Olhar Reflexivo Sobre a Aprendizagem de Leitura
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OLHAR REFLEXIVO SOBRE OS CONTEXTOS DE ENSINO: A
APRENDIZAGEM DA LEITURA
Mônica de Araújo Saraiva (PG-UNIOESTE/CAPES)
RESUMO: O presente trabalho é parte integrante de estudos e pesquisas articuladas ao
Projeto Formação Continuada para Professores da Educação Básica nos anos iniciais:
ações voltadas para a Alfabetização em Municípios com Baixo IDEB da Região Oeste
do Paraná, do Programa de Pós-graduação Stricto Sensu em Letras, que atendeu ao
Edital 038/2010 – CAPES/INEP – do Observatório da Educação, no qual está vinculado
nosso projeto de pesquisa em andamento intulado Ações de mediação no trabalho com
os gêneros discursivos em uma turma do 2º ano do ensino fundamental. O processo de
alfabetização/letramento é guiado pela especificidade do momento, a aquisição da
escrita e a inserção da criança nas práticas sociais mediadas pelo código. Diante isso,
nos deparamos constantemente com inúmeros desafios: é possível alfabetizar letrando?
Como conduzir o trabalho nas séries iniciais de forma a possibilitar a apropriação da
leitura a partir de seus usos sociais? Frente a esses questionamentos, que tanto
inquietam os professores que atuam em turmas no processo inicial de
alfabetização/letramento, nos propomos a elencar alguns aspectos relacionados à leitura,
almejando um diálogo entre a teoria e a prática com o objetivo de contribuir com a
atuação desses profissionais, e consequentemente, com a melhoria da qualidade de
ensino. Nesse sentido, respaldaremos nossas discussões fundamentando-as a partir de
leituras de Bakhtin (2004), Marcuschi (2008), Kleiman (1995), Solé (1998) entre outros.
Para isso, faremos uso de um plano de trabalho aplicado em uma turma do segundo ano
do Ensino Fundamental de uma escola da rede municipal do Oeste do Paraná por meio
da metodologia da pesquisa-ação.
PALAVRAS-CHAVE: alfabetização/letramento; processos de ensino e aprendizagem;
leitura.
INTRODUÇÃO
Segundo Freire, “para que a educação não fosse uma forma política de
intervenção no mundo era indispensável que o mundo em que ela se desse não fosse
humano” (FREIRE, 1996, p.111). Dessa forma, compreendemos que o ambiente escolar
e o trabalho em sala de aula propriamente dito devem ser compreendidos como espaço
privilegiado de reflexão e interlocução, pois como seres humanos somos constituídos,
em um movimento ininterrupto e dialético, como sujeitos históricos e sociais a partir da
interação com o outro e com o meio.
Nesse sentido, compreendemos que nesse espaço, não há lugar para um sujeito
emissor e receptor, e sim para sujeitos locutores e interlocutores que se dialogam entre
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si mediados pelos diferentes usos sociais da linguagem, seja ela verbal ou não verbal,
oral ou escrita. Assim compreendendo, destacamos a importante atuação do professor
no processo de alfabetização/letramento1, como agente mediador da cultura,
possibilitando ao aluno a apropriação da leitura e da escrita. Dessa forma, destacamos a
importância dessa aprendizagem no seio de uma sociedade letrada, pois esses usos da
linguagem possibilitam o acesso à cultura humana e possibilita a intervenção, atuação e
interação social com o outro.
No que se refere a essas práticas sociais mediadas pela escrita, compreendemos
que elas se organizam para atender a uma necessidade de interação com o outro. Diante
isso, Cagliari (1998) afirma que quem escreve, não age por acaso, mas guiado por uma
intencionalidade que só se realiza mediante a leitura e compreensão pelo outro. Nesse
contexto, o autor também esclarece que “para ler um texto escrito é preciso, antes de
tudo, saber decifrar o que está escrito” (CAGLIARI, 1998, p. 62). Essa decifração, por
sua vez, não ocorre naturalmente, pois se faz necessário um processo de ensino e
aprendizagem.
Esse processamento da leitura, segundo Kleiman (2000), ocorre a partir de
conhecimentos linguísticos, textuais e enciclopédicos, por parte do leitor, para assim
atribuir sentido ao texto e possibilitar a relação dialógica com o outro. Dessa forma, nós
professores que atuamos nos anos iniciais enfrentamos constantes desafios, tais como:
como possibilitar ao aluno a apropriação da leitura, favorecendo sua atuação nas
práticas sociais mediadas pela escrita? Buscando ampliar essas discussões, organizamos
o presente texto inicialmente refletindo sobre o processo de alfabetização/letramento.
