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OCampaniço Nº 82 OUTUBRO•NOVEMBRO•DEZEMBRO 2009 EDUCAÇÃO Ler mais na Escola A promoção da leitura junto da popula- ção jovem é uma aposta cada vez mais forte em ambiente escolar. “A Turma + Leitora” e o “Plano Nacional de Leitura” são exemplos de projectos que, apesar de diferentes na sua génese, se apoiam no livro como elemento formador, capaz de estimular a criatividade e a capacidade crítica dos alunos. P 2, 3 BOLETIM INFORMATIVO DA CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO VERDE DISTRIBUIÇÃO GRATUITA REPORTAGEM A arte de consertar o tempo Há quase sessenta anos que António Es- pírito Santo faz dos relógios o seu ofício. É o único nesta arte de relojoeiro e é entre peças e pecinhas que passa os seus dias. Uma profissão que requer paciên- cia, dedicação e alguma destreza. Uma vocação que descobriu em criança e que até hoje abraça com orgulho. P 7 EFEMÉRIDE Implantação da República Assinala-se em 2010, o 100º aniversário da Implantação da República. Uma data importante da nossa história que ditou a queda da monarquia em Portugal e, que agora, importa evocar. No âmbito da efeméride realizar-se-á um conjunto de actividades que valorize a nossa realidade histórica, social e cultural. P 9 EMPREENDEDORISMO Duas Gemas de criatividade Iniciamos, nesta edição, uma rubrica sobre empreendedorismo onde damos a conhecer projectos desenvolvidos por jovens do concelho. A Duas Gemas, em- presa criada por Cláudia Alegre e Sílvia Martins, é o primeiro tema em destaque nesta rubrica. P 15 Tomou posse, no passado dia 30 de Outubro, o novo executivo da Câmara Municipal de Castro Verde. Francisco Duarte, actual presidente desta autarquia, fala das prioridades e da acção a desenvolver ao longo do próximo mandato. Temas que vão ao encontro das Opções do Plano e Orçamento para 2010, aprovadas em Dezembro, e que definem as linhas de orientação estratégica para o concelho durante o próximo ano. P 11, 12 E SUPLEMENTO CÂMARA MUNICIPAL DE CASTRO VERDE

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OCampaniçoNº 82 OutubrO•nOvembrO•dezembrO 2009

Educação

Ler mais na EscolaA promoção da leitura junto da popula-ção jovem é uma aposta cada vez mais forte em ambiente escolar. “A Turma + Leitora” e o “Plano Nacional de Leitura” são exemplos de projectos que, apesar de diferentes na sua génese, se apoiam no livro como elemento formador, capaz de estimular a criatividade e a capacidade crítica dos alunos.

p 2, 3

BoLEtim informativo da Câmara muniCipaL dE Castro vErdE distribuiçãO gratuita

REPoRTaGEM

a arte de consertar o tempoHá quase sessenta anos que António Es-pírito Santo faz dos relógios o seu ofício. É o único nesta arte de relojoeiro e é entre peças e pecinhas que passa os seus dias. Uma profissão que requer paciên-cia, dedicação e alguma destreza. Uma vocação que descobriu em criança e que até hoje abraça com orgulho.

p 7

EfEMéRidE

implantaçãoda repúblicaAssinala-se em 2010, o 100º aniversário da Implantação da República. Uma data importante da nossa história que ditou a queda da monarquia em Portugal e, que agora, importa evocar. No âmbito da efeméride realizar-se-á um conjunto de actividades que valorize a nossa realidade histórica, social e cultural.

p 9

EMPREEndEdoRisMo

duas Gemas de criatividadeIniciamos, nesta edição, uma rubrica sobre empreendedorismo onde damos a conhecer projectos desenvolvidos por jovens do concelho. A Duas Gemas, em-presa criada por Cláudia Alegre e Sílvia Martins, é o primeiro tema em destaque nesta rubrica.

p 15

Tomou posse, no passado dia 30 de outubro, o novo executivo da câmara Municipal de castro Verde. francisco duarte, actual presidente desta autarquia, fala das prioridades e da acção a desenvolver ao longo do próximo mandato. Temas que vão ao encontro das opções do Plano e orçamento para 2010, aprovadas em dezembro, e que definem as linhas de orientação estratégica para o concelho durante o próximo ano. p 11, 12 e suplemento

Câmara muniCipal de Castro Verde

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puBliCaÇÃo propriedade da Câmara municipal de Castro Verde. direCtor Francisco duarte. CoordenaÇÃo paulo nascimento redaCÇÃo Carlos Júlio, sandra policarpo, miguel rego, alexandra Contreiras, teresa nogueira. design gráFiCo pedro pinheiro - CmCV. apoio FotográFiCo serviços sócio-Culturais. redaCÇÃo e administraÇÃo Câmara municipal de Castro Verde - praça do município, 7780 Castro Verde. 286 320700 depósito legal 287879109 tiragem 4200 exemplares impressÃo gráfica Comercial loulé e. mail [email protected] / [email protected] página WeB www.cm-castroverde.pt

O Campaniço

O Campaniçooutubro•novembro•dezembro 2009 educação �

Cordão humano

as eleições autárquicas do passado dia 11 de outubro, em Castro Verde, voltaram a legitimar o projecto político e social que

a Cdu tem para este concelho e que, desde há mais de trinta anos, aqui vem desenvolvendo. acreditando num profundo diálogo com as pes-soas, trabalhando em conjunto com as fregue-sias, assumindo uma política de diversificação e descentralização cultural, desportiva e social, apoiando incondicionalmente o movimento associativo e todos os projectos que queiram trazer mais riqueza para este concelho.

e, se esta nossa vitória eleitoral é bem demonstrativa de que a maioria dos muníci-pes aprova a forma como fazemos política e gerimos este concelho, ela é objectivamente a configuração de uma exigência que se coloca de forma cada vez mais evidente: Castro Verde acredita em nós para a construção de um futu-ro melhor e com mais qualidade de vida.

perante o quadro social, económico e finan-ceiro que por esse mundo fora arrasta merca-dos, destrói empregos, bloqueia os caminhos da solidariedade, torna menos universal a justiça e o acesso à saúde, as populações vi-ram-se para o poder que lhe está mais próximo e acreditam que só o poder local lhes poderá garantir um futuro melhor. sem ser essa a única essência das autarquias, e perante a obtusa atitude do poder central em diminuir os meios económicos e financeiros necessários para uma correcta gestão do cada vez maior número de competências e responsabilida-des que sobre o poder local recai, saberemos responder às expectativas e anseios das gentes desta terra.

mas isso não faz de nós reféns de nenhum poder ou clubismo. sabemos que a forma como fomos eleitos e aquilo a que nos propu-semos não pode ser hipotecado com decisões irresponsáveis que deitem por água abaixo um esforço de três dezenas de anos. porque o futuro não se constrói com metas de quatro anos e com projectos individuais. Constrói-se na discussão para encontrar os melhores ca-minhos do amanhã; na formação de gerações mais interventivas e atentas ao que se passa à sua volta; na dinamização das pessoas em torno dos interesses da comunidade.

estamos aqui para continuar Castro Verde e olhar o futuro com determinação e responsa-bilidade.

EDITORIAL20º aniVERsáRio da conVEnção sobRE os diREiTos da cRiança

um milhar de mãos dadas pelos direitos da Criança

Um cordão humano que uniu cerca de mil alunos de todas as escolas do concelho de Castro Verde celebrou os 20 anos da assinatura da Convenção sobre os Direitos da Criança. O tratado que levou o Mundo a compreender as obrigações perante os mais pequenos e vulneráveis, é o mais reconhecido da história, tendo sido ratificado por 193 países.

Herdeira de um processo de consoli-dação dos direitos da criança iniciado nos anos 20, a Convenção foi adoptada pela Assembleia Geral das Nações Uni-das 30 anos após a adopção, em 1959, da Declaração dos Direitos da Criança. Entrou em vigor em Setembro de 1989. Vinte anos depois da sua assinatura, a data voltou a ser relembrada um pouco por todo o mundo.

Castro Verde associou-se às come-morações e, no dia 20 de Novembro de 2009, cerca de um milhar de alunos deu

as mãos pelos direitos das crianças de todo o mundo. Pouco passava das 11h30 da manhã, quando os alunos da EB 2,3 Dr. António Francisco Colaço, Escola Secundária de Castro Verde, Escolas de 1º CEB e ainda do Jardim de Infância do Lar Jacinto Faleiro, se uniram num cordão humano.

A ideia partiu da turma PIEF (Progra-ma Integrado de Educação e Formação) do 2º Ciclo do Agrupamento de Escolas de Castro Verde que, em conjunto com a turma PIEF da Escola Secundária de

Castro Verde, reuniu todas as crianças e jovens das escolas do concelho de Castro Verde.

Para além dos alunos, também os fun-cionários e professores das escolas, e ci-dadãos exteriores aos estabelecimentos de ensino, foram convidados a juntar-se à iniciativa, que pretendeu evidenciar a importância da data.

O cordão terminou, na Praça da Re-pública, sob uma chuva de aplausos e uma simbólica e colorida largada de balões. w

O Fórum Municipal acolheu, no passado dia 2 de Dezembro, o Encontro de Professores de Castro Verde. O presidente da autarquia, Francisco Duarte, deu as boas-vindas aos cerca de 70 professores presentes, e que aqui vão leccionar durante o ano lectivo 2009/2010. Posteriormente, foi exibido o filme promocional do concelho “Castro Verde, Terra de Futuro”, seguido da palestra “As conflitualidades no espaço escolar e a construção da democracia na Escola”, por Dr. Américo Peças, docente e investigador em Ciências da Educação.

Como não podia deixar de ser, e porque muitos dos professores que se encontram a leccionar em Castro Verde não são resi-dentes no concelho, realizou-se uma vista guiada pela vila e um lanche surpresa para os participantes, na Associação de Cante de Casével, animado pelo Grupo Coral “As

Antigas Mondadeiras”. O Encontro terminou com um jantar

convívio no Centro Cultural de Entradas que contou com a presença de cerca de 110 professores. Mais do que promover a

interacção entre colegas de trabalho, este Encontro valeu também, pelo debate de uma temática cada vez mais pertinente em ambiente escolar, e que preocupa tanto alunos, como pais e professores. w

Encontro de professores de Castro verde

Palestra com dr. américo Peças

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O Campaniço

“A Turma + leitora” é um projecto da Biblioteca Escolar direccionado aos alunos do 3.º ciclo do Ensino Básico que tem como desafios desenvolver a criatividade e a imaginação dos alunos, estimular o trabalho em equipa, fomen-tar e consolidar hábitos de leitura.

Lucinda Simões, Paulo Mota e Ma-nuela Pereira, são os coordenadores desta maratona literária que tem vindo a revelar-se um verdadeiro sucesso. O objectivo é que os alunos de cada turma escolham um ou mais livros e se debrucem sobre ele (s), analisando-o (os). Os trabalhos sobre as obras lite-rárias lidas podem ser elaborados em diferentes suportes, como desenhos, vídeos, músicas ou Power Point...

Enfim, tudo aquilo que possa ser pu-blicado no site www.turmamaisleitora.wordpress.com.

A avaliação é feita mensalmente pelos docentes, embora os trabalhos possam ser votados no site através de comentários feitos pelos colegas.

No final, e como não podia deixar de ser, existem prémios para os par-ticipantes e vencedores.

A turma vencedora será premiada com uma viagem à Isla Mágica e o aluno eleito o mais leitor receberá um cheque no valor de cem euros em material informático. Além des-tas ofertas, o aluno que apresentar os melhores trabalhos em cada mês tem à sua espera um cheque-livro e

um brinde surpresa.“Até agora os alunos têm mostrado

um grande interesse pela leitura e an-dam agarrados aos livros com unhas e dentes”, comenta o professor Paulo Mota. Os pais também agradecem a iniciativa. Até os alunos menos dados à leitura parecem ter encontrado nesta maratona o estímulo de que necessita-vam. A turma do 7.º B descreve o livro como “um amigo que ajuda a passar o tempo, a aprender vocabulário e a conhecer autores... muitos livros são tão fixes que por vezes imaginamos que estamos dentro deles e somos uma das personagens.”

O projecto conta com a colaboração da Câmara Municipal de Castro. w

outubro•novembro•dezembro 2009 educação �

No ano lectivo de 2009/2010, o Departamento Curricular do 1.º ciclo do Agrupamento de Escolas de Cas-tro Verde vai dinamizar o projecto “Conhecendo Terras de Castro”, que visa dar a conhecer aos seus principais intervenientes – os alunos – o meio que os rodeia e que, apesar de tão próximo, muitas vezes lhes é com-pletamente desconhecido.

O projecto assenta num objectivo aglutinador – Conhecer para Valorizar – ou seja, conhecer as suas terras,

as suas gentes, os seus costumes e tradições, o seu património natural, histórico e cultural… Segundo Bárbara Martins, coordenadora do 1º ciclo, “a opção por esta temática deveu-se ao facto de sentirmos que aquilo que é “nosso” nem sempre é devidamen-te valorizado, acabando por cair no esquecimento”. Sendo a Escola um veículo transmissor de conhecimentos e que tem um papel determinante na construção de novas mentalidades, “é nosso objectivo, enquanto agen-

tes transmissores, implementar um projecto cujos objectivos apontem para a formação de cidadãos inter-venientes, civicamente responsáveis e capazes de interpretar criticamente a realidade que os envolve”.

No âmbito do projecto será dina-mizado um conjunto de actividades, onde se destacam visitas guiadas aos diferentes locais de interesse das fre-guesias; a criação de um atelier de Cante Alentejano; a realização de Pro-gramas de Rádio; a organização de

um serão cultural e de uma exposição de trabalhos; a edição e publicação de um livro escrito e imaginado pelas diferentes turmas/Escolas - e cujas personagens “viajarão” pelas cinco freguesias de Castro Verde vivendo aventuras diversas. Este livro “per-mitirá ao leitor conhecer a beleza e a singularidade deste Concelho que é o NOSSO!”.

O projecto terminará com a par-ticipação na recriação histórica da entrega do Foral de Castro Verde pelo

Rei D. Manuel I, integrada nas Come-morações dos 500 anos do Foral, e que contará com a participação das cerca de 300 crianças do 1.º ciclo do concelho.

“Conhecendo Terras de Castro” tem como principais parceiros, para além de alunos e professores, os pais, os professores das Actividades de En-riquecimento Curricular, a Câma-ra Municipal de Castro Verde e o Agrupamento de Escolas de Castro Verde. w

a turma + leitoraDesde o início do ano lectivo que a EB 2,3 Dr. António Francisco Colaço tem vindo a promover o concurso “A Turma + Leitora. Uma maratona literária, direccionada aos alunos do 3º ciclo, que tem como intuito fomentar e consolidar hábitos de leitura.

conhEcEndo TERRas dE casTRo

EB1 dinamiza novo projecto

aluno participante na turma + Leitora

Durante três semanas, os alunos do curso profissional de técnico audiovisual e multimédia da Escola Secundária de Castro Verde tiveram à sua disposição um diversificado leque de actividades proporcionado pelo “100Cenas - Ler, Ver e Escrever”, organizado pela Bi-blioteca da Escola Secundária de Castro Verde, no âmbito do projecto “Ler+” – Plano Nacional de Leitura.

Para Joaquim Rosa, professor res-ponsável pela iniciativa, “fomentar o gosto pela imagem e pela literatura num misto das duas foi o ponto alto do evento, bem como o incentivo à

produção e realização de filmes.”Assim, “Aprender a fazer um fil-

me em 48 horas”, foi a actividade pioneira do “100Cenas” iniciada a 22 de Outubro. Durante dois dias os alunos concentraram-se no Fórum Municipal e, após a teoria, agarraram nas câmaras de filmar e realizaram uma curta-metragem.

A 26 de Outubro os alunos fizeram da Biblioteca Escolar a sua sala de aula para uma Maratona de Leitura. Na primeira quinzena de Novembro os workshops foram o ponto forte da iniciativa. António José Brito, jornalista

e director do jornal regional Correio Alentejo e, Vítor Encarnação, escritor, foram os convidados do workshop de escrita criativa.

No âmbito do workshop de guio-nismo, os alunos foram desafiados a realizar um spot publicitário, que contou com a ajuda de Tiago Santos - autor do guião do filme Call Girl. Durante as três semanas da iniciativa, esteve ainda patente ao público a exposição “O Cinema em Cartaz” que contou a história do cinema desde os anos vinte, numa progressão temporal até à actualidade.

sétima arte e literatura num só

actividade “aprender a fazer um filme em 48 horas”

De 22 de Outubro a 12 de Novembro, os alunos da Escola Secundária de Castro Verde mergulharam na leitura, na escrita e na realização cinematográfica. “100CENAS – LER, VER E ESCREVER”, assim se intitulou a iniciativa que misturou literatura e sétima arte.

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outubro•novembro•dezembro 2009 autarquia � O Campaniço

Após o acto eleitoral de 11 de Outu-bro que elegeu os órgãos autárquicos para o mandato 2009/2013, e que ditou a vitória, por maioria absoluta, da CDU (PCP-PEV) com 54,97% dos votos, contra 38,20% da candidatura do PS, e 4,55% da coligação “Juntos pelo Futuro” (PPD/PSD-CDS-PP), tomou posse, no passado dia 30 de

Outubro, no Salão Nobre dos Paços do concelho, o novo órgão executi-vo da Câmara Municipal de Castro Verde, constituído por Francisco José Caldeira Duarte (Presidente), António João Fernandes Colaço (Vice-Presidente), José Francisco Colaço Guerreiro, António José da Luz Paulino e Paulo Jorge Maria do

Nascimento (Vereadores). Os mem-bros da nova Assembleia Municipal também tomaram posse neste dia. A primeira sessão deste órgão reali-zou-se de imediato e elegeu a mesa da Assembleia, que ficou composta por Maria Fernanda Coelho Espírito Santo (Presidente), Maria Manuela Revés Florêncio (Primeira Secretária)

e Maria Cesaltina da Cruz Mendes Basílio (Segunda Secretária). Tam-bém as respectivas Assembleias de Freguesia tomaram posse nos dias que se seguiram, com a eleição dos respectivos órgãos executivos e mesas de Assembleia. A taxa de abstenção nestas eleições foi de 35,91% para a Câmara Municipal e de 35,89%

para a Assembleia Municipal. A primeira reunião desta Câmara

Municipal aconteceu no passado dia 4 de Novembro, na Sala de Sessões do Edifício dos Paços do Município onde foram atribuídas aos Vereadores e Presidente as funções a assumir ao longo do mandato. w

Órgão Executivo da Câmara Municipal de Castro Verde presidente francisco José Caldeira duarte (Cdu - pCp-peV)

Coordenação geral da actividade municipal.Cooperação com as Juntas de Freguesia do Concelho e as relações inter-institucionais.Coordenação e gestão corrente da actividade municipal na área do ordenamento, gestão urbanística e obras municipais, compreendendo os domínios do planeamento estratégico, estudos e projectos, habitação, licenciamento de obras particulares, lançamento de obras municipais e acompanhamento e fiscalização da sua execução.Coordenação dos serviços de auditoria e apoio Jurídico, gabinete de apoio ao desenvolvimento, gabinete de educação e apoio de acção social da divisão social e Cultural, gabinete do plano e informática e ainda; secção administrativa, secção Financeira, secção de recursos Humanos, secção de aprovisionamento e património, integradas nos serviços administrativos e gestão de recursos.Coordenação, em termos políticos, da divisão de gestão urbanís-tica e ambiental, gabinete de gestão urbanística, secção técnica-administrativa, sector das obras – novas e grandes reparações ou remodelações, em regime de empreitada.

