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O USO DE APLICATIVO WEB COMO FACILITADOR DA APRENDIZAGEM
PARA O ENSINO DE TERMOMETRIA E ENERGIA TÉRMICA
Luís Otávio Ramos Torres
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Mato Grosso no Curso de Mestrado Nacional Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física.
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Roberto de Paulo
Cuiabá - MT Outubro de 2017
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O USO DE APLICATIVO WEB COMO FACILITADOR DA APRENDIZAGEM PARA O ENSINO DE TERMOMETRIA E ENERGIA TÉRMICA
Mestrando Luís Otávio Ramos Torres
Orientador Prof. Dr. Sérgio Roberto de Paulo
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Mato Grosso no Curso de Mestrado Nacional Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física
Cuiabá - MT Outubro de 2017
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Agradecimentos
Antes de tudo agradeço a Deus por me dar a vida e por sempre olhar
por mim.
À minha mãe Rosalva que com muito esforço me educou e me ensinou
valores essenciais na vida em sociedade. Da mesma forma agradeço a meu
pai Joaquim (in memoriam).
À minha querida esposa e companheira Rosamaria por sempre ter me
apoiado neste trabalho e compreendido a importância do mesmo.
À todos os amigos do mestrado que de alguma forma contribuíram para
que eu chegasse até aqui.
Ao prof. Dr. Alesandro que me auxiliou nos momentos iniciais do curso.
Ao prof. Dr. Sérgio Roberto meu orientador que me conduziu nessa
jornada difícil e que sempre me incentivou a superar os obstáculos.
Ao Colégio Coração de Jesus por ter me autorizado e me apoiado na
realização deste trabalho.
Ao grande amigo Marco Antônio que muito contribuiu para o
desenvolvimento do nosso produto. Sua colaboração e generosidade foram
primordiais.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -
CAPES pelo apoio financeiro por meio da bolsa concedida.
À Sociedade Brasileira de Física SBF pela oportunidade concedida.
Ao governo do Estado do Rio de Janeiro que me concedeu licença para
aprimoramento profissional.
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RESUMO
O USO DE APLICATIVO WEB COMO FACILITADOR DA APRENDIZAGEM PARA O ENSINO DE TERMOMETRIA E ENERGIA TÉRMICA
Luís Otávio Ramos Torres
Orientador: Prof. Dr. Sérgio Roberto de Paulo
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de Mato Grosso no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Ensino de Física.
Este trabalho tem como objetivo desenvolver um Aplicativo Web que pretende facilitar e dar maior objetividade ao ensino de Termologia para alunos do Ensino Médio, inserindo-os nesta ciência de uma forma mais prática e objetiva, procurando, por meio da pesquisa sobre temas de interesse, criar uma visão mais simples sobre a física e então despertar uma vontade nos alunos do ensino médio em aprender e compreender melhor os assuntos abordados por eles em sua trajetória acadêmica. Para isso, utilizaremos os métodos de ensino-aprendizagem: Ensino sob Medida e Instrução pelos Colegas. Aplicamos nosso produto em três turmas do Ensino Médio de uma escola privada de Cuiabá-MT. O material desenvolvido e a escolha dos métodos de ensino foram subsidiados pela Teoria da Aprendizagem Significativa de Ausubel. Utilizamos a seguinte dinâmica em nosso trabalho: os alunos leram um texto de apoio, que nós elaboramos, sobre nosso tema. Sugerimos a uma professora de Língua Portuguesa que usasse uma aula dela para interpretar, com os alunos, o texto que elaboramos. Depois da aula de interpretação, aplicamos o pré-teste. Com base no resultado deste pré-teste, preparamos e ministramos a aula propriamente dita de Física, dando ênfase aos pontos que os discentes apresentaram maior dificuldade. Feito isso, fizemos a aula onde utilizamos nosso produto que configurou o pós-teste. Por fim, aplicamos um questionário de avaliação da metodologia que empregamos em nosso trabalho. Após a análise dos dados coletados, podemos dizer que houve evidências de aprendizagem significativa dos conceitos abordados.
Palavras-chave: Ensino sob Medida, Instrução pelos Colegas, aprendizagem significativa.
Cuiabá - MT Outubro 2017
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ABSTRACT
THE USE OF WEB APPLICATION AS A LEARNING FACILITATOR FOR THE TEACHING OF THERMOMETRY AND THERMAL ENERGY
Luís Otávio Ramos Torres
Supervisor : Prof. Dr. Sérgio Roberto de Paulo
Abstract of master’s thesis submitted to Programa de Pós-Graduação Universidade Federal de Mato Grosso no Curso de Mestrado Profissional de Ensino de Física (MNPEF), in partial fulfillment of the requirements for the degree Mestre em Ensino de Física.
This work aims to create a Web Application, described in the Java programming language, which aims to give greater objectivity to the teaching of Thermology for high school students, inserting them in this science in a more practical and objective way, seeking, through Research on topics of interest, create a simpler view about physics and then awaken a willingness in high school students to learn and better understand the subjects addressed by them in their academic trajectory. For this, we used the teaching-learning methods: just in time Teaching Instruction and peer Instruction. We applied our product in three high school classes of a private school in Cuiabá-MT. The material developed and the choice of teaching methods were subsidized by the Significant Learning Theory of Ausubel. We used the following dynamics in our work: the students read a supporting text, which we elaborated, on the subject we were working on. We suggested to a Portuguese teacher that she used a class of her to interpret, with the students, the text that we elaborated. After the interpretation class, we applied the pre-test. Based on the result of this pre-test, we prepared and taught the actual physics class, emphasizing the points that the students had the greatest difficulty. After that, we did the class where we used our product that configured the post-test. Finally, we applied to the students a questionnaire evaluating the methodology that we used in our work. After analyzing the collected data, we can say that there was evidence of significant learning of the concepts addressed.
Keywords: Just-in-Time Teaching, Peer Instruction, Meaningful learning.
Cuiabá - MT
Outuber 2017
Capítulo 1
Introdução
Sabemos que uma das maiores dificuldades do professor, atualmente, é
motivar os alunos e, no ensino de Física, isso é mais acentuado, porque os
alunos chegam ao Ensino Médio com muita defasagem em Matemática Básica
e em Língua Portuguesa (especificamente em interpretação de textos). De
acordo com Mees (2004), antes do Ensino Médio, o contato dos alunos com os
temas de Física é muito limitado, pois o nível de conhecimento matemático é
insuficiente para a necessidade daquela disciplina. Como a Física está
diretamente relacionada com as duas disciplinas, temos essa barreira a mais
para suplantar.
Em um mundo onde os jovens têm cada vez mais acesso à televisão,
rádio, jornais e principalmente à Internet, a informação viaja com velocidade
jamais vista. No entanto, no Ensino Médio, a abordagem de tópicos
relacionados aos avanços da ciência no século XX ainda não se tornou uma
realidade.
Como mostrar para os alunos que aquilo que estamos apresentando é
importante? Como fazer isto, senão abordando temas do seu cotidiano?
Disponibilizar no espaço escolar conteúdos sobre temas contemporâneos de
Física, que estão presentes na mídia, não só estimula a curiosidade dos
educandos, como também contribui para diminuir a grande defasagem
curricular (Pires, 2005).
O aquecimento global, por exemplo, é um tema muito discutido na mídia
porque tem trazido muitos transtornos para nossa sociedade. Sociedade essa
que tem grande parcela de responsabilidade nesse fenômeno climático. As
principais causas do aquecimento global estão relacionadas, para a maioria
dos cientistas, com as práticas humanas realizadas de maneira não
sustentável, ou seja, sem garantir a existência dos recursos e do meio
ambiente para as gerações futuras (Mendonça, 2003). Assim, formas de
degradação ao meio natural como a poluição, as queimadas (fato muito
recorrente aqui no Estado de Mato Grosso) e o desmatamento estariam na lista
dos principais elementos causadores desse problema climático.
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Os termos calor e temperatura são muito utilizados no cotidiano, por
exemplo, ao ver um relógio-termômetro de rua indicando um alto valor para a
temperatura em um dia quente, muitas pessoas diriam que “está muito calor
hoje”. Normalmente, as pessoas entendem o objetivo do uso dos termos calor
e temperatura, nesse contexto diário, quando estão sendo usados com um
sentido muito parecido. No entanto, a linguagem formal precisa ser mais
rigorosa em suas definições para não causar ambiguidades ou incoerências em
uma teoria (Artuso, 2014). É o caso da temperatura e do calor, que no contexto
da Física, possuem significados bem específicos e que não podem ser
confundidos. Essa confusão na distinção desses dois conceitos, tão
importantes no nosso cotidiano, estimulou-nos a elaborar um mecanismo para
facilitar seu ensino e aprendizagem.
Além do estudo da temperatura e do calor, outro ponto que precisamos
destacar é a inserção das novas tecnologias da informação na Educação. Para
Stensmann (2005), a Informática pode ser utilizada como um instrumento
facilitador para se desenvolver um trabalho onde o conhecimento adquirido
possa contribuir para o aprimoramento de habilidades e competências mínimas
que possibilitem ao aluno a interpretação dos fatos, fenômenos e processos
naturais.
De acordo com Rosa (2012), a associação de recursos didáticos
distintos juntamente com a presença das tecnologias no ensino de Física está
em consonância com o que sugerem os Parâmetros Curriculares Nacionais
para o Ensino Médio (PCNEM), segundo os quais o “uso adequado dos
produtos das novas tecnologias é imprescindível, quando se pensa num ensino
de qualidade e eficiente para todos” (Brasil, 2002).
Conforme Veit e Teodoro (2002), o emprego de novas tecnologias ainda
está muito aquém em comparação ao seu uso científico, precisando que para
cada área específica do conhecimento se associem as tecnologias no processo
de ensino-aprendizagem, de acordo com as orientações dos PCNEM.
Segundo Cenne (2007), os professores devem levar as novas
tecnologias para o ambiente escolar, de forma que o aluno possa interagir com
ela, utilizando recursos como internet, modelagens computacionais e
ambientes virtuais que atraiam a atenção deles, tornando-os mais ativos na
construção do saber e alterando um pré-conceito sobre as aulas de Física.
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A instituição onde implantamos nossa proposta de trabalho disponibiliza
vários recursos tecnológicos à comunidade acadêmica, como por exemplo,
projetor de slides e internet por rede wi-fi em todas as salas de aulas, além de
livre acesso aos alunos para utilizarem seus dispositivos eletrônicos
(computador, tablet ou smartphone) durante as aulas curriculares. Então,
utilizamos essa facilidade de meios tecnológicos para introduzirmos nosso
produto educacional.
Este trabalho tem como objetivo geral desenvolver um Aplicativo Web,
escrito na linguagem de programação Java, que facilite o aprendizado da
Física para alunos do Ensino Médio, inserindo-os nesta ciência de uma forma
mais prática e objetiva. Como objetivos específicos desejamos: i) avaliar na
perspectiva dos alunos, se o uso deste aplicativo web pode facilitar a
aprendizagem do ensino de Termometria e Energia Térmica; ii) verificar se a
utilização do nosso método de ensino-aprendizagem se reflete em uma
evolução no desempenho dos alunos nas avaliações que eles realizarão.
No capítulo 2 é apresentada uma breve revisão da literatura acerca dos
temas da Física: termometria, calorimetria e energia térmica. Além disso,
discorreremos sobre os métodos de ensino-aprendizagem Just-in-Time
Teaching, que denominaremos de Ensino sob Medida (EsM) e Peer instruction,
que denominaremos Instrução por Colegas (IpC) e por fim, apresentaremos a
teoria da aprendizagem significativa de Ausubel que orientou o
desenvolvimento deste trabalho.
No capítulo 3 apresentamos o produto educacional, bem como seu
funcionamento de forma minuciosa. Em seguida, é apresentada a metodologia
utilizada na implementação do nosso trabalho, no capítulo 4.
No capítulo 5 fazemos uma análise dos resultados do pré-teste, pós-
teste e do questionário de avaliação das atividades as quais os alunos
participaram. Por fim, são feitas algumas considerações finais no capítulo 6.
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Capítulo 2
Fundamentação teórica
Neste capítulo apresentaremos a fundamentação teórica que serviu de
base para esta dissertação. Primeiramente, apresentaremos uma breve revisão
sobre os tópicos de Termometria e Energia Térmica. Em seguida, discutiremos
os fundamentos dos métodos Ensino sob Medida e Instrução pelos colegas.
Por fim, faremos uma breve abordagem da teoria da Aprendizagem
Significativa de David Ausubel que orientou a elaboração deste trabalho.
2.1 Termometria
2.1.1 Temperatura e a Lei Zero da Termodinâmica
Para o bom funcionamento do corpo humano, precisamos manter sua
temperatura quase constante. Mesmo tendo mecanismo de controle de
temperatura, precisamos por vezes ajudá-lo. Fazemos isso em dias quentes
usando roupas mais leves, bebendo líquidos gelados, usando ar condicionado
ou ventilador. Já em dias frios, usamos roupas mais densas, bebemos líquidos
aquecidos e ficamos em ambientes quentes (Halliday, 2012). Nesse contexto,
é importante definirmos a temperatura e suas escalas.
Em nosso cotidiano associamos o conceito de temperatura a quão
quente ou frio um corpo está ao tocarmos nele (Serway, 2011). Da mesma
forma que a luz impressiona nossa visão (sensação luminosa) e que o som
impressiona nossa audição (sensação sonora), é o sentido do tato que nos
fornece uma indicação qualitativa da temperatura (Ramalho, 2009).
Entretanto, nossos sentidos não são muito confiáveis e por vezes nos
enganam. Por exemplo, se deixarmos duas panelas na geladeira, sendo uma
de metal e outra de vidro por algumas horas e depois as retirarmos com as
mãos, vamos ter a sensação que a panela de metal está mais gelada do que a
de vidro, apesar de elas estarem a mesma temperatura. Isso ocorre porque o
metal tem condutibilidade térmica maior que o vidro, ou seja, aquele transfere
energia mais rápido do que este (Serway, 2011).
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Quando dois corpos com temperaturas diferentes estão em contato
térmico, há uma transferência, espontânea, de energia por calor do corpo de
maior temperatura para o de menor temperatura. Essa transferência vai ocorrer
até o momento em que a temperaturas dos dois corpos se igualarem. A essa
situação denominamos de Equilíbrio térmico (Tipler, 2013).
Destaquemos uma propriedade importante do equilíbrio térmico. Vamos
considerar os corpos A e B, que não estão em contato térmico e, um outro
corpo, T, que é um termômetro. Desejamos examinar se A e B estão em
equilíbrio térmico entre si. Coloquemos então A em contato com T e
aguardemos até que se atinja o equilíbrio térmico para verificar a leitura do
termômetro (T). Em seguida, coloquemos B em contato com T e esperemos o
equilíbrio térmico. Verificamos essa nova leitura. Se as leituras forem iguais,
poderemos concluir então que: se dois corpos (A e B) estão separadamente
em equilíbrio térmico com um terceiro corpo (T) então, os dois corpos estarão
em equilíbrio térmico entre si. Este resultado é conhecido com Lei Zero da
Termodinâmica (Young, 2003).
Pensando em termos de energia e equilíbrio térmico, podemos definir a
Temperatura como a propriedade que estabelece se um corpo está em
equilíbrio térmico com outros corpos e, por conseguinte se haverá ou não
transferência de energia térmica entre dois corpos em contato térmico (Serway,
2011).
2.1.2 Termômetros e escalas termométricas
Os termômetros são instrumentos utilizados para medir a temperatura
de um corpo ou de um sistema. Seu funcionamento se baseia na mudança de
alguma propriedade física de um sistema quando há uma variação de
temperatura desse sistema. Particularmente, em nosso cotidiano utilizamos
muito o termômetro de mercúrio ou a álcool, onde a propriedade física que
muda é o volume de mercúrio contido no tubo capilar, conforme mostra a
Figura 2.1 (Halliday, 2012).
