O USO DO HABITAT POR MORCEGOS EM SISTEMAS … · tendências gerais em resposta ao desflorestamento...

57
Universidade de Lisboa Faculdade de Ciências Departamento de Biologia Animal O USO DO HABITAT POR MORCEGOS EM SISTEMAS NATURAIS E AGROFLORESTAIS NA SAVANA BRASILEIRA SÓNIA MARISA SOARES PINA MESTRADO EM ECOLOGIA E GESTÃO AMBIENTAL 2011

Transcript of O USO DO HABITAT POR MORCEGOS EM SISTEMAS … · tendências gerais em resposta ao desflorestamento...

Universidade de Lisboa

Faculdade de Ciências

Departamento de Biologia Animal

O USO DO HABITAT POR MORCEGOS EM SISTEMAS

NATURAIS E AGROFLORESTAIS NA SAVANA

BRASILEIRA

SÓNIA MARISA SOARES PINA

MESTRADO EM ECOLOGIA E GESTÃO AMBIENTAL

2011

2

Universidade de Lisboa

Faculdade de Ciências

Departamento de Biologia Animal

O USO DO HABITAT POR MORCEGOS EM SISTEMAS

NATURAIS E AGROFLORESTAIS NA SAVANA

BRASILEIRA

SÓNIA MARISA SOARES PINA

Dissertação orientada por:

Dr. Christoph Meyer (CBA/FCUL)

Dr. Marlon Zortéa (LZE/UFG)

2011

3

Resumo

O processo de conversão de sistemas naturais em áreas para pastagens,

agricultura e silvicultura no Brasil tem sido cada vez mais acelerado e são poucos

os estudos que abordam o impacto destas transformações nas comunidades de

morcegos. Visando contribuir neste aspecto, realizou-se entre Dezembro de 2010

e Abril de 2011 capturas com redes de neblina mensalmente, durante cinco

meses, em oito fragmentos de dois tipos de habitat: 4 plantações de eucalipto

(Eucalyptus) e 4 fragmentos de floresta semidecidual no Cerrado brasileiro, para

avaliar as diferenças de diversidade e abundância e testar o efeito das

características da paisagem e variáveis locais nas comunidades de morcegos.

Dos 209 indivíduos capturados 75 foram em fragmentos de eucalipto e 134 em

áreas de floresta nativa. Destes, 90% eram frugívoros e 97% pertencentes à

família Phyllostomidae. A espécie mais capturada foi Carollia perspicillata (92

indivíduos) seguida por Artibeus planirostris (39) e Platyrrhinus lineatus (21). As

áreas nativas apresentaram uma maior riqueza de espécies, menor dominância e

maior diversidade e equitabilidade comparativamente às plantações de eucalipto.

Além disso, áreas florestadas apresentam uma fauna mais completa e com

espécies mais sensíveis como alguns morcegos da subfamília Phyllostominae.

Através da ordenação não métrica multidimensional (NMDS) verificou-se uma

fraca separação entre os habitats amostrados embora uma análise de

similaridades (ANOSIM) indicou uma ausência de diferenças significativas na

composição de espécies. A proporção de cobertura florestal (Cerrado e

Eccalyptus) foi a única variável de paisagem com influência significativa na

composição de espécies. Pelo contrário, a composição de espécies não

apresenta qualquer relação com as distâncias geográficas entre os fragmentos

florestais. Aplicando o modelo linear generalizado de efeitos mistos (GLMM), para

as três espécies com maior abundância, verificou-se que o factor Habitat teve

influência apenas na abundância de Artibeus planirostris, a espécie mais

abundante em Cerrado. Os resultados demonstram o empobrecimento das

comunidades de morcegos em plantações de eucalipto e a necessidade de se

perceber a resposta de cada espécie a esta conversão do habitat nativo.

Palavras-chave: morcegos; Cerrado; eucaliptos; diversidade; habitat; Chiroptera;

Eucalyptus

4

Abstract

The conversion of natural systems into areas for cattle grazing, agriculture, and

silviculture in Brazil has been increasing rapidly, and there are few studies on the

impact of these changes on bat assemblages. Aiming to contribute towards filling

this gap, I compared bat assemblages in semideciduous forest fragments in

Brazilian Cerrado with those of eucalyptus plantations (Eucalyptus sp.).

Specifically, I assessed differences in species richness, diversity, abundance, and

species composition between habitat types and evaluated bat responses with

respect to a variety of landscape characteristics and local-scale variables. For this,

I sampled bats with mist nets in 4 replicates each of eucalyptus plantations and

fragments of native Cerrado over the course of 5 months, between December

2010 and April 2011. Of the total of 209 individuals captured, 75 were caught in

eucalyptus fragments and 134 in native forest areas. Of these, 90% were

frugivores and 97% belonged to the family Phyllostomidae. The most frequently

captured species were Carollia perspicillata (92 individuals) followed by Artibeus

planirostris (39) and Platyrrhinus lineatus (21). Native areas had greatest species

richness, lower dominance and greatest diversity and evenness compared to

eucalypt plantations. Gleaning animalivorous species of the subfamily

Phyllostominae seem to be most sensitive to plantation forests as they were not

captured in this habitat. Non-metric multidimensional scaling (NMDS) indicated no

strong separation between habitats types and there were no significant differences

in species composition based on an analysis of similarities (ANOSIM). The

proportion of forest cover (both Cerrado and Eucalyptus) in the landscape was the

only landscape-scale variable which had a significant influence on species

composition. In contrast, species composition was unrelated to geographical

distance between forest fragments. A generalized linear mixed effects model

(GLMM) for the three most abundant species only showed significant differences

in abundance for Artibeus planirostris, the species being more abundant in native

Cerrado. This results highlights the impoverishment of bat assemblages in

eucalypt plantations and how is important understand the bat sepecies-specific

responses to this native habitat conversion.

Keywords: bats; Cerrado; eucalyptus; diversity; habitat; Chiroptera; Eucalyptus

5

Índice

Resumo 3

Abstract 4

Índice 5

1. Introdução 6

• Objectivos 9

2. Materiais e Métodos 10

2.1. Área de estudo 10

2.2. Recolha de dados 12

2.3. Tratamento dos dados e análise estatística 14

2.3.1. Variáveis métricas locais e de paisagem 14

2.3.2. Riqueza, abundância, diversidade e composição de espécies 15

2.3.3. Modelação da fauna de morcegos com ambiente 17

2.3.4. Autocorrelação espacial 18

3. Resultados 18

3.1. Riqueza, abundância, diversidade e composição de espécies 18

3.2. Modelação da fauna de morcegos com o ambiente 25

3.3. Autocorrelação espacial 26

4. Discussão 26

4.1. Enquadramento da composição taxionómica obtida, na região e bioma em estudo 26

4.2. Riqueza, dominância, diversidade e composição de espécies 29

4.3. Modelação da fauna de morcegos com o ambiente 36

5. Considerações finais 39

6. Agradecimentos 42

7. Bibliografia 43

Anexo I 56

Anexo II 56

Anexo III 57

6

1. Introdução

O Cerrado e os sistemas agroflorestais

A eco-região de savanas do Brasil, também conhecida como Cerrado,

distribui-se de forma contínua em 10 estados da federação, ocupando cerca de 2

milhões de km2 das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste do país, além de

encraves na porção norte brasileira (Eiten, 1994). É o segundo maior ecossistema

Neotropical, revestindo 20 a 25% da área total do território brasileiro (Machado et

al., 2004; Zortéa & Alho, 2008; Ferreira et al., 2009).

O Cerrado é caracterizado por uma vegetação estratificada em espécies

gramíneas, arbustivas e arbóreas, com flora e fauna bem adaptadas ao clima

sazonal, isto é, uma estação chuvosa que dura de Outubro a Março, seguida por

uma estação seca de Abril a Setembro (Klink & Machado, 2005; Klink & Machado,

2005; Ferreira et al., 2009). Este ecossistema é extremamente heterogéneo e

estudos têm indicado até 25 unidades fisiográficas distintas e mais de 70 sistemas

de terras diferentes para a região (Felfili et al., 2004). Tais características,

associadas a uma topografia suave torna este ecossistema altamente atractivo

para actividades agro-pecuárias, principalmente por monoculturas comerciais e

bovinocultura (Ferreira et al., 2009). Segundo um estudo realizado em 2002, 55%

do Cerrado já foram desmatados ou transformados pela acção humana (Machado

et al., 2004).

A perda de biodiversidade e a fragmentação da floresta são as duas

principais consequências da intensa pressão humana experiênciada nos trópicos

nas últimas décadas (Bernard & Fenton, 2007). A fragmentação e o isolamento

dos habitats naturais constituem a principal ameaça à biodiversidade a nível

regional e global (Bianconi et al., 2006; Klingbeil & Willig, 2009). O

reflorestamento, para a produção de carvão vegetal, papel e celulose, tem

incrementado a formação de grandes maciços florestais utilizando espécies do

género Eucalyptus, que têm substituído a vegetação nativa do Cerrado (Pereira &

Oliveira, 2005). Particularmente, no Estado de Goiás, localizado na região Centro-

Oeste brasileira, o plantio de eucalipto tem, recentemente, substituído algumas

áreas de pastagens e de lavouras temporárias. Em 2010 foram estimadas pela

ABRAF (2011) o plantio de quase 60 mil hectares de eucalipto no Estado.

7

Os quirópteros – diversidade e conservação

No mundo existem mais de 1150 espécies de morcegos (Schipper et al.,

2008), encontrando-se a maior diversidade de espécies na região neotropical,

com 83 géneros e cerca de 300 espécies (Simmons, 2005; Bianconi et al., 2006).

No Brasil são conhecidos 64 géneros de morcegos pertencentes a nove famílias

(Reis et al., 2007) e o Cerrado abriga mais de 100 espécies de morcegos, o que

corresponde a 60% da fauna brasileira de morcegos, e mais de 40% do total da

fauna de morcegos da América do sul (Aguiar & Zortéa, 2008). No Cerrado, tal

como em biomas como a Mata Atlântica, a Floresta Amazónica e outros, são

encontradas muitas espécies da família Phyllostomidae, as quais são importantes

dispersoras de sementes e polinizadoras de plantas (Lobova et al., 2009), como

por exemplo, as espécies do género Artibeus Leach, Sturnira Gray, Glossophaga

E. Geoffroy e Lonchophylla Thomas. Neste ecossistema, encontram-se também

espécies com outros hábitos alimentares, tais como as espécies insectívoras

como Lophostoma spp., hematófagas como Desmodus rotundus (E. Geoffroy,

1810), as carnívoras como Chrotopterus auritus (Peters, 1856) e as piscívoras

como Noctilio leporinus (Linnaeus, 1758).

Os morcegos são considerados um excelente bioindicador das alterações

humanas, provocadas na qualidade do habitat (Jones et al., 2009). Nas florestas

Neotropicais, os Chiroptera podem representar um taxon chave, devido à sua

participação na polinização e dispersão de sementes (Willig et al., 2007). Além

disso, os morcegos compõem um grupo modelo ideal para avaliar respostas à

fragmentação do habitat, uma vez que estes são altamente diversos e móveis,

com o potencial de se movimentarem ao longo de extensas áreas fragmentadas

(Meyer & Kalko, 2008).

Estudos realizados sobre o efeito da fragmentação em morcegos

neotropicais têm produzido resultados equívocos levando a que as respostas

destes à fragmentação não estejam bem compreendidas (Faria, 2006; Klingbeil &

Willig, 2009). Perceber e prever como as populações de quirópteros vão

responder à ruptura de habitat é um grande desafio para os biólogos. Foi

demonstrado por vários autores (e.g. Faria, 2006; Gorresen & Willig, 2004; Willig

et al., 2007) que uma comunidade de morcegos tende a ser menos diversa e

dominada por menos espécies em habitats fragmentados. Por outro lado, os

8

morcegos neotropicais respondem à fragmentação do habitat de um modo

específico consoante a espécie (Klingbeil & Willig, 2009) sendo evidente duas

tendências gerais em resposta ao desflorestamento e à fragmentação do habitat.

Usualmente, os filostomídeos insectívoros e carnívoros decrescem em

abundância e riqueza de espécies enquanto, em contraste, os filostomídeos

frugívoros e nectarívoros, exibem frequentemente abundâncias maiores em

florestas que foram sujeitas ao desflorestamento e à fragmentação do habitat

(Clarke et al., 2005; Castro-Arellano et al., 2007; Willig et al., 2007; Bobrowiec &

Gribel, 2010).

A fragmentação do habitat é uma característica dominante da paisagem

moderna (Ewers & Didham, 2006) e uma vez que, a resposta dos morcegos à

fragmentação do habitat nos neotrópicos é equívoca, torna-se cada vez mais

importante perceber a relação entre o grau de fragmentação e a variação em

aspectos da biodiversidade (Klingbeil & Willig, 2009). Assim é necessário a

realização de estudos que tentem perceber, para além de questões como a

qualidade dos habitats (e.g. estudos de habitats perturbados versus não

perturbados, Fenton et al., 1992), o efeito das variáveis locais (e.g. área e

tamanho dos fragmentos em estudo, distância entre os fragmentos, entre outras)

e da estrutura da paisagem (e.g. densidade de fragmentos, cobertura florestal,

comprimento de borda, entre outras) nas respostas das populações de morcegos

e também específicas de cada espécie à fragmentação (Klingbeil & Willig, 2009).

Para Gorresen & Willig (2004), as características da paisagem como

tamanho do fragmento, cobertura florestal e densidade de fragmentos, foram

atributos importantes relacionados com a resposta dos filostomídeos, em

paisagens fragmentadas, tanto a nível das espécies como da comunidade.

