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A11 Tiragem: 100000 País: Portugal Period.: Semanal Âmbito: Interesse Geral Pág: 4 Cores: Cor Área: 18,00 x 25,30 cm² Corte: 1 de 1 ID: 67831458 19-01-2017 o Director Rui Hortelão o A entrevista a António Tomás Correia decorreu no seu gabinete de trabalho. mas depois teve de ser actualizada mais duas vezes devido a notícias relacionadas com o Montepio o Uma colecçao com o melhor da Filosofia A SÁBADO oferece- -lhe no próximo dia 2 de Fevereiro o primeiro de 40 livros da Colecçao Descobrir a Filosofia, que reúne o pensa- mento dos grandes filósofos. Nao perca e reserve lál Do director o Tomás Correia por ele próprio A ntónio Tomás Correia e a mar- ca Montepio estão há. meses sob fogo intenso. As guerras inter- nas, as transformações exigidas pela su- pervisão e, sobretudo, os rumores sobre a condição do banco são assuntos que não têm dado descanso à instituição. O presidente da Associação Mu tualista Montepio, e até 2015 também líder do banco, tem enfrentado tudo de forma discreta, mas em Dezembro decidiu. fi- nalmente. quebrar um loz=le ; : r;cio, numa grande entrevista à . Foram mais de três horas de conver- sa, na qual Tomás Correia mostrou es- tar em boa forma — nas respostas que foi dando às perguntas mais incómodas e nas análises clínicas que fizera dias antes e que atestavam uma saúde inve- jável para quem leva 'Ti anos de uma vida que nasceu nos antípodas de ban- queiro: começou a trabalhar no campo logo que concluiu a quarta classe, ainda adolescente foi bate-chapas e formou- -se g adulto, à noite. Na cidade, não foi o trabalho que lhe deu problemas, foi a comida. Quando era empregado da desaparecida UTIC — União de Transportadores para im- portação e Comércio, em Cabo Ruivo, Tomás Correia nunca almoçava os pra- tos do dia porque o sabor era horrível. Durante mais de um ano, pelos mes- mos 2,50 escudos, almoçou todos os dias o prato alternativo: ovos estrelados com batatas fritas. Origens humildes, que de certo contribuem para o enorme entusiasmo com que fala do projecto das residências para estudantes nacio- nais em condições privilegiadas ou o orgulho do trabalho feito pelo Montepio na área dos cuidados continuados. Além do multo que havia para escla- recer e comentar, a pertinénda da en- trevista foi reforçada nas semanas se- guintes, com a revelação de novas in- vestigações envolvendo o Montepio e Tomás Correia. Primeiro por telefone e depois por amai!. o presidente daquela que é uma das mais antigas instituições bancárias de Portugal e da Europa acei- tou respondera todas as perguntas que se impunham após as novas notícias. Para ler nas págs. 30 a 37. o Uma parceria de nível mundial A SÁBADO é a parceira de media das Conferências do Estoril (CF7017). um fórum internacional dedicado aos de- safios globais e às respostas locais. A quinta edição. que decorrerá entre 29 e 31 de Maio. conta com o Alto Patrocínio do Presidente da República e será dedi- cado ao tema das migrações globais. Estão lá confirmadas as presenças de Oliver Stone, Edward Snowden (por ví- deo-conferência). os Juízes Baltazar Garzón. Sérgio Moro e Carlos Alexan- dre. além de outras personalidades de renome mundial, como Nigei Farage. Demetrios Papademetriou. Susan Mar- fin e Lora Pappa entre outras. Durante os próximos meses, poderá acompanhar muitos exdusivos nas edi- ções papel e digital da SÁBADO. Saiba mais, na pág. 12 e no artigo da directora das CE2017, Teresa Violante, pág. 52.0 BASTIDORES Nasceu nos antípodas de banqueiro e durante mais de um ano, almoçou todos os dias ovos estrelados com batatas fritas. Chegou a presidente de um banco e quebra nesta edição um longo sliêndo para falar de todas as polémicas à volta do universo Montepio o José Maria Talion em sua casa, ã conversa com o Jornalista da SÁBA- DO, Marco Alves Página 11

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o

Director Rui Hortelão

o A entrevista a António Tomás Correia decorreu no seu gabinete de trabalho. mas depois teve de ser actualizada mais duas vezes devido a notícias relacionadas com o Montepio

o

Uma colecçao com o melhor da Filosofia A SÁBADO oferece--lhe no próximo dia 2 de Fevereiro o primeiro de 40 livros da Colecçao Descobrir a Filosofia, que reúne o pensa-mento dos grandes filósofos. Nao perca e reserve lál

Do director

o Tomás Correia por ele próprio

António Tomás Correia e a mar-ca Montepio estão há. meses sob fogo intenso. As guerras inter-

nas, as transformações exigidas pela su-pervisão e, sobretudo, os rumores sobre a condição do banco são assuntos que não têm dado descanso à instituição. O presidente da Associação Mu tualista Montepio, e até 2015 também líder do banco, tem enfrentado tudo de forma discreta, mas em Dezembro decidiu. fi-nalmente. quebrar um loz=le;

:r;cio,

numa grande entrevista à . Foram mais de três horas de conver-

sa, na qual Tomás Correia mostrou es-tar em boa forma — nas respostas que foi dando às perguntas mais incómodas e nas análises clínicas que fizera dias antes e que atestavam uma saúde inve-jável para quem leva 'Ti anos de uma vida que nasceu nos antípodas de ban-queiro: começou a trabalhar no campo logo que concluiu a quarta classe, ainda adolescente foi bate-chapas e formou--se g adulto, à noite.

