O sentido da experiência do tempo acelerado
-
Upload
joao-lucas-tziminadis -
Category
Documents
-
view
19 -
download
2
description
Transcript of O sentido da experiência do tempo acelerado
1
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”
O SENTIDO DA EXPERIÊNCIA DO TEMPO ACELERADO
Psicopatologias contemporâneas e subjetividade numa sociedade de alta
velocidade
Projeto de mestrado
Linha de pesquisa: Cultura, Democracia e Pensamento Social
Orientador: Prof. Dr. João Carlos Soares Zuin
Candidato: João Lucas Faco Tziminadis
Resumo: O presente projeto parte de uma hipótese: a sociedade capitalista
contemporânea é acometida por uma inaudita aceleração social. Não apenas vemos
máquinas cujas capacidades de aceleração aumentam progressivamente, ou softwares
cotidianamente otimizados, mas também o encolhimento constante da duração de
eventos elementares da vida humana, como a alimentação e o sono. Não obstante, diante
dessa hipótese, colocamos o seguinte problema: estariam as doenças psíquicas,
sobretudo as ligadas à depressão e ansiedade, cujos diagnósticos tornam-se cada vez
mais comuns, e cuja publicidade vem aumentando nos últimos anos, ligadas à
aceleração social?
Palavras-chave: Aceleração social; Experiência; Psicopatologias; Teoria Crítica.
Araraquara, 2015
2
Nós afirmamos que a magnificência do mundo
enriqueceu-se de uma beleza nova: a beleza da
velocidade.
Filippo Tommaso Marinetti
Introdução e justificativa
O presente projeto parte de uma hipótese: a sociedade capitalista contemporânea
é acometida por uma inaudita aceleração social. A despeito de ser o tempo metrificado
dos relógios, da mesma forma como fora desde os primórdios da sociedade industrial, o
orientador das ações individuais e coletivas, a experiência temporal a qual estão
expostas as pessoas na atualidade parece indicar uma aceleração do próprio tempo. Não
apenas vemos máquinas cujas capacidades de aceleração aumentam progressivamente,
ou softwares cotidianamente otimizados, mas também o encolhimento constante da
duração de eventos elementares da vida humana, como a alimentação e o sono. Não
obstante, diante dessa hipótese, colocamos o seguinte problema: estariam as doenças
psíquicas, sobretudo as ligadas à depressão e ansiedade, ou a insônia, cujos diagnósticos
tornam-se cada vez mais comuns, e cuja publicidade vem aumentando nos últimos anos,
ligadas à aceleração social?
A rapidez das experiências parece tornar-se um lugar comum no processo
formativo dos indivíduos modernos, e desde há muito isso tem sido problematizado por
observadores. Já em fins do século XIX, o neurologista norte-americano George Beard
identificava o surgimento de uma nova patologia, segundo ele uma patologia própria à
“civilização moderna”, a que veio chamar de “nervosidade americana” (ou, mais
especificamente, neurastenia – etimologicamente fraqueza nervosa). Para Beard, as
causas mais convincentes desse fenômeno figurariam entre:
A invenção da imprensa, a expansão do uso da máquina a vapor,
na indústria e nos meios de transporte, o telégrafo, a imprensa
jornalística, a máquina política dos países livres, as agitações
religiosas que são sequelas do Protestantismo [...] além de, mais
do que tudo, talvez, o aumento e extensão da complexidade da
educação moderna, dentro e fora das escolas e universidades, o
efeito inevitável do desenvolvimento da ciência moderna e a
expansão da história em todos seus ramos [...] (BEARD, 2002,
p. 178).
3
A “nervosidade americana” era expressão patológica do capitalismo norte-
americano, de sua potencialidade em produzir novos inventos, técnicas, riquezas. No
início do século que seria posteriormente denominado século americano, a aceleração
do ritmo da produção e da vida produzia novos processos de socialização, bem como
novas formas de patologias sociais. Na literatura, a pujança da economia gerava efeitos
negativos no mundo da vida, conforme podemos ler na análise de John Dos Passos:
O jovem anda sozinho, depressa mas não o bastante, longe mas
não o bastante (perdem-se os rostos de vista, dispersam-se as
conversas em esfarrapados resíduos, esvai-se nos becos o eco
dos passos); tem de apanhar o último metro, o eléctrico, o
autocarro, galgar a prancha de embarque de todos os barcos, dar
o nome em todos os hotéis, trabalhar nas cidades, responder aos
anúncios, aprender os ofícios, aceitar os empregos, viver em
todas as casas de hóspedes, dormir em todas as camas. Uma
cama não basta, um emprego não basta, uma vida não basta. À
noite, com a cabeça num remoinho de anseios, anda sozinho
sem ninguém. Sem emprego, sem mulher, sem casa, sem cidade.
(DOS PASSOS, 1987, p.13)
O neurologista e o ensaísta perceberam, ao seu modo, o quão relevante foram as
mudanças na estrutura da vida moderna para a constituição de individualidades. A alta
pressão de afazeres, notícias, negócios etc., reincidiriam sobre os indivíduos de maneira
a sobrecarregar seus sistemas nervosos, gerando um tipo de fadiga física e mental
incapacitante. Nesse mesmo sentido podemos evocar a obra de Freud como outro
exemplo da preocupação com as consequências psíquicas das pressões civilizatórias.