Existe pouca informação disponível sobre o valor da conservação de

plantações de árvores comerciais (Zurita et al., 2006) e as paisagens de produção

(“production landscapes”) são raramente consideradas como áreas prioritárias

para a conservação nos trópicos (Barlow et al., 2007).

Os estudos de biodiversidade desenvolvidos em plantações de eucalipto e

em outros tipos de plantações são muito menos extensivos e mais recente do que

a pesquisa desenvolvida em plantações de pinheiros (Danielsen & Heegaard,

1995; Bernhard-Reversat, 2001; Borsboom et al., 2002; Lindenmayer et al., 2003;

Barlow et al., 2007). Tem sido demonstrado que as comunidades de vertebrados

9

e invertebrados são menos diversas do que aquelas presentes em vegetação

nativa, onde esta redução na diversidade deve-se muito à relativa simplicidade

estrutural destas plantações (Lindenmayer et al., 2003). Barlow et al. (2007b)

concluíram, segundo um estudo realizado com borboletas em plantações de

Eucalyptus, que estas podem ajudar a conservar um número limitado de espécies

de floresta.

Muitos dos trabalhos desenvolvidos em plantações, estudaram

comunidades de aves (Marsden et al., 2001; Zurita et al., 2006; Lantschner et al.,

2008; Gabriel et al., 2009; Filloy et al., 2010; Hsu et al., 2010) e poucos são os

trabalhos que se focaram nas comunidades de morcegos (Harvey & Villalobos,

2007; Borkin & Parson, 2010).

Segundo o estudo desenvolvido por Harvey & Villalobos (2007) na

Costa Rica, as plantações de cacau e banana, mantém comunidades de

morcegos semelhantes aquelas observadas em áreas de florestas nativas. Por

outro lado, num estudo realizado no Brasil sobre morcegos, foi observado

uma menor riqueza de espécies e uma estrutura da comunidade

simplificada em plantações de Araucária comparativamente à floresta nativa

(Reis et al., 2006).

Uma vez que são poucos os estudos realizados em plantações de

eucaliptos e sobre as comunidades de morcegos, vê-se cada vez mais acrescida

a necessidade de realizar-se estudos comparativos de morcegos em

plantações de Eucalyptus.

Objectivos

Sendo assim, este trabalho teve como objectivo investigar as diferenças de

diversidade e abundância entre plantações de eucalipto (Eucalyptus spp.) e

fragmentos de floresta nativa (Cerrado), ao nível das espécies e da comunidade.

Para alcançar este objectivo pretendeu-se:

- Comparar a riqueza de espécies, diversidade, equitabilidade e

abundância entre os vários fragmentos de Cerrado e plantações de Eucalyptus,

verificando se há diferenças significativas entre os dois tipos de habitat, partindo

do pressuposto que habitats naturais apresentariam uma maior riqueza e

abundância;

10

- Testar o efeito, sobre a composição de espécies e abundância, dos

seguintes atributos locais e características da paisagem: área do fragmento e

comprimento de borda, distância entre fragmentos, tamanho médio do fragmento,

densidade de fragmentos e cobertura florestal. Previu-se encontrar diferenças na

estrutura e composição da comunidade de morcegos entre as plantações de

eucalipto e os fragmentos de floresta, apresentando esta última uma estrutura de

comunidade mais simplificada. Esperou-se ainda, que a riqueza de espécies,

diversidade e abundância fosse dependente das características da paisagem.

2. Materiais e Métodos

2.1 Área de estudo

O trabalho de campo foi realizado no município de Jataí (7º52'33" S;

51º43'14"W), localizado na região sudoeste do Estado de Goiás, Brasil central

(Figura 1).

Figura 1 – Localização da área de estudo – Jataí, no estado de Goiás – Brasil.

A área de estudo está inserida no bioma de savana que no Brasil recebe a

denominação específica de Cerrado (lato sensu). Este bioma caracteriza-se por

comportar várias unidades fisionómicas que lhes conferem uma alta

heterogeneidade espacial. O Cerrado não é um ecossistema simples, mas um

conjunto de formações que vai desde uma formação vegetal aberta com poucas

árvores e arbustos até uma formação fechada onde as copas das árvores quase

se tocam (cerradão). Em todos eles as gramíneas dominam o estrato inferior e as

11

árvores são relativamente baixas, geralmente tortuosas e com folhas espessas

(Felfili et al., 2004; Salgado-Labouriau, 2005). O clima é tipicamente sazonal, com

Invernos secos e Verões chuvosos. A chuva ocorre maioritariamente entre

Outubro e Abril (Felfili et al., 2005).

O município de Jataí localiza-se na Microrregião Sudoeste de Goiás,

dominada por sedimentos antigos e faixas de derrames basálticos. Apresenta um

relevo plano e suavemente ondulado com altitudes que variam de 696 a 700

metros. As temperaturas vão de 18.2ºC (Julho) a 24.4ºC (Outubro) e possui uma

variação pluviométrica que oscila de 1000 mm a 1600 mm, distribuídos

irregularmente durante o ano (Silva et al., 2009). O clima é classificado como Aw,

Tropical Húmido de Savana, conforme a classificação de KÖppen (1948). A

vegetação dominante nesta zona é floresta semidecidual.

A região sudoeste de Goiás engloba aproximadamente 27 milhões de ha,

representando cerca de 16% do total da área do estado. A maioria desta área

está altamente fragmentada, devido à conversão do Cerrado em terras para

produção agrícola (Alho, 2005). Os sistemas agro-florestais são ainda raros na

área, no entanto, a plantação de exóticas como Eucalyptus está a aumentar,

tornando-se um importante elemento destas paisagens fragmentadas.

As áreas seleccionadas, para a realização deste trabalho foram de dois

tipos: plantações de Eucalyptus e fragmentos de floresta semidecidual (Figura 2).

Figura 2 – Fotografia aérea das áreas de estudo a) Plantação de Eucalyptus; b) Fragmento de

floresta semidecídual. (Fonte: Fabiano R. Melo).

a) b)

12

As plantações de Eucalyptus são áreas sem sub-coberto vegetal. Os

fragmentos de savana brasileira seleccionados têm como vegetação dominante a

floresta semidecidual.

Junto à maioria destas áreas existe a passagem de uma rodovia. Estas

estão também, na sua maioria, envolvidas por plantações de soja, de cana-de-

açúcar e pastagem de gado.

2.2 Recolha de dados

O trabalho de campo foi realizado entre Dezembro de 2010 e Abril de 2011.

Foram seleccionados 4 fragmentos de cada tipo de habitat em estudo: plantações

de Eucalyptus e fragmentos de floresta semidecidual (Figura 3). Estes foram

amostrados mensalmente totalizando 8 noites de captura por mês. Todas as

capturas foram realizadas na semana de lua nova, para reduzir potenciais

tendências no sucesso de captura, devido ao comportamento de fobia lunar dos

morcegos (e.g. Morrison, 1978).

A selecção dos locais de estudo foi dependente da disponibilidade de

plantações de Eucalyptus adequadas, presentes na área de estudo. Estes

fragmentos têm diferentes áreas e formas irregulares.

Figure 3 – Áreas de amostragem (Euca = Plantações de Eucalyptus; F – Fragmentos de floresta).

Fonte: Google Earth (Dezembro de 2010).

5 km

13

Os morcegos foram capturados usando 10 redes de neblina por noite, com

dimensões de 10 a 14m x 2.5 m e malha de 16 mm, dispostas ao longo de um

transecto linear em cada fragmento (Figura 4).

As redes foram montadas sempre no mesmo e único transecto, ao longo

de 5 meses, dentro de cada fragmento em estudo (Figura 4), sendo abertas ao

pôr-do-sol e verificadas de 20 a 30 minutos durante 4 a 5 horas/noite.

Os morcegos capturados foram retirados manualmente das redes e

transferidos para sacos individuais de algodão. Os animais foram manipulados no

campo onde foi realizada a biometria e identificação (Figura 5).

Figura 4 – Redes de neblina armadas em a) Plantação de Eucalyptus; b) Fragmento de Floresta

semidecidual.

Figura 5 – Análise biométrica dos morcegos capturados.

a) b)

14

Foi registado numa Ficha de Campo a espécie, o sexo, o estado

reprodutor, o peso corporal (g) e o tamanho do antebraço (mm). Utilizou-se uma

balança digital, com resolução de 0,1 g, para aferir o peso e um paquímetro com

0,01 mm, para medir o antebraço dos morcegos. Estes foram identificados

usando Vizotto & Taddei (1973) e Gardner (2007). Para alguns taxa, foi

necessário consultar literatura adicional, por exemplo: Platyrrhinus (Ferrell &

Wilson, 1991); pequenos Artibeus (Handley, 1987); Sturnira (Davis, 1980); Myotis

(Laval, 1973).

Ao fim da noite, logo após o encerramento dos trabalhos, os animais foram

libertados no mesmo local de captura. Alguns exemplares foram levados ao

laboratório para o procedimento de fixação e conservação (Licença número

35128167) para uma posterior correcta identificação. Estes foram posteriormente

guardados junto à colecção de morcegos do Laboratório de Zoologia da

Universidade Federal de Goiás.

2.3 Tratamento dos dados e análise estatística

As análises realizadas foram restritas aos morcegos capturados

pertencentes à família Phyllostomidae, uma vez que estes são os morcegos que

podem seguramente revelar uma abundância realística quando utilizadas as

redes de neblina ao nível do solo (Zortéa et al., 2010). Além disto, esta é uma

família muito rica em espécies e numericamente dominante nas comunidades de

morcegos neotropicais (e.g. Kalko, 1998).

2.3.1 Variáveis métricas locais e de paisagem

Para cada um dos oito fragmentos foram calculadas variáveis locais e

medidas ao nível da paisagem, usando o software ImageJ 1.45j e algumas

ferramentas do Google Earth.

As variáveis locais medidas foram: a área (Hc) e o comprimento da borda

(m) de cada fragmento e a distância mais próxima em linha recta entre o vértice

de cada fragmento e entre o centro de cada fragmento (m).

Foram calculadas as seguintes medidas que caracterizam a composição e

configuração da paisagem, cercando cada área por um círculo para uma escala

15

focal de 3 km, com o raio de 1,5 km centrado em cada fragmento: tamanho médio

do fragmento, número de fragmentos de eucalipto (n.frag.euca), de floresta

(n.frag.mata) e o total (n.frag.total), densidade de fragmentos de eucalipto

(dens.euca), de floresta (dens.mata) e o total (dens.total) e a proporção de

cobertura florestal de eucalipto (p.cober.euca), de floresta (p.cober.mata) e o total

(p.cober.total).

A escala focal foi escolhida tendo em conta as usadas em Klingbeil & Willig

(2009) (raio de 1 Km; 3 Km e 5 Km) e Meyer & Kalko (2008) (raio de 0,5 Km; 1

Km e 1,5 Km) e a adaptação ao trabalho realizado. Neste caso, optou-se pela

escala focal de 3 Km, para minimizar sobreposição espacial dos fragmentos

vizinhos e portanto a autocorrelação espacial entre os locais de amostragem.

2.3.2 Riqueza, abundância, diversidade e composição de espécies

Para avaliar a riqueza estimada para cada tipo de habitat usou-se a curva

de acumulação de espécies baseada em amostras ao acaso (1000

randomizações) (Gotelli & Colwell, 2001). Assim avaliou-se o número de espécies

esperadas de ocorrer em cada local usando um estimador de riqueza de espécies

não paramétrico. Escolheu-se o estimador de Jackknife de primeira ordem

(Jack1), uma vez que tem em consideração a heterogeneidade de movimentos de

animais móveis como os morcegos, baseado no trabalho desenvolvido por Brose

& Martinez (2004). Os cálculos foram realizados usando o software EstimateS

8.2.0 (Colwell, 2009).

Para comparar a riqueza de espécies rarefaccionadas, a dominância e a

equitabilidade (índice PIE de Hurlbert “Probability of interspecific encounter”) entre

os diferentes tipos de habitat, usou-se o software EcoSim, com 1000 iterações. A

rarefacção permite a comparação da riqueza de espécies ao nível da abundância

menor, através da transformação das abundâncias, obtidas para cada tipo de

habitat, para a mesma escala, que é definida pela menor abundância. Neste caso

o nível de abundância comum era de 75 indivíduos. A equitabilidade refere-se ao

quão similar as espécies estão representadas numa comunidade, podendo variar

de 0 (dominância de espécies únicas) a 1 (abundância igual para todas as

espécies) e a dominância permite aferir a fracção da população que é

representada pelas espécies mais comuns. O Hurlbert‟s PIE é um índice de

16

equitabilidade que calcula, numa comunidade, a probabilidade de dois indivíduos

amostrados ao acaso representarem duas espécies diferentes (Stirling & Wilsey,

2001; Gotelli & Entsminger, 2001; Melo, 2008). Em cada caso, a significância

estatística foi determinada segundo os intervalos de confiança de 95% simulados,

gerados pelo programa (Gotelli & Entsminger, 2001).

O esforço de captura foi calculado segundo Straube & Bianconi (2002),

como m2rede h. Este foi de 25960 h m2 e 25530 h.m2, para Eucalipto e Floresta,

respectivamente, o que é relativamente semelhante. Para cada tipo de habitat, foi

calculada a abundância relativa para cada espécie e tipo de habitat como:

Abundância relativa = Abundância Absoluta / Esforço de Captura.