Na cidade, não foi o trabalho que lhe deu problemas, foi a comida. Quando era empregado da desaparecida UTIC — União de Transportadores para im-portação e Comércio, em Cabo Ruivo, Tomás Correia nunca almoçava os pra-tos do dia porque o sabor era horrível. Durante mais de um ano, pelos mes-mos 2,50 escudos, almoçou todos os

dias o prato alternativo: ovos estrelados com batatas fritas. Origens humildes, que de certo contribuem para o enorme entusiasmo com que fala do projecto das residências para estudantes nacio-nais em condições privilegiadas ou o orgulho do trabalho feito pelo Montepio na área dos cuidados continuados.

Além do multo que havia para escla-recer e comentar, a pertinénda da en-trevista foi reforçada nas semanas se-guintes, com a revelação de novas in-vestigações envolvendo o Montepio e Tomás Correia. Primeiro por telefone e depois por amai!. o presidente daquela que é uma das mais antigas instituições bancárias de Portugal e da Europa acei-tou respondera todas as perguntas que se impunham após as novas notícias. Para ler nas págs. 30 a 37.

o Uma parceria de nível mundial A SÁBADO é a parceira de media das Conferências do Estoril (CF7017). um fórum internacional dedicado aos de-safios globais e às respostas locais. A quinta edição. que decorrerá entre 29 e 31 de Maio. conta com o Alto Patrocínio do Presidente da República e será dedi-cado ao tema das migrações globais.

Estão lá confirmadas as presenças de Oliver Stone, Edward Snowden (por ví-deo-conferência). os Juízes Baltazar Garzón. Sérgio Moro e Carlos Alexan-dre. além de outras personalidades de renome mundial, como Nigei Farage. Demetrios Papademetriou. Susan Mar-fin e Lora Pappa entre outras.

Durante os próximos meses, poderá acompanhar muitos exdusivos nas edi-ções papel e digital da SÁBADO. Saiba mais, na pág. 12 e no artigo da directora das CE2017, Teresa Violante, pág. 52.0

BASTIDORES Nasceu nos antípodas de banqueiro e durante mais de um ano, almoçou todos os dias ovos estrelados com batatas fritas. Chegou a presidente de um banco e quebra nesta edição um longo sliêndo para falar de todas as polémicas à volta do universo Montepio

o José Maria Talion

em sua casa, ã conversa com o

Jornalista da SÁBA-DO, Marco Alves

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CR

o Tomas Correia. 71 anos. fotografado para a SÁBADO uma hora antes da assembleia- •geral de dia 22 de Dezembro na varanda do seu gabinete. na Rua do Ouro. em Lisboa

e

EXCLUSIVO. TOMAS CORREIA QUEBRA O SILÊNCIO E REAGE A ATAQUES A INSTITUIÇÃO 7 ft 11/4

"SE O MONTEPIO TIVESSE PÉS DE BARRO NÃO RESISTIA DOIS ANOS" Envolvido em várias polémicas, o gestor recusa ser comparado a Ricardo Salgado, admite ter um projecto para ficar com o Novo Banco e diz que o seu salário mensal — 30 mil euros — é justo. Aos opositores que querem impugnar a sua eleição não reconhece "qualquer competência". Por AnaTaborda e Rui Hortelão

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Na primeira vez que falou com a SÁ-

BADO, ainda em Dezembro, Tomás

Correia lá era um homem envolto em

polémica. acusado de querer mandar

na Associação Mutualista (AM) — em que de facto manda. porque é o pre-

sidente — e na Caixa Económica

Montepio Geral, o banco da AM, que também liderou,

durante oito anos, até 2015. Neste período, diria uma se-

mana depois o Banco de Portugal, não terá introduzido

atempadamente procedimentos que prevenissem práti-

cas financeiras ilícitas, como o branqueamento de capi-

tais; os seus opositores nas eleições para a liderança da

AM, que venceu com 60% dos votos, querem impugnar e

repetir o acto eleitoral que o fez presidente; as contas

consolidadas de 2015, dizem ainda alguns deles, nunca

chegaram a ser apresentadas: e o seu salário — 30 mil

euros mensais — é considerado um excesso. Outros sete

dias mais tarde haveria nova polémica e o gestor que foi

o rosto do banco mais antigo do País voltaria a responder

á SÁBADO. Desta vez sobre um financiamento de 74 mi-

lhões de euros concedido por Montepio e BES a um fun-

do detido por José Guilherme, o construtor civil de quem

Ricardo Salgado terá recebido uma "prenda" de 19 mi-

lhões. Tomás Correia defende-se de muitas acusações,

diz que o sigilo o impede de comentar outras, e a quem

há muito prevê uma crise grave no banco responde as-

sim: "Uma instituição com pés de barro não resistia dois

anos neste ambiente de dúvida." Problemas que não o

impedem de continuar activo na transformação do negó-

cio da AM, sela a disponibilizar serviços em smartphones,

a criar residências para estudantes ou a perseguir a meta

de 1 milhão de associados.