ViCe-presidente/Vereador antónio João Colaço (Cdu - pCp-peV)Coordenação e gestão corrente da actividade municipal nas áreas da segurança e protecção Civil e dos serviços urbanos, compreendendo o domínio dos transportes.abastecimento de água.drenagem e tratamento de efluentes.Higiene e limpeza de espaços verdes, cemitérios, feiras e mercados.Coordenação, em termos políticos, da divisão de gestão urbanística e ambiental: sector de obras novas, de conservação e manutenção, em regime de administração directa; sector de gestão ambiental; sector dos transportes e máquinas e sector das oficinas; bem como a componente “aprovisionamento” da secção de aprovisionamen-to e património integrada nos serviços administrativos e gestão de recursos.Coordenação do funcionamento do gabinete municipal de protecção Civil e segurança.

Vereador paulo Jorge maria do nascimento (Cdu - pCp-peV)Coordenação e gestão da actividade municipal na área sócio-Cultural, da educação e da promoção e informação municipais, compreendendo os domínios da Cultura, do lazer e do desporto, educação, bem como a informação municipal e promoção turística.Coordenação em termos políticos da divisão social e Cultural: sector da Biblioteca e arquivo Histórico, sector Cultural e desportivo, gabinete de educação, bem como a coordenação das iniciativas promocionais e actividades de relações públicas e informação ao munícipe.

José francisco Colaço (ps). sem pelouros atribuidos.antónio José paulino (ps). sem pelouros atribuidos.

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Órgão Deliberativo da Assembleia Municipal de Castro Verde

presidentemaria Fernanda Coelho espírito santo (Cdu - pCp-peV)

1º secretáriamaria manuela revés Florêncio (Cdu - pCp-peV)

2ª secretáriamaria Cesaltina da Cruz mendes Basílio (Cdu - pCp-peV)

deputados municipais / vogais

Filipe manuel patrício mestre (ps) / Carlos alberto soares ramos (Cdu - pCp-peV) / sónia isabel de sousa nascimento (ps) / ercília maria soares Vitoriano martins (Cdu - pCp-peV) / artur Jorge Cordeiro lagartinho (Cdu - pCp-peV) / João pedro dias aurélio (ps) / Francisco antónio simões gonçalves (ps) / manuel da Conceição Colaço (Cdu - pCp-peV) / Valdemar Henrique Batista andré (ps) / liliana Cristina Valente antónio (Cdu - pCp-peV) / rui luís silva de matos (Cdu - pCp-peV) / Cândido manuel Colaço (ps) / antónia maria godinho almeida espírito santo (Cdu - pCp-peV) / Fernanda guerreiro dos santos Felício (Cdu - pCp-peV) / antónio José silvestre Jerónimo (Cdu - pCp-peV) / manuel Jacinto Batista tomé (Cdu - pCp-peV) / manuel dos santos marques (Cdu - pCp-peV)

resultados das Eleições autárquicas 2009 Cdu (pCp-peV) ps

Coligação “Juntos pelo Futuro (ppd/

psd-Cds-pp)”Be abstenção

Câmara municipal 54,97% 38,20% 4,55% — 35,91%

assembleia municipal 51,05% 36,71% 5,18% 5,23% 35,89%

assembleias de freguesia

Castro Verde 50,48% 36,3% 6,86% 4,46% 35,91%

Casével 53,1 % 45,74% — 0,78% 38, 91%entradas 58,26% 38,7% — — 16,77 %santa Bárbara de padrões 75,63% 23,34% — — 28,95%são marcos da atabueira 56,3% 40% — — 35,22%

casTRo VERdE

autárquicas 2009

Presidentes Juntas de freguesiaJunta de Freguesia de CaséVel Fernanda guerreiro dos santos Felício (Cdu - PCP-Pev)Junta de Freguesia de Castro Verde maria manuela revés Florêncio (Cdu - PCP-Pev)Junta de Freguesia de entradas antónio José silvestre Jerónimo (Cdu - PCP-Pev) Junta de Freguesia de santa BárBara de padrões manuel dos santos marques (Cdu - PCP-Pev)Junta de Freguesia de sÃo marCos da ataBueira manuel Jacinto batista tomé (Cdu - PCP-Pev)

executivo Câmara municipal de Castro verde - tomada de Posse

assembleia municipal - tomada de Posse

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outubro•novembro•dezembro 2009 autarquia � O Campaniço

A Câmara Municipal de Castro Verde aprovou, a 24 de Outubro de 2009, o Plano de Contingência contra a Gripe A (H1N1). O documento tem como objectivo assegurar que a organiza-ção dos serviços se mantém activa em cenário de pandemia, e pretende dar resposta às recomendações da Direcção Geral de Saúde (DGS).

O Plano contempla a identificação das actividades essenciais, prioritárias e dispensáveis, mas também a lista de recursos essenciais e prioritários.

A título de exemplo, consideram-se actividades essenciais, aquelas desen-volvidas pelos grupos executivos, o tratamento de águas para abasteci-mento público, a recolha de resíduos sólidos e urbanos, a reparação de condutas (condutores de máquinas, pedreiros e canalizadores), a arma-zenagem de materiais, coveiros e veterinário municipal.

Realizou-se, ainda, um Plano de Informação/Sensibilização que actuou junto dos funcionários. A informação

foi distribuída em panfleto, junta-mente com o recibo de ordenado de cada trabalhador da Autarquia. As restantes medidas tomadas recaíram sobre a implementação de um panfleto – “Lavagem das Mãos” - nos lavabos de todas as instalações municipais. Paralelamente, foram também dis-tribuídas pelos trabalhadores em-balagens de 500ml de uma solução alcoólica, sob a forma de gel, para a correcta higienização das mãos, assim como embalagens de 250ml

de álcool sanitário. No decorrer da distribuição dessas soluções e materiais de sensibilização, os trabalhadores foram ainda informados sobre as práticas a ter em atenção ao nível da protecção.

Em caso de extrema gravidade po-derá vir a ser equacionado um Pla-no de Formação que tenha em vista reforçar a divulgação e informação sobre a matéria. Esta será leccionada por elementos competentes (médicos e enfermeiros).

O Plano de Contingência contra a Gripe A (H1N1) integra ainda um Gabinete de Gestão, do qual fazem parte dois grupos: os membros per-manentes, e os membros suplentes, no caso dos primeiros virem a ser alvo do vírus. O Centro de Saúde de Cas-tro Verde, a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Castro Verde e a Cruz Vermelha Portuguesa – Núcleo de Castro Verde são outros dos intervenientes que integram o respectivo Plano. w

GRiPE a

autarquia implementou plano de ContingênciaPlano de Contingência contra vírus H1N1define orientações estratégicas de resposta da autarquia perante um possível cenário de pandemia de gripe.

Dando seguimento a uma políti-ca de apoio às associações locais, a Câmara Municipal de Castro Verde vai continuar a apoiar o movimento associativo sedeado no concelho, no desenvolvimento e implementação no terreno dos seus projectos.

Assim e, tendo em atenção, que há associações e juntas de freguesia no concelho de Castro Verde sem capa-cidades técnicas e humanas para can-didatar os seus próprios projectos, a autarquia decidiu apoiar a elaboração das suas candidaturas ao programa de apoio financeiro – PRODER (Programa de Desenvolvimento Rural), no eixo 3, nas alíneas “Serviços Básicos para a População Rural” e “Conservaç ão e Valorização do Património”. Enquanto instrumento programáti-co e financeiro, o PRODER assenta

na promoção do desenvolvimento socioeconómico das zonas rurais, dando especial relevo, no eixo 3, às áreas de apoio social, das micro-empresas e do desenvolvimento de acções na área da cultura e da dina-mização sociocultural. Vem substi-tuir o programa LEADER Plus, que durante o seu exercício permitiu a criação de dinâmicas e a majoração de competências com efeitos práticos visíveis e abrangentes, e represen-ta um importante mecanismo, no âmbito dos fundos comunitários, a ser aproveitado por instituições sem fins lucrativos, colectividades e associações culturais e desportivas, de forma a desenvolver projectos e dinâmicas que são fundamentais para a sua continuidade. w

PRodER

município apoiaassociações locais

No fim-de-semana de 4 e 5 de De-zembro, decorreu em Viseu, o XVIII Congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses. O Congresso contou com a presença de quase mil delegados dos Municípios Portu-gueses, tendo estado representados os órgãos de soberania, os diversos partidos políticos, os sindicatos e múltiplas instituições e entidades cuja actividade se articula com o trabalho do Poder Local.

“Investir nas pessoas, desenvolver Portugal” foi o tema geral desta edição que assinalou também o início das comemorações do 100º aniversário da Implantação da Re-pública.

O dia de sexta-feira, 4 de Dezem-bro, foi marcado pela Sessão do Fórum das Autoridades Locais dos Países de Língua Portuguesa, com intervenientes oriundos de Moçam-bique, Timor Leste, Cabo Verde, Brasil, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe, Angola e, Portugal, com os quais a ANMP (Associação Municipal de Municípios Portugueses), e os próprios municípios portugueses, têm vindo a desenvolverem acções de cooperação descentralizadas. A Sessão Solene de Abertura foi pre-sidida pela Ministra da Saúde, Ana

Jorge, na qual decorreu a entrega do prémio “Cidadão Europeu” à ANMP, pela mão do Vice-Presiden-te do Parlamento Europeu, Vidal-Quadras.

A ordem de trabalhos, dirigida pela Mesa de Congresso, decorreu no dia 5, onde foram apresentadas e discutidas “As Linhas Gerais de Actuação da ANMP para o Mandato 2010-2013”. A autonomia do poder local, a regionalização, a revisão da Lei das Finanças Locais e o QREN foram temas importantes em debate. Em cima da mesa estiveram também assuntos como a transferência de competências nas áreas da saúde, do ambiente, da acção social, da educação e da protecção civil. A gestão de recursos humanos, a con-tratação pública, o ordenamento do território e o desenvolvimento foram outros dos assuntos discutidos. Durante a sessão ocorreu ainda a eleição para os órgãos da ANMP

para o próximo mandato. Na sessão de encerramento, o

actual Presidente da ANMP, Fer-nando Ruas, explanou as principais conclusões do Congresso e propôs ao Primeiro Ministro, José Sócrates, uma agenda política para apreciação e debate das questões levantadas. Infelizmente, José Sócrates, no seu discurso final omitiu, por completo, as respostas às reivindicações co-locadas pelo que os congressistas, na sua generalidade, se revelaram claramente desapontados.

O Município de Castro Verde fez-se representar no Congresso pelo Presidente da Câmara Municipal, Francisco Duarte, pela Presidente da Assembleia Municipal, Maria Espírito Santo e pela Presidente da Junta de Freguesia de Castro Verde, Manuela Florêncio.

O Congresso da ANMP constitui um dos pontos altos da vida polí-tica nacional. Nesta edição foram relevantes as informações e troca de opiniões registadas ao longo dos dois dias de trabalhos, bem como a qualidade dos documentos e inter-venções apresentadas que labora-ram na melhoria da qualidade de actuação e governação das Câmaras Municipais do país. w

XViii conGREsso da associação nacional dE MunicíPios PoRTuGuEsEs

Castro verde marcou presençaO Presidente da Câmara Municipal de Castro Verde, Francisco Duarte, a Presidente da Assembleia Municipal, Maria Espírito Santo e Manuela Florêncio, Presidente da Junta de Freguesia de Castro Verde, foram os representantes da autarquia no XVIII Congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses que se realizou em Dezembro, na cidade de Viseu.

A Câmara Municipal de Castro Verde vai celebrar acordos de cooperação com as Juntas de Freguesia do concelho, visando a delegação de competências, o apoio na prossecução de diversas obras património de cada freguesia e a prestação de serviços.

Ao nível das transferências corren-tes para o ano 2010, a totalidade de verba a transferir para as Juntas de Freguesia é de 394. 800, 00€, a apli-car nas áreas do ambiente, educação, cultura, equipamentos, administrativa,

ordenamento do território e despor-to. No que refere às transferências de capital para 2010-2012, a autarquia vai ainda apoiar as cinco Juntas de Freguesia num total de 1. 613 , 200 €, para concretização de obras em diversas áreas.

A descentralização de competências para as Juntas de Freguesia inscreve-se assim numa política de melhoria da qualidade de vida das populações, mas também de salvaguarda da autonomia do poder local. w

delegação deCompetências para as Juntas de freguesia

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O Campaniçooutubro•novembro•dezembro 2009 obras �

As obras de requalificação do Es-tádio Municipal 25 de Abril tiveram início no passado mês de Novembro de 2009, dando cumprimento às ac-ções inscritas nas Grandes Opções do Plano 2009 da Câmara Municipal de Castro Verde.

A concluir até inicio de Março de 2010, a obra contempla um cam-po relvado sintético sob o actual campo pelado, com a dimensão de 106x64m e marcações segundo os requisitos para a prática do futebol estabelecidos pela Federação Por-tuguesa de Futebol, e uma pista de atletismo simplificada que permitirá a realização de competições oficiais, bem como a prática do atletismo a nível regional, escolar e de treino desportivo.

Estimada em 577 000 euros, a in-tervenção implica ainda a construção de uma bancada em betão armado pré-fabricado, subdividida em dois lanços de 25m cada, junto à pista de atletismo mas com a dimensão de 30 metros por dois degraus. Serão,

também, efectuados trabalhos de preparação para uma melhoria das instalações eléctricas, cuja execução acontecerá numa fase seguinte.

A intervenção realizada ao ní-vel da pista de atletismo vem dar resposta às necessidades sentidas nomeadamente no que se prende com o desenvolvimento de uma

prática desportiva jovem e com a inexistência de condições para o treino de algumas disciplinas técnicas do atletismo. O investi-mento vem assim permitir uma maior actividade dos projectos de actividade física promovidos pelas associações, estabelecimentos de ensino e autarquia. w

EsTádio MuniciPal 25 dE abRil

obras em curso desde novembro

Futura pista de atletismo simplificada - estádio municipal 25 de abril

Já se encontra em fase de cons-trução o Loteamento Municipal em Santa Bárbara de Padrões. O terreno localiza-se dentro do perímetro ur-bano, em zona abrangida pelo Pla-no Director Municipal em área de expansão, e tem prevista uma área total de construção de 7 536,13 m2. O loteamento é constituído por 32 lotes, 1 lote para equipamento (Lar da 3ª Idade); 18 lotes destinados à habi-tação, 5 para armazéns, 3 lotes para garagens, 2 para equipamentos e 1 lote para utilização colectiva, sendo a área total dos lotes de 16 423,67 m2.

Com área afecta a arruamentos pú-

blicos, estacionamentos e passeios, zona verde de utilização colectiva, este loteamento vem permitir não só a construção do lar de idosos, como o reordenamento da entrada da aldeia, uma maior oferta habita-cional, a fixação da população jovem e, consequentemente, a diminuição do isolamento social na freguesia. A empreitada para construção de infra-estruturas do respectivo lotea-mento foi adjudicada, após concurso público, à empresa CONSDEP, pela importância de 327.567,77 euros. Prevê-se que a obra esteja concluída no final de Agosto. w

sTa. báRbaRa dE PadRõEs

Loteamento municipal aprovado e obras de infra-estruturas adjudicadas

Está em funcionamento, desde o passado mês de Outubro, a Es-tação de Tratamento de Águas das Sorraias, que abastece esta locali-dade, os Viseus e o Monte do Rolão, e que vem, desta forma, pôr termo aos problemas relacionados com a qualidade e a quantidade de água

nestas povoações.A função desta ETA baseia-se no

tratamento de Pré-oxidação (hipoclo-rito de sódio), de Filtração de areia e de carvão activo, de Microfiltração, de Osmose inversa e desinfecção final (hipoclorito de sódio). w

Eta das sorraias em funcionamento

Obras de construção do loteamento de sta. bárbara de Padrões

Terminaram, em Novembro passado, as obras de ampliação e remodelação do Centro Recreativo de Casével. A obra, orçada em cerca de 240.000 euros (dos quais 90% foram comparticipados pela Câma-ra Municipal de Castro Verde, ao abrigo do protocolo de delegação de competências) teve início em Junho passado.

O Centro Recreativo de Casével fica assim dotado de um refeitório, que dará apoio à Escola Primária e ao Jar-dim-de-infância, e novos acessos para pessoas com mobilidade reduzida. Neste espaço funcionará também um Pólo da Biblioteca Municipal Manuel da Fonseca. No exterior, as mudanças passam por novos telheiros, e uma zona de churrasco. w

cEnTRo REcREaTiVo dE caséVEl

Concluídas obras de ampliação

Espaços verdes valorizadosNo seguimento de uma

política de valorização do ambiente urbano, a autar-quia tem vindo a desenvol-ver um trabalho contínuo de requalificação e reestrutura-ção, assente na recuperação de espaços verdes.

Na rua José Gomes Fer-reira, o relvado existente foi objecto de adubação e escarificação. No canteiro adjacente ao Parque da Li-berdade foi implantado um relvado e plantados arbustos e herbáceas. A intervenção ficou concluída com ins-talação de um sistema de rega gota-a-gota.

A Rua da Seara Nova, foi também alvo de algumas intervenções, com destaque para o arranjo do separador de via na área do bairro da Coopecave. Também a zona envolvente ao espaço de recreio foi alvo de beneficiação. Devido a problemas de infiltração de raízes e ao deficiente escoamento das águas, o espelho de água existen-te foi transformado em canteiro.

Paralelamente, procedeu-se à re-qualificação do relvado, poda de arbustos e trepadeiras. Nos triângu-los adjacentes à Rotunda da Rua da Esteva foram semeadas plantas que não têm necessidade de rega, como

cactos e alecrins. Na rua dos Ciprestes,

o jardim existente foi re-qualificado na totalidade. Procedeu-se à pintura da estrutura construída, à plantação de herbáceas e de alguns arbustos nos canteiros.

A obra em curso no espa-ço do antigo Parque Infantil contempla também a recupe-ração e enriquecimento da estrutura arbórea e zonas verdes. A demolição do muro existente libertará o espaço desta fronteira física, permitindo uma interligação efectiva entre o jardim e o espaço envolvente.

Para breve está também a criação de um espaço ver-de em frente ao Parque de Campismo, na rua Timor Lo-rosae, onde serão colocados

diversos equipamentos para a prática de actividade física sénior.

Todas as intervenções realizadas tiveram em consideração a morfo-logia existente. w

Após 11 meses de interregno para obras de remodelação, o Cine-Teatro Municipal retoma a sua actividade no próximo mês de Janeiro.