Determinou-se a diversidade segundo o Índice de Shannon-Wiener (H’)

usando-se o Software PAST. Apesar do índice de Shannon-Wiener ter sido várias

vezes questionado (Lande, 1996; Magurran, 2004) foi também usado

anteriormente por muitos autores, o que torna possível comparar os resultados

obtidos neste trabalho com outros estudos publicados (Aguirre, 2002; Faria et al.,

2006; Rex et al., 2008).

Usou-se o coeficiente de Bray-Curtis para descrever a dissimilaridade em

termos de composição de espécies entre os dois tipos de habitat (Magurran,

2004), através do Software EstimateS 8.2.0 (Colwell, 2009). Aplicou-se depois

uma escala não métrica multidimensional (NMDS) para ordenar os locais e avaliar

as diferenças inter-locais na composição de espécies. O NMDS é um teste

robusto, uma técnica de ordenação não linear considerado como um método

efectivo para analisar dados ecológicos da comunidade (McCune & Grace, 2002).

As diferenças na composição de espécies entre os dois tipos de habitat

foram avaliadas através de uma análise de similaridades (ANOSIM; e.g. McArdle

& Anderson, 2001), que é um procedimento não métrico de permutação

multivariada, muito semelhante a uma típica ANOVA univariada, que testa por

diferenças entre grupos primeiramente definidos da amostra da comunidade,

baseados numa matriz de (dis)similaridade (Clarke, 1993). A medida de distância

usada foi a de Bray-Curtis. Estes cálculos foram realizados com o Software PAST.

17

2.3.3 Modelação da fauna de morcegos com ambiente

Para além das variáveis métricas locais e de paisagem calculadas foram

ainda consideradas as distâncias obtidas na matriz de NMDS de Bray-Curtis, que

permite representar as diferenças na composição de espécies entre fragmentos

(Anexo I).

Uma vez que se possuem dados de apenas quatro fragmentos para cada

tipo de habitat (floresta e eucalipto) e um elevado número de variáveis, teve-se de

realizar pares de comparações das variáveis preditivas de modo a obter as

variáveis significativamente correlacionadas. Isto resultou num total de seis

variáveis explicativas. Como variáveis a escala local foi considerado a área e o

perímetro (comprimento de borda) e em termos de paisagem a proporção de

cobertura de mata, proporção de cobertura de eucalipto, número de fragmentos

de mata e número de fragmentos de eucalipto. Estas foram standardizadas, ou

seja transformadas na mesma escala de grandeza de valores, pois existem

valores de grandeza muito diferente, como o caso das áreas e dos perímetros.

Realizou-se uma análise multivariada de permutações da variância usando

matrizes de distâncias (ADONIS) que relaciona variáveis ambientais com a

composição de espécies. Esta análise de permutações é feita dentro de cada tipo

de habitat e não inclui permutações entre tipos de habitat. A ADONIS é usada em

ecologia quando se tem um número limitado de amostras de indivíduos (Zapala &

Schork, 2006) e permitiu verificar quais das seis variáveis tem efeito significativo

na composição de espécies.

Para verificar se existem diferenças significativas na abundância de cada

espécie entre os dois tipos de habitat (eucalipto e floresta) usaram-se modelos

lineares generalizados de efeitos mistos (GLMM). Uma vez que a abundância de

espécies são contagens, usou-se a distribuição de Poisson. O factor fixo nestes

modelos foi a variável habitat e os factores aleatórios os fragmentos e as noites

de captura, ajustado pelo método de estimação dos parâmetros de máxima

verossimilhança (Zuur et al., 2007).

Como o número de capturas para a maioria das espécies era muito baixa,

apenas 3 espécies (Carollia perspicillata; Artibeus planirostris; Platyrrhinus

lineatus) foram consideradas na realização deste teste, por serem as únicas com

dados suficientes. Neste trabalho foram seleccionados quatro fragmentos para

cada um dos dois tipos de habitat (eucalipto X floresta), que foram amostrados

18

mensalmente em apenas um ponto de colecta em diferentes noites cada um,

durante cinco meses. Considerou-se assim as noites aleatórias e aninhadas aos

fragmentos. Para a realização deste procedimento recorreu-se ao pacote de R

lme4 (Bates et al., 2011). Para analisar as relações da fauna de morcegos com o

ambiente, realizou-se a selecção do modelo usando likelihood ratio test e tendo

em conta o valor criterioso de Akaike (AIC). Para cada espécie é calculado o

modelo com e sem o factor fixo (Habitat) e depois aplicado o Likelihood ratio test,

que compara os dois modelos e permite concluir sobre a influência do factor fixo

na abundância de cada espécie em análise (Zuur et al., 2009).

Todas estas análises foram realizadas usando o pacote estatístico R

(versão 2.2.0, R Development Core Team, 2006).

2.3.4 Autocorrelação espacial

Os dados de abundância estão muitas vezes autocorrelacionados

espacialmente. Para perceber esta correlação foi construída uma matriz de

distâncias ecológicas e geográficas (Anexo II). Realizou-se um Teste de Mantel

para testar se existe correlação entre as distâncias ecológicas e geográficas.

Foram realizadas 5000 permutações, aplicando-se o índice de Bray-Curtis para a

matriz de abundância das espécies (Anexo III) e as distâncias geográficas do

utilizador, que são Euclídicas, para a matriz de distâncias geográficas. Estas

análises foram realizadas usando o pacote estatístico R (versão 2.2.0, R

Development Core Team, 2006).

3. Resultados

3.1 Riqueza, abundância, diversidade e composição de espécies

Foram capturados 209 morcegos, pertencentes a duas famílias, 9 géneros

e 13 espécies (Tabela I), ao longo de 40 noites de amostragem. Os morcegos da

Família Phyllostomidae representaram a maioria das capturas (97%) e a maioria

das espécies (92%). A outra família registada foi a Vespertilionidae com sete

capturas de uma única espécie.

19

Tabela I – Relação de espécies e respectivas abundâncias registadas em áreas de floresta nativa

e de monocultura de eucalipto no sudoeste de Goiás, Brasil.

Familia Subfamilia Espécies Eucalipto Floresta Grupo

Funcional

Phyllostomidae Phyllostominae Chrotopterus auritus 0 1 Carnívoro

Phyllostomus hastatus 3 4 Omnívoro

Lophostoma brasiliense 0 3 Insectívoro

Stenodermatinae Artibeus planirostris 4 35 Frugívoro

Artibeus lituratus 5 10 Frugívoro

Artibeus cinereus 1 4 Frugívoro

Sturnira lilium 5 9 Frugívoro

Sturnira tildae 0 1 Frugívoro

Platyrrhinus lineatus 8 13 Frugívoro

Platyrrhinus helleri 0 1 Frugívoro

Desmodontinae Desmodus rotundus 1 2 Hematófago

Carolliinae Carollia perspicillata 48 44 Frugívoro

Vespertilionidae Myotinae Myotis nigricans 0 7 Insectívoro

Total 75 134

A espécie mais abundante foi Carollia perspicillata com 92 capturas, o

equivalente a 44% do total, seguida de Artibeus planirostris com 39 capturas

(19%), Platyrrhinus lineatus com 21 capturas (10%), Artibeus lituratus com 15

capturas (10%) e Sturnira lilium com 14 capturas (7%). As restantes espécies

totalizaram juntas apenas 14% das capturas.

Nas áreas de Eucalipto foram capturados 75 indivíduos. A espécie mais

abundante foi Carollia perspicillata, com 48 indivíduos, seguida de Platyrrhinus

lineatus, com oito indivíduos. Em floresta nativa capturaram-se 134 indivíduos,

sendo a espécie Carollia perspicillata (44) novamente a mais capturada, seguida

de Artibeus planirostris (35) e Platyrrhinus lineatus (13).

Nas áreas de vegetação nativa observou-se a ocorrência das 13 espécies

registadas no estudo, incluindo cinco espécies exclusivas (Chrotopterus auritus,

Lophostoma brasiliense, Sturnira tildae, Platyrrhinus helleri e Myotis nigricans), de

modo que nas áreas de eucalipto anotou-se apenas oito espécies (Tabela I,

Figura 6).

A distribuição da abundância relativa segundo as espécies apresenta

valores mais elevados para a Floresta comparativamente ao Eucalipto, à

excepção de uma espécie, Carollia perspicillata (Figura 6).

20

Figura 6 – Abundância relativa (log10) para cada espécie de morcegos, para plantações de

Eucalipto e fragmentos de Floresta, em Jataí - Goiás.

Estas diferenças de abundância e riqueza podem ser observadas na Figura

7, com os dados das áreas individualizados. Todas as áreas de florestas

apresentaram uma maior riqueza que os fragmentos de eucalipto. O mesmo se

observa em relação à abundância, à excepção de Euca 4 que apresentou uma

abundância semelhante às áreas de Cerrado, embora com uma riqueza inferior.

Figura 7 – Dados de abundância e riqueza observados nas quatro áreas de eucalipto e nas quatro

áreas florestais do sudoeste de Goiás.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Euca 1 Euca 2 Euca 3 Euca 4 F1 F2 F3 F4

Riq

ue

za

Ab

un

dân

cia

Riqueza

Abundância

21

As diferenças detectadas nos dois tratamentos (floresta nativa X eucalipto)

como a baixa riqueza e abundância e alta dominância observada na monocultura

de eucalipto expressou uma diversidade mais baixa neste ambiente (H’ = 1.286)

quando comparada com a área florestal nativa (H’ = 1.830).

Quanto aos grupos funcionais, 90% dos indivíduos capturados eram

frugívoros (Tabela II). Os insetívoros e carnívoros foram capturados

exclusivamente em áreas de floresta nativa.

Tabela II – Riqueza de espécies (S), número de capturas (N) e abundância relativa (%) para cada

grupo funcional de morcegos, para as áreas de Eucalipto e Floresta.

Eucalipto Floresta Total

Grupo Funcional S N % S N % S N %

Frugívoro 6 71 95 8 117 87 8 188 90.0

Insectívoro 0 0 0 2 10 7 2 10 4.8

Omnívoro 1 3 4 1 4 3 1 7 3.3

Hematófago 1 1 1 1 2 2 1 3 1.4

Carnívoro 0 0 0 1 1 1 1 1 0.5

Uma vez que não se observou explicitamente uma estabilização da curva

cumulativa de espécies, principalmente no caso do Eucalipto em que não é

perceptível a aproximação a uma relação assimptótica, pode-se dizer apenas que

o número de espécies acumulado é satisfatório para o tamanho da amostra.

Conseguiu-se um nível de inventariação de espécies de 80.8% para Floresta e

73.73% para Eucalipto, relativamente ao que seria esperado segundo o estimador

usado – Jack1 (Eucalipto - 10.85 espécies; Floresta – 14.85 espécies) (Figura 8).

22

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

6.3

51

2.7

19

.05

25

.43

1.7

53

8.1

44

.45

50

.85

7.1

56

3.5

69

.85

76

.28

2.5

58

8.9

95

.25

10

1.6

10

7.9

51

14

.31

20

.65

12

7

Esp

écie

s (

Jackkn

ife 1

)

Indivíduos

Floresta

0123456789

10

3.7

57

.51

1.2

51

51

8.7

52

2.5

26

.25

30

33

.75

37

.54

1.2

54

54

8.7

55

2.5

56

.25

60

63

.75

67

.57

1.2

57

5

So

bs (

Mao

Tau

)

Indivíduos

Eucalipto0

2

4

6

8

10

12

14

3.7

57

.51

1.2

51

51

8.7

52

2.5

26

.25

30

33

.75

37

.54

1.2

54

54

8.7

55

2.5

56

.25

60

63

.75

67

.57

1.2

57

5

Esp

écie

s (

Jackkn

ife 1

)

Indivíduos

Eucalipto

0

2

4

6

8

10

12

14

16

6.3

51

2.7

19

.05

25

.43

1.7

53

8.1

44

.45

50

.85

7.1

56

3.5

69

.85

76

.28

2.5

58

8.9

95

.25

10

1.6

10

7.9

51

14

.31

20

.65

12

7

So

bs (

Mao

Tau

)

Indivíduos

Floresta

Figura 8 – Curva de Espécies observadas (Sobs) e curva cumulativa de espécies (Jackknife 1) em

função dos indivíduos, para Eucalipto e Floresta.

Observou-se que a riqueza de espécies rarefaccionada para a Floresta é

significativamente maior que em Eucalipto, como indicado pelo intervalo de

confiança de 95% (Figura 9). Relativamente à equitabilidade (Hurlbert‟s PIE) e à

dominância, verificou-se que estes também diferem significativamente entre

ambos os tipos de habitat, apresentando um valor maior para a Floresta e maior

para os Eucaliptos, respectivamente.

23

0

2

4

6

8

10

12

14

Eucalipto Floresta

Rare

facção

da R

iqu

eza d

e

esp

écie

s

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

0.9

Eucalipto Floresta

Hu

rlb

ert

's P

IE

0

0.1

0.2

0.3

0.4

0.5

0.6

0.7

0.8

Eucalipto Floresta

Do

min

ân

cia

Na ordenação NMDS (stress = 0,1915), é difícil distinguir um padrão de

composição de espécies entre os vários locais. No entanto, pode-se diferenciar

com pouca precisão dois grupos, com dois dos pontos de amostragem (F4 e

Euca4) que parecem não se encaixarem em nenhum destes dois grupos. Parece

que o Eucalipto 1 a 3 e Floresta 1 a 3 se diferenciam ao longo do eixo 2 da NMDS

e que F4 e Euca 4, não encaixam nesta diferenciação (Figura 10). Olhando para a

representação gráfica de Shepard, observa-se uma tendência ténue para a

formação de uma recta, o que demonstra a fraca relação entre as distâncias

observadas e calculadas, relativamente à composição de espécies.