Pedro Santana Lopes cliçse em entrevista à SÁBADO que a Santa Casa da Misericórdia ponderou partici-par na corrida ao Novo Banco com o Montepio. Admito que o Novo Banco (NB) se venda e que esse pro-

blema não se venha a colocar. Agora. imaginando que

esse processo não conduz a um resultado que o País pre-

tenda, há que ponderar outra solução. Precisamos de um

banco da economia social forte, actuante, bem capitali-

zado. numa lógica de proximidade, que vá ao encontro

das necessidades de desenvolvimento do Pais. que alude

à criação e ao desenvolvimento de empresas. que dé su-

porte às instituições da economia social, às misericórdias

e IPSS. mas sobretudo ao movimento corporativo.

Este projecto para o Novo Banco foi ideia sua? Não. Defendo há muito tempo a ideia de termos um ban-

co de economia social forte. É uma coisa que discuto com

algumas pessoas e lá conversei muito sobre isso com o dr.

Pedro Santana Lopes. Se não houver solução, uma das hi-

póteses que se deve ponderar é se o NB não poderá servir

de base para uma instituição desta natureza.

Foram conversas preliminares ou foram além disso? Foram conversas preliminares. Sabe se há, do ponto de vista do Governo, sensibilida-de ou partilha dessa visão? Não, não falámos sobre isso com o Governo. O

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71 anos em frases Nasceu numa

aldeia onde nem havia rádio. veio para Lisboa aos

14 anos. sozinho. e estudou Direito porque era mais fácil de conciliar como emprego de então, bate-

-chapas. Tem 50 anos de banca. 15 de Montepio

'Nasci numa aldeia do

concelho de Pedrogao

Grande, numa familia muito modesta. Os meus pais

trabalhavam no campo, na

lezíria. Eu próprio fiz

a minha vida de 'ratinho-

"0 Bantffoi comprado

por um preço aviltado.

Chegámos a ser chamados a apresentar

uma proposta"

o O gestor é multo critico em relação à compra do Novo Banco por entidades internacionais

o Tem a sua assina-tura num crédito em investigação Judicial? Não comenta o caso

O Foi multo crítico relativamente à proposta do chi-nês Minsheng para comprar o Novo Banco. Qualquer dia não temos instituições nacionais. Se o NB for adquirido por algum dos candidatos na corrida IMInsheng, Lone Star e ApolloiCenterbridgel, todo o sis-tema financeiro em Portugal, com excepção da Caixa Ge-ral de Depósitos (CGD), Montepio e Crédito Agrícola. será dominado por capitais estrangeiros. Há meia dúzia de anos. o capital português tinha 85% da quota do mercado segurador. Hoje, as únicas companhias de capital nacio-nal são a do Crédito Agrícola e a Lusitânia, do Montepio. Passámos de 85% para 7% de quota e alienámos mais de 100 anos de acumulação de saber. Recebemos 1.500 mi-lhões de euros pelas vendas, com exagero 2 mil milhões, mas a liquidez que saiu e que estava aplicada em activos portugueses. é de umas boas dezenas de milhões. Não concordo com este processo de alienação sistemática. Por este caminho, vamos continuar a empobrecer. Mas há alternativas? Há sempre alternativas. Disse que o Montepio nunca será o BES ou o Banif. Não, nunca foi. Tem sido pressionado como provável próxima vitima. Andamos desde 2014 nessa festa Uma instituição com pés de barro não resistia dois anos nesse ambiente de dúvida. O Montepio tem tido capacidade de resistir. Acha que tem havido um aproveitamento do caso BES, da instabilidade do sistema financeiro e da crise internacional para lesar os interesses nacionais? Para fragilizar os interesses nacionais e para comprar ba-rato coisas que valem bastante dinheiro. O Banif foi com-prado por um preço aviltado. Tem acontecido sistematicamente nos processos de venda. O BPN foi igualmente comprado por um preço aviltado. Foi chamado a fazer uma proposta para o Banif? Chegámos a ser abordados. mas o nosso modelo interno não era compatível com o tempo necessário. De outro modo, estaríamos disponíveis para olhar e para tomar uma decisão positiva relativamente à operação. A Procuradoria-Geral da República confirmou haver suspeitas de "práticas de crimes de burla qualificada, abuso de confiança, branqueamento, fraude fiscal e. eventualmente, corrupção" num empréstimo conce-dido a um fundo para a compra de um terreno. Um fundo que, segundo o Expresso, pertence a José Gui-lherme e terá recebido um financiamento de 74 mi-lhões de euros. Conhece José Guilherme? A sua assi-natura está neste crédito? Por dever de sigilo, neste caso bancaria não posso fazer qualquer comentário. Confirma que é, como noticiou o Expresso, um dos dois arguidos deste processo — o outro será José Silvério, empresário da Amadora? Também por razões que se prendem com o dever de sigilo, não há comentários a fazer a respeito deste tema Ainda assim, digo que estou absolutamente tranquilo. Conhece este empresário? Não. Pode passar por mim na rua que não faço ideia de

quem seja o senhor. O financiamento é do seu tempo de presidente? Não sei. Mas tenho uma certeza: os procedimentos nessas matérias sempre foram muito rigorosos, não acredito que haja algo que ponha em causa pessoas ou a instituição. O BdP já tinha deduzido acusações contra a Caixa Económica, contra si e contra o ex-administrador Al-meida Serra, por não terem introduzido atempada-mente procedimentos necessários ao controlo de