O problema das mudanças no mundo da vida e das novas dinâmicas sociais que
estão inscritas no processo de modernização foram objeto de atenção e investigação
pelos clássicos da sociologia: os processos de racionalização analisados por Weber, os
processos de diferenciação investigados por Durkheim, o fenômeno da individualização
refletido por Simmel, a ruptura dos vínculos comunitários e o advento da sociedade
urbana e industrial investigada por Tönnies – e também as tensões sociais resultantes da
produção e reprodução do capitalismo, exploradas por Marx. A alteração do ritmo e dos
valores da vida social e a veloz transformação do sentido do mundo material e espiritual
provocaram profundas alterações nas formas de vida e nos processos de socialização,
bem como potencializaram o advento de novas formas de patologias sociais.
Mas, para lançarmos mão das psicopatologias como índice demonstrativo do
mal-estar do tempo acelerado, é necessário remontarmos alguns aspectos das
4
transformações temporais que caracterizam a formação do mundo moderno, bem como
explicitar quais são as novas dinâmicas que, a partir das mudanças no capitalismo tardio
– após queda do Muro de Berlim e da difusão das políticas neoliberais –, implicaram
uma nova onda de aceleração social, como sustenta o sociólogo alemão Hartmut Rosa
(2010; 2011; 2013; 2015; 2015a), autor que nos fornecerá os principais pilares para
nossa hipótese.
Escrevendo sobre a crise da sociedade pré-industrial, e sobre a integração do
campesinato e dos trabalhadores urbanos na indústria capitalista, Edward P. Thompson
(1984) esboça um quadro geral da adaptação desses estratos sociais à disciplina
temporal das fábricas e do comércio avançado na Inglaterra. Esse trabalho nos auxilia
na compreensão do significado do tempo e de seus usos na transição do mundo
tradicional para a modernidade. O sentido do tempo, sobretudo para os homens e
mulheres ligados diretamente a terra, está necessariamente vinculado aos ciclos naturais,
de modo que toda a vida individual e coletiva é organizada em função de tais ciclos,
cuja repetição estabelece uma continuidade infinita, com pouca ou nenhuma alteração.
Outra questão que surpreende o leitor é a própria definição da ideia de tempo para
aqueles seres humanos: a dimensão temporal não se referenciava por si mesma, estava
antes ligada às próprias atividades e eventos, isto é, à duração das atividades e dos
eventos. O tempo, enquanto entidade autônoma e referenciada em si mesma só se dará
com a generalização dos relógios mecânicos – se desconsiderarmos, obviamente, o uso
residual dos relógios solares e outras formas elementares de mensuração do tempo,
como a ampulheta e o pêndulo. É por volta do século XVIII que o uso dos relógios
começa a estender-se das torres das igrejas e prédios públicos para o interior das
primeiras fábricas modernas. O tempo metrificado torna-se imprescindível para o
cálculo exigido na produção racionalizada de mais-valor e, progressivamente, tal
imprescindibilidade passa a penetrar o âmbito doméstico e a vida íntima dos indivíduos
envolvidos na produção.
Todavia, não foi sem resistências que o esquema de mensuração mecânica do
tempo incorporou as populações que abandonavam o campo e os ateliês em razão da
fábrica. Até mesmo ao longo do século XIX, nos aponta Thompson, a ampla integração
da sociedade industrial inglesa não impedia que, em momentos esparsos do ano, os
trabalhadores industriais irrompessem com suas festas e hábitos tradicionais, folgando
por dias em bebedeiras e confraternizações religiosas, contrariando a temporalidade
5
impositiva das máquinas – o que, no entanto, não deixava de ser respondido pela
torrente de sermões e exortações publicadas por moralistas profissionais. Entrementes,
apesar das estratégias, conscientes e inconscientes, de resistência, o espraiamento da
temporalidade mecanizada da produção capitalista sobrepujou a maioria das barreiras a
ela contrapostas. – Vencidas as barreiras, vemos com a consolidação do capitalismo
industrial a mais significativa onda aceleratória da modernidade clássica: a
institucionalização das divisas temporais, cujo significado é o isolamento da esfera do
trabalho em relação ao mundo da vida.