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Fonte: Serway, 2011, p.110
Figura 2.1 Imagem de um termômetro de mercúrio.
Para calibrar um termômetro precisamos colocá-lo em contato térmico
com um sistema que permaneça com temperatura constante. Usualmente,
utiliza-se a mistura de água e gelo (ponto de gelo da água) em equilíbrio
térmico, à pressão atmosférica e a mistura de água e vapor (ponto de ebulição
da água) em equilíbrio térmico, à pressão atmosférica (Tipler, 2013). Esses
dois pontos devem ser marcados no termômetro.
Se a escala utilizada for a Celsius esses pontos são 0ºC (ponto de gelo)
e 100ºC (ponto de ebulição). Então, mede-se o comprimento da coluna do
líquido entre esses dois pontos e o divide em 100 partes iguais. Se a escala
utilizada for a Fahrenheit os pontos são 32º F (ponto de gelo) e 212ºF (ponto
de ebulição). Da mesma forma, mede-se o comprimento da coluna do líquido
entre esses dois pontos e o divide em 180 partes iguais e, assim teremos o
termômetro calibrado nessas duas escalas (Young, 2003).
2.1.3 Termômetros de gás e a escala absoluta
Quando necessitamos de medidas muito precisas, termômetros
calibrados como mencionamos acima, não são recomendados, pois
apresentam discrepâncias na medida, principalmente, quando a temperatura a
ser medida está afastada dos pontos de calibração. Outra questão a ser
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reportada é que o termômetro a álcool não é aconselhável para verificação de
temperaturas superiores a 85ºC que é o ponto de ebulição do álcool. Assim
como um termômetro de mercúrio não é aconselhável para temperaturas
abaixo de - 39ºC que é o ponto de congelamento do mercúrio (Tipler, 2013).
Uma forma mais precisa de medir a temperatura é utilizar termômetros
de gás a volume constante, cujas leituras independem da substância que
utilizemos (Serway, 2011).
Esse tipo de termômetro tem como principio básico o fato de a pressão
do gás aumentar quando se aumenta a temperatura e se mantém o volume
constante (Young, 2003). Um modelo desse tipo de termômetro é visto na
figura 2.2, onde temos um bulbo cheio de gás ligado por um tubo a um
manômetro de mercúrio.
Fonte: Halliday, 2012, p.186
Figura 2.2 Termômetro de gás a volume constante
Para calibrar um termômetro desse tipo medimos as pressões em duas
temperaturas diferentes. Por exemplo, poderíamos mergulhar o bulbo em uma
mistura de água e gelo e medir a pressão a 0ºC. Em seguida mergulhamos o
bulbo em água em ebulição e medimos a pressão a 100ºC. Depois anotamos
estes dois dados em um gráfico de pressão versus temperatura e desenhamos
uma linha reta ligando esses pontos. A partir deste gráfico, podemos ler a
temperatura correspondente a qualquer outra pressão (Halliday, 2012).
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A figura 2.3 mostra um gráfico da pressão versus temperatura a volume
constante para três tipos e quantidades diferentes de gás. Podemos observar
no gráfico que as linhas tracejadas mostram a extrapolação do gráfico para
pressão igual a zero e, como podemos verificar essa extrapolação atinge a
pressão zero à mesma temperatura de – 273,15ºC para qualquer tipo de gás.
Essa temperatura é usada como base para a escala de temperatura
absoluta, que estabelece o valor de – 273,15ºC como seu ponto de zero
(Tipler, 2013), também chamado de zero absoluto.
Fonte: Young, 2003, p.106
Figura 2.3 Gráfico de pressão x temperatura a volume constante para 3 tipos de gases.
2.2 Calorimetria
2.2.1 Calor
As pessoas de forma geral costumam confundir o significado do termo
temperatura com o significado de calor. É muito comum em nosso cotidiano
ouvirmos frases do tipo: “O calor na rua está muito forte”, “estou com muito
calor hoje”, “ queimei o pé no calor do asfalto”, deixando nítida a confusão que
se faz desses dois conceitos.
Nesse caso, é de suma importância que deixemos bem claro a distinção
entre os referidos termos. De acordo com Young (2003), a temperatura
depende do estado físico de um material e sua descrição quantitativa indica se
o material está quente ou frio. Ainda segundo o autor, o conceito de calor se
refere a uma transferência de energia de um corpo ou um sistema para outro
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em virtude de uma diferença de temperatura existente entre eles e, o calor
nunca indica a quantidade de energia contida em um sistema particular.
A unidade historicamente usada para o calor é a caloria (cal). Ela é
definida como a quantidade de calor necessária para elevar a temperatura de
um grama de água de 14,5ºC até 15,5ºC (Tipler, 2013). Até meados do século
XIX pensava-se que a variação na temperatura de um corpo fosse devido a um
fluido invisível e inodoro chamado calórico e, que todos os corpos o possuía
em quantidade limitada. Do nome desse fluido místico veio o termo caloria.
No sistema internacional de medidas (SI), a unidade de energia é o
Joule. Como mostramos anteriormente, o calor é uma medida da transferência
de energia portanto, deve existir uma relação entre as unidades de medida
joule e caloria. A relação entre as duas unidades é dada por:
1 cal = 4,186J, [2.1.]
2.2.2 Quantidade de calor
Quando temos energia sendo transferida a um sistema na forma de
calor, sem que haja variação nas energias cinética e potencial do sistema,
normalmente a temperatura do sistema aumenta (caso contrário, haveria
transição de fase do sistema).
Temos que a quantidade de calor Q necessária para elevar a
temperatura da massa m de um dado material de Ti até Tf é aproximadamente
proporcional à diferença de temperatura ΔT = Tf - Ti, sendo ainda proporcional
a massa m e a natureza do material em questão (Gaspar, 2009). Por exemplo,
se quisermos elevar em 1ºC a temperatura de um quilograma de cobre
precisaremos transferir 390 J de calor a ele, enquanto que para elevar em 1ºC
a temperatura de um quilograma de água, necessitaríamos transferir 4190 J de
calor.
Fazendo uso destas relações acima, podemos escrever,
TcmQ .. , [2.2]
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onde Q é o calor para mudar a temperatura de um corpo de massa m, e a
grandeza c é denominada de calor específico do material e apresenta valores
distintos para cada tipo de material.
Chamamos de capacidade térmica C de uma amostra específica a
quantidade de energia necessária para aumentar a temperatura da amostra em
1ºC e, podemos expressá-la como:
T
QC
. [2.3]
Usamos aqui o símbolo Q para a quantidade de calor e ΔT para a
variação na temperatura.
É interessante destacarmos que o termo “capacidade” neste contexto
pode gerar confusão, pois pode sugerir uma analogia com a capacidade que
um recipiente tem de armazenar um líquido, por exemplo. Esta analogia é
errônea, pois não devemos imaginar que um sistema “contém” calor ou que ele
possua uma capacidade limitada de absorver calor, como seria o caso de um
recipiente armazenando um líquido. O sistema poderá receber uma quantidade
ilimitada de calor, enquanto houver diferença de temperatura (Young, 20003).
Das equações 2.2 e 2.3 podemos chegar a uma expressão para o calor
específico c de uma substância, que é:
m
Cc , [2.4]
em que C é a capacidade térmica e m a massa.
A unidade no SI para a capacidade térmica é J/K e para o calor
específico é J/Kg.K.
A tabela 2.1 apresenta o calor específico de alguns sólidos e líquidos em
duas unidades, cal/g.K e J/Kg.K (SI).
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Fonte: Halliday, 2012, p.194
Tabela 2.1. Alguns Calores específicos à temperatura ambiente.
2.2.3 Transição de fase e calor latente
Quando transferimos calor para uma amostra sólida ou líquida, nem
sempre haverá elevação na temperatura da amostra. Em vez disso, ela pode
passar por uma mudança de estado físico ou transição de fase (Serway,
2011).
No estado sólido, os átomos estão dispostos de forma regular, em um
arranjo especial denominado retículo cristalino. Nesse caso, as forças de
coesão são intensas, permitindo aos átomos apenas pequenas vibrações em
torno de suas posições na estrutura do material. Os sólidos apresentam
volume e forma bem definidos (Halliday, 2012).
No estado líquido, os átomos têm mais energia, maior mobilidade e
possuem distâncias médias, entre si, maiores que no estado sólido. Nesse
estado o material não tem uma estrutura rígida e pode escoar em uma
tubulação ou se acomodar à forma do recipiente onde ele esteja (Tipler, 2013).
No estado gasoso, a substância gasosa não apresenta forma nem
volume definidos. Os átomos têm uma energia ainda maior e não interagem, a
não ser por meio de colisões de curta duração (Young, 2003).
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Quando um sólido passa para o estado líquido temos o que se denomina
fusão. Esse processo necessita de energia para romper a estrutura rígida dos
átomos. O processo inverso à fusão é a solidificação, onde temos que retirar
energia do líquido para que os átomos voltem a formar uma estrutura rígida
(Halliday, 2012).
Quando um líquido passa para o estado gasoso temos a vaporização.
Da mesma forma que a fusão, esse processo também necessita de energia,
que é utilizada para que os átomos se liberem de seus aglomerados. O
processo inverso à vaporização é a condensação, onde retiramos energia do
gás para os átomos se aglomerarem (Serway, 2011).
A quantidade de energia por unidade de massa que devemos transferir
na forma de calor para que uma amostra mude de fase é chamada de calor
latente (Tipler, 2103) e representamos pela letra L. Dessa forma, a energia
total (Q) transferida a uma amostra de massa m, para sofrer mudança de fase
é dada por:
LmQ . . [2.5]
Dependendo do tipo de transição de fase, o calor latente recebe
denominação e valor diferente. Quando a transição for do estado sólido para o
líquido, ou o inverso, teremos o calor latente de fusão, representado pelo
símbolo LF. Quando a transição for do estado líquido para o gasoso, ou o
inverso, teremos o calor latente de vaporização, representado pelo símbolo
LV. A tabela 2.2 mostra o calor latente de algumas substâncias (Young, 2003).
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Fonte: Halliday, 2012, p.195
Tabela 2.2. Alguns Calores latentes de fusão e vaporização.
2.3 Mecanismo de transferência de Calor
Como já dissemos anteriormente, calor é a transferência de energia
devido a uma diferença de temperatura entre corpos ou sistemas. Essa
transferência de um ponto para outro acontece por meio de três processos
distintos: condução, convecção e radiação. Vamos mostrar com mais detalhes
o funcionamento desses processos.
2.3.1 Condução
Na condução térmica, podemos representar a transferência de energia,
em uma escala atômica, como uma troca de energia cinética entre partículas
microscópicas, onde partículas menos energéticas ganham energia em
colisões com outras mais energéticas (Serway, 2011). Por exemplo, quando
aquecemos uma placa de metal, as partículas microscópicas mais próximas da
fonte de calor começam a vibrar com amplitudes cada vez maiores. Essas
partículas então colidem com seus vizinhos e transferem parte de sua energia
nas colisões.
Grande parte dos metais faz uso de outro mecanismo mais efetivo para
conduzir o calor. No interior do metal, alguns elétrons se desprendem dos seus
átomos originais e se deslocam pela rede cristalina. Estes elétrons, que
chamamos elétrons livres, tem facilidade para transferir energia de uma área
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mais quente para uma mais fria do metal, por isso, via de regra, os metais são
bons condutores de calor (Young, 2003). Como vimos, nos bons condutores, a
condução ocorre tanto por meio da vibração das partículas como pelo
movimento dos elétrons livres.
A taxa com que a energia flui de uma região para outra é função das
propriedades da substância que receber a energia. Por exemplo, é possível
segurarmos por um longo tempo uma barra de madeira em aquecimento, pois
a madeira conduz muito pouco a energia que recebe, sendo por isso mau
condutor de calor. Os gases também são maus condutores de calor, pois a
distância que separa as partículas é muito grande (Halliday, 2012).
A transferência por condução térmica somente acontece se houver
diferença de temperatura entre duas partes do meio condutor. Na figura 2.3,
temos uma placa que possui área A e espessura Δx. A temperatura da face
direita é Tf, enquanto a face da esquerda é Tq > Tf (Tipler, 2013).
Experimentalmente, nota-se que o sentido da transmissão de calor Q, que se
dá em um intervalo de tempo Δt, ocorre da face de maior temperatura (Tq) para
a de menor temperatura (Tf).
Fonte: Serway, 2011, p.146
Figura 2.3. Transferência de calor através de uma placa condutora de área A e espessura Δx.
A taxa P = Q / Δt com que a transferência de energia (Q) ocorre é
proporcional à área transversal (A) e a diferença de temperatura ΔT = Tq – Tf, e
inversamente proporcional à espessura Δx (Serway, 2011):
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x
TA
t
QP
. [2.6]
Para uma placa de espessura infinitesimal dx e diferença de
temperatura dT, podemos escrever a Lei de Condução Térmica como:
dx
dTAkP .. , [2.7]
em que a constante de proporcionalidade k é a condutividade térmica do
material e é o gradiente de temperatura, a taxa na qual a temperatura
varia com a posição (Tipler, 2013). A tabela 2.4 fornece a condutividade
térmica de vários materiais.
Fonte: Halliday, 2012, p.203
Tabela 2.4 Algumas condutividades térmicas.
2.3.2 Convecção
A convecção consiste no transporte de energia térmica de uma região
para outra por meio de transporte de matéria, fato esse que só pode ocorrer em
líquidos e gases (Young, 2003). Exemplos da transmissão por convecção em
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nosso cotidiano são: sistemas de aquecimento de água, sistema de
refrigeração do motor de um automóvel e o fluxo do sangue através do corpo.
Na convecção, a temperatura da parte do fluido (líquidos e gases) que
está mais próximo da fonte térmica aumenta e com isso, tal parte se expande,
diminuindo assim sua densidade. Como a densidade dessa parte do fluido é
menor que a densidade do fluido a sua volta (que está mais frio), a força de
empuxo o faz subir. Já o fluido mais frio desce para ocupar o espaço do fluido
mais quente (que subiu). O processo da transmissão por convecção
permanece assim enquanto estiver exposta à fonte térmica (Halliday, 2012).
Quando o fluido aquecido é forçado a se mover por um ventilador ou
bomba, como em alguns sistemas de aquecimento de ar e de água, o processo
é denominado de convecção forçada. Quando o escoamento é produzido pela
existência de uma diferença de densidade provocada por uma expansão
térmica, como o fluxo de ar em uma praia, o processo é denominado
convecção natural ou convecção livre (Tipler, 2013).
A convecção natural na atmosfera desempenha um papel dominante na
determinação do tempo ao longo do dia e a convecção nos oceanos é um
importante mecanismo de transferência de calor no globo terrestre. Em uma
região litorânea a terra, durante o dia, se aquece mais do que o mar (que tem
alto calor específico). O ar aquecido, em contato com a terra, sobe e produz
região de baixa pressão, aspirando o ar que está sobre o mar configurando a
brisa marítima, conforme mostra a figura 2.5A. À noite, ao perder calor, a terra
se resfria mais do que o mar, ocorrendo o processo inverso e com isso, temos
a brisa terrestre, conforme figura 2.5B (Gaspar, 2009).
17
Fonte: Ramalho, 2009, p.134
Figura 2.5. Durante o dia, sopra a brisa marítima e à noite, a brisa terrestre.
2.3.3 Radiação
A terceira forma de transmissão de calor é a radiação térmica. Ela
ocorre em função da existência de ondas eletromagnéticas, tal como a luz
visível, a radiação infravermelha e a radiação ultravioleta (Young, 2003).
Todos os corpos emitem e absorvem energia continuamente na forma
de ondas eletromagnéticas que são produzidas por vibrações térmicas das
moléculas. Quando um corpo está em equilíbrio térmico com sua vizinhança,
ele emite e absorve radiação na mesma taxa.