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o Tomas Correia admie

que ficou surpreendice com a queda do BE' -Náo imaginava qu

aquilo pudesse acontecer

movimentos financeiros Ilidtos. Essa acusação não tem o mínimo fundamento. Não tenho o mínimo de preocupação com essa matéria. incomoda-me como é que uma coisa dessas é lançada. mas não me incomoda como pode terminar, tenho a certeza de que terá um desfecho completamente limpo. Já entregou a sua defesa? Com certeza. Houve algum procedimento que tivesse alterado em virtude deste processo? Não. Mas o controlo interno numa instituição financeira é um trabalho permanente, estamos sempre a ajustar as nossas práticas às necessidades dos novos tempos. Em Novembro soube-se que a Caixa Económica pedira o estatuto de empresa em reestruturação, aiegadamente à revelia da Associação Mutualis-ta. É verdade? A Associação Mutualista nunca foi ouvida nessa matéria. O presidente-executivo do conselho de administração [losé Félix Morgado] velo dar explicações ao conselho--geral da AM, dizendo que a única coisa que solicitou foi a possibilidade de o número de pessoas com acesso ao fundo de desemprego [no caso de rescisões amigáveis] ultrapassar o que a lei prevê para a dimensão da Caixa Económica. Não soube desse pedido pelo presidente do banco? Não. E devia ter sido informado? Acho que sim. Foi presidente de ambas as instituições — Associação Mutuallsta e Caixa Económica — por oito anos, tal como Ricardo Salgado liderou o BES e o GES. Eugénio Rosa, seu opositor nas últimas eleições, apelidou-o de Dono de Todo o Montepio, António Godinho, outro candidato, disse que não queria um Dono Disto Tudo. Tenho a consciência perfeitamente limpa. Não sou dono disto tudo nem de coisa nenhuma. a não ser daquilo que fui acumulando ou poupando ao longo da vida uma vida

o "Ao lodo

Proença não reconheço nenhuma

capacidade para gerir

Uma Instituição

financeira"

'Comecei a trabalhar em plantações de

arroz na ceda de trigo e na apanha

da azeitona quando acabei

a zla classe. aos 10 anos'

'Na minha terra não havia rádio.

para saber noticias tinha que

ir à sede de concelho, a três

quilómetros. la a pé. claro'

o "A minha lista teve mais de

60% da votação. Não é a primeira

vez que tentam

impugnar as eleições"

de trabalho, muito comedida nos gastos e no consumo. A minha Ilsta, e ao todo estamos a falar de 23 pessoas, teve mais de 60% da votação. a segunda lista teve 20%. Reconhece competência aos outros candidatos? Nenhuma. De fulanos condenados em processos-crime... Tem aparecido tudo. É só Ir ver os currículos. Nomes como António Godinho, Bagão Sabe quem foi o António Godinho? Foi administrativo de um balcão no Montepio. De repente. aparece empresário do Norte. Não sei que ralo de competência ele tem. Bagão Félix, ex-ministro, quis impugnar as eleições. O dr. Bagão Félix é responsável pelas suas coisas. Há uma coisa só que não percebo. Em Maio, almoçou aqui comigo e eu disse-lhe se estiver interessado em entrar numa lista para os órgãos sociais, por favor, diga-me. Para mim, tanto poderia vir para a Caixa Económica como para a Associação Mutualista. Não percebi porque é que depois apareceu como [candidato al presidente do Conselho Fiscal [por outra lista). Ele lá sabe. Estava previsto começar quarta-feira, dia 18, o julgamento da acção de impugnação das eleições, depois de algumas destas pessoas terem apresen-tado uma queixa-crime com várias acusações: não haver caderno eleitoral; não terem sido fornecidos contactos dos eleitores a todos os candidatos; a sua lista estar mais representada na comissão eleitoral e ter utilizado meios do Montepio; não terem con-seguido verificar as assinaturas dos votos por cor-respondência (95% do total). Houve outros pedidos de impugnação ao acto eleitoral, não é a primeira vez [que isto acontece], as listas derrota-das tendem a desenvolver processos orientados à im-pugnação. Não temos qualquer dúvida de que acontece-rá o mesmo que nas situações anteriores. Confirmar-se-á a ausência de razão e o motivo para impugnação. Eugénio Rosa disse ter-se sentido ameaçado por si, chegou a falar numa ameaça de processo. Só se for com os fantasmas dele. Deve ter fantasmas na cabecinha e devem ameaçá-lo. Ameaçado em quê? O dr. Eugenio Rosa, por aquilo que escreve e diz, já violou todas as regras internas para participar numa associação, seja ela qual for. A actuação dele é um ataque perma-nente à reputação da Instituição camuflando o ataque à instituição com ataques pessoais a mim próprio. Não ligo. ligar era reconhecer-lhe capacidade, idoneidade. sentido de responsabilidade, que efectivamente não tem. João Proença lex-líder da UGTI era outro candidato. Ao João Proença não reconheço qualquer capacidade para gerir uma instituição de cariz financeiro. Com o que sabe hoje. o que pensa dos 341 milhões de euros que pagou pelo Finibanco, quando fez a OPA? Foi antes desta crise, não é? Estamos a falar de algo que se fez em 2010 como propósito de diversificar a activi-dade do Montepio, que estava multo concentrado no ne-gócio do imobiliário. O Finibanco era multo complemen-tar. não tinha praticamente imobiliário, era um pequeno banco, é certo, mas que se dedicava ao negócio de mi-croempresas e PMEs. Tinha uma presença mais forte a norte e muito débil a sul. exactamente o contrário do O