O que nos interessa aqui, no entanto, é destacar que a constituição da estrutura
social moderna conduziu a uma demarcação de divisas entre o tempo de trabalho e o
tempo livre – isto é, o tempo supostamente isento das demandas produtivas. O
significado sociológico dessa divisão parece perpassar subterraneamente a teoria
weberiana da racionalização e autonomização das esferas de valor. Os valores que
orientam as relações sociais dentro da fábrica ou do büro não comportam mais os
valores vigentes na vida íntima e pessoal – a frieza do cálculo econômico não pode
compatibilizar-se com os afetos e inclinações irracionais de cada indivíduo. É nesse
sentido que chegamos a um ponto de inflexão do presente projeto: qual a medida de
autonomia, de uso autônomo do tempo, que os indivíduos modernos dispõem quando
fora das divisas do mundo laboral? Tal problema fora proposto em um pequeno ensaio
de Theodor Adorno. Em Tempo livre (1995), a ideia de que haveria uma clara distinção
entre trabalho e vida, em suas temporalidades respectivamente heterônoma e autônoma,
é posta sob suspeita. Reiterando a tese desenvolvida com Horkheimer na Dialética do
esclarecimento (1985), Adorno aponta, sob a insígnia ideológica do “tempo livre”, a
força integrativa da indústria cultural, que subverte a fruição do tempo em função de seu
uso esquemático-maquínico. Mais além, podemos identificar nesse ensaio as linhas
gerais do conceito de “mundo administrado”, o qual nos leva a conceber uma teoria
implícita da aceleração social, que se revela pela colonização progressiva de âmbitos da
vida humana até então alheios ao imperativo da acumulação.
Debrucemo-nos agora sobre uma nova onda de aceleração. Sua localização
estaria na transição da modernidade clássica a modernidade tardia. O ápice desta
transição, o fim da União Soviética e do “socialismo real”, é na verdade já o resultado
de um processo de restruturação tecnológica e institucional (e, sem dúvidas, ideológica)
do capitalismo, cujos primeiros sinais aparecem com a primeira crise do petróleo e com
6
a projeção política de figuras como Reagan e Thatcher, atuando como paladinos
inabaláveis da redução dos direitos sociais e do individualismo econômico. Autores
como Robert Kurz (1993), por exemplo, apontam a causa do desmoronamento do
“socialismo real” justamente nesse salto qualitativo da capacidade produtiva do sistema
capitalista finissecular – diante do qual a perestroika parece ter sido a última braçada
malsucedida de um nadador em vias de paralisia. Do ponto de vista das orientações
meta-históricas, o fim do século foi marcado pelo estiolamento da ideia de progresso:
Fukuyama (1992) decretava o “fim da história” após a vitória fulminante do Ocidente
sobre o mundo das economias dirigidas – necessariamente mais lentas que as economias
concorrenciais.
Hartmut Rosa nos aponta que, no período clássico de constituição da
modernidade, a eficiência econômica dependia diretamente da padronização e da
diferenciação – isto é, a autonomização da esfera do trabalho. Contrariamente, na fase
atual da modernidade, a eficiência econômica depende cada vez mais de uma “des-
padronização” e de uma “des-diferenciação” (ROSA, 2015). De início, podemos
explicar: no lugar da separação estrita entre trabalho e vida, opera-se a mútua
penetração de ambas as esferas, o que significa que os procedimentos e práticas típicas
do mundo do trabalho começam a “liquefazer-se” e, com maior maleabilidade,
infiltram-se no mundo da vida – ao mesmo tempo em que o caráter impessoal das
relações de trabalho começa a dar lugar a traços de “personalidade” dos indivíduos
envolvidos. Vislumbramos aqui algumas passagens fundamentais da sociedade
disciplinar de trabalho ascético para uma hedonista de consumo conspícuo. Este novo
amálgama compõe o pano de fundo da regra de eficiência do capitalismo
contemporâneo: a mobilização total da vida humana. Constata-se aqui que não apenas o
“tempo livre” é colonizado pela indústria cultural, mas que a própria categoria “tempo
livre” é solapada pelo turvamento das divisas temporais. Um trabalho extremamente
interessante, e que vai ao encontro da teoria de Rosa, é o recentemente publicado 24/7:
Capitalismo tardio e os fins do sono, do ensaísta e professor de teoria da arte moderna
Jonathan Crary. Como o próprio título indica, o problema aí tratado é a extensão
inaudita de atividade geradora de valor, algo como a generalização de uma insônia
social crônica. “O planeta é repensado como um local de trabalho ininterrupto ou um
shopping center de escolhas, tarefas, seleções e digressões infinitas, aberto o tempo
todo” (CRARY, 2014., p. 27). O estado de sono, segundo a metáfora proposta,
7
permanece como fortaleza sitiada em meio à torrente dinamizadora da temporalidade
24/7. “A verdade chocante, inconcebível, é que nenhum valor pode ser extraído do
sono” (Ibid., p. 20).
