OLHANDO O TERRITÓRIO A construção diária de vários olhares.

OLHANDO O OLHANDO O TERRITÓRIOTERRITÓRIO

A construção diária de vários olharesA construção diária de vários olhares

TERRITÓRIOTERRITÓRIO Um espaço determinado, uma extensão

geométrica; Onde vivem pessoas; Onde existem serviços, públicos e

particulares; Espaço de relação entre as pessoas; Espaço de relação entre pessoas e serviços; Espaço de relação entre os serviços; Onde as relações geram determinadas

situações; Situações que interferem na vida e na saúde

das pessoas;

RECONHECENDO O RECONHECENDO O TERRITÓRIO:TERRITÓRIO:A HISTÓRIA DO ZÉA HISTÓRIA DO ZÉ

Zé era um garoto como qualquer outro da sua idade, que ao chegar aos 18 anos começava a perceber que algumas mudanças estavam para chegar!

Mas a mudança que mais lhe assustava, era a de cidade. Isso mesmo... Zé estava prestes a ir para outro lugar.

Ele havia passado no vestibular para uma universidade que ficava longe da sua casa...

Lis

taV

esti

bu

lar


Esta é uma obra de ficção e qualquer semelhança com a

vida real é mera coincidência...


Como vou me virar sozinho?? E os meus amigos?? Onde vou comer?? Vou ter que limpar o

banheiro??

Pelo menos aqui tem muita festa e vou

poder sair sem avisar a mãe!!!M

apa

de

Tu

bar

ão


Nos primeiros dias de aula, Zé descobriu que não ficaria somente dentro da sala de aula, mas que também iria para a rua. Já

iria começar a praticar desde o início.

Como é que vai ser esse negócio de ir para um bairro?? Territorialização, nem vi isso no terceirão?? Pra onde eu vou??

Será que vai ser legal??

Pla

no

de

ensi

no


Zé ficou sabendo que iria para o bairro Monte Cristo, mas não tinha a mínima idéia

nem de que ônibus pegar pra ir pra lá!Foi se informar...

Alguém sabe onde fica?? Como é que é?? Dá pra ir de ônibus??

O que eu vou fazer lá??H

orá

rio

ôn

ibu

s


Nos encontros entre professores e alunos, o Zé descobriu algumas formas

interessantes de organizar o processo de territorialização, e conheceu alguns

conceitos novos.

Xer

ox

O primeiro passo para a territorialização são os passeios

ambientais, onde devem ser observados aspectos gerais e

específicos.

Depois deve-se buscar métodos para

levantar dados do território, como a

estimativa rápida (dados secundários, questionários, dados

primários e organização das

informações)


Então, o grupo de alunos e professores organizaram o início da territorialização a

partir dos passeios ambientais...

Que calor!!! Mas, vamos lá!!Que árvore é essa?? E

esses lixos aqui na rua?? Esse esgoto vem de onde?? Tem muito barulho aqui! Vou ter que subir esse morro???

Pro

teto

rS

ola

r


Depois do 1º passeio ambiental, o Zé e o resto da turma foram atrás de alguns

dados secundários para compreender algumas coisas que eles observaram nas

caminhadas...

Vou pesquisar na internet o tamanho da população lá do

território e ver se encontro mais alguma coisa... Acho que deve

ter tudo no Google!!

Eu

♥ o

Go

og

le

ÁREA 40 2.184hab.(14,9%)

ÁREA 41 3.080hab.(21,1%)

ÁREA 42 2.760hab.(19,0%)

ÁREA 43 3.273hab.(22,4%)

ÁREA 44 3.308hab.(22,6%)

População Total: 14.605

MONTE CRISTO

MONTE CRISTO

NOSSA SRA. DA GLÓRIA

NOSSA SRA. DA GLÓRIACHICO MENDES

CHICO MENDES

NOVO HORIZONTE

NOVO HORIZONTE

PROMORAR

PROMORAR

PANORAMA

PANORAMA

STA. STA.

TEREZINHA II

TEREZINHA II

NOVA NOVA

ESPERANÇA

ESPERANÇA

STA. STA.

TEREZINHA I

TEREZINHA I


Acho que agora temos que voltar a caminhar mais vezes

pelo território e observar novas coisas... O comércio, as

escolas, as associações, todas estas outras coisas que compõem os chamados

equipamentos sociais do território.

Dicio

nário


Aqui falta vaga na creche!!Eu não sei ler, não!!

