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    Eso e Se Pb o Eso e Ms GesSee e Eso e Se e Ms Ges

    See Mp e Se e Beo Hooe

    OficinaS dE QualificaO da atEnOPriMria SadE EM BElO HOrizOntE

    O 3

    Beo Hooe, 2010

    teoo e dgso lo

    G o Geee e Pojeos(to)/fo

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco LocalOcinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    SUMRIO

    1. COMPETNCIAS............................................................................................................. 05

    2. OBJETIVOS................................................................................................................... 05

    3. ESTRATGIAS E ATIVIDADES......................................................................................... 06

    4. ESTRUTURA GERAL E PROGRAMAO........................................................................ 07

    1 Dia.............................................................................................................................. 08

    Avidade I. Introduo e Dinmica Inicial........................................................................08

    Avidade II. Reexo sobre as Primeiras Ocinas no Nvel Local.....................................08

    Avidade III. Alinhamento Conceitual sobre Informao e Diagnsco...........................09

    Atividade IV. Recortes Espaciais de Belo Horizonte: Histrico, Conceitos eOrganizao.......................................................................................................................14

    Avidade V. As Informaes Necessrias para Ateno Primria Sade em BeloHorizonte..........................................................................................................................20

    Avidade VI. O Diagnsco Local, o Distrital e o Municipal..................................................22

    2 Dia.............................................................................................................................. 36

    Avidade VII. Painel: Bases de Dados e Informaes para a Ateno Primria Sade em BeloHorizonte..........................................................................................................................36

    Avidade VIII. A Classicao das Famlias por Grau de Risco..........................................47

    Atividade IX. O Percurso do ACS e o Cadastro Familiar: Operacionalizao eDesenvolvimento..............................................................................................................54

    Avidade X. O Plano de Trabalho para o Perodo de Disperso...........................................59

    Avidade XI. Avaliao da Ocina.....................................................................................62

    Anexos...............................................................................................................................65

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    1. cOMPEtnciaS

    Ao nal desta ocina, espera-se que os parcipantes tenham desenvolvido

    capacidade para:

    Aplicar os conceitos de dado, informao, territrio e diagnsco na

    anlise das condies de sade e doena da populao local.

    Analisar a relao entre os recortes espaciais por territrios e a organizao

    da Rede de Ateno Sade em BH.

    Compreender a relevncia do diagnsco do territrio para tomada de

    decises e programao das aes de sade na Rede de Ateno Primria

    de Belo Horizonte.

    Caracterizar os pers territorial-ambiental, demogrco, socioeconmico

    e epidemiolgico da populao local, sob responsabilidade das equipes

    de sade.

    Relacionar a importncia das bases de dados e informaes do cadastro

    familiar para a classicao das famlias por grau de risco.

    Aplicar os conhecimentos adquiridos nesta ocina para planejar a

    atualizao do cadastro familiar, a classicao das famlias por grau de

    risco, o diagnsco local e a construo do novo modelo assistencial.

    2. OBJEtiVOS

    Este mdulo est estruturado para alcanar os seguintes objevos:

    Disnguir os conceitos de dado, informao, indicadores e diagnsco. Relacionar os conceitos de populao, territrio e situao de sade

    e doena para a organizao da Rede de Ateno Primria em Belo

    Horizonte.

    Apresentar o histrico da territorializao do municpio de Belo Horizonte,

    seus recortes espaciais e determinantes.

    Discur a importncia das bases de dados e informaes para a construo

    do novo modelo assistencial.

    Caracterizar as fontes de dados, indicadores e processos necessrios para

    a realizao do diagnsco local. Conhecer os pers territorial-ambiental, social,demogrco e epidemiolgico

    da populao local, sob responsabilidade das equipes de sade.

    Explicitar a importncia do cadastro e da classicao familiar para a

    programao das aes pelas equipes de sade da famlia.

    Demonstrar os critrios para classicao das famlias conforme o grau

    de risco.

    Exemplicar a classicao de uma famlia hipotca por grau de risco,

    usando o roteiro proposto.

    Planejar a atualizao dos cadastros e a classicao de risco das famlias,para cada equipe de sade da famlia.

    Planejar o perodo de disperso.

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    3. EStratGiaS E atiVidadES

    Esta ocina apresenta as aes recomendadas para compreenso do

    processo de trabalho para construo do diagnsco local e classicao de

    famlias, buscando a reexo sobre o conhecimento construdo no codiano

    do trabalho das equipes.

    As estratgias educacionais a serem desenvolvidas tm como objevo

    subsidiar os prossionais nas avidades a serem realizadas nos perodos

    de disperso e durante o exerccio de sua prca.

    Os trabalhos de campo, realizados no perodo de disperso, sero

    apresentados e avaliados no momento presencial da Quinta Ocina:

    Programao Local e Municipal.

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    1 dia

    Objevo:

    Apresentao de uma sntese das duas primeiras ocinas e da programao

    da Terceira Ocina.

    desevovmeo:

    Conduzir a dinmica inicial;

    Apresentar a sntese das duas primeiras Ocinas em Belo Horizonte;

    Apresentar a programao da Ocina 3, destacando como ela se relaciona

    com as duas ocinas que a precederam e com as ocinas que a sucedero.

    Objevo:

    Reer sobre os processos ocorridos nas ocinas locais.

    Desenvolvimento:

    Conduzir os parcipantes a uma reexo avaliava da situao atual aps

    as duas ocinas anteriores a parr dos principais pontos:

    A interao entre a equipe distrital e os facilitadores;

    A interao entre o facilitador e trabalhadores;

    A realizao da segunda ocina local;

    O Primeiro Seminrio das Ocinas de Qualicao da Ateno

    Primria.

    importante recuperar o que foi feito de relevante e como foram

    abordadas as possveis diculdades.

    ATIVIDADE I INTRODUO EDINMICA INICIAL

    Tempo esmado: 1 hora

    I I I

    . , :

    ATIVIDADE II REFLEXO SOBRE AS

    PRIMEIRAS OFICINAS NO NVEL LOCALTempo esmado: 1 hora

    I I I

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    TEXTO DE APOIO 1

    ALGUNS CONCEITOS ENVOLVENDO INFORMAO E

    DIAGNSTICO1

    Aps a realizao das duas primeiras ocinas, estamos comeando hoje

    a nossa terceira. Na primeira, ns discumos a Ateno Primria Sade

    (APS) e zemos uma avaliao de como est nossa Rede SUS, em BH.

    Fizemos tambm um plano para o fortalecimento da nossa APS.

    Na segunda ocina, zemos uma discusso de Rede Assistencial de

    Sade. Discumos os fundamentos para organizao dessa rede e seus

    elementos constuintes, que, como vimos, so trs: a populao; os pontos

    de ateno e o modelo. Ao falarmos de modelo, nos referimos a outra

    lgica de funcionamento dessa rede, ou seja, discumos um modo ideal

    de funcionamento.

    Nessa ocina, vamos comear a botar a mo na massa, no sendo de

    operar com essa proposta de modelo. Para isso, vamos comear fazendo um

    diagnsco da populao da rea de abrangncia de cada Centro de Sade.

    Por que precisamos fazer isto? Porque ns dissemos que o primeiro elemento

    da Rede a populao, e, para planejarmos e programarmos nossa ao, a

    m de cuidarmos dela, precisaremos conhec-la bem.

    Para fazer o diagnsco introduziremos alguns conceitos bsicos relacionados

    a esse tema.

    Para incio de conversa, o conceito de terrtorio. Ao nomearmos umterritrio, quer seja territrio-rea de abrangncia, territrio-municpio ou

    territrio-distrito sanitrio, fazemos um recorte, uma fronteira, a borda que

    o separa de outros territrios e, tambm, denimos um primeiro elemento

    dessa ideia: todo territrio tem... um agente, uma autoridade, no caso

    autoridade sanitria(individual ou coleva), responsvel por ele ( Distrito

    Sanitrio Pampulha, rea de abrangncia do Centro de Sade Itamaraty ou

    rea de responsabilidade da equipe amarela, por exemplo).

    Cabe a essa autoridade sanitria, dentro desse recorte territorial, reconhecer

    a dinmica da populao que ali habita e aqui est o segundo elemento do

    territrio. As relaes inseparveis entre objetos geogrcos naturais esociais(rios, plancies, morros, conjuntos habitacionais, pontes, rodovias,

    entre outros) e a vida que os preenche, relaes mediadas pelo trabalho

    e pela tcnica, produzem espacialidades que denem formas prprias

    de viver, com riscos e formas de proteo, prprios de grupos sociais que

    habitam em reas com as quais estabelecem relaes especcas.

    Assim, o territrio, enquanto processo, a arculao desses fatores: a

    dinmica das relaes, o limite geogrco e uma autoridade sanitria

    que pretende apreender essa dinmica e intervir. O diagnsco local

    aponta para essa dinmica territorial, para relaes que produzem eventos

    1 Texto elaborado por Max Andr e colaboradores. Max Andr mdico sanitarista, integranteda Equipe do Centro de Educao em Sade da SMSA e do Grupo de Conduo das Ocinas deQualicao da Ateno Primria em Belo Horizonte.

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    (nascimentos, adoecimentos, mortes) e recursos (associaes, relaes de

    solidariedade, equipamentos sociais) a serem apreendidos e abordados

    por uma autoridade sanitria.

    Um segundo conceito importante o diagnsco. Se desmembrarmos a

    palavra, temos que dia + gnsco. Diasignica atravs dee gnscovem de gnoses que signica conhecimento. Portanto, diagnsco,

    literalmente, pode ser entendido por atravs do conhecimento.Ou seja,

    estamos falando de uma ao baseada em um conhecimento.

    Para exemplicar: quando vamos a um mdico, antes de ele fazer um

    tratamento, ele faz um diagnsco, ou seja, ele precisa conhecer bem seu

    paciente, seus sintomas e sinais e conhecer a doena para que ele possa

    propor um tratamento (ao).

    No caso da equipe de sade da APS trata-se da mesma coisa. preciso

    conhecer a populao, quais so suas condies de sade e os riscos, para

    planejar e programar a ao.

    Podemos representar o que acabamos de falar com um esquema:

    CONHECIMENTO DECISO AO

    Nesta ocina, vamos tratar do diagnsco, para que, em uma prxima(5. Ocina), tratemos de programao.

    Prosseguindo na nossa conversa sobre diagnsco, vamos nos perguntar,agora: como fazer para produzir esse conhecimento?

    O conhecimento produzido a parr de informaes, e estas, por sua vez,so produzidas a parr dos dados.

    O que so informaes? Podemos dizer que a informao um dadointerpretado.

    um dado para o qual ns damos importncia e signicado.