Remontemos aqui, brevemente, a estrutura fundamental da aceleração social
segundo Hartmut Rosa. Para ele, esta é composta por três dimensões de aceleração
(ROSA, 2010; 2011; 2013), que a despeito de serem intrínsecas à modernização,
cobram maior profundidade hodiernamente. A aceleração tecnológica (1) tem como sua
principal característica o fato de ser a única intencionalmente realizada. Orientada por
uma indústria pautada pela otimização constante, esta dimensão é a mais evidente de
todas, e sua maior consequência social é a progressiva compressão do espaço pelo
tempo (veja-se, por exemplo, os impactos das redes informacionais e dos dispositivos
móveis na organização espacial do trabalho). A aceleração da mudança social (2) está
profundamente ligada à primeira, embora também seja determinada por tendências
culturais mais abrangentes. Dois âmbitos são postos como pontos centrais dessa forma
de aceleração: o trabalho e a família. Os suportes que sustentam essas instituições caras
à civilização ocidental não apenas sofrem mudanças ao longo do tempo como as sofrem
em um ritmo cada vez mais acelerado, e com impactos mais profundos. Rosa propõe
três taxas temporais de mudança social para estas instituições: uma intergeracional
(pré-moderna), na qual as mudanças ocorrem ao largo das passagens geracionais; uma
geracional (moderna), na qual as mudanças ocorrem entre uma geração e outra; e, por
fim, uma intrageracional (moderna tardia), na qual as mudanças ocorrem dentro de uma
mesma geração. Vivemos, assim, em um tempo no qual as mudanças sociais ocorrem ao
longo de uma única vida humana, isto é, as experiências e habilidades adquiridas
tornam-se rapidamente obsoletas, de modo que nenhuma experiência ou habilidade
pode fornecer bases sólidas para projeções de longo prazo. A aceleração do ritmo de
vida (3), no entanto, não é uma consequência lógica das duas primeiras dimensões de
aceleração: em termos lógicos, pelo contrário, o desenvolvimento de tecnologias que
diminuam o tempo necessário para a realização de atividades deveria aumentar a
ociosidade dos indivíduos. O que vemos aqui é, segundo Rosa, o grande paradoxo da
aceleração social: por quê os indivíduos são submetidos a um desgastante regime de
velocidade e carregam uma constante sensação de que o “tempo voa”, ou de que “não
há tempo”, quando justamente dispõem de meios que poupam o esforço humano? A
explicação só pode vir da compreensão do “princípio de crescimento”, de acumulação
8
ascética de capitais, que subjaz a sociedade capitalista como um todo – o telos universal
do estímulo à aceleração (ROSA, 2015).
O controle social outrora estruturado a partir de dispositivos rígidos, bastante
evidentes para aqueles que a eles eram submetidos, como os inspetores de fábrica, os
supervisores de repartição e os relógios marcadores de ponto, começam a ser
substituídos, segundo Rosa, pelo “poder dos prazos” (Ibid.). A desregulamentação das
divisas temporais e o entrelaçamento de vida e trabalho possibilitam o surgimento de
novas formas de controle muito mais sutis e imperceptíveis, que “libertam” os
indivíduos dos compromissos rigidamente estabelecidos e os lançam à própria sorte
para o cumprimento de tarefas, impondo-os “apenas” o fardo do prazo – o que impele os
indivíduos a um necessário e constante upgrade de sua competitividade. Esta situação
constitui um completo enredamento da vida social na dinâmica de aceleração sem
limites, diante da qual aqueles que não conseguem (ou simplesmente não podem) se
adaptar, desprovidos de quaisquer proteção que os atem à lógica de reprodução da
sociedade, transformam-se em refugo social (BAUMAN, 2005), e são paulatinamente
expulsos (SASSEN, 2014) do sistema como um todo. Numa definição expressiva, Crary
caracteriza a lógica do capitalismo 24/7 como um novo “dever-ser”, uma “palavra de
ordem” que passa a regulamentar, sub-repticiamente, a caótica desregulamentação do
capitalismo tardio. Nestas condições, a despeito da exaltação do individualismo e da
liberdade de nosso tempo, estaríamos a caminho de um regime de tempo totalitário,
marcado pela heteronomia e pelo medo.
If a totalitarian regime is characterised by the fact that its
subjects wake up in the middle of the night drenched in sweat,
their pulses racing, haunted by what feels like a ton of weighing
on them – indeed, what can only be described as existential fear
– then we in fact live under a totalitarian time regime: this
aforementioned feeling is probably more familiar to citizens of
late modern capitalist societies than to the subjects of most
dictatorships. Late modernist anxiety is not caused by the
intelligence service, or the henchmen of some tyrant. Subjects
wake up every morning in fear of not keeping up, of losing
touch, of not being able to cope with the workload, of being left
behind – in some cases, they wake up because of the crushing
certainty (e.g., in the case of an unemployed person or a
dropout) that they already have been left behind. However, if
heteronomy means having one‟s life determined by external
compulsions and contingencies, then the subjects of late modern
societies most certainly live under an historically unprecedented
9
form of „foreign rule‟, regardless of the liberal promise of
freedom and the minimal requirements of its ethical code
(ROSA, 2015, p. 91).
