corrup-ção cai do poder, espalha-se na sujidade dos cargos enasce fertilizada no povo.

Como as árvores de en-xerto dão frutos de qualida-de modificada da espécienativa, quando são adicio-nados ao poder gestoressem capacitação específicapara as atribuições da fun-ção, o resultado produzido écondizente com o desem-penho das malinações ad-ministrativas artificializadas.

Existem árvores enxerta-das que geram dois tiposde frutas: a congênita dotronco e a transgênica nogalho. Na fauna humana, ofenômeno é o mesmo daflora frutífera. Há gestorescom a imagem da morali-zação florida na borda dasfrondes e botões da cor-rupção granados no inter-meio das folhas na copa.

A marginalidade que estáceifando vidas nas áreas

metropolitanas e urbanas éirrigada pela cumplicidadenos canteiros policiais, as-sim como a sonegação sugaa rentabilidade da arrecada-ção dos impostos na per-missividade fiscal. O Brasilestá uma roleta do carteadona política. Até o jogo não élegalizado nos cassinos,quando representa umafonte de renda substancialaos países civilizados, e nãoliberado aqui para que asautoridades continuem ex-torquindo mensalinhos dajogatina clandestina. Mui-tas leis servem de trapéziosa acrobatas da corrupçãono circo do poder lotadode caça-níqueis na plateiados eleitores.

O contrassenso contestanas controvérsias do mis-tério a realidade das hipó-teses no factual. O grupode extermínio da PolíciaMilitar de Goiás segredaresponsabilidades de dívi-das quitadas por avalistaspara os emitentes. NaOperação Sexto Manda-mento, percebe-se que to-do inocente tem algumaculpa nas inocências e quetodo culpado tem algumainocência nas culpas.

Um dos militares envol-vidos expôs-se a peitoaberto nos confrontos devida e morte com facíno-ras de altíssima periculo-sidade e fortemente ar-mados, todos com passa-gens pregressas na reinci-dência de homicídios dechefes de família que sub-sistiam do trabalho ho-nesto e mantinham o larcom o salário.

Esse oficial penalizadonão traz na farda a nódoadas execuções nos truci-

AS MUITAS FACES DA VERDADE

Tenente-coronel Ricardo Rocha

OPINIÃOPÚBLICA

CONTINUA

mais variadas explicações sobreo padrão e as cores.

“Eu penso que não sou um to-lo”, refletiu o homem. “Se assimfosse, eu não estaria à altura docargo que ocupo.Que coisa estra-nha!!”... Pôs-se então a elogiar ascores e o desenho do tecido e, de-pois, disse ao rei: “É uma verda-deira maravilha!!”

Todos na cidade não fala-vam noutra coisa senão nessaesplêndida fazenda, de modoque o rei, muito curioso, resol-veu vê-la, enquanto ainda esta-va nos teares. Acompanhadopor um grupo de cortesões, en-tre os quais se achavam os doisque já tinham ido ver o imagi-nário tecido, foi ele visitar osdois astuciosos impostores. Elesestavam trabalhando mais doque nunca,nos teares vazios.

– É magnífico! – disseram osdois altos funcionários do rei. –Veja Majestade,que delicadeza dedesenho! Que combinação de co-res! – apontavam para os tearesvazios com receio de que os outrosnão estivessem vendo o tecido.

O rei,que nada via,horroriza-do pensou: “Serei eu um tolo enão estarei em condições de serrei? Nada pior do que isso pode-ria acontecer-me!” Então, bemalto,declarou:

– Que beleza! Realmente mere-

ce minha aprovação! Por nadaneste mundo ele confessaria quenão tinha visto coisa nenhuma.Todos aqueles que o acompa-nhavam também não consegui-ram ver a fazenda, mas excla-maram a uma só voz:

– Deslumbrante!! Magnífico!!Aconselharam eles ao rei que

usasse a nova roupa,feita daqueletecido, por ocasião de um desfile,que se ia realizar daí a alguns di-as. O rei concedeu a cada um dostecelões uma condecoração de ca-valeiro, para ser usada na lapela,com o título “cavaleiro tecelão”.Nanoite que precedeu o desfile,os em-busteiros fizeram serão. Queima-ram dezesseis velas para que todosvissem o quanto estavam traba-lhando, para aprontar a roupa.Fingiram tirar o tecido dos teares,cortaram a roupa no ar, com umpar de tesouras enormes, e cose-ram-na com agulhas sem linha.Afinal,disseram:

– Agora, a roupa do rei estápronta.