A taxa com que um corpo irradia energia é proporcional à quarta
potência de sua temperatura absoluta e à área de sua superfície. Este
resultado foi determinado empiricamente por Josef Stefan em 1879 e deduzido
teoricamente por Ludwing Boltzmann cerca de cinco anos mais tarde e, é
chamado de lei de Stefan-Boltzmann (Tipler, 2013):
4.. ATePr , [2.8]
em que Pr é a potência em watts de ondas eletromagnéticas irradiadas da
superfície do corpo; e é a emissividade da superfície que irradia, uma
grandeza adimensional cujo valor está entre 0 e 1 e que depende da
composição da superfície do corpo; A é a área da superfície do corpo em
18
metros quadrados; T é a temperatura, em kelvins, da superfície do corpo e σ é
uma constante física fundamental denominada constante de Stefan-
Boltzmann, cujo valor é:
σ = 5,6705 x 10-8 W/m².K4. [2.9]
Enquanto um corpo irradia energia a uma taxa dada pela equação 2.8,
ele também absorve radiação eletromagnética do entorno, que consiste em
outros corpos que irradiam energia, a uma taxa Pa dada por,
4
0.. ATePa , [2.10]
onde T0 é a temperatura da fonte de radiação e e é a emissividade da superfície
do corpo que está absorvendo (Serway, 2011). Se um corpo está a uma
temperatura T e seu entorno à temperatura T0, a taxa resultante de energia
ganha ou perdida pelo corpo como um resultado da radiação é:
)(..4
0
4 TTAePres . [2.11]
Quando a radiação eletromagnética atinge um corpo opaco, parte da
radiação é absorvida e parte é refletida. Um corpo que seja bom absorvedor de
calor também será bom emissor de calor. Se a emissividade de um corpo for
igual a 1 ele é um emissor ideal e, por conseguinte, também será um
absorvedor ideal, pois absorve toda radiação que incide sobre ele. Esse
absorvedor ideal é denominado de corpo negro (Young, 2003). Já um corpo
que seja refletor ideal (que não absorve nenhuma radiação) é um emissor de
calor ineficiente.
2.4 Just-in-Time Teaching ou Ensino sob medida (EsM)
Em nosso projeto trabalhamos com dois métodos de ensino-
aprendizagem em conjunto, sendo um deles o método Ensino sob Medida
(EsM). Esse método foi apresentado pelos professores Gregor M. Novak,
Evelyn T. Patterson, Andrew D. Gavrin e Wolfgang Christian na década de
19
1990, com a finalidade de empregar a tecnologia em benefício da
aprendizagem de ciências em sala de aula (Novak, et al., 1999). Essa
metodologia é muito similar ao método Just-in-time empregado em algumas
indústrias, que associam comunicação de alta velocidade com rápido
compartilhamento para melhorar a sua eficiência. O EsM foi elaborado para
desenvolver a habilidade de trabalho em grupo entre os estudantes e a
capacidade de comunicação oral e escrita (Novak, et al., ibidem; Gavrjn, et al.,
2004).
O EsM é uma estratégia de ensino-aprendizagem baseada na interação
entre atividades introdutórias (que devem ser realizadas pelos alunos antes de
cada aula) e tarefas que são desenvolvidas para o trabalho em sala de aula. A
atividade introdutória deve ser estudada pelo aluno antes da aula de um novo
conteúdo (Oliveira, 2012). Essa atividade pode ser a leitura de um capítulo de
um livro ou de um site da internet (que o professor tenha indicado). Aqui,
chamaremos essa atividade de leitura de Texto de Apoio. Em nosso trabalho
utilizamos um texto de própria autoria sobre assuntos abordados neste projeto.
Posteriormente ao estudo desse material, que contém os pontos mais
relevantes da aula, os discentes devem responder algumas questões
conceituais, o que denominamos de pré-teste, eletronicamente e dentro de um
prazo determinado pelo docente. Em nosso caso, para termos maior controle
das atividades, consideramos melhor que tanto essa tarefa, quanto a leitura do
texto de apoio, em vez de serem feitas em casa pelos alunos, de forma
eletrônica, fossem feitas manualmente em sala de aula.
De posse das respostas dos alunos, o professor analisa quais pontos do
conteúdo foram bem compreendidos e quais os discentes tiveram maior
dificuldade. As respostas dadas pelos educandos nessa tarefa estabelece um
importante feedback para que o professor possa orientar e estruturar a sua
aula, focando nas principais dificuldades apresentadas pelos estudantes
(Novak, et al., 1999; Mazur, 1997).
Com relação às questões dessa atividade é importante que elas não
sejam muito fáceis, a ponto de os alunos não precisarem se esforçar para
respondê-las e, nem muito difíceis a ponto de desmotivá-los. Nesta atividade,
via de regra, o aprendiz elabora suas respostas baseado em seus
conhecimentos prévios e nas novas informações adquiridas no estudo do
20
material de apoio fornecido pelo docente. É necessário, portanto, que os alunos
estudem esse material e pensem a respeito dos conteúdos abordados (Novak,
et al., 1999).
2.5 Peer instruction ou Instrução por Colegas (IpC)
Outro método de ensino-aprendizagem que abordamos é o Instrução
pelos Colegas (IpC). Este método foi elaborado em 1991 por Eric Mazur,
professor de Física da Universidade de Harvard, Estados Unidos, com principal
finalidade de fazer com que os discentes se envolvam no processo de ensino-
aprendizagem e entendam os conceitos físicos estudados de forma mais
significativa (Mazur, 1997). O IpC se desenvolve a partir de testes conceituais,
realizados em sala de aula, que promovem discussões e debates acerca dos
conteúdos, nos quais cada aluno pode apresentar seu ponto de vista sobre os
conceitos ministrados em sala de aula.
Segundo Mazur, o entendimento e compreensão conceitual é o alicerce
para a aquisição do conhecimento de qualquer área, pois quando o aprendiz
possui o domínio conceitual, basta desenvolver suas habilidades em aplicá-lo
nas situações práticas (Pinto, 2012).
Para Mazur:
A metodologia do “peer instruction” envolve/compromete/mantém atentos os alunos durante a aula por meio de atividades que exigem de cada um a aplicação dos conceitos fundamentais que estão sendo apresentados, e, em seguida, a explicação desses conceitos aos seus colegas. Ao contrário da prática comum de fazer perguntas informais, durante uma aula tradicional, que normalmente envolve uns poucos alunos altamente motivados, a metodologia do “peer instruction” pressupõe questionamentos mais estruturados e que envolvem todos os alunos na aula. (Mazur, 2007)
Neste método, as aulas são divididas em pequenas séries de
apresentações orais do professor, onde ele enfatiza os conceitos mais
relevantes a serem trabalhados. Em sequência, são apresentadas as questões
conceituais de múltipla escolha, que denominamos de pós-teste, para os
educandos responderem primeiramente individualmente e depois discutirem
com os colegas (Oliveira, 2012). Em nosso trabalho, optamos por utilizar duas
21
aulas para realizar essa atividade (pois acreditamos que o trabalho fluiria
melhor dessa forma), uma aula para ministrar os conteúdos pertinentes e outra
aula para apresentar as questões conceituais.
Após o professor apresentar a questão conceitual, é dado aos alunos
aproximadamente dois minutos para que eles escolham a opção que julgarem
ser a correta. Em seguida, é aberta a votação para mapear as respostas dos
discentes na referida questão.
A metodologia de aplicação do IpC presume a utilização da tecnologia
para o sistema de votação. Habitualmente essa votação é feita por meio de
algum sistema de respostas como, por exemplo, flashcards (cartões-resposta)
ou clickers (dispositivos individuais que se comunicam por radiofrequência com
o computador do professor), conforme mostrado nas figuras 2.6A e 2.6B,
respectivamente.
Araujo nos diz que:
Mais recentemente, sistemas de resposta envolvendo quaisquer dispositivos com acesso a internet, tais como notebooks, smartphones e tablets vêm se mostrando uma alternativa promissora, tanto por se valerem de aparelhos que os próprios estudantes já possuam, quanto por viabilizar o envio de respostas para questões abertas (Araujo, 2013)
Em nosso trabalho utilizamos justamente desta facilidade, acima
retratada, para aplicar o produto educacional.
Fonte: Elaborada pelo autor Fonte: Repositório digital do Google
Figura 2.6A Exemplo de flashcard. Figura 2.6B Foto de um clicker.
B
22
Com base no índice de acerto das respostas informadas pelos alunos no
sistema de votação, Mazur (1997) recomenda que:
Se o índice for menor que 30%, o professor deve revisitar o
conceito explicado procurando dar uma nova abordagem, pois
provavelmente os alunos ainda não compreenderam o conceito
envolvido. Em seguida, lança-se novamente a questão para o
grupo e recomeça o processo.
Se o índice estiver entre 30% e 70%, o professor deve pedir que
se formem pequenos grupos (3 a 5 pessoas), preferencialmente
que tenham escolhido respostas diferentes e, discutam a questão
tentando convencer uns aos outros que a sua resposta é a
correta. A ideia é criar um ambiente de amplo debate a respeito
dos conceitos físicos presentes na questão apresentada. Após
alguns minutos lança-se novamente a questão para o grupo e
recomeça o processo.
Se o índice for maior que 70%, o professor deve comentar
brevemente a questão indicando a resposta correta e recomeça o
processo em seguida.
O Fluxograma apresentado na figura 2.7 ilustra o processo de
implementação do IpC. Ele é um método em evolução e possui uma rede ativa
de professores ao redor do mundo.
23
Fonte: Figura adaptada de Lasry, Mazur e Watkins (2008)
Figura 2.7.Fluxograma do processo de desenvolvimento do IpC.
Estudos mostram que a associação dos métodos EsM e IcP, torna-se
uma estratégia de ensino muito eficiente para alcançar uma aprendizagem
significativa, que valoriza a compreensão dos conceitos físicos, do
desenvolvimento da capacidade crítica de pensar e da habilidade de
comunicar-se (Crouch, et al., 2001).
2.6 Aprendizagem Significativa de David Ausubel
Na perspectiva de Ausubel, a aprendizagem significativa é um processo
por meio do qual um novo conhecimento se relaciona de modo relevante, com
aspectos existentes na estrutura cognitiva do aprendiz. A esta estrutura de
conhecimento, especificamente relevante à nova aprendizagem, que pode ser
uma imagem, um conceito, uma ideia, uma proposição, Ausubel denomina de
subsunçor ou ideia-âncora (Moreira, 2012).
24
Esse subsunçor, em se tratando de significado, pode estar mais ou
menos elaborado, pode estar mais ou menos diferenciado, pode apresentar
maior ou menor estabilidade cognitiva. É importante mencionar que, como a
aprendizagem significativa é um processo interativo, quando o subsunçor serve
de ideia-âncora para um novo conhecimento, ele mesmo se modifica,
adquirindo assim novos sentidos e valores (Moreira, 2006).
Em contraste com a aprendizagem significativa, Ausubel denomina a
aprendizagem mecânica. Esta aprendizagem é memorística, volátil e de baixa
retenção, além disso, ela não é suficiente para a construção e aquisição de
conhecimentos significativos. Moreira a descreve:
(...) como sendo aquela em que novas informações são aprendidas praticamente sem interagirem com conceitos relevantes existentes na estrutura cognitiva, sem ligarem-se a conceitos subsunçores específicos. A nova informação é armazenada de maneira arbitrária e literal, não interagindo com aquela já existente na estrutura cognitiva e pouco ou nada contribuindo para sua elaboração e diferenciação (Moreira, 1999).
A ocorrência de uma aprendizagem significativa efetiva, está sujeita a
variáveis denominadas de princípios programáticos facilitadores dessa
aprendizagem. Em nosso trabalho destacaremos dois deles, o princípio da
diferenciação progressiva e o princípio da reconciliação integrativa.
Para Moreira,
A diferenciação progressiva é vista como um princípio programático da matéria de ensino, segundo o qual as ideias, conceitos e proposições mais gerais e inclusivas do conteúdo devem ser apresentados no início da instrução e, progressivamente, diferenciados em termos de detalhe e especificidade (Moreira, 1999).
Dentro da perspectiva da aprendizagem significativa, este princípio tem
grande relevância numa sequência pedagógica, em que os aspectos
conceituais em níveis mais amplos devem ser abordados no início e,
progressivamente diferenciados em níveis mais específicos e sempre que
possível, retomar os dois níveis, dando valor à diferenciação progressiva e
fortalecendo assim a aprendizagem significativa (Moreira, 2012).
No que se refere à reconciliação integrativa, que também é um princípio
facilitador da aprendizagem, Moreira nos diz que:
25
A reconciliação integrativa, por sua vez, é o princípio programático segundo o qual a instrução deve também explorar relações entre ideias, apontar similaridades e diferenças importantes e reconciliar discrepâncias reais ou aparentes (Moreira, 1999).
Utilizamos o material produzido para o método do EsM (no caso o texto
de apoio) e o ambiente colaborativo criado em sala de aula pelo método IpC
para “ativar” no aprendiz os subsunçores necessários à aprendizagem
significativa. Por exemplo, se o conceito de calor já existe na estrutura cognitiva
do aprendiz (mesmo que não seja o conceito mais correto), ele servirá de
subsunçor para novas informações referentes a certos tipos de calor, por
exemplo, calor específico, calor sensível e calor latente. Nesse processo de
“ancoragem” da nova informação há um crescimento e modificação do conceito
subsunçor (Moreira, 2006).
Com relação ao texto de apoio e aos conteúdos introdutórios
apresentados em sala de aula, os quais eram adequados à Teoria da
Aprendizagem Significativa, iniciamos sempre com a exposição dos conceitos
mais gerais e, gradativamente fomos aprofundando com conceitos mais
específicos, contribuindo assim para que os alunos fizessem diferenciação
progressiva e reconciliação integradora.
A aprendizagem significativa que desejamos não ocorre de forma
aleatória ou casual, existem certas condições para ela acontecer. De acordo
com Moreira (2012), essencialmente, essas condições passam pela escolha do
material de aprendizagem, que deve ser potencialmente significativo e, pelo
fato de o aprendiz ter predisposição para aprender significativamente.
Conforme Moreira nos informa:
A primeira condição implica l) que o material de aprendizagem (livros, aulas, aplicativos, ...) tenha significado lógico (...) e II) que o aprendiz tenha em sua estrutura cognitiva idéias-âncora relevantes com as quais esse material possa ser relacionado (Moreira, 2012).
E ainda,
A segunda condição é talvez mais difícil de ser satisfeita do que a primeira: o aprendiz deve querer relacionar os novos conhecimentos, de forma não-arbitrária e não-literal, a seus
26
conhecimentos prévios. É isso que significa predisposição para aprender (Moreira, 2012).
Para alcançar esse objetivo, que não é simples, o professor pode
motivar o aprendiz, mostrando que a associação dos métodos que estão sendo
utilizados em nosso trabalho (Ensino sob Medida e Instrução pelos Colegas)
pode resultar em uma aprendizagem significativa já em sala de aula (Oliveira,
2012). Fato bastante vantajoso, pois saindo do habitual, de um estudo solitário,
o aluno contará com a participação de seus colegas em sua aprendizagem,
além de economizar e melhor aproveitar seu tempo em sua residência com
novas experiências.
27
Capítulo 3
O produto educacional
Este capítulo tem como objetivo específico apresentar nosso produto
educacional que tem relação direta com as novas tecnologias presentes em
nosso cotidiano. Atualmente não há como contestar que o emprego da
tecnologia é condição inerente à execução de nossos afazeres. A informática,
em especial, está presente em tudo que nos cerca, e a utilização dessas
tecnologias está cada vez mais inserida no cenário da educação.
3.1 Introdução ao produto
O produto educacional que desenvolvemos é um Aplicativo Web
produzido na linguagem de programação Java. Ele apresenta uma interface
amigável, conforme mostra a figura 3.1, e funciona como um quiz ou um jogo
com perguntas conceituais sobre os temas abordados em nosso trabalho.