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-

O A entrevista da

SÁBADO decor reit no gabinete

cie Tomás Correia. que fez questa°

de arrumar a secretaria 1111

primeiro

O Montepio. A nossa rede de empresas foi criada com base na actividade do Finibanco e foi tão bem-sucedida que o Montepio chegou a ser o 4u banco no apoio às empresas. Essa é outra crítica que lhe fazem, ter transformado o Montepio numa rede de empresas. A ignorância é muito atrevida O Montepio. quando veio a crise e com a entrada da troika, se estivesse apenas en-volvido no negócio imobiliário, não sei se teria resistido. Quem não quer perceber isto, actuou de má-fé. É fácil dizer: eles nos bancos fizeram uns disparates. Nós uns disparates fazemos sempre, venha cá o primeiro a dizer que faz tudo certinho. Mas ninguém consegue antecipar um quadro de crise como o que vivemos. Está tudo mal e as pessoas dos bancos tém que estar todas bem? E se não estão bem é porque há por aí uns rapazes e umas rapari-gas que não fizeram o seu trabalho? A crise económica afectou o sector financeiro na Europa toda. O que podia ter sido feito? O mesmo que nos anos 70, quando criámos a Finangeste e a Credivalor. Sabem o que era isso? Com frases moder-nas, o banco mau. A Finangeste recebeu créditos maus. pagou a toda a gente e foi vendida por um preço fantásti-co. Porque não fizemos isso? Os espanhóis fizeram. Está a ponderar-se fazer um banco mau agora. Com um atraso de quatro. cinco anos. A comparação com o BES foi má para o Montepio? Claro. houve problemas ao nível da reputação. Agora. apesar dessas noticias, a instituição continua a afirmar-se

Vim para Lisboa tinha 14 para 15 anos Comecei por viver numa casa com uma

série de alernaes, uns moços da Ribeira. outros

que trabalhavam com fruta e na

estiva Depois fui morar para um quarto'

';i1 Caixa Eamómicti não é uma

empresa em reestnaura-

ção. Nunca foi e não há nenhuma

razão pura ser"

e a fazer o seu caminho. 0 caminho da reestruturação? Não. Esse plano está posto de parte? Qual plano? Reformas antecipadas, fecho de agêndas...? isso é da Caixa Económica, nunca considerei, nem consi-dero. que houvesse uma necessidade de reestruturação nos termos que tem sido noticiado. A Caixa Económica não é uma empresa em reestruturação. Nunca foi, quan-do em 2011-2015 reduziu os seus balcões em cerca de 100. quando reduziu o número de empregados numas boas centenas. E não há nenhuma razão para ser. Noticias recentes dão conta do corte da isenção de horário a 400 trabalhadores. Com dois argumen-tos: respeitar a vida privada e preservar postos de trabalho. Não sel. É um assunto da Caixa Económica. Não me vou pronunciar. Dizer que é uma coisa relativa à vida privada dos trabalhadores só responsabiliza quem diz isso. Houve também uma grande polémica relativamente à CGD por causa do salário do seu presidente. O seu salário, em 2013, tinha um valor muito idêntico. Não sei. Cerca de 30 mil euros mensais. Sim, é. Não tenho quaisquer acréscimos a isso. A remuneração dos órgãos sociais prevê, além disso, um subsídio de montante fixo, pago em Abril, que não ultrapassa os 11% da remuneração anual.

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r

o bandeira de

nsul honorário

Singapura não

çO

está no gabinete por acaso -

'Aos 19 anos comecei a estudar

B noite. de dia trabalhava como

bate-chapas. Acabei por me

licenciar em Direito. era lo curso) mais

simples. Trabalha- va na oficina até

tarde e apresentava-me voluntariamente

aos exames

'Quando estava no 7.0 ano [agora 1191. um amigo.

que trabalhava na CGD e estudava

comigo, disse-me que havia por lá

umas vagas. Comecei aos 21

anos. como empregado

administrativo da Caixa Geral de

Aposentações, da qual mais tarde fui

administrador'