    A informao somente ser l quando for usada para produzir um

    conhecimento sobre uma situao, com a nalidade de decidirmos o que fazer.

    O dado, por sua vez, como o prprio nome diz, est dado.Ele est presente nasituao. a parr dele que a informao produzida. Assim, podemos dizerque o dado a matria-prima da informao. O dado, para se transformar eminformao, dever ser tomado por um sujeito, individual ou colevo, que, aodar-lhe signicado e sendo, o transforma numa informao.

    Por exemplo, suponhamos que voc esteja interessado numa mulherou num homem. Ao perceber uma aliana na sua mo esquerda (dado),pode e deve interpretar esse dado, dizendo para si mesmo que a outra

    pessoa casada (informao). A parr da, considerando seus valores esuas experincias (conhecimento), voc ir decidir o que fazer...

    importante chamar a ateno para o fato de que perceber esse dado,

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    produzir a informao e o conhecimento aconteceram a parr de seu

    interesse naquela pessoa. Se ele no esvesse presente, provavelmente,

    voc nem perceberia a aliana na mo esquerda dela.

    Podemos, agora, ampliar nosso esquema anterior, incluindo os dados e a

    informao.

    TERRITRIO

    DADO

    INFORMAO

    CONHECIMENTO (DIAGNSTICO)

    DECISO

    PROGRAMADA

    SADE

    Ao iniciarmos um diagnsco, devemos nos perguntar o que queremos

    e precisamos saber. A parr da, deve-se escolher as informaes

    necessrias para dar respostas quilo que queremos saber. E, a parr

    das informaes selecionadas, denem-se quais os dados necessrios

    para produzir essas informaes e quais as fontes que vamos usar para

    obtermos estes dados.

    assim que funciona: para cuidarmos da sade da populao de nossa

    rea de abrangncia, temos que produzir aes de sade efevas, e para

    produzir essas aes temos que fazer uma boa programao, e para

    fazer esta programao temos que fazer um bom diagnsco. Para isso,

    precisamos de dados e informaes.

    No caso especco desta ocina, para fazermos nosso diagnsco,

    precisamos de dois pos de informaes (produtos). Primeiro, a classicao

    de risco das famlias e, segundo, uma linha de base com informaes e

    indicadores sobre a situao de risco e condies de sade dos usurios.

    Para produzir essas informaes, ns iremos trabalhar com diferentes

    fontes de dados.

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    alguns conceitos bsicos que julgamos necessrios: dados, informao,

    indicadores e diagnsco.

    Objevos:

    Compreender o histrico da territorializao em Belo Horizonte;

    Idencar os recortes espaciais do municpio e seus determinantes;

    Analisar a relao entre os recortes espaciais e a organizao da Rede

    de Ateno Sade em BH.

    Desenvolvimento:

    Formar um crculo com todos os parcipantes;

    Construir com os parcipantes a histria de territorializao de Belo

    Horizonte, ulizando tarjetas e destacando os seguintes aspectos:

    Como os territrios foram construdos, e a parr de quando?

    Quais os determinantes dos recortes espaciais do municpio?

    Sintezar os principais conceitos do grupo;

    Orientar a leitura do texto de apoio 2: Os territrios de sade em

    Belo Horizonte.

    ATIVIDADE IV RECORTES ESPACIAISDE BELO HORIZONTE: HISTRICO,CONCEITOS E ORGANIZAO

    Tempo esmado: 1 hora

    I I I

    . , :

    Orientaes As perguntas desta avidade per-

    mitem analisar como se d o atualprocesso de territorializao no

    municpio e conferir se a formaatual de trabalho est de acordocom o referencial.

    Aps o relato dos grupos, faa umasntese nal, indicando os pontosfundamentais da territorializaoem BH. As principais questesdiscudas nesta avidade seroremedas ao Painel: Bases de Da-dos e Informao para a AtenoPrimria em Belo Horizonte.

    Nesta avidade e nas prximas

    importante que o tutor/facilita-dor consiga estabelecer uma liga-o com os assuntos das ocinasanteriores (por exemplo: O diag-nsco do territrio dos Centrosde Sade j comeou a ser feito aparr da Anlise da APS na OcinaI. A populao um dos elementosconstuvos das redes de ateno- Ocina II).

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    TEXTO DE APOIO 2

    OS TERRITRIOS DE SADE EM BELO HORIZONTE2

    Belo Horizonte foi inaugurada em 12 de dezembro de 1897, planejada paraser uma capital moderna, centro do poder do Estado de Minas Gerais. Oprojeto urbansco previa em sua organizao trs setores: a rea urbana,limitada pela Avenida do Contorno, com traado moderno, terrenos amplos,infraestrutura completa, espao para empresrios, polcos, execuvos e,tambm, para o aparelho de apoio a esses cidados; a rea suburbana, comtraados e urbanizao bem mais exveis, desnada futura expanso dacidade, que serviria de residncia para os homens comuns; e a rea rural,reservada para ser o cinturo verde da cidade.

    Desde os primrdios no se levou em conta a necessidade de uma polcapblica de habitao e ocupao do solo voltada para o desenvolvimento detoda a cidade. Os sucessivos governos preservaram a rea central, permindoque, nas demais, a expanso se realizasse de forma desordenada. Assim, aolongo das dcadas, dezenas de loteamentos passaram a ser comercializadosna rea suburbana, depois na rea rural e, com a industrializao, tambm noentorno, abrindo caminho para a metropolizao.

    Nos anos 1980, com o processo de industrializao consolidado, registrava-se uma trgica estasca: um em cada quatro habitantes de Belo Horizontemorava em vilas e favelas. A industrializao, alm de no desempenharum papel transformador, consolidou as diferenas na ocupao do espaourbano da capital.

    Ao nal dos anos 1980, inicia-se uma srie de polcas pblicas quebuscava a inverso de prioridades na capital: maiores invesmentos ondese encontravam as maiores necessidades; uma nova formulao de aese uma nova dinmica de governo que esmulasse a parcipao populare a democrazao das polcas sociais.

    No setor sade, isso signicou o alinhamento com o Sistema nico de Sade(SUS), recm-legalizado na Constuio de 1988, que nha como estratgiaprincipal a municipalizao. A municipalizao aqui entendida como a

    transferncia para o municpio do poder de gesto dos servios de sade, atento centrado nos rgos estaduais e federais sediados no seu territrio, ea construo de um novo modelo de ateno sade.

    Foram denidas uma srie de polcas pblicas de sade que deslocaramo eixo de alocao dos recursos pblicos para ampliao da coberturada ateno sade e da busca da equidade. Essa nova lgica admiaque a histria da formao da cidade havia criado espaos onde exisamgrupos sociais com diferenas importantes no acesso aos servios de sade,

    congurando pers epidemiolgicos e problemas de sade diferentes.

    Tendo, ento, como ponto de parda a base territorial/populacional

    com o enfoque de risco epidemiolgico, deu-se incio ao processo de

    2 Texto construdo a parr do Documento SUS-BH: Cidade Saudvel: Plano Macro-estratgico -Secretaria Municipal de Sade Belo Horizonte 2009-2012,Mimeo, SMSA/PBH, 2009

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    Territorializao ou Distritalizao da Sade em Belo Horizonte. A

    territorializao vem sendo ulizada como estratgia geral para construo

    do modelo de ateno sade em Belo Horizonte desde 1989.

    Esse processo entende que a insero espacial de uma populao em dado

    territrio resulta de diferentes processos econmicos e produvos e conduza diferenas marcantes nas condies de vida e morte e tambm nas suas

    formas de organizao e recursos desenvolvidos. Ou seja, considera que,

    numa determinada sociedade e num dado momento, existem processos que

    podem melhorar ou deteriorar o estado de sade das pessoas, conforme a

    ao sobre os fatores que lhe so determinantes.

    Para isso, fez-se necessria a construo de uma nova resposta aos problemas

    de sade, referenciada pelo conceito ampliado de sade, para alm da

    ausncia de doena. Essa nova prca sanitria vem sendo denominada

    vigilncia sade e composta de trs eixos: o territrio, os problemas

    de sade e a intersetorialidade, segundo Mendes, 19933.

    O conceito de territrio bastante complexo e vem sendo trabalhado por

    diferentes correntes da geograa e de outras cincias. O territrio pode ser

    denido como um espao em permanente construo, produto de uma

    dinmica social em que se tensionam sujeitos sociais colocados em situao, na

    arena polca (Mendes, 1993, p. 166). Essa concepo do territrio-processo

    transcende a sua reduo supercie-solo e s suas caraterscas geosicas,

    para instuir-se como um espao em permanente construo.

    Em Belo Horizonte, o Territrio-Municpio foi dividido em nove Distritos

    Sanitrios, correspondendo s reas administravas da Prefeitura, as

    Secretarias de Administrao Municipal Regional. Ou seja, a rea de cadaSecretaria Regional coincide com o territrio de cada Distrito Sanitrio,

    que engloba todos os equipamentos de sade ali existentes, incluindo os

    servios contratados e conveniados. Um Distrito Sanitrio pode congurar

    um Subsistema local de sade.

    O Territrio-Distrito por sua vez, dividido em reas de Abrangncia

    dos Centros de Sade, compostas por um conjunto de setores censitrios

    conguos. A denio das reas de abrangncia, que cobre toda a populao

    do municpio, tambm foi feita a parr de 1989, como parte do processo

    de Territorializao, e sofre atualizaes anuais ou quando da construo

    de novos Centros de Sade.A parr de 1998, a Secretaria Municipal de Sade construiu um indicador

    composto denominado IVS: ndice de Vulnerabilidade Sade, conhecido como

    Indicador de Risco. Esse ndice associa indicadores de base populacional do

    IBGE, tais como moradia e renda, com indicadores da sade. Esse ndice foi

    revisado em 2003, a parr das informaes do Censo do IBGE 20004.

    O valor nal do IVS varia entre zero e um e aplicado em cada

    setor censitrio do municpio. Como expressa um atributo negavo

    a vulnerabilidade sade de uma populao , quanto maior seu valor,

    3 No contexto desse texto os termos Vigilncia Sade, Vigilncia da Sade e Vigilncia emSade sero usados como sinnimos, apesar das questes e debates conceituais envolvidas nessecampo do saber.4Mais informaes sobre o IVS podem ser obdas na Intranet da SMSA no endereo: hp://intranet.smsa.pbh (Biblioteca).

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    pior a situao da populao naquele setor censitrio, ou seja, mais

    vulnervel para adoecer e morrer. Atravs do IVS 2003 foram denidas

    quatro categorias de risco de adoecer e morrer no municpio: risco baixo

    (28,0% da populao), risco mdio (38,0% da populao), risco elevado

    (27,0% da populao) e risco muito elevado (7,0% da populao).

