O urbanismo (Resumo)

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BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO ADRIANA SILVA ARAUJO RESUMO: O URBANISMO Feira de Santana 2016

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BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

ADRIANA SILVA ARAUJO

RESUMO: O URBANISMO

Feira de Santana

2016

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ADRIANA SILVA ARAUJO

RESUMO: O URBANISMO

Trabalho apresentado como requisito parcial para a avaliação da disciplina

Teoria e história da arquitetura e urbanismo II, 30. período, do Curso de

Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo da Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana (UNEF),

sob a orientação da Profa. Angela Clemente Bispo.

Feira de Santana

2016

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O urbanismo

O questionamento da sociedade acerca do urbanismo, por não possuir uma

forma prática, é feito a partir de filosofias políticas e sociais ou utopias, distinguindo-

se em dois modelos de cidade (modelo progressista e modelo culturalista) e assim

verificando o valor das construções e seu caráter reprodutivo.

Os representantes do modelo progressista Owner, Fourier, Cabet e

Proudhon têm a mesma concepção a respeito do homem e da razão. Eles vêem o

indivíduo humano como tipo, independentemente das contingências e diferenças de

lugar ou tempo. Então, o racionalismo, a técnica e a ciência passam a ser vistos

como soluções na relação do homem com o meio e entre si.

Partindo do ponto de vista do socialista Consideránt, deve-se observar que o

homem possui necessidades, gostos e inclinações inatas determinantes para o

estabelecimento do sistema de construção que melhor se apropria a sua natureza,

chegando a solução da beleza arquitetônica sem deixar de satisfazer desejos e

necessidades.

O espaço do modelo progressista é amplamente aberto, com vazios e verde

para o lazer, e higiene para combater a mortalidade; busca a funcionalidade

humana, com locais distintos para os trabalhos industrial, liberal e agrícola, por

exemplo; há preocupação com a impressão visual (arranjos simples, novos,

racionais, recusando a arte passada e ornamentos tradicionais) e existem

necessidades voltadas a materialidade.

O modelo progressista, era rígido e detalhado, sem variantes nem

adaptações, como no caso dos falanstérios de Fourier - que já deixava tudo

calculado e regulava o embelezamento. Apesar de buscar liberar existência

cotidiana de parte das taras e da servidão industrial, esse modelo foi tido como

repressor e limitador. A limitação mencionada se enquadra no âmbito político; o

representante Owner, por exemplo, considerava que o autoritarismo político gerava

rendimento máximo.

Já no modelo culturalista, o ponto de partida não é o indivíduo, mas o

agrupamento humano. Via-se o indivíduo como insubstituível na comunidade, por

ser original e muito particular. Com as indústrias, a unidade orgânica da cidade

desapareceu; autores como Ruskin e Morris criticaram essa nova civilização, opondo

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termos como orgânico e mecânico, qualidade e quantidade, participação e

indiferença, cultura e civilização.

Dentre as características deste modelo culturalista, têm-se: a origem

nostálgica (buscando reviver o passado na idéia de cultura, e não progresso),

necessidades espirituais, menos rigor (irregularidade e assimetria, sem ambigüidade

com a natureza, sem geometrismo), multiplicidade de pontos (descentralização),

estética (substituindo a higiene), construções diferentes (não há moradia igual, pois

os habitantes não são iguais), democracia e antiindustrialismo.

Este modelo é limitado, pois não é possível reviver o passado sem contar

com o imprevisível. Contudo, a cidade é um objeto reprodutível que sai do tempo

concreto para o utópico.

O pré-urbanismo tem uma origem crítica e uma fé ingênua no

imaginário; tratava do tema de uma forma mais generalizada, contando com

profissionais de diversas áreas como história, política e economia. Em contrapartida,

o urbanismo passa a ser uma obra de especialistas - principalmente arquitetos- e

tem um caráter despolitizado.

Somente após a guerra de 1914 e a solicitação do progresso técnico das

pesquisas plásticas, foi expressa uma nova versão do modelo progressista, que

encontra seu órgão de difusão chamado “C.IA.M.” em 1928, com a Carta de Atenas.