O conselho de administração não recebe. O meu sa-lário mensal é exactamente Igual àquele que o pre-sidente do conselho de administração do Montepio recebia em 2002 e 2003. sendo certo que nessa al-tura tinha acréscimo. Que acréscimos deixou de ter? Todos e mais alguns. Comigo, a partir de 2008. cessaram os acréscimos. Não tenho nenhuma remuneração variá-vel. Desde que assumi a presidência do Montepio as remunerações variáveis acabaram. Ganho menos hoje do que ganhava como administrador em 2004 e não é apenas por efeito de impostos. Mais: ganho menos hoje do que ganhava o presidente do Montepio em 2000. Foi proposta sua? Decisão minha. Porquê? O salário-base paga razoavelmente o trabalho. Obedece à prática do mercado? Não tenho que me seguir pela prática do mercado. O salário que recebe é justo? É um salário líquido na ordem dos 11 mil euros. É Justo. A discussão na praça pública dos salários e da remuneração sia banca tem multo a ver... Tem a ver com a falta de ambição dos portugueses e do País, preocupam-se mais com questões menores do que com o desenvolvimento. Essa é que devia ser a questão central dos agentes económicos, dos órgãos de informa-ção. dos responsáveis políticos, de todos. Quem tem contribuído para a diabolização dos responsáveis da banca? Não tenho tempo para reflectir sobre isso. E capitalizar a CGD, parece-lhe uma boa solução? Capitalizar é sempre uma boa solução. Não deixo de ficar surpreendido com a magnitude do aumento de capital. mas não tenho informação para criticar. Não é pouco dinheiro. São 5 mil milhões. O presidente da Caixa Económica disse que 2017 seria o ano de regresso aos lucros. Vai ser assim? Ele também la tinha dito isso relativamente a 2016. A Associação Mutualista investiu. desde 2010, em sete aumentos de capital da Caixa Económica. Desde 2010, deve ter aumentado 700 milhões. As exigências regulatórias duplicaram a base mínima de ca-pital. outra componente tem a ver com as perdas da pró-pria Caixa Económica Pião é uma exposição demasiado elevada? A Caixa Económica é uma caixa económica anexa ao Montepio, nasceu em 1844 e sempre funcionou assim. As normas dizem: você agora. em vez de ter um capital de 4, vai ter um capital de 10 e eu digo: "Bem, então

não faço o aumento de capital." Nós tínhamos, em 2010. se a memória não me engana. 800 milhões no capital. Eu dizia: "Oh. Isso é muito dinheiro, a AM não põe lã nem mais um cêntimo." Bem, no dia seguinte o regulador passava um alvará e Isto entrava em liquida-ção. Tinha 4 mil empregados. tudo no desemprego. O património de 800 milhões da Associação implodia -era uma grande medida. Este momento menos bom, que é exclusivamente resultante do mau funcionamen-to da economia. vai ser revertido e vamos assistir a re-sultados positivos da Caixa Económica e das diversas instrumentais do grupo: Associação Mutualista. gestão de patrimónios, de fundos. área seguradora. A PT investiu 900 milhões no GES. Mas isso tem alguma comparação? As descidas de rating da Caixa Económica deveram-se também a isso, à necessidade de receber capital da Associação Mutualista. As agências de 'mitigo que dizem é qualquer coisa do género: a casa-mãe tem vindo a aportar capital e não se sabe até quando estará disponível para o fazer num quadro de exploração multo deprimido. "A incapacidade de dar a volta à rentabilidade multo fraca do negócio bancário, a necessidade de receber capital da Associação Mutualista para compensar perdas liquidas acumuladas desde 2013." Não vislumbramos necessidade de outros aportes de capital. É o que temos vindo a confirmar como conselho de administração executivo. O problema não se coloca. É por haver uma relação umbilical entre Caixa Económica e Associação Mutualista que o presidente era o mesmo em ambas as instituições? Quando assumi estas responsabilidades, em 2008, os es-tatutos da Caixa Económica diziam pura e simplesmente o seguinte: os órgãos sociais da Caixa Económica são os órgãos sociais da Associação Mutualista. Diligenciei a alteração dos estatutos no sentido da separação. Foi uma iniciativa sua? Foi, em 2012. Eu bem sei o que passamos. em assem-bleias-gerais sucessivas, durante mais de dois meses. com pessoas a dizer que o que queríamos era tirar a Cai-xa Económica do controlo dos associados. Pessoas que agora dizem: "Ah. já se deviam ter separado". É tudo ao contrário, típico deste País. Quando me andava a bater por essa alteração, em vésperas de eleições. fui aconse-lhado, por responsáveis deste País. a esquecer-me disso. porque aquilo ia ser a minha TSU no Montepio. Disse--lhes: "Pode ser a minha TSU. mas não posso enganar as pessoas. deixando tudo como está para ganhar as elei-ções e fazer as alterações. Se isto não passar nem sequer sou candidato." Quando fala de responsáveis, presumo que esteja a falar do regulador, do Governo... Não estou a falar nem do regulador nem do Governo. Responsáveis sem responsabilidades no Montepio? Sim. Nós aqui não temos estatutos exclusivamente aprovados por nós, têm que ter a aprovação do regula-dor, e o regulador esteve de acordo que um elemento da administração da Associação Mutualista pudesse O

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IO Em frente a um dos quadros que

no gabinete. que o seu alho "tem muito difícil"

-Quando estive na UTIC (União de Transportadores

para Importação e Comercio)

escolhia sempre o prato alternativo

da cantina. Durante dois

anos, cinco dias por semana.

almocei dois ovos com batatas fritas

O prato do dia tinha um sabor

horroroso'

"Disse ao Dr. Bagão Félbc

que me dissesse se

tivesse interesse em entrar numa lista para os

órgãos sociais"

O participar no conselho-executivo da Caixa Económi-ca. Agora. com a nova lei das caixas económicas, dei-xou de ser possível.