Sua Majestade, acompanha-do dos cortesões, veio vestir a no-va roupa. Os tecelões fingiam se-gurar alguma coisa e diziam:“Aqui está a calça,aqui está o ca-saco, e aqui o manto. Estão levescomo uma teia de aranha. Podeparecer a alguém que não há na-da cobrindo a pessoa, mas aí é

que está a beleza da fazenda.”– Sim! – concordaram todos,

embora nada estivessem vendo.– Poderia Vossa Majestade ti-

rar a roupa? – propuseram osembusteiros. – Assim poderíamosvestir-lhe a nova, aqui, em frenteao espelho.O rei fez-lhes a vonta-de e eles fingiram vestir-lhe peçapor peça. Sua majestade virava-se para lá e para cá, olhando-seno espelho e vendo sempre a mes-ma imagem,de seu corpo nu.

– Como lhe assentou bem onovo traje! Que lindas cores! Quebonito desenho! – diziam todoscom medo de perderem seus pos-tos se admitissem que não viamnada. O mestre-de-cerimôniasanunciou:

– A carruagem está esperandoà porta, para conduzir Sua Ma-jestade durante o desfile.

– Estou quase pronto – respon-deu ele.

Mais uma vez, virou-se emfrente ao espelho, numa atitudede quem está mesmo apreciandoalguma coisa.

Os camareiros que iam segu-rar a cauda, inclinaram-se, co-mo se fossem levantá-la do chão,e foram caminhando, com asmãos no ar, sem dar a perceberque não estavam vendo roupaalguma. O rei caminhou à frenteda carruagem, durante o desfile.

O povo, nas calçadas e nas jane-las, não querendo passar por to-lo,exclamava:

– Que linda é a nova roupa dorei! Que belo manto! Que perfei-ção de tecido!

Nenhuma roupa do rei obtive-ra antes tamanho sucesso!

Porém, uma criança que esta-va entre a multidão, em suaimensa inocência, achou aquilotudo muito estranho e gritou:

– Coitado!!! Ele está completa-mente nu!! O rei está nu!!

O povo, então, enchendo-se decoragem,começou a gritar:

– Ele está nu! Ele está nu!O rei, ao ouvir esses comentá-

rios, ficou furioso por estar re-presentando um papel tão ridí-culo! O desfile, entretanto, deviaprosseguir,de modo que se man-teve imperturbável e os camarei-ros continuaram a segurar-lhe acauda invisível. Depois que tudoterminou, ele voltou ao palácio,de onde, envergonhado, nuncamais pretendia sair.Somente de-pois de muito tempo,com o cari-nho e afeto demonstrado porseus cortesões e por todo o povo,também envergonhados por sedeixarem enganar pelos falsostecelões, e que clamavam pelavolta do rei, é que ele resolveu semostrar em breves aparições...Mas nunca mais se deixou levar

pela vaidade e perdeu para sem-pre a mania de trocar de roupasa todo momento.

Quanto aos dois supostos te-celões, desapareceram misterio-samente, levando o dinheiro e osfios de seda e ouro. Mas, depoisde algum tempo, chegou a notí-cia na corte de que eles haviamtentado fazer o mesmo golpe emoutro reino e haviam sido des-mascarados, e agora cumpriamuma longa pena na prisão.”

Leão de Judá simbolizao poder com majestademáxima e foi inspirado nacultura dos assírios e dosbabilônios, que identifica-vam nesses felinos a figurada soberania imperial. AsTábuas Coroadas eramsustentadas por Leões deJudá empinados esculpi-dos em pedra e que atua-lizados no simbolismo,pelo menos na imobilida-de do granito, servem dealegoria à empáfia de Pau-lo Garcia no cargo de pre-feito da Capital. O Leão deJudá em carne e osso compoder de rugir prestígio éIris Rezende.

OPINIÃOPÚBLICA Diário da Manhã4 GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 28 DE NOVEMBRO DE 2011

Atualmente, matar um tatu para comer é mais crime que

assassinar uma pessoa

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damentos de encomen-da. Ele viveu a boemia dailusão doutrinada nosquartéis de se acabarcom o crime à força. Nãovegetou na embriaguezdo dinheiro a soldo dasempreitadas.