Um fenômeno que ilustra a escalada desta forma totalitária de regime temporal é
o crescente abuso de drogas estimulantes, sobretudo as anfetaminas. Num artigo
publicado no The New York Times, Alan Schwarz (2015) nos apresenta uma série de
casos de abuso de drogas para Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade
(T.D.A.H.), nos quais a melhora da performance profissional aparece como grande
objetivo comum – pois, como consta nos relatos, as exigências do trabalho fazem do
sono uma barreira. Tais medicamentos agem no organismo aumentando a capacidade de
concentração e trabalho por horas. Segundo nos relata Schwarz, o abuso dessas drogas,
já há muito tempo comum entre estudantes universitários, começou a tornar-se uma
prática também comum entre profissionais dos mais variados setores. Não usar esses
auxiliadores externos pode significar uma profunda desvantagem do ponto de vista da
concorrência, de modo que, no trocadilho em inglês ali empregado, essas não são drogas
usadas “to get high” (para entorpecer-se), mas “to get hired” (para ser contratado). Num
período de quatro anos, conferimos no mesmo artigo, o número de adultos norte-
americanos que passou a consumir esse tipo de estimulante aumentou em 53%,
atingindo algo em torno de 2,6 milhões de adultos em 2012. Esse tipo de prática reflete
de maneira exemplar o modo pelo qual as novas formas de controle – impostas pelo
“poder dos prazos”, pela “palavra de ordem” do funcionamento 24/7, pela derrubada
completa dos limites à extração de mais-valor – podem afetar a vida individual. Não
desregulamentar a própria condição fisiológica pode significar estar fora do jogo.
Fato interessante é a maneira pela qual esse ethos de aceleração social penetra a
vida cotidiana dos indivíduos, o que revela o quanto as novas formas de controle
ultrapassam os limites espaciais dos ambientes de trabalho e de administração evidente.
Um olhar sobre as ruas e espaços públicos de grandes cidades basta para percebermos a
espiral de alta velocidade na qual grande parte das pessoas se insere em seu “tempo
vago”. Poucos se detêm em estados contemplativos. A atividade constante, o continuum
temporal entre trabalho e não trabalho é em grande parte corolário do desenvolvimento
e generalização dos telefones celulares, hoje otimizados na forma de smartphones: é
possível conversar, checar e-mails, atualizar-se das últimas notícias, ouvir música,
receber e enviar mensagens, munir-se de toda sorte de aplicativos e, ainda assim, estar
fisicamente presente no espaço e responder a seus estímulos imediatos. Esse dado
10
cultural da modernidade tardia expressa as últimas consequências do ideal da
modernidade clássica de desenvolver forças que buscam incessantemente pela novidade,
pela moda, pela abertura do futuro, enfim, que buscam fazer desmanchar-se no ar tudo
aquilo que se lhe opõe como sólido. No entanto, o nível patológico a que chega essa
dinâmica pode ser verificado quando um crescente número de indivíduos torna-se adicto
da tecnologia.
“Empresas prometem curar vício de pessoas em celular”, lemos como título de
uma matéria do jornal Folha de São Paulo (2015). As mesmas companhias que deram
vida ao uso generalizado deste tipo de tecnologia, como a Google ou Apple, hoje
oferecem serviços que auxiliam os usuários de smartphones controlarem o tempo e a
frequência com que utilizam os dispositivos. A incapacidade de uma atitude autônoma
diante de tais aparelhos é reveladora da capacidade de penetração psíquica de um ideal
cultural como o do permanente update. Mas ainda mais assustador é o fato de que as
próprias patologias geradas pelo imperativo sistêmico de aceleração são elas mesmas
integradas a esse sistema como possibilidades de expansão de mercados. Não obstante,
a capacidade de “administração da vida”, na proposição de Adorno, atinge em nosso
tempo um patamar de proporções absurdas em sua aptidão para colonizar a conduta e o
imaginário social.
Diante do exposto, somos levados ao cerne problemático do presente projeto. A
constituição desse novo espírito do capitalismo e um novo processo civilizatório,
pautados menos pela ética protestante que pelo hedonismo do consumo conspícuo e da
cultura do excesso, constitui também a formação de novas subjetividades e, com elas,
novas formas de alienação – ou, ao menos, potencializações de alienações presentes no
processo de modernização desenvolvido no século XX. A alienação do espaço social, a
alienação das coisas, a alienação do modo de agir no mundo da vida e a alienação do
tempo representam novos campos de investigação para a teoria crítica. Estranhar-se
reiteradamente com o próprio eu, diante da torrente de transformações ocorridas na vida
cotidiana, a qual os indivíduos devem adaptar-se, como o próprio Rosa nos indica, é a
mais evidente das novas formas de alienação. Não obstante, novas patologias emergem
como a depressão, a ansiedade, a angústia, a insônia etc., que afetam não apenas os
indivíduos no espaço do trabalho, mas que se generalizam nas diversas etapas da vida –
crianças e idosos que desenvolvem doenças psíquicas e somáticas em escala sempre
crescente – e em todas as esferas da existência individual.