Orçada em 855 mil euros, a in-tervenção realizada veio permitir a revalorização total do edifício, que se revela agora mais contemporâneo, acessível e confortável, abandonando por completo a estética anterior. As

melhorias foram efectuadas a vários níveis, assegurando os acessos e o acolhimento de pessoas com mobi-lidade reduzida, a segurança contra incêndios, a renovação da instala-ção eléctrica, o melhoramento da qualidade do ar, do comportamento térmico e do isolamento acústico, nova plateia e instalações sanitárias, entre outras.

Também a área envolvente ao edifício sofreu alterações. Na frente, será criada uma pala e uma área que suportará uma tela publicitária, realçando, assim, a entrada da sala de espectáculos. Junto à entrada prin-cipal foi criado um espaço pedonal, que tem como objectivo aumentar a segurança na entrada e saída de público do equipamento. w

cinE-TEaTRo MuniciPal

remodelação chegou ao fim

Jardim da rua dos Ciprestes

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teresa nogueira Pouco passa das três horas de uma

tarde fria e melancólica de Novembro. A casa é pequena. Do lado esquerdo da porta de entrada há um balcão de madeira alto, daqueles que já estive-ram na moda. Por trás do balcão há de tudo um pouco. Uma aparelhagem que preenche o trabalho solitário do relojoeiro com algumas notas musicais, máquinas de todos os feitios, gave-tas entreabertas e a mesa de trabalho onde as peças dos relógios apenas se distinguem à lupa. Nas paredes há relógios que nos contam histórias an-tigas, de tempos em que alguns de nós ainda não éramos nascidos. Ao balcão encontramos António Espírito Santo, uns olhos cinzentos por detrás de um par de óculos “que isto a idade já é avançada e os olhos já não são o que eram.

António não pára. Se não está de roda dos aparelhos, está a atender os clientes, que esses ainda lhe chegam. É o que dá ser o único no seu ofício “antes ainda os havia por Almodôvar, Aljus-trel, Ourique, Mértola”. Sim, porque isto dos relógios não é para qualquer um. “Um relojoeiro tem que ser um predestinado, tem que ser uma pessoa com condições especiais”, explic. Tem que, acima de tudo, ter os sentidos bem apurados. “Ver bem, ouvir bem, ser imaginativo, não pode ser trémulo, tem que gostar de mexer em miniatu-ras, ser paciente, intuitivo. É preciso uma vocação especial que apenas a natureza pode dar”, realça.

António Espírito Santo passou a maior parte da sua infância no campo. “Trabalhava na monda com as mu-lheres, num monte perto de Entradas chamado «Cumeada Velha» ”, recorda. O tempo foi passando e o trabalho no campo alargou-se à apanha da azeitona, à ceifa. Até lavrou com uma junta de bois. Outras vezes arrancava azinheiras. “Utilizávamos um alferece para tirar a terra à volta da raiz, cortávamo-la com o machado e, depois, atávamos uma corda em cima e puxávamos até a azinheira cair”, explica. Outras vezes ripava azeitonas em manhãs de nevo-eiro cerrado, com a árvore a pingar água para cima dos trabalhadores, até ficar com as mãos engelhadas. O trabalho na terra prolongou-se até aos 19 anos. Entretanto, nos tempos livres, tinha como hobbie aprender a barbeiro. Mas, diz António Espíri-to Santo, “o mestre onde eu andava não tinha intenção nenhuma de me ensinar, só me queria lá para fazer os recados, ir à lenha, essas coisas”. Começou a fazer pequenos trabalhos de barbeiro em casa e nunca mais foi à do «mestre».

Foi apenas em 1952 que decidiu mudar-se para Castro Verde, onde reside desde então, e abriu a oficina

que tem hoje. O gosto pelos relógios surgiu naturalmente. Ninguém na família alguma vez trabalhou nesta profissão. “Aprendi com a mesma pessoa que ensinou o António Aleixo a fazer versos e, ainda, com aquela mesma pessoa que ensinou os bebés a bocejar”. O relojoeiro lembra-se de ser pequeno e ficar sozinho em casa. “Enquanto a minha mãe ia à ribeira lavar eu aproveitava para desmanchar a máquina de costura, que era a única máquina que havia lá em casa”, conta. Nasceu cedo o gosto por mexericar em mecanismos, de descobrir como funcionam. O pior era quando a mãe chegava a casa e não encontrava a má-quina como a tinha deixado. “Também o meu pai tinha para lá um relógio velho dentro de uma arca… Quando deu conta, eu tinha-o escangalhado com as minhas experiências.”

O que é certo é que há sessenta anos que António começa e acaba os seus dias ao som daquele tiquetaque tão familiar. Mas os tempos são outros. Actualmente as pessoas compram ar-tefactos baratos que, na maioria das vezes, quando se estragam nem vale a pena arranjar. Os relógios mais fáceis de reparar são os electrónicos porque trazem menos peças. Por exemplo, um relógio antigo traz à volta de 135, 140 peças, “e isto se for um relógio pequeno”. Na loja aparecem muitos

relógios de parede para arranjar, de vários pontos do país e, normalmente, de coleccionadores. Até já aconteceu ter um ou outro do Canadá. “Se o cliente fica satisfeito vai comentando e, eles vão-me aparecendo aqui. Agora tenho aí uns de Lisboa.”

O grande problema com que se depara é o facto de, na maioria das vezes, não haver peças para a repara-ção. “Os piores são os de pulso, os de bolso e os despertadores”, acrescenta. Quando é preciso algum acessório que não se encontra à venda o Sr. Antó-nio fabrica-o pessoalmente. Outras vezes são as ferramentas. “Às vezes estou a arranjar um relógio e começo a imaginar uma ferramenta que me ajudaria a realizar o trabalho mais rapidamente… quando tenho tempo faço-a.” Até tem umas varetas, que encontrou numa obra uma vez que ia na rua, e que lhe dão imenso jeito, servem como alavanca. Chega a levar uma semana completa para fazer um trabalho, dependendo do estado em que a peça se encontra. Um serviço destes pode custar entre 100 a 150 euros. Ainda só não montou um relógio de origem porque lhe falta a máquina de fazer platinas (é a parte do relógio que assenta no pulso), de resto tem de tudo. “Se for casquilhos, por exemplo, tenho ali o torno, é só fazer.”

Técnicas que aprendeu sozinho ou

nos livros de instruções que vinham com as ferramentas que foi comprando. Os acessórios necessários nesta profis-são só se encontram nas furnituristas (assim se designam as lojas onde se compra este tipo de material). Quan-do começou a trabalhar neste ofício, uma pinça para o torno custava-lhe 36 escudos. Agora, a última vez que foi a Lisboa buscar peças nem lhe queriam dizer o preço.

“Já me têm aparecido aí clientes com relógios novos que já vem avariados. É o problema hoje em dia, eu acabo por ter que fazer o trabalho que deveria ser feito quando são fabricados”, desabafa. Por haver uma grande concorrência no mercado, as fábricas começaram a confeccionar peças com menos qua-lidade e o trabalho não fica tão bem feito. Segundo António Espírito Santo o grande problema é que os relógios são postos à venda sem os ponteiros polidos. Este simples pormenor trans-

forma-se numa “carga de trabalhos” para o relojoeiro que, além de polir os ponteiros, tem que fazer casquilhos e, como não há brocas nas medidas precisas para este trabalho, ainda tem que fazer as brocas. “O que é certo é que depois nunca mais param”, diz com orgulho e acrescenta “isto é um trabalho muito minucioso que demora muito tempo e requer muita paciência”.

É difícil arranjar quem queira apren-der o ofício de relojoeiro. Já os houve por lá, a ouvir os ensinamentos do «mestre» mas, como aqui já foi dito, é preciso que haja um talento inato e um gosto especial por esta profissão. Dos três aprendizes que frequentaram a sua casa, apenas um deles faz alguns trabalhos do género nas horas livres, em casa.

Para este homem “arranjar relógios é como ouvir música. A música pro-voca-me uma sensação de saudade e felicidade e, por vezes, faz-me cair uma lágrima. Com os relógios, quan-do acabo o trabalho, penduro-os na parede e fico a olhar para aquilo que fiz durante uns dez minutos”.

Este ofício está destinado à extinção. “Os relógios que aparecem, agora, no mercado vêm logo preparados para que não seja possível repará-los”, con-fessa António com um sentimento de tristeza na voz. w

outubro•novembro•dezembro 2009 reportagem � O Campaniço

a arte de consertar o tempoSessenta anos separam uma realidade há muito vencida. Os tempos são outros, as tendências também e as profissões, essas, têm vindo a modificar-se ou até mesmo a desaparecer. Quem sabe o que é um sapateiro? Quem prefere o barbeiro à cabeleireira? Para quê preocupar-se com o arranjo de um relógio se eles agora são tão baratos? Uma história sobre o tempo …

Oficina de antónio espírito santo

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O Campaniço outubro•novembro•dezembro 2009 comunidades �

A cena repetia-se diariamente. Os pezinhos vinham do matadouro que estava

no piso de cima. Em baixo, onde elas trabalhavam havia fogões. Os pezinhos, dentro do cesto, mergulhavam-se na água quente e tiravam-se.

“Cuidado! Se ficarem muito tempo a lã já não sai!” Esta era a frase mais dita e pensada por estas mulheres que um dia pousaram para a fotografia.

Tiravam-se os restos de lã, chamuscavam-se, esfregavam-se com uma escova e, aqueles pezinhos, branquinhos, iriam um dia para os estômagos da pobre gente que lhe chamavam um figo.

Um alguidar de buchos é sinal que do borrego tudo se aproveita. Até as unhas serviam para fazer cabos de faca. “Atenção! Eu também

aqui estou!”, pensou José Manuel Inácio, o aprendiz de talhante, antes do flash enviar o grupo para a eternidade

Corria o santo ano de 1967, Castro Verde fornecia os mercados em Lisboa e arredores e, a pequena indústria de abate de Eduardo

Mestre estava no auge. Um rebanho de mais de duas mil ovelhas, três camiões e mais de trinta postos de trabalho. Um pequeno império que acabou quando o matadouro de Beja iniciou a actividade. Para que conste, da esquerda para a direita: meia cara desconhecida

que ninguém dos presentes sabe quem é, Maria Inácia Diogo, José Manuel Inácio, Joana, Maria Alice, Ana, Silvina, Maria Guiomar, Joana Guerreiro e Ana Isa – a matriarca do grupo.

José Luis Jones

Limpam-sepezinhos

FotoDestaque

Muitas horas de avião separam Por-tugal do Canadá. Um país que rece-beu, e recebe, ainda nos dias de hoje, muitos dos portugueses que partiram em busca de uma vida melhor.

Mesmo longe da terra que os viu nascer, e com Portugal no coração, a comunidade portuguesa que vive no lado de lá do Atlântico, e que já ascende a cerca de trezentos e cin-quenta mil emigrantes, não esquece as suas raízes. A Casa do Alentejo de Toronto é prova disso: prova de que estas gentes não só não esquecem as tradições, como desenvolvem um trabalho contínuo para que estas se mantenham vivas, num país cuja cul-tura e essência em nada se assemelha a Portugal.

Foram estas mesmas horas de avião que percorreram a ceramista Vanda Palma, o escritor e dramaturgo José Luís Peixoto, e Dulce Guerreiro, técnica de turismo do Município de Castro Verde, que se deslocaram até Toronto para participar nas comemorações do 25º Aniversário da Casa do Alentejo, que decorreram de 14 a 18 de Outubro e nos dias 23, 24 e 31 do mesmo mês, sob a temática “25 Anos Semeando Lusitanidade”.

Para celebrar a data, a Casa do Alentejo de Toronto organizou para os seus sócios, um conjunto alargado de iniciativas, como espectáculos mu-sicais com a participação de artistas

luso-descendentes, ranchos folclóricos, grupos corais, do grupo de música popular Banza e da fadista Mafalda Arnauth. Decorreram ainda exposi-ções, mostras de produtos tradicionais

alentejanos, demonstrações e oficinas de artesanato, conversas, palestras e apresentação de livros. Iniciativas que decorreram sempre entre uma ou outra iguaria alentejana.

Dulce Guerreiro levou na bagagem o recém-editado filme promocional “Terra de Futuro”, artesanato regional e algumas publicações da autarquia, para apresentar o concelho de Castro Verde, revelou ao “Campaniço” que “muitos dos presentes que conheciam Castro Verde, mostraram surpresa e admiração pelo desenvolvimento que o concelho tem tido nos últimos anos, pois muitos dos emigrantes que lá estavam, não vêm a Portugal há já alguns anos”.

Outro facto que deixou bastante surpreendido o grupo castrense foi o facto dos filhos de emigrantes lusos se interessarem pela cultura e tradição do país dos seus pais: “Muitos destes emigrantes têm hoje filhos que nunca vieram a Portugal, mas mesmo sem conhecerem o país, é com esforço e dedicação que tentam manter pre-sente a cultura portuguesa naquele país”.

Uma aventura em terras canadianas que se revelou muito positiva, até porque “quando se entra naquela Casa, sentimos que estamos mesmo no nosso Alentejo. É um cantinho à parte”. w

Casa do alentejo de torontocelebrou bodas de prataDe 14 a 31 de Outubro, a Casa do Alentejo de Toronto celebrou as suas bodas de prata, com um alargado rol de iniciativas. Da música à tradição, das artes à gastronomia ou ao artesanato, nenhum detalhe relacionado com a cultura alentejana foi esquecido, nesta grande festa, que contou com a presença do concelho de Castro Verde

Participantes na XXv semana Cultural alentejana da Casa do alentejo de toronto

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O Campaniçooutubro•novembro•dezembro 2009 efeméride �

miguel rego

O republicano José Militão, assumiu o cargo de administrador interino do concelho de Castro Verde, a 4 de Outubro, concelho onde os repu-blicanos haviam ganho as eleições locais, em 1908.

Empregado do Governo Civil de Beja, José Militão, nas menos de 24 horas em que assume o lugar de Administrador do Concelho, cargo que na altura fazia a ligação entre o poder local e o poder central através da figura do Governador Civil, efectua apenas duas ordens, mas que são as suficientes para preparar os órgãos do poder local para os novos tempos políticos que se advinham. Nomeia como amanuense, ou se quisermos secretário do Administrador do Con-celho, António Joaquim Fernandes, substituindo José Vaz Nobre Gonçal-ves, que é exonerado coercivamente. Ainda durante a manhã do dia 5 de Outubro, entrega ao então presidente da Câmara, o republicano José Se-verino Parreira, o cargo de adminis-trador do concelho. O telegrama da implantação da República só chegará durante a tarde e perante a certeza da vitória na capital, é mandada hastear a bandeira da República, nos Paços do Concelho de Castro Verde.

A festa invade então as ruas da sede de concelho. E é de tal forma efusiva a reacção dos castrenses, à implantação da República, que José Severino Parreira, o presidente da Câmara Municipal, numa carta que escreverá a 21 de Outubro ao Gover-nador Civil de Beja, António Aresta Branco, a classifica como “a mais im-ponente a que tenho assistido”, apesar da provecta idade que invoca. Os dias de festa seguiram-se sem “nota discordante alguma, apesar do entu-siasmo de todas as classes sociais”. Castro Verde, vive então dias de muita agitação, de festa e alegria, mas sem o registo de qualquer conflito. Facto que o velho republicano atribui ao “papel dos chefes republicanos que acon-selharam as classes menos ilustradas que o novo Governo era um Governo d’ordem e moralidade”.

E se na rua não foram visíveis gran-des altercações, no que concerne aos lugares do aparelho político do poder local, as profundas mudanças do re-gime também mal se fizeram sentir nestas terras campaniças. Todos os re-gedores das paróquias se mantiveram, excepto o de Entradas. José Contreiras, aparentemente um monárquico, é substituído pelo “corroligionário Luiz dos Santos, efectivo, e Francisco Ma-noel Alves, substituto”. As equipas das paróquias, de uma forma simples, as freguesias, já antes coniventes com a Vereação republicana que governava a Câmara, ficaram constituídas da seguinte forma: “em Castro Verde - Presidente, Belchior Affonso Parreira e Thesoureiro, José d’Almeida da Cruz. Em Casével - Presidente Antonio Pedro

dos Santos e Thesoureiro José da Roza. Em Entradas - Presidente Joaquim Revez Duarte e Thesoureiro Antonio Manoel dos Santos. Em S. Marcos - Presidente Francisco Revez e Thesoureiro José da Palma. Em Sta Barbara - Presidente Manoel Jacintho e Thesoureiro Manoel Vaz Collaço”. A paz social que atra-vessa o concelho reflecte, afinal de contas, uma realidade política mar-cada pela maioria republicana que aqui detinha o poder municipal há mais de dois anos.

A primeira reunião de câmara rea-lizada após o 5 de Outubro de 1910, tem lugar no dia 13 desse mesmo mês. É quinta-feira. A vereação é então constituída por José Severino Par-reira, Manuel Guerreiro Fernandes, José Alves da Costa, Silvestre José Jorge e Manuel Gonçalves Fialho. Todos os presentes efectuam a decla-ração de juramento que lhes valida as funções que já detinham no novo cenário institucional. “Declaro pela minha honra cumprir fielmente os de-veres do meu cargo”.

José Severino Parreira acumula o cargo de Administrador do Concelho com o de Presidente da Câmara, após o pedido de exoneração desse lugar por José Romão Júlio, invocando mo-tivos de doença. Manuel Guerreiro Fernandes, enquanto vice-presidente da Câmara, assume a direcção da reunião ordinária.

Dos assuntos tratados nessa reunião do dia 13, importa recuperar que o novo amanuense receberá um orde-nado anual de 100:000 reis, aos quais se juntam os emolumentos previstos na lei; que o novo administrador civil se disponibiliza para ser útil à municipalidade de Castro Verde e que espera desta uma sincera coope-ração; e que através de uma petição, a cidadã Christina Maria, solteira, de 40 anos de idade e moradora em Entradas, solicita que lhe seja pas-sada guia para poder dar entrada no Hospital de S. José, afim de ser tratada de uma enfermidade que so-fre e que só ali pode ser operada. A Câmara decide assumir as despesas da referida operação, depois de ter tomado conhecimento da doença que afectava a munícipe e de confirmar a sua pobreza. Mas não se ficam por aqui os assuntos tratados nesta pri-meira reunião de Câmara à sombra da bandeira republicana.

Dada a ausência de uma resposta ao pedido da Câmara de Castro Ver-de, em que se solicitava a cedência dos eucaliptos da estrada distrital 165, que ligava Alvalade a Alcaria Ruiva, do lanço entre Castro Verde e o Monte de Calcines, para aplicar no barroteamento dos soalhos do novo edifício dos paços do concelho, a Vereação decide renovar esse pe-dido, para mais porque entende ser legítima a sua pretensão, já que os eucaliptos haviam sido plantados e criados pela Câmara de Castro Ver-de, quando a referida estrada estava sob a sua jurisdição. Como podemos

constatar, estamos perante uma rei-vindicação muito peculiar, mas que é o reflexo de um diálogo de surdos entre poder local e central, diálogo esse que ainda hoje perdura, em muitas situações.