    FIGURA 1: Distribuio dos setores censitrios, segundo o ndice de Vulnerabilidade

    Sade, Belo Horizonte, 2003.

    Esse ndice foi ulizado para toda a reordenao e rearmao do SUS-

    BH, nos lmos anos, direcionando a implantao da Estratgia de Sadeda Famlia a parr de 2002, que cobre atualmente as populaes de risco

    mdio, elevado e muito elevado.

    Com a implantao das Equipes de Sade da Famlia, dois novos recortes

    espaciais foram feitos: a rea de atuao da ESF, um conjunto de setores

    censitrios dentro da respecva rea de abrangncia, e as Microreas,

    um conjunto de moradias de responsabilidade de cada ACS.

    A parr de agora um novo olhar sobre essas famlias ser construdo,

    classicando-as por grau de risco. Essa classicao leva em conta o

    prprio IVS e a insero no Programa Bolsa Famlia como fatores derisco socioeconmicos e as condies de sade como critrios clnicos.

    A classicao tem como objevo o direcionamento dos esforos e

    recursos das equipes, tais como frequncia de visitas domiciliares e de

    atendimento buscando o princpio da equidade5.

    A Figura 2, a seguir, apresenta uma sntese dos territrios de sade

    em Belo Horizonte. Essa diviso territorial foi associada ao ndice de

    Vulnerabilidade Sade (IVS), conforme apontado anteriormente.

    5A classicao de famlias por grau de risco objeto da Ocina 3: Territorializao e DiagnscoLocal e apresentada em detalhes na Avidade VIII.

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    FIGURA 2: Territrios de Sade no SUS-BH

    importante ressaltar que todos os recortes so conjuntos de setorescensitrios, com exceo da microrea. Ou seja, ao desenhar o territrio

    dos distritos sanitrios, das reas de abrangncia e das reas de equipe,

    so respeitados os limites dos setores censitrios. Esse determinante foi

    importante por permir, ao longo do tempo, a compabilizao dos dados

    do IBGE com os Sistemas de Informao em Sade, prprios e nacionais.

    Quanto s microreas, o limite de setor censitrio pode ser rompido e/ou

    ultrapassado. Entretanto, o conjunto de microreas de uma equipe deve

    corresponder ao conjunto de setores censitrios daquela equipe.

    Quanto cobertura assistencial, populao de Baixo Risco estsendo proposto o mesmo ndice (IVS 2003) para caracterizar melhor a

    vulnerabilidade dessa populao.

    Assim, os setores censitrios classicados com Baixo Risco (826 setores

    em todo o municpio) sero tambm estracados em subcategorias.

    Para a populao do Baixo Risco residente nos setores mais vulnerveis

    prope-se um cadastramento universal sob a forma de um muro.

    Os prossionais a serem envolvidos nesse muro sero alocados

    especialmente para essa tarefa, podendo ser de categorias prossionais

    disntas, tais como estagirios ou auxiliares administravos. O cadastro

    ter o mesmo instrumento e metodologia do Censo BH Social, que cobre

    as outras categorias de risco (mdio, elevado e muito elevado). A parr

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    do cadastramento, do conhecimento do perl epidemiolgico e da

    classicao por grau de risco das famlias sero denidos o nmero e a

    composio das Equipes de Sade da Famlia (ESF) necessrias.

    Para a populao do Baixo Risco residente nos setores menos vulnerveis

    a estratgia ser diferente. A populao-alvo desses setores ser

    idencada por meio de dois determinantes: famlias residentes em

    domiclios de risco ou famlias/indivduos que j ulizam a Ateno

    Primria do SUS-BH. So exemplos de domiclios de risco: idosos morando

    sozinhos, famlia com alguma criana desnutrida ou inserida no Programa

    Bolsa Famlia, entre outros.

    As famlias idencadas sero cadastradas por um ACS, em um modelo

    semelhante ao PACS.6 O cadastro ter o mesmo instrumento e metodologia

    do Censo BH Social, que cobre as outras categorias de risco. A parr do

    cadastramento, do conhecimento do perl epidemiolgico e da classicao

    por grau de risco dessas famlias sero denidos o nmero, a composio e

    o formato das ESF necessrias para cobertura dessa populao.

    REFERNCIAS

    ALMEIDA FILHO, Naomar. O conceito de sade: ponto cego da epidemiologia. Revista

    Brasileira de Epidemiologia. 2000, v. 3, n. 1-3.

    ESCOLA DE SADE PBLICA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Implantao do Plano

    Diretor da Ateno Primria Sade: Redes de Ateno Sade . Belo Horizonte,

    2008, ESP-MG.

    MENDES, Eugnio Vilaa et al. Distrito Sanitrio. O processo social de mudanas das

    prcas sanitrias do Sistema nico de Sade. So Paulo: Hucitec, 1993.

    MENDES, Eugnio Vilaa et al. A organizao da sade no nvel local. So Paulo:

    Hucitec, 1998.

    MENDES, Eugnio Vilaa et al. Os sistemas de servios de sade: o que os gestores

    deveriam saber sobre as organizaes complexas. Fortaleza: Escola de Sade Pblica

    do Cear, 2002.

    NAJAR, Alberto Lopes (Org.). Sade e espao: estudos metodolgicos e tcnicas de

    anlise. Rio de Janeiro: Fiocruz, 1998.

    ORGANIZACIN PANAMERICANA DE LA SALUD/ORGANIZACIN MUNDIAL DE LA

    SALUD (OPS/OMS). Redes Integradas de Servicios de Salud: Conceptos, Opciones

    de Polca y Hoja de Ruta para su Implementacin en las Amricas , Washington

    OPS/OMS, 2008.

    REIS, Afonso Teixeira et al. Sistema nico de Sade em Belo Horizonte. Reescrevendo

    o Pblico. So Paulo: Xam VM, 1997.

    SILVA, Slvio Fernandes (Org.). Redes de Ateno Sade no SUS: o pacto pela sade e

    6 O Programa de Agentes Comunitrios de Sade hoje considerado parte da Sade daFamlia. Nos municpios onde h somente o PACS, este pode ser considerado um programade transio para a Sade da Famlia. No PACS, as aes dos agentes comunitrios de sadeso acompanhadas e orientadas por um enfermeiro/supervisor lotado em uma unidadebsica de sade. Disponvel em: hp://dtr2004.saude.gov.br/dab/atencaobasica.php

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    redes regionalizadas de aes e servios de sade. Campinas, IDISA: CONASEMS, 2008.

    STARFIELD, Brbara.Ateno primria: equilbrio entre necessidades de sade, servios

    e tecnologia. Braslia, UNESCO/Ministrio da Sade, 2002.

    SECRETARIA MUNICIPAL DE SADE DE BELO HORIZONTE. 2 Seminrio da Ateno

    Bsica do SUS-BH. Avanos, perspectvas e desafos do novo modelo em Belo

    Horizonte. Belo Horizonte, Livro de Resumos, Secretaria Municipal de Sade, 2007.

    TURCI, Maria Aparecida (Org.)Avanos e desafos na organizao da Ateno Bsica

    Sade em Belo Horizonte. Belo Horizonte, Secretaria Municipal de Sade de Belo

    Horizonte: HMP Comunicao, 2008.

    Objevos:

    Idencar fontes, dados e informaes necessrias para a construo

    do diagnsco local;

    Idencar os principais indicadores para cada ciclo de vida ou condiosistmica;

    Discur a necessidade de levantamento de dados/informaes para

    construo dos diagnscos.

    Desenvolvimento:

    Formar grupos. Escolher um coordenador e um relator;

    Dividir os grupos por ciclo de vida e/ou condio sistmica: criana,

    adolescente, gestante, adulto, idoso;

    Cada grupo dever discur e preencher a Matriz 1, apresentando de um

    a trs indicadores escolhidos por ciclo de vida que poderiam compor o

    diagnsco local;

    Socializar com todo o grupo os indicadores apresentados, retomando

    os conceitos: dado, informao, indicador, conhecimento e diagnsco;

    ATIVIDADE V AS INFORMAESNECESSRIAS PARA ATENO PRIMRIA SADE EM BELO HORIZONTE

    Tempo esmado: 45 minutos

    I I I

    . , :

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    MATRIZ1

    DIAGNSTICOLOCAL:INDICAD

    ORESNECESSRIOS

    POrQuE

    iMPOrantE

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    Objevos:

    Conhecer o roteiro para o diagnsco e monitoramento local, o distrital

    e o municipal;

    Discur a forma de obteno de dados para construo dos diagnscos;

    Compreender as principais aes necessrias para construo dos

    diagnscos.

    Desenvolvimento:

    Recuperar a diviso dos grupos realizada na avidade anterior ciclo de

    vida ou condio sistmica;

    Ler o texto de apoio 3: Roteiro para o diagnsco local, distrital e

    municipal;

    Analisar a Matriz 2: Diagnsco Local;

    Relatar na coluna 6 os comentrios ou as observaes relevantes

    pernentes a cada indicador;

    Preencher a matriz, socializar com o grupo os resultados, construindo

    uma sntese da turma.

    TEXTO DE APOIO 3

    ROTEIRO PARA O DIAGNSTICO LOCAL, DISTRITAL E

    MUNICIPAL7

    O Diagnsco Local rene as principais informaes para que as equipesde sade conheam o territrio e a populao residente sob a sua

    responsabilidade. Por isso de fundamental importncia para que a

    equipe possa programar as aes de sade, monitorar as suas aes e, a

    seguir, avaliar o impacto destas aes na situao de sade.

    A parr do conjunto de informaes construdas por cada um dos Centros

    de Sade, ser construda a situao de sade dos Distritos Sanitrios e

    do municpio: os Diagnscos Distritais e Municipal. Para os Diagnscos

    Distritais e Municipal, alm do perl construdo pelos Centros de Sade, sero

    acrescidas outras informaes coletadas no nvel distrital e no municipal.

    7Adaptado do Manual da APS. SES de Minas Gerais, 2007 (no prelo)

    ATIVIDADE VI O DIAGNSTICO LOCAL,O DISTRITAL E O MUNICIPAL

    Tempo esmado: 1 hora e 30 minutos

    I I I

    . , :

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    RESULTADOS ESPERADOS:

    Conhecer o perl demogrco, social epidemiolgico e assistencial

    por ciclo de vida nos diversos recortes espaciais do municpio de Belo

    Horizonte. Objevos:

    A Matriz 2: Diagnsco Local apresenta um cardpio de indicadores

    para a Ateno Primria Sade de Belo Horizonte. Os indicadores

    epidemiolgicos e assistenciais foram organizados por ciclo de vida ou

    condio sistmica e classicados por po: monitoramento, programao

    e diagnsco.