Figura 3.1 Ilustração da interface do aplicativo
O aplicativo deve ser instalado no computador do professor, conforme
manual do produto. Ele funciona nos principais sistemas operacionais utilizados
no país.
28
O propósito em nosso produto foi de utilizar os recursos tecnológicos que
dispúnhamos no ambiente escolar como uma ferramenta facilitadora na prática
do ensino-aprendizagem, aproveitando a destreza que os jovens possuem no
manuseio de dispositivos eletrônicos a favor da aprendizagem.
A implementação desse produto teve por base os referenciais da teoria da
aprendizagem significativa de Ausubel tratado no Capítulo 2.
Destacamos que nosso produto foi idealizado para os alunos jogarem
coletivamente (em concordância com a teoria de aprendizagem que estamos
trabalhando), por essa razão ele é um aplicativo web, ou seja, o usuário
necessita estar conectado a uma rede de internet para interagir com os demais
usuários do jogo.
Apesar de estarmos tratando dos temas termometria e energia térmica,
nosso produto é abrangente e totalmente franqueado tanto para outros temas
da Física como para qualquer outra disciplina do nosso currículo pedagógico,
não havendo restrições para seu emprego.
3.2 Dinâmica do produto
Nessa parte apresentaremos detalhadamente a dinâmica da utilização
do nosso produto. A primeira etapa a ser cumprida é o cadastramento das
perguntas conceituais que farão parte do trabalho, conforme pode ser visto na
figura 3.2. Esse cadastro pode ser feito tanto na própria escola onde o docente
labora como em qualquer outro local que disponha de conexão com a internet.
29
Figura 3.2 Tela de cadastro de questão
Esse cadastramento é bem simples de ser feito. Na aba superior
deveremos clicar no item Nova Questão. O aplicativo fará a numeração das
perguntas automaticamente, então deveremos ir diretamente para a inserção
do enunciado da questão. Logo ao lado deveremos inserir a letra
correspondente à resposta correta da pergunta. Em sequência deveremos
adicionar as cinco opções de respostas e clicar no botão Gravar para deixá-las
gravadas no sistema.
As questões cadastradas deverão conter apenas texto, não sendo
possível incluir figuras ou tabelas.
Feito o cadastro das perguntas, o docente poderá alterar ou excluir
questões. Para isso ele deverá clicar no item Lista de Questões, onde
aparecerão todas as perguntas cadastradas juntamente com a opção de
Alterar ou Excluir, conforme mostra a figura 3.3.
30
Figura 3.3 Tela de listagem das questões cadastradas
Se a opção escolhida for Alterar, o sistema voltará para a tela de
cadastro de questão para que sejam feitas as alterações necessárias, como
mostra a figura 3.4. Ao término das modificações deveremos clicar no botão
Gravar para armazenar as alterações realizadas.
31
Figura 3.4 Tela de alteração de questões cadastradas
Caso desejemos eliminar uma determinada questão basta clicar na
opção Excluir da referida questão. Será aberta uma janela solicitando a
confirmação da exclusão conforme mostra a figura 3.5.
Figura 3.5 Tela de exclusão de questões cadastradas
32
Uma vez que o aplicativo já esteja alimentado com as perguntas que
compõem a atividade, o jogo estará pronto para sua utilização. Para sanar
qualquer problema que porventura possa ter ocorrido, é aconselhável ao
docente realizar um teste antes de aplicar a atividade com a turma. Para isso,
deveremos clicar no item Simular Prova, como mostra a figura 3.6, e verificar
se todas as perguntas foram corretamente cadastradas, bem como os
gabaritos, que ficam destacados em vermelho.
Figura 3.6 Tela de simulação de prova
Para iniciar a atividade, o professor deverá escolher o local onde ela
ocorrerá, haja vista a necessidade de uma rede de internet. Geralmente essa
rede está presente no laboratório de informática das escolas. Todavia, há
escolas que disponibilizam acesso à internet, via rede wi-fi, na própria sala
onde os alunos têm aula expositiva, o que é muito vantajoso.
No local da atividade, o docente deverá fornecer aos alunos o link de
acesso, para que eles se conectem ao aplicativo. Cada aluno deverá estar com
seu dispositivo eletrônico (pode ser um Laptop, Tablet ou Smartphone) para
participar da atividade. Na hipótese de a turma possuir uma quantidade
excessiva de estudantes (mais de trinta), recomendamos que a tarefa seja feita
em dupla, a fim de evitar possíveis falhas de conexão.
Para acessar o aplicativo o aluno precisará abrir um navegador em seu
dispositivo e digitar o link fornecido pelo professor. Na tela do aluno aparecerá
a mensagem “Aguardando início da prova”, conforme figura 3.7.
33
Figura 3.7 Tela do aluno. Iniciação do aplicativo
Quando todos os alunos estiverem conectados ao aplicativo, o professor
deverá ativar o jogo clicando no item Aplicar Prova, conforme figura 3.8.
Figura 3.8 Tela do professor. Inicialização do jogo
34
O primeiro campo a ser preenchido é o título, onde deveremos colocar o
tema que está sendo abordado no jogo. Em seguida o campo mais importante
para o perfeito funcionamento do aplicativo, Quantidade de participantes. O
docente deverá contar o número exato de dispositivos conectados ao jogo para
não haver erro de execução. Esse número pode ser diferente do número de
alunos em sala, pois algum dispositivo pode apresentar algum problema
técnico no momento da realização da atividade.
Caso o professor coloque no campo Quantidade de participantes um
valor inferior ao correto, o aplicativo esperará até que o número de
respondentes seja igual ao valor digitado no referido campo, desconsiderando
os demais respondentes. Entende-se por respondente o participante do jogo
que responde a qualquer solicitação do aplicativo.
Se porventura o valor informado no campo Quantidade de
participantes for superior ao correto, o aplicativo travará, pois o número de
respondentes não atingirá o valor digitado no referido campo.
Quando houver a igualdade do valor Quantidade de participantes e o
número de respondentes chamaremos esse evento de QPR.
Os próximos campos a serem preenchidos são o % Mínimo de acerto e
o % Intermediário de acerto que foram discutidos no capítulo 2 e que são
referência para formação de grupos de debate entre os alunos.
O jogo iniciará assim que o professor clicar no botão Iniciar Prova. Após
o clique no referido botão, na tela do docente aparecerão as questões
juntamente com seu respectivo score (pontuação) zerado, além dos botões
Finalizar Prova e Média, conforme figura 3.9.
Figura 3.9 Tela do professor
35
O professor deverá comentar com os participantes que eles têm cerca
de dois minutos para responder cada questão. Este fato não é uma restrição
imposta pelo aplicativo. O docente deverá fazer isso simplesmente para os
alunos não pensarem que podem demorar em dar uma resposta.
Na tela do aluno aparecerá o botão Entrar, conforme figura 3.10, que
deverá ser clicado para começar o jogo.
Figura 3.10 Tela do aluno. Inicialização do jogo
Após clicar no botão Entrar, na tela do aluno aparecerá uma mensagem
pedindo para aguardar os demais participantes entrarem, conforme mostra a
figura 3.11.
Figura 3.11 Tela do aluno. Aguardando os demais alunos entrarem no jogo
Quando o número de alunos que clicar no botão Entrar se igualar ao
valor colocado no campo Quantidade de participantes, ou seja, atingido a
36
QPR, o jogo se inicia e a primeira pergunta é lançada aos participantes,
conforme mostra a figura 3.12.
Figura 3.12 Tela do aluno. Início do jogo
O aluno deverá escolher uma das opções de respostas e clicar no botão
Responder como mostrado na figura 3.12. A seguir, aparecerá uma
mensagem pedindo para aguardar os demais participantes, conforme mostrado
na figura 3.13. O aplicativo aguardará até que cheguemos à QPR.
Figura 3.13 Tela do aluno. Mensagem após o aluno escolher uma opção de resposta
Para cada pergunta do jogo, o aplicativo calculará o percentual de
acerto, e a partir daí, executará um dos três casos que ilustraremos a seguir.
O primeiro caso será quando o percentual de acerto da classe for maior
ou igual a 70%. Nessa situação o aplicativo mostrará uma mensagem
indicando o prosseguimento do jogo, conforme mostra a figura 3.14.
37
Figura 3.14 Tela do aluno. Quando o percentual de acerto for maior ou igual a 70%
Nesse momento, o professor intervém indicando a opção correta, porém,
sem dar muitas explicações acerca do conteúdo da questão, pois tais
explicações poderiam influenciar nas perguntas seguintes.
Para prosseguir no jogo o aluno deverá clicar no botão OK, e assim que
a QPR for atingida a próxima questão aparecerá em sua tela.
O segundo caso será quando o percentual de acerto da classe for maior
ou igual a 30% e menor que 70%. Nessa situação o aplicativo mostrará uma
mensagem indicando que os alunos devem se reunir para debaterem a
questão, conforme mostra a figura 3.15.
Figura 3.15 Tela do aluno. Quando o percentual de acerto estiver entre 30% e 70%
Para tentar manter certa organização, esses grupos deverão possuir no
máximo cinco participantes e ser formados, preferencialmente, por alunos que
tenham escolhido alternativas diferentes de resposta para fomentar o debate.
Formados os grupos, o professor deverá aguardar por volta de um minuto e
meio para que haja a discussão da questão. Após o debate, o docente clicará
38
no botão Repetir, conforme mostrado na figura 3.16, para que o aplicativo
repita a pergunta.
Figura 3.16 Tela do professor. Botão para repetir uma pergunta.
A questão então retornará aos participantes para que eles respondam
novamente. O objetivo é que na segunda aplicação o percentual de acerto
aumente. Valendo ressaltar a grande importância desse ambiente de amplo
debate a respeito dos conceitos físicos presentes na questão analisada; onde
por uma linguagem mais próxima entre alunos, muitas dúvidas poderão ser
mais facilmente sanadas.
O terceiro caso será quando o percentual de acerto da turma for menor
que 30%. Nessa situação entende-se que o conceito não ficou bem
sedimentado para os alunos. O aplicativo mostrará uma mensagem indicando
que o professor fará uma intervenção, conforme mostrado na figura 3.17.
Figura 3.17 Tela do aluno. Mensagem quando o percentual de acerto for <30%.
39
O professor então irá interferir pedagogicamente, esclarecendo o
conteúdo abordado na questão. É importante que ele tenha cuidado na
explanação para não dizer, involuntariamente, a alternativa correta aos alunos.
Após a breve explicação, o docente repetirá a pergunta clicando no botão
Repetir.
Para que a atividade não se estenda por longo tempo e os alunos não se
dispersem, recomendamos que o professor só repita a mesma pergunta no
máximo duas vezes. Na terceira vez, ele deverá liberar o jogo, clicando no
botão Liberar conforme mostra a figura 3.18, seguindo para a próxima
questão.
Figura 3.18 Tela do professor. Botão para liberar uma pergunta.
O jogo se desenvolve assim, questão a questão, até chegar a última
pergunta, encerrando-se ao mostrar a mensagem “Obrigado turma, terminamos
nosso desafio!”, conforme mostra a figura 3.19.
40
Figura 3.19 Tela do aluno. Indicação de término do jogo
O dispositivo dos alunos ficará em modo de espera até que o professor
finalize o jogo; quando então o botão Sair será ativado, conforme mostra a
figura 3.19.
Na tela do professor aparecerá o score de cada questão sem levar em
consideração a repetição de questão, caso tenha havido, conforme mostra a
figura 3.20.
Figura 3.20 Tela do professor. Score de cada questão
Para verificar todos os scores, incluindo os das questões repetidas, e
também a média de acertos da atividade, o professor deverá clicar no botão
Média, conforme mostra a figura 3.20, sendo então direcionado para a página
seguinte, de acordo com a figura 3.21. Como não é objetivo deste trabalho
utilizar a nota desta atividade, os dados referentes à média de acertos não são
armazenados.
41
Figura 3.21 Resultado com as questões repetidas e a média de toda atividade
Para encerar a atividade e liberar o dispositivo dos alunos, o professor
deverá clicar no botão Voltar da figura 3.21 e em seguida no botão Finalizar
Prova, conforme mostra a figura 3.22.
Figura 3.22 Tela do professor. Finalizar Prova
42
Capítulo 4
Metodologia
Neste capítulo, apresentaremos a metodologia utilizada na construção
da proposta didática aplicada em nosso trabalho. Começaremos descrevendo o
local de aplicação, destacando aspectos relacionados com a estrutura da
escola e com o currículo do Curso no qual nosso trabalho foi aplicado. Ainda
nesta parte, descreveremos sobre as características das turmas onde nosso
projeto foi desenvolvido, sobre os discentes que participaram, particularmente,
no que tange ao gênero e a idade. Por fim, descreveremos sobre as etapas
que nortearam nosso trabalho como um todo.
4.1 Local da aplicação
A proposta didática e o material produzido foram aplicados durante o
mês de abril de 2016, em três turmas do Ensino Médio, sendo duas do
segundo ano, com vinte e nove alunos cada, e uma do terceiro ano, com
quarenta e oito alunos, do Colégio Coração de Jesus (CCJ). A faixa etária dos
estudantes que fizeram parte do nosso trabalho foi entre 15 e 18 anos, sendo
que 55% deles eram meninas e 45% meninos. Nessa instituição as turmas do
segundo ano têm quatro aulas semanais da disciplina de Física, enquanto a
turma do terceiro ano tem cinco, sendo que cada aula tem duração de 50
minutos.
O CCJ, que está localizado no bairro do Centro na cidade de Cuiabá-
MT, é uma Associação Civil e Religiosa de caráter educacional, cultural,
assistencial e filantrópico, sem fins lucrativos, fundado pelas Irmãs Salesianas,
Filhas de Maria Auxiliadora (FMA).
A instituição, que tem setenta e dois anos de existência, atua na
Educação Básica do Maternal até o Ensino Médio. Sua missão é comunicar o
evangelho da vida às novas gerações através da educação formal e não formal
e pelo testemunho da vida. Tal missão envolve as Irmãs e comunidades
educativas (FMA, pais, alunos, educadores e outros parceiros leigos) com as
quais compartilha o projeto educativo.
43
Figura 4.1 Foto da fachada do Colégio Coração de Jesus.
4.2 Etapas do nosso trabalho
4.2.1 Etapa 1 - Texto de Apoio
A aplicação do nosso trabalho foi idealizada para ser feita em seis
etapas. Cada etapa teve duração de cinquenta minutos (um tempo de aula),
totalizando trezentos minutos. Abaixo, descreveremos cada uma das seis
etapas.
Na primeira etapa apresentamos o texto de apoio (apêndice 1) para que
fosse lido pelos alunos. Esse texto foi concebido para ativar no educando os
subsunçores importantes à aprendizagem significativa. Ele foi produzido com
enfoque na abordagem conceitual e utilizando uma linguagem mais tangível ao
nível dos nossos discentes. Além disso, buscamos, sempre que possível,
44
contextualizar os conceitos físicos que seriam discutidos adiante em nosso
projeto.
O texto de apoio se inicia com uma introdução sobre os termos
temperatura e calor e como eles são abordados em nosso cotidiano pelo senso
comum. Em seguida, abordamos especificamente o conceito de temperatura
por meio de uma analogia para facilitar o entendimento do aluno. Também
apresentamos as principais escalas termométricas utilizadas pelos países.
Após a conceituação de temperatura, versamos sobre o conceito de
calor por meio de um exemplo de transferência de calor entre refrigerante e
gelo. Depois explicamos, também com um exemplo, a diferença entre calor
sensível e calor latente.
Na última parte do texto, introduzimos o conceito de capacidade térmica
de um corpo. Fizemos uso de figura e analogia para melhor compreensão.
Logo em seguida, para encerrar, trabalhamos os aspectos dos processos de
propagação de calor.
4.2.2 Etapa 2 – Aula de Interpretação de Texto
A interpretação textual possibilita a compreensão de qualquer texto ou
discurso. Ela é sem dúvida uma competência indispensável no mercado de
trabalho e nos estudos. Além disso, permite que as pessoas estendam o
domínio sobre a linguagem escrita e falada e se tornem mais hábeis no tocante
às informações a serem passadas e compreendidas.