Mas, são as propostas de altera-ção da toponímia nas vilas de Castro Verde e Casével que, efectivamente, quebram a normalidade nesta primei-ra reunião. Assim, na vila de Castro Verde: ao Largo Alonso Gomes, é dado o nome de “Praça da Republica”; à Rua de Santarém, é dado o nome de “Rua 5 d’Outubro de 1910” e, à Rua da Misericórdia, na parte a que antigamente se chamava Praça, foi dado o nome de “Praça das Horas da Revolução”. Na vila de Casével: Por proposta do vereador, cidadão Silvestre José Jorge, à Rua da Praça, foi dado o nome de “Largo Costa e Buiça”; ao Largo de S. Fabião, o de “Praça da República” e, à rua que fica na parte chamada Terras da Cruz de S. João, foi dado o nome de “Rua 5 d’Outubro de 1910”.

Numa reunião cuja emoção estaria, indubitavelmente, em cima da mesa, ela termina com um voto de sentimen-to aprovado por unanimidade, “pelas mortes dos cidadãos: o Grande Homem da Sciensia, Dr. Miguel Bombarda, o

Bravo Militar, Almirante Cândido dos Reis, e pela de todos os fallecidos na revolta dos dias 4 e 5 do presente mez, em Lisboa, quer do lado dos vencedores, quer do lado dos Vencidos”. A “nova” vereação da Câmara Municipal de Castro Verde demonstra, com este voto, uma atitude profundamente respeitadora pela vida humana, in-diciando uma preparação política e cívica que merece um olhar mais atento, reflectindo, seguramente, um ambiente político-cultural mui-to elevado nesta vila de tradições republicanas.

Entretanto, a Feira de Castro re-aliza-se a 14, 15 e 16 de Outubro, sem problemas de maior. Com um reforço de 25 praças de cavalaria da 4ª Divisão Militar, sob o Comando do Tenente Faria, a forma como as coisas correram levam à aprovação, na reunião seguinte, de um voto de louvor aos soldados destacados a esta feira, já na altura considerada “a mais importante do Baixo Alentejo”, pela voz do Administrador e Presidente da Câmara, José Severino Parreira.

A vida parece entrar no ritmo nor-mal, longe dos conturbados momentos que se vivem nas maiores cidades do país e que dinamitarão a base social e as lógicas reformistas que estão na

origem do 5 de Outubro. Logo na reunião de dia 20 de Outubro, é im-placável a crítica da Câmara Municipal de Castro Verde à “deshumanidade e a distinção”, que impera nas reparti-ções públicas e, em particular, nas “repartições de fazenda”, exceptuando a de Castro Verde, importa realçar o aparte do então presidente da Câma-ra José Parreira, em carta enviada ao Governador Civil e aprovada em reunião de Câmara. A acusação é violenta e tem um alvo objectivo. Nos meandros dos corredores da bu-rocracia o presidente Parreira acusa que “não encontra ali apoio senão o grupo político do Partido Franquista, que de ha annos a esta parte tem feito de uma repartição publica, fiscal, um coio de maldizentes e perseguidores, onde o contribuinte (só o que obrigato-riamente ali vae) entra acanhadamente e respirando mal”.

Não pareciam calmas as águas nes-sa reunião de Câmara, onde, entre exigir-se que “Manuel Caetano, do povo da Sette, derrubasse o muro que para além de defeituoso impedir o livre transito de um caminho publico”, é igualmente aprovado, um pedido ao Ministro do Fomento, para que seja dado o “nome de Aivados-Castro à estação do caminho de ferro do Sul e Sueste, que tem o nome de Ourique, como fundamento de que a estação de que se trata se acha situada na herdade de Aivados, pertencente aos moradores d’este povo e d’ali distante um kilometro ou menos ainda, e per-tencer à frequesia de Castro Verde, razões porque lhe não deve subsistir o actual nome de Ourique mas sim o de Aivados-Castro”.

Procurando assinalar os 99 anos da implantação da República, importava trazer aqui estes fotogramas da rea-lidade política local e, neste caso em particular, de Castro Verde, concelho onde assistimos a uma transição de regime especialmente pacífica, sem causar grandes alterações ao dia a dia destas terras do Campo Branco. Ao mesmo tempo, deixamos aqui alguns momentos retirados ao livro de Actas da Câmara Municipal de Castro Verde, depositado no Arquivo Histórico, e que são um documento fundamental para explicar aqueles períodos conturbados e trazer até nós alguns dos actores maiores des-ta terra, cuja tradição republicana é desconhecida da maior parte da nossa população.

A realização de um conjunto de ac-tividades que assinale os 100 anos da República deverá, obrigatoriamente, para além de uma reflexão crítica em torno da história da época, ser um momento de divulgação e valo-rização do papel do Republicanismo no desenvolvimento social e cultural da população portuguesa e, natural-mente, a procura de mais informação que ajude a construir a história da comunidade do concelho de Castro Verde, indubitavelmente ligada à implantação da República. w

Evocar a instauração da repúblicaQuando a 5 de Outubro de 1910, no edifício da Câmara Municipal de Lisboa, se hasteava a bandeira da República e se anunciava a queda da Monarquia, já em Castro Verde o representante do novo poder instituído estava em funções.

busto da república Portuguesa e assinaturas dos vereadores na tomada de posse do dia 13 de Outubro de 1910.

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O Campaniço outubro•novembro•dezembro 2009 entrevista 10

Carlos Júlio

Estamos no início de mais um mandato autárquico. Em termos gerais, qual vai ser a filosofia da Câmara para estes próximos quatro anos?

Objectivamente, vamos dar con-tinuidade ao trabalho e aos grandes princípios que a CDU tem seguido na gestão efectuada até aqui. Isso é um ponto assente. A mudança do cabeça de lista e do presidente da Câmara não alterou nenhuma das linhas fundamentais. Claro que os estilos podem ser diferentes, porque as pessoas também são diferentes. No entanto, não há nenhuma ideia de copiar, nem cortar com o pas-sado, nem de criticar o que se fez nos últimos mais de 30 anos, mas sim manter uma continuidade em termos de princípios.

Passando a questões mais concre-tas, neste momento, para além de preparar o nosso concelho para novas respostas a um mundo em constante ebulição temos que enfrentar a re-qualificação e a renovação de todos os investimentos que foram realizados ao longo destes anos.

muitos deles já estão obsoletos e com falta de obras?

Todas as coisas têm um tempo de vida útil e muitos dos grandes equipamentos que temos ou estão a terminar a sua vida útil ou, porque os fins a que responderam foram alterados em função também do passar do tempo, têm necessidade de reformulações e de remodelações. Em termos de futuro essa vai ser uma área em que vamos ter que estar empenhados.

E quais vão ser as outras vertentes principais da actuação da Câmara?

Um problema importante, e ao qual é necessário dar resposta imediata, é o do apoio ao desenvolvimento da actividade económica e, sobretudo, da diversificação natural que tem que acontecer no tecido económico local. Nós não podemos ficar dependentes de uma só actividade económica, com o risco evidente de cair sobre nós uma grave crise económica. Primeiro foi a agricultura, neste momento é a indústria extractiva. Por isso temos que sem grandes dramas, encarar a necessidade urgente de diversificar a nossa economia.

centro de iniciativasEmpresariais de castro VerdeE como é que se pode intervir nesse aspecto? a Câmara tem meios para o fazer?

Naturalmente que não e, aliás, não é da competência exclusiva da Câmara, como todos sabemos. Mas há passos que podem ser dados e há, sobretudo, ideias que podem ser pos-tas em prática. E nós pensamos que, dada a falta de empreendedorismo que existe em toda a região (isto não é um problema só de Castro Verde), que se prende também com o envelhecimento da população e com a falta de formação profissional, parece-nos que é necessário darmos passos no sentido de incentivar e de apoiar as iniciativas locais que possam vir a surgir.

mas pode ser pouco?Claro que sim. Mas para além disto,

juntando os nossos jovens e aqueles que querem ajudar a transformar este concelho, atraindo outros jo-

vens com outras ideias, com outras mentalidades, que sejam capazes de, em conjugação com os naturais do concelho, levarem Castro Verde para uma fase de desenvolvimento que tem que ser alcançada a curto prazo, seremos capazes.

E quais são as áreas em que a Câmara vê que possam existir apostas reais de criação e fixação de empresas no concelho?

Julgamos que a criação de empre-sas de logística pode ser um sector importante, dada a proximidade da costa alentejana e do Algarve. Mas não basta, já que é uma área que cria poucos postos de trabalho, que cons-ta essencialmente da armazenagem de produtos e bens. Tudo parte de sabermos estimular a nossa popula-ção e outros potenciais investidores para estudar as vantagens que este concelho possa trazer. Este é um caminho longo, capaz de não ter resultados imediatos e que aponta em várias direcções. Não basta só ter aqui uma zona industrial para que as coisas aconteçam…

mas também vai haver uma zona industrial…

Também vai haver e pensamos que é importante. Mas eu reafirmo o que já tenho dito: não foi o facto de não haver uma zona de actividades económicas que coarctou qualquer hipótese de investimento que tivesse vontade de se instalar no concelho. Mas mais importante do que esta zona - e é a aposta que fazemos – é a dinamização e o reforço efectivo do Gabinete de Apoio ao Desenvolvimen-to e a criação de uma entidade que apelidamos de Centro de Iniciativas Empresariais de Castro Verde, que pretende ajudar a criar empresas e que deverá ter um quadro referencial distinto do da estrutura da Câmara. Pretendemos estabelecer uma par-ceria com uma entidade de carácter idóneo e profissional nesta área – e estamos a pensar em Associações de Empresários ou similares - que nos possa trazer uma mais-valia signifi-cativa, e sobretudo, um horizonte de potenciais investidores muito maior do que aquele que nós poderíamos angariar só por nós próprios.

Por outro lado, em termos de estru-

tura de serviço, pretendemos que haja também algum entrosamento entre o funcionalismo, digamos assim, de uma entidade como uma autarquia, com iniciativas e organizações de carácter empresarial.

Qual a situação do desemprego aqui em Castro verde? a mina ainda está a trabalhar normalmente e absorve alguns jovens? ou essa alternativa já não existe para a população mais jovem?

Ao nível dos jovens os problemas de desemprego situam-se em duas áreas importantes: a dos jovens que vão adquirindo cada vez mais qua-lificações e que, depois, não arran-jam colocações compatíveis com a formação que têm; e a escassez do trabalho feminino. Fora isso, a cri-se que se instalou no nosso país há mais de um ano, que para além de ser fruto da crise mundial, também encontra responsabilidades directas em quem governa este país, não se fez sentir com a gravidade vivida noutros concelhos. E isto, porque a Mina de Neves-Corvo continua a

Francisco Duarte, eleito em Outubro presidente da Câmara Municipal de Castro Verde, destaca três vectores essenciais na acção da autarquia para os próximos quatro anos: o apoio decidido à diversificação e ao incremento da actividade económica no concelho; a renovação e qualificação dos equipamentos existentes; e a reestruturação e requalificação dos serviços da Câmara, passando pelo estabelecimento de parcerias e pela contratação de novos técnicos com qualificações específicas para as muitas áreas em que a autarquia tem que actuar, proporcionando assim um melhor serviço a todos os munícipes.

“Queremos diversificar a economia do concelho”Francisco Duarte, Presidente da Câmara de Castro Verde

Francisco duarte, Presidente da Câmara municipal de Castro verde

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O Campaniço outubro•novembro•dezembro 2009 entrevista 11

desenvolver a sua actividade. E, em paralelo com a Mina, há um conjunto de pequenas empresas que contri-buem para os trabalhos da Somincor e que permitem manter um nível de emprego equilibrado. Por outro lado, os programas estabelecidos entre o Governo e as Câmaras, aos diversos níveis, têm permitido camuflar o desemprego. Só nós temos cerca de 100 pessoas nos diversos programas ocupacionais e estágios que estão em vigor.

o projecto da cavandeladepende do promotornos últimos anos, quando se falava de desenvolvimento económico a palavra Cavandela aparecia sempre associada. Em que ponto está o projecto turístico da Cavandela?

A Cavandela, como todos sabem, é uma iniciativa privada e só com-pete ao promotor, chamemos-lhe assim, decidir se avança ou não. A posição da autarquia tem sido, desde o início, acreditar. Sempre reconhecemos que era um projecto credível que poderia contribuir de forma decisiva para a diversificação económica do concelho. Pelo projecto em si e por tudo aquilo que à sua volta poderia fazer surgir. E é bom não esquecer que a Cavandela, para além do empreendimento turístico – e isso foi uma das condições pos-tas pela autarquia desde o início do processo - tinha a componente de um Parque Empresarial, onde se podem instalar actividades económicas. E os dois projectos – o turístico e o do parque empresarial – não estão necessariamente dependentes um do outro.

mas que sinal tem a Câmara de que as obras poderão começar ainda dentro deste mandato? Existe algum sinal ou compromisso?

Ainda não estamos numa fase de obras. Quanto à intenção não sabe-mos. Desde o princípio que o projecto da Cavandela precisava de um Plano de Pormenor, que tem vindo a ser feito. O Plano está numa fase final de aprovação, mas que com a crise internacional sofreu um abranda-mento. Houve quase uma decisão de paragem ou suspensão por parte do promotor. No entanto, nós ten-támos explicar-lhe que, dada a fase do processo de elaboração do Plano de Pormenor, essa não seria de todo uma boa solução, já que teria como consequência o deitar fora todo o trabalho feito até ali e que quando houvesse mais tarde a decisão de avançar de novo teria que se começar tudo de novo. O promotor aceitou esta nossa sugestão e, embora tenha

havido um abrandamento nesta fase final do Plano de Pormenor, está já para aprovação. Claro que a Ca-vandela é uma aposta importante para a Câmara, porque entendemos que pode ser um investimento tu-rístico-âncora para um conjunto de outras actividades que, mesmo em termos de economia local, aqui se podem desenvolver, sem necessidade de grandes investimentos, nem de muitas pessoas externas ao conce-lho. Mas não consideramos que é a única saída e que, se a Cavandela não se concretizar, o concelho ficará votado ao desaparecimento ou ao abandono.

portanto, a Câmara mantém contactos regulares com o promotor do projecto da Cavandela. ou não?

Mantemos contactos regulares e mutuamente interessados com vista à aprovação do Plano de Pormenor. Depois do Plano de Pormenor estar aprovado entrarão, então, os projec-tos de execução e, a seguir a isso, a construção efectiva das obras. Mas essa é uma decisão que compete ao promotor, não à Câmara.

conservatório vai serinstalado na fábricavoltando ao início, a Câmara vai apostar, neste mandato, na renovação de equipamentos que já estão em uso. Quer isto dizer que em Castro verde a necessidade de novos equipamentos já está ultrapassada?

Claro que não. Todos os dias há ideias novas. No entanto, dentro do quadro da renovação de equi-pamentos há, actualmente, duas obras importantes que estamos a efectuar: uma é o Cine-Teatro, que está em fase de conclusão, outra é a remodelação e qualificação das Pis-cinas Municipais. Actualmente com 11 anos e, se ao princípio pareciam muito grandes, agora constata-se que são insuficientes para a procu-ra, sobretudo a piscina coberta, na época de Inverno. Esta vai ser uma obra importante do mandato: co-locar uma cobertura que permita utilizar a piscina descoberta durante o Inverno. Outra obra, que para nós é fundamental realizar trata-se da reconversão da Fábrica Prazeres & Irmão. Os projectos estão concluí-dos e a obra irá a concurso muito em breve. O edifício vai ter como fim a instalação do pólo de Castro Verde do Conservatório Regional do Baixo Alentejo, com as valências de música e de dança.

Em termos de obras novas, pre-tendemos arrancar brevemente com a construção do novo Centro Escolar, que deverá estar concluído

dentro de um ano. Existem também outras intervenções, sobretudo ao nível do abastecimento de água e do saneamento, quer em termos de remodelação, quer mesmo em termos de novas obras, que nos parecem fundamentais para o concelho, como é o caso da construção da nova es-trada entre Entradas e São Marcos que, por motivos ambientais, não é alcatroada, mas que tem todas as condições de circulação, e que era uma aspiração antiga. Por outro lado, em termos da autarquia, pretende-mos levar a cabo um programa de reabilitação energética em todos os nossos edifícios e equipamentos, começando pelo Parque Escolar e depois pelos grandes equipamentos, que têm grandes consumos, como os das Piscinas.

voltando o olhar para outras obras, a construção de habitação para particulares, que teve uma grande explosão nos últimos anos aqui em Castro verde, mantém o mesmo nível construtivo?

Embora haja novos loteamentos, nós sentimos um abrandamento dos pedidos de licenças de construção. Numa análise pessoal, penso que não existe falta de muitas casas em Castro Verde. Poderá faltar habita-ção para determinados estratos da população e, sobretudo, continua a não haver um mercado de arren-damento apelativo. O que temos é um problema novo, que é o de um certo abandono e degradação do parque imobiliário antigo, no miolo da vila. Era uma coisa que, tirando casos esporádicos, não se fazia sentir muito, mas que agora começa já a ter alguma dimensão e para a qual temos que estar atentos e procurar acautelar.

agricultura e ambiente

Quando se está à frente de um concelho que tem 80 por cento da sua área ambientalmente classificada como Zona de protecção Especial significa o quê? Que se está à frente de uma zona cheia de interdições e limitações ou de uma zona com um sem número de potencialidades?

Eu penso que existem muitas poten-cialidades, mas temos que acautelar as coisas de maneira a que o concelho não se transforme numa reserva natu-ral. Queremos que seja uma Zona de Protecção Especial e temos en-vidado todos os esforços para que todas as cautelas sejam tomadas no sentido de preservar este patrimó-nio. Contudo, não queremos que isso seja inibidor do desenvolvimento e da sustentabilidade do território. Não queremos um território muito

bonito, mas vazio, e sem gente. A agricultura no concelho continua a ser, para nós, fundamental e tem que se adaptar aos dias de hoje, aos mercados de hoje e, por outro lado, às condições ambientais particulares que são aqui exigidas. Se se verificar, como se verifica, que essas condições ambientais podem ser inibidoras de algumas actividades que tornam a agricultura competitiva tornam-se necessárias medidas compensatórias para que a actividade agrícola se possa desenvolver, continue a dar trabalho às pessoas e, ao mesmo tempo, pro-mova a vivência e a biodiversidade características destas zonas protegi-das. Se as medidas compensatórias diminuem, como tem acontecido, rompe-se o equilíbrio e há um acen-tuar dos efeitos negativos – que tam-bém os há – de estarmos numa zona ambientalmente protegida.

até agora Castro verde tem estado muito dependente da mina. se a mina encerrasse, mesmo temporariamente, por efeitos da crise económica, seria dramático para o concelho. a Câmara municipal tem algum plano B alternativo se esta situação, eventualmente, pudesse acontecer?

É algo que nos preocupa e por isso na tomada de posse lancei como ideia a criação de um Fundo ou Fundação, para que conjuntamente com a Somin-cor, a autarquia e outras entidades e empresas, possam actuar e minimizar algumas situações não abrangidas pela obrigatória intervenção social do Estado. Apostar na formação diversi-ficada dos trabalhadores poderá ser um caminho, assim como a detenção de um fundo financeiro para poder acudir a situações mais graves. Seja para obviar algumas situações ou para tomar medidas mesmo na criação de novas alternativas de emprego. É uma proposta que pretendemos lançar para discussão junto do tecido económico do concelho, que é mais vasto do que a Somincor.

câmara precisa demais qualificaçõesE que mudanças vão existir na própria orgânica da Câmara, para levar a cabo todos estes projectos?