Em seguida, elencaremos alguns aspectos relacionados ao processo de ensino e
aprendizagem da leitura e escrita nas séries iniciais. Feito isso, abordaremos algumas
práticas de leitura na escola, para, então, finalizar o texto com algumas considerações
sobre a importância da organização de um trabalho contextualizado envolvendo os usos
socais da linguagem em sala de aula. Passemos, então, a refletir sobre o primeiro
aspecto citado.
1 ALFABETIZAÇÃO/LETRAMENTO: REFLETINDO SOBRE OS
CONCEITOS
1 Iremos nos referir desse modo, pois compreendemos que alfabetização e o letramento são
processos intrinsicamente ligados.
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Viver em uma sociedade letrada requer uma compreensão e a apropriação de
conhecimentos básicos inerentes a essa cultura. Nesse contexto, reconhecemos que, para
isso, não é necessário ser alfabetizado para participar de práticas sociais que envolvem a
cultura da escrita. Uma criança, muito antes de ir à escola, interage socialmente e passa
a reconhecer a função de um material escrito, bem como a compreender as diferentes
funções da escrita em nossa sociedade sem estar necessariamente alfabetizada.
Com relação a esse comportamento, reportamos-nos a Vygotsky (1996), para
quem “o homem é uma criatura social, e as condições socioculturais o modificam
profundamente [...]” (VYGOTSKY, 1996, p. 220). Compreendemos, dessa forma, que,
ao interagir socialmente com o meio a sua volta, a criança participa das práticas sociais,
que são mediadas por signos, e passam a compreendê-los dentro de um contexto de uso
e reconhecem que essa cumpre com uma função social.
No entanto, sabemos que, para interagir de forma mais plena nessa cultura, faz-
se necessária à aquisição de mecanismos que regem a convencionalidade da escrita, pois
somente assim é possível atuar como locutor e/ou interlocutor nas práticas sociais com o
outro. Assim, entendemos que, para isso, faz-se necessário que “os processos naturais,
transformam-se em processos complexos constituídos como resultado de uma influência
cultural e como resultado de interação ativa com o meio ambiente” (VYGOTSKY,
1996, p. 219). Esse processo, por sua vez, ocorre por meio de um trabalho intencional e
planejado, que possibilite a criança a sua aprendizagem e desenvolvimento por meio da
apropriação da cultura escrita, haja vista que a cultura da escrita é resultante de um
trabalho histórico e social do gênero humano; logo, sua aquisição, por sua vez, também
perpassa por essa mediação com o outro.
Para tanto, compreendemos que é na escola que se torna possível essa
transformação de conhecimento natural e informal para conhecimento cultural, por meio
da tomada de consciência sobre a organização e convencionalidade da escrita,
favorecendo aos alunos a interação com o outro por meio da produção e leitura. O fato
se justifica por várias razões, entre elas a que “a prática da escrita exige atividades de
reflexão e de objetivação da linguagem e do sistema linguístico” (DOLZ, CAGNON,
DECÂNDIO, 2010, p.15), portanto, para isso, é importante desenvolver os processos de
ensino e de aprendizagem, pois quem escreve tem por objetivo a realização da leitura, e
por meio dela ser compreendido.
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Nesse sentido, Tfouni (1995) afirma que o processo de alfabetização “refere-se à
aquisição da escrita enquanto aprendizagem de habilidades para a leitura, escrita e a
chamadas práticas da linguagem. Isso é levado a efeito, em geral, por meio do processo
de escolarização e, portanto, da instrução formal” (TFOUNI, 1995, p. 9). Dessa forma,
segundo a autora, a escrita é o resultado da cultura humana e seu processo de ensino e
de aprendizagem dessa, ocorre por meio da alfabetização e do letramento. Esse processo
consiste na socialização, transmissão e apropriação desse conhecimento pelos sujeitos
neles envolvidos.
Segundo Soares (2000), a condição de ser alfabetizado se correlaciona à
capacidade de ler e escrever, enquanto ser letrado representa a capacidade de participar,
em diferentes contextos, de situações envolvendo os usos sociais da leitura e escrita,
compreendendo e interagindo socialmente de forma direta ou não. Para a autora, os
níveis de letramento são diretamente relacionados aos contextos de uso da leitura e
escrita entre os sujeitos. Nesse sentido, ela destaca que, ao contrário da alfabetização,
que impõem uma única condição social - ser ou não ser alfabetizado, o letramento é
muito mais amplo, pois o fato de ser analfabeto não significa não ser letrado, mas
impossibilitado de exercer algumas atividades em que os usos da leitura e escrita são
mais acentuados. A esse fato, Tfouni (1995) esclarece que não existe a condição, ou
nível, de letramento zero, mas sim níveis diferentes, baixos e altos, que impõe
condições diferentes na participação social dos sujeitos.