    Esse cardpio ser a base para a discusso sobre Monitoramento e

    Contrato de Gesto (Ocina 6). Os indicadores classicados como

    Programao sero a base informacional para a quinta Ocina(Programao Local e Municipal), e os indicadores classicados como

    Diagnsco e Monitoramento sero abordados tambm na Ocina de

    Vigilncia em Sade.

    O SIS-REDE e os outros Sistemas de Informao da SMSA esto recebendo

    os ajustes necessrios para a construo da base de dados para esse

    cardpio de indicadores.

    OPERACIONALIZAO:

    1- DIAGNSTICO LOCAL

    Fase preparatria:

    As Ocinas Locais, encontro de toda a equipe, so o momento oportuno

    para apropriao e organizao do processo de diagnsco local:

    Signicado e objevo do diagnsco local;

    Importncia do diagnsco local para a programao das aes das

    equipes na sua rea de responsabilidade.

    Denir os responsveis e o cronograma de cada etapa.

    Fase de levantamento de dados:

    A Matriz 2 apresenta os dados e as fontes necessrios para cada indicador.

    Os dados devero ser organizados por rea de abrangncia do Centro de

    Sade, desagregando-os por Equipe de Sade da Famlia sempre que possvel.

    Como avidade da fase de disperso da Terceira Ocina, a equipe de

    cada Centro de Sade dever conduzir, com apoio da equipe distrital, o

    levantamento dos dados existentes: Sistemas de Informao Epidemiolgicos

    (SIM, SINASC, SINAN), SISREDE (Pronturio Eletrnico, ango Sade em

    Rede) ou Formulrios de Produo (Fnix), entre outros;

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    Coletar os dados de forma processual, seguindo a Matriz 2, com destaque

    para os indicadores de programao, como preparao para a quinta ocina

    que acontecer ao nal de junho de 2010.

    Fase de anlise e apresentao do diagnsco:

    Durante o processo, realizar encontros com toda a equipe do Centro de

    Sade para apresentao e discusso dos dados coletados.

    Comparar os dados com os parmetros existentes e analis-los.

    Ao nal, elaborar um relatrio do diagnsco local da rea de abrangncia

    do Centro de Sade.

    O diagnsco dever ser discudo e conduzido de forma conjunta com o Distrito

    Sanitrio correspondente, que o ulizar na elaborao do diagnsco distrital.

    2- DIAGNSTICO DISTRITAL

    Fase de levantamento de dados distritais:

    A parr dos produtos construdos pelas equipes de sade dos Centros

    de Sade, elaborar processualmente os indicadores que iro compor o

    diagnsco distrital.

    A maioria dos dados requeridos para o Diagnsco Distrital correspondem

    somatria dos dados dos diagnscos locais das equipes de sade. Outros

    dados devem ser acrescidos a parr dos sistemas de informao e deoutros registros.

    Os dados devero ser organizados seguindo os pers territorial, social

    epidemiolgico e assistencial, considerando o territrio do distrito e as

    reas de responsabilidade das unidades de sade.

    Fase de anlise e apresentao dos dados:

    Durante o processo, realizar encontros com a equipe distrital, envolvendo

    as diversas gerncias, para apresentao e discusso dos dados coletados. Comparar os dados com os parmetros existentes e analis-los.

    Elaborar um relatrio do diagnsco distrital de sade. Apresentar o

    resultado para os demais tcnicos da Secretaria Regional e para o Conselho

    Distrital de Sade.

    3- DIAGNSTICO MUNICIPAL

    Fase de levantamento de dados municipais:

    A parr dos produtos construdos pelos Distritos Sanitrios, elaborar

    processualmente os indicadores que iro compor o diagnsco municipal.

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    A maioria dos dados requeridos para o Diagnsco Municipal correspondem

    somatria dos dados dos diagnscos distritais. Outros dados devem ser

    acrescidos a parr dos sistemas de informao e de outros registros.

    Os dados devero ser organizados seguindo os pers territorial, social

    epidemiolgico e assistencial, considerando o territrio total do municpio.

    Fase de anlise e apresentao dos dados:

    Comparar os dados com os parmetros existentes.

    Apresentar e discur os dados coletados com o Colegiado Gestor da SMSA.

    Elaborar um relatrio do diagnsco situacional de sade do municpio.

    Orientaes Reforar aos parcipantes que

    essas avidades propem umasrie de aes que buscam cum-prir os objevos das Ocinas deQualicao da Ateno Prim-ria em Belo Horizonte e, por isso,so consideradas essenciais atodo o processo.

    A aplicao desses instrumentospelas equipes dos Centros deSade fundamental, pois com-pletar o diagnsco e o conhe-cimento da situao de sade no

    nvel local.

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    MATRIZ 2-A

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    MATRIZ 2-B

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    2 dia

    Objevos:

    Abordar a congurao dos diversos bancos de dados existentes na

    SMSA-BH;

    Discur avanos e desaos dos sistemas de informao da SMSA-BH, a

    parr do trabalho codiano das equipes dos Centros de Sade;

    Compreender a importncia das bases de dados e informaes para a

    construo do novo modelo assistencial;

    Apresentar as propostas para qualicao das bases de dados e

    informaes para a Ateno Primria em Belo Horizonte.

    Desenvolvimento:

    No painel haver a exposio dialogada de um ou dois representantes

    do nvel local, um representante do nvel distrital e um representante do

    nvel central (GTIS, GEEPI ou Gerncia de Planejamento);

    Cada apresentador ter 20 minutos para apresentao do tema e deve

    ser reservado 40 a 60 minutos para discusso com os parcipantes;

    Ler o texto de apoio 4: Os sistemas de informao em sade (SIS) e

    a incorporao de tecnologia da informao (TIS) em Belo Horizonte.

    ATIVIDADE VII PAINEL: BASES DEDADOS E INFORMAES PARA AATENO PRIMRIA SADE EMBELO HORIZONTE

    Tempo esmado: 2 horas

    I I I

    . , :

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    TEXTO DE APOIO 4

    OS SISTEMAS DE INFORMAO EM SADE (SIS) E A

    INCORPORAO DE TECNOLOGIA DE INFORMAO (TIS) EM

    BELO HORIZONTE

    8

    A Organizao Mundial da Sade (OMS) dene um Sistema de Informao

    de servios de sade como aquele cujo propsito selecionar os dados

    pernentes a esses servios e transform-los na informao necessria

    para o processo de decises, prprio das organizaes e dos indivduos que

    planejam, administram, proveem, medem e avaliam os servios de sade.

    O sistema que produz a informao intervm em trs grandes setores:

    onde se originam os dados, onde so processados e onde so avaliados.

    O objevo chegar a concluses sobre o grau de aproximao das

    avidades executadas com os parmetros de referncia existentes, para

    que se possa tomar a deciso mais apropriada. Na prca, ca muito

    dicil delimitar o campo das informaes em sade. Adotando o conceito

    ampliado de sade, tambm devem ser entendidas e consideradas

    informaes em sade, aquelas acerca de alimentao, moradia,

    saneamento, etc., ou seja, acerca das condies de vida e trabalho.

    Entretanto, ao longo das lmas dcadas, observou-se que as instuies

    responsveis pelos cuidados de sade trabalham com informaes que

    partem dos registros de dados vinculados presena ou ausncia de

    doenas. Essa evoluo objeto da prxima seo, que se inicia a seguir.

    Um pouco da histria dos SIS no Brasil

    A estruturao da rea de sade no Pas levou criao de SIS com

    caracterscas diferentes: de um lado os sistemas com caracterscas

    epidemiolgicas e, de outro, os sistemas vinculados produo de servios.

    Essa diviso pode ser relacionada aos dois blocos predominantes

    vinculados rea de sade:

    (1) o ango Ministrio da Previdncia Social (MPAS)/INAMPS, que estruturou

    seus sistemas de informaes norteado por uma lgica contbil, quantava

    e centralizadora, elegendo como evento bsico de interesse o procedimento

    mdico;

    (2) o Ministrio da Sade, que ao longo de sua histria organizou os

    sistemas de informao com uma racionalidade campanhista, criadora de

    programas vercalizados, voltados para determinados agravos ou grupos

    de risco (Moraes, 1994).

    8 Texto organizado por Sibele Ferreira, Salime Hadad, Neuslene Rivers, Sandra Mitraud e JaneteFerreira, Equipe da Gerncia de Tecnologia da Informao em Sade GTIS e do Grupo de Conduodas Ocinas de Qualicao Ateno Primria em Belo Horizonte. Secretaria Municipal de Sade deBelo Horizonte SMSA-BH

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    Ou seja, a lgica prevalecente nos SIS fruto da prpria estruturao e

    evoluo histrica da organizao das polcas pblicas de sade no Pas.

    Para aprofundar esse entendimento, fundamental conhecer as origens

    dessa lgica, na tentava de compreender os determinantes do atual

    estrutura informacional do setor sade.

    A dcada de 1970 foi um momento histrico de industrializao veloz,

    com pesados invesmentos estatais, urbanizao acelerada e elevada

    concentrao de rendas. Esse cenrio aumentou a capacidade de arrecadao

    e nanciamento do sistema previdencirio e salientou a necessidade de

    acesso aos servios de sade.

    Inicia-se a implantao do modelo mdico-assistencial-privasta, o Plano

    de Pronta Ao (PPA), de 1974, que prope a ulizao de toda a capacidade

    instalada, tanto pblica quanto privada, a contratao de pracamente

    todos os leitos assistenciais, e de laboratrios e outros servios de diagnosee terapia.

    Em decorrncia, surge a necessidade de um controle mais apurado das

    contas apresentadas por essa rede hospitalar, na tentava de acompanhar

    nanceiramente os servios prestados.

    realizado o primeiro esboo de Sistema de Informao em Sade arculado

    nacionalmente, sob a responsabilidade do Ministrio da Previdncia e

    Assistncia Social (MPAS/INAMPS), com o objevo de subsidiar o sistema

    de pagamento das contas hospitalares. Em 1976/77 criado o Sistema

    Nacional de Controle e Pagamento de Contas Hospitalares (SNCPCH), tendo

    como instrumentos de acompanhamento e controle a Guia de Internao

    Hospitalar (GIH), futuramente denominada Autorizao de Internao

    Hospitalar (AIH), e a Tabela de Honorrios Mdicos para os atos prossionais,

    cujos valores eram expressos em unidades de servio (US).9

    Esse sistema, pioneiro dentro do arcabouo instucional do MPAS/INAMPS,

    passa a coexisr com outras informaes relavas ao setor sade originada

    de registros nacionais de sade e censos estascos em execuo desde

    1948, sob a responsabilidade do IBGE.