Segundo a ANOSIM realizada, não existem diferenças significativas

relativamente à composição de espécies entre ambos os tipos de habitat (R =

0.09375, P = 0.286).

Figura 9 – Rarefacção da riqueza de espécies, Hurlbert‟s PIE e Dominância. Comparação entre

Eucaliptos e Floresta, em Jataí - Goiás. As barras de erro representam um intervalo de confiança de

95%.

24

0 3 6 9 12 15 18 21 24 27

Target rank

0

3

6

9

12

15

18

21

24

27

Obta

ined r

ank

Figura 10 – Ordenação dos locais de estudo ao longo de eixos de escala

multidimensionais não métricos.

NM

DS

2

NMDS 1

Valores esperados

Valo

res o

bti

do

s

25

3.2 Modelação da fauna de morcegos com o ambiente

Através da ADONIS, verificou-se que das variáveis consideradas (área,

perímetro, p.cobertura.mata, p.cobertura.euca, n.frag.mata e n.frag.euca), as que

melhor explicam o modelo são p.cobertura.mata e p.cobertura.euca registando-se

um valor de P < 0.05, o que permite dizer que estas são as únicas variáveis que

têm influência significativa na composição de espécies (Tabela III).

Tabela III – Valores obtidos na ADONIS, usando 6 variáveis preditivas (área, perímetro,

p.cober.mata, p.cober.euca, n.frag.mata, n.frag.euca).

Df SumsOfSqs MeanSqs F.Model R2 Pr (>F)

area 1 0.05524 0.055239 0.7529 0.0554 0.617

perimetro 1 0.12948 0.129476 1.7647 0.12986 0.221

p.cober.mata 1 0.28666 0.286665 3.907 0.28751 0.054 .

p.cober.euca 1 0.26559 0.265591 3.6198 0.26637 0.040 *

n.frag.mata 1 0.08755 0.087547 1.1932 0.0878 0.393

n.frag.euca 1 0.09918 0.099175 1.3517 0.09947 0.316

Residuals 1 0.073371 0.073371

0.07359

Total 7 0.99706 1.00000

Ao realizar o GLMM, para as três espécies com maior abundância,

verificou-se que o factor Habitat apenas tem influência significativa na abundância

de Artibeus planirostris, uma das espécies com maior abundância na floresta

nativa (Tabela IV).

Tabela IV – Resultados para GLMM e likelihood ratio test, para 3 espécies (Carollia perspicillata,

Artibeus planirostris e Platyrrhinus lineatus).

Espécie GLMM Parameter

estimate ± SE

Likelihood ratio

test

Carollia perspicillata

Chi 0.0059

Df 1

Pr (> Chisq) 0.9388

Artibeus planirostris

Intercept 0.00258 ** (1.218) Chi 5.0185

Habitat_Cerrado 0.06029 . (1.376) Df 1

Pr (> Chisq) 0.02508 *

Platyrrhinus lineatus

Chi 0.6521

Df 1

Pr (> Chisq) 0.4192

26

3.3 Autocorrelação espacial

Verificou-se, pelo Teste de Mantel que não existe relação entre as

distâncias geográficas (distância entre centros (R = 0.0817, P = 0.6608) e

distância entre o vértice mais próximo (R = 0.0812, P = 0.3284), dos vários

fragmentos em estudo e a composição de espécies obtida.

4. Discussão

4.1 Enquadramento da composição taxionómica obtida, na região e bioma

em estudo

A composição taxionómica de morcegos obtida neste trabalho apresenta

características semelhantes ao padrão das comunidades neotropicais obtido em

outros trabalhos (e.g. Lim & Engstrom, 2000; Kalko & Handley, 2001; Estrada &

Coates-Estrada, 2002; Esbérard, 2003; Bernard & Fenton, 2007; Zortéa et al.,

2010). Este padrão pode ser explicado pela dinâmica das competições

interespecíficas, onde espécies mais adaptadas e sem fortes pressões

competitivas apresentam maiores densidades, enquanto espécies com mais

pressões competitivas exibem abundâncias menores (Stevens & Willig, 2000).

A composição taxionómica de morcegos na região Neotropical é em geral,

dominada por espécies da família Phyllostomidae. Na verdade, esta família é a

mais rica em número de espécies no Brasil, com 90 espécies (Reis et al., 2007).

Esta dominância numérica e ecológica da família Phyllostomidae, é um padrão

comum em estudos com comunidades de morcegos na região Neotropical (e.g.

Estrada & Coates-Estrada, 2002; Bernard & Fenton, 2007; Zortéa et al., 2010),

também porque estes são os morcegos que podem seguramente ser capturados

usando as redes de neblina ao nível do solo (e.g. Kalko, 1998).

Esta predominância foi verificada na área em estudo, quer em número de

espécies quer em número de indivíduos, tendo-se capturado apenas sete

indivíduos de uma espécie (Myotis nigricans), pertencente a uma outra família -

Vespertilionidae. De todos os morcegos capturados neste estudo, 97% pertencem

à família Phyllostomidae. O mesmo valor foi observado num outro trabalho

realizado numa área próxima aos sítios do presente estudo (Zortéa & Alho 2008).

27

Segundo os estudos realizados em Cerrado, a riqueza de espécies de

morcegos para uma comunidade local pode variar de 15 a 25 espécies, no caso

em que são usadas redes de neblina ou quando a inventariação é feita através de

capturas em grutas (Zortéa & Alho, 2008). Esta riqueza de espécies está também

documentada para a região de Goiás, através de vários trabalhos realizados. Por

exemplo, Zortéa et al. (2010) registaram 21 espécies na Bacia Hidrográfica do Rio

Corumbá e Rodrigues et al. (2002) obtiveram 19 espécies no Parque Nacional

das Emas.

Neste trabalho a riqueza foi baixa (N = 13) e uma das explicações

possíveis poderia ser a presença de factores que influenciam a abundância e

diversidade de morcegos, como provavelmente a escassez de abrigos, a falta de

habitat nativo e uma composição florística modificada, uma vez que esta se

encontra altamente alterada pelo Homem. A riqueza observada neste estudo

corresponde apenas a 12,6% das espécies conhecidas registadas para o

Cerrado, segundo a lista compilada por Aguiar & Zortéa (2008). Seria importante

a realização de outros métodos de amostragem, como por exemplo, capturas

diurnas em abrigos e também a amostragem acústica usando-se detectores de

ultra-sons (Kunz & Parsons, 2009) e um aumento no esforço de amostragem, de

modo a capturar-se/detectar-se mais espécies de morcegos na área,

nomeadamente de famílias como os vespertilionídeos, os molossídeos, os

emballonurídeos e os mormoopídeos.

As famílias não amostradas mas esperadas para a região são também, por

outro lado, mais difíceis de amostrar, ou por ocorrerem em baixas densidades ou

por apresentarem comportamento de forrageio a grandes alturas, o que dificulta a

interceptação destes morcegos nas redes de neblina armadas ao nível do solo,

que foi a metodologia usada.

Segundo uma visão zoogeográfica, todas as espécies observadas neste

estudo já foram registadas para o Cerrado (Marinho-Filho, 1996; Aguiar & Zortéa,

2008; Zortéa & Alho, 2008). No entanto existem duas espécies que parecem estar

menos descritas para este bioma: Lophostoma brasiliense (Zortéa & Alho, 2008) e

Sturnira tildae (Gregorin et al., 2011).

Lophostoma brasiliense é uma espécie predominantemente insectívora e

está aparentemente associada a habitats de floresta primária e secundária, a

fragmentos florestais, pastos e pomares e no cerrado a veredas e outras áreas

28

húmidas. Abriga-se em ocos de árvores e casas, tendo sido frequentemente

encontrada em cupinzeiros arbóreos (Mangolin et al., 2007; Nogueira et al., 2007).

A espécie Sturnira tildae deve ocorrer na maioria dos estados brasileiros

apesar de ter sido registada em apenas 10 deles (Zortéa, 2007). Para o cerrado

apenas Marinho-Filho (1996), faz referência na sua lista de espécies brasileiras

sem referenciar de onde o dado foi obtido. Só bem mais recentemente Gregorin et

al. (2011) citaram esta pela primeira vez, no bioma Cerrado num trabalho

realizado no Estado do Tocantins que fica imediatamente no norte de Goiás. A

espécie possui hábito frugívoro e está associada a sub-bosque de áreas

florestais, podendo ser também encontrada em habitats alterados como clareiras

(Zortéa, 2007).

As espécies dominantes variam geograficamente, no entanto espécies

como C. perspicillata e Artibeus spp. têm sido citadas como as mais comuns na

região Neotropical (Zortéa & Alho, 2008). A espécie Carollia perspicillata foi a

mais comum neste estudo com 44% das capturas, seguida por Artibeus

planirostris e Platyrrhinus lineatus. Estas três espécies são todas frugívoras e

como apontado por Aguiar & Zortéa (2008) estão entre os morcegos mais comuns

do Cerrado.

Carollia perspicillata é uma espécie muito abundante e um dos morcegos

mais comuns em levantamentos em diversas áreas da região Neotropical

como a Amazônia (Bernard et al., 2001; Bernard, 2002; Marques-Aguiar et al.,

2009), o Cerrado (Gonçalves & Gregorin, 2004) e a Mata Atlântica (Baptista &

Mello, 2001; Dias & Peracchi, 2008). É uma espécie considerada generalista

(Cloutier & Thomas, 1992; Giannini & Kalko, 2004) e alguns autores sugerem

ainda, que esta possui uma maior eficiência em adaptar-se aos processos de

fragmentação e/ou modificação do habitat (Brosset et al., 1996; Wilson et al.,

1996; Estrada & Coates-Estrada, 2002) podendo a sua flexibilidade estar

relacionada com o facto de esta alimentar-se de plantas pioneiras, como por

exemplo do género Piper, que costumam ser abundantes nas margens de

fragmentos florestais e em floresta secundária.

Artibeus planirostris e Platyrrhinus lineatus foram as duas espécies mais

capturadas depois de C. perspicillata, padrão observado também por Rodrigues et

al. (2002). Todas as demais dez espécies tiveram 15 ou menos capturas.

29

A ocorrência do morcego-vampiro Desmodus rotundus era esperada,

devido à forte conversão dos habitats marginais em pastagens que abrigam o

gado, um dos seus principais alimentos (Greenhall et al., 1983). Num município

vizinho a Jataí, D. rotundus foi a segunda espécie mais abundante dentre 25

táxons amostrados (Zortéa & Alho, 2008). É importante destacar o registo da

espécie Chrotopterus auritus, uma carnívora que embora largamente distribuida

pelo Brasil (Nogueira et al., 2007) é pouco abundante.

4.2 Riqueza, dominância, diversidade e composição de espécies

Estudos abordando a conservação da biodiversidade em plantações de

eucaliptos e outras plantações são relativamente recentes (Danielsen &

Heegaard, 1995; Bernhard-Reversat, 2001; Borsboom et al., 2002; Lindenmayer

et al., 2003; Barlow et al., 2007) e mais escassos quando comparados aos

realizados em plantações de pinheiros (Lindenmayer et al., 2003). São vários os

trabalhos existentes que escrevem sobre a conservação da biodiversidade para

diferentes plantações florestais, como de palmeiras e borracha (Danielsen &

Heegaard, 1995), cacau (Faria et al., 2006), cacau e banana (Harvey & Villalobos,

2007), Eucalyptus (Borsboom et al., 2002; Barlow et al., 2007b) e eucaliptos e

coníferas (Lindenmayer et al., 2003). A maioria dos trabalhos existentes referem-

se a comunidades de aves (Marsden et al., 2001; Zurita et al., 2006; Lantschner et

al., 2008; Gabriel et al., 2009; Filloy et al., 2010; Hsu et al., 2010). Existem alguns

trabalhos que incidem noutros grupos, como borboletas (Barlow et al., 2007b),

pequenos mamíferos (Umetsu & Pardini, 2007) e morcegos (Harvey & Villalobos,

2007; Borkin & Parson, 2010).

Marsden et al. (2001) estudaram comunidades de aves dentro da Reserva

de Sooretama/Linhares e em fragmentos de floresta e plantações de Eucalyptus

presentes num raio de 7 Km em redor da reserva, no Estado do Espírito Santo,

Brasil. Estes autores concluíram que a riqueza de espécies para plantações de

Eucalyptus > 30 anos é extremamente baixa e muito menor que a registada para

outras plantações no Brasil. Eles sugerem que um sub-bosque pobre em

vegetação e disperso é a principal razão para a ausência da maioria das

espécies. A riqueza de espécies observada nas plantações de Eucalyptus diferiu

significativamente da obtida em fragmentos de floresta e na reserva. Verificaram

30

ainda que a riqueza de espécies nos fragmentos de floresta não diminui com o

tamanho do fragmento, distância à reserva ou qualidade da floresta nativa.

Zurita et al. (2006) estudaram comunidades de aves em floresta nativa e

em plantações comerciais de árvores exóticas (Pinus spp.) e nativas (Araucaria

angustifolia), na Argentina. Aqui verificou-se que a riqueza de espécies é 50%

menor nas plantações comparativamente à floresta nativa. Observaram ainda que

as comunidades de aves nas plantações comerciais eram maioritariamente

compostas por espécies de floresta generalistas. Assim, concluíram que a maior

alteração na riqueza de espécies de aves e na sua composição está associada à

substituição da floresta nativa pelas plantações de árvores comerciais sob as

condições de gestão correntes.