Com relação ao fato, Soares (2000) assevera que esses níveis de letramento
trazem implicações sociais, culturais, políticas, econômicas entre outras, por estarem
relacionados à marginalização social que impediu o sujeito de ser alfabetizado. No
entanto, essa condição não o exclui totalmente das práticas letradas, como o fato de se
interessar pela leitura de um livro realizada por outra pessoa, solicitar a leitura ou escrita
de uma correspondência, pois, na cultura em que vivemos, é praticamente impossível
sobreviver sem envolver-se com determinadas situações. Nesse sentido, um adulto ou
uma criança, mesmo não sendo alfabetizados, passam a compreender as funções e usos
sociais da escrita em função de necessidades específicas de interação.
Diante isso, compreender as implicações do processo de
alfabetização/letramento significa ampliar as possibilidades de aprendizagem e
desenvolvimento do aluno desde o início de sua escolarização por meio de processo de
ensino e aprendizagem, a partir das práticas sociais mediadas pela leitura e escrita, as
quais abordaremos a seguir.
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2 O PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM DA LEITURA E ESCRITA
NAS SÉRIES INICIAIS
Ao considerar os processos de alfabetização na perspectiva do letramento,
convém pensar e planejar as ações do processo de ensino e de aprendizagem a partir das
práticas sociais existentes em nossa sociedade, pois esse trabalho deve compreender os
contextos de usos a partir da funcionalidade da escrita.
Dessa forma, Soares (2000) esclarece que a apropriação da leitura e da escrita,
associadas à participação nas práticas sociais que requerem essas habilidades, possibilita
uma aprendizagem significativa, haja vista que ser letrado ultrapassa os limites da
apropriação do alfabeto ou do registro do próprio nome, pois compreende a participação
e interação com o outro, mediados pelos usos sociais da linguagem.
Nesse contexto, compreendemos que se faz necessário refletir sobre o processo
de ensino aprendizagem da leitura e da escrita nas séries iniciais, possibilitando ao aluno
a ampliação do seu conhecimento, considerando sempre as práticas sociais em que ele,
desde o seu nascimento, já participa tornando, assim significativo o seu processo de
escolarização.
Com relação a isso, Bortoni-Ricardo (2010) nos chama atenção para o fato de
que “estamos inseridos em uma sociedade cada vez mais centrada na escrita”
(BORTONI-RICARDO, 2010, p. 52). Diante isso, segundo a autora, emerge a
necessidade para além dos domínios da leitura e da escrita, pois a situação exige que
atuemos socialmente por meio desse conhecimento. Desse modo, o processo de ensino e
de aprendizagem deve ser planejado e organizado, tendo em vista as diferentes práticas
sociais mediadas pela escrita.
Nesse contexto, Bortoni-Ricardo (2010) esclarece que “é tarefa da escola
desenvolver atividades que propiciem que os estudantes progridam em relação ao
desenvolvimento de habilidades leitoras ao longo da Educação Básica” (BORTONI-
RICARDO, 2010, p. 53). O fato requer um planejamento que favoreça esse
desenvolvimento por meio de atividades e ações que possibilite ao aluno estabelecer
relações de significação no trabalho com os diferentes textos que circulam socialmente,
relacionando o seu conhecimento de mundo e a sua participação nas práticas letradas
aos conhecimentos linguísticos e textuais presentes.
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Em se tratando de turmas no processo de aquisição da leitura e escrita, esse
trabalho deve ser voltado a diferentes aspectos, que vão desde a compreensão da função
social da escrita até à aquisição do código e à apropriação dos conhecimentos inerentes
à cultura letrada, possibilitando ao aluno, gradativamente, a aprendizagem e
desenvolvimento da leitura e produção, ou seja, promovendo sua autonomia frente à
participação ativa nas práticas sociais de letramento. Com relação a isso,
compreendemos que esse trabalho deve partir de estratégias básicas como a
decodificação da escrita, pois conforme Solé (1998)
No leitor experiente as habilidades de decodificação automatizam-se e
só se tornam conscientes em certas ocasiões - por exemplo, quando
encontramos um texto manuscrito com letra tortuosa, enquanto o leitor
aprendiz precisa utilizar tais habilidades com grande frequência, no
contexto da busca do significado (SOLÉ, 1998, p.60)
Assim sendo, se faz necessário a organização e planejamento de ações, que
possibilitem a apropriação, consciente, desse mecanismo de decifração pelo aluno,
favorecendo gradativamente a sua atuação e interação por meio da cultura letrada.