Lá em casa ninguém trabalha!!Os políticos vêm aqui,

prometem, mas não fazem nada!

E o Zé continuava a caminhar pelo território. Já fazia isso há mais de 1 mês, e

agora já começava a perceber algumas falas das pessoas...

Ano

taçõ

es


E ao mesmo tempo que o Zé ia caminhando pelo território, tudo era

anotado e depois organizado e discutido com seus colegas... Afinal de contas, cada

um vê com olhos diferentes!!

Ano

taçõ

es

47% entre 0 e 19 anos

10% da população não alfabetizada de Fpolis

50% das famílias1-3 salários

Aprox. 3.000 pessoas não cadastradas no CS

300 crianças sem acesso à creche

41% residem em área de 41% residem em área de interesse socialinteresse social

Baixa renda familiarPrecariedade habitacionalPrecariedade da rede de infra-estruturaPrecariedade ambiental e áreas de riscoPrecariedade na posse da terraPrecariedade dos equipamentos e serviços urbanos


Nossa!! Tantas questões sociais e políticas que envolvem este território, como será que isto

afeta a saúde dos indivíduos??

Já haviam se passado quase 6 meses, mas as dúvidas não terminavam e sempre necessitava um novo olhar sobre coisas

novas e coisas já vistas...

Ano

taçõ

es

25% das mortes são por agressão por armas

A cada 1.000 NV, cerca de 40 morrem antes de 01 ano (4x maior que

Fpolis)

E destes, 20 morrem por

diarréia

2º maior registro de anorexia no

município

9% das cças consideradas desnutridas

59 cças no Hora de Comer

16 em cada 100 pessoas acima de 50 anos convivem

com HAS

5 em cada 100 pessoas acima de 50 anos convivem

com DM

5x mais casos de TB que a média

de Fpolis

15% dos NV com <2.500g

2 em cada 10 gestantes têm

menos de 20 anos

Mais de 30 acamados. E 10

em terapia nutricional

12% sem Aleitamento materno até

o 4º mês

35% com aleitamento

misto até o 4º mês


Nunca vi tanta ONG e tantos trabalhos voluntários... Isso

deve ter algum significado! Será que eles fornecem refeições

para as crianças que freqüentam estes lugares??

E cada vez mais o Zé queria saber mais... As histórias e as estórias já eram outras... A sua expectativa com relação ao lugar também... E já se passavam quase 8

meses...

Car

dápi

os

Cerca de 5.000 Cerca de 5.000 refeições produzidas refeições produzidas

nas instituiçõesnas instituições

Mais de 50 Mais de 50 manipuladores de manipuladores de

alimentosalimentos

Muitas pessoas não tinham o que comer ao longo do dia

A procura para tratamento da obesidade no Centro de Saúde

era enorme

E que as pessoas tinham dificuldade para se alimentar nos locais

de trabalho

Outras dependiam de cestas básicas doadas pelas ONGs e pelo

governo

Existiam poucas árvores frutíferas nas

ruas e poucas pessoas tinham hortas em casa


Vi muita coisa... O bairro que vi no primeiro dia é muito diferente do que me contaram lá no início e mais diferente ainda do que eu vejo hoje. Agora é hora de juntar todas as informações e

organizar os dados

Até que um dia as aulas acabaram... Não havia mais tempo para olhar mais.

Exc

el


Ao fim da territorialização, o Zé descobriu que este é um processo contínuo, que

nunca se esgota e que leva algum tempo para que se possa compreender a

comunidade.

Também percebeu que uma boa territorialização precisa de organização e

programação da cada uma das ações, pois são tantas as informações no território que

é fácil se perder...

Compreendeu que em um determinado momento, a territorialização precisa gerar alguma informação para que sirva para

alguma coisa.


Percebeu que todos os saberes que ele construía na universidade podiam ser

utilizados para compreender o território e que isso, tornava os estudos muito mais

interessantes.

E ainda, que a participação das pessoas que vivem no território no processo de

territorialização é fundamental, afinal de contas, elas possuem um importante saber

sobre a dinâmica daquele espaço

E por fim, entendeu que compreender o território depende da construção diária de

vários olhares.

E agora???

O que fazer com tanta informação?? Com tantos olhares?? Como construir

com a comunidade possibilidades de

mudanças??

OLHANDO O TERRITÓRIO A construção diária de vários olhares.

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