    Nesse mesmo perodo, o Ministrio da Sade realiza a 1a. Reunio Nacional

    sobre Sistemas de Informao em Sade, em Braslia de 17 a 21 de novembrode 1975 sobre trs temas: 1) a situao das informaes em sade no

    Brasil; 2) perspecvas para o futuro e 3) o modelo para o subsistema de

    informaes sobre mortalidade.

    estabelecido o documento padro para a Declarao de bito (DO) para

    todo o Pas e criado o Subsistema de Informaes sobre Mortalidade (SIM).

    Aprovado o modelo nico de declarao de bito e declarao de bito

    fetal (implantado em 1976).

    9Cumpre ressaltar que, no SNCPCH, a prpria unidade prestadora comunicava o volume de serviosexecutados, independentemente de avaliao de capacidade operacional, recursos tecnolgicos ehumanos e de adequao da rea sica. Portanto, essa forma de pagamento, baseada nas US, nopermiu um controle do volume de recursos gastos com uma unidade assistencial prestadora deservios, como ser discudo adiante.

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    O primeiro Subsistema de mortalidade foi elaborado com a colaborao da

    Faculdade de Sade Pblica/USP, da Secretaria de Sade do Estado do Rio Grande

    do Sul, da Diviso Nacional de Epidemiologia/MS e da Fundao SESP/MS.

    Nessa mesma dcada, o Ministrio da Sade cria o Ncleo de Informca

    da Secretaria Geral com a misso de desenhar e implementar o Sistema deInformaes de Sade (SIS). Ainda em 1967, com o objevo de realizar a

    avaliao dos nveis de sade da populao e a coordenao e superviso

    das aes de vigilncia epidemiolgica, em todo o territrio nacional, o

    Ministrio da Sade estrutura o Sistema Nacional de Informaes para

    a Vigilncia Epidemiolgica, que foi o precursor do atual Sistema de

    Informao de Agravos de Nocao (SINAN).

    A dcada de 1980 caracterizada pelo exacerbamento das contradies

    do modelo mdico-assistencial-privavista. A profunda crise do Estado,

    expressa pela conturbao das relaes econmicas e sociais, pela dvida

    externa e pelo incio da globalizao, representa o pano de fundo pararealizao de uma mudana de modelo.

    Em 1981, constudo o Conselho Consulvo de Administrao de Sade

    Previdenciria (CONASP), que prope, entre outras medidas, a implantao

    de um novo sistema de contas como base de pagamento mdico, em

    substuio s US (Unidades de Servio), que no permiam o desejado

    controle dos pagamentos realizados.

    Nesse momento histrico, na tentava de coibir as fraudes detectadas no

    sistema anterior (SNCPCH), realizado um invesmento signicavo de

    recursos para a estruturao de um sistema nacional de informaes em sade,

    objevando o controle do pagamento das internaes hospitalares do setorprivado. So criados a Empresa de Processamento de Dados do Ministrio

    da Previdncia e Assistncia Social (DATAPREV) e o Sistema de Informao

    baseado no procedimento mdico, denominado Sistema de Assistncia Mdico-

    Hospitalar da Previdncia Social (SAMHPS/AIH). O sistema torna-se, com o

    correr da dcada, o maior banco de dados relavo ao setor sade no Pas, com

    um ndo carter de controle, fortemente centralizado e de acesso restrito.

    Desde janeiro de 1991, o SAMHPS/AIH, que passou a se chamar SIH-SUS,

    a nica modalidade de remunerao/nanciamento direto, com recursos

    federais, de internaes hospitalares vigente no Pas. Alm disso, representa

    a nica fonte regular, com amplitude nacional, sobre morbidade hospitalar.

    Ocorrem, ainda na dcada de 80, a interao das aes de sade, atravs

    das Aes Integradas de Sade (AIS), a implantao do Sistema Unicado e

    Descentralizado de Sade (SUDS), a realizao da VIII Conferncia Nacional

    de Sade e a elaborao do captulo de sade da Constuio de 1988, que

    dene a criao do Sistema nico de Sade (SUS).

    A lei 8080, de 1990, dene como princpios norteadores do SUS:

    O direito informao, para pessoas assisdas, sobre sua sade;

    A divulgao de informaes quanto ao potencial dos servios de sade

    e sua ulizao pelo usurio;

    O acompanhamento, avaliao e divulgao do nvel de sade da

    populao e das condies ambientais;

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    A organizao e coordenao do Sistema Nacional de Informao em Sade.

    Entretanto, havia ainda a necessidade de assegurar o acesso aos servios deinformca e s bases de dados de dois Ministrios diferentes: o Ministrio

    da Sade, coordenador da proposta, e o ento Ministrio do Trabalho e da

    Previdncia Social.

    O Departamento de Informca do SUS (DATASUS) instudo por meio do

    Decreto 100, publicado pelo governo federal em 16/04/1991, como rgoresponsvel pelo desenvolvimento e implantao de sowares(aplicavos

    informacionais) para a gesto do SUS. Desde ento, o DATASUS vem seresponsabilizando pela implantao dos SIS de abrangncia nacional.

    A publicao da Norma Operacional Bsica 01/93 (NOB/ 93) que regulariza trsformas de gesto do sistema de sade: gesto incipiente, gesto parcial e gesto

    semiplena. Tambm regulamenta a manuteno dos registros e remessa mensalde dados para formao dos bancos de dados nacionais, e os procedimentos

    para coleta e consolidao dos dados descentralizados para os municpios.

    A portaria de N130, 12 de fevereiro de 1999 pelo Ministrio da Sade, apontaas Secretarias Municipais de Sade como responsveis sobre a gesto da

    prestao de servios, cando a autonomia para a denio dos instrumentose tecnologia para coleta e processamento de informaes sob a direo dogoverno federal. Nesse caso, apenas as avidades operacionais, tais como

    coleta e consolidao dos dados, so desconcentradas para os municpios.

    Ao longo dos anos 1990, outros SIS foram criados pelo Ministrio da Sade

    para atender s mudanas na forma de nanciamento do setor, por exemplo,o Sistema de Informao da Ateno Bsica (SIAB) e a Autorizao de

    Procedimentos de Alta Complexidade (APAC), e para programas especcos,como o SISVAN (Sistema de Vigilncia Alimentar e Nutricional) e o ProgramaNacional de Imunizaes (PNI).

    Assim, os SIS de abrangncia nacional manveram, ao longo da dcada

    de 1990, as mesmas caracterscas e a fragmentao apresentadas desde

    o incio de seus processos de construo. Os dois blocos lgicos de

    estruturao do arcabouo informacional em sade, o epidemiolgico e o

    de produo de servios, ainda vivem um processo, tnue, de integrao.

    Na dcada seguinte, os SIS brasileiros veram uma pulverizao acelerada.

    O avano das tecnologias de informao e a necessidade de dados cada vez

    mais minuciosos para acompanhamento determinou uma srie de sistemas

    focados em programas, tais como SIS Pr-natal (Sistema de Informao

    de Acompanhamento do Programa de Humanizao de Parto, Pr-Natal

    e Nascimento), SIS Colo (Sistema Informao Cncer do Colo Uterino) e

    Hiperdia (Sistema do Programa de Hipertenso e Diabetes).

    A informazao como permiam os recursos de informca da poca era

    restrita ao processamento nos rgos centrais e voltadas para a emisso de

    relatrios, sendo o computador usado quase que exclusivamente em sua

    capacidade de tratar grandes volumes de dados.

    Por isso, um processo comum aos sistemas de informao em sade

    brasileiros a instuio de um instrumento, impresso em papel, para coleta

    adicional aos registros prossionais e administravos, duplicando o trabalho

    do registro roneiro de dados. Esse retrabalho e a digitao posterior dos

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    dados aumentam a probabilidade de erros vieses na informao produzida

    e ulizada para a tomada de deciso.

    No incio dos anos 2000, no mbito do SUS comeam a crescer os exemplos

    de iniciavas locais bem-sucedidas de informazao do processo de trabalho

    em sade, com grandes ganhos de produvidade e qualidade dos servios desade. A iniciava do Carto Nacional de Sade (Carto SUS) fundamentada

    na necessidade de idencao individualizada dos usurios desperta muito

    interesse pela possibilidade de integrao dos diversos SIS existentes, pelo uso

    da informca na qualidade dos processos de trabalho e na gesto em sade.

    Um pouco da histria dos SIS em Belo Horizonte

    Em Belo Horizonte, os bancos de dados estruturaram-se mantendo

    a mesma dicotomia entre dados epidemiolgicos e de produo de

    servios, corroborando a lgica dos SIS nacionais.

    Em 1993, os primeiros dois sistemas nacionais a serem implantados

    no sistema recm-municipalizado foram o SIA-SUS e o SINASC. Ambos

    sofreram adaptaes para a realidade municipal, buscando atender aos

    processos de territorializao j existentes e a coleta codiana de dados

    implantada nos Centros de Sade desde o nal da dcada de 1980. Nesse

    ano, d-se a implantao dos Formulrios F/Q para registro global dos

    atendimentos e alimentao mensal do SIA-SUS.

    Ao longo da dcada de 1990, Belo Horizonte, como outros municpios,

    recebeu uma grande demanda de implantao de sistemas nacionaisfocados em programas ou repasses nanceiros, conforme descrito

    anteriormente. Outros sistemas, tais como SIM, SINAN, SIH-SUS, vo

    sendo gradavamente desconcentrados para o municpio. Com isso a

    pulverizao de registros, dados e sistemas torna-se crescente.

    Na tentava de buscar uma nica entrada para os atendimentos

    realizados nos CS, em 1998, aps uma experincia de entrada de dados

    atravs de leitura ca (sistema das boletas), o municpio desenvolve e

    implanta o Sistema Fnix, que permite registrar os dados por indivduo

    (Formulrios F) para algumas categorias prossionais. O Sistema Fnix

    gera consolidados de atendimento para vrios sistemas nacionais, taiscomo: SIA-SUS, SIS-Pr-natal e SIAB, bem como produz algumas bases de

    dados necessrias para avaliao da assistncia prestada.

    Atravs do Fnix, os instrumentos de coleta foram adaptados para a

    captura de dados individualizados. Permanecia, entretanto, uma grande

    diculdade: a idencao nica do usurio para toda a REDE SUS BH.