O sangue derramado nosconfrontos estancou o san-gue que jorraria de pessoaspacatas dizimadas pelo cri-me organizado. Muitosacham bonito defender osbandidos nos movimentossociais, nas praças públicas,até o dia em que percebe-rem como é feio quando amovimentação dos bandi-dos entra em sua casa.

O dilema traz dentro ocontraditório no supostono real. Cabe aos lúcidosdiscernirem o impreciso eo exato nas situações con-fusas. Essa, a alternativapendente no imbróglio dogrupo de extermínio da Po-lícia Militar. Dos 17 presos,apenas um oficial perma-nece encarcerado na ca-deia da Academia da PM. Éo tenente-coronel RicardoRocha, logo ele!, que agiutão-somente em confron-tação sob a mira dos arma-mentos do crime organiza-do e não atuou nas execu-ções dos rendidos. Mesmonos defrontamentos arris-cados, ainda não era te-nente-coronel, mas apenasaté a major e cumprindoordens dos coronéis co-mandantes dos quartéis.Foi usado. Subcondiciona-ram-no à mentalidade car-tesiana da obediência in-condicional à hierarquiamilitar rude e bruta.

Ricardo Rocha é umherói que os galões su-periores se serviram desua bravura. O oficialatoda época o manipulouno subconsciente comomassa de manobra nosdogmas do belicismo deque se mata o crime aomatar-se o criminoso. Asua prisão é um bani-mento e sugere a figurade um bode expiatóriopeado pelas leis como

oferenda no holocaustopelas raposas da clan-destinidade organizadano grupo de extermínio.

A honestidade é explícitana retidão da carreira mili-tar e na pobreza francisca-na da esposa Lilian, tãomoça e já tão consumidana súbita amargura, e dasfilhas Jordana e Raquel, tãomeninas e já tão esmaeci-das na tristeza funda, mo-rando de aluguel no rega-do das despesas custeadaspelo soldo de Ricardo Ro-cha, conforme o docu-mento da quebra de seusigilo bancário. O sem-blante sulcado da famíliapelas humilhações à frentena indiferença da socieda-de e às costas viradas doscoronéis prestando conti-nência às conveniências.

Essa mãe, à beira do ex-termínio na vontade de vi-ver, e as filhas, às vizinhan-ças da jovialidade desfale-cida na infância, vieram amim com o apelo por umconsolo que as aliviasse natravessia incerta.

Na primeira vez, estive-ram em minha sala nojornal, com a humildadesuave do chinelo para nãomachucar o chão, e semsaber, traziam os passosque me levaram paradentro do seu martírio.

O segundo encontro foina biblioteca de minharesidência. Era uma tardecalma como aquelas emque os sinos chamavampara a hora de rezar. En-tregaram-me uma cartado seu amado RicardoRocha, escrita no cativei-ro da Academia da PolíciaMilitar. Uma prece do de-sespero ao altar do meusentimentalismo.

Talvez a rememória dolocal do Cárcere do DI, on-de estive preso oito mesesna ditadura militar, porCrime de Opinião, a sualeitura trouxe-me os cho-ros da minha família naslágrimas do tenente-coro-nel Ricardo Rocha. Muitosveriam no pranto dele o

choro na casa dos mortosnos confrontos. Eu enxer-guei no choro dos parentesdos bandidos o pranto dosfamiliares nas vítimas doscriminosos.

Agora chorem na cartado Ricardo Rocha o pran-to da orfandade e da viu-vez pelos que irão morrernos assaltos às portas dosbancos, nos roubos decarro a dias abertos, nasmoças estupradas a cami-nho do emprego, nos fi-lhos assassinados ao vol-tarem da escola, nos latro-cínios do crime organiza-do dentro dos lares.

E se sobrar uma lágrima,chorem por si, porque po-derão ser as próximas.

E chorem por último aoler a carta do Ricardo Ro-cha até encher com o seupranto os dois pratos dabalança da Justiça, para verse percebem qual das lá-grimas pesa mais. Se é aque molha os olhos dospais dos bandidos mortosou se é a que não secarámais nunca no coração nodia em que matarem o seufilho! Se querem saberqual, antes que aconteça,perguntem ao desembar-

gador José Lenar. Ele achora sempre.