Lantschner et al. 2008 analisaram o efeito das plantações de Pinus

ponderosa nas comunidades de aves, considerando diferentes práticas de gestão

(cobertura de árvores densa e esparsa) e diferentes contextos de paisagem onde

estão inseridas (Floresta de Austrocedros chilensis e estepes), na Patagónia –

Argentina. Concluíram que as plantações de pinheiro podem providenciar habitat

para um número substancial de espécies nativas de aves, que está dependente

com as práticas de gestão e do contexto da paisagem das áreas de florestamento

onde ocorrem.

Gabriel et al. (2009) tinham como um dos objectivos comparar a riqueza e

abundância de espécies de avifauna encontradas em talhões de eucalipto e em

remanescentes de vegetação nativa de cerradão numa fazenda de produção

comercial de madeira. Verificaram que a riqueza de espécies era

significativamente menor nas plantações de eucalipto relativamente ao cerradão.

A densidade do sub-bosque foi a única variável que influenciou, na riqueza e

abundância de espécies observadas nas plantações de eucalipto.

Filloy et al. (2010) examinaram a composição da comunidade de aves e o

número de espécies nativas em dois tipos de uso do solo (campos de soja e

plantações de eucalipto) em dois diferentes biomas (floresta e savana), no

Paraguai e na Argentina. Dentro de cada bioma, a composição da comunidade de

aves diferiu entre os campos de soja e as plantações de eucalipto. A composição

da comunidade de aves entre o mesmo uso do solo (soja ou eucalipto), mas em

biomas diferentes, foi similar. A composição das comunidades locais em

ecossistemas antropizados parece ser extremamente influenciado pelas

31

condições locais provenientes do tipo de uso do solo. As plantações de eucalipto

e os campos de soja são menos prejudiciais tanto para as aves de floresta como

de savana, em contextos dominados por floresta e savana, respectivamente.

Hsu et al. (2010) investigaram o valor relativo de conservação de

plantações de eucalipto através da avaliação da riqueza de avifauna, abundância

e composição de espécies, em cinco tipos de habitat (floresta, floresta ripária,

plantações, plantações ripárias, pastos ripários), na Austrália. A riqueza de

espécies e a abundância foram similares para todos os tipos de habitat à

excepção das plantações, que suportaram menos espécies e em menores

números.

Barlow et al. (2007b) examinaram os factores que influenciam o valor das

plantações de Eucalyptus em larga escala para as borboletas tropicais que se

alimentam de frutas, na Amazónia Brasileira. Focaram-se na avaliação da

importância dos factores de paisagem versus nível-local que determinam a

diversidade e composição da comunidade de borboletas. Verificaram que a

estrutura da vegetação a nível local e os factores composicionais são mais

importantes do que o contexto da paisagem, para as borboletas que se alimentam

de frutas.

Umetsu & Pardini (2007) avaliaram o uso da matriz da paisagem por

pequenos mamíferos, comparando a distribuição de espécies entre os fragmentos

de floresta e os habitats adjacentes predominantes (vegetação nativa em estádios

iniciais de regeneração, plantações de eucaliptos, áreas de agricultura e áreas

rurais com construções), no Brasil. Encontraram uma forte dissimilaridade nas

comunidades de pequenos mamíferos entre a vegetação nativa e os habitats

antrópicos.

Para avaliarem a importância relativa dos sistemas agro-florestais para a

conservação da biodiversidade, Harvey & Villalobos (2007) caracterizaram as

comunidades de aves e morcegos que ocorrem em floresta, em 2 tipos de

sistemas agro-florestais (cacau e banana) e em plantações de monoculturas, na

reserva de Talamanca, Costa Rica. Os sistemas agro-florestais mantêm a

comunidade de morcegos, que era tão rica em espécies, abundante e diversa

quanto a existente em floresta. Apresentava o mesmo padrão de espécies

dominantes, mas continha mais morcegos nectarívoros que as florestas. O

mesmo foi verificado para as aves, no entanto a composição de espécies da

32

comunidade apresentava-se mais modificada, com menos espécies dependentes

de floresta, mais espécies de áreas abertas e espécies dominantes diferentes.

Por último, Borkin & Parsons (2010) reviram o conhecimento actual sobre a

utilização das plantações florestais de exóticas, pelo morcego de cauda longa

(Chalinolobus tuberculatus) e reportaram pela primeira vez todo o tipo de

plantações de exóticas que estes morcegos usam na Nova Zelândia.

Tal como era esperado, a substituição da floresta nativa por plantações de

eucalipto influenciou a riqueza e diversidade das espécies de morcegos. No

presente trabalho, as diferenças na riqueza de espécies foram significativas, com

as áreas de floresta nativa a apresentarem uma maior riqueza de espécies que as

monoculturas de eucalipto.

A substituição da floresta nativa por plantações de monoculturas de árvores

resulta na simplificação da estrutura e composição da população vegetal, o que

pode influênciar grandemente uma comunidade (Marsden et al., 2001).

Verificou-se que os fragmentos de floresta suportam uma comunidade de

morcegos muito mais rica que as plantações de eucalipto. O mesmo parece

acontecer em diferentes florestas subtropicais e para outros grupos faunísticos,

nomeadamente as aves. Estes resultados parecem também ser independentes

das espécies de árvores plantadas e foi demonstrado com aves em plantações de

eucalipto no Brasil em Floresta Atlântica (Marsden et al., 2001) e em cerradão

(Gabriel et al., 2009), em plantações de Pinus na Floresta Atlântica na Argentina

(Zurita et al., 2006) e com morcegos em plantações de borracha e de palmeiras

na Indonésia (Danielsen & Heegaard, 1995).

Normalmente, espécies mais dependentes de floresta são afectadas pela

substituição da floresta nativa, e as comunidades em plantações comerciais são

constituídas maioritariamente por espécies de floresta e de borda generalistas

(Zurita et al., 2006).

O observado declínio das espécies de morcegos pode estar relacionado

com a dependência das espécies pelos habitats florestais nativos, onde as

espécies dependentes de floresta são as mais sensíveis á substituição das

florestas nativas. É importante assim destacar que as áreas de eucalipto não

suportaram cinco dos táxons observados e foram utilizados pelas espécies mais

comuns, enquanto as áreas florestais além de maior riqueza de espécies

apresentaram também uma comunidade mais diversa em relação aos hábitos

33

alimentares, incluindo espécies insectívoras (Lophostoma brasiliense e Myotis

nigricans) e uma carnívora (Chrotopterus auritus), que estiveram ausentes nas

plantações de eucaliptos.

No estudo realizado por Harvey & Villalobos (2007) sobre comunidades de

morcegos, em florestas e sistemas agro-florestais de banana e cacau, foi

verificado que a riqueza de espécies foi similar em ambos os habitats, no entanto

foram detectadas algumas diferenças subtis na comunidade, como um maior

número de morcegos nectarívoros nos sistemas agro-florestais comparativamente

às florestas. Foram vários os motivos apresentados, que combinados poderiam

justificar os altos níveis de biodiversidade nos sistemas agro-florestais, como as

copas estruturalmente similares às de floresta, a abundância de recursos

alimentares (frutos, néctar e insectos) e a grande proximidade entre os

fragmentos de floresta e os sistemas agroflorestais.

Também para Bernard & Fenton (2007), ao compararem habitats de

floresta e fragmentos cercados por vegetação do tipo savana na Amazónia

Central, a matriz de savanas com árvores e arbustos dispersos e a relativa curta

distância entre os fragmentos e a floresta primária, parecem facilitar a

conectividade entre estes habitats, conduzindo a comunidades estatisticamente

semelhantes mas com visíveis diferenças de estrutura e composição.

Deve-se destacar neste trabalho, que apesar de algumas das áreas de

eucalipto e de floresta estarem relativamente próximas ou até conectadas, como é

o caso da plantação de eucalipto 3 e do fragmento de floresta 4 (ver Figura 3),

obteve-se uma diferença significativa na riqueza de espécies para os dois tipos de

habitat.

Relativamente à dominância, verificou-se que esta foi significativamente

maior para as plantações de eucalipto. A menor diversidade verificada, o declínio

na riqueza de espécies e o aumento na proporção de espécies dominantes nas

plantações de eucalipto, conduziram a uma comunidade de morcegos mais pobre

em espécies e menos diversa nestas plantações. Assim, as espécies mais

sensíveis e com mais funções ecológicas, como Lophostoma brasiliense,

Platyrrhinus helleri, Sturnira tildae e Chrotopterus auritus, apenas estiveram

presentes nos fragmentos de floresta.

Danielsen & Heegaard (1995) obtiveram também uma maior dominância

para as comunidades de morcegos, num estudo de biodiversidade que realizaram

34

na Indonésia, em áreas desflorestadas e em plantações de borracha e plantações

de palmeiras. No entanto, eles salientam que resultados obtidos numa área

podem não ser necessariamente usados para prever os efeitos específicos das

espécies resultantes de perturbações de outra comunidade de morcegos.

Observou-se ainda que, espécies especialistas tendem a estar apenas

presentes nos fragmentos de floresta nativa (Cerrado) enquanto espécies

generalistas estão também presentes em plantações de eucaliptos. Assim, notou-

se a ausência de espécies florestais ecologicamente exigentes nas áreas de

plantações de eucalipto, como Lophostoma brasiliense, insectívoro que captura

as suas presas em folhas da copa ou no chão, no meio das árvores (Smith, 2008).

Barlow et al. (2007) salientam que plantações de eucaliptos falham como

promotores de conectividade para espécies especialistas de aves, quando estas

necessitam de cruzar extensas áreas. No entanto, segundo Gabriel et al. (2009) a

oferta de itens alimentares (insectos e néctar de Eucalyptus spp.), pelas

plantações aumenta a frequência de algumas espécies de aves, o que pode

aumentar a permeabilidade da matriz na paisagem fragmentada.

Existem vários factores que podem influenciar a presença das diferentes

espécies de morcegos, mamíferos, aves e insectos em plantações florestais como

o tempo da plantação, o clima e tipo de bioma onde se encontra inserida e a

presença ou ausência de sub-bosque.

Segundo Marsden et al. (2001) a riqueza de espécies de aves numa

plantação de Eucalyptus de 30 anos foi muito menor do que a encontrada para

uma plantação de 80 anos, onde a riqueza vegetal do sub-bosque existente era

maior.

Para Bernhard-Reversat (2001) o crescimento da vegetação rasteira em

plantações como as de eucalipto é favorecido pela presença de chuva elevada

em países como o Congo (precipitação média anual de 1250 mm), permitindo a

colonização por espécies que usem vegetação arbustiva. Por outro lado, Marsden

et al. (2001) afirmam que a pobreza de espécies em Eucalyptus pode ser

resultado de uma limpeza intensiva da vegetação do sub-coberto. Em plantios de

eucaliptos adjacentes à reserva de Sooretama (Espírito Santo), Marsden et al.

(2001) registaram apenas oito espécies de aves, justificando esse baixo número

pelo intenso manejo, que não permitiria o desenvolvimento de sub-bosque.

Portanto, o sub-bosque torna as plantações menos hostis, sendo atractivo para

35

diversas espécies, que podem utilizá-lo não apenas para deslocamento, mas

também como área de alimentação e abrigo.

Muitos estudos têm também ressaltado o valor de conservar fragmentos de

floresta nativa dentro das plantações. Em geral, quanto maior o fragmento de

floresta nativa presente na plantação, mais espécies de vertebrados, podem

suportar. Contudo, estes fragmentos nem sempre têm de ser grandes para serem

eficientes na conservação da biodiversidade (Lindenmayer et al., 2003). As

plantações de árvores têm o potencial de possibilitar um serviço de conservação

em muitos dos trópicos húmidos, desde que estes aumentem em tamanho

rapidamente e apresentem um contraste estrutural menor com a vegetação

nativa, que muitos outros usos do solo agrícolas mais intensivos (Barlow et al.,

2007b).

Apesar de ténue, a diferenciação na composição de espécies entre

Eucalipto e Floresta obtida era previsível, uma vez que se espera que as

comunidades de morcegos presentes em plantações de eucaliptos sejam mais

pobres em espécies e menos abundantes que as existentes em fragmentos de

floresta nativa. Era suposto que Floresta 4 e Eucalipto 4, se encaixassem nesta

diferenciação, não se tendo encontrado motivos aparentes para tal situação. No

entanto, segundo a ANOSIM realizada, não existem diferenças significativas

relativamente à composição de espécies entre ambos os tipos de habitat em

estudo. Esta ausência de diferenças significativas contradiz o esperado neste

trabalho, uma vez que se pressupõe que as comunidades de morcegos em

plantações de eucaliptos fossem mais afectadas.

Bernard & Fenton, (2007), que comparam a composição de espécies entre

os habitats de floresta e fragmentos cercados por vegetação do tipo savana na

Amazónia Central - Brasil, também não obtiveram uma separação evidente entre

os locais amostrados segundo a MDS, concluindo que as savanas parecem não

funcionar como uma barreira ecológica para os morcegos. Contudo, verificaram

que a composição de espécies difere significativamente entre a savana e as áreas

florestais, indicando que os morcegos poderam reconhecer estas como habitats

distintos de forrageio.

36

4.3 Modelação da fauna de morcegos com o ambiente

A fragmentação do habitat é uma característica dominante da paisagem

moderna (Ewers & Didham, 2006) e a resposta das espécies à fragmentação da

floresta pode variar fortemente de acordo com os seus requisitos ecológicos,

características da paisagem e variáveis locais (Bernard & Fenton, 2007).