Alguns elementos são muito importantes para que a interpretação seja
feita de forma satisfatória, tais como: leitura com frequência para aumentar o
vocabulário; domínio das estruturas linguísticas e a compreensão das relações
semânticas.
Por essas razões a interpretação textual é algo que beneficia não
somente as matérias de linguagens, mas também as demais disciplinas do
nosso currículo pedagógico.
Nossa experiência, adquirida ao longo dos anos, nos evidencia que há,
por parte dos alunos, certa dificuldade quanto à interpretação de textos em
geral, e no que tange a área de Física essa dificuldade é ainda maior.
45
Para tentar amenizar essa questão, em nosso trabalho, conversamos
com a coordenação e com a professora de Redação do CCJ para verificarmos
a viabilidade de uma interação entre a aula de Física e a aula de Redação. De
imediato, ambas aceitaram a proposta.
Essa segunda etapa então foi realizada na mesma semana da primeira,
e quem a conduziu foi a professora de Redação Juliana Poleto, que ministrou
uma aula de interpretação do nosso texto de apoio, para as turmas envolvidas
em nosso trabalho. A figura 4.2 mostra uma foto da professora Juliana com
alguns alunos no dia dessa atividade.
Fonte: Foto retirada pelo CCJ
Figura 4.2 Foto da profª. Juliana com alguns alunos
No final da atividade desenvolvida pela professora, foi solicitado aos
alunos que fizessem uma redação baseada no que foi abordado em nosso
texto. Essa tarefa foi uma avaliação da disciplina de Redação não guardando
relação com as avaliações do nosso projeto. Segue na figura 4.3 um fragmento
de redação de um grupo de alunos para ilustrar.
46
Figura 4.3 Fragmento de redação de um grupo de alunos da turma 2A.
4.2.3 Etapa 3 – Pré-teste
Com o intuito de averiguar possíveis conhecimentos prévios dos alunos
em relação aos tópicos básicos sobre termometria e energia térmica,
realizamos um pré-teste composto por oito questões conceituais de múltipla
escolha (apêndice 2), aplicado na semana seguinte à aula de interpretação do
47
nosso texto de apoio. As questões presentes no pré-teste foram selecionadas
de vestibulares nacionais ou modificadas de processos seletivos de outros
concursos. Nesse teste, que foi individual, o aluno não tinha direito a qualquer
tipo de consulta.
Esse teste também foi utilizado para que pudéssemos identificar os
pontos onde cada turma apresentava maior dificuldade dentre os conteúdos
abordados. A análise dos resultados do pré-teste foi fundamental para
estruturarmos a forma como seriam ministradas as aulas expositivas dos
nossos conteúdos.
Para a análise das respostas dos alunos em cada questão, foram
estabelecidas cinco categorias de resposta: Muito satisfatória, satisfatória,
parcialmente satisfatória, insatisfatória e muito insatisfatória.
Para o estabelecimento dessas categorias, verificamos o percentual de
acertos de cada questão em cada turma e adotamos os seguintes parâmetros:
Percentual de acerto entre 76% e 100%, resposta considerada muito
satisfatória; entre 61% e 75%, considerada satisfatória; entre 50% e 60%,
considerada parcialmente satisfatória; entre 31% e 49%, considerada
insatisfatória e entre 0% e 30%, considerada muito insatisfatória.
4.2.4 Etapa 4 – Aula Expositiva
Após a análise do resultado do pré-teste, planejamos a aula expositiva
com uma abordagem diferenciada para cada turma, pois cada uma delas
apresentou diferentes dúvidas. Assim sendo, demos ênfase às principais
dificuldades apresentadas e aprofundamos os conhecimentos nos tópicos mais
significativos do conteúdo em estudo. Essa aula foi realizada na semana
seguinte à aplicação do pré-teste, ou seja, na terceira semana do nosso
trabalho. A figura 4.4 mostra uma foto desse momento.
48
Fonte: Foto retirada pelo CCJ
Figura 4.4 Foto da aula expositiva após pré-teste.
As aulas ministradas para as três turmas foram muito proveitosas. Os
alunos participaram ativamente, exteriorizando suas dúvidas e debatendo suas
opiniões.
4.2.5 Etapa 5 – Pós-teste
Na semana seguinte à intervenção pedagógica, na qual lecionamos os
conteúdos teóricos presentes em nossas atividades, utilizamos duas aulas
seguidas para realizarmos o pós-teste e a avaliação de todo nosso trabalho,
que configuraram a quinta e sexta etapas, respectivamente.
Da mesma forma que o pré-teste, o pós-teste também foi composto por
oito questões conceituais de múltipla escolha (apêndice 3). Essas questões
também foram selecionadas de vestibulares nacionais ou modificadas de
processos seletivos de outros concursos.
Diferentemente do pré-teste, onde os alunos responderam as questões
em uma folha de papel e de forma individual, nessa etapa utilizamos o
aplicativo web, nosso produto educacional, para que os alunos respondessem
as questões, e por vezes de forma coletiva.
.
49
Conforme mencionado anteriormente, nosso produto necessita de uma
rede de internet no local de sua execução. Como a instituição onde aplicamos
o produto dispunha de internet, por meio de rede wi-fi, em todas as salas de
aula, não foi preciso nosso deslocamento ao laboratório de informática, o que
foi benéfico, pois perderíamos muito tempo.
Para começar a atividade, fornecemos aos alunos o link de acesso ao
aplicativo. Após verificarmos se todos os participantes estavam conectados,
iniciamos o jogo e a primeira pergunta foi exibida no dispositivo dos alunos.
Cada um deles respondeu a primeira questão e o jogo ficou aguardando até
que o último aluno respondesse, quando então o aplicativo tomou uma decisão
e indicou aos participantes o passo seguinte.
Conforme mencionado no Capítulo 3, a partir do percentual de acerto da
questão, o aplicativo executa um dos três casos a seguir:
i) Caso o percentual de acerto seja maior ou igual a 70%, o aplicativo
mostra uma mensagem parabenizando os participantes. O professor
deverá anunciar o gabarito da questão e só então prosseguir com o
aplicativo;
ii) Caso seja maior ou igual a 30% e menor que 70%, o aplicativo
mostra uma mensagem solicitando a formação de grupos, com no
máximo cinco alunos, para o debate da questão. O professor
aguardará os participantes debaterem por cerca de um minuto e meio
e lançará novamente a pergunta no jogo. A expectativa é que na
segunda vez haja evolução no percentual de acerto;
iii) Caso seja menor que 30%, o aplicativo mostra uma mensagem
informando que o percentual foi muito baixo e que o professor fará
uma intervenção pedagógica. Após breve explicação, o docente
lançará novamente a pergunta no jogo.
É importante observar que, como já dissemos, para que a atividade não
se estenda por longo tempo e os alunos não se dispersem, recomendamos que
50
o professor só repita a mesma pergunta no máximo duas vezes. Na terceira
vez, ele deve liberar o jogo, seguindo para a próxima questão.
O jogo seguiu dessa forma até o fim da oitava questão, quando o
aplicativo mostrou uma mensagem para os alunos informando o término de
jogo juntamente com a média do percentual de acerto da turma. Na figura 4.5
uma foto no momento em que os participantes estavam debatendo uma
questão em grupo.
Fonte: Foto retirada pelo CCJ
Figura 4.5 Foto dos alunos em grupo debatendo uma questão.
Para a análise das respostas dos alunos seguimos, exatamente como
fizemos no pré-teste, estabelecendo cinco categorias de resposta: Muito
satisfatória, satisfatória, parcialmente satisfatória, insatisfatória e muito
insatisfatória.
Os parâmetros para a definição das categorias também foram os
mesmos, ou seja, percentual de acerto entre 76% e 100%, resposta
considerada muito satisfatória; entre 61% e 75%, considerada satisfatória;
entre 50% e 60%, considerada parcialmente satisfatória; entre 31% e 49%,
considerada insatisfatória e entre 0% e 30%, considerada muito insatisfatória.
51
4.2.6 Etapa 6 – Avaliação do Trabalho
Com o objetivo de avaliar se na perspectiva do aluno, os métodos
utilizados serviram como um facilitador da aprendizagem dos conceitos de
Termometria e Energia térmica, elaboramos um questionário (apêndice 4)
composto por quatro perguntas abertas. Nesse questionário, pedimos aos
alunos que não fizessem qualquer tipo de identificação, pois queríamos
respostas as mais fidedignas possíveis.
Essa avaliação foi realizada logo após o término da atividade com o
aplicativo educacional, haja vista que utilizamos duas aulas seguidas para
executar a quinta e sexta etapas do nosso trabalho. Os alunos tiveram cerca de
trinta minutos para responderem esse questionário. A figura 4.6 ilustra um
momento dessa tarefa.
Fonte: Foto retirada pelo CCJ
Figura 4.6 Foto dos alunos respondendo o questionário de avaliação do trabalho.
Para a análise das respostas dos alunos em cada questão, foram
estabelecidas três categorias de resposta: satisfatória, parcialmente satisfatória
e insatisfatória.
Para caracterizar essas categorias, verificamos as respostas em cada
questão e adotamos os seguintes parâmetros:
52
i) Quando a resposta era positiva em relação à pergunta, e justificada com
argumentos sólidos, era considerada satisfatória. Segue ilustração.
ii) Quando a resposta era positiva e não justificada, ou justificada com
argumentos frágeis, a resposta era parcialmente satisfatória, seguem
ilustrações e;
iii) Quando a resposta era negativa em relação à pergunta, considerávamos
como insatisfatória, segue ilustração.
53
Capítulo 5
Análise dos resultados
Neste capítulo, apresentaremos os resultados obtidos pelos alunos nas
avaliações regulares realizadas pela escola, os resultados obtidos a partir da
aplicação do pré-teste e pós-teste do nosso trabalho e a análise das respostas
dos alunos referente ao questionário de avaliação das atividades desenvolvidas
em nosso projeto.
Nosso trabalho foi desenvolvido com o intuito de responder a duas
questões:
A) O uso do aplicativo web pode facilitar a aprendizagem dos alunos para o
ensino de termometria e energia térmica?
B) A utilização do nosso método de ensino-aprendizagem pode se refletir
em uma evolução no desempenho dos alunos nas avaliações que eles
realizarão?
5.1 Avaliações regulares realizadas pela escola
De acordo com o manual da família do colégio, a instituição, no que se
refere ao Ensino Médio, elabora e aplica simulados semanais (SS).
Em particular, pegamos os seis primeiros simulados que versavam sobre
os assuntos que fazem parte do tema do nosso trabalho, a saber:
1) SS01 - Termometria
2) SS02 - Calor sensível
3) SS03 - Troca de calor
4) SS04 - Calor latente
5) SS05 - Condução
6) SS06 - Convecção, Radiação
Abaixo destacamos o percentual de acerto de cada turma nos referidos
simulados semanais. Esses percentuais são exclusivos da avaliação da
disciplina Física, ou seja, não estão inclusas outras disciplinas.
54
No 2° ano turma A (2A), verificamos que os menores percentuais de
acertos foram nos itens troca de calor (SS03) e calor latente (SS04), ambos
com 38% de acerto. Já o item com maior percentual foi calor sensível (SS02)
com 52% de acertos.
Destacamos também que a média de acertos dos seis primeiros
simulados semanais para essa turma foi de 43%.
Figura 5.1 Resultado dos seis primeiros simulados semanais do 2° ano turma A (2A).
No 2° ano turma B (2B), constatamos que o item troca de calor (SS03)
foi o que teve menor índice de acerto com 46%. Verificamos também, que o
percentual de acerto desse item ficou bem próximo dos itens calor latente
(SS04) e condução (SS05), ambos com 47% de acerto. Já o item com maior
percentual foi calor sensível (SS02) com 56% de acertos, valor bem próximo
dos 55% de acertos do item convecção/radiação.
Observamos que, para essa turma, a média de acertos dos seis
primeiros simulados semanais foi de 50%.
Figura 5.2 Resultado dos seis primeiros simulados semanais do 2° ano turma B (2B).
No 3° ano turma A (3A), apuramos que o item com menor percentual de
acerto foi calor latente (SS04) com 41%, percentual bem próximo do acerto do
item troca de calor (SS03), de 42%. Já o item com maior percentual de acerto
foi calor sensível (SS02) com 53%.
55
Salientamos também que a média de acertos dos seis primeiros
simulados semanais para essa turma foi de 47%.
Figura 5.3 Resultado dos seis primeiros simulados semanais do 3° ano turma A (3A).
Conforme o exposto, ao compararmos as médias do percentual de
acerto das três turmas, verificamos que a 2A foi a turma com menor percentual
e a 2B foi a turma com maior percentual de acerto, sendo inclusive melhor que
a turma do terceiro ano (3A).
5.2 Resultado do pré-teste
Nessa parte apresentaremos o resultado do pré-teste (apêndice 2) que
foi realizado após os alunos lerem o texto de apoio, fornecido pelo professor, e
após a aula de interpretação do referido texto, com a professora de Redação.
Mostraremos o resultado separado pelas questões que compõem o pré-
teste e por turma, para termos uma visão mais individualizada do resultado.
Questão 1: Esta primeira questão visava verificar se o aluno conseguia
perceber que os dois materiais (alumínio e vidro) estavam à mesma
temperatura, uma vez que estavam em equilíbrio térmico com o refrigerador.
Além disso, ele deveria inferir que a sensação da lata estar mais fria é devido a
maior condutividade térmica do alumínio.
Como podemos observar na tabela 5.1, as turmas compreenderam bem
essa questão, tendo obtido, tanto individualmente quanto no total, um
percentual de acerto muito satisfatório. Destacamos a turma 2A que teve um
excelente resultado, apresentando 100% de acerto.
56
Resposta Turma
2A Turma
2B Turma
3A Total
Certa 100% 79% 83% 87%
Errada 0% 21% 17% 13%
Tabela 5.1 Resultado da primeira questão do pré-teste.
Questão 2: Nessa questão queríamos verificar se o aluno sabia o conceito
físico de temperatura.
Pela tabela 5.2 identificamos que, apesar da turma 2B ter tido um
percentual de acerto satisfatório (69%), no total o nível de acerto foi
parcialmente satisfatório (54%), muito em função do resultado da turma 2A que
obteve um percentual de acerto insatisfatório (45%).
Resposta Turma
2A Turma
2B Turma
3A Total
Certa 45% 69% 50% 54%
Errada 55% 31% 50% 46%
Tabela 5.2 Resultado da segunda questão do pré-teste.
Questão 3: Essa terceira questão pretendia verificar se o aluno conseguia
associar o intervalo de tempo, que se espera logo após a colocação do
termômetro, com o equilíbrio térmico entre corpos com diferentes temperaturas.
Conforme nos mostra a tabela 5.3, tanto a turma 3A quanto a turma 2B,
tiveram um percentual de acerto muito satisfatório, sendo a primeira com 81%
e a segunda com 79%. Já a turma 2A obteve um índice de acerto satisfatório
(66%).
Resposta Turma
2A Turma
2B Turma
3A Total
Certa 66% 79% 81% 76%
Errada 34% 21% 19% 24%
Tabela 5.3 Resultado da terceira questão do pré-teste.
Questão 4: Nessa questão objetivávamos verificar se o aluno tinha a clara
noção da distinção dos conceitos de temperatura e calor, uma vez que o senso
comum tem por hábito confundir essas duas grandezas físicas.
De acordo com a tabela 5.4, os alunos assimilaram bem esses dois
conceitos, sendo que as turmas 2B e 2A apresentaram um percentual de
57
acerto muito satisfatório, respectivamente com 90% e 83% de acerto. A turma
3A teve um índice satisfatório com 71% de acerto.
Resposta Turma
2A Turma
2B Turma
3A Total
Certa 83% 90% 71% 79%
Errada 17% 10% 29% 21%
Tabela 5.4 Resultado da quarta questão do pré-teste.