    Um novo captulo em Belo Horizonte

    Em 2002 surge o Sistema de Gesto SADE EM REDE, cujo eixo norteador

    o Pronturio Eletrnico, que tem como objevo arcular os aspectos

    assistenciais, clnicos e administravos dos usurios do SUS.

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    O SADE EM REDE aborda questes centrais como: (1) a agilizao do

    atendimento, diminuindo tempo de espera do paciente (agendamento de

    consultas, facilitao no acesso a resultados de exames, dispensao mais

    gil de medicamentos); (2) a disponibilizao de informaes para a tomada

    de decises clnicas de forma mais rpida, sem perda de qualidade (acesso aresultados de exames em tempo real e a diagnscos de internao e consultas

    em outros nveis de complexidade do sistema); (3) o aperfeioamento de

    avidades gerenciais e (4) a possibilidade de oferecer contribuies para a

    estruturao de modelo assistencial centrado em equipes de sade da famlia.

    O SADE EM REDE ancora-se em trs cadastros: o cadastro da populao

    (Censo BH Social, vinculado ao Carto Nacional de Sade Carto SUS),

    o cadastro de prossionais e o cadastro de estabelecimento (CNES),

    possibilitando responder a questes fundamentais sobre ao atendimento:

    Quem foi atendido? Onde? Quem atendeu? Qual o procedimento?

    Alm disso, o SADE EM REDE permite o acompanhamento on-line

    de avidades planejadas e executadas pelo conjunto das equipes, em

    parcular do PSF, abrangendo diversos bancos de dados (SIH, SINASC,

    IBGE), com possibilidades de agregao dos indicadores por vrios nveis

    de complexidade e estabelecimento de parmetros avaliavos para os

    indicadores de: captao, acompanhamento e resoluvidade.

    H ainda o extrator de relatrios e indicadores com tecnologia

    Datawarehouse queuliza vrias bases de dados, disponvel na intranet

    cominterface amigvel e exvel.

    Como a implantao do SADE EM REDE foi realizada de um modo gradual, foi

    necessrio manter a alimentao do FENIX para garanr a comparabilidade

    da informao entre unidades informazadas e no informazadas. Nas

    unidades informazadas o preenchimento feito automacamente

    dispensando o preenchimento dos angos formulrios impressos.

    A meta que ao nal do processo de informazao se encerre a integrao

    com o FENIX passando o SADE EM REDE a alimentar os sistemas nacionais

    relacionados aos registros de atendimento.

    A experincia acumulada nesse amplo projeto de incorporao de tecnologiasde informao com a implantao do pronturio eletrnico, aliada a uma

    relao importante com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),

    possibilitou a implantao do BH-Telessade. A rede BH-Telessude permite

    aos prossionais das unidades bsicas de sade, parcularmente vinculados ao

    Programa de Sade da Famlia, ter acesso e interagir com especialistas da rede

    complementar e da UFMG, para suporte assistencial discusso de casos clnicos,

    teleconsultorias, segunda opinio ou para parcipar de videoconferncias

    interavas e cursos a distncia, ulizando recursos de telessade.

    O futuro

    Como existe uma grande variao na denominao dos Sistemas de

    Informao uns chamam de Gesto, outros Sade em Rede e ainda

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    Pronturio Eletrnico estamos adotando o nome Sistema de Informao

    Sade em Rede (SISREDE) como um conjunto de componentes que,

    funcionando em rede, constuem a proposta para o Sistema de Informao

    em Sade do SUS-BH.

    Tambm para promover um entendimento de forma simplicada sobreo que consideramos como Tecnologia de Informao (a famosa T. I.)

    tomaremos como referncia pelo menos trs objetos como representados

    na gura abaixo:

    Assim, estamos falando de recursos de informca (sofware e hardware),

    recursos de comunicao nesse caso entendidos como conecvidade,

    ou seja, a capacidade de transmir dados e/ou informaes entre

    diferentes pontos e, por m, o mais importante, o contedoque se quer

    trabalhar. No nosso caso, esse objeto so as informaes em sade.

    Com certeza, Belo Horizonte apresenta uma grande acumulao de

    recursos e conhecimentos referentes aos Sistemas de Informao em

    Sade, com destaque para uma importante cultura instucional no

    uso de T.I., conforme descrito anteriormente. Podemos e devemos

    considerar que a adeso dos prossionais da rede de ateno ao uso do

    Pronturio Eletrnico e a parcipao destes nas avidades de Telessade

    representam um grande patrimnio do SUS-BH.

    No nosso codiano, no apenas no trabalho, podemos perceber que as

    tecnologias de informao tm uma velocidade alucinante de mudana.

    Aposto que vrios de ns j adquiriram vrios modelos de telefone

    celular nos lmos tempos. Assim, coloca-se como uma responsabilidade

    e desao muito grande tomar decises sobre a incorporao de novas

    tecnologias de informao na nossa rede de ateno.

    O ano de 2009 foi dedicado prospeco dessas tecnologias, buscando

    aperfeioar os sistemas implantados, alm de ampliar sua ulizao.

    Tambm foi feito um esforo importante para captao de recursos

    nanceiros para viabilizar o planejamento elaborado.

    Assim, visando o melhor desempenho (agilidade e velocidade) e maior

    abrangncia do SISREDE para subsidiar processos de tomada de decises

    referentes ateno (assistncia, vigilncias, promoo e proteo

    FIGURA 3: Os trs objevos que representam a Tecnologia da Informao

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    sade), gesto e ao controle social, podemos considerar as seguintes

    grandes frentes no projeto em andamento:

    1.Concluir a implantao da atual verso do Pronturio Eletrnico

    em toda a ateno primria, bem como na rede complementar

    ambulatorial, considerando as funcionalidades que hoje podem ser

    ulizadas nesses servios sem necessidade de modicar o soware;

    2.Promover a evoluo, o realinhamento10 e o aperfeioamento

    conceitual (novas funcionalidades para ateno primria, rede

    complementar e urgncia/emergncia) e tecnolgico (nova

    arquitetura11) do Sistema de Informao Sade em Rede (SISREDE)

    visando a ampliar sua cobertura (alm de contemplar toda arede

    prpria deve cobrir tambm a rede prestadora que deve ulizar

    nossos padres ou mesmo pode vir a implantar nossa soluo de

    informca) na Rede de Ateno doSUS-BH;

    3.Incrementar o uso da telessade, buscando ampliar sua cobertura

    para toda a rede SUS-BH. O diagrama a seguir apresenta uma sntese

    do Macroprojeto em andamento, reconhecendo que ainda ser

    necessrio trabalhar outras demandas ainda no contempladas

    no mesmo. Na sequncia um pequeno resumo do que deve ser

    trabalhado em cada subprojeto.

    SISREDE MVEL: incorporar o uso dedisposivo mvel visando a ampliar

    a captura eletrnica das avidades desenvolvidas na rede de ateno

    sade ulizando tecnologia que oferea condies para agilizao da

    10 Realinhar o sistema no signica apenas reescrever o velho, mas ulizar os conhecimentosadquiridos para criar um novo produto que herde somente as qualidades do original e agregue novas

    funcionalidades, usufruindo ao mximo dos recentes avanos na rea de Tecnologia da Informao.11A atual arquitetura plataformas e grupos de funcionalidades diludas em diferentes aplicavose/ou sistemas so heranas de anos de desenvolvimento, incorporaes e integrao com sistemasde base nacional e de terceiros no vem atendendo melhor congurao e ao desempenho dosistema. Reete a fragmentao de sistemas comentada no incio deste texto.

    FIGURA 4: Sntese do Macroprojeto de Implementao do SISREDE.

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    captura de dados, bem como facilitar o acesso s informaes pelas

    equipes de Sade da Famlia visando produo de informaes voltadas

    para a organizao dos servios e tomada de deciso que aumentem a

    efevidade da Ateno Sade. O SISREDE MVEL entendido como

    um componente do SISREDE capaz de informazar a coleta de dadosdo trabalho dos Agentes Comunitrios de Sade (ACS), dos Agentes de

    Controle de Zoonozes (ACZ) e dos demais prossionais das equipes de

    Sade da Famlia no seu trabalho em campo.

    IMPLEMENTAO DO SIGBASES: Como j comentado, o SISREDE est

    apoiado em trs grandes cadastros, que funcionam como seu alicerce:

    usurios, prossionais e estabelecimentos de sade. Atualmente,

    apesar de contarmos com um grande volume de dados processados

    no podemos dizer que contamos com umSistema de Gesto de Bases

    Cadastrais e Geogrcas (SIGBASES) capaz de qualicar os registros

    e contar com funcionalidades que permitam a gesto sistmica dessasbases. Para tanto vamos:

    Incorporar ao SISREDE as diretrizes nacionais para idencao

    unvoca de usurios do SUS atravs do Sistema Carto Nacional de

    Sade12, estabilizando a o funcionamento sistmico do Cadastro de

    Usurios do SUS-BH(atual Censo BH Social);

    Desenvolver um Cadastro de Prossionais do SUS-BH, com base

    nas diretrizes nacionais, que contemple todos os prossionais que

    atuam na Rede SUS-BH (prpria e prestadora);13

    Readequar o funcionamento do Cadastro Nacional de

    Estabelecimento de Sade (CNES)s novas diretrizes de organizao

    sistmica das bases cadastrais;

    SISREDE REGULAO: Inicialmente, promover integrao do SISREDE

    com o Sistema de Regulao (SISREG)14 de modo a contribuir para o

    aperfeioamento das solues para informazao dos processos de

    regulao no SUS. Alm disso, atualizar o SISREG-BH para aprimoramento

    de suas funcionalidades relavas Central de Internao e integrao

    com o componente referente Ateno Primria. Essa iniciava tem

    como objevo acompanhar a ateno ao usurio em todos os servios do

    SUS-BH, principalmente no que diz respeito aos processos de referncia

    e contrarreferncia.

    12Belo Horizonte possui um cadastro de usurios do SUS com nmero denivo do Carto Nacional deSade da ordem de 1.800.000 (um milho e oitocentos mil) registros. Mais de um milho desses usurios

    j receberam o carto ainda, que seu uso no seja efevonos registros eletrnicos realizados atravs doSISREDE. No presente momento vem sendo realizado um processo de saneamento da base de dados visando gerao dos demais cartes (algo em torno de 600.000 cartes) a parr de um cadastro de qualidade.13No caso, em parceria com o Ministrio da Sade, vamos promover a separao do CNES, ou seja, teremos umcadastro de prossionais e outro de estabelecimentos, garanndo que se possa vincular o prossional a todos os

    estabelecimentos em que ele atua.14 Existem no Brasil diferentes verses do SISREG II desenvolvido originalmente pelo DATASUS. Vriosmunicpios se dispuseram a receber os cdigos-fonte para aprimor-los; um deles foi Belo Horizonte. O prprioDATASUS considera a verso desenvolvida em BH como a mais bem-sucedida de todas por vrios aspectos,principalmente pela funcionalidade para (re)aproveitamento mximo das consultas e exames especializados.