11
Para nos inserirmos neste problema, o trabalho exemplar de Richard Sennett, A
corrosão do caráter (2010), é de notável utilidade. A ideia de um caráter corrompido
está diretamente ligada à ideia de que a temporalidade do capitalismo flexível – cuja
flexibilidade, segundo Sennett, consiste no “dobrar as pessoas” – opera subvertendo
rotineiramente as regras de conduta e as práticas sociais, de modo que nenhum caractere
individual pode permanecer intacto por muito tempo: não há tempo, podemos dizer, de
formar um caráter. As consequências emocionais dessa forma de relação dos indivíduos
com a estrutura social expressam-se na emergência de sensações como: medo (uma vez
que o mundo torna-se mais contingente e imprevisível), ansiedade (pois o tempo se
torna progressivamente acelerado e impele os indivíduos a uma atualização contínua de
suas identidades) e falta de sentido (o que se expressa como subjetivação de estruturas e
processos cada vez mais incompreensíveis e ensimesmados). Tais observações
corroboram a tese desenvolvida por Rosa segundo a qual as novas formas de alienação
estão diretamente ligadas a um aprofundamento do estranhamento dos indivíduos
consigo mesmos e com o mundo da vida. A incapacidade de assegurar-se diante do
mundo com princípios duradouros e habilidades adquiridas em longo prazo, parece nos
conduzir a um alheamento sem precedentes da existência individual: se num primeiro
momento o capitalismo retirou dos homens seu savoir-faire em razão da estrutura de
produção fabril, o capitalismo tardio retira-lhes também seu savoir-vivre em razão da
mobilização total da vida para o consumo e para a produção ininterrupta de mais-valor.
Muitos outros autores debruçaram-se sobre as questões relacionadas à
transformação da individualidade e dos novos dilemas existenciais que começaram a
sitiar as subjetividades com o advento da globalização e de suas consequências sobre as
estruturas do mundo moderno. Um olhar sobre o processo de modernização e de seu
impacto sobre a cultura ocidental pode nos fornecer uma série de formulações
intelectuais acerca das tensões que surgem entre indivíduo e sociedade e, sobremaneira,
entre o indivíduo e suas expectativas biográficas. Consideremos o conceito de Bildung,
por exemplo, que na filosofia clássica alemã buscava compreender e orientar o
“indivíduo problemático” – na expressão de Lukács (2009) –, e sua não-conciliação
com um mundo que se expandia em complexidade e extensão. Da mesma forma
poderíamos dizer que na virada do século XXI a condição dos indivíduos modernos
saltou para um grau mais problemático, o que justifica a preocupação de autores como
Zygmunt Bauman (2001), Richard Sennett (2010), Ray Pahl (1997), Anthony Giddens
12
(1992), Ulrich Beck (2002), entre outros, com as novas formas de subjetividade que
começam então a emergir.
Utilizaremos aqui o trabalho de Alain Ehrenberg (2010), sociólogo francês cuja
atenção fora chamada pelo tema do mal-estar psíquico contemporâneo, o que o levou a
escrever La fatigue d’être soi: dépression et société1. Em sua obra, Ehrenberg nos ajuda
a compreender a depressão menos como um problema de ordem puramente psíquica e
mais como “patologia que engloba todas as tensões do indivíduo moderno”, cumprindo
na sociedade contemporânea o mesmo papel que a neurose cumprira na primeira metade
do século passado. A depressão surge aí como um estado de espírito, como uma atitude
subjetiva diante das demandas da realidade, sendo um foro privilegiado de análise dos
processos de socialização dos indivíduos numa sociedade de alta velocidade.
O objetivo deste projeto é investigar o sentido das psicopatologias, de modo que
este nos permita perscrutar a posição dos indivíduos no contexto da atual aceleração
social. Nosso interesse é contribuir com as investigações contemporâneas das patologias
do mundo da vida.
Objetivos
Podemos colocar como objetivo último de nossa investigação o estabelecimento
de nexos causais entre as psicopatologias contemporâneas e o processo de aceleração
social resultante das mudanças estruturais da sociedade moderna, acima elencadas.
Obviamente, não é intenção deste trabalho – e nem poderia ser – explicar as
psicopatologias como resultado exclusivo de tais processos, uma vez que os fenômenos
patológicos possuem sua complexidade intrínseca, cuja totalidade só poderia ser
abarcada por um trabalho interdisciplinar de dimensões muito maiores do que aquilo
que nos propomos. Portanto, os nexos causais que buscamos estabelecer dizem respeito
aos pontos nodais entre o fenômeno psíquico e as dinâmicas da aceleração social.
Não obstante, estabelecemos as psicopatologias como um índice de leitura da
individualidade numa sociedade de alta velocidade, isto é, uma abordagem particular
tanto do campo vasto que compõe a formação das individualidades, quanto dos muitos
problemas que encerram as entidades clínicas aqui trabalhadas. Desta feita, é de
1 Utilizamos aqui a tradução inglesa The weariness of the self: diagnosing the history of depression in the
contemporary age. Cf. bibliografia.
13
profunda importância explicitar o caráter paradoxal da relação que buscamos
identificar entre as psicopatologias contemporâneas e a aceleração social: como já
mencionamos, essa relação é logicamente contraditória, uma vez que a aceleração dos
processos sociais deveria aumentar o tempo livre dos indivíduos, não encaminhá-los a
um estado de fadiga e de desgaste emocional, o que está na base determinante dos
fenômenos psicopatológicos. Tal contradição é impulsionada por forças sociais as quais
devemos perscrutar para atingir nossos objetivos satisfatoriamente.
Procedimentos metodológicos
A título de esclarecimento de nossos procedimentos, estabeleçamos o que segue.