Algumas, seguramente, tal está consignado no nosso programa elei-toral. A Câmara está dimensionada para um funcionamento que seja compatível com as exigências que hoje se colocam relativamente a uma autarquia e, sobretudo, face àquilo que são as funcionalidades ineren-tes à figura de autarquia. Contudo, dadas as novas exigências sociais e áreas de intervenção das autarquias, a alteração da lei do funcionalismo

público, o esforço de adaptação fun-cional exigida ao trabalhador e as metas que nós próprios temos para este concelho, assente na diversidade das actividades, obriga a efectuar algumas reformulações.

Seja em termos da formação e da qualificação das pessoas, como em termos da estrutura e dos procedi-mentos. Estamos neste momento a negociar a contratação de assessorias para o estudo da reestruturação da Câmara e, mesmo numa altura em que o enquadramento legal para a contratação na Função Pública não é o mais favorável, vamos tentar regularizar todas as nossas situações internas e, sobretudo, abrir novos postos de trabalho com as qualifica-ções necessárias às iniciativas que nos propusemos desenvolver.

As nossas preocupações estão so-bretudo viradas para o reforço da estrutura técnica, da acção social e do apoio ao desenvolvimento económi-co. Nesta área específica estamos a contar muito com parcerias externas e com a angariação para os quadros da Câmara de técnicos nessa área que possam dar continuidade e enqua-dramento às assessorias que iremos ter numa fase inicial.

Com tantos projectos e tantas linhas de actuação, qual é a situação financeira da Câmara? a Câmara vive uma situação desafogada em termos económicos?

Desafogada apenas porque temos ainda uma capacidade de endivida-mento muito grande. Se houver qual-quer problema há sempre o crédito a que podemos recorrer. Em termos financeiros, a situação da Câmara está equilibrada, embora tenha ha-vido um investimento muito grande nestes últimos seis meses, mas do qual estamos a contar com o retorno, nomeadamente ao nível dos Fundos Comunitários. Se continuarmos a gerir a Câmara Municipal como até aqui a situação é estável, sendo cer-to que as despesas correntes estão a aumentar. No entanto, isso não significa má gestão. Reflecte é uma realidade muito concreta. Quando se constrói qualquer tipo de equipa-mento para que funcione tem que ter custos e, nalguns casos, são custos muito pesados, como as piscinas, por exemplo. No entanto, é um custo social que assumimos dada a sua necessidade ao nível da saúde, do desporto e da animação.

Para 2010, o orçamento da Câmara vai rondar os 18 milhões de euros, o que já é apreciável. Mas a minha preocupação é o aumento constante das despesas correntes, a que não podemos fugir se quisermos manter os diversos equipamentos a funcio-nar adequadamente e com pessoas devidamente qualificadas. w

“Queremos diversificar a economia do concelho”

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outubro•novembro•dezembro 2009 feira 1� O Campaniço

A Feira de Castro é, sem dúvida, um dos momentos altos do calen-dário castrense e, sem dúvida, o mais concorrido. Começa no grande largo mas logo se alastra às artérias envolventes numa rapidez desigual. A azáfama de gentes e mercadorias inicia-se, regra geral, à sexta-feira e prolonga-se até domingo.

Este ano, a Feira aconteceu nos dias 17 e 18 de Outubro, sob sol cálido, com muita gente e animação variada a completar o corrupio vivi-do pelas ruas. Da música da Banda Filarmónica 1º de Janeiro, ao desfile dos brinquedos geringonças, foram muitas as actividades que, entre sábado e domingo, deram nas vistas de quem por aqui passava. Ora sur-giam gigantescas figuras dançando em divertidas coreografias, ora se podiam observar artistas de circo trajados a rigor entoando melodias medievais ao som da gaita-de-fo-les, do tambor e das castanholas. O ritmo trepidante dos corridinhos algarvios, este ano levado a cabo pelo Rancho Folclórico da Casa do

Povo da Conceição de Faro, foi, à semelhança de anos anteriores, recebido com entusiasmo e fortes aplausos.

Tradição do Cante

O cante ao despique e baldão, a voz dos corais e a campaniça fo-ram também presença assídua nesta feira, fruto de uma programação cultural diversificada que há muito encontra na memória colectiva a sua razão de ser. Da Rua D. Afon-so I saiu mais de uma dezena de corais num desfile que culminou na Praça da Liberdade. Ao longo do percurso e até ao palco que os aguardava, ouviram-se modas de homenagem à terra e ao trabalho, interpretadas por vozes sentidas e profundas. Foi mais uma Planície a Cantar, com as Ceifeiras de Entradas a fechar a tarde.

À noite foi o XIX Encontro de Tocadores de Viola Campaniça e Cantadores de Despique e Baldão que voltou a proporcionar o convívio

entre protagonistas e apreciadores do cante de improviso.

RTP em directo da Feira

Paralelamente, e em directo do coração da feira, a RTP emitia o Pro-grama das Festas. Entre reportagens, entrevistas a alguns representantes da autarquia, como o presidente Francisco Duarte, e intervenientes da vida local, o programa propor-cionou ao público espectador, e ao muito público presente, alguns mo-mentos musicais. Ao palco subiram “Os Ganhões” de Castro Verde, as Papoilas do Corvo, o Grupo de Violas Campaniças, a Banda da Socieda-de Recreativa e Filarmónica 1º de Janeiro e o poeta Manuel Mira. Micaela, Dário Mira, Filipa Sousa e Luckie Duckies completaram o leque de convidados neste sábado de Feira de Castro.

O Regresso do Rafeiro à Planície

O domingo ficou marcado pelo desfile e concurso “O Regresso do Rafeiro à Planície”, promovido pela Associação de Criadores de Rafeiro do Alentejo, com apoio da Câmara Municipal de Castro Verde e Asso-ciação de Agricultores do Campo Branco. A homenagem ao molosso da planície aconteceu na Praça da República, onde se puderam obser-var cerca de 40 exemplares, na sua maioria da região. Um evento que para Evaristo Cutileiro, da ACRA, “fez todo o sentido associar à Feira de Castro, enquanto bastião das feiras da ruralidade”. O dia ficou completo com a entrega de prémios aos vencedores. De Castro Verde, saiu distinguido, como Melhor Adul-to da Região, o “Gastão”, de Carlos Clemente. Neste dia, esteve também em exposição na Praça um conjunto de trabalhos realizado pelos alunos participantes na iniciativa “O Ra-feiro vai à Escola” que se realizou

no dia 14 de Outubro, no Estádio Municipal e que reuniu mais de 400 crianças do 1º ciclo e Jardins-de-Infância do concelho, que aqui tiveram oportunidade de contac-tar directamente com os animais e saber mais sobre as suas origens e história. No dia 20 de Outubro, o Fórum Municipal recebeu uma sessão de esclarecimento sobre edu-cação sanitária, pela Dra. Vanessa Plantier, e que teve como objectivos dar a conhecer as características da raça e os cuidados a ter com estes animais. Três iniciativas realizadas em torno do Rafeiro do Alentejo, uma raça que segundo o engenheiro Evaristo Cutileiro, se define com apenas três adjectivos: “nobreza, dignidade e tranquilidade”.

Muitos foram aqueles que por aqui passaram e que, fazendo jus ao título deste artigo, puderam afirmar “Eu fui à Feira de Castro...”. No ar ficou um “até para o ano” e, na memória, a alegria vivida em mais uma grande feira.

eu fui à Feira de Castro...

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A Banda da Armada Portuguesa foi a grande atracção das Comemo-rações do VI Aniversário do Tesouro da Basílica Real de Castro Verde. O concerto teve lugar no dia 6 de Novembro, pelas 21h30, no interior do monumento religioso. Duas horas de uma envolvente musicalidade que encheu os ouvidos e a alma do público presente. A orquestra foi aplaudida de pé, numa actuação que envolveu diversas obras musicais.

O Tesouro da Basílica de Castro

Verde abriu as suas portas ao público no ano de 2003 com o intuito de dar a conhecer a herança religiosa do con-celho. Integrado na rede de núcleos de arte sacra do Departamento His-tórico e Artístico da Diocese de Beja, acolhe peças das várias paróquias do concelho de Castro Verde como a Cabeça Relicário de São Fabião, obra-prima da ourivesaria românica peninsular do séc. XIII ou a famosa custódia de aparato concebida por um dos mais ilustres ourives do tempo

de D. João V. Desde Outubro que o Museu de

Arte Religiosa de Fourvière, Lyon, tem patente ao público a exposição “Portugal Eternal Patrimoine de la Région de l’Alentejo” onde, até Ja-neiro, podem ser vistas a Custódia de prata dourada da Basílica Real de Castro Verde (início séc. XVIII)), a Cabeça Relicário de S. Fabião (séc. XIII), o crucifixo marfim da Paróquia de Entradas e a imagem flamenga de Santa Bárbara (séc. XV). w

outubro•novembro•dezembro 2009 cultura 1� O Campaniço

TEsouRo da basílica REal

vi aniversário assinalado com concerto

O ano de 2010 marca a passagem dos 500 anos da doação do Foral às vilas de Castro Verde e Casével, que ocorreu a 20 de Setembro de 1510, em Santarém. Um marco importante na construção da lógica territorial que está na génese do concelho de Castro Verde e que assinala o reconhecimento administrativo pelo Rei D. Manuel I, dos concelhos de Casével e Castro Verde, e cuja autonomia fiscal, jurídica e administrativa é, desta forma, institu-cionalizada com a doação destes forais. Neste sentido, a Câmara Municipal de Castro Verde decidiu desenvolver um programa de Comemorações dos 500 anos da doação dos forais criando, para o efeito, uma comissão orga-nizadora que, pela sua composição, facilite a comunicação com todos os sectores da comunidade castrense e que tenha a capacidade mobilizadora e de envolvimento institucional que permita responder a todas as necessi-

dades financeiras e humanas inerentes. Esta comissão organizadora vai ser composta pelo Presidente da Câmara Municipal de Castro Verde ou alguém que o represente; um representante da Câmara Municipal de Castro Verde, com funções técnicas, indicado pelo Executivo Camarário; um representante de cada Junta de Freguesia (Casével, Castro Verde, Entradas, Santa Bárbara de Padrões e São Marcos da Atabuei-ra); um representante da Assembleia Municipal; um representante do Agru-pamento de Escolas do concelho, um representante da Secção de Castro Verde do Conservatório Regional do Baixo Alentejo; um representante da Sociedade Recreativa Filarmónica 1º de Janeiro; um representante da Cortiçol – Departamento Rádio Cas-trense; e um representante da Asso-ciação do Tesouro da Basílica Real. O objectivo é que no seio deste grupo de trabalho se desenvolva um pro-

grama de actividades , com destaque para um grande desfile de evocação histórica que coincida com o final do ano lectivo 2009/2010 e com os festejos do Feriado Municipal. Paralelamente, deverá ser também cria-da uma Comissão Cientifica, composta

por alguns historiadores convidados e pelo Vereador da Cultura da Câma-ra Municipal de Castro Verde, que avalie algumas propostas de âmbito cultural e científico, nomeadamente publicações que se proponham edi-tar no âmbito destas comemorações. Este programa de actividades propõe-se envolver toda a comunidade cas-trense, na medida em que representa uma mais-valia para a valorização da auto-estima da nossa comunida-de e um momento importante de animação turística no concelho e, consequentemente, de dinamiza-ção económica para o concelho. De referir ainda que de 2006 a 2008, este acontecimento foi assinalado no âmbito das comemorações dos 30 anos do Poder Local em Castro Verde, com publicações das edições fac-si-miladas dos dois Forais, bem como do Foral de Entradas que data de 1 de Julho de 1512, que teve como

intuito valorizar e honrar, não só a história mas, também, o património que este município encerra. A publi-cação dos Forais serve, ainda, como objecto de estudo para os mais novos. A “humanização” destes documen-tos históricos, que a população se habituou a vislumbrar com distan-ciamento, por serem documentos de acesso reservado e com caracte-rísticas de conservação específicas, cumprem a sua função de fazer das comemorações dos 500 anos um acon-tecimento próximo de qualquer um. 2010, é assim, o ano das efeméri-des. Um ano de grande importância histórica para o concelho de Castro Verde que assinala também os 100 anos da Implementação da Repúbli-ca. No âmbito desta efeméride será também desenvolvido um programa específico que aprofunde e valorize a nossa realidade histórica, social e cultural. w

coMissão oRGanizadoRa aPRoVada

500 anos da doação dos forais No âmbito das Comemorações dos 500 anos do Foral de Castro Verde e Casével, a realizar em 2010, foi aprovada uma Comissão Organizadora responsável pela elaboração do programa de actividades da efeméride.

No Natal todas as ocasiões são boas para cantar. Foi durante as co-memorações típicas desta quadra, que um conjunto assinalável de ini-ciativas se espalhou pelo concelho reavivando o espírito natalício e a memória oral da região.

As igrejas encheram-se para ou-vir o Cante ao Menino e pelas ruas das diferentes localidades, o povo recebeu com agrado as Janeiras. A Banda da Sociedade Recreativa e Filarmónica 1º de Janeiro e o Coro da Paróquia de Castro Verde também deixaram a sua marca nesta quadra interpretando repertórios alusivos à época.

Santa Bárbara de Padrões foi a primeira freguesia a recordar a tra-dição do Cante ao Menino, Janeiras

e Reis. Após a procissão pelas ruas da aldeia, realizada no âmbito da Festa da Vigília, a Igreja Paroquial recebeu o Coral Misto Os Cardadores, o Coral Misto Os Rurais de Figueira de Cavaleiros e o Coral Ateneu Mourense que entoaram cânticos de adoração ao Deus Menino.

Também na Igreja Matriz de S. Marcos da Atabueira se reavivou esta tradição popular de carácter religioso.

A Banda da Sociedade Recreativa e Filarmónica 1º de Janeiro realizou ao todo dois concertos de Natal, em Entradas e Castro Verde, respecti-vamente, sob a direcção do maestro Ricardo Carvalho. Na Basílica Real, a Banda uniu à harmonia da sua música, a voz do coro das classes de

iniciação do Conservatório Regional do Baixo Alentejo – Secção de Castro Verde, dirigido pelo professor Antó-nio César. Um espectáculo diferente que contou com a participação dos pais e professores.

Também o Coro da Paróquia de Castro Verde – “Chorus Regina Cordium” - realizou um conjunto de três concertos que registaram boa receptividade por parte da as-sistência.

No dia 27 de Dezembro, será a Basílica Real Castro Verde a assi-nalar a quadra. As Camponesas de Castro Verde, Os Cardadores da Sete, Os Cantares de Évora e O Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento são os corais convidados. w

Cânticos de natalaBílio pereira de CarValHo

Uma obra de arte esculpida em

mármore branco que me cativou, patente no centro de uma das rotun-das da vila, locais onde a autarquia parece ter apostado em dar voz à «arte pública» e impressionar o vi-sitante, é aquela que se levanta na rotunda, que vai servir de entrada na vila a quem vem de Mértola e Santa Bárbara de Padrões, ali mes-mo junto ao hotel «A Esteva», onde estive hospedado.

Toda a obra de arte, para que seja considerada como tal, deve ser plu-risignificativa e intemporal. E se não for assim, dificilmente entrará nos anais das ditas obras de arte.

Trata-se de uma escultura lavrada em mármore branco, onde uma fi-gura masculina, postada de joelhos, segura, numa espécie de bandeja, a vila de Castro Verde, facilmente identificada pelo recorte do casario, onde sobressai a Basílica Real. À sua frente, uma figura feminina, de pé, com a mão direita estendida parece disposta a suster a vila, caso o homem ceda a qualquer momento.

Obra do escultor Lanciotto Polidori, com o título «Planície Mediterrâni-ca», eis numa só peça escultórica a complementaridade do homem e da mulher. O homem, de joelhos, prestes a perder as forças, tem pela frente a mulher, pronta a agir e a substitui-lo na acção. Estou certo que o escultor, fazendo jus ao papel que o homem e a mulher têm desempenhado ao longo da História, projectou na sua obra não só o tempo histórico remoto

onde o verbo e o poder foram sempre masculinos, mas também o tempo presente em que a mulher, ainda que apareça aqui secundarizada se mostra pronta a agir, a substituir o homem e a assumir a sua emancipação.

Ainda que considere legítima toda e qualquer outra interpretação, in-terpretação linear e fulanizada, de acordo com a cultura e a mundividên-cia paroquial do intérprete, não sou daqueles que faz desta obra de arte uma leitura assim. Devo até deixar uma palavra de apreço à inspiração do escultor, que não conheço. Ali, saída do seu escopro, da sua maceta, do seu cinzel, eventualmente da sua rebarbadora eléctrica, ficou patente para tempos vindouros, um legado artístico, uma marca do espaço e do tempo. Enfim, uma página da «planície alentejana», uma página de História escrita em mármore. w

arte públicaniCola di nunzio

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O Campaniço

Marta Correia SiMõeS Dietista

o álcool é considerado um dos prin-cipais problemas de saúde pública da actualidade. em Portugal estima-se que 1.8 milhões de portugueses se-jam bebedores excessivos e doentes alcoólicos crónicos, sendo a média de consumo de álcool puro, no ano 2003, de 9.6 litros/pessoa, o que nos tornou no oitavo maior consumidor a nível mundial. De acordo com o Boletim do Centro regional de alcoologia de Coimbra, em Janeiro de 1997, existiam no distrito de Beja, 13460 doentes alcoólicos e 7700 bebedores excessivos. em Portugal, e também noutros países, o consumo de álcool tem um carácter social e cultural e, em muitos casos existe uma nítida ligação entre o seu consumo e a afirmação de masculinidade: quanto mais bebe e mais aguenta, mais homem é!

a organização Mundial da Saúde (oMS), elaborou uma classificação das drogas de acordo com o seu grau de perigosidade, seguindo critérios que incluem a toxicidade, a capacidade de provocar dependência física e a rapidez com que esta dependência é estabelecida. Nesta classificação, o grupo i, o mais prejudicial, inclui o ópio e derivados, como a morfina ou heroína, no grupo ii residem os barbitúricos e o álcool, do grupo iii fazem parte a cocaína e anfetaminas e o no grupo iV estão presentes o LSD, os canabinóides e o tabaco. o álcool encontra-se no segundo grupo, acima da cocaína ou tabaco, precisamente pelos seus efeitos nefastos para a saú-de e por causar grande dependência física e psíquica, quando consumido em excesso.

o álcool é uma substância psico-activa, depressora do Sistema Nervo-so Central, pelas suas propriedades anestésicas, afectando o cérebro e organismo. No alcoolismo verificam-se sintomas como a necessidade in-controlável de consumir, a perda de controlo no consumo, a dependência física com sintomas como náuseas, vómitos, tremores, suores e ansie-dade e o aumento da tolerância a maiores quantidades consumidas. independentemente dos problemas de saúde, familiares, sociais e legais, o alcoólico é um doente crónico que, mesmo após tratamento, deve lutar contra as recaídas.