Questão 5: A quinta questão buscava verificar os conhecimentos do aluno
acerca da forma como o calor é propagado.
A análise da tabela 5.5 mostra que a turma 2A teve um percentual de
acerto parcialmente satisfatório, enquanto a turma 3A com 67% e a turma 2B
com 72% de acerto tiveram um índice satisfatório.
Resposta Turma
2A Turma
2B Turma
3A Total
Certa 59% 72% 67% 66%
Errada 41% 28% 33% 34%
Tabela 5.5 Resultado da quarta questão do pré-teste.
Questão 6: Nessa questão buscamos verificar se o aluno conseguia entender
o que acontecia com a variação da temperatura no equilíbrio térmico quando
se tem mais de dois corpos.
Conforme a tabela 5.6, verificamos que o conteúdo abordado nessa
questão não foi bem compreendido pelos alunos da turma 2A e 2B que
apresentaram um nível de acerto, muito insatisfatório (17%) e insatisfatório
(41%), respectivamente. Provavelmente, muito se deve ao fato de eles verem
inúmeros exemplos que trabalham com apenas dois corpos e com isso
apresentaram muita dificuldade para extrapolar em uma situação com três
corpos. Já a turma 3A por ser mais experiente, por ter visto mais exercícios
como esse, apresentou um percentual de acerto melhor (58%), atingindo um
nível parcialmente satisfatório de acerto.
58
Resposta Turma
2A Turma
2B Turma
3A Total
Certa 17% 41% 58% 42%
Errada 83% 59% 42% 58%
Tabela 5.6 Resultado da sexta questão do pré-teste.
Questão 7: Essa questão tinha por objetivo verificar se o aluno sabia o que
ocorria com a temperatura de uma substância quando a mesma encontra-se
em um processo de mudança de estado físico.
A tabela 5.7 nos mostra que as turmas do segundo ano, 2A e 2B,
tiveram um nível de acerto muito insatisfatório, sendo 17% e 28%,
respectivamente, enquanto a turma do terceiro ano 3A teve um nível
insatisfatório. Atribuímos esse resultado ao fato de os alunos confundirem a
transmissão de energia térmica por meio de calor sensível, quando há
mudança de temperatura sem mudança no estado físico, com a transmissão
por calor latente, quando não há mudança no estado físico sem ter alteração
na temperatura da substância.
Resposta Turma
2A Turma
2B Turma
3A Total
Certa 17% 28% 48% 34%
Errada 83% 72% 52% 66%
Tabela 5.7 Resultado da sétima questão do pré-teste.
Questão 8: Essa última questão visava verificar se o aluno tinha noção da
condição necessária para haver transferência de calor entre dois corpos.
De acordo com a tabela 5.8, as turmas 2A e 3A apresentaram um nível
de acerto satisfatório, com 66% e 71% de acertos, respectivamente. Já a
turma 2B foi ainda melhor apresentando um nível de acerto muito satisfatório
com 79% de acerto.
Resposta Turma
2A Turma
2B Turma
3A Total
Certa 66% 79% 71% 72%
Errada 34% 21% 29% 28%
Tabela 5.8 Resultado da oitava questão do pré-teste.
59
A tabela a seguir, 5.9, nos mostra o resultado da média dos acertos das
oitos questões do pré-teste, separado por turma.
Turma Média de acerto total
2A 56,5%
2B 67,2%
3A 66,1%
Tabela 5.9 Média de acerto por turma do pré-teste.
Ao compararmos os resultados da tabela 5.9 com os resultados das
avaliações regulares realizadas pela escola, verificamos que houve uma
evolução nos resultados.
A turma 2A que na avaliação regular da escola tinha atingindo 43% de
acerto, no pré-teste atingiu 56,5% o que lhe confere uma melhora percentual
de 31,4%. A turma 2B que tinha atingido 50% na avaliação regular da escola
conseguiu atingir 67,2% de acerto no pré-teste, o que representa uma evolução
de 34,4%. Por fim temos a turma 3A que na avaliação da escola obteve 47%
de acerto, no pré-teste alcançou 66,1%, o que nos mostra um crescimento de
40,6% que, aliás, foi o maior entre as três turmas.
5.3 Resultado do pós-teste
Nesse item iremos apresentar o resultado do pós-teste (apêndice 3),
que no nosso caso, foi realizado utilizando o aplicativo web, nosso produto
educacional.
Mostraremos o resultado separado pelas perguntas que compõem o
pós-teste e por turma, para termos uma visão mais individualizada do
resultado.
Questão 1: Esta primeira questão tinha como objetivo verificar se o aluno
conseguia distinguir quando um corpo recebe calor sensível, no caso a barra
de ferro, e quando recebe calor latente no caso do bloco de gelo.
O resultado da tabela 5.10 nos mostra que os alunos compreenderam
bem essa questão, e tanto individualmente como no total apresentaram um
60
nível de acerto muito satisfatório. Destacamos as turmas 2B que obteve 90%
de acerto e a turma 3A que obteve 94% de acerto.
Resposta Turma
2A Turma
2B Turma
3A Total
Certa 79% 90% 94% 89%
Errada 21% 10% 6% 11%
Tabela 5.10 Resultado da primeira questão do pós-teste.
Questão 2: Essa questão envolvia dois corpos com dimensões diferentes que
estavam isolados do meio externo e em equilíbrio térmico. O objetivo era
verificar se o aluno percebia que não haveria troca de calor entre os dois
corpos.
De acordo com a tabela 5.11 verificamos que as turmas do segundo ano
tiveram mais dificuldade nessa questão, sendo que a turma 2A teve um nível
de acerto parcialmente satisfatório (59%), enquanto a turma 2B teve um nível
de acerto satisfatório (69%). A turma do terceiro ano foi muito bem,
apresentando um nível de acerto muito satisfatório (85%).
Resposta Turma
2A Turma
2B Turma
3A Total
Certa 59% 69% 85% 74%
Errada 41% 31% 15% 26%
Tabela 5.11 Resultado da segunda questão do pós-teste.
Questão 3: Nessa questão, o interesse era verificar se o discente conseguia
relacionar a condução térmica com o uso de um material habitualmente
utilizado em dias frios.
Conforme a tabela 5.12 notamos que os alunos apresentaram uma
relativa dificuldade nessa questão.
A turma 2A teve um nível insatisfatório de acerto (41%), a turma 2B foi
um pouco melhor, com um nível parcialmente satisfatório de acerto (52%) e por
fim a turma 3A se saiu melhor, apresentando um nível satisfatório de acerto
(69%).
61
Resposta Turma
2A Turma
2B Turma
3A Total
Certa 41% 52% 69% 57%
Errada 59% 48% 31% 43%
Tabela 5.12 Resultado da terceira questão do pós-teste.
Acreditamos que nessa questão a dificuldade dos estudantes,
principalmente do segundo ano, deveu-se ao fato de eles terem a ideia de que
cobertor e edredom sirvam para esquentá-los e não para isolá-los do meio
externo, logo, boa parte dos alunos, acreditam que ao enrolar o gelo com o
cobertor, ele irá se derreter mais rápido.
Questão 4: A quarta questão envolvia dois corpos em contato com
temperaturas diferentes. Queríamos que o estudante identificasse o que iria
ocorrer e por quanto tempo.
Segundo a tabela 5.13, apuramos que essa questão foi bem assimilada
pelos alunos.
Tanto individualmente quanto no total, as turmas apresentaram um nível
muito satisfatório de acerto, sendo que a turma 2A obteve 83% de acerto, a
turma 2B 86% e a turma 3A 92%.
Resposta Turma
2A Turma
2B Turma
3A Total
Certa 83% 86% 92% 88%
Errada 17% 14% 8% 12%
Tabela 5.13 Resultado da quarta questão do pós-teste.
Questão 5: Essa questão abordava a troca de calor entre o corpo humano e a
atmosfera. O aluno tinha que fazer a relação com a sensação de frio que
sentimos.
O resultado da tabela 5.14 nos mostra que os discentes tiveram bom
entendimento dessa questão. As turmas do segundo ano, 2A e 2B,
apresentaram um nível de acerto satisfatório (ambas com 66%) e a turma 3A
teve um nível de acerto muito satisfatório (85%).
62
Resposta Turma
2A Turma
2B Turma
3A Total
Certa 66% 66% 85% 75%
Errada 34% 34% 15% 25%
Tabela 5.14 Resultado da quinta questão do pós-teste.
Questão 6: Na sexta questão retomamos o tema condução térmica para
confrontar com o resultado da terceira questão. Aqui versamos sobre a
utilização de cobertores em dias frios.
De acordo com a tabela 5.15 houve maior entendimento nessa questão
em comparação com a terceira questão. Confrontando os resultados temos que
a turma 2A tinha obtido 41% de acerto e dessa vez subiu para 59%, a turma 2B
tinha obtido 52% e passou para 72% e por fim a turma 3A tinha obtido 69% e
subiu para 88%.
Resposta Turma
2A Turma
2B Turma
3A Total
Certa 59% 72% 88% 75%
Errada 41% 28% 13% 25%
Tabela 5.15 Resultado da sexta questão do pós-teste.
Acreditamos que esse progresso seja em função da interação entre os
alunos no momento em que eles formaram grupos para debaterem as
questões. Consideramos esses momentos de debates muito valorosos e o
resultado dessa questão corrobora essa ideia.
Questão 7: Nessa questão estávamos interessados em saber se o aluno era
capaz de distinguir o tipo de transmissão de calor que ocorre ao se colocar a
mão sob um ferro elétrico quente.
Conforme a tabela 5.16 nos mostra, os alunos do segundo ano tiveram
muita dificuldade nessa questão. Tanto a turma 2A quanto a 2B apresentaram
um nível insatisfatório de acerto sendo a 2A de 38% e a 2B de 48%.
Resposta Turma
2A Turma
2B Turma
3A Total
Certa 38% 48% 63% 52%
Errada 62% 52% 38% 48%
Tabela 5.16 Resultado da sétima questão do pós-teste.
63
Presumimos que a dificuldade dos educandos nessa questão seja em
função da não familiaridade com a transmissão de calor por radiação;
diferentemente da condução térmica que é mais habitual para os mesmos.
Além disso, é possível que os alunos tenham confundido a palavra “sob” com a
“sobre”, fato esse que os levou a concluir que a resposta seria transmissão por
convecção.
Questão 8: A oitava questão envolvia troca de calor entre duas substâncias em
uma situação muito familiar aos alunos, que é quando se coloca gelo em um
recipiente com água. O intuito era verificar se ele sabia o sentido da
transferência de calor entre as duas substâncias.
Segundo a tabela 5.17, podemos verificar que os discentes
compreenderam bem esse tópico e tiveram um nível muito satisfatório de
acerto, sendo que a turma 2A teve 76%, a turma 2B 83% e por fim a turma 3A
obteve 98% de acerto.
Resposta Turma
2A Turma
2B Turma
3A Total
Certa 76% 83% 98% 88%
Errada 24% 17% 2% 12%
Tabela 5.17 Resultado da oitava questão do pós-teste.
Na tabela 5.18 expomos o resultado da média dos acertos das oitos
questões do pós-teste, separado por turma.
Turma Média de acerto total
2A 62,5%
2B 70,7%
3A 84,1%
Tabela 5.18 Média de acerto por turma do pós-teste.
Ao confrontarmos os resultados da tabela 5.18 com os resultados das
avaliações regulares realizadas pela escola e com os resultados do pré-teste,
percebemos que houve uma evolução nos resultados.
64
A turma 2A obteve na avaliação regular da escola 43% de acerto, no
pré-teste atingiu 56,5% e no pós-teste alcançou 62,5% de acerto. Esse
resultado é 45,3% superior à avaliação feita pela escola e 10,6% em relação ao
pós-teste.
Na turma 2B o percentual de acerto na avaliação regular da escola foi de
50%, no pré-teste o resultado foi de 67,2% de acerto e no pós-teste a turma
conseguiu 70,7% de acerto. Notamos com isso que houve uma evolução de
41,4% em relação à avaliação escolar e 5,2% em comparação ao pré-teste.
Por fim temos a turma 3A que na avaliação da escola obteve 47% de
acerto, no pré-teste alcançou 66,1% e no pós-teste obteve 84,1% de acerto.
Ao analisarmos os resultados verificamos que em relação à avaliação escolar
houve melhora de 78,9% e em comparação ao pré-teste a melhora foi de
27,2%.
Ao observarmos o resultado expressivo, no pós-teste, da turma do
terceiro ano, em relação às outras duas, temos que salientar que
diferentemente da turma 2A e 2B, os alunos da 3A responderam o pós-teste
em dupla em virtude do excesso de alunos dessa turma; fato esse que
comprometeria o bom funcionamento do aplicativo utilizado no pós-teste.
Apesar dos resultados acima indicarem que houve uma evolução nas
médias das turmas após a inserção da nossa metodologia, é necessário
verificar se essa evolução foi estatisticamente significativa. Para isso,
utilizamos o Teste t de Student (Callegari-Jacques, 2004) para dados
pareados, onde comparamos a média das notas da avaliação escolar, com a
média das notas do pós-teste.
Utilizamos um nível de significância (α) de 0,05 e em nosso teste de
hipóteses adotamos as seguintes hipóteses:
Hipótese nula ( H0) - A inserção da nossa metodologia não produz
efeito no pós-teste, ou seja, não há diferença estatisticamente
significativa entre as referidas médias.
Hipótese alternativa (H1) - A inserção da nossa metodologia
produz efeito no pós-teste, ou seja, há diferença estatisticamente
significativa entre as referidas médias.
65
Na tabela 5.19, 5.20 e 5.21 encontram-se os resultados desse teste para
cada turma, onde Nota 1 refere-se a avaliação regular da escola e Nota 3
refere-se a avaliação do pós-teste.
Turma 2A NOTA 1 NOTA 3
Média 43,3 62,5
Variância 58,3 331,1
Observações 30 30
Correlação de Pearson 0,02567426
Hipótese da diferença de média 0
GL 29
Stat t -5,3789306
P(T<=t) uni-caudal = P-valor do teste 0,0000044
t crítico uni-caudal 1,69912703
P(T<=t) bi-caudal = P-valor do teste 0,0000089
t crítico bi-caudal 2,04522964 Tabela 5.19 Resultado do Teste t da turma 2A.
Turma 2B NOTA 1 NOTA 3
Média 50,3 69,9
Variância 155,6 545,2
Observações 28 28
Correlação de Pearson 0,072835623
Hipótese da diferença de média 0
GL 27
Stat t -4,02171341
P(T<=t) uni-caudal = P-valor do teste 0,000208927
t crítico uni-caudal 1,703288446
P(T<=t) bi-caudal = P-valor do teste 0,000417855
t crítico bi-caudal 2,051830516 Tabela 5.20 Resultado do Teste t da turma 2B.
66
Turma 3A NOTA 1 NOTA 3
Média
45,5 84,1
Variância
107,1 211,8
Observações 48 48
Correlação de Pearson 0,128964209
Hipótese da diferença de média 0
GL 47
Stat t -15,99829363
P(T<=t) uni-caudal = P-valor do teste 6,02E-21
t crítico uni-caudal 1,677926722
P(T<=t) bi-caudal = P-valor do teste 1,20E-20
t crítico bi-caudal 2,011740514 Tabela 5.21 Resultado do Teste t da turma 3A.
Conforme podemos observar nas tabelas acima, os valores de
P(T<=t) bi-caudal é inferior a 0,05 ao nível de significância de 5%. Com
este dado podemos rejeitar a hipótese nula (H0), ou seja, temos
evidências suficientes para afirmar que há diferença estatística entre as
referidas médias, logo concluímos, que a inserção da nossa metodologia
produziu efeito significativamente positivo nas avaliações realizadas pelos
alunos.
5.4 Resultado do questionário de avaliação das atividades
Nesta parte vamos expor o resultado do questionário de avaliação
(apêndice 4) das atividades desenvolvidas em nosso trabalho.