Os membros dos órgãos sociais da instituição titular não podem participar nos órgãos de fiscalização ou ad-ministração da Caixa Económica. E isto acabou [tam-bém] com lugares por inerência, como havia. Também havia quem discordasse de os membros do conselho de administração estarem, por inerência, no conselho-geral e no de supervisão. O conselho-geral é um órgão de aconselhamento, não é deliberativo. Está a ver o que é um órgão de aconselha-mento a funcionar que não tem lá os membros do conse-lho de administração para enunciar os problemas e as possíveis soluções, discutir os inconvenientes de uma coi-sa ou outra? De repente. estão ali um conjunto de pessoas completamente desligadas da realidade e a aconselhar de uma forma disparatada. Agora, o conselho de administra-ção do Montepio tem 5 elementos e o conselho geral 23. Não são cinco elementos que põem e dispõem daquela história toda Até é ofensivo, quando temos no conselho--geral pessoas como o [general) Gonçalves Ribeiro, a pro-fessora Manuela Silva, o padre Metidas. não se deixam condicionar por uma pessoa como eu ou colegas meus. As contas consolidadas de 2015 não estão disponíveis. Porquê? O Montepio viveu lquase 1701 anos sem publicar contas consolidadas. Só a partir de 2012 velo ai [essa] ideia. Sempre dissemos que não fazia muito sentido. Hoje. sa-bemos que o Governo entende que, de facto, há aqui uma especificidade que não se compadece com a utiliza-ção das regras que se aplicam às normais sociedades pri-vadas da área financeira. Mais, eu sei que o Governo tra-balha. neste momento. num diploma que dispensa as as-sociações mutualistas de apresentarem contas consoli-dadas até à aprovação do novo Código. Mas por agora têm que as apresentar. Não temos um tempo para apresentar as contas consoli-dadas. Todos os anos, a partir de 2012, quando aprová-vamos o plano de acção, aprovávamos também as con-tas. Este ano não o fizemos. Primeiro porque estamos à espera que saia uni diploma que nos dispensa disso até à aprovação do novo Código Mutualista. Segundo, porque a nossa assembleia de hoje [22 de Dezembro] é pesada. com uni plano ambicioso e exigente. Vamos ter outra no próximo mès, para ratificar os estatutos da Caixa Econó-mica, com a passagem a sociedade anónima E essa rati-ficação é rápida, por isso será o momento. caso não seja publicado o diploma, e é meu convencimento que será muito rapidamente. para aprovar as contas consolidadas. Porque é que não têm divulgado as assembleias-ge-rais nas newsletterP A crítica foi feita, temos de facto a newsletter. e portanto. esta assembleia já foi divulgada na newsletter-. As pessoas fazem críticas "ai. não ligou" como se não quiséssemos divulgar. Às vezes também não nos lembramos de tudo. As relações com este Governo são melhores do que as que tinha com o Governo anterior? Depende. Tinha urna excelente relação com o ministro

da Solidariedade Social [Pedro Mota Soares]. com quem nunca tinha falado antes. O mesmo relativamente aos secretários de Estado, o dr. Marco António e o dr. Agosti-nho Branquinho. Mas nunca senti, da parte do Ministério das Finanças, um interesse em conhecer a realidade do Montepio em linha com o que esta casa é. Houve sempre uma preocupação de tratar o Montepio como se fosse uma sociedade de capitais privados pura e dura, e isso é Incompatível com a natureza desta casa. Acho que mui-tas das dificuldades que existiram... Se deveram ao Ministério das Finanças? O Código Mutualista teria sido publicado há muito tempo se não fosse uma interferência sistemática por parte das Finanças no sentido de introduzir coisas perfeitamente incompatíveis com a natureza desta instituição. regras que nem sequer vão ser aplicadas de imediato nos segu-ros. vão ter um (prazo de aplicação] de 16 anos. Aqui era tudo imediato? Era. Confunde-se muita coisa... "Ah, a Associação Mutua-lista não tem fundo de garantia de depósitos." É verdade, tal como não têm as seguradoras. Mas os nossos associa-dos estão cobertos pelas reservas matemáticas [montante colocado de parte para assumir responsabilidades] e a AM é muito conservadora na constituição dessas reser-vas. As nossas reservas matemáticas aplicadas em activos líquidos (dívida pública depósitos) mais os nossos Imó-veis cobrem provavelmente mais de 80% da reserva ma-temática Fica de fora toda a componente do grupo finan-ceiro: bancário, segurador, gestão de patrimónios, activos. A Caixa Económica presta serviços à Associação Mu-tualista e é remunerada por isso. Foi surpreendido, este ano, com uma factura de 20 milhões de euros. Isso foi em 2015. Havia ai umas dúvidas, e uma discussão que não tinha sido conclusiva. Acabámos por fazer um pagamento que depois seria confirmado pelos auditores. Portanto, houve dúvidas relativamente a esse valor.