Fisiologicamente, a absorção do ál-

cool inicia-se logo após a ingestão, e o seu efeito pode demorar cerca de 15 a 20 minutos se as bebidas forem consu-midas isoladamente, até um máximo de 3 horas se houver ingestão simultânea de alimentos. a sua distribuição no organismo faz-se de acordo com o teor hídrico e vascularização dos tecidos, atingindo principalmente o fígado, cérebro, rins, coração e músculos. o álcool é metabolizado quase na sua totalidade pelo fígado. apenas uma pequena parte é excretada, sem sofrer metabolização, pelos rins, pulmões, pele e saliva. No caso das mulheres que estão a amamentar, também é eliminado através do seu leite. esta substância afecta largamente o cérebro mais do que qualquer outro órgão, reduzindo a coordenação de movimen-tos, a capacidade de discernimento, aliviando a ansiedade e encorajando comportamentos desinibidos. outras consequências são a desidratação, pois a produção da hormona antidiurética fica reduzida, aumentando o débito urinário, e a vasodilatação, com liber-tação de calor corporal.

É importante que saiba que, do ponto de vista nutricional, o álcool é um produto não nutritivo, apesar de fornecer 7 Kcal por grama, ou seja, é um fornecedor de “calorias vazias”, um termo que se utiliza quando um alimento fornece muitas calorias, porém, pouco ou nenhum nutriente essencial à nossa saúde. Se bebido em excesso, engorda e muito. Uma cerveja média de 33cl tem cerca de 96 Kcal, um copo de vinho tinto (15cl) tem cerca de 100 Kcal, um whisky (5cl) possui cerca de 110 Kcal, e uma vodka (5cl), sem esquecer o sumo adicionado, possui cerca de 170 Kcal. Se numa determinada ocasião beber 4 vodkas com sumo, estará a ingerir cerca de 700 Kcal, uma bomba calórica, sem qualquer tipo de conteúdo nutricional. De um modo geral, assiste-se a uma diminuição do consumo de vinho nas últimas décadas, verificando-se um aumento significativo do consumo de

cerveja e de bebidas destiladas com refrigerantes.

as bebidas alcoólicas ganham cada vez mais adeptos entre os jo-vens. os rapazes bebem mais e mais frequentemente do que as raparigas, e no que diz respeito à iniciação ao consumo, também são os primeiros. No entanto, verifica-se uma crescente tendência do sexo feminino para a ingestão de álcool. Segundo alguns estudos, estas diferenças têm uma explicação: o consumo de álcool em relação à maioria dos rapazes parece não afectar a relação com os pais nem gerar percepções de desonestidade, sendo, como tal, aceite e até incen-tivado. Pelo contrário, as raparigas parecem sentir-se mais sujeitas à dis-criminação e desaprovação social. os eventos sociais e os ambientes de festa oferecem as condições de legitimação para o consumo exagerado de bebidas alcoólicas, uma vez que, fora destes momentos, seria alvo de recriminação social. o consumo desta droga funciona como um forte factor de desinibição, afirmação, libertação e de integração em grupo e ambientes.

o estatuto da criança e do ado-lescente proíbe a venda de álcool a menores de 16 anos, no entanto, são muito poucos os estabelecimentos que respeitam a lei, e a placa que diz “ É proibida a venda de bebidas alcoólicas a menores de 16 anos…” continua a ser na maioria dos casos, uma mera placa decorativa.

em adultos saudáveis, o consumo de quantidades moderadas pode ser recomendado, no entanto, nunca bebido isoladamente mas sim no decorrer da ingestão de alimentos. Um homem de cerca de 65 kg de peso, para um refei-ção que dure 2 horas, pode consumir 250ml de vinho. Para as mulheres, esta quantidade deve ser reduzida para metade. No entanto, devido aos seus efeitos nocivos sobre os organismos em desenvolvimento (embrião, feto, crianças e adolescentes) é mesmo de-saconselhado a grávidas, aleitantes,

crianças e adolescentes. Segundo um estudo apoiado pela

Direcção-Geral de Saúde, efectuado em 2001, intitulado, Álcool e problemas ligados ao álcool em Portugal, dos autores Maria L. Mercês de Mello, José C. Barrias e João J. Breda, os seguintes dados estatísticos traduzem a dimen-são e gravidade deste problema no nosso país: mais de 60% dos jovens de ambos os sexos, com idades com-preendidas entre 12 e 16 anos e mais de 70% com idades superiores a 16 anos consomem regularmente bebidas alcoólicas; a mortalidade ligada ao álcool estima-se como a 4ª causa de morte; cerca de 10.3% da população portuguesa com mais de 15 anos é doente alcoólica (800 mil alcoólicos) e 13.7% é bebedora excessiva (1 milhão); 30% dos internamentos em hospitais psiquiátricos são relacionados com doentes alcoólicos; 33% das mortes por acidentes de viação e 34% das mortes por acidentes de trabalho re-velaram alcoolemia positiva; existe uma relação forte e gradual entre o álcool e doenças graves como a cirrose hepática, as neoplasias (cancros) das vias respiratórias, do aparelho diges-tivo superior, colo-rectais e fígado, a hipertensão arterial, a pancreatite crónica e os aVC’s; 98% dos doentes alcoólicos referem desordem familiar, 76% perturbações no emprego, 69% complicações sociais; por último, a criminalidade é exponencialmente mais elevada sob efeito de álcool a nível de condução, crimes sexuais e ofensas corporais.

a publicidade constante ao álcool e a sua ligação a eventos como as semanas académicas, festivais de música ou futebol são um contra-senso. Como havemos de querer diminuir o seu consumo no país, se as leis não são cumpridas regularmente e se nada é feito pelas autoridades competentes para amenizar o seu consumo e travar a sua publicidade aliciante? Parece existir uma preocupante e crescente inércia social face ao consumo exage-rado de álcool, por isso, não é demais frisar que o consumo sistemático e exagerado de álcool tem efeitos nega-tivos físicos e psicossociais. Beba em ambiente social, de forma moderada e com responsabilidade. Não faça do consumo de álcool um hábito que possa destruir a sua vida e a dos que o rodeiam.

Sopa de Cação(para seis pessoas)

2 Kg de cação (cerca de 12 postas)6 dentes de alho1 folha de louro2 dl de azeite2 colheres de sopa de farinha1 colher se sopa de pimentão doce (colorau)2 colheres de sopa de vinagre1 molho de coentrosSal e pimenta q.b.Água a ferver

Pica-se o alho muito miudinho e frita-se rapidamente no azeite com o louro e um molhinho de coentros. Junta-se o peixe previamente arranjado e temperado com sal grosso, deixando alourar de ambos os lados em lume forte. Numa tigela mistura-se o colorau com o vinagre, a farinha, a pimenta e copinho de água. rega-se o cação com esta mistura e volta a colocar-se em lume brando., sacudindo levemente o tacho, para cozer a farinha. acrescenta-se água a ferver (à volta de um litro) e coentros picados. Deixa-se ferver tudo durante três minutos e serve-se imediatamente sobre fatias de pão duro.

Arroz de lebre

1 lebre1,5 dl de azeite2 chávenas de arrozÁgua2 cebolas1 cabeça de alho1 folha de louro1 colher de sopa de vinagre1 dl de vinho tinto1 ramo de salsaSal e piripiri

Faz-se um refogado com o azeite, a cebola, os dentes de alho picadinhos, o louro e o ramo de salsa. Deixa-se dourar a cebola, junta-se a lebre cortada aos bocados sem tirar o sangue. Ferve, com o tacho tapado, durante dez minutos. adiciona-se o vinho tinto e um pouco de água para que a lebre coza, sempre com o tacho tapado. Quando cozida, acrescenta-se água quente (três vezes o volume do arroz) e, assim que retome a fervura mistura-se o arroz para que coza. Depois de pronto rega-se com o vinagre e envolve-se com um garfo.

receitas retiradas do livro

“Sabores do Passado”, Cozinha regional

do Baixo alentejo, de Julieta Galope.

FASES DA LUAQuarto Minguante – 7 de JaneiroLua Nova – 15 de JaneiroQuarto Crescente – 23 de JaneiroLua Cheia – 30 de JaneiroQuarto Minguante – 5 de FevereiroLua Nova – 14 de FevereiroQuarto Crescente – 22 de FevereiroLua Cheia – 28 de FevereiroInformações Borda-d’água

saúde

reCeitaS

a propósito de drogas,falemos sobre álcool…

Agricultura, Jardinagem e Animais JANEIRO

Lavoura das terras e preparação das culturas de inverno, como a da batata. Semear fava, ervilha, alface, rabanetes, cenoura, couve, feijão, nabiça e tomate. em estufa, deve plantar-se pepino, meloa e pimento. Na horta, deve semear-se alface romana, couve repolho e sabóia. em tempo calmo, frio, seco e sem nuvens, deve fazer-se a trasfega do vinho. No jardim semear begónias, ervilhas de cheiro, girassóis, lírios e flor-de-lís. Vacinar o bovino, cavalar, ovino, caprino e os porcos contra as doenças rubras.

outubro•novembro•dezembro 2009 lazer & utilidades 1�

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Foi no ano de 2002 que Cláudia Alegre e Sílvia Martins ingressaram no Ensino Superior, mais concreta-mente no Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing (IADE ), em Lis-boa. Cruzaram-se pela primeira no terceiro ano de universidade, quando escolheram, ambas, a vertente gráfica do curso. “Desde logo houve uma empatia”, conta Cláudia Alegre, a mais nova das duas amigas. Em 2006, quando terminaram o curso, a amizade de ambas tinha crescido e eram frequentes as viagens de Sílvia, residente no Montijo, a Castro Verde. “Eu sempre gostei do Alentejo, e uma das ideias para o meu projecto de curso era construir um monte alentejano com design à mistura. Esta foi uma das razões que me fez alinhar neste projecto em conjunto com a Cláudia”.

Com um percurso de vida bastante semelhante, tanto Cláudia como Sílvia efectuaram um estágio terminada a universidade. Passados os nove meses de estágio iniciaram actividade por conta própria, realizando trabalhos para várias empresas. Foram três anos a recibos verdes. No entanto, e durante todo este tempo, as ideias iam surgindo e ganhando forma. “Há muito que fazia parte dos meus pla-nos ter um negócio próprio. Tinha o espaço onde agora funciona a loja, mas que pertencia aos meus avós”, explica Cláudia. “Não lhe queria dar um destino enquanto os meus avós fossem vivos, porém, foram eles que me incentivaram a ir com a empresa para a frente”, acrescenta.

As duas amigas começaram então a trocar ideias por telefone, via internet e, um dia surgiu a ideia de criar a empresa Duas Gemas – hoje sediada na rua Fialho de Almeida, em Castro Verde, e com filial no Montijo. Era esta a oportunidade de Cláudia e Sílvia arriscarem na apresentação de um produto inovador e arrojado há muito um desejado por ambas. “Eu também sempre quis ter um negócio meu”, diz Sílvia. O que é certo é que é muito difícil passar das ideias para algo palpável. São muitas as dificuldades inerentes, como a falta de apoios, os elevados investimentos, entre outros, que acabam sempre por ser um obstáculo”.

Passaram três anos até que o pro-jecto estivesse finalmente pronto a arrancar. As obras começaram num

investimento inicial de mais de vinte mil euros, fora tudo o resto que veio depois em termos de equipamentos e máquinas. “Algumas vezes sentimos medo. Não é fácil, nem acessível iniciar um negócio”.

O motor de arranque foi a criação de uma marca de roupa. Para tal foi necessário, além de pensar na marca,

registá-la, criar um logótipo, enfim, todo um trabalho que implica tempo e criatividade. Omelette são apenas as peças de roupa que se encontram à venda na loja e que têm o design exclusivo da marca. Todo o outro trabalho, ou seja a livre prestação de serviços gráficos - fica a cargo da empresa mãe – Duas Gemas.

“Quando criámos a marca Omelet-te pensámos em criar uma imagem que se identificasse connosco mas, também, que fosse negociável e se identificasse com diferentes públi-cos. A Duas Gemas é uma forma de fazermos aquilo que mais gostamos em termos de ilustração e estampa-gem mas, também, de não estarmos limitadas no que diz respeito à área de trabalho”, refere Cláudia.

Para Sílvia “a ideia Duas Gemas era mesmo ser sem limites. Na Duas Gemas qualquer pessoa pode agarrar num casaco, por exemplo, e solicitar um trabalho de estampagem. Este é um dos vários serviços que o atelier disponibiliza”.

Quando o assunto é a marca – Ome-lette – fica claro o desejo de ambas em arriscar noutro tipo de roupa, mais diferente e arrojada. Actualmente a marca vende essencialmente sacos, t-shirts e sweatshirts Cada peça de roupa custa entre dez e trinta euros. O objectivo é começar a apostar em pijamas e peças de roupa mais de-finidas como forma de se imporem no mercado. Apesar de alguma da roupa estar à venda na LXFactory em Lisboa e a marca ter uma boa aceitação, tanto em Castro Verde, como na capital, o negócio encontra-se ainda numa fase inicial.

A filial no Montijo, a ser gerida por Sílvia Martins, abrirá as suas portas ao público brevemente. Ao nível da divulgação, a dupla de amigas está já a construir um site na Internet, acompanhado de um catálogo on-line que permitirá dar a conhecer a Omelette mas, também, fazer vendas online caso o cliente assim o deseje. “É muito mais fácil, cómodo e abran-gente. Através da internet podemos conquistar um público muito mais vasto.” Numa fase posterior, e porque a publicidade é muito importante na divulgação, a aposta será feita não só em flyers informativos como também no postal free, fazendo dis-tribuição em bares.

Cláudia e Sílvia. Um exemplo de garra, empreendedorismo e dedicação. Duas jovens amigas que apostaram no Design como actividade e que agora gerem o seu próprio negocio.

Ideias não faltam. Da Duas Gemas, à marca de roupa Omelette, há ainda todo um mundo de experiências para criar e inovar. Se é originalidade que se pede a Duas Gemas tem. w

duas Gemas para fazer uma omeletteModernidade, criatividade, iniciativa e garra. Foram estes os ingredientes usados para “cozinhar” a Omelette. Uma marca que respira juventude e actualidade, concebida pela Duas Gemas , empresa criada por Cláudia Alegre e Sílvia Martins. Duas jovens que muito lutaram para chegar até aqui e que agora têm o seu próprio negócio. Um projecto com pernas para andar e que pode conhecer na Rua Fialho de Almeida, em Castro Verde.

Iniciamos, nesta edição, uma rubrica sobre empreendedorismo local, onde apresentamos projectos desenvolvidos por jovens do concelho, que visam diversificar a oferta e impulsionar a economia local. São projectos que representam novas propostas, mais arrojadas e dinâmicas, concebidas por quem procura por uma oportunidade no mercado. A Duas Gemas, empresa criada por Cláudia Alegre e Sílvia Martins, é o primeiro tema em destaque nesta rubrica.

Cláudia Cerejo Alegre

Formada em design de produção Visual, pelo instituto superior de artes, design e marketing (iade). Frequentou o Curso intensivo de Web design leccionado pelo mesmo instituto de ensino e uma Formação pedagógica inicial de Formadores. actualmente, tra-balha por conta própria, é sócia-gerente / designer de produção Visual da empresa duas gemas. durante cerca de três anos tra-balhou como freelancer.

Sílvia Cabrita Martins

licenciada em design gráfico pelo instituto de artes Visuais design e marketing (iade). Fre-quentou a escola profissional de Comunicação e imagem (epCi) e, há cerca de dois anos foi aluna da escola de Criatividade e novas tecnologias de lisboa. partilha a gerência da empresa duas ge-mas com Cláudia alegre. do seu percurso destacam-se também trabalhos como freelancer na área do design editorial, e identidade Visual, para diversas empresas como a detentora da marca de roupa “semente”.

sílvia martins e Cláudia alegre na duasgemas

outubro•novembro•dezembro 2009 empreendedorismo 1� O Campaniço

armanda Claro

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outubro•novembro•dezembro 2009 ambiente 1� O Campaniço

graÇa gonÇalVes

No passado dia 24 de Outubro decor-reu na Praça da República, em Castro Verde, a Sessão de Apresentação do Projecto Orgânica Verde. Um evento bastante participado, em que se re-alizaram diversas actividades sobre compostagem e separação de resíduos. Este, foi também o dia em que abriram as inscrições para a entrega gratuita de compostores, tendo-se recebido, em, poucas horas mais de trinta inscrições de famílias interessadas.

As actividades tiveram início às 10h da manhã. Os mais novos puderam participar em ateliers e jogos relacio-nados com a temática do projecto, enquanto os adultos efectuaram um pequeno jogo e contactaram com o processo de compostagem, e com os diversos compostores em exposição, de fabrico artesanal e adquiridos no mercado.

Durante a tarde decorreu a Sessão de Apresentação do Projecto, que contou com a participação do Presidente da Câmara Municipal de Castro Verde, Francisco Duarte, da Presidente da Direcção Nacional da LPN, Alexan-

dra Cunha, do Vereador da Câmara Municipal de Castro Verde, António João Colaço, e da Coordenadora do Programa Castro Verde Sustentável da LPN, Rita Alcazar.

Depois, seguiu-se uma caminhada até à Unidade Municipal de Compos-tagem de Resíduos Verdes, situada no Rossio do Santo, e uma visita guiada às instalações. Esta Unidade foi planeada e construída pela Câmara Municipal de Castro Verde, com o apoio técnico da LPN. Recebe resíduos verdes dos

jardins municipais e dos munícipes, produzindo fertilizante para o solo. Na visita à Unidade Municipal de Compostagem todos os participantes ficaram a conhecer como se processa a transformação dos resíduos verdes em adubo e foram convidados a entregar neste espaço os resíduos produzidos nos seus jardins.

Paralelamente a estas actividades, os munícipes puderam ainda inscrever-se numa Acção sobre Compostagem, candidatando-se, desta forma, a receber

gratuitamente um compostor e um mini-balde castanho (cor dos resíduos orgânicos) do projecto, caso sejam dos 100 primeiros a efectuar a inscrição. Estas acções, de curta duração e muito práticas, permitem adquirir os conhe-cimentos básicos para a realização da compostagem.

As inscrições para as Acções sobre Compostagem são gratuitas, decor-rem em horário a combinar com os interessados e terão início no mês de Janeiro.

O Orgânica Verde contempla, ainda, a colocação de cinco compos-tores comunitários na vila de Castro Verde, destinados a todos que não têm espaço em casa para realizarem compostagem. Para que o seu bairro tenha um destes compostores, reúna mais dois vizinhos e inscrevam-se na Acção sobre Compostagem. Se não conseguir motivar os seus vizinhos inscreva-se na mesma, o Orgânica Verde fará os possíveis para que o seu bairro seja um dos 5 exemplos de Castro Verde.

Também no âmbito deste projecto, estão a decorrer acções sobre com-postagem nas Escolas e Centros de

Dia, instituições que receberão com-postores. Nas Escolas do concelho está a ser efectuado um projecto de Educação Ambiental sobre esta te-mática, destinado a diversas turmas, do pré-escolar ao secundário.

O Projecto Orgânica Verde é um projecto da LPN – Liga para a Pro-tecção da Natureza, co-financiado pelo Fundo EeaGrants e pela Câ-mara Municipal de Castro Verde, entidade parceira do projecto. Veio dar continuidade ao objectivo da Câmara Municipal de Castro Verde de reduzir os resíduos enviados para aterro sanitário, em particular os resíduos orgânicos, e transformá-los em fertilizante para o solo.