Esse questionário foi composto por quatro perguntas discursivas no qual
o aluno tinha que expressar sua percepção acerca da metodologia na qual ele
foi exposto em nosso projeto.
Conforme mencionado no Capítulo 4, as respostas foram classificadas
como satisfatória, parcialmente satisfatória e insatisfatória.
Apresentaremos o resultado separado pelas perguntas que compõem o
questionário. Não faremos distinção de turmas, pois a avaliação foi feita sem
qualquer tipo de identificação.
67
Questão 1:
Figura 5.1 Gráfico da questão 1, representando o percentual de cada categoria de resposta.
Podemos observar, nos comentários abaixo que, de forma geral, os
alunos avaliaram como muito positiva a experiência de estudar os textos como
preparação para as aulas. Eles também perceberam que existe um grande
ganho na aprendizagem, pois na leitura já captaram previamente alguns
conceitos que seriam debatidos em sala de aula e já sabiam as suas principais
dúvidas.
Temos que destacar a importância da escolha do material de apoio, que
deve ser feita com muito critério, para que tenha uma linguagem acessível ao
nível de ensino e que o texto não seja muito extenso e cansativo.
Podemos verificar na figura 5.1, que embora a maioria dos alunos (96%)
pareça ter achado interessante a leitura do artigo para facilitar o entendimento
do conteúdo abordado, alguns alunos disseram o contrário, pois o assunto já
era do conhecimento deles.
Mostraremos algumas respostas dos alunos para exemplificar cada uma
das categorias usadas na avaliação do questionário.
72%
24%
4%
Satisfatória Parcialmente satisfatória Insatisfatória
Resposta
70
Questão 2:
Figura 5.2 Gráfico da questão 2, representado o percentual de cada categoria de resposta.
Verificamos que para a grande maioria dos alunos, essa atividade foi de
grande valia, pois como nós já tínhamos identificado em nossas aulas, muitos
alunos apresentam dificuldades na parte de interpretação de texto, fato que
dificulta bastante o entendimento dos conceitos físicos abordados em sala de
aula.
De acordo com o relato da professora de Redação Juliana Poleto, que
foi a responsável por ministrar a aula de interpretação do nosso texto de apoio:
“Os alunos se apresentaram muito motivados e todos participaram ativamente
e bastante empolgados com as discussões dos conceitos com os colegas”.
Acreditamos que parte da motivação dos alunos venha da percepção de
que o envolvimento em metodologias com um ensino contextualizado faz a
aprendizagem ser mais eficiente.
Apesar de a maior parte dos alunos (79%), conforme mostrado na figura
5.2, ter aprovado a atividade com a professora de Redação, 21% dos alunos
58% 21%
21%
Resposta
Satisfatória Parcialmente satisfatória Insatisfatória
71
acharam que essa atividade não contribuiu para que eles respondessem o
questionário de Física. Alguns por julgar a atividade confusa, outros por
considerar que se tirou o foco da Física, transferindo-o para a Redação.
Mesmo assim, esses alunos, consideraram que a tarefa tenha ajudado a
atender melhor o texto e, por conseguinte tenha ajudado a fazer a redação que
a professora solicitou sobre o nosso texto.
A seguir, apresentamos alguns exemplos representando as categorias
de respostas.
Categoria satisfatória:
74
Questão 3:
Figura 5.3 Gráfico da questão 3, representado o percentual de cada categoria de resposta.
Conforme mostrado na figura 5.3, podemos perceber que a maioria dos
alunos está de acordo com a inserção de novas tecnologias para facilitar a
aprendizagem de modo geral. Devemos creditar boa parte dessa anuência, ao
fato de os jovens utilizarem essas tecnologias em seu cotidiano, o que traz uma
naturalidade no manuseio dessas ferramentas. Além disso, eles julgaram que o
emprego dessas tecnologias contribuiu para atrair sua atenção e concentração.
Em particular, os alunos consideraram que a utilização do nosso aplicativo foi
uma forma divertida e diferente na aprendizagem do conteúdo.
Como ilustração, seguem algumas das opiniões desses alunos.
Categoria satisfatória:
98,3%
1,7%
Resposta
Satisfatória Parcialmente satisfatória
76
Categoria parcialmente satisfatória:
Questão 4:
Figura 5.4 Gráfico da questão 4, representado o percentual de cada categoria de resposta.
Como mostra a figura 5.4, de um modo geral, os alunos avaliaram nossa
metodologia de ensino-aprendizagem como uma experiência muito positiva.
89,7%
10,3%
Resposta
Satisfatória Parcialmente satisfatória
77
Eles destacaram que o trabalho em grupo torna a aula mais interessante e
motivadora uma vez que a troca de opiniões favorece o debate entre eles.
Outro ponto salientado pelos alunos é que a comunicação entre eles é
mais espontânea e isso torna as discussões mais fáceis e mais fluidas.
O ambiente descontraído, desenvolvido em nosso trabalho, também foi
um ponto positivo e mencionado na fala dos discentes, contrastando com o
clima das aulas tradicionais.
Por fim, os alunos mencionaram que a atmosfera criada em nosso
projeto favoreceu a troca de experiências entre eles e isso contribuiu para o
surgimento de novas amizades.
Abaixo algumas das respostas dos alunos para ilustrar.
Categoria satisfatória:
79
Categoria parcialmente satisfatória:
5.5 Relato de Aplicação do Produto Educacional pelo Prof. Fábio Barroso
Nesta seção apresentaremos um breve relato de aplicação do produto
pelo Prof. Fábio Barroso. Ele utilizou o manual do produto e o aplicou para uma
turma da terceira série. Acreditamos que a utilização de nosso produto por
outros professores ajuda a identificar possíveis equívocos e corrigi-los. Segue
abaixo o relato do professor Fábio Barroso.
De posse do manual de instalação, instalei o Virtual JVM sem nenhum problema seguindo o passo a passo descrito no manual. Essa instalação demorou pouco mais de 12 (doze) minutos. Após a conclusão da instalação do Java atualizado, continuei com o download do aplicativo Java WildFly, que durou pouco mais de 10 (dez) minutos para instalação do aplicativo. Seguindo o terceiro passo do manual, baixei os arquivos questionario e standalone em mais 5 (cinco) minutos e já estava com tudo pronto para testar o aplicativo. Com o produto educacional instalado, passei a fase de testes segundo o capítulo três da dissertação. O manual de aplicação foi muito útil e fez todos os comentários e alertas pertinentes à
80
aplicação em sala. Sua interface de uso é muito amistosa e intuitiva para a aplicação, o que facilitou a dinâmica da aula. A aplicação ocorreu no Colégio Santo Inácio para uma turma de 35 alunos da 3ª série do ensino médio. Os alunos já haviam trabalhado o conteúdo de temperatura e calor em bimestres anteriores, então utilizei o produto para fazer uma revisão do tema. Sem tecer nenhum comentário sobre o conteúdo, levei o grupo de alunos para o laboratório de informática da escola, onde os computadores já se encontravam com o aplicativo aberto e pedi que iniciassem a leitura da primeira questão e a respondessem, após aguardassem as instruções para prosseguirmos. O resultado após todos os alunos responderem ficou em 59% de respostas corretas. Informei que eles teriam três minutos para conversar em duplas ou trios sobre suas respostas e que teriam a oportunidade de responder novamente a pergunta, podendo alterar a resposta marcada anteriormente. Após a segunda aplicação da primeira pergunta o resultado ficou em 82%. Aplicado à segunda questão o resultado ficou em 72% e na terceira questão o resultado foi de 88%. Pude notar um aumento na interação dos alunos com o conteúdo, recebendo comentários positivos pela abordagem praticada nesta atividade de revisão. Os estudantes também elogiaram e questionaram o motivo de somente na primeira pergunta eu ter permitido que conversassem e alterassem a sua resposta, o que foi explicado por mim. Fiquei muito entusiasmado com o método proposto pelo Prof. Luís Otávio para dinamizar uma aula e o melhor que posso aplicar esse método para qualquer conteúdo que esteja trabalhando. A interação entre os alunos, se empenhando para discutir a questão e chegar à resposta correta foi o ponto alto da atividade.
Além de ter pedido a outro professor que aplicasse nosso produto,
também o utilizamos no ano seguinte com duas turmas do segundo ano do
Ensino Médio e, obtivemos resultados similares aos que constam neste
trabalho.
No próximo capítulo faremos algumas considerações finais acerca nosso
trabalho.
81
Capítulo 6
Considerações finais
Sabemos notoriamente que, de uma forma geral, o ensino no Brasil
passa por sérios problemas, muitas vezes por conta da ausência de recursos
físicos; outras vezes por despreparo dos profissionais da área de educação.
Sabemos também que o método de ensino tradicional, amplamente utilizado no
ensino de Física, tende a estimular no aluno uma participação passiva, com
pouca interação no processo de ensino-aprendizagem. Compete ao professor
buscar meios para superar tais problemas.
Uma alternativa para tentar melhorar essa conjuntura é a incorporação
de novas tecnologias no ensino de Física, por meio de recursos
computacionais, pois proporciona ganhos ao trabalho pedagógico por auxiliar
no entendimento dos fenômenos físicos e por despertar o interesse do
educando para inovações tecnológicas.
Um dos nossos objetivos específicos neste trabalho era justamente
avaliar, na perspectiva dos alunos, se o uso de novas tecnologias facilitaria a
aprendizagem para o ensino de Termometria e Energia Térmica. Verificamos
que esta é uma percepção compartilhada também pelos alunos. Conforme
apresentamos na análise dos resultados, 98,3% dos alunos responderam
afirmativamente a esta indagação, inclusive salientaram que “(...) vivemos uma
era que a tecnologia é uma forma de entreter e atrair a concentração dos
jovens”.
Verificamos que a implementação do método de ensino-aprendizagem
Ensino sob Medida para ensinar os conceitos de Temperatura e Calor gerou
bons resultados por meio da utilização do material previamente preparado e
disponibilizado aos alunos para leitura antes da aula. Temos que 96,0% dos
alunos acharam que ler o texto de apoio, anteriormente à aula, contribuiu para
que eles compreendessem melhor o conteúdo estudado. Inclusive, enfatizaram
que por meio da dinâmica puderam aprender de um modo mais fácil e
descontraído, uma vez que o texto mostrava exemplos vivenciados por eles em
seu cotidiano.
82
O método Instrução por Colegas no qual os alunos se reúnem em
grupos para discutir as questões apresentadas pelo professor, e assim
melhorar a aprendizagem, também teve grande destaque em nosso trabalho.
Vimos que 89,7% dos alunos consideraram interessante essa metodologia de
ensino-aprendizagem, inclusive mencionaram que “(...) é uma maneira de
aprender expressar seus conhecimentos e também uma forma de fazer novas
amizades e trocar experiências”. A forma como se explica um determinado
assunto também foi mencionado “(...) o que não ficou claro pra mim o colega
me ajudou, mas na nossa ‘linguagem’ de adolescente para adolescente (...)”.
Conforme reportamos no capítulo introdutório, um dos problemas que os
professores de Física encontram, no seu ato de lecionar, é a dificuldade que os
alunos apresentam na interpretação de textos. Como uma forma de tentar
amenizar esse problema, convidamos a professora de Redação do CCJ para
interpretar com os alunos o texto de apoio. Perguntados sobre o que eles
acharam dessa atividade, 79,0% dos alunos disseram que a aula de
interpretação do texto de apoio foi importante e os ajudou a responder o pré-
teste (aplicado posteriormente). Alguns relataram inclusive que “(...) muitos tem
dificuldade de interpretar, com ajuda da professora foi um pouco mas fácil”.
Por fim, nosso segundo objetivo específico era verificar se a utilização
da nossa metodologia de ensino, implementada neste trabalho, se refletiria em
uma evolução no desempenho dos alunos nas avaliações que eles fariam.
Como relatamos no capítulo 5 a turma 2A evoluiu de 43,0% de acerto (na
avaliação regular da escola), para 56,5% (no pré-teste) e finalmente 62,5% no
pós-teste. Esse resultado representa um aumento de 45,3% entre a primeira
avaliação e a última. A turma 2B evoluiu de 50,0% de acerto (na avaliação
regular da escola), para 67,2%(no pré-teste) e finalmente 70,7% no pós-teste,
indicando um acréscimo de 41,4% entre a primeira avaliação e a última. Já a
turma 3A evoluiu de 47,0% de acerto (na avaliação regular da escola), para
66,1%(no pré-teste) e finalmente 84,1% no pós-teste, apontando um
crescimento de 78,9% entre a primeira avaliação e a última. Conforme o teste
estatístico que realizamos, esta evolução nas médias dos alunos foi
estatisticamente significativa.
Ao final de todas as atividades que desenvolvemos neste trabalho e da
análise dos resultados apresentada no Capítulo 5, conseguimos perceber que
83
houve uma evolução conceitual por parte dos alunos. Acreditamos ainda que
eles ficaram mais motivados para as aulas e adquiriram maior autonomia no
que se refere à aprendizagem. Também podemos dizer que houve evidências
de aprendizagem significativa dos conceitos abordados.
Acreditamos que de alguma forma possamos ter contribuído para a
melhoria do ensino de Termometria e Energia Térmica, bem como para a
difusão do uso de novas tecnologias tanto nas instituições de ensino da rede
privada, quanto da rede pública.
84
Referências Bibliográficas Araujo, I. S.; Instrução pelos Colegas e Ensino sob Medida: Uma proposta para o engajamento dos alunos do processo de Ensino-Aprendizagem de Física. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, Florianopolis, v.30, n. 2 : p. 362-384, ago. 2013 Artuso, A. R.; Saavedra Filho, N.C., Física 2º ano. Brasília, Ed. Edebe, 2014. Brasil. Ministério da Educação, Secretaria de Educação Média e Tecnologia. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília. 2002 Callegari-Jacques, S. M. Bioestatísticos Princípios e Aplicações, São Paulo, Ed. Artmed, 2004. Cenne, A.H.H.; Tecnologias Computacionais como Recurso Complementar no Ensino de Física Térmica, Mestrado Profissional em Ensino de Física, Instituto de Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2007. Crouch, C. H.; Mazur, E. Peer Instruction: ten years of experience and results. American Journal of Physics, College Park, v. 69, n. 9, p. 970-977, Sept. 2001. Gaspar, A, Física 2, 2ª Edição, São Paulo, Ed. Ática, 2009. Gavrin, A.; Watt, J.X.; Marrs, K.; Blake, R.E. Just-in-Time Teaching: using the web to enhance classroom learning. Computers in Education Journal, Port Royal, v.14. p.51-60, 2004. Halliday, D.; Resnick, R.: Walker, J.; Fundamentos da Física, Vol. 2, 9ª Edição, Rio de Janeiro, Ed. LTC, 2012. Lasry. N.; Mazur, E.; Watkins. J. Peer Instruction: from Harvard to the two-year college. American Journal of Physics, College Park, v. 76. n. ll. p. 1066-1069, Nov. 2008. Mazur, E. Peer Instruction: a user’s manual. Upper Saddle River: Prentice Hall, 1997. Mazur, E.; Crouch, C.H.; Watkins, J.; Fagen, A. P.; Peer Instruction: Engaging students one-on-one, all at once, in Reviews in Physics Education Research, Ed. E.F. Redish and P. Cooney, pp. 1-1 (American Association of Physics Teachers, College Park, MD, 2007). Mees, A. A, Astronomia: Motivação para Ensino de Física na 8ª série. 132 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino de Física) – Instituto de Física, Universidade federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2004. Mendonça, F., Aquecimento global e saúde: uma perspectiva geográfica – notas introdutórias. Terra Livre, São Paulo, Ano 19 - vol. I - n. 20, jan/jul. 2003
85
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87
Apêndice 1 – Texto de apoio
Temperatura e calor são a mesma coisa?