Dessa forma, compreendemos que esse momento inicial de inserção da criança na
participação ativa nas práticas mediadas pelo uso social da escrita deve compreender um
trabalho sistemático, promovendo progressivamente a sua autonomia na interação com
o outro por meio do domínio da convencionalidade do código. Os encaminhamentos,
em sala de aula, devem representar a construção de sentido na relação dialógica com o
outro, mediado por situações contextualizadas para que, assim, o processo de
escolarização e de ensino e de aprendizagem ganhe significações para o aluno. Esse é o
momento em que a criança passa a compreender e, gradativamente, torna consciente as
práticas sociais em que a escrita se faz presente, apropriando-se do código escrito e
dando início a sua atuação como locutor e interlocutor social por meio do uso da escrita.
Enfim, conforme nos afirma Solé (1998) , “aprende-se a ler e a escrever lendo e
escrevendo, vendo outras pessoas lerem e escreverem, tentando e errando, sempre
guiados pela busca do significado ou pela necessidade de produzir algo que tenha
sentido” (SOLÉ, 1998, p.21). Nesse sentido, com a finalidade de ampliar as discussões
a respeito do processo de apropriação da escrita, por meio de um trabalho voltado ao
processo de alfabetização/letramento, abordamos, a seguir, aspectos relacionados às
práticas de leitura em sala de aula nas séries iniciais com a socialização de
encaminhamentos possíveis a partir da interação autor/texto/leitor.
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3 ALFABETIZAÇÃO/LETRAMENTO: UM OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS
DE LEITURA EM SALA DE AULA
Ao enfocarmos a atividade de leitura em turmas no processo de
alfabetização/letramento, deparamo-nos com a necessidade de refletirmos sobre as
diferentes concepções de leitura. Para isso, recorremos a teóricos que versam sobre a
temática, como, por exemplo, Marcuschi (2008), Coracini (1995), Kleiman (2000), Solé
(1998), Castela (2009) entre outros, pois acreditamos que a clareza teórica por parte do
professor contribui na organização consciente de encaminhamentos de forma
consciente, no trabalho com a leitura em sala de aula, colaborando, assim, positivamente
para o ensino.
Com base nessas leituras destacamos, brevemente, alguns aspectos relacionados
às concepções de leitura dentro de uma perspectiva histórica, considerando as diferentes
abordagens, direcionando o foco à leitura e à compreensão textual.
Castela (2009), ao trazer para a discussão as concepções de leitura, destaca que
estas podem ter como foco o texto (concepção ascendente), o autor (concepção
descendente) ou a interação texto/autor/leitor (concepção interacional).
De acordo com a autora, a abordagem ascendente evidencia as marcas da
concepção estruturalista. Nela, o texto ganha um espaço significativo, cujo papel do
autor consiste em produzir o texto codificando as informações, cabendo, então, ao
interlocutor decodificá-las. Caso os resultados não respondam aos objetivos, evidencia-
se atuação ineficaz que pode ser de responsabilidade do locutor ou do leitor. O fato se
justifica por diferentes motivações, tais como: a) no ato de produção, o autor pode
deixar de ser claro e omitir informações necessárias para a interlocução; b) o
interlocutor pode encontrar dificuldades no processamento das informações, tornando
assim impossível extrair a informação.
Nessa concepção, o foco da leitura está no texto, sua interpretação e
compreensão estão relacionadas diretamente ao processo de codificação e
decodificação, desconsiderando as possibilidades de atuação ativa e responsiva dos
sujeitos nesse processo para a construção de sentido. Com relação a isso, Castela (2009)
contrapõe afirmando que
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A leitura constitui um processo seletivo e ativo em que o leitor busca
no texto o que lhe interessa, podendo acionar significados diferentes
dos de outros leitores durante a leitura desse mesmo texto, ou a cada
releitura que se realize (CASTELA, 2009, p. 10).