Desde 2005 que a autarquia valo-riza os resíduos verdes, embora sem as condições e eficiência que a nova Unidade Municipal de Compostagem veio criar.w

Para aderir ao projecto deve contactar: LPN - Centro de Educação Ambiental do Vale Gonçalinho. Tel. 286 328 309. Email: [email protected] - http://projectos.lpn.pt/organicaverde.

oRGânica VERdE

faça compostagem!

A Câmara Municipal de Castro Verde deliberou aderir ao Projecto de Reciclagem de Rolhas de Cortiça, promovido pela Resialentejo (em-presa de tratamento e valorização de resíduos), em parceria com a APCOR (Associação Portuguesa de Cortiça) e com mais sete autarquias da região (Almodôvar, Barrancos, Beja, Mér-tola, Moura, Ourique, Serpa).

A iniciativa tem como objectivo a recolha de rolhas de cortiça tanto na restauração e hotelaria, como junto dos próprios munícipes. As rolhas, posteriormente, recicladas, servirão para produzir outros produtos elabo-rados a partir desta matéria-prima, como pavimentos, revestimentos, artigos decorativos, solas de sapa-tos, juntas de automóveis, produtos destinados à indústria militar e de aviação, produtos para a indústria

química e farmacêutica, bem como outros produtos destinados ao uso pessoal, como malas e carteiras. O projecto assentará na deposição das rolhas em recipientes próprios – os rolhões/rolhanitos - que serão

distribuídos no sector da restauração e na via pública. Ao todo, serão distri-buídos três rolhões por Castro Verde e 82 rolhanitos pelos restaurantes. Numa fase inicial, a recolha deste resíduo deverá ser assegurada pelos próprios municípios. Paralelamente a esta distribuição será realizada uma acção de sensibilização sobre os objectivos em que assenta o projecto. Como contrapartida das quantidades recolhidas, o Município será contem-plado pelo Programa Reflorestação promovido pelo Projecto Green Cork da Quercus.

O investimento global estimado para este projecto é de 120, 000 euros. Desse valor, trinta por cento é suportado pelos municípios, sen-do o restante comparticipado por uma candidatura a desenvolver pela Resialentejo e APCOR. w

recolher para depois reciclar A Câmara Municipal de Castro Verde vai aderir ao Projecto de Reciclagem de Rolhas de Cortiça, promovido pela ResiAlentejo em parceria com APCOR. Pela via pública e restauração serão distribuídos recipientes próprios para a recolha. Numa fase posterior, as rolhas recicladas ganham nova vida, podendo ser usadas em múltiplas aplicações.

Foi no passado dia 26 de Novembro que a LPN – Liga para a Protecção da Natureza promoveu um dia aberto à população que convidou ao debate sobre o desenvolvimento sustentável dos sistemas agrícolas extensivos. “Quais as decisões e atitudes mais acertadas para mudar o rumo da agricultura no Campo Branco?” foi a questão lançada pela LPN, em parceria com a Estrutura Local de Apoio da ITI (Intervenção Territorial Integra-

da). O debate reuniu agricultores, associações, instituições, e, de um modo geral, todos os cidadãos que nele quiseram participar. Do pro-grama constou uma demonstração de sementeira directa e a apresenta-ção do projecto com uma mostra da técnica de injecção de lamas, uma técnica que permite elevar o teor de matéria orgânica e água no solo, aumentando consequentemente a sua fertilidade. w

RuRal ValuE

dia aberto à população debateu projecto

demonstração de sementeira directa

unidade municipal de Compostagem

A Unidade Municipal de Compostagem de Castro Verde já está a funcionar. Aqui é feita a transformação de resíduos orgânicos em fertilizantes para o solo. Informe-se e adira ao Orgânica Verde. Seja amigo do ambiente!

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outubro•novembro•dezembro 2009 protecção civil 1� O Campaniço

tenente rodrigues guarda nacional republicana

O acentuar da crise económica no nosso país, o aumento generalizado do desemprego, a perda dos valores sociais e a exclusão social conduzem, inevitavelmente, ao aumento da criminalidade e, em particular, dos crimes contra o património. Assim, e consequentemente a procura de di-nheiro fácil leva a que muitas pessoas procurem formas de ganhar dinheiro tirando proveito das fragilidades das pessoas.

Pelas razões atrás enunciadas, e tendo em consideração as dificulda-des e características especificas da Área de Acção da Guarda Nacional Republicana (GNR), e em especifico do Baixo Alentejo, o Destacamento Territorial da GNR de Almodôvar, está a levar a cabo uma Operação de Prevenção do Crime de Burla, em toda a sua área de responsabilidade.

Esta medida materializa-se através da divulgação junto da população, em especial dos mais idosos, dos modos de actuação utilizados pelos burlões, de medidas preventivas e de medidas a tomar em caso de ser confrontado com este tipo de situação.

Os burlões utilizam, actualmente, formas simples e eficazes de convencer as pessoas a “caírem” na sua conversa. Geralmente são pessoas bem vestidas (fato e gravata), com voz calma e afável, e com uma conversa muito convincente e cativante, que leva as vítimas a fazerem aquilo que não querem. Uns afirmam ser da Segu-rança Social e pretendem ajudar os idosos a trocar dinheiro, afirmando que as notas que possuem perderam a validade ou que vão sair de cir-culação. Outros dizem que são do Banco e que estão ali para substituir o cartão de crédito por um cartão novo, pedindo às vitimas o código do respectivo cartão. Há ainda os que se apresentam como familiares que há muito emigraram para o estrangeiro e solicitam dinheiro em troca de uma encomenda enviada, para a vitima, por um outro familiar.

Por vezes surgem também situações

em que os burlões informam a vítima que ganhou um prémio chorudo, que possuem poderes curativos e de bru-xaria ou que são capazes de melhorar, de forma muito simples, qualquer coisa que nos faz falta.

Existem ainda os vulgares “Con-tos do Vigário”, cujos esquemas ou negócios propostos às vítimas apre-sentam sempre grandes e chorudas recompensas. Neste caso, os burlões iludem a vítima com a possibilidade de obtenção de dinheiro fácil. Muitas vezes apresentam histórias de heranças por receber ou reclamar e solicitam à vítima a entrega de uma quantia em dinheiro para que o esquema resulte e para que esta veja o seu dinheiro duplicar, triplicar e às vezes mais ainda, o que nunca se verifica.

Assim, a Guarda Nacional Republi-cana aconselha todas as pessoas:

A manter as portas e janelas das suas casas fechadas e a colocarem um óculo e uma corrente de segurança na sua porta, não permitindo a entrada a pessoas suspeitas ou desconhecidas, sem ter a certeza de quem são; Todos os funcionários dos serviços das Águas, Luz, Telefones, Segurança Social, etC. Têm cartões de identificação própria. Em caso de qualquer dúvida não os receba e comunique de imediato à GNR, a fim desta confirmar a quali-dade desses funcionários;

Se estiver sozinho(a) em casa não permita que se apercebam disso. Finja que está acompanhado(a) de algum

familiar e chame por ele; Não forneça qualquer informação sua, de vizinhos ou de conhecidos a estranhos, pois poderá ser utilizada para burlar ou-tras pessoas;

Cultive boas relações de vizinhança, possibilitando o apoio mútuo e rápido em situações duvidosas ou de emer-gência; Não guarde grandes quantias em dinheiro no interior da sua casa. Hoje em dia os Bancos têm serviços seguros e bastante acessíveis a todos para a guarda do seu dinheiro; Na rua faça-se acompanhar apenas do dinheiro necessário para aquilo que pretende fazer. Não demonstre que transporta muito dinheiro ou objectos de valor e evite transportar a carteira em sítio facilmente visível ou na mão. Se for, de alguma forma, confrontado com um qualquer tipo de burla, mantenha a calma e procure chamar a atenção de alguém que o possa ajudar. Tente memorizar as características físicas das pessoas (nacionalidade, etnia, ida-de, sexo, altura, cabelo, olhos, barba, cicatrizes, sinais, tatuagens, roupas, etc…), o meio de transporte utilizado (marca, modelo, cor, matricula, nº de ocupantes, direcção tomada, etc, …); Se for ameaçado ou agarrado, procure chamar a atenção gritando ou procurando alguém próximo. Apre-sente a sua queixa imediatamente de forma a resolver a sua situação em tempo útil e para prevenir que outros “caiam” ou sejam aliciados pelos burlões. w

as Burlas Ondas de Frio

A exposição ao frio pode ter consequências graves para a saúde e ser responsável pelo agravamento de doenças, particularmente, cardíacas e respiratórias.

As crianças e os idosos fazem parte do grupo de maior risco, bem como as pessoas que possuem doenças crónicas, em especial cardíacas, vasculares, respiratórias e outras.

Recomendações e Avisos do Serviço Municipal de Protecção Civil de Castro Verde

Medidas de auto-protecçãoMantenha-se atento às informações da Meteorologia e às indicações da Protecção Civil transmitidas pelos órgãos de comunicação social.Procure manter-se em casa ou em locais quentes.Use várias camadas de roupa em vez de uma única peça de tecido grosso. Evite as roupas muito justas ou as que o façam transpirar.O ar frio não é bom para a circulação sanguínea. Evite as actividades físicas intensas que obrigam o coração a um maior esforço e podem até conduzir a um ataque cardíaco.Se suspeitar que você ou alguém que o rodeia está com hipotermia ligue imediatamente para o 112.O consumo excessivo de electricidade pode sobrecarregar a rede originando falhas locais de energia. Procure poupar energia, desligando os aparelhos eléctricos que não sejam necessários. Tenha à mão lanterna e pilhas, para o caso de faltar a luz.Tenha cuidado com as lareiras. Em lugares fechados sem renovação de ar, a combustão pode originar a produção de monóxido de carbono, um gás letal.Seja também cuidadoso com os aquecedores devido ao risco de acidentes domésticos.

Se sair de casaEvite uma exposição excessiva ao frio. Saia de casa apenas se tal for estritamente necessário.O perigo extremo ocorre quanto há vento forte. A situação de desconforto térmico aumenta e sente-se mais frio. Não saia de casa nessas alturas.Se vai ter necessidade de passar muito tempo no exterior da casa, use várias peças de roupa, em vez de uma única peça de tecido grosso. Use um chapéu ou gorro para proteger a cabeça.Proteja o rosto. Evite a entrada de ar extremamente frio nos pulmões.Mantenha as roupas secas. Mude meias molhadas ou outras peças que possam contribuir para a perda de calor.Evite caminhar em zonas com gelo, para evitar o risco de quedas que podem produzir graves lesões.Os idosos, crianças e pessoas com dificuldades de locomoção não devem sair de casa.

Recomendações com o aquecimento da sua casaA combustão liberta gases tóxicos – não se esqueça que a ventilação é muito importante.Tenha cuidado com as lareiras. Em lugares fechados sem renovação de ar, a combustão pode originar a produção de monóxido de carbono, um gás mortal.Evite secar roupa no aquecedor.Afaste o aquecedor de cortinados, tecidos ou mobílias.Não se aproxime muito do aparelho (aquecedor).Se utilizar lareiras, use um resguardo próprio para evitar que quaisquer faúlhas saltem para fora.Tenha um sempre um anteparo fixo para impedir uma possível queda de pessoas para o seu interior, especialmente crianças ou idosos.Nunca use petróleo, gasolina ou álcool para atear a lareira.Mantenha a sua chaminé sempre limpa.

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A Comissão Nacional de Protecção Civil, em reunião ordinária realizada a 14 de Setembro de 2009, deliberou por unanimidade aprovar o Plano Municipal de Protecção Civil de Castro Verde. O mesmo entrou em vigor no dia 20 de Outubro de 2009 (dia seguinte à publicação da Resolução n.º 21/2009 em Diário da República).

Concebido pelo Gabinete de Pro-tecção Civil da Câmara Municipal de

Castro Verde, do documento fazem parte as orientações relativas ao modo de actuação dos vários organismos, serviços e estruturas a abranger em operações de Protecção Civil. Este Plano tem o objectivo de actuar em caso de emergência no concelho, de uma forma organizada, facilitada e agilizada, uniformizando as acções necessárias a uma resposta eficaz. Per-mite, assim, antecipar os cenários sus-

ceptíveis de desencadear um acidente grave ou catástrofe definindo, de um modo claro, a estrutura organizacional melhorando a capacidade de resposta à emergência no concelho.

Aplicável em todas as freguesias do concelho de Castro Verde, o Plano pode, em alguns casos, interagir com os Planos Municipais de Emergên-cia de Protecção Civil dos concelhos vizinhos. w

plano municipal de protecção Civil aprovado

sessão de esclarecimento em Lombador

Com o objectivo de alertar a população idosa do concelho para o perigo das burlas, a GNR - Guarda Nacional Republicana, em conjunto com a Câmara Municipal de Castro Verde, promoveu sessões de esclarecimento pelas freguesias onde, para além do alerta, deixou também alguns conselhos a ter em consideraçao nestas situações.

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outubro•novembro•dezembro 2009 desporto 1� O Campaniço

“Equilíbrio e Mobilidade na Pessoa Idosa” e “Relaxamento activo na água (Ai-chi)” foram as temáticas em debate na Acção de Formação em Exercício Físico e Saúde, que decorreu no Fó-rum Municipal de Castro Verde, no dia 31 de Outubro, organizada pela Câmara Municipal de Castro Verde. Um espaço de reflexão e troca de ex-periências, dirigido aos profissionais e interessados da área.

A ideia de promover esta acção de formação surgiu na sequência dos semi-

nários organizados em anos anteriores, pois, como revelou André Alves, do Gabinete de Desporto da autarquia “queríamos continuar a manter o espaço de debate e discussão em torno das questões relacionadas com o exercício físico e saúde”, mas desta vez a acção de formação apresentou-se com uma nova linha condutora: “tornou-se mais prática e menos teórica”.

A escolha das temáticas teve por base o trabalho desenvolvido pelo Gabinete de Desporto junto da população, e da

grande aposta no desenvolvimento do desporto sénior e das actividades aquáticas no concelho.

Cerca de cinquenta pessoas estive-ram presentes nesta Acção, que teve como oradoras a Prof. Helô Isa André, docente da Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa, e a Fisioterapeuta Pediátrica do Hospital de S. Bernardo, em Setúbal, Helena Murta.

Decorrida a iniciativa, o balanço revelou-se bastante positivo “quer ao nível da organização, do cumpri-

mento dos horários estabelecidos, e principalmente no que respeita à pertinência das temáticas”.

“O objectivo é que este espaço de discussão se mantenha e possa vir a

contar com os mais diversos inter-venientes desta área na medida em que a formação é de extrema impor-tância para a qualidade dos serviços prestados às populações”. w

acção dE foRMação

Exercício físico e saúde em debate

Desde o mês de Novembro que o projecto Agita a tua Vida! o mais recente do Programa Actividade Com’Vida oferece aos munícipes um leque variado de modalidades desportivas. Futsal, caminhadas, pas-seios de BTT, actividades aquáticas, corrida de manutenção / jogging, aulas de fortalecimento muscular, voleibol 2x2, basquetebol 3x3, fu-tebol-ténis ou ténis, são algumas das opções em que a população se pode inscrever.

As actividades, a realizar preferen-cialmente ao ar livre, ou recorrendo às várias infra-estruturas municipais, como o Pavilhão Desportivo Muni-

cipal, o Parque da Liberdade ou as Piscinas Municipais, vão prolongar-se até ao mês de Junho de 2010. Todos os inscritos no projecto terão acesso mensal, através de e-mail ou carta, ao mapa de actividades a desenvolver nesse mesmo mês, com os horários, datas e locais.

O Agita a tua Vida! assenta na prática de exercício físico diversifi-cado, realizado de forma informal, e pretende criar na população a necessidade de uma prática des-portiva regular.

Desta forma, a população cas-trense poderá adquirir um estilo de vida mais saudável e melhorar

a sua condição física, através da realização de actividades planea-das semanalmente, sempre acom-panhadas por técnicos de desporto, de uma forma descontraída e sem compromisso. w

aGiTa a Tua Vida!

novo projecto desportivo

As competições de atletismo têm regresso marcado a Castro Verde já no próximo dia 9 de Janeiro. A vila recebe mais uma edição do Cam-peonato Distrital de Estrada 2010, uma prova de circuito urbano com meta Praça da República, à qual se associa a realização, em simultâneo, do I Grande Prémio de Atletismo do Campo Branco, numa organização conjunta da Associação de Atletismo de Beja e da Câmara Municipal de Castro Verde, que pretende reunir os muitos atletas e simpatizantes da modalidade desportiva.

Deste modo, o Município de Cas-

tro Verde reafirma o seu compro-misso de honra na parceria com a Associação de Atletismo de Beja e os Clubes do concelho (Sociedade Recreativa e Desportiva Entradense e Futebol Clube Castrense), tornando possível a realização de iniciativas deste teor.

A competição tem início marca-do para as 15 horas e é aberta à população.

Para inscrições e mais informa-ções deve contactar a Associação de Atletismo de Beja através do número 284 325 447 ou do e-mail [email protected]. w

aTlETisMo

Castro verdepromove i Grande prémio do Campo Branco

para se inscrever ou obter mais informações, basta dirigir-se ao Fórum municipal de Castro Ver-de ou contactar o gabinete de desporto da autarquia através do e-mail [email protected] ou pelo telefone 286 320 040. a inscrição tem uma anuidade de 10s (seguro incluído).

Um pouco por todo o concelho de Castro Verde, muitas são as compe-tições desportivas a decorrer, nome-adamente, nas área do futebol e do hóquei em patins.

Em Castro Verde, a equipa sénior do Futebol Clube Castrense mantém-se a disputar, nesta época 2009/2010, o Campeonato Nacional da 3ª Divisão, Série F. Na última jornada, que decor-reu no dia 6 de Dezembro, a equipa recebeu no Estádio Municipal 25 de Abril, a equipa de Moura, frente à qual acabou por sofrer a derrota, por três bolas a zero. A equipa de Castro Verde ocupa, neste momento, o 11º lugar da tabela classificativa, com quatro pontos.

Nas competições distritais, é o

Futebol Clube São Marcos que mais se tem destacado. A equipa disputa novamente o Campeonato Distrital da 1ª Divisão, da Associação de Futebol de Beja, e na 8ª Jornada, que decor-reu também no dia 6 de Dezembro, empatou 1-1 no Parque Desportivo Municipal de Serpa, frente à equipa da casa. A equipa de S. Marcos da Atabueira encontra-se no 11º lugar da classificação, com oito pontos acumulados.

A equipa sénior da Sociedade Re-creativa e Desportiva Entradense re-gressou esta época às competições futebolísticas. A equipa de Entradas encontra-se a competir no Campeonato Distrital da 2ª Divisão, da Associação de Futebol de Beja, ocupando, nesta

altura, o 7º lugar da tabela, com três pontos. Na última jornada, do dia 6 de Dezembro, a equipa foi a Pereiras-Gare vencer a equipa da casa por três bolas a zero.