Por psicopatologias contemporâneas entendemos aqui basicamente transtornos
depressivos e ansiosos. Entretanto, é preciso salientar que essas patologias não são
novas. Nem podemos afirmar peremptoriamente que hoje as pessoas sofrem mais de tais
males do que há 50 anos – seu diagnóstico em outro tempo poderia ter outros nomes. O
critério segundo o qual definimos psicopatologias contemporâneas diz respeito à sua
dimensão pública: isto é, a publicidade que doenças como depressão e ansiedade
receberam, seja através dos meios de comunicação, seja através do próprio aumento dos
diagnósticos, ou da ampliação do mercado de fármacos voltados a esses segmentos.
Consequentemente, este critério diz respeito à maneira pela qual tais doenças
penetraram o imaginário coletivo das sociedades modernas contemporâneas. O que é
novo, portanto, é sua dimensão social. Como Ehrenberg elabora, o que mais interessa a
um sociólogo que se debruça sobre um tema como a depressão, é o seu “sucesso social”,
bem como seu “sucesso clínico”.
A partir deste critério reiteramos o que foi colocado como nosso objetivo, e
estabelecemos um ponto metodológico fundamental: caminhamos em direção às
psicopatologias não como um fim em si mesmo, mas como meio através do qual
buscamos caracterizar a experiência do tempo acelerado na vida social contemporânea.
Em tempo, a investigação dos fenômenos psicopatológicos deve cumprir aqui, nos
marcos da Teoria Crítica, o papel de mediação entre o indivíduo e a sociedade,
contribuindo para um diagnóstico do tempo presente, de modo a empreender a
formulação de conceitos que possibilitem a expressão das contradições, bem como dos
sofrimentos, que permeiam a experiência deste tempo. Uma passagem de Rosa é
esclarecedora em relação ao propósito metodológico que orienta nossa investigação:
14
Quero aqui seguir a sugestão de Axel Honneth que a
identificação das patologias sociais seja o fim prioritário não
somente da teoria crítica, mas da filosofia social em geral. Ora,
segundo os teóricos críticos as chamadas patologias não devem
ser interpretadas como simples distorções funcionais ou
mecanismos disfuncionais da sociedade, que colocam em perigo
a reprodução (material e/ou simbólica), porque isto
comprometeria a possibilidade de qualquer ruptura
(revolucionária) e mudança na reprodução social [...] Ao
contrário, o ponto de partida dos teóricos críticos deve ser ao
meu ver o real sofrimento humano. Com isso, a base normativa
deve sempre estar solidamente ancorada na experiência concreta
dos atores sociais (ROSA, 2015a, p.56).
Diante da dificuldade de circunscrever fenômenos empíricos que nos forneçam
respaldo expressivo de nosso objeto, as psicopatologias contemporâneas, a pesquisa
será orientada por um recorte do problema a partir da constituição de um programa
composto por três frentes, quais sejam:
1. Questionário dirigido a pessoas diagnosticadas com um dos transtornos citados ou
que já os vivenciaram. Trata-se aqui de elaborar, a partir de questionários fechados,
alguns perfis e recorrências fenomênicas num dado grupo de pessoas que foram
acometidas por algum tipo de patologia que se enquadre, clinicamente, no hall das
desordens depressivas e ansiosas. Assinalamos que a entrega de questionários e o
contato com pessoas deverá ser realizado com a mediação de profissionais que atuam
em clínicas de saúde mental – psicólogos, psiquiatras e psicanalistas. De início, temos
como grupos-alvo basicamente dois segmentos sociais:
a) Jovens universitários. O que se justifica por algumas hipóteses em relação ao estilo
de vida, ao ethos que modela a vida universitária contemporaneamente, como:
inconstância de valores e frágil sentimento de pertença; uso abusivo de entorpecentes e
busca de maximização constante de prazeres; ansiedade em relação ao futuro
profissional e incertezas em relação ao próprio papel social; inserção de novas
tecnologias no cotidiano e seus impactos sobre as relações sociais etc.;
b) Trabalhadores dos setores público e privado. O que se justifica basicamente pelas
transformações, acima trabalhadas, na relação entre trabalho e vida, isto é, a
intensificação dos ritmos produtivos, acirramento da competitividade e aumento das
demandas pela aceleração dos processos comunicativos, e, sobretudo, pela
15
flexibilização do tempo de trabalho e seus impactos sobre a saúde mental dos
trabalhadores.
2. Entrevista com profissionais da saúde mental. Pretendemos aqui entrevistar, a partir
de guias semiestruturados, profissionais que atuam na área da saúde mental, como
psicólogos, psiquiatras e psicanalistas, tendo em vista explorar suas experiências
profissionais com as psicopatologias contemporâneas, suas explicações específicas para
tais fenômenos e as mudanças na atividade clínica, de modo que possam revelar
mudanças nos próprios fenômenos. Naturalmente tais entrevistas terão como público-
alvo os profissionais que se dispuserem a cooperar com a primeira frente de nossa
investigação (item anterior).