Dessa forma, compreendemos que a atividade de leitura vai muito além que o
processo de decodificação, ou seja, apenas as informações contidas nos textos não são
suficientes para que se realize como tal. O fato passa a ser destaque dentro da
abordagem descendente, de ordem cognitivista, que tem como foco a atuação do leitor
no processamento da leitura, a partir dos conhecimentos que domina. Com relação a
essa abordagem, Castela (2009) afirma que
Mais do que o conhecimento linguístico, esse modelo valoriza o
conhecimento textual e, principalmente, o conhecimento de mundo do
leitor. Privilegia, portanto, o processo sobre o produto. Nessa
concepção, cada leitor constrói permanentemente uma representação
mental do mundo, armazenada em esquemas mentais que são
acionados pela leitura do texto (CASTELA, 2009, p. 18).
Assim, percebemos claramente uma mudança em relação ao papel do leitor. Esse
ganha um novo significado na atividade de leitura, isto é, o leitor passa a ser concebido
como um sujeito capaz de atuar no processo por meio de conhecimentos acumulado
anteriormente, o que lhe possibilita a construção de sentidos. Dessa forma, o leitor
ganha espaço para a participação, considerando como aspectos fundamentais o seu
conhecimento de mundo e as informações presentes no texto.
Já de acordo com a abordagem, fundamentada na concepção interacional, na
qual ancoraremos nossas discussões, apesar de considerar os aspectos aqui relacionados
como parte desse processo de construção de sentido na atividade de leitura interpretação
e compreensão de textos, essa relação se dá de forma global extrapolando os processos
de decodificação e interação com o texto. Nesse contexto, compreendemos que a leitura
acontece em um processo de múltiplas interações entre sujeitos e o texto, a partir de
uma prática social mediada pelo código escrito.
Nesse sentido, Koch (2009) destaca que “a língua não existe fora dos sujeitos
sociais que a falam e fora dos eventos discursivos nos quais intervêm e nos quais
mobilizam seus saberes [...]” (KOCH, 2009, p.44). Assim, compreendemos e
acreditamos que a escrita se realiza em função de um objetivo, um propósito definido
por meio de uma necessidade entre sujeitos históricos e sociais, é e a partir desse
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propósito que a atividade de leitura se realiza, na relação interacional entre o texto, o
leitor e o autor. Castela afirma que
Quando nos referimos a essa abordagem, podemos considerar vários
tipos de interação os quais dividimos em: (a) interação entre os
processamentos ascendente e descendente da informação ou interação
leitor e texto; (b) interação como comunicação entre leitor e autor; (c)
interação entre os diferentes tipos de conhecimento; (d) interação
entre o leitor e o outro e (e) interação com o outro e as condições de
produção do discurso (CASTELA, 2009, p. 18).
Assim, compreendemos que é a partir dessas múltiplas interações, situando o
sujeito em um contexto histórico e social que se torna possível compreender a interagir
por meio da leitura e escrita em uma sociedade letrada. Nesse sentido, tomamos como
ponto de partida o exposto por Bakhtin. Segundo o autor,
A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema
abstrato de formas linguísticas nem pela enunciação monológica
isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo
fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação
ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade
fundamental da língua. (BAKHTIN, 2004, p. 123).
De acordo com Bakhtin, compreendemos que, é na relação interindividual que
se torna possível à interação entre sujeitos. Dessa forma, os encaminhamentos no
trabalho com a leitura e a escrita devem tomar referência às ações sociais mediadas por
esses usos, que se materializam nos diferentes textos que circulam em nossa sociedade,
a partir da compreensão que é por meio da relação dialógica com o outro que eles se
justificam.
Segundo Pinheiro (2006), ao considerar a diversidade de textos que circulam na
sociedade e o processo de leitura de cada leitor, pode-se afirmar que os leitores usam
estratégias diferenciadas para compreendê-los. Assim, percebemos claramente que as
estratégias que usamos para a leitura de uma carta não é a mesma que usamos para a
leitura de um convite, um anúncio, entre outros textos.
Desse modo, compreendemos que por meio de um trabalho organizado a partir
dos diferentes gêneros discursivos que circulam socialmente torna-se possível um
processo de ensino aprendizagem significativo para a criança, pois eles justificam o
surgimento da escrita na história da humanidade e seus usos na atualidade em uma
cultura letrada. Igualmente, defendemos que a atividade de leitura e compreensão, nesse
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contexto, torna-se um elemento essencial na convivência social favorecendo ao aluno a
aprendizagem e a organização de estratégias de leitura de acordo com diferentes
propósitos de interação. Diante isso, Cagliari (2009) afirma que
[...] a criança que se inicia na alfabetização já é um falante capaz de
entender e falar a língua portuguesa com desembaraço e precisão nas
circunstâncias de sua vida em que precisa usar a linguagem. Mas não
sabe escrever nem ler. Esses são usos novos da linguagem para ela, e é
sobretudo isso o que ela espera da escola (CAGLIARI, 2009, p. 25).