A disputar mais uma vez o Cam-peonato Distrital de Futebol de 11 da Fundação Inatel, está a equipa de futebol do Grupo Desportivo e Cultural da Sete. Na 6ª jornada, a equipa deslocou-se a Almodôvar para disputar mais uma partida, acaban-do por empatar a zero bolas com a equipa da casa. A equipa da aldeia da Sete encontra-se no 1º lugar da tabela, com dez pontos.

Os Juniores do Futebol Clube Castrense disputam, nesta época 2009/2010, o Campeonato Distri-

tal de Juniores A, da Associação de Futebol de Beja. Na última jornada, a equipa, que se encontra em 4º lu-gar da competição, com nove pon-tos, recebeu em casa o Sporting de Cuba. A partida terminou com um empate 1-1.

A equipa de Juvenis da Sociedade Recreativa e Desportiva Entradense encontra-se a disputar o Campeonato Distrital de Juvenis, da Associação de Futebol de Beja. A equipa descansou, nesta última jornada, tendo defrontado na anterior, a equipa da Amareleja, uma partida que terminou em empate por uma bola. A equipa encontra-se no 12º lugar da classificativa, com apenas um ponto.

Já a equipa de Iniciados do Futebol

Clube Castrense, disputa o Campeonato Distrital de Iniciados da Associação de Futebol de Beja, onde ocupa, de momento, o 2º lugar da classificação, com doze pontos. Na última jorna-da, a equipa deslocou-se a Aljustrel, de onde trouxe uma vitória por três bolas a uma.

No que diz respeito às competições de Hóquei em Patins, a equipa sénior do Futebol Clube Castrense encontra-se a competir no Campeonato Nacional III Divisão, P1 Zona Sul e Ilhas. Na 10ª jornada, a equipa recebeu em casa o plantel do Núcleo Sportinguista da Ilha Terceira. Este acabou por der-rotar a equipa de Castro Verde por 3-0. Encontra-se no 10º lugar com 9 pontos. w

Equipas de Castro verde em competição

Nesta época desportiva 2009 / 2010, o Programa Actividade Com’Vida apresenta mais um projecto desportivo, que pretende pôr todos os munícipes, dos 8 aos 80, a praticar desporto.

O Fórum Municipal de Castro Verde recebeu, no passado mês de Outubro, uma Acção de Formação em Exercício e Saúde que debateu temáticas de importância significativa para o trabalho que tem vindo a ser desenvolvido a nível desportivo, no concelho de Castro Verde.

relaxamento activo na água (ai-chi)

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outubro•novembro•dezembro 2009 leitores 1� O Campaniço

NECROLOGIA

adalcinda fausTino M. Valadas. 96 anos, casTRo VERdEana isabEl fRancisco. 87 anos, a-do-coRVoanTónio josé MaRTins, 45 anos, PanoiasanTónio MiRa REVés. 74 anos, EnTRadasbáRbaRa MaMEdE RaPoso. 85 anos, naMoRadosbáRbaRa MaRia dE sousa. 93 anos, a-do-coRVobEnEdiTa dE bRiTo PalMa. 84 anos, casTRo VERdEcaRlos fERnando fERREiRa b. ViEiRa. 49 anos, casTRo VERdEcusTódia PEREiRa dE bRiTo joRGE. 87 anos, caséVEldália MaRia MaRTins REVés MaRTins, 49 anos, casTRo VERdEdiMas fERREiRa bElchioR. 88 anos, aiVadosfRancisco anTónio, 81 anos. ouRiquE-GaREfRancisco ManuEl fERnandEs. 73 anos, s. M. da aTabuEiRafRancisco sanTos silVa. 78 anos, EnTRadasidalina nobRE sobRal. 91 anos, ouRiquE-GaREinácia baRRoso da silVa. 86 anos, ouRiquE-GaREiREnE GuERREiRo Rosa. 76 anos, casTRo VERdElídia MaRia. 101 anos, bERinGElinhoManuEl dE bRiTo caMacho. 83 anos, MonTE da zibRiERaMaRia alda c. f. falEiRo RoMano colaço. 82 anosMaRia dos PRazEREs. 87 anos, caséVElMaRia josé. 90 anos, aiVadosMaRia luciana. 94 anos, sanTa báRbaRa dE PadRõEsMaRiana Mónica cusTódio. 56 anos, EnTRadasMaTildE joaquina doMinGos. 87 anos, bERinGElinhoRui M. fREiTas saRdinha. 68 anos, casTRo VERdEsilVina REVés nobRE. 86 anos, casTRo VERdEVEnâncio coElho conTEnTE. 82 anos, casTRo VERdEVicToR RaMos foRTuna. 87 anos, casTRo VERdE

Há muito adormecido

Há muito adormecidoNa freguesia de EntradasMas nós lhe iremos dar forçasEu e minhas camaradas

Espero que seja famosoO nosso grupo coralCantar com as raparigasPara mim não há igual

Há que lhe dar muito carinhoE toda a nossa atençãoPois é delas que viráO futuro da nação

O meu tempo já passouQue para mim era vaidadeAgora com muita penaJá estou na terceira idade

Mas tenho todo o respeitoPela nossa mocidadeE de todas me despeçoCom um abraço de amizade

E vamos todas cantandoEntradas nos agradeceÉ nossa terra queridaQue de nós tudo merece

Não fiz versos por ser poetaNem sequer penso em talEu só fiz por atençãoAo nosso grupo coral.

Leonete Jesus Costa - Entradas

As flores do meu jardim

Às flores do meu jardimDou-lhes abraços e beijinhosCom cheirinho a alecrimSão os meus queridos sobrinhos

Adriana e CatarinaQue rosas tão vermelhinhasCom uma cor tão mimosaE pétalas tão miudinhas

Estela, Júlia e ElsaMesmo com pouca lidaçãoPor serem as flores mais belasAndam no meu coração

A Lara e CarolinaUm encanto de meninasEu digo em todo o ladoNão há flores mais lindas

A Mafalda e o TelmoSão dois maninhos leaisNesse canteiro felizSão regados pelos pais

O Diogo, o meu netinhoSempre alegre e brincalhãoEu vou-lhe dizendo ao ouvidoMoras no meu coração

A Madalena fofinhaEssa está no meu canteiroDá-me muita companhiaFlorida o ano inteiro

Vou-lhes dando os meus beijinhosA estas flores mimosasOs meninos são os cravosAs meninas são as rosas

Adeus lindo CampaniçoQue eu tanto gosto de lerCom ele passo o dia melhorE vai aquecendo o meu sofrer.

Júlia Rodrigues – Loulé

Há 57 anos juntos…Maria Eugénia de Jesus escolheu o Campaniço para assinalar a data do seu 57º aniversário de casamento. Desde

o dia um de Outubro de 1952 que tem a seu lado Francisco Matos Brito, matrimónio selado na Igreja de São Marcos da Atabueira. Desta união nasceram três filhos: Maria Eugénio Paulino, Felizarda Matos Brito e Francisco Manuel Brito. Já com quatro netos: Pedro Paulino, Miguel Caeiros, Diogo Caeiros e Afonso Raposo.

É com muito amor ao seu marido e restante família e, com uma alegria imensa que vem lembrar esta data.Eugénia Maria de Jesus

ANTóNIO MANUEL TOMé POLICARPO faleceu a 14/10/2009 - beringelinhoseus filhos, netas e nora vêm, por este meio, participar o falecimento do seu ente querido e agradecer o reconhecidamente a todos aqueles que o acompanharam até à sua última morada ou que, de qualquer outro modo, manifestaram o seu pesar.

IRENE GUERREIRO ROSAfaleceu a 15/08/2009 - Geraldosa família participa o falecimento da sua ente querida, agradecendo a todos os que a acompanharam até à sua última morada ou que, de qualquer outro modo, lhe manifestaram o seu pesar.

JACINTO MARQUES PEREIRA “CASTILHO”faleceu a 18/10/2009 - beja / almadaEsposa, irmãos, filhos e netos participam o falecimento do seu ente querido, agradecendo a todos os que o acompanharam até à sua última morada ou que, de qualquer outro modo, lhe manifestaram o seu pesar.

JOSé INáCIO MESTREfaleceu a 07/09/2009sua esposa e filhos participam o falecimento do seu ente querido, agradecendo a todos os que o acompanharam até à sua última morada ou que, de qualquer outro modo, lhe manifestaram o seu pesar.

JULIETA MARIA POLICARPOfaleceu a 29/10/2009 - castro Verde seus filhos, filhas, genros, noras, netos e bisnetos vêm, por este meio, e na impossibilidade de o fazer pessoalmente, agradecer reconhecidamente a todas as pessoas que acompanharam sua ente querida até à sua última morada, ou que, de qualquer outra forma manifestaram o seu pesar. que a tua alma descanse em paz, Mãe!

SARA PATRíCIA R. RICARDO CARRAPIçO faleceu a 06/08/2009 - Geraldosa família participa o falecimento da sua ente querida, agradecendo a todos os que a acompanharam até à sua última morada ou que, de qualquer outro modo, lhe manifestaram o seu pesar.

FRANCISCO MANUEL FARIAS faleceu a 28/07/2009o Grupo familiar Ti-serrinha informa, com muita dor e pesar, que perdeu um elemento, e irmão, muito querido do grupo. a toda a família, apresentamos as nossas condolências, e que deus guarde a sua alma em paz.

Feira de Castro

Multidão De movimentos dispersos Que convergem No mesmo local. Vozes que ecoam Entre Ruídos compactos. Odores Que se misturam Nos sentidos Dos que os seguem. Encontros De gentes simples Famintas de palavras. Crianças Num choro Repleto de felicidade. Panóplia de cores Que ofuscam O arco-íris. Silhuetas Que se escondem Na penumbra Na espera Do mais incauto. Caminhos Que se cruzam E acabam no inicio. Faça sol, chuva ou vento Não importa o tempo Porque, tudo isto é! ... A feira de Castro.

José Bravo Rosa

Uma Carta à minha terraHoje, que os melhores anos da minha vida vão correndo

assim como quem faz uma prova de atletismo, interrogo-me se vale a pena esta corrida?

Uma coisa é certa. Sempre que penso em ti, sinto as raízes fortes que me ligam à terra onde nasci. E já lá vão quarenta e sete anos que parti à procura de novos ares. Mas que ares tão poluídos e que modos de vida tão diferentes! Que passados tantos anos ainda continuo a sentir a diferença. Sinto que me falta o cheiro da terra mãe, as amizades que não pagavam impostos, que não pediam nada em troca, a não ser a confiança no amigo. Amigos que serviam para desabafar e confortar.

Havia paz, responsabilidade e confiança. Claro que também era jovem e sentia as dificuldades que era viver numa terra que não me dava resposta em termos de ocupação laboral e a isso juntou-se a necessidade da aventura. E foi grande, chegando mesmo à Austrália.

Quando parti de Castro Verde deixei aí, não só a minha terra, como o grande amor da minha vida, que, passado pouco tempo, partiu para a guerra de África. Foi complicado, e quem queira saber como foi, aconselho a ler o livro de António Lobo Antunes, Cartas de Guerra. Foram cartas como essas que me ajudaram a matar a saudade. Quando acabou essa tortura e ele voltou, resolvemos

continuar a aventura, mas a saúde traiu-me, e decidimos voltar a Portugal. Mas à nossa terra só de visita.O verdejante do teu nome, tem feito de ti o jardim desse Alentejo, por muitos ignorado. Mas por vós, gente da nossa terra, tem sido um concelho muito bem orientado.

Bem haja a todos os castrenses e àqueles que contribuíram para o desenvolvimento de Castro Verde.

A nostalgia dos dias de OutonoMais o fazia sentir-se solitárioEra o peso do Verão que passouE mais um ano que a vida lhe levou

O Homem que verga duroSente a dureza do tempoCansa a mente com o imaginárioMas adormece consciente que lutou

É assim o ser humanoValente e impotenteNascidos da mesma sementeSomos aquilo que se chama gente.

Mariana Palma–Barreiro

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A ESDIME, Agência para o De-senvolvimento Local no Alentejo Sudoeste, celebrou, no passado dia 20 de Outubro, duas décadas de existência. Para assinalar a data a organização preparou o Seminário “Que Caminhos para a Diversificação e Inovação nos Territórios do Inte-rior?”. A Mesa Redonda contou com as presenças do Prof. Roque Amaro, prestigiado professor do ISCTE, de José Carlos Albino, fundador da ES-DIME, de Miguel Torres, Presidente da Associação ANIMAR (Associação Portuguesa para o Desenvolvimento Local) e de Júlio Ricardo, habitante de Chãos, concelho de Rio Maior, que se deslocou a Castro Verde para partilhar experiências relativamente às questões do desenvolvimento rural, com base no associativismo. Marcaram ainda presença nesta iniciativa, os representantes de várias autarquias da região e outras entidades.

De acordo com presidente da ESDI-ME, David Marques, o balanço destas comemorações revelou-se “extrema-mente positivo. Mais do que fazer um balanço daquilo que foi o passado, quisemos perspectivar o futuro em conjunto com os nossos parceiros, com o claro objectivo de renovar as nossas metodologias e intervenção. Este foi também um momento de encontro entre todos aqueles que ajudaram a construir o percurso da ESDIME, ao longo destes 20 anos.”

Ainda no âmbito das comemorações

dos vinte anos, teve lugar uma ceri-mónia de abertura simbólica do novo Centro de Recursos de Castro Verde, situado na Rua Timor Lorosae, junto ao Parque de Campismo Municipal, e um jantar-convívio que reuniu todos os colaboradores da Agência e todos os participantes nestas comemorações. Para David Marques, a inauguração das novas instalações da Agência em Castro Verde foi outro dos momentos importantes nestas comemorações, pois a nova sede “vem assim permitir o desenvolvimento da nossa proximi-dade e integração no território, que considero condições essenciais para o sucesso do nosso trabalho”.

A ESDIME é uma cooperativa, activa desde 1989, que actua no Alentejo Su-doeste. Inicialmente esta organização

tinha um propósito predominantemente concelhio, prestando apoio em pro-jectos de criação de micro-empresas/iniciativas de emprego. Mais tarde alargou o seu trabalho à realização de formações. Actualmente a sua in-tervenção centra-se na promoção do desenvolvimento local, na qualificação de pessoas, e na promoção da cidadania e associativismo. Entidade formadora creditada pela DGERT (Direcção Geral do Emprego e das Relações Públicas) desenvolveu, nos últimos anos, uma diversificada oferta formativa, não só com o fomento de pequenas formações bem como através do Centro de Novas Oportunidades sediado em Ferreira do Alentejo, possibilitando o desenvolvi-mento de competências num número significativo de cidadãos. w

“Castro” de Castro Verde desclassificado por despacho do IGesPaR

A proposta de desclassifica-ção do “Castro” de Castro Verde, classificado como Monumento Nacional em 1910, mereceu pa-recer favorável por despacho do Director do IGESPAR, no passado dia 4 de Novembro. Este despacho baseou-se no desconhecimento da localização de quaisquer pré-existências referentes ao imóvel classificado como Monumento Nacional. Terminado este longo processo, espera a Câmara Muni-cipal de Castro Verde, conforme é sua pretensão, que a figura de Monumento Nacional venha fi-nalmente depositar-se sobre um dos mais extraordinários monu-mentos de arquitectura religiosa de Portugal: a Basílica Real de Castro Verde.

1º aniversário da Confraria de Cavaleiros de são Pedro

Comemorou-se no dia 28 de Novembro o primeiro aniversário da Confraria de Cavaleiros de São Pedro. O festejo teve lugar na Escola Secundária de Castro Verde, com a entronização de novos confrades. O encontro co-meçou com um almoço, seguido da cerimónia de entronização, que serviu para recrutar novos elementos, e foi animado pela fadista Maria dos Santos, pelo Grupo Coral “Os Ganhões” de Castro Verde e pelo baile com o Rouxinol do Alentejo.

agenda Cultural de Castro Verde tem nova cara

A Agenda Cultural de Castro Verde apresenta novo grafismo. Com uma imagem mais con-temporânea e atraente, e num novo formato, este guia cultu-ral mantém a linha estrutural da sua antecessora, contendo no seu interior toda a programação cultural.

De carácter bimensal, aqui também se divulgam algumas sugestões de leitura, actividades em destaque dentro das diversas áreas (música, teatro, ambien-te, desporto, etc), e calendário desportivo dos meses em causa. Esta pode ser consultada no site da autarquia em www.castro-verde.pt.

b r e v e s

Beja sénior 2009

A população sénior do concelho voltou a marcar presença em mais um Beja Sénior, que este ano decorreu entre os dias 23, 24 e 25 de Outubro, no Parque de Feiras e Exposições de Beja. Do programa fez parte um variado leque de actividades de âmbito recreativo, social, cultural e des-portivo. No âmbito da iniciativa, a Câmara Municipal de Castro Verde apostou no intercâmbio de pessoas integradas nas IPSS do concelho, como o Lar jacinto Faleiro, o Lar Frei Manoel de Entradas e a Fundação Joaquim António Franco

artesanato de Natal

Com o intuito de dinamizar o artesanato local, a Câmara Mu-nicipal de Castro Verde promo-veu uma Feira de Artesanato, que contou com a colaboração dos artesãos locais. A venda de Natal aconteceu na Praça da República, entre os dias 17 e 20 de Dezembro. Em exposição estiveram trabalhos diversifica-dos e originais proporcionando à população uma maior variedade de escolha para ofertas, neste Natal. As propostas passaram por bolsas, velas, bijutarias, bonecos de trapo, candelabros e miniaturas feitos através de diversas técnicas como tecelagem, serigrafia, patchwork e cerâmica. Também as ruas se iluminaram, com música de Natal ambiente e animação de rua a dinamizar o comércio local.

Parque de Campismo divulgado em Feiras de turismo

O Município de Castro Verde tem vindo a investir na promoção do Parque de Campismo Munici-pal, em iniciativas direccionadas para o sector turístico, como as feiras. Recentemente o Parque de Campismo esteve representado na Vida Natura 2009, Feira de Caravanismo, Desporto e Lazer, que esteve patente na EXPONOR do Porto de 19 a 22 de Novem-bro. Brevemente, em Janeiro, de 13 a 17, está agendada a sua participação na BTL, Bolsa de Turismo de Lisboa e, na Nauti-campo, de 3 a 7 de Fevereiro, a realizar também em Lisboa. A aposta tem como finalidade dar a conhecer as instalações e serviços deste equipamento, junto do mercado turístico.

O Campaniço outubro•novembro•dezembro 2009 notícias �0

Centro de recursos da esdime

EsdiME

vinte anos a intervirno interior alentejano A ESDIME comemorou vinte anos de existência. Uma data importante para a agência, assinalada com um Seminário e com a inauguração simbólica do novo Centro de Recursos de Castro Verde.

Castro Verde Dia aberto à população 14 JAN 10h às 19h

Espectáculo de reabertura 15 JAN 21h30

Concerto Sérgio Godinho 16 JAN 21h30

Serão de cante alentejano 23 JAN 21h30

www.cm-castroverde.pt

*Bilhetes ( 1 € ) à venda no Posto de Turismo a partir de 6 de Janeiro.

**Bilhetes ( 3 € ) à venda no Posto de Turismo a partir de 9 de Janeiro.

Reabertura

Em breve de regresso às nossas vidas...

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