“Sr.Batista Custódio,Peço somente ajuda.A pergunta é: por que só

nós sete PMs ainda conti-nuamos presos?

Fomos presos no dia15/02/11 por força da Ope-ração Sexto Mandamento.Onde estão as provas? Os ce-mitérios? As vítimas?

Por que ainda estamospresos? Éramos dezessete.Hoje somos apenas sete PMspresos.

Estamos presos por forçade somente um mandadode prisão da comarca deAlvorada do Norte. Umprocesso baseado apenasem denúncias anônimas einfundadas. Nenhuma tes-temunha nos reconhece.Não há provas.

O excesso de prazo daJustiça em nos julgar é de81 dias. Para todos os ou-tros PMs, o excesso de pra-zo foi concedido.

Para nós que ainda esta-mos presos não nos conce-de.Hoje faz 09 meses de pri-são. Não fomos presos emflagrante. Não somos con-denados. Temos direito deresponder nossos processosem liberdade como qual-quer outro preso.

Pedimos ajuda ao senhor.Precisamos voltar para

nossas casas.Estamos aqui na base de

remédios antidepressivos esoníferos.

Não somos bandidos.Nãorepresentamos perigo paraa sociedade.

O que pedimos ao Sr.é di-reito nosso! Responder nos-sos processos em liberdade.

O juiz de Rio Verde já re-vogou minhas outras duasprisões preventivas. Por quea Comarca da Alvorada e oTribunal não nos soltam.

Esse é o meu questiona-mento!

Se há grupos de extermí-nio, onde estão os outros?Por que somente nós aindaestamos presos? Há perse-guição em relação à minhapessoa?

Nos ajude,Sr.Batista.

Um abraço no Sr.!14/11/2011”Estou ciente de haver

entrado no beco sem co-miseração dos prejulgado-res que lavam as mãos nabacia de muitos Pilatos.Mas flamulo na bandeirada clemência o pano damisericórdia de Verônica,por outro filho de Deusque está sendo crucificadono lugar dos Barrabás sol-tos nos grupos de extermí-nio civis e militares. Intri-ga-me a indignação da-quela santa ira não contidano apedrejamento da Ma-dalena pelos que tambémagora não podem atirar aprimeira pedra no tenen-te-coronel Ricardo Rocha.

A premonição traz-menas tábuas da intuiçãoperceptiva os cravos dosmuitos fincados na cruzde Ricardo Rocha pormartelos das chefias mili-tares, das delegacias depolícia, da casta empresa-rial e da elite política, demedo de o tenente-coro-nel revelar em seu depoi-mento na Justiça os no-mes dos carrascos do gól-gota da corrupção que ar-maram em seu calvário.

A conspiração paramantê-lo confinado naAcademia da Polícia Mili-tar é de que fugirá se forposto em liberdade con-dicional. A trama zombado tirocínio acurado e sóinduz aos incautos da ló-gica que o tenente-coro-nel Ricardo Rocha evadiráse vier a ser posto em li-berdade vigiada. Um ab-surdo. Será a oportunida-de que lhe permitirá aprovar a sua inocêncianas culpas. Ele é as con-decorações de frente nassuas medalhas por hero-ísmo. Assumiu com ga-lhardia a autoria de todosos confrontos em que se-ria morrer e seria sair vivo.Não foragiu nem deixouna chapada os seis milita-

OPINIÃOPÚBLICADiário da Manhã 5

OPINIÃOPÚBLICAGOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 28 DE NOVEMBRO DE 2011

O original da carta de Rocha

Coronel Macário Major Alexandri

CONTINUA

Os que choram os filhos assassinados ao voltarem da escola

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OPINIÃOPÚBLICA

BATISTACUSTÓDIO

res que enfrentaram aoseu lado a resistência ar-mada das quadrilhas. Nãorecua nos confrontosnem avança nas execu-ções. Honra a farda em to-dos os limites da decênciapessoal e cívica.