Esses novos usos, por sua vez, necessitam intencionalidade e planejamento,
como no caso da leitura, pois ela possibilita e favorece a inserção social do aluno nas
práticas sociais e no acesso ao conhecimento, proporcionando maiores possibilidades na
interação social em uma cultura letrada. Para que o aluno possa se apropriar dos
conteúdos inerentes a essa cultura letrada, faz-se necessário um processo de
alfabetização que possibilite a aquisição do código a partir dos princípios do letramento
e isso só se torna possível a partir de um trabalho contextualizado.
Assim, o trabalho com o texto se torna imprescindível. Mas, “para ter acesso ao
texto, é preciso ter acesso ao seu código [...]” (SOLÉ, 1998, p.51). por isso, são
necessários processos de ensino aprendizagem que possibilitem ao aluno o acesso à
mensagem veiculada em determinado texto. Na busca de ampliar essas discussões
socializaremos a seguir um trabalho realizado com uma turma do segundo ano do
Ensino Fundamental a partir do gênero textual convite. A escolha do gênero a ser
abordado, foi em decorrência da possibilidade de explorar atividades de compreensão e
produção textual. Nesse momento, no entanto, detemo-nos apenas nos aspectos
relacionados à leitura e compreensão, considerando o fato que esse gênero faz parte da
realidade social dos alunos, pois desde cedo interagimos socialmente por meio de
convite com diferentes propósitos, tais como festa de aniversário, casamentos, reuniões,
entre outros.
A partir do momento que selecionamos o gênero a ser trabalhado, exploramos
com os alunos situações em que usamos a escrita com o propósito comunicativo de
convidar, bem como informações necessárias para cumprir com esse objetivo. Após o
momento inicial de reconhecimento, entregamos aos alunos o seguinte texto
representativo do gênero:
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FONTE2
Ao considerarmos a relação interacional entre leitor/texto/autor na atividade de
leitura e compreensão, faz-se necessário a clareza que nesse processo é fundamental
reconhecer que “a maneira como o autor deseja que fosse entendido seu texto,
recuperando o sentido do texto e as intenções do autor com base em marcas textuais”
(CASTELA, 2009, p. 27). Para isso, faz-se necessário reconhecer os sinais gráficos,
estabelecer as relações necessárias entre eles, tais como a relação fonema e grafema,
entre outros; construir significados a partir dessa decodificação e reconhecer a
intencionalidade da ação, ou seja, quem o produziu, porque o produziu e para quê o
produziu. Os significados são construídos a partir dessas múltiplas relações
estabelecidas entre sujeitos e a materialização do discurso.
Segundo Marcuschi (2008), “o texto se acha construído na perspectiva da
enunciação. E os processos enunciativos não obedecem a regras fixas” (MARCUSCHI,
2008, p. 77). Nesse sentido, o texto em questão carrega em si um propósito por meio da
construção de enunciados com a finalidade, divulgar, informar, persuadir e convidar,
para tanto se utiliza de uma organização interna envolvendo um antes e um depois com
a finalidade de provocar em seu interlocutor a adesão ao que se propõe.
Diante isso, Marcuschi destaca que “um dos aspectos, centrais no processo
interlocutivo é a relação dos indivíduos entre si e com a situação discursiva”
(MARCUSCHI, 2008, p. 77). Dessa forma, os enunciados, presentes nesse gênero,
2 http://gibarbosa1.blogspot.com.br/2010/08/modelo-de-convite-p-reuniao-de-pais-e.html
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tendem a coexistir entre si, para assim cumprir com o propósito comunicativo, tornar
público a realização de uma reunião e convidar os pais para participação. Com esse
objetivo, o interlocutor utiliza-se de uma sequência injuntiva com a pretensão de
mobilizar o seu interlocutor para a adesão.
Com relação à construção composicional, temos um título “reunião” em letras
maiores, o qual atua frente aos destinatários, mobilizando-os com relação ao tema,
seguido de um vocativo “aos senhores pais e/ou responsáveis”, a organização do
vocativo nos remete a uma situação de interação mais formal entre os interlocutores,
visto a esfera de produção e circulação. A partir daí, desencadeiam outros enunciados de
acordo com a função social, a qual o gênero se propõe, trazendo outras informações
necessárias ao processo interativo tendo em vista seus interlocutores, como a presença
da temática.