3. Explorar a literatura de autoajuda e literatura de grande público em geral (best-
sellers) voltada às psicopatologias. Por fim, pretendemos abordar a literatura de
autoajuda, tendo em vista seu conteúdo grandemente voltado à cura das psicopatologias
contemporâneas, e seu sucesso editorial, o que exemplifica o próprio “sucesso social”
de tais psicopatologias. Essa frente tem por peculiaridade o fato de expressar uma
dimensão reflexiva de nosso objeto, uma vez que no tipo de conteúdo veiculado nesse
gênero literário podemos observar: tanto a tomada de posição dos profissionais da saúde
mental, que se voltam ao grande público para auxiliar pessoas que sofrem de uma das
patologias que nos interessam, quanto a tomada de posição dos próprios indivíduos, que
vivenciam tais patologias e, a partir de seus relatos, buscam auxiliar, aconselhar outros
indivíduos. Desta forma, buscaremos circunscrever obras que versem explicitamente
sobre depressão e ansiedade, tendo por base as subdivisões editoriais “desenvolvimento
profissional” e “desenvolvimento pessoal”.
Cronograma
Atividades 1º Sem. 2º Sem. 3º Sem. 4º Sem.
Aulas x x X x
Levantamento
bibliográfico; seleção,
leitura e fichamento do
material
x
x
X
Coleta de dados no
campo x
x
16
Redação final
x
Apresentação
x
Bibliografia
ADORNO, T. Tempo livre. In: Palavras e sinais: modelos críticos 2. Petrópolis: Vozes,
1995.
ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro:
Zahar, 1985.
BAUMAN, Z. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
______. Vidas desperdiçadas. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.
BEARD, G. A nervosidade americana. Revista latino-americana de psicopatologia
fundamental, ano V, n. 1, mar/2002.
BECK, U. Individualization: Institutionalized Individualism and its Social and
Political Consequences. Londres: Sage, 2002.
CRARY, J. 24/7: Capitalismo tardio e os fins do sono. São Paulo: Cosac Naify, 2014.
DOS PASSOS, J. Paralelo 42. Rio de Janeiro: Rocco, 1987.
EHRENBERG, A. The weariness of the self: diagnosing the history of depression in
the contemporary age. Montreal; Kingston; London; Ithaca: McGill-Queen‟s University
Press, 2010.
FOLHA DE SÃO PAULO. Empresas prometem curar vício de pessoas em celular.
Publicado em: 25 de julho de 2015. Acessado em: 26 de julho de 2015. Disponível em:
<http://www1.folha.uol.com.br/tec/2015/07/1659933-empresas-prometem-curar-vicio-
em-celular.shtml>
FUKUYAMA, F. The end of history and the last man. New York: The Free Press,
1992.
17
GIDDENS, A. A transformação da intimidade: sexualidade, amor e erotismo nas
sociedades modernas. São Paulo: Ed. UNESP, 1993.
LUKÁCS, G. A teoria do romance: um ensaio histórico-filosófico sobre as formas da
grande épica. São Paulo: Duas Cidades: 34, 2009.
MATOS, O. C. F. Mal-estar na temporalidade: o ser sem o tempo. In: Benjaminianas:
cultura capitalista e fetichismo contemporâneo. São Paulo: Ed. UNESP, 2010.
PAHL, R. Depois do sucesso: ansiedade e identidade fin-de-sciècle. São Paulo: Ed.
UNESP, 1997.
ROSA, H. Aceleración social: consecuencias éticas y políticas de una sociedad de alta
velocidad desincronizada. Persona y Sociedad, vol. XXV, nº1, 2011, p. 9-49.
______. Accelerazione e alienazione. Per una critica del tempo nella tarda modernità.
Torino: Einaudi, 2015a.
______. Capitalism as a spiral of dynamisation: sociology as social critique. In:
DÖRRE, Klaus; LESSENICH, Stephan; ROSA, Hartmut. Sociology, capitalism,
critique. London; New York: Verso, 2015.
______. Full speed burnout? From the pleasures of the motorcycle to the bleakness of
the treadmill: the dual face of social acceleration. In: International journal of
motorcycle studies, v. 6, issue 1, 2010. Disponível em:
<http://ijms.nova.edu/Spring2010/IJMS_Artcl.Rosa.html>
______. Social acceleration: a new theory of modernity. New York: Columbia
University Press, 2013
SASSEN, S. Expulsions: brutality and complexity in the global economy. Cambridge;
London: Harvard University Press, 2014.
SENNETT, R. A corrosão do caráter: consequências pessoais do trabalho no novo
capitalismo. Rio de Janeiro; São Paulo: Record, 2010.
THE NEW YORK TIMES. Workers seeking productivity in a pill are abusing
A.D.H.D. drugs. Publicado em: 18 de abril de 2015. Acessado em: 19 de abril de 2015.
18
Disponível em <http://www.nytimes.com/2015/04/19/us/workers-seeking-productivity-
in-a-pill-are-abusing-adhd-drugs.html>
THOMPSON, E. P. Tradición, revuelta y consciencia de clase: estudios sobre la crisis
de la sociedad pre industrial. Barcelona: Crítica, 1984.
KURZ, R. O colapso da modernização: da derrocada do socialismo de caserna à crise
da economia mundial. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.