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    REALINHAMENTO CONCEITUAL E TECNOLGICO DO SISREDE: Testar

    (numa perspecva nacional) e incorporar padres (internacionais) e

    terminologias para representao das informaes em Sade, visando

    padronizao e ao aperfeioamento de termos, conceitos e siglas

    ulizados no SUS, favorecendo a recuperao, o acesso, a divulgaoe a disseminao do conhecimento e das informaes instucionais

    permindo assim a construo de uma Base Nacional de Registros

    Eletrnicos de Sade para Ateno Integral15(RES-AI)dos atendimentos

    realizados pelo SUS. Incorporar nova arquitetura no funcionamento do

    SISREDE, signicando execuo de diversos processos de atualizao

    de hardware e soware, incluindo necessidades de capacitao para

    ulizao de novas tecnologias e de uso das informaes em sade nos

    processos decisrios da gesto, ateno e controle social.

    INCREMENTO E AMPLIAO DO BH-TELESSADE: Incrementar a

    abrangncia e uso, da Telessade (Videoconferncias e Teleconsultorias)buscando ampliar sua cobertura para toda a Rede SUS-BH (unidades

    prprias e prestadores). Incorporar o uso de novas tecnologias por

    exemplo, a Telerrenograa e o monitoramento domiciliar, visando

    aumentar a resoluvidade da Rede de Ateno Primria e melhorando a

    qualidade do atendimento prestado.

    REFERNCIAS

    BRASIL. Ministrio da Sade. Secretaria de Gesto de Invesmentos

    (2001) Carto SUS: Instrumento para construo de um novo modelo de

    ateno. Revista de Sade Pblica 2000;34(5):561-4.

    BRASIL. Ministrio da Sade. Portaria n. 3.947/GM de 25 de novembro de

    1998. Aprova os atributos comuns a serem adotados, obrigatoriamente, por

    todos os sistemas e bases de dados do Ministrio da Sade, a parr de 1 de

    janeiro de 1999. Dirio Ocial da Union. 9-E, Seo 1, pg. 8, de 14.01.99.

    BRASIL. Ministrio da Sade. Secretaria Execuva. Departamento de

    Informao e Informca do SUS. Polca Nacional de Informao e

    Informca em Sade Proposta Verso 2.0. (Inclui deliberaes da 12.

    Conferncia Nacional de Sade). Braslia, 29 de maro de 2004.

    FERREIRA, J.M. Um modelo Informacional para a gesto do SUS: Construindo

    indicadores desagregados de morbidade hospitalar para o municpio de Belo

    Horizonte. Dissertao Mestrado em Administrao Pblica/Tecnologias da

    Informao - Fundao Joo Pinheiro/UFMG. 2000

    MORAES, I. H. S. de. Informao em Sade: Da Prca Fragmentada ao

    Exerccio da Cidadania. So Paulo: Hucitec; Rio de Janeiro: Abrasco, 1994.

    VASCONCELLOS, M. M.; MORAES, I. H. S.; CAVALCANTE, M. T. Polca de

    Sade e potencialidades do Uso da Tecnologia de Informao. RevistaSade em Debate. set/dez, 2001.

    15Denominao adotada pelo Ministrio da Sade

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    Objevos:

    Compreender a Classicao de Risco como um dos produtos do

    diagnsco local;

    Conhecer os critrios para classicao das famlias conforme o grau de risco;

    Compreender a importncia do cadastro e da classicao familiar para

    a programao das aes pelas equipes de sade da famlia;

    Classicar uma famlia hipotca por grau de risco, usando o roteiro proposto.

    Desenvolvimento:

    Ler o Estudo de Caso 1: A Famlia Marns Xavier;

    Fazer a discusso sobre a forma de classicao dessa famlia;

    Ler o texto de apoio 5: Roteiro para Classicao das famlias por grau de risco;

    Formar grupos, escolher um coordenador e um relator;

    A parr do ndice de Vulnerabilidade Sade e os dados clnicos

    apresentados, classicar a famlia quanto ao grau de risco. Os gruposdevem apresentar a classicao familiar e relatar a discusso realizada;

    Fazer discusso sobre os instrumentos e a metodologia de aplicao.

    ESTUDO DE CASO 1

    FAMLIA MARTINS XAVIER

    Famlia formada por pai (43 anos); me (42 anos); 5 lhos (19, 17, 15, 11

    e 7 anos) e neta (3 anos, da lha mais velha do casal).

    Moram em casa, situada em rea de Mdio Risco (ndice de Vulnerabilidade

    Sade - IVS), cedida, de quatro cmodos; o abastecimento de gua, a coleta de

    lixo e o esgotamento sanitrio so realizadas pelos rgos ociais responsveis.

    O pai pedreiro, analfabeto e portador de Hipertenso Arterial Sistmica

    (HAS). A me dona de casa e faz tratamento para depresso.

    A nica fonte de renda o salrio do pai, de 2 Salrios Mnimos (SM). A famlia

    beneciria do Programa Bolsa Famlia (rendaper capitade R$ 127,50).

    Os pais so casados h 20 anos e existe uma relao de domnio do pai

    sobre a me.

    ATIVIDADE VIII A CLASSIFICAODAS FAMLIAS POR GRAU DE RISCO

    Tempo esmado: 1 hora e 30 minutos

    I I I

    . , :

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    A lha mais velha, de 19 anos est grvida de quatro meses, pela terceira

    vez. Faz acompanhamento pr-natal adequadamente e j teve um aborto

    espontneo. A gestao atual e a anterior (aborto) so frutos de um

    relacionamento dela com um rapaz de 21 anos. Algum tempo aps o

    incio da gravidez atual, o relacionamento terminou. A lha de 3 anos fruto da primeira gravidez e de uma relao anterior. O pai da criana no

    mantm qualquer relao com a jovem me ou com a lha. A criana est

    desnutrida, sendo acompanhada pelo Centro de Sade da sua rea de

    abrangncia e recebe complementao alimentar.

    O lho de 17 anos est concluindo o 2 grau e auxilia na criao da

    sobrinha. Os dois so muito apegados um ao outro. A lha de 15 anos

    abandonou os estudos e est envolvida com drogas. O lho de 11 anos

    apresenta diculdade de aprendizagem, cursando agora a 2 srie. O

    caula de 7 anos e a neta apresentam desenvolvimento normal.

    TEXTO DE APOIO 5

    ROTEIRO PARA CLASSIFICAO POR GRAU DE RISCO DA

    FAMLIA16

    Objevos:

    Idencar os fatores de risco presentes em cada famlia analisada;

    Fazer a classicao por grau de risco.

    Metas:

    100% das famlias da rea de cada equipe classicadas por risco at o

    nal de 2010.

    A famlia deve ser a primeira instncia do cuidado com a sade dos seus

    integrantes e, para isso, precisa aprender a idencar todos os fatores

    que a colocam em risco e, como reagir diante dessas situaes. Portanto,

    esta avidade de classicao por grau de risco deve cumprir tambm

    este objevo educavo para a famlia, alm de levantar os dados para oplanejamento das intervenes.

    Cronograma:

    A classicao de risco ser feita de forma automca atravs dos dados

    extrados de SISREDE e do Censo BH Social sempre que os dados esverem

    sendo preenchidos corretamente pelas equipes. (o sowaredo SISREDE

    e Censo BH Social j esto sendo ajustados para tal);

    A atualizao do cadastro familiar, Censo BH Social, fundamental para aclassicao de risco da famlia. As avidades de atualizao do cadastro

    so connuas e devero ser feitas sempre que houver uma mudanasignicava na composio familiar, tais como casamento, nascimento

    ou bito;

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    Consideramos que as equipes devem ter o cadastro atualizado de todasas suas famlias at o nal de 2010 .

    A atualizao da classicao de risco dinmica e haver mudanas naclassicao sempre que houver uma mudana signicava da situao

    familiar ou na condies clnicas dos seus membros.

    OPERACIONALIZAO:

    Sero usados os seguintes critrios para classicao:

    1. Fatores socioeconmicos:

    Os fatores econmicos que sero ulizados para classicao de risco da famliaso o ndice de Vulnerabilidade Sade (IVS) e o Programa Bolsa Famlia.

    a) ndice de Vulnerabilidade Sade (IVS -Indicador de risco)

    O IVS um indicador composto, conhecido como Indicador de Risco. Essendice associa indicadores de base populacional do IBGE, tais como moradiae renda, com indicadores da sade como mortalidade infanl, relacionadodiretamente ateno materno-infanl.

    O valor nal do IVS varia entre zero e um e aplicado em cada setor censitriodo municpio. Como expressa um atributo negavo a vulnerabilidade socialde uma populao , quanto maior seu valor, pior a situao da populaonaquele setor censitrio, ou seja, mais vulnervel para adoecer e morrer.

    Atravs do IVS foram denidas quatro categorias de risco de adoecer e

    morrer no municpio: risco baixo (28,0% da populao), risco mdio (38,0%da populao), risco elevado (27,0% da populao) e risco muito elevado(7,0% da populao). considerado o risco de acordo com o indicador dosetor censitrio em que a famlia reside

    b) Bolsa Famlia

    considerada de risco toda famlia que for beneciria do Programa BolsaFamlia, independentemente do IVS. O Bolsa Famlia um programa detransferncia de renda com condicionalidades, que benecia famlias emsituao de pobreza (renda mensal por pessoas de R$ 70,00 a R$140,00) e

    extrema pobreza (renda mensal por pessoa at R$ 70,00).