A conjura para segurá-lona prisão evidencia a pre-ocupação de esticar otempo, a fim de ser dopa-do com psicotrópicos, quesão drogas legais necessá-rias nos surtos de transtor-no mental, desde que mi-nistrados por médicos psi-quiatras, com tratamentosfarmacológicos. Rocha es-tá sedado por soníferos ecalmantes no presídio daAcademia do quartel. Masse o efeito colateral dos re-médios não danificar a suaestabilidade psíquica, aoponto de justificar a argui-ção a sua insanidade, otestemunho em juízo dotenente-coronel RicardoRocha poderá ser, ao con-trário do entendimentoconvenientemente con-sensual, a salvaguarda domistério que angustia atantos. Levantará a capadas elites com real poderde ir encobrindo inocentese culpados do grupo de ex-termínio por trás da corti-na dos tempos até ao finalno esquecimento na me-mória da população.

Na figuração do grupo deextermínio da Polícia Mili-tar contracenam a coragemdos destemidos nos perigose a valentia perigosa dos co-vardes nas fraquezas.

Como no enredo e noelenco dos filmes, o queestá em cartaz no telão daopinião pública é a sérieCrime Organizado, e repri-sa-se a prática do mistériopara dar audiência. Os ato-res iniciam representandopapéis, uns como heróis,outros como bandidos, esó ao final é revelado o se-gredo da trama. Os que in-terpretavam os bandidos éque são os heróis e os queprotagonizam os heróis éque são os bandidos. Osheróis são PMs personifi-cados nos confrontos como crime organizado e osbandidos estão personali-zados nas execuções dogrupo de extermínio.

Na dramaturgia dos con-frontos, os militares tam-bém morrem alvejados aochumbo grosso dos mem-bros de quadrilhas. Dentretantas vítimas fardadas es-tão os tenentes AntônioCoelho, Alexandre AlencarLacerda Rosa, Daniel Dan-tas, Euler Deolindo JustinoFranco e José Albino Junior;os sargentos Divino AlbinoBatista, Josias Alves da Silva,Jean Clayton Gouveia Mo-reira, João Otto Correia,Paulo Ricardo de MouraRezende e Wermiton Emi-

lio Borges Taquary; os ca-bos Clodoaldo Vieira doNascimento, Luís Hipólitode Rezende, Marco AurélioSilva Santos, Sandro Andréde Souza, Sérgio Alves Fei-tosa e Robson da SilvaDourado; os soldados Ade-vone Mesquita, Célio Már-cio da Silva, ClaudomiroGerônimo Oliveira Freitas,Danilo Souza Campos, Ed-naldo Gonçalves dos San-tos, Edgar Elias da Silva, Ge-orgeton dos Passos Rodri-gues, José Filho Queiroz eTarcisio Caixeta Rodrigues.

Na tragichanchada dasexecuções, os policiais sãodublês bem ensaiados pa-ra figurar nos atos dos ce-nários com lugar marcadopelos artistas e só morremnas queimas de arquivodas películas os de má au-diência, como os que in-terpretaram mal as nove-las de Boadyr Veloso,Polyanna Arruda BorgesLeopoldino, Ilmar GomesMarçal, Túlio José Jayme,Fabrício Alves Costa e Sa-ne Pereira de Carvalho. Oespetáculo da sétima artenas execuções tem especi-ais que não foram ao ar nocasting de Camila LagaresLima, Murilo Soares Rodri-gues, Bruno Elvys Lopes,Adriano Souza Matos eMarcelo Mendonça.

Qualquer semelhançanos confrontos com asexecuções é mera coin-cidência. Mas toda se-melhança das execu-ções aparenta realida-de. E nenhuma seme-lhança dos confrontos érealista na aparênciacom as execuções.

Nos atores das execu-ções podem figurar ino-centes úteis como astrosfigurantes nos papéis dosautores da culpa. A filma-dora do tempo tem as câ-

maras ligadas. E nas auto-rias dos confrontos, as en-cenações dos fatos comosendo execuções estão re-tocadas na filmoteca nosatos do grupo de extermí-nio. O projetor do episó-dio tem câmaras ocultas eregistra tudo. Quando fo-rem exibidos e compara-dos nas telas os dois fil-mes, todos constatarãoque as atuações heroicasdos confrontos, por ideal,não podem ser confundi-das com as ações bandi-das das execuções, porencomenda, do grupo deextermínio da Polícia quetem ligações com os quar-téis e com as delegacias.