Através da análise multivariada de permutações da variância (ADONIS)

verificou-se que das variáveis em análise (área, perímetro, proporção de

cobertura de mata, proporção de cobertura de eucalipto, número de fragmentos

de mata e número de fragmentos de eucalipto), a proporção de cobertura florestal

(eucalipto e floresta) é a única com influência na composição de espécies. Aliás,

esta era uma das variáveis que se esperava que tivesse influência na composição

de espécies, uma vez que se pressupõe que os habitats naturais comportam

comunidades de morcegos mais ricas, diversas e abundantes.

Wethered & Lawes (2005) que estudaram comunidades de aves em

florestas fragmentadas concluíram que é perigoso ignorar a influência da

interveniente matriz nos planos de conservação da biodiversidade. Para eles a

influência da matriz da paisagem, estrutura e área do habitat na riqueza de

espécies e na comunidade, é complexa e dependente de cada espécie.

Relativamente à variável área, os resultados são diferentes para vários

trabalhos e observa-se que estão muito dependentes de variáveis como o habitat

da matriz envolvente. Por exemplo, segundo o trabalho realizado por Fischer &

Lindenmeyer (2002a) na Austrália, não existe uma relação significativa entre as

espécies de aves e a área de fragmentos de plantações de eucaliptos numa

matriz de plantações de pinho (“radiata pine” Pinus radiata), mas é evidente uma

relação significativa entre as espécies e a área dos fragmentos numa matriz de

pasto. Estas diferenças podem-se dever à conectividade entre os habitats

permitida pela matriz da paisagem, como Estrada & Coates-Estrada (2002)

escrevem num trabalho realizado com morcegos no Brasil, onde verificaram que

os morcegos evitam uma matriz composta apenas por pasto.

À semelhança com outro trabalho (Faria, 2006), neste estudo também não

foi encontrado um efeito significativo do tamanho dos fragmentos na composição

de espécies. Faria (2006) escreve que muitas espécies de morcegos parecem

persistir à forte fragmentação da paisagem, devido à sua facilidade de explorar o

mosaico dos habitats modificados, na matriz e realizar movimentos de longa

37

distância. No entanto, Faria (2006) acrescenta que as espécies podem reagir de

diferentes formas às diversas componentes da matriz. Ao analizar a abundância

das espécies, Faria (2006) verificou que uma das espécies dominantes de floresta

(Artibeus obscurus) foi significativamente menos comum em pequenos

fragmentos comparativamente com os de maiores dimensões.

Apesar de neste trabalho não se ter verificado uma influência da variável

número de fragmentos na composição de espécies, para Zurita et al. (2006) a

presença de floresta nativa perto de plantações pode conduzir a um aumento da

riqueza de espécies, neste caso de aves, nas plantações arbóreas. No entanto,

olhando a paisagem da nossa área de estudo verifica-se um número de vários

pequenos e médios fragmentos que poderiam estar a contribuir para a riqueza

observada nos eucaliptais. Além disso, os morcegos que possuem boa

capacidade de locomoção e dispersão, poderam usar estas áreas de eucalipto

como rotas de vôo, já que estas são caracterizadas por um subosque limpo que

facilita estes deslocamentos.

A partir do citado anteriormente, pode-se deduzir que a ausência de

influência significativa das variáveis locais de paisagem na composição de

espécies pode dever-se à conectividade e proximidade entre os habitats

amostrados permitida pela matriz da paisagem. No entanto, deve-se realçar que

as espécies podem reagir de diferentes formas às diferentes componentes da

matriz, tendo-se verificado neste caso, uma menor diversidade e riqueza de

espécies em plantações de eucalipto.

Para Klingbeil & Willig (2009) a estrutura da paisagem pode ser

problemática, uma vez que é composta por características que escondem

respostas individuais e podem potencialmente apenas reflectir o padrão das

espécies dominantes.

Verificou-se que das três espécies analisadas, Carollia perspicillata,

Platyrrhinus lineatus e Artibeus planirostris, o factor habitat, apenas tem um efeito

significativo na última espécie mencionada. Esta diferença deve-se prender a

semelhanças vs diferenças morfológicas e padrões ecológicos das espécies em

questão, como alimentação, escolha de abrigos e tipo de habitat preferencial.

O uso do habitat por morcegos varia muito entre espécies, dependendo do

seu tamanho corporal e modo de forrageio. Geralmente espécies maiores são

esperadas de procurarem comida em habitats abertos enquanto espécies mais

38

pequenas são associadas a habitats mais densos. No entanto, o uso dos

diferentes habitats varia muito consoante a espécie (Loeb & O‟Keefe, 2006). Por

outro lado, espécies consideradas grandes como A. planirostris (Antebraço = 62-

73 mm; Peso = 55 g) provavelmente viajam distâncias maiores (>2,5 Km) durante

a noite em busca de alimento quando comparadas com espécies, por exemplo, do

género Carollia (Antebraço = 38-44 mm; Peso = 18 g), que realizam pequenos

voos em busca de alimento (Klingbeil & Willig, 2009).

A espécie Artibeus planirostris é abundante em habitats tipo cerrado, com

árvores dispersas e arbustos e uma componente de erva difundida, o cerradão,

constituído por grupos de muitas árvores, alguns arbustos, e pouca erva. A sua

presença parece associada a áreas florestadas, abrigando-se em árvores. No

cerrado, alimenta-se de frutos de Vismia, o que constituiu grande parte da sua

alimentação. Apesar de se alimentarem maioritariamente de frutos, podem ainda

consumir alguns artrópodes (Hollis, 2005; Zortéa, 2007).

A espécie Carollia perspicillata pode ser encontrada desde florestas

húmidas sempre verdes a florestas secas decíduas, sendo no entanto mais

comum em habitats de crescimento secundário (Cloutier & Thomas, 1992; Passos

et al., 2003). Trata-se de um frugívoro de sub-bosque, que se alimenta

primariamente de plantas de sucessão secundária como os representantes dos

géneros Piper, Ficus, Cecropia e Solanum. É considerada como uma espécie

generalista e no Brasil alimenta-se de pelo menos 28 espécies de frutos (Cloutier

& Thomas, 1992). Grande parte dos frutos da sua dieta são produzidos em

árvores baixas e arbustos, atribuindo-se uma classificação a este morcego de

frugívoro ao nível do solo. A sua presença parece associada a águas paradas e

áreas abertas. É dos morcegos mais comuns capturados ao nível do solo, onde

forrageia numa larga variedade de frutos, algumas flores e insectos e pode

abrigar-se em buracos de árvores (Cloutier & Thomas, 1992; Filho et al., 2007).

A espécie Platyrrhinus lineatus embora predominantemente frugívora,

alimenta-se também de insectos, néctar, pólen e folhas (Zortéa, 1993; Zortéa,

2007). Já foi observada a comer frutos dos géneros Vismia, Cecropia, Ficus e

Carica. Abriga-se em grutas e também sob a folhagem densa da floresta,

incluindo folhas de palmeira e outras plantas (Willig & Hollander, 1987; Reis et al.,

2007).

39

Por ser uma espécie de grande plasticidade ecológica e amplamente

distribuída, percebe-se que os tipos de habitat em estudo não tenham um grande

efeito na abundância de Carollia perspicillata. Pelo contrário, parece que as

plantações de eucaliptos não possuem as características necessárias para uma

maior presença de Artibeus planirostris. As plantações de eucaliptos são áreas

menos densas e com uma estrutura de vegetação mais simplificada,

comparativamente aos fragmentos de florestas, com menos recursos, de alimento

e abrigo, para esta espécie. Pensa-se que estas áreas de eucalipto sirvam, para

as espécies de morcegos capturadas e outras, de corredores ecológicos entre os

seus abrigos e as áreas de alimentação.

Segundo, Barros & Rui (2008), os dados obtidos através de detectores de

ultra-sons no sul do Brasil, indicam que a vegetação arbórea de grande porte

favorece a presença e actividade de quirópteros, mesmo quando se trata de

espécies vegetais exóticas.

O Teste de Mantel apontou que não existe relação entre as distâncias

geográficas dos vários fragmentos em estudo e a composição de espécies obtida.

No estudo de Klingbeil & Willig (2009), que comparam a abundância de espécies

entre os locais de amostra e as distâncias em linha recta entre os centros

geográficos destes locais, também não foi encontrada uma relação significativa.

Apesar destes resultados, acredita-se que plantações de eucaliptos em que

estejam presentes fragmentos de floresta nativa, aumente a riqueza de espécies,

como sugerido por Zurita et al. (2006).

5. Considerações Finais

Este estudo representa uma primeira tentativa de identificar as respostas

das comunidades de morcegos à conversão do habitat em plantações de

eucalipto e às características da paisagem daí resultantes, em cerrado no

sudoeste de Goiás.

Alguns dos resultados obtidos, através das várias análises estatísticas

efectuadas, são menos conclusivos relativamente ao que era esperado. Talvez

esta diferença se deva aos poucos indivíduos capturados no total do trabalho,

uma vez que das treze espécies amostradas apenas três apresentaram mais de

40

20 capturas. No entanto, é possível destacar que em termos de composição de

espécies verificamos importantes diferenças entre o hábitat natural (Cerrado) e as

monoculturas de eucalipto, com a floresta nativa com mais espécies e uma

comunidade mais complexa, mais diversa e menos dominante que o eucalipto.

Foi possível observar que as comunidades presentes em plantações de

eucaliptos apresentam uma estrutura/composição algo diferente daquelas

presentes em fragmentos de floresta nativa, uma vez que, como é de esperar, são

dominadas por espécies mais generalistas e de fácil adaptação a habitats

alterados. No entanto, supõe-se que estas plantações florestais poderiam ser

mais ricas se forem tidos em conta alguns detalhes, como a manutenção de um

subcoberto e a presença de fragmentos de floresta de adequado tamanho e

distância nestas plantações.

Apesar das plantações de Eucalyptus estarem longe de poderem substituir

a floresta nativa, é importante referir que as plantações de eucaliptos em estudos

não são “desertos biológicos”. De toda maneira, estudos complementares

deveriam ser conduzidos para verificar como os morcegos estão a utilizar as

áreas de eucalipto para se referir a estas monoculturas como habitats adequados

a estes.

As medidas de biodiversidade das comunidades de morcegos para os dois

tipos de habitat, não responderam por si só às características da paisagem,

tornando-se evidente a necessidade de perceber a resposta de cada espécie a

esta alteração do habitat nativo.

Os resultados apresentados aqui fornecem evidências do empobrecimento

das comunidades de morcegos em habitats antropizados relacionados com a

deflorestação e a criação de plantações arbóreas de eucalipto. Sugere-se que as

medidas de conservação deveriam ser preferencialmente voltadas para a

preservação do habitat a nível local e em segundo plano focarem-se na matriz da

paisagem.

Como trabalho para um futuro próximo, sugeria-se realizar colectas na

estação seca (Maio a Setembro) e aumentar o esforço de amostragem. Isto é

importante para avaliar se a sazonalidade tem alguma influência nos padrões

observados neste estudo realizado na estação chuvosa. Além disso, o aumento

do esforço iria gerar mais dados para examinar as respostas de diferentes

espécies, entre as diferentes estações e perceber o que acontece neste tipo de

41

habitat e consequentemente permitirem produzir linhas de gestão e acções de

conservação. Seria ainda importante perceber a resposta de cada espécie à

conversão do habitat nativo em plantações de eucalipto.

42

6. Agradecimentos

Primariamente quero agradecer aos meus pais, Rosa Muñoz e José Pina,

que como sempre me apoiaram e encorajaram na realização deste trabalho.

Quero agradecer aos meus orientadores, Christoph Meyer pelo material,

atenção e ajuda despendida no trabalho, e Marlon Zortéa por ter primariamente

aceite ser meu orientador no Brasil e por ter facilitado todas as condições para a

minha chegada, adaptação, estadia, trabalho e partida do Brasil.

Não posso deixar de agradecer também, à Universidade Federal de Goiás

e ao Professor Fabiano Melo que disponibilizou juntamente com o orientador

Marlon Zortéa os recursos para a realização do trabalho de campo.

Agradeço aos proprietários das fazendas pela permissão de utilização das

áreas de estudo.

Aos colegas e amigos Vinycio Carrijo, Diego Afonso, Daniel Santos, Paola

Da Mata, Wagner Filho, Felipe Zenha, Marluci Fachi, Karen Almeida entre muitos

outros, que me ajudaram no campo e me receberam de braços abertos em Jataí,

aqui fica um muito obrigado.

Quero ainda agradecer à D. Maria De Carvalho e seus familiares que me

acolheram em sua casa e à minha amiga Karla Gomes que tanto me incentivou

para este desafio.

Por último agradeço a uma pessoa muito especial pelo seu apoio, carinho,

atenção e mão-de-obra, Tiago Dores.

43

7. Bibliografia

Aguiar, L. M. S. & Zortéa, M. 2008. A diversidade de morcegos conhecida

para o cerrado. IX Simpósio Nacional Cerrado. II Simpósio Internacional Savanas

Tropicais. Brasília.

ABRAF. 2011. Anuário estatístico da ABRAF ano base 2010. ABRAF –

Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas. Brasília, 130 p.

Aguirre, L. F. 2002. Structure of a Neotropical savana bat community.

Journal of Mammalogy, 83: 775 - 784.

Barlow, J., Araujo, I. S., Overal, W. L., Gardner, T. A., Mendes, F. S., Lake,

I. R. & Peres, C. A. 2007b. Diversity and composition of fruit-feeding butterflies in

tropical Eucalyptus plantations. Biodiversity Conservation. Springer.