    PONTUAO

    Famlia residente nos setores censitrios de Baixo Risco 0

    Famlia residente nos setores censitrios de Mdio Risco 1

    Famlia residente nos setores censitrios de Risco Elevado 2

    Famlia residente nos setores censitrios de Risco Muito Elevado e/ou

    parcipante do Programa Bolsa Famlia3

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    2. Presena de condies ou patologias crnicas prioritrias:

    considerada de risco a famlia em que um ou mais de seus integrantes

    apresentarem uma das seguintes condies ou patologias por ciclo de vida16:

    a) Crianas com situaes de risco do Grupo II:

    Baixo peso ao nascer;

    Prematuridade;

    Desnutrio grave;

    Triagem neonatal posiva para hiporeoidismo, fenilcetonria, anemia

    falciforme, brose csca ou decincia audiva;

    Doenas de transmisso vercal: toxoplasmose, slis, aids;

    Intercorrncias importantes, no perodo neonatal, nocadas na altahospitalar;

    Crescimento e/ou desenvolvimento inadequados;

    Crianas com oito ou mais dentes com cavidades necessitando restauraes

    e/ou extrao

    Evoluo desfavorvel de qualquer doena.

    b)Adolescentes de Alto Risco:

    Adolescentes com doenas sexualmente transmissveis ou aids;

    Adolescentes com gravidez precoce no planejada;

    Adolescentes com transtornos alimentares: bulimia e anorexia;

    Adolescentes que estejam fazendo uso/abuso de substncias lcitas ou

    ilcitas (com destaque ao uso do tabaco e do lcool);

    Adolescentes que sejam vmas de explorao sexual ou que tenham

    sofrido abuso sexual;

    Adolescentes com quadros de depresso;

    Adolescentes que tenham transtornos mentais e/ou risco de suicdio; Adolescentes com alteraes funcionais graves (acomedos por TRM-

    trauma raquimedular ou dependentes para AVD Avidade de Vida

    Diria e AIVD Avidade Instrumental de Vida Diria);

    Adolescentes que fogem com frequncia de casa ou se encontrem

    morando nas ruas;

    Adolescentes com ausncia de dentes anteriores e no usa prtese.

    c) Adultos com Risco Cardiovascular Alto ou Muito Alto:

    16Adaptado das Linhas-Guias de Ateno Sade, SES/MG, e dos dados disponveis no

    Pronturio Eletrnico da SMSA - SISREDE .

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    Grupo de risco alto: portadores de hipertenso arterial (HA) grau 1 ou 2,com trs mais fatores de risco; ou portadores de HA grau 3, sem fatoresde risco;

    Grupo de risco muito alto: portadores de HA grau 3, que possuem um ou

    mais fatores de risco; ou portadores de HA com doena cardiovascularou renal manifesta.

    d) Adultos com Risco para Diabete:

    No usurios de insulina, com hipertenso;

    Usurios de insulina.

    e) Adultos com suspeita ou diagnsco para Tuberculose:

    Usurios com antecedentes ou evidncias clnicas de hepatopaa agudaou crnica;

    Doente de aids ou soro posivo para o HIV;

    Antecedentes ou evidncias clnicas de nefropaas;

    Suspeita de tuberculose muldrogarresistente (MDR);

    Tuberculose extrapulmonar (principalmente meningite tuberculose);

    Pacientes em retratamento por abandono, recidiva e falncia.

    f) Adulto com suspeita ou diagnsco para Hansenase:

    Surtos reacionais repevos;

    Relato de reaes adversas aos medicamentos;

    Presena de sequelas nos olhos, nariz, mos e ps.

    g) Adultos com Risco Grave para Sade Mental ou com alteraes funcionaisgraves com necessidade de reabilitao:

    Usurios com transtornos mentais graves e persistentes;

    Uso prejudicial de lcool e outras drogas;

    Egressos de servios de sade mental;

    Adultos dependentes para Avidade de vida diria (AVD) e Avidade

    instrumental de vida diria (AIVD).

    h) Gestantes de Alto Risco:

    Dependncia de drogas lcitas e ilcitas;

    Morte perinatal anterior;

    Abortamento habitual;

    Histria de esterilidade/inferlidade;

    Desvio quanto ao crescimento uterino, nmero de fetos e volume delquido amnico;

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    Ocinas de Qualicao da Ateno Primria Sade em Belo Horizonte Ocina 3: Territorializao e Diagnsco Local

    Trabalho de parto prematuro e gravidez prolongada;

    Pr-eclmpsia e eclmpsia;

    Diabetes gestacional;

    Amniorrexe prematura;

    Hemorragias da gestao;

    Isoimunizao;

    bito fetal;

    Hipertenso arterial;

    Cardiopaas;

    Pneumopaas;

    Nefropaas;

    Endocrinopaas;

    Hemopaas;

    Epilepsia;

    Doenas infecciosas;

    Doenas autoimunes;

    Ginecopaas.

    i) Idoso com Alto Risco / Idoso Frgil:

    Idosos com 80 anos

    Idosos com 60 anos apresentando:

    Polipatologias (5 diagnscos);

    Polifarmcia (5 drogas/dia);

    Imobilidade parcial ou total;

    Inconnncia urinria ou fecal;

    Instabilidade postural (quedas de repeo);

    Incapacidade cognitiva (declnio cognitivo, sndrome demencial,depresso, delirium);

    Idosos com histria de internaes frequentes e/ou no perodo de ps-alta hospitalar;

    Idosos dependentes nas avidades de vida diria bsica (AVD);

    Insucincia familiar: idosos que moram ss ou esto instucionalizados.

    j) Outras condies ou patologias crnicas denidas como prioritrias pela

    equipe de sade.

    PONTUAO

    Nenhum dos componentes tem alguma condio ou patologia crnica 0

    Apenas 1 dos componentes tem 1 patologia ou condio crnica 1

    2 ou mais componentes tm 1 patologia ou condio crnica 2

    1 ou mais componentes tm concomitantemente 2 ou mais condies

    ou patologias crnicas3

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    PASSOS PARA A CLASSIFICAO:

    Passo 1: Fazer discusso sobre as famlias da rea de responsabilidadea parr das informaes do Cadastro Familiar (Censo BHSocial) e SISREDE;

    Passo 2: Validar o Indicador de Vulnerabilidade Social (IVS), insero noBolsa Famlia e as condies/patologias crnicas prioritriaspresentes na famlia.

    Passo 3: Validar a pontuao para cada um dos critrios.

    Passo 4: Validar a somatria das duas pontuaes, chegando

    pontuao total.

    PONTUAO FINAL PARA

    CLASSIFICAO POR GRAU DE RISCO

    CRITRIOS SOCIOECONMICOS

    Baixo Risco Mdio Risco Risco Elevado

    Risco Muito

    Elevado ou

    Bolsa Famlia

    P 0 1 2 3

    CRITRIOS

    CLNICOS

    Nenhum dos

    componentes tem

    alguma condio ou

    patologia crnica

    0 0 1 2 3

    Apenas 1 dos

    componentes tem

    1 patologia ou

    condio crnica

    1 1 2 3 4

    2 ou mais

    componentes tm

    1 patologia ou

    condio crnica

    2 2 3 4 5

    1 ou mais

    componentes tm

    concomitantemente

    2 ou mais condies

    ou patologias

    crnicas

    3 3 4 5 6

    Passo 5: Interpretao:

    POntuaO tOtal Grau dE riScO

    0 Sem Risco

    1 Risco Baixo

    2 3 Risco Mdio

    4 Risco Alto

    Passo 6: Orientar a famlia sobre a sua situao e sobre os cuidados a

    serem tomados.

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    Objevos:

    Compreender o processo proposto e o uxo necessrio entre os

    prossionais das equipes dos Centros de Sade para cadastramento e

    atualizao cadastral;

    Discur as principais aes necessrias para a atualizao do cadastro

    familiar (Censo BH Social);

    Planejar a atualizao do cadastro familiar para cada equipe, diante do

    cronograma proposto (dezembro de 2010).

    Desenvolvimento:

    Formar cinco grupos, nomear um coordenador e um relator;

    Cada grupo representar um dos atores envolvidos no processode atualizao do cadastro nos Centros de Sade, quais sejam: ACS,

    enfermeiro, equipe de sade da famlia (todos os membros), digitador

    (estagirio) e gerente do CS;

    Cada grupo, para cada ator representado, dever idencar e apresentar

    as principais aes para atualizao do percurso e dados cadastrais pelas

    equipes, destacando os principais problemas e as solues propostas;

    Fazer uma sntese destacando a importncia da busca de solues

    conjuntas (nvel local, distrital e central) para atualizao e ulizao do

    cadastro pelas Equipes de Sade da Famlia;

    Orientar a leitura do Texto de Apoio 6: Censo BH social: cadastro da

    populao de Belo Horizonte.

    ATIVIDADE IX O PERCURSO DOACS E O CADASTRO FAMILIAR:

    OPERACIONALIZAO EDESENVOLVIMENTO

    Tempo esmado: 1 hora e 30 minutos

    I I I

    . , :

    Orientaes

    Nas Oficinas Locais, para essa

    avidade recuperar o Plano deFortalecimento da Ateno Primria Sade realizado pelos Centros deSade como avidade da PrimeiraOcina;

    No Plano, quanto ao princpioCentralizao Familiar, foramapontadas aes para atualizaodo cadastro pela maioria dasequipes;

    A parr dos conceitos, informaese cronogramas apresentados e

    discudos na Terceira Ocina, fazeruma reviso das aes do Planoreferentes ao Cadastramento dasFamlias;

    Ao final, fazer uma sntesedestacando a importncia daatualizao e ulizao do cadastropara a atuao das Equipes deSade da Famlia

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    TEXTO DE APOIO 6

    CENSO BH SOCIAL: CADASTRO DA POPULAO DE BELO

    HORIZONTE 17

    O Censo BH Social (CBHS) representa uma grande base cadastral do municpio

    de Belo Horizonte. Essa base foi elaborada a parr do ano de 2000, buscando

    constuir um arsenal de informaes para as polcas sociais do municpio

    e idencar os indivduos atravs de um nmero nico: o carto SUS.

    Os objevos do Censo BH-Social so:

    Realizar cadastro nico das polcas sociais, possibilitando o planejamento

    das aes municipais;

    Subsidiar a formulao de polcas pblicas para superao/reduo das

    desigualdades no municpio de Belo Horizonte;

    Integrar informaes estratgicas, individualizadas, visando o

    planejamento de polcas pblicas que atendam s reais necessidades

    do cidado, idencando o pblico-alvo das polcas sociais;

    Implantar um carto de idencao nica do usurio, universal, gratuito

    e que permir acesso ao SIS-REDE e a outros Sistemas de Informao da

    SMSA.

    Hoje essa base tem 1.798.210 indivduos cadastrados em 537.017 famlias.

    Todo o processo de coleta foi realizado atravs de visitas pelos Agentes

    Comunitrios de Sade, prioritariamente nas reas de maior risco social,

    procurando idencar prioridades nas aes de sade e polcas pblicasno municpio e orientar a atuao das Equipes de Sade da Famlia.

    1) O CBHS e o Sistema de Informao para Ateno Bsica (SIAB)

    O CBHS foi elaborado para se relacionar com o SIAB, em substuio

    Ficha A (cadastral). Ou seja, o formulrio de cadastramento foi construdo

    contendo todas as informaes do SIAB, as informaes necessrias para

    o cadastro do Carto SUS e algumas informaes necessrias para out