Nesse sentido, Coscarelli (2006) destaca que a organização de um texto pode
ocorrer a partir de recursos de topicalização e mecanismos de continuidade marcados o
grau de relevância, ou dando ênfase de acordo com a intencionalidade do propósito
comunicativo, esse fato é notável no convite como podemos observar. Nele há a
presença de uma organização topológica a partir de uma intencionalidade. Para isso, o
autor utiliza-se de recursos como, por exemplo, a caracterização das informações de
acordo com o tipo de letra utilizada (maior e menor), o destaque de períodos (uso de
negrito), ambos voltados à intencionalidade a que se propõe. Destacam-se a presença da
sequência tipológica predominantemente injuntiva, marcada por verbos no imperativo,
remetendo a marcas características do convite, e uma sequência de indagações em uma
função apelativa visando convencer o interlocutor para a causa. Há a presença da
sequência tipológica expositiva, fornecendo dados sobre o evento, como data, local,
informações importantes para a efetivação da prática social e a finalidade do convite.
Dessa forma, organizamos momentos para explorar com os alunos essa
construção do texto escrito e sua relação com a interação autor/texto/leitor por meio de
indagações como: Estaria a professora questionando os pais sobre o comportamento de
seu filho na escola? Será que ela realmente esperava obter deles a resposta a essas
perguntas? Quem poderia responder esses questionamentos? Qual sentido pode ser
construído pelo fato do convite ser em forma de indagações/questionamentos? Bem
como, analisar junto com o aluno o enunciado “como vai sua adaptação em nossa
escola?”.
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Na busca por confrontar as informações contidas, relacionando-as ao contexto da
sala de aula questionamos: se fosse entregue esse convite aqui na sala, para quem ele
seria? Por quê? Nesse momento é importante a atuação do professor como mediador no
processo de ensino e aprendizagem, possibilitando ao aluno o estabelecimento e uso de
estratégias de leitura, instigando o aluno a compreender os enunciados, pois a
construção em questão evidencia a existência de alunos novos em fase de adaptação na
escola. O professor, em seu privilegiado papel de mediador, deve sempre instigar o
aluno a ler e a compreender aquilo que esta lendo, indo além de uma simples
decodificação do que está escrito, construindo internamente a organização dessas
estratégias, estabelecendo uma interação em resposta ao propósito comunicativo.
No que se refere à argumentação presente no texto, Antunes (2010) afirma que
“existem elementos que servem como pistas para o reconhecimento de tais intenções”
(ANTUNES, 2010, p.10), sendo assim, ao analisar os recursos de linguagem usados na
construção do texto, tornam possível perceber as sequencia injuntivas atuando como
recursos argumentativos para mobilização dos interlocutores, construindo assim uma
significação na interação proposta.
Diante isso, Bakhtin (2004) afirma que “a significação pertence a uma palavra
enquanto traço de união entre os interlocutores, isto é, ela só se realiza no processo de
compreensão ativa e responsiva” (BAKHTIN, 2004, p.135). O fato nos mostra que por
mais que o processo de decodificação é necessário para a atividade de leitura e
compreensão, ela não é suficiente, pois a língua e seus usos sociais perpassam por uma
construção histórica, social e ideológica.
Com relação à abordagem ascendente, com foco no texto, o leitor precisará
recorrer a informações precisas no texto. Essa estratégia é usada por nós em diferentes
momentos na interação com o texto. No caso do convite, há dados extremamente
importantes e que estão explicitas no texto, caso contrário impossibilitará a interação
entre sujeitos. Com relação a isso, Solé (1998) afirma que
em primeiro lugar, que o ensino de estratégias para ter acesso ao texto
não é um fim em si mesmo, mas um meio para a criança poder
interpretá-lo. Em segundo, que na leitura, significado e decodificação
estão sempre presentes, porém seu peso é diferente em diversas etapas
da leitura (SOLÉ, 1998, p. 60).
Nesse sentido, faz-se necessário conduzir a criança a estabelecer estratégias
conscientemente, em compreender a importância das informações contidas no texto.
Com essa finalidade exploramos questões tais como: Qual é o motivo do convite? Para
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quem é o convite? Onde e quando acontecerá a reunião? Quem está organizando e
convidando?. Essa mediação, entre professor e aluno, possibilita evidenciar fatos
relacionados ao propósito comunicativo, frente a uma necessidade de interação entre os
sujeitos, fato esse que permeará a construção dos enunciados presentes.