Barlow, J., Gardner, T. A., Araujo, I. S., Ávila-Pires, T. C., Bonaldo, A. B.,

Costa, J. E., Esposito, M. C., Ferreira, L. V., Hawes, J., Hernandez, M. I. M.,

Hoogmoed, M. S., Leite, R. N., Lo-Man-Hung, N. F., Malcolm, J. R., Martins, M.

B., Mestre, L. A. M., Miranda-Santos, R., Nunes-Gutjahr, A. L., Overal, W. L.,

Parry, L., Peters, S. L., Ribeiro-Junior, M. A., da Silva, M. N. F., da Silva Motta, C.

& Peres C. A. 2007. Quantifying the biodiversity value of tropical primary,

secondary, and plantation forests. PNAS, 104 (47): 18555 - 18560.

Baptista, M. & Mello, M. A. R. 2001. Preliminary inventory of the bat species

of the Poço das Antas Biological Reserve, Rio de Janeiro. Chiroptera Neotropical,

7 (1-2): 133 - 135.

Barros, M. A. S. & Rui, A. M. 2008. Monitoramento de Quirópteros, pp: 2-

31. In: Magalhães, R. G. (Coordenador Geral). Relatório Final do Monitoramento

Ambiental Pré-implantação do Parque Eólico de Palmares. Palmares do Sul (RS),

159 p.

44

Bates, D., Maechler, M. & Bolker, B. 2011. Lme4: Linear mixed-effects

models using S4 classes. R package version 0.999375-39. http://CRAN.R-

project.org/package=lme4

Bernard, E. 2002. Diet, activity and reproduction of bat species (Mammalia,

Chiroptera) in Central Amazonia, Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 19 (1): 173

- 188.

Bernard, E., Albernaz, A. L. K. M. & Magnusson, W. E. 2001. Bat species

composition in three localities in the Amazon Basin. Studies on Neotropical Fauna

and Environment, 36 (3): 177 -184.

Bernard, E. & Fenton, M. B. 2007. Bats in a fragmented landscape: species

composition, diversity and habitat interactions in savanas of Santarém, Central

Amazonia, Brazil. Biological Conservation, 134: 332 - 343.

Bernhard-Reversat, F. 2001. Effect of exotic tree plantations on plant

diversity and biological soil fertility in the Congo Savanna: with special reference to

Eucalypts. Center for International Forestry Research, Indonesia.

Bianconi, G. V., Mikich, S. B. & Pedro, W. A. 2006. Movements of bats

(Mammalia, Chiroptera) in Atlantic Forest remnants is southern Brazil. Revista

Brasileira de Zoologia, 23 (4): 1199 – 1206.

Bobrowiec, P. E. D. & Gribel, R. 2010. Effects of different secondary

vegetation types on bat community composition in Central Amazonia, Brazil.

Animal Conservation, 13: 204-216.

Borkin, K. M. & Parsons, S. 2010. The importance of exotic plantation forest

for the New Zealand long-tailed bat (Chalinolobus tuberculatus). New Zealand

Journal of Zoology, 37 (1): 35 – 51.

Borsboom, A. C., Lees, J. W. N., Mathieson, M. & Hogan, L. 2002.

Measurement and integration of fauna biodiversity values in Queensland

45

agroforestry systems. A report for the RIRDC/ Land and Water Australia/

FWPRDC Joint Venture Agroforestry Program Suppoted by the Natural Heritage

Trust. Rural Industries Research and Development Corporation, 02 (044).

Brose, U. & Martinez, N. D. 2004. Estimating the richness of species with

variable mobility. Oikos, 105: 292 - 300.

Brosset, A., Charles-Dominique, P., Cockle, A., Cosson, J. F. & Masson, D.

1996. Bat communities and deforestation in French Guiana. Canadian Journal of

Zoology, 74: 1974 - 1982.

Castro-Arellano, I., Presley, S. J., Saldanha, L. N., Willig, M. R. & Wunderle

Jr., J. M. 2007. Effects of reduced impact logging on bat biodiversity in terra firme

forest of lowland Amazonia. Biological Conservation, 138: 269-285.

Clarke, K. R. 1993. Non-parametric multivariate analyses of changes in

community structure. Australian Journal of Ecology, 18: 117 - 143.

Clarke, F. M., Rostant, L. V. & Racey, P. A. 2005. Life after logging: post-

logging recovery of a neotropical bat community. Journal of Applied Ecology, 42:

409 - 420.

Cloutier, D. & Thomas, D. W. 1992. Carollia perspicillata. Mammalian

Species, 417: 1 - 9.

Colwell, R. K. 2009. EstimateS: Statistical estimation of species richness

and shared species from samples. Version 8.2. User's Guide and application

published at: ttp://purl.oclc.org/estimates.

Danielsen, F. & Heegaard, M. 1995. Impact of logging and plantation

development on species diversity: a case study from Sumatra. Pg. 73-92. In:

Sandbukt (ed.) Management of tropical forests: towards an integrated perspective.

Oslo: Centre for Development and the Environment, University of Oslo.

46

Davis, W.B. 1980. New Sturnira (Chiroptera: Phyllostomidae) from Central

and South America, with key to currently recognized species. Occasional Papers,

Museum of Texas, Tech University, 70: 1 - 5.

Dias, D. & Peracchi, A. L. 2008. Quirópteros da Reserva Biológica do

Tinguá, Estado do Rio de Janeiro, sudeste do Brasil (Mammalia: Chiroptera).

Revista Brasileira de Zoologia, 25 (3): 401-407.

Eiten, G. 1994. Vegetação do Cerrado. Pp. 17-73. In: Ferreira, L. G.,

Ferreira, M. E., Rocha, G. F., Nemayer, M., Ferreira, N. C. 2009. Dinâmica

agrícola e desmatamentos em áreas de cerrado: uma análise a partir de dados

censitários e imagens de resolução moderada. Revista Brasileira de Cartografia,

61 (02): 117-127.

Esbérard, C. E. L. 2003. Diversidade de morcegos em área de Mata

Atlântica regenerada no Sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Zoociências, 5

(2): 189-211.

Estrada, A. & Coates-Estrada, R. 2002. Bats in continuous forest, forest

fragments and in an agricultural mosaic habitat-island at Los Tuxtlas, Mexico.

Biological Conservation, 103: 237 - 245.

Ewers, R. M. & Didham, R. K. 2006. Confounding factors in the detection of

species responses to habitat fragmentation. Biological Reviews, 81: 117 - 142.

Faria, D. 2006. Phyllostomid bats of a fragmented landscape in the north-

eastern Atlantic forest, Brazil. Journal of Tropical Ecology, 22: 531-542.

Faria, D., Laps, R. R., Baumgarten, J. & Cetra, M. 2006. Bat and bird

assemblages from forests and shade cacao plantations in two contrasting

landscapes in the Atlantic Forest of Southern Bahia, Brazil. Biodiversity and

Conservation, 15: 587 – 612.

47

Felfili, J. M., Júnior, M. C. S., Sevilha, A. C., Fagg, C. W., Walter, B. M. T.,

Nogueira, P. E. & Rezende, A. V. 2004. Diversity, floristic and structural patterns

of cerrado vegetation in central Brazil. Plant Ecology, 175: 37- 46.

Felfili, J. M., Sousa-Silva, J. C. & Scariot, A. 2005. Biodiversidade, ecologia

e conservação do Cerrado: avanços no conhecimento. In: Scariot, A., Sousa-

Silva, J. C. & Felfili, J. M. (eds). Cerrado: ecologia, biodiversidade e conservação.

Ministério do Meio Ambiente, Brasília. Pp. 25 -44.

Fenton, M. B., Acharya, L., Audet, D., Hickey, M. B. C., Merriman, C.,

Obrist, M. K. & Syme, D. M. 1992. Phyllostomid bats (Chiroptera: Phyllostomidae)

as indicators of habitat disruption in the Neotropics. Biotropica, 24: 440 – 446.

Ferreira, L. G., Ferreira, M. E., Rocha, G. F., Nemayer, M. & Ferreira, N. C.

2009. Dinâmica agrícola e desmatamentos em áreas de cerrado: uma análise a

partir de dados censitários e imagens de resolução moderada. Revista Brasileira

de Cartografia, 61 (02): 117-127.

Ferrel, C. S. & Wilson, D. E. 1991. Platyrrhinus helleri. Mammalian Species,

372: 1-5.

Filho, H. O., Lima, I. P. & Fogaça, F. N. O. 2007. Subfamília Carolliinae. In:

Reis, N. R., Peracchi, A. L., Pedro, W. A. & Lima I. P. (eds.). Morcegos do Brasil.

Londrina. Pp. 99-105.

Filloy, J., Zurita, G. A., Corbelli, J. M., Bellocq, M. I. 2010. On the similarity

among bird communities: Testing the influence of distance and land use. Acta

Oecologica, 36: 333 – 338.

Fischer, J. & Lindenmayer, D. B. 2002a. Small patches can be valuable for

biodiversity conservation: two case studies on birds in southeastern Australia.

Biological Conservation, 106: 129 – 136.

48

Gabriel, V. A., Ranieri, S. B. L. & de Abreu Bovo, A. A. 2009. Avifauna em

plantios de eucalipto e em fragmentos de cerradão no Município de Três Lagoas,

Mato Grosso do Sul, Brasil. Anuais do III Congresso Latino Americano de

Ecologia, São Lourenço – MG.

Gardner, A.L. 2007. Mammals of South America. Vol. 1- Marsupials

Xenarthrans Shrews and Bats. The University of Chicago Press, Chicago and

London, 669 p.

Giannini, N. P. & Kalko, E. K. V. 2004. Trophic structure in a large

assemblage of phyllostomid bats in Panama. Oikos, 105 (2): 209-220.

Gonçalves, E. & Gregorin, R. 2004. Quirópteros da estação ecológica da

Serra das Araras, Mato Grosso do Sul, Brasil, com o primeiro registro de Artibeus

gnomus e A. anderseni para o cerrado. International Journal of Biodiversity, 1

(5):143 - 149.

Gorresen, P. M. & Willig, M. R. 2004. Landscape responses of bats to

habitat fragmentation in atlantic forest of Paraguay. Journal of Mammalogy, 85 (4):

688 – 697.

Gotelli, N. J. & Colwell, R. K. 2001. Quantifying biodiversity: procedures and

pitfalls in the measurement and comparison of species richness. Ecology

Letters, 4: 379 - 391.

Gotelli, N. J. & Entsminger, G. L. 2001. EcoSim: Null models software for

ecology. Version 7.0. Acquired Intelligence Inc. & Kesey-Bear. Available at:

http://homepages.together.net/ ~gentsmin/ecosim.htm.

Greenhall, A. M., Joermann, G., Schmidt, U. & Seidel, M. R. 1983.

Desmodus rotundus. Mammalian Species, 202: 1 - 6.

Gregorin, R., Gonçalves, E., Aires, C. C. & Carmignotto., A. P. 2011.

Morcegos (Mammalia: Chiroptera) da Estação Ecológica Serra Geral do

49

Tocantins: composição específica e considerações taxonômicas. Biota

Neotropica, 11 (1): 299 – 311.

Handley, C.O., Jr. 1987. New species of mammals from northern South

America: fruit-eating bats, genus Artibeus Leach. Fieldiana Zoology, Field

Museum of Natural History, 39: 163-172.

Harvey, C. A. & Villalobos, J. A. G. 2007. Agroforestry systems conserve

species-rich but modified assemblages of tropical birds and bats. Biodiversity and

Conservation, 16: 2257 - 2292.

Hollis, L. 2005. Artibeus planirostris. Mammalian Species, 775: 1 - 6.

Hsu, T., French, K. & Major, R. 2010. Avian assemblages in eucalypt

forests, plantations and pastures in northern NSW, Australia. Forest Ecology and

Management, 260: 1036 – 1046.

Jones, G., Jacobs, D. S., Kunz, T. H., Willig, M. R. & Racey, P. A. 2009.

Carpenoctem: the importance of bats as bioindicators. Endangered Species

Research, 8: 93 - 115.

Kalko, E. K. V. 1998. Organisation and diversity of tropical bat communities

through space and time. Zoology, 101: 281 - 297.

Kalko, E. K. V. & Handley, C. O. Jr. 2001. Neotropical bats in the canopy:

diversity, community structure, and implications for conservation. Plant Ecology,

153: 319 – 333.

Klingbeil, B. T. & Willig, M. R. 2009. Guild-specific responses of bats to

landscape composition and configuration in fragmented Amazonian rainforest.

Journal of Applied Ecology, 46: 203 - 213.

Klink, C. A. & Machado, R. B. 2005. A conservação do Cerrado brasileiro.

Megadiversidade, 1 (1): 147-155.

50

Klink, C. A. & Machado, R. B. 2005. Conservation of the Brazilian Cerrado.

Conservation Biology, 19 (3): 707-713.

KÖppen, W. 1948. Climatologia: um estudo dos climas da Terra. México.

Fundo de Cultura Económica. 478 p.

Kunz, T. H. & Parsons, S. 2009. Ecological and behavioral methods for the

study of bats. 2nd edn. The Jones Hopkins University Press. 533 p.

Lande, R. 1996. Statistics and partitioning of species diversity, and similarity

among multiple communities. Oikos, 76: 5 – 13.

Lantschner, M. V., Rusch, V. & Peyrou, C. 2008. Bird assemblages in pine

plantations replacing native ecosystems in NW Patagonia. Biodiversity and

Conservation, 17: 969 – 989.

Laval, R. K. 1973. A revision of the Neotropical bats of the genus Myotis.

Bulletin of Natural History Museum, Los Angeles County, 15: 1 - 54.