A era industrial representou uma ruptura histórica radical, mas o interesse

socioeconômico deu lugar para a técnica e a estética. Visto que a cidade do século

XX não se adequava à época, houve necessidade de uma Revolução Industrial, que

contou com a mecanização e estandardização da indústria, e com a implementação

de materiais novos : aço e concreto.

Em 1920, Le Corbusier e Ozenfant adotaram o “purismo”. Eles criaram

nova relação com o objeto e uma concepção racional da beleza através de formas

universais e propostas cubistas. A união da indústria com a arte demonstra o cenário

universal, em que o homem- tipo é igual em todas as latitudes e culturas.

Na Carta de Atenas foram analisadas algumas das necessidades do

homem-tipo para determinar sua localização ideal, dentre elas: habitação, trabalho,

locomoção e cultivo do corpo e do espírito. Esta Carta propunha que cada indivíduo

tivesse acesso às alegrias fundamentais, ao bem-estar do lar e à beleza da cidade.

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É importante ressaltar que na prática, o pré-urbanismo não obteve

realizações significativas nem concretas, pois se desestruturaram rapidamente:

houveram limitações, repressões e uma não-realidade sócio econômica.

O plano progressista não está ligado à limitação cultural, mas busca

expressar a liberdade da razão a serviço da eficácia e da estética. A eficácia está

relacionada à saúde e a higiene, a cultura do corpo, a helioterapia (tratamento

médico que utiliza a luz solar) ao estudo da fisiologia, a medicina; e a estética se

refere -no meio urbano- a abolição da rua, construções elevadas, mais áreas verdes

(cidade-jardim). Os urbanistas progressistas também separaram zonas de trabalho e

habitação, centros cívicos e lazer, entre outras categorias.

Neste novo modelo progressista, é importante ressaltar a rejeição

sentimental ao legado estilístico do passado. A composição era fragmentada, com

centro de visões múltiplo (cubismo sintético); a geometria remetia ao belo e

verdadeiro, a arte era regida por uma lógica matemática (ortogonismo).

A invenção do concreto armado e o elevador foram fatores propícios para a

acentuação da verticalidade. O futurismo se mostrava cada vez mais através da

mecanização, padronização, rigor e geometrismo. As aglomerações progressistas

são locais de limitação.

Já a nova versão do modelo culturalista, contava com Camilo Sitte, Howard

e Unwin (não havia representante na França). Priorizava-se mais a totalidade que as

partes, mais a cultura que a materialidade. Os limites eram precisos e havia um

sentimento de nostalgia.

A individualidade é uma marca desse novo modelo: cada cidade ocupa um

espaço de modo particular e diferenciado; a população deve se equilibrar nas

diferentes classes etárias e setores do trabalho, segundo Howard. O representante

Camilo Sitte valorizava a particularidade e a variedade; analisava as cidades do

passado, recortando a continuidade de edifícios.

Dentre as características culturalistas: rejeição da simetria, preocupação

com o conforto e tranqüilidade existencial do usuário, intensificação e multiplicação

de relações, espaço imprevisível e diverso. A questão do transporte público e da

circulação se torna incompatível com o desenvolvimento econômico moderno. Há

vontade em recriar o passado, valorizando-o como se este fosse reversível e criando

rituais de condutas antigas que, por estarem inadaptadas, se perdem do real e

levam a um comportamento mágico e compulsivo.

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Por fim, o modelo naturalista aparece no século XX como um antiurbanismo

americano recheado de utopia. A cidade industrial era acusada de alienar o

indivíduo; consideravam que somente o contato com a natureza permitia um

desenvolvimento da pessoa como totalidade.

Frank Lloyd Wright, por exemplo, considera a natureza como um meio

contínuo com funções urbanas isoladas e dispersas. Ele busca até preservar a

natureza em acidentes. Enfim, este modelo recusa limitação e vê a arquitetura como

o resultado da topografia, ou seja, a arquitetura é subordinada a natureza.

CHOAY, Françoise. O urbanismo: utopias e realidades, uma antologia.

Tradução: Dafne Nascimento Rodrigo. 7. ed. São Paulo: Perspectiva, 2013.