Enquanto Deus não está olhando

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ENQUANTO DEUS NÃO ESTÁ OLHANDO Autora: Débora Ferraz Gênero: Romance Página: 368 Editora: Record

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ENQUANTO DEUS NÃO ESTÁ OLHANDO

Autora: Débora Ferraz Gênero: Romance Página: 368 Editora: Record

Débora escreveu seu primeiro livro aos 13 anos e publicou aos 16 de forma independente, custeando a edição a partir dos cartões artesanais que fazia para vender no intervalo do Ensino Médio. A coletânea de contos ‘Os Anjos’ teve boa recepção crítica e lhe deu ampla repercussão, rendendo textos em revistas de circulação nacional. O currículo da escritora também inclui a publicação do conto ‘O Filhote de Terremoto’ na edição online da Revista Cult e sua adaptação para o cinema no curta-metragem ‘Catástrofe’. O texto também foi publicado na coletânea do Prêmio Sesc de Contos Machado de Assis – Edição 2012, em que ela foi uma das 13 finalistas.

Débora Ferraz nasceu em Serra Talhada (PE). Formada em Comunicação Social pela Universidade Federal da Paraíba(UFPB).

ENQUANTO DEUS NÃO ESTÁ OLHANDO

Dividido em três partes

I- A busca pelo pai que sumiu da clínica. A morte do pai é revelada para o leitor.

II- A aceitação do luto e o envolvimento amoroso com Vinícius.

III- Outra perda se mistura com a antiga: a morte do pai e a escolha de Vinícius deixando-a só para começar a viver.

ENQUANTO DEUS NÃO ESTÁ OLHANDO

Principais personagens

Érica: narradora-personagem, 24 anos, desenhista em busca de superação do luto. Conquistada pelo melhor amigo enfrenta duas grandes perdas: uma pela morte, outra por escolha do namorado.

Ela é uma garota complexa, e a confusão que toma conta de sua mente logo após a perda se reflete na estrutura do romance – Débora mescla passado e presente, a chegada da morte contada em um diário e os dias em que tenta levantar a vida, buscar inspiração para a pintura novamente ou então ter pelo menos um plano de sobrevivência no mundo.

“ Eu teria, finalmente que admitir que sempre o tinha achado bonito. A brancura limpa da pele, seu rosto de feições estreitas, barba de um dia, os olhos escuros e cílios pretos a contrastar. Tinha um corpo másculo, uns músculos pouco ostensivos no braço. Era isso. Ele era bonito, ora essa. Eu apenas não admitia.” (p. 288)

Aluízio Valentim: pai de Érica.

A mãe, o irmão, tia Rosa e os amigos: Guto, Caio e Fausto.

OUTROS PERSONAGENS

ENQUANTO DEUS NÃO ESTÁ OLHANDO

Érica Valentim é a narradora, uma jovem pintora de 24 anos. Ela está perdida, em busca de um pai que sumiu: um pai alcoólico que não a compreende e nem aprova sua escolha profissional. Na busca, ela é acompanhada por Vinícius, um velho amigo com quem não mantinha contato há cinco anos. No desespero, ela liga para ele, e ele a ajuda. Entretanto eles têm uma história mal resolvida. Enquanto procura o pai, Érica se preocupa com a forma como o pai irá reagir quando souber que ela transformou a garagem em ateliê. Mas ela nem teve chance de contar a novidade, pois antes disso ele sumiu de sua vida.

Aluízio, o pai, morreu. Restaram Érica, infeliz no seu emprego em uma agência qualquer de uma cidade no Nordeste, sua mãe, que alterna entre “dias ultra atarefados” enquanto em outros “nem sequer tira a camisola, e ter duplicado a quantidade de cigarros diários…”, e seu irmão mais novo, um adolescente sem muita participação na história que passa os dias vendo TV, “nessa espécie de autismo opcional que ele se enfiou”. Érica quer e não quer lidar com o assunto. Espera encontrar o pai nos bares na beira da praia como sempre acontecia antes de ele ir para o hospital, dizer pacientemente que estava na hora de parar, de ir para casa, de se recuperar.

O leitor percebe que no passado, Érica era uma filha preocupada com o pai, carente de aprovação, cheia de conflitos com a figura paterna que tenta, a todo custo, agradar e ser aceita pela escolha profissional que fez – Aluízio queria uma filha médica, apesar de ele odiar médicos. No presente, a figura masculina que lhe tira a concentração é Vinícius, seu jeito totalmente calculista e certinho, que não joga nada fora, que guarda tudo para si e planeja cada passo diário, tudo bem ao contrário do que Érica é. Aos poucos, conforme ela vai aceitando o novo círculo social que lhe rodeia o emocional de Érica se recupera, e ela vai aos poucos revelando o que, definitivamente, aconteceu com seu pai.

Érica é uma pessoa que se sente errada, quebrada. A morte do pai coloca a família em uma situação financeira complicada e, para uma garota da sua idade que ainda não sabe ao certo como ganhar dinheiro com o que gosta e o que fazer da vida, é um caos. A preocupação com o pai, no início, parece ter a ver com essa dependência financeira que a família tem dele – “ele é o principal provedor da casa” –, mas aos poucos Débora mostra que a relação pai e filha vai muito além. Tem a ver com aceitação, com orgulho de suas escolhas, com amar uma pessoa apesar de todos os seus defeitos.

Érica se envolve com Vinícius. Ele se apaixona primeiro por ela e uma amiga conta para Érica a qual parece não querer acreditar nem apostar num romance, pois teme perder a amizade de Vinícius quando o namoro, que nem começou, terminar. Entretanto, eles se envolvem e ela acaba se descobrindo muito apaixonada. O medo de se ferir era enorme, porém se entregou a essa experiência: “ Eu respirei fundo. A tristeza batia. Eu sentia que estávamos ali em um nó do qual nós dois, inevitavelmente, sairíamos feridos.” Da metade do romance para a frente Vinícius divide espaço igual com Aluízio. E aí se configuram duas perdas: uma passada e uma futura, pois ele está prestes a se mudar para o Sul do país, abandonando família, amigos e, claro, Érica.

Os trechos finais do romance são tensos e rápidos. A autora nos apresenta em blocos de texto que se alternam entre Érica e a mãe chegando ao hospital, o desfecho definitivo da história de Aluízio, e Érica e Vinícius a caminho da despedida.

O enredo acompanha os momentos prosaicos da perda: conviver com a antiga casa, procurar o pai em locais que se sabe que ele não está, voltar ao trabalho, recomeçar a sair com amigos. “Quando meu pai foi embora, a casa, subitamente, tornou-se obsoleta. Como se a decoração estivesse, agora, completamente fora de moda”, aponta, no início de um dos capítulos. O rumo dos acontecimentos é relativamente comum, e Débora procura construir um romance em que a tensão não se dá através das ações , mas do acúmulo de sensações.

Elaborar uma questão sobre esse texto e água viva.

I

II

III