Lim, B. K. & Engstrom, M. D. 2000. Preliminary survey of bats from the

upper Mazaruni of Guyana. Chiroptera Neotropical, 6 (1 - 2): 119-128.

Lindenmayer, D. B., Hobbs, R. J. & Salt, D. 2003. Plantation forests and

biodiversity conservation. Australian Forestry, 66 (1): 62 - 66.

Lobova, T.A., Geiselman, C.K. & Mori, S. A. 2009. Seed dispersal by bats in

the Neotropics. New York Botanical Garden Press, New York.

Loeb, S. C. & O‟Keefe, J. M. 2006. Habitat use by forest bats in South

Carolina in relation to local, stand, and landscape characteristics. Journal of

Wildlife Management, 70 (5): 1210 – 1218.

51

Machado, R. B., Neto, M. R., Pereira, P. P., Caldas, E. F., Gonçalves, D.

A., Santos, N. S., Tabor, K. & Steininger, M. 2004. Estimativas de perda da área

do Cerrado brasileiro. Conservação Internacional. Brasília. Brasil, 23 p.

Magurran, A. E. 2004. Measuring biological diversity. Blackwell Publishing.

Oxford, UK.

Mangolin, R., Motta, A. G., Esbérard, E. L. & Bergallo, H. G. 2007. Novos

resgistros de Lophostoma brasiliensis Peters para o sudoeste do Brasil

(Mammalia, Chiroptera, Phyllostomidae). Revista Brasileira de Zoociências, 9 (1):

225 - 228.

Marinho-Filho, J. S. 1996. The Brazilian Cerrado Bat Fauna and its

conservation. Chiroptera Neotropical, 2 (1): 37 – 39.

Marques-Aguiar, S. A., Aguiar, G. F. S., Saldanha, L. N., Rocha, M. M. B.,

Fonseca, R. T. A., Reis-Filho, V. O. 2009. Diversidade de morcegos (Mammalia:

Chiroptera) no Baixo Rio Xingu, Estado do Pará. Anais do IX Congresso de

Ecologia do Brasil, São Lourenço – MG.

Marsden, S. J., Whiffin, M. & Galetti, M. 2001. Bird diversity and abundance

in forest fragments and Eucalyptus plantations around an Atlantic forest reserve,

Brazil. Biodiversity and Conservation, 10: 737 – 751.

McArdle, B.H. & M.J. Anderson. 2001. Fitting multivariate models to

community data: A comment on distance-based redundancy analysis. Ecology, 82:

290 – 297.

McCune, B. & Grace, J. B. 2002. Analysis of ecological communities. MjM

Software, Gleneden Beach, OR.

Melo, A. S. 2008. O que ganhamos „confundido‟ riqueza de espécies e

equabilidade em um índice de diversidade?. Biota Neotropica, 8 (3): 21 - 27.

52

Meyer, C. F. J. & Kalko, E. K. V. 2008. Assemblage-level responses of

phyllostomid to tropical forest fragmentation: land-bridge islands as a model

system. Journal of Biogeography, 35: 1711 - 1726.

Morrison, D. W. 1978. Lunar phobia in a neotropical bat, Artibeus

jamaicensis (Chiroptera: Phyllostomidae). Animal Behaviour, 26: 852 - 855.

Nogueira, M. R., Peracchi, A. L. & Moratelli, R. 2007. Subfamília

Phyllostominae. In: Reis, N. R., Peracchi, A. L., Pedro, W. A. & Lima I. P. (eds.).

Morcegos do Brasil. Londrina. Pp. 61-97.

Passos, F. C., Silva, W. R., Pedro, W. A. & Bonin, M. R. 2003. Frugivoria

em morcegos (Mammalia, Chiroptera) no Parque Estadual Intervales, sudeste do

Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 20: 511 - 517.

Pereira, J. A. A. & Oliveira, C. A. 2005. Efeitos do Eucalyptus

camaldulensis sobre a colonização mecorrízica e a nodulação em Dimorphandra

mollis e Stryphnodendron adstringens, em Brasilândia, Minas Gerais. Cerne, 11

(4): 409-415.

Reis, N. R., Peracchi, A. L., Pedro, W. A. & Lima, I. P. 2007. Morcegos do

Brasil. Londrina, Brasil. 253p.

Reis, N. R., Peracchi, A. L., Lima, I. P. & Pedro, W. A. 2006. Riqueza de

espécies de morcegos (Mammalia, Chiroptera) em dois diferentes habitats, na

região centro-sul do Paraná, sul do Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 23 (3):

813-816.

Rex, K., Kelm, D. H., Wiesner, K., Kunz, T. H. & Voigt, C. C. 2008. Species

richness and structure of three Neotropical bat assemblages. Biological Journal of

Linnean Society, 94: 617 – 619.

Rodrigues, F. H., Silveira, L., Jácomo, A. T., Carmignotto, A. P., Bezerra, A.

M., Coelho, A. C., Garbogini, H., Pagnozzi, J. & Hass, A. 2002. Composição e

53

caracterização da fauna de mamíferos do Parque Nacional das Emas, Goiás,

Brasil. Revista Brasileira de Zoologia, 19 (2): 589 - 600.

Salgado-Labouriau, M. L. 2005. Alguns aspectos sobre a Paleoecologia

dos Cerrados. In: Scariot, A., Sousa-Silva, J. C. & Felfili, J. M. (eds). Cerrado:

ecologia, biodiversidade e conservação. Ministério do Meio Ambiente, Brasília.

Pp. 109 - 118.

Schipper, J., Chanson, J.S., Chiozza, F., Cox, N.A. & Hoffmann, M. 2008.

The status of the World's land and marine mammals: diversity, threat, and

knowledge. Science, 322: 225 - 230.

Silva, F. B., Assis, M. L., Rocha, I. R., Lima, O. M., Carvalho, L. A. A. 2009.

Urbanização e impermeabilização do solo: etapas de um processo erosivo nas

proximidades da Mata do Açude, Jataí/GO. XI – EREGEO – Simpósio Regional

de Geografia. Jataí.

Simmons, N. B. 2005. Order Chiroptera. Mammal Species of the World: A

Taxonomic and Geographic Reference. D.E. Wilson & D.M. Reeder (eds). Johns

Hopkins University Press. Pp. 312 - 529.

Smith, P. 2008. Pygmy round-eared bat Lophostoma brasiliense. Mammals

of Paraguay. 28: 1 – 6.

Stevens, R. D. & Willig, M. R. 2000. Community structure, abundance, and

morphology. OIKOS, 88: 48 - 56.

Stirling, G. & Wilsey, B. 2001. Empirical relationships between Species

Richness, Eveness, and Proportional Diversity. The American Naturalist, 158 (3):

286 - 299.

Straube, F. C. & Bianconi, G. V. 2002. Sobre a Grandeza e a unidade

utilizada para estimar esforço de captura com utilização de redes-de-neblina.

Chiroptera Neotropical, 8 (1-2): 150 - 152.

54

Umetsu, F. & Pardini, R. 2007. Small mammals in a mosaico of forest

remnants and anthropogenic habitats – evaluating matrix quality in na Atlantic

forest landscape. Landscape Ecology, 22: 517 – 530.

Vizotto, L. D. & Taddei, V.A. 1973. Chave para determinação de

quirópteros brasileiros. Publicação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras

de São José do Rio Preto, São José do Rio Preto, 72 p.

Wethered, R. & Lawes, M. J. 2005. Nestedness of bird assemblages in

fragmented Afromontane forest: the effect of plantation forestry in the matrix.

Biological Conservation, 123: 125 – 137.

Willig, M. R. & Hollander, R. R. 1987. Vampyrops lineatus. Mammalian

Species, 275: 1 - 4.

Willig, M. R., Presley, S. J., Bloch, C. P., Hice, C. L., Yanoviak, S. P., Díaz,

M. M., Chauca, L. A., Pacheco, V. & Weaver, S. C. 2007. Phyllostomid bats of

Lowland Amazonia: effects of habitat alteration on abundance. Biotropica, 39 (6):

737 - 746.

Wilson, D. E., Ascorra, C. F., Solari, S. 1996. Bats as indicators of habitat

disturbance, pp. 613 - 625. In: Wilson, D. E. & Sandoval, A. (eds). Manu: The

biodiversity of southeastern Peru. Washington, Office of biodiversity programs.

National Museum of Natural History, Smithsonian Institution, 365p.

Zapala, M. A. & Schork, N. J. 2006. Multivariate regression analysis of

distance matrices for testing associations between gene expression patterns and

related variables. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United

States of America, 103 (51): 19430 – 19435.

Zortéa, M. 1993. Folivory in Platyrrhinus (Vampyrops) lineatus (Chiroptera:

Phyllostomidae). Bat Research News, 39 (3 - 4): 59-60.

55

Zortéa, M. 2007. Subfamília Stenodermatinae. In: Reis, N. R., Peracchi, A.

L., Pedro, W. A. & Lima, I. P. (eds.). Morcegos do Brasil. Londrina. Pp. 107-127.

Zortéa, M. & Alho, C. J. R. 2008. Bat diversity of a Cerrado habitat in central

Brazil. Biodiversity Conservation. Springer.

Zortéa, M., de Melo, F. R., Carvalho, J. C. & Rocha, Z. D. 2010. Morcegos

da Bacia do rio Corumbá, Goiás. Chiroptera Neotropical, 16 (1): 611 - 617.

Zuur, A. F., Ieno, E. N. & Smith, G. M. 2007. Analysing Ecological Data.

Springer. 672 p.

Zuur, A. F., Ieno, E. N., Walker, N. J., Saveliev, A. A. & Smith, G. M. 2009.

Mixed effects models and extensions in ecology with R. Springer, New York.

Zurita, G. A., Rey, N., Varela, D. M., Villagra, M. & Bellocq, M. I. 2006.

Conversion of the Atlantic Forest into native and exotic tree plantations: Effects on

bird communities from the local and regional perspectives. Forest Ecology and

Management, 235: 164 - 173.

56

ANEXO I – Tabela resumo das características à escala local e medidas métricas ao nível da paisagem para cada fragmento em

estudo.

Frag. área perímetro p.cober.mata p.cober.euca p.cober.total dens.mata dens.euca dens.total n.frag.mata n.frag.euca n.frag.total NMDS1 NMDS2 Sobs

F1 172.666 5776 0.26106626 0 0.26106626 0.0028309 0 0.0028309 2 0 2 0.03965 -0.262 8

F2 216.204 12078 0.306021536 0 0.30602154 0.0014154 0 0.0014154 1 0 1 0.10789 -0.366 8

F3 67.9259 5285 0.160965255 0 0.16096526 0.0070771 0 0.0070771 5 0 5 -0.4397 -0.089 6

F4 52.1632 3756 0.167160333 0.219457817 0.38661815 0.0113234 0.002831 0.0141543 8 2 10 0.37829 0.2709 6

Euca1 370.052 15880 0.062006453 0.523781657 0.58578811 0.0028309 0.001415 0.0042463 2 1 3 0.01579 0.3125 4

Euca2 150.051 8497 0.046548255 0.21238645 0.258934705 0.0056617 0.001415 0.0070771 4 1 5 -0.316 0.2374 2

Euca3 378.217 12162 0.076998241 0.526836119 0.60383436 0.0127389 0.001415 0.0141543 9 1 10 -0.0859 -0.025 6

Euca4 372.21 36537 0.025142406 0.66827966 0.693422068 0.0014154 0.001415 0.0028309 1 1 2 0.30002 -0.079 4

ANEXO II – Matriz de distâncias entre cada fragmento. (a) Distância em metros entre o centro de cada fragmento; (b) Distância em

metros entre o vértice mais próximo de cada fragmento.

(a)

F1 F2 F3 F4 Euca1 Euca2 Euca3 Euca4

F1 0 4380 5330 30730 19970 22280 29690 43600

F2 4380 0 2590 2619 15350 17630 25020 39290

F3 5330 2590 0 2580 15150 17670 24750 38300

F4 30730 2619 2580 0 10750 9240 1700 16130

Euca1 19970 15350 15150 10750 0 2900 9830 25530

Euca2 22280 17630 17670 9240 2900 0 7660 24640

Euca3 29690 25020 24750 1700 9830 7660 0 17880

Euca4 43600 39290 38300 16130 25530 24640 17880 0

57

(b)

ANEXO III – Matriz de abundância das espécies para os dois tipos de habitat (Eucalipto e Floresta).

C.persp. A.plani. P.lineatus A.lituratus S.lillium Ph.hastatus A.cinereus D.rotundus L.brasil. P.helleri S.tildae Ch.auritus

Euca 1 10 0 1 2 0 0 0 1 0 0 0 0

Euca 2 7 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0

Euca 3 5 3 0 3 1 3 1 0 0 0 0 0

Euca 4 26 1 5 0 4 0 0 0 0 0 0 0

F1 20 12 5 2 1 4 1 0 0 1 0 0

F2 6 14 3 6 1 0 3 1 0 0 1 0

F3 9 9 1 1 0 0 0 1 2 0 0 0

F4 9 0 4 1 7 0 0 0 1 0 0 1

F1 F2 F3 F4 Euca1 Euca2 Euca3 Euca4

F1 0 2400 4230 29310 17700 20610 27190 40070

F2 2400 0 640 2505 14040 16480 22790 35860

F3 4230 640 0 24790 13270 16370 22630 35170

F4 29310 2505 24790 0 8830 7680 0 13820

Euca1 17700 14040 13270 8830 0 840 6660 21700

Euca2 20610 16480 16370 7680 840 0 5370 21950

Euca3 27190 22790 22630 0 6660 5370 0 14630

Euca4 40070 35860 35170 13820 21700 21950 14630 0