Considerando o exposto por Koch e Elias (2010) “o sentido de um texto é
construído na interação entre sujeitos [...]” (2010, p.11). Diante isso, compreendemos
que o planejamento das nossas ações deve evidenciar e explorar questões pertinentes no
texto, relacionando-as à atuação do leitor na construção de sentido, visto que a leitura é
uma atividade complexa que envolve conhecimentos contextuais e contextuais,
conforme Marcuschi (2008). Nesse sentido, foi mediada uma análise abordando o
enunciado “Como seu pequeno tem se desenvolvido?”, questionando as crianças sobre o
significado assumido pelo termo “pequeno” e conferindo como foi possível chegar a
essa compreensão. Indagando, ainda, se existem outras formas de referir à criança sem
perder a intencionalidade, ou sem mudar o sentido do enunciado e quais as outras
possibilidades de uso do léxico em outros contextos.
Ao analisar o caráter social e ideológico da língua, não basta conhecer o sistema
linguístico utilizado, é preciso compreender a significação de cada elemento que
compõe o discurso, juntamente o contexto de produção e circulação da produção para
então, possibilitar a construção de sentidos por meio da leitura. Para isso, é necessário
acessar outros conhecimentos que temos interiorizado, para então construir sentidos,
pois só assim tornar possível cumprir com o propósito da interação.
No texto em questão, torna-se possível ir além dos padrões convencionais de
convites que circulam entre os alunos no dia a dia, favorecendo a exploração da
construção de cada enunciado em particular que o compõem e a construção de efeitos de
sentidos, promovendo uma maior familiarização com o gênero.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, compreendemos que não só é possível como é extremamente
necessário alfabetizar letrando, proporcionando ao aluno desde a sua inserção no
contexto educacional a compreensão da função social da leitura em nossa sociedade em
diferentes contextos de uso. Desse modo, estaremos possibilitando ao aluno extrair
informações a partir de textos que circulam socialmente, e assim, construir sentido.
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Segundo Cagliari, “essa procura das relações entre significado e significante é,
em outras palavras, saber como uma língua funciona e quais os usos que tem”
(CAGLIARI, 2009, p.26), e isso só se torna possível em uma atividade contextualizada,
a partir do momento que substituirmos a fragmentação do nosso objeto de ensino em
sala de aula. Nesse contexto, defendemos a ideia de que temos que direcionar nossas
ações para além da leitura de palavras, para, assim, explorar o seu significado dentro de
diferentes situações concretas de enunciação.
Quando tomamos os gêneros discursivos como ponto de partida e chegada para
o trabalho em turmas no processo de alfabetização/letramento, estamos contribuindo na
formação do aluno como um sujeito letrado.
Dessa forma, oportunizamos a eles a compreensão de que a construção de
sentidos entre os sujeitos envolvidos no contexto de produção e circulação, o locutor
(autor), o interlocutor (leitor) e o texto deve atuar mutuamente em função de um
propósito definido.
Essa compreensão, por parte do professor, favorece a organização do trabalho
com a leitura em sala de aula, possibilitando posteriormente aos alunos a conceber a
leitura e a escrita como resposta a uma necessidade no convívio social, e os efeitos de
sentidos produzidos no ato da enunciação, aspectos essenciais à prática do letramento.
Nesse contexto, cabe a nós professores(as) a mediação dos conhecimentos
inerentes à cultura letrada e à organização de estratégias de leitura que possibilitem aos
alunos a compreensão das características e conteúdos próprios da escrita, como
disposição gráfica da escrita no papel, recursos utilizados (acentuação, segmentação e
pontuação) e seu papel, como os elementos estruturantes do discurso e suas relações
com o estabelecimento de sentido, de acordo com a finalidade a que se propõe. Diante
isso, no que se refere à atividade de leitura, compreendemos que nossas ações devem ser
intencionais e planejadas, direcionando o aluno, continuamente e gradativamente, a
apropriação de estratégias que o possibilite construir sentido, permitindo assim sua
aprendizagem e desenvolvimento na interação com o outro por meio da cultura letrada.
Dessa forma, compreendemos que a atividade de leitura se realiza em uma
relação mútua de interação entre o texto e os sujeitos envolvidos de modo ativo e
responsivo, portanto necessita de encaminhamentos adequados e coerentes desde a
inserção do aluno em sua vida escolar. Assim estaremos possibilitando-o o aprendizado
de estratégias de leitura por meio de um trabalho contextualizado, envolvendo práticas
sociais de letramento.
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