O tenente Ricardo Rochanão peca no covil da ban-didagem suas medalhas.Batiza no altar do idealis-mo suas condecorações.

A verdade tem muitasfaces.

Uma delas está em di-versas estátuas nos monu-mentos erigidos aos liber-tadores por seus contem-porâneos compatriotas. Ea posteridade mostra quea História é neles a verda-de dos vencedores, tãocertamente como as tem-pestades das mudançasvão jogando ao chão asestátuas nos monumen-tos de todos os ditadores.

Outra face da verdade éatual em Goiás. E já estáriscando os traços da suasilhueta nos rascunhosdo grupo de extermínioda PM. Caso o tenente-coronel seja cerceado nodireito de contar a verda-de em juízo, então a man-cha das execuções queesconde bandidos nasfardas passará a ser oconfronto, à vista de to-dos, do grupo de extermí-nio da honra e da bravurado tenente-coronel Ricar-

do Rocha na estampa dosantigos Doutores da Leina civilização moderna.

Não clamo por absolvi-ção tendenciosa para Ricar-do Rocha. Rogo aos magis-trados libertarem da cela daAcademia Militar o tenen-te-coronel e possam enxer-gar os vultos, inteiros e cor-porificados em seu depoi-mento, que se movem àssombras nos casarões dogrupo de extermínio da Po-lícia Militar. E, assim, omagistrado teria praticadoum extermínio. Na honrado Ricardo Rocha.

O erro cria erros. Crimenão se lava com crime. La-va-se com a razão. Mortenão se lava com morte. La-va-se com a vida. Sanguenão se lava com sangue.Lava-se com remorso naconsciência. Choro não selava com lágrimas nosolhos. Lava-se com arre-pendimento no coração.Não se lava mentalidadecriminosa com pancadasno adulto. Não se lava a de-linquência com pancadasnas punições. Lava-se coma educação nas escolas.Não se lava a violênciacom balas. Lava-se com asideias da pacificação.

Não vim para essa supli-cação pública vendo a faceda verdade no meu rosto,mas o respeito à Justiça nacabeça. Estou finalizandoum artigo (VIAGEM ÀSCONSCIÊNCIAS MORTAS),com previsão de espaçopara 30 páginas no Diárioda Manhã, ilustrado comdepoimentos fornecidospor oficiais e informaçõesreveladoras de PMs sobre oque aconteceu nos quarté-is dos bastidores dos con-frontos com bandidos enas execuções.

Não é uma rasgadura outapação das tantas feridas,

mas a remoção de algumascicatrizes na pele para on-de estão os cortes no corpodos acontecimentos. Hácartas endereçadas a mim,quando estavam no presí-dio de segurança máximade Campo Grande, do co-ronel Carlos César Macário,do tenente-coronel Ricar-do Rocha, do major Ale-xandri da Rocha Almeida, einformações sigilosas dascausas da desmotivaçãoem toda a corporação, co-mo também relatos de sol-dados, cabos e sargentosdescrevendo momentosem que só faltam apanharao abordarem um mem-bro do crime organizado.Ao invés de algemas nospunhos dos bandidos, a se-gurança pública está atadapela incompetência àsmãos das chefias das polí-cias Civil e Militar.

É tema para livro. Con-sagraria o autor nas edi-ções no mercado nacio-nal. O leitor se horrorizariacom a realidade superan-do as ficções nas páginas.

Dá filme épico. O es-pectador assistiria noscinemas um faroeste nacorrupção.

O leitor e o telespecta-dor conscientizar-se-iamque o tragicômico dospersonagens aquarteladosna clandestinidade é a ra-mificação da corrupçãonos quintais do poder elastrada nos terreiros dasociedade brasileira. Ou serouba no poder ou se rou-ba no povo. Ou se é rouba-do dos dois lados.

O Rocha é rocha no ca-ráter de simplicidade sin-gular e de pudor plural.

Lilian Garcia Rocha, Jordana Garcia Rocha, Raquel Garcia Rocha e o jornalista na biblioteca

OPINIÃOPÚBLICA Diário da Manhã6 GOIÂNIA, SEGUNDA-FEIRA, 28 DE NOVEMBRO DE 2011

Estão dopando o tenente-coronelRicardo Rocha com psicotrópicos

no presídio da Polícia Militar