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'Assumi o meu primeiro lugar na administração da CGD nos anos 90. tinha 40 e tantos anos. Sempre que

projectava sair havia um desafio novo e voltava a entusiasmar-me. Lá fui andando.

até 2003'

'Vim para o Montepio porque o dr. Silva Lopes. que já sabia que

eu ia sair da CGD, me convidou para integrar a equipa

dele Aceitei porque era ele

a desencaminhar--me. não fazia parte do meu

projecto de vida'

o "Somos o

maior operador

Individual de cuidados

continuados. E queremos

ter I milhão de associados"

o

.00 .0 candidatar-se a um "Nunca vi ninguí:

lugar onde só vai ter maçada".

responde a quem aponta problemas

graves ao Montei

oco

o "Estamos a

criar o banco mau com qua-

- tro ou cinco anos de atra-." O Governo já o devia ter

feito. defende

Não, eu não tive dúvidas nenhumas. O que se fez foi um pagamento que depois seria confirmado e verificado, objecto ou não de acertos. E foi confirmado esse valor? Ainda não. lá tem o resultado da análise dos auditores? Ainda não. Apresentou, no dia 22, o plano de acção e orçamento

para 2017.0 que há de novo para o próximo triénio? Estamos num período de reinvenção da Associação, de modernização da sua oferta e da forma de se relacionar com os associados. A questão digital vai ser muito impor-tante. Os associados vão passar a ter a Associação no seu smariphone. A partir de 2008, iniciámos um projecto de construção de residências assistidas que actua nos cuida-dos continuados e cuidados domiciliários e somos, hoje. o maior operador individual de cuidados continuados. Va-mos continuar a investir nessa área e estamos a investir muito nas residências para estudantes nacionais. Temos já

uma junto ao Largo de Santos, em 48 horas esgotámos os quartos e tivemos gente a chorar porque não ficou. Va-mos ter outra na Av. Almirante Reis, uma na Praça João do Rio e, eventualmente. outra na Av. 24 de Julho. No total, qual será a oferta? A perspectiva é que ao longo de 2017 venhamos a ter 200 quartos. Fazemos selecção, claro, não queremos que as residências sejam locais de raves e companhia limitada. Os critérios são notas, resultados académicos? Mais o perfil de sossegado e não sossegado. Como se avalia isso? A partir dos inquéritos e, depois. do acompanhamento das situações. Temos um responsável por residência. Hoje fui lá ver como estão as coisas e fiquei agradavel-mente surpreendido, apenas uma das cozinhas tinha um prato sujo. O plano de acção e orçamento teve parecer favorável unânime do conselho-geral, mesmo das pes-soas eleitas em listas que não a nossa. Foi a primeira vez que isso aconteceu desde que estou no Montepio. o que nos responsabiliza muito. É um programa para ser cum-prido. Foi desenhado a partir das linhas de orientação es-tratégica, que tiveram o contributo de inquéritos a asso-ciados, de reuniões de focus group a associados e não as-sociados. Estamos a caminho dos 650 mil associados e temos a ambição de chegar a 2020 com um milhão. Quando cheguei ao Montepio, eram 200 mil e picos. Porque é que quer crescer? Não acredito que um País com uma economia social e um mutualismo desenvolvidos algum dia tivesse passado por esta linda situação e tivéssemos que recorrer por três ve-zes aos credores em 40 anos de democracia. A esperança

média de vida com saúde a partir dos 65 anos em Portu-gal são 6.2 anos. É mais ou menos o peso da economia social. Suécia. 15 anos... Mais ou menos o peso da econo-mia social. Pode não ter relação alguma. se calhar tem. Tirando a parte digital, uma evolução natural, tudo é diferente pela ambição? É diferente pela ambição. Do ponto de vista das áreas e dos sectores? É diferente pela ambição. Tem 71 anos, mandato até 2018. A sua ambição é? Não tenho nenhum programa de vida. Tenho um com-promisso até 2018. Vou cumprir até ao último segundo como se fosse estar cá mais mil anos. Mas, pela ordem natural das coisas, não devo estar aqui multo mais tem-po. A minha mulher bem me maça. e com razão. Está reformada e gostaria que eu estivesse disponível para passear. para ir aqui ou ali. O

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Destaque

MONTEPIO: AS GUERRAS E OS RISCOS Tomás Correia, lider do Monte-pio. admite ter um projecto para ficar com o Novo Banco

Foto de capa: Alexandre Azevedo

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TOMAS CORREIA QUEBRA LONGO SILÊNCIO

MONTEPIO Os riscos, as guerras e o futuro

O projecto para comprar o Novo Banco, as acusações de burla e as investigações

ao empréstimo feito com os Espírito Santo. O presidente da instituição mutualista quer chegar a 1 milhão de associados

e reage aos ataques em grande entrevista:

"Não sou dono disto tudo e este banco não é o BES"

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