Os termos calor e temperatura são muito utilizados no cotidiano, por
exemplo, ao ver um relógio-termômetro de rua, indicando uma temperatura alta
em um dia quente, muitas pessoas diriam que está muito calor nesse dia.
Normalmente, as pessoas entendem o objetivo do uso dos termos calor e
temperatura nesse contexto diário, quando eles estão sendo usados com um
sentido muito parecido. No entanto, a linguagem formal precisa ser mais
rigorosa em suas definições para não causar ambiguidades ou incoerências em
uma teoria. É o caso de calor e temperatura, que, no contexto da física,
possuem significados bem específicos e que não podem ser confundidos.
A temperatura expressa se algo está quente ou frio e, para isso, precisa
ser medida em uma escala. No Ensino Médio trabalhamos, basicamente, com
três escalas: Celsius, Fahrenheit e Kelvin. Microscopicamente, a temperatura
pode ser entendida como uma grandeza relacionada ao grau de agitação das
partículas - átomos e moléculas - que compõem a matéria. Quanto mais
agitadas estão essas partículas, maior é a temperatura, logo mais quente.
Vamos fazer uma analogia para você entender melhor. Pense na seguinte
situação, você tem que ir da sua casa para a escola, e para isso você tem
apenas duas possibilidades: ir andando ou ir correndo. Em qual das duas
situações você terá uma sensação de estar mais quente? Correndo, é claro!!!
Com relação à escala Kelvin, ela é conhecida também como escala absoluta,
pois o limite inferior da agitação das partículas chama-se zero absoluto. Não
há temperatura abaixo de zero Kelvin.
O calor, por sua vez, está relacionado a um processo de transferência de
energia. Ele é a energia em trânsito quando dois corpos apresentam diferentes
temperaturas. Assim, o corpo mais quente, naturalmente, transfere calor para o
corpo mais frio até que eles cheguem ao equilíbrio térmico, ou seja, a
temperatura final dos corpos seja igual. É o que acontece quando se coloca
gelo em um copo de refrigerante. Nesse caso, o refrigerante (temperatura mais
alta) passa calor para o gelo (temperatura mais baixa) e, por conseguinte, ele
88
esfria. Portanto, diferentemente da temperatura, não há como um corpo possuir
calor, calor é sempre o que esta sendo transferido, não “pertence” a um corpo,
por isso é errado dizer “estou com calor”.
Se levarmos ao fogo água na temperatura ambiente, logo verificaremos
que ela se aquece, isto é, sofre uma variação de temperatura. Se, entretanto,
fizermos o mesmo com um bloco de gelo a 0 ºC, verificaremos que ele se
derrete, isto é, muda de estado físico, mas sua temperatura não se modifica até
que todo o gelo se derreta. Portanto, quando um corpo recebe calor, este pode
produzir variação de temperatura ou mudança de estado. Quando o efeito
produzido é a variação de temperatura, dizemos que o corpo recebeu calor
sensível. Se o efeito se traduz pela mudança de estado, o calor recebido pelo
corpo é dito calor latente. Nos exemplos citados, a água líquida recebeu calor
sensível e o gelo recebeu calor latente.
Quando dois ou mais corpos recebem quantidades iguais de calor, a
variação de temperatura por eles sofrida é, em geral, diferente uma da outra.
Isso acontece devido a uma grandeza física chamada de capacidade térmica
dos corpos. Vamos fazer uma analogia para ficar mais claro esse conceito.
Imaginemos 2 recipientes como mostrado na figura a seguir. Ao colocarmos a
mesma quantidade de água nos recipientes, percebemos que o recipiente A
fica com nível mais baixo do que o recipiente B, porque A tem maior
capacidade (de armazenamento) do que B. De modo semelhante dizemos que
um corpo A tem maior capacidade térmica do que B quando, recebendo a
mesma quantidade de calor que B recebe sua temperatura variar menos.
Conclui-se que capacidade térmica e variação de temperatura são
inversamente proporcionais.
A B
89
Já sabemos que calor é a energia que se transfere de um corpo para
outro quando há diferença de temperatura entre eles. Vamos analisar os três
diferentes modos pelos quais essa transferência de calor pode ocorrer.
Imagine que você esteja fazendo um brigadeiro no fogão e que deixou
uma colher de metal dentro da panela. Algum tempo depois, você volta para
cozinha para mexer o doce. Ao tocar na colher, percebe que a colher está
muito quente. Esse tipo de transmissão de calor chama-se CONDUÇÃO
TÉRMICA e ocorre nos corpos sólidos. Materiais diferentes podem levar mais
ou menos tempo para conduzir o calor dependendo de uma grandeza física
chamada Condutibilidade Térmica. Por exemplo, para esquentar alimentos, no
menor tempo possível, é melhor usar panelas de metal do que vidro, pois, a
condutibilidade térmica do metal é bem maior do que a do vidro. Agora quando
se quer manter a temperatura de uma bebida, no maior tempo possível, é
melhor usar uma caixa de isopor do que de metal, justamente porque o isopor
tem condutibilidade térmica bem menor do que o metal. Os materiais maus
condutores são também conhecidos como isolantes térmicos, e sua função é
evitar que um corpo perca calor para o meio externo.
Você já notou que, normalmente, o ar condicionado nas casas fica mais
perto do teto do que do chão? E que enquanto o refrigerador fica na parte
inferior, o congelador fica na parte superior? Isso acontece porque o ar frio é
mais pesado do que o ar quente, e por essa razão ele desce, refrigerando o
ambiente (no caso da casa) ou os alimentos (no caso da geladeira). Esse tipo
de transmissão chama-se CONVECÇÃO e ocorre nos líquidos e nos gases. O
movimento de sobe e desce do ar frio e quente é chamado de corrente de
convecção.
Em um dia ensolarado seu pai deixa o carro dele ao ar livre, sem proteção
algum. Depois de algumas horas vocês voltam para o carro e, ao entrar,
sentem aquela onda quente. Esse tipo de transmissão de calor é chamado de
RADIAÇÃO. Nesse exemplo, a radiação que vem do Sol, por meio dos raios
infravermelhos, recebe o nome de radiação térmica. Um detalhe importante
sobre a radiação é o fato de ela ser a única forma de transmissão que pode
ocorrer no vácuo e é por isso que o Sol consegue esquentar a Terra.
90
Apêndice 2 – Pré-teste 1) Uma garrafa de vidro e uma lata de alumínio, cada uma contendo 330 mL de refrigerante, são mantidas em um refrigerador pelo mesmo longo período de tempo. Ao retirá-las do refrigerador com as mãos desprotegidas, tem-se a sensação de que a lata está mais fria que a garrafa. É correto afirmar que: a) a lata está realmente mais fria, pois a capacidade calorífica da garrafa é maior que a da lata. b) a lata está de fato menos fria que a garrafa, pois o vidro possui condutividade menor que o alumínio. c) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura, possuem a mesma condutividade térmica, e a sensação deve-se à diferença nos calores específicos. d) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura, e a sensação é devida ao fato de a condutividade térmica do alumínio ser maior que a do vidro. e) a garrafa e a lata estão à mesma temperatura, e a sensação é devida ao fato de a condutividade térmica do vidro ser maior que a do alumínio. 2) O célebre físico irlandês William Thomson, que ficou mundialmente conhecido pelo título de lorde Kelvin, entre tantos trabalhos que desenvolveu, “criou” a escala termométrica absoluta. Essa escala, conhecida por escala Kelvin, consequentemente não admite valores negativos, e, para tanto, estabeleceu como zero o estado de mínima energia molecular. Conceitualmente sua colocação é consistente, pois a temperatura de um corpo se refere à medida: a) da quantidade de movimento das moléculas do corpo. b) da quantidade de calor do corpo. c) da energia térmica associada ao corpo. d) da energia cinética das moléculas do corpo. e) do grau de agitação das moléculas do corpo.
Questionário sobre o texto: Temperatura e calor são a mesma coisa?
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3) Quando uma enfermeira coloca um termômetro clínico de mercúrio sob a língua de um paciente, por exemplo, ela sempre aguarda algum tempo antes de fazer a sua leitura. Esse intervalo de tempo é necessário: a) para que o termômetro entre em equilíbrio térmico com o corpo do paciente. b) para que o mercúrio, que é muito pesado, possa subir pelo tubo capilar. c) para que o mercúrio passe pelo estrangulamento do tubo capilar. d) devido à diferença entre os valores do calor específico do mercúrio e do corpo humano. e) porque o coeficiente de dilatação do vidro é diferente do coeficiente de dilatação do mercúrio. 4) Indique a proposição correta. a) Todo calor é medido pela temperatura, isto é, calor e temperatura são a mesma grandeza. b) Calor é uma forma de energia em trânsito e temperatura mede o grau de agitação das moléculas de um sistema. c) O calor nunca é função da temperatura. d) O calor só é função da temperatura quando o sistema sofre mudança em seu estado físico. e) A temperatura é a grandeza cuja unidade fornece a quantidade de calor de um sistema. 5) Usando o seus conhecimentos de transmissão de calor, analise as proposições e indique a que você acha correta. a) A condução térmica é a propagação do calor de uma região para outra com deslocamento do material aquecido. b) A convecção térmica é a propagação de calor que pode ocorrer em qualquer meio, inclusive no vácuo. c) A radiação térmica é a propagação de energia por meio de ondas eletromagnéticas e ocorre exclusivamente nos fluidos. d) A transmissão do calor, qualquer que seja o processo, sempre ocorre, naturalmente, de um ambiente de maior temperatura para outro de menor temperatura.
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e) As correntes ascendentes e descendentes na convecção térmica de um fluido são motivadas pela igualdade de suas densidades. 6) Num calorímetro ideal são colocados três corpos A, B e C a temperaturas iniciais diferentes. Após certo tempo, quando os corpos atingiram o equilíbrio térmico, verifica-se que as temperaturas de A e B aumentaram. Assim, podemos concluir que: a) a temperatura do corpo C também aumentou; b) o corpo C recebeu calor do corpo A e cedeu calor para o corpo B; c) o corpo C cedeu calor para o corpo A e recebeu calor do corpo B; d) o corpo C permanece com a mesma temperatura que tinha no início; e) a temperatura do corpo C diminuiu. 7) A temperatura durante a mudança de estado, para uma dada substância, a) é sempre maior que zero b) é sempre menor que zero c) varia conforme o estado de agregação da substância d) é sempre constante. e) varia independentemente do estado de agregação da substância 8) Quando dois corpos são postos em contato há transferência de calor entre eles até que atinjam o equilíbrio térmico. Isto ocorre desde que eles: a) estejam a temperaturas diferentes. b) tenham calor específico diferente. c) tenham a mesma capacidade térmica. d) tenham a mesma massa. e) estejam à mesma temperatura.
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Apêndice 3 – Pós-teste
1) Durante um experimento no laboratório de física, o professor colocou no fogo uma barra de ferro e mostrou aos alunos que o ferro se aqueceu, ou seja, sofreu uma elevação em sua temperatura. Em seguida, o professor fez o mesmo com um bloco de gelo a 0 °C e mostrou que o gelo derrete, isto é, transforma-se em líquido, mas sua temperatura não se modifica. Com esse experimento, o professor demonstrou que, quando um corpo recebe calor, este pode produzir variação de temperatura ou mudança de estado. Sobre esses efeitos, é CORRETO dizer que:
a) o ferro recebeu calor sensível e o gelo recebeu calor latente.
b) o ferro recebeu calor específico e o gelo recebeu calor sensível.
c) o ferro recebeu calor latente e o gelo recebeu calor latente.
d) o ferro recebeu calor sensível e o gelo recebeu calor sensível.
e) o ferro recebeu calor latente e o gelo recebeu calor específico.
2) Quando dois corpos de tamanhos diferentes estão em contato e em equilíbrio térmico, e ambos isolados do meio ambiente, pode-se afirmar que a) o corpo maior é o mais quente.
b) o corpo menor é o mais quente.
c) não há troca de calor entre os corpos.
d) o corpo maior cede calor para o corpo menor.
e) o corpo menor cede calor para o corpo maior.
3) Um grupo de amigos compra barras de gelo para um churrasco, num dia de calor. Como as barras chegam com algumas horas de antecedência, alguém sugere que sejam envolvidas num grosso cobertor para evitar que derretam demais. Essa sugestão:
a) é absurda, porque o cobertor vai aquecer o gelo, derretendo-o ainda mais
depressa.
b) é absurda, porque o cobertor facilita a troca de calor entre o ambiente e o
gelo, fazendo com que ele derreta ainda mais depressa.
c) é inócua, pois o cobertor não fornece nem absorve calor ao gelo, não
alterando a rapidez com que o gelo derrete.
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d) faz sentido, porque o cobertor facilita a troca de calor entre o ambiente e o
gelo, retardando o seu derretimento.
e) faz sentido, porque o cobertor dificulta a troca de calor entre o ambiente e o
gelo, retardando o seu derretimento.
4) Imagine dois corpos A e B com temperaturas TA e TB, sendo TA > TB. Quando colocamos esses corpos em contato térmico, podemos afirmar que ocorre o seguinte fato: a) Os corpos se repelem.
b) O calor flui do corpo A para o corpo B por tempo indeterminado.
c) O calor flui do corpo B para o corpo A por tempo indeterminado.
d) O calor flui de A para B até que ambos atinjam a mesma temperatura.
e) Não acontece nada.
5) A sensação de frio que nós sentimos resulta: a) do fato de nosso corpo precisar receber calor do meio exterior para não
sentirmos frio.
b) da perda de calor do nosso corpo para a atmosfera que está a uma
temperatura maior.
c) da perda de calor do nosso corpo para a atmosfera que está a uma
temperatura menor.
d) do fato de a friagem que vem da atmosfera afetar o nosso corpo.
e) da transferência de calor da atmosfera para o nosso corpo.
6) Numa noite muito fria, você ficou na sala assistindo à televisão. Após algum tempo, foi para a cama e deitou-se debaixo das cobertas (lençol, cobertor e edredom). Você nota que a cama está muito fria, apesar das cobertas, e só depois de algum tempo o local se torna aquecido. Isso ocorre porque: a) o cobertor e o edredom impedem a entrada do frio que se encontra no meio
externo;
b) o cobertor e o edredom possuem alta condutividade térmica;
c) o cobertor e o edredom possuem calor entre suas fibras, que, ao ser
liberado, aquece a cama;
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d) o cobertor e o edredom não são aquecedores, são isolantes térmicos, que
não deixam o calor liberado por seu corpo sair para o meio externo;
e) sendo o corpo humano um bom absorvedor de frio, após algum tempo não
há mais frio debaixo das cobertas.
7) Ao colocar a mão sob um ferro elétrico quente, sem tocar na sua superfície, sentimos uma “quentura”. Isso ocorre porque a transmissão de calor entre o ferro elétrico e a mão se deu principalmente através de: a) radiação.
b) condução.
c) convecção.
d) condução e convecção.
e) convecção e radiação.
8) Um copo de água está à temperatura ambiente de 30°C. Joana coloca cubos de gelo dentro da água.
A análise dessa situação permite afirmar que a temperatura da água irá diminuir por que
a) o gelo irá transferir frio para a água.
b) a água irá transferir calor para o gelo.
c) o gelo irá transferir frio para o meio ambiente.
d) a água irá transferir calor para o meio ambiente.
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Apêndice 4 – Avaliação do trabalho
Pesquisa de opinião
1) O que você achou do artigo que o professor passou, sobre Temperatura e Calor? Ler o artigo te ajudou a entender melhor esse conteúdo? 2) Você considera que a aula de interpretação do artigo, com a professora de redação, foi importante e te ajudou a responder o questionário que o professor de física aplicou? 3) Na sua opinião, o uso de novas tecnologias, como o aplicativo do professor de física, ajuda a motivar os alunos a aprender? Justifique sua resposta. 4) Para você, essa metodologia de ensino-apredizagem, na qual você e seus colegas discutem e debatem sobre o conteúdo trabalhado em sala de aula, é interessante ? Justifique sua resposta.