O Resgate da Voz Profética – Ousadia para denunciar e vencer toda forma de pecado

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Como podemos ter a ousadia de João Batista que, sem temer a reação dos poderosos da sua época, denunciou todas as formas de pecado?Uma reflexão esclarecedora que trará esperança á sua vida e ao seu ministério. Autor: Simão Alberto Zambissa. Formato: 11x18. Número de páginas: 80. ISBN: 85-7459-247-3

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O SOAR AUTÊNTICO DA

VOZ PROFÉTICA

Vendo, porém, Simão que pelo fato de imporem os após-tolos as mãos era concedido o Espírito Santo ofere-ceu-lhes dinheiro [...]. Pedro, porém, lhe respondeu: oteu dinheiro seja contigo para perdição, pois julgasteadquirir por meio deste o dom de Deus (Atos 8:18-20).

Cada um de nós tem orgulho da família eda nacionalidade a que pertence. Senti-

mo-nos lisonjeados quando fazemos menção ànossa família e com empolgação defendemos eexibimos nossa nacionalidade. No caso denós, brasileiros, é comum de se ouvir: “Eu soubrasileiro e com muito orgulho” ou “soubrasileiro e não desisto”.

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Com João Batista, o profeta do deserto2,tudo foi diferente. Quando indagado sobre suaidentidade, sua resposta causou mais dúvidasque esclarecimentos. De maneira surpreen-dente e enigmática respondeu: “Eu sou a voz

que clama no deserto, endireitai o caminho do Se-

nhor”, dando a ideia de que, para ele, mais im-portava a nacionalidade do porvir e não a des-te mundo. Por esse motivo denunciou o siste-ma opressor instalado entre os homens.

João Batista, profeta de origem humilde,não deu trégua à elite dominadora. Discordouda estratégia que a elite usava para manipularos menos favorecidos. Atacou a hipocrisia re-ligiosa por não se importar com as lágrimas dosoutros.

Homem de uma pregação simples, direta eprofética, longe de qualquer bajulação huma-na, persuadia os ouvintes, levava-os a confes-sarem seus pecados e os batizava no rio Jordão(Mateus 3: 6). João Batista pregava com ousa-dia a Palavra de Deus não se importando coma reação da elite abastada e do sacerdócio cor-rompido. Movido pela ação do Espírito Santo,sua pregação impactou toda a Judeia, Galileia

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2 Profeta do deserto é o termo usado neste livro referindo-se aoprofeta João Batista.

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e a cidade de Jerusalém, desde os grandes aospequenos (Mateus 3:5).

O cristianismo contemporâneo calou amensagem profética. Os púlpitos se esvaziaramde mensagens que denunciam o pecado e quelevem o pecador ao arre-pendimento. As mensa-gens da cruz foram substi-tuídas por mensagens deprosperidade barata. Pes-soalmente, creio na pros-peridade dada por Deus,todavia sou contrário à es-tratégia de barganhar comDeus, isto é, prometendo que se Deus fizer issoeu farei aquilo. Deus é Deus. Ele conhece nos-sas necessidades e tem o privilégio de supri-laspela fé em Cristo Jesus. Diante dessa preocupa-ção, torna-se necessário e urgente o resgate davoz profética em nossos púlpitos. Para isso, pre-cisamos de homens e mulheres de consciênciacristã autêntica como João Batista, o profetade uma pregação direta e profética.

João Batista era um profeta de uma pre-gação simples, pois a ministrava na autoridadedo Espírito Santo de Deus. Era direta porqueanunciava o Evangelho tal como é inspirado

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Lamenta-se que o cristi-anismo contemporâneo

calou a mensagem profé-tica. Os púlpitos se

esvaziaram de mensa-gens que denunciam opecado e que levem opecador ao arrependi-

mento.

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por Deus. Convencia os seguidores de seus pe-cados sem lançar mãos dos atrativos humanos,ou seja, João Batista pregava o Evangelho dasalvação independentemente de artifícios hu-manos para aglutinar discípulos. Sua pregaçãosimples e direta era suficiente para conven-cê-los de seus maus caminhos: “Arrependei-vos,

porque está próximo o reino dos céus” (Mateus 3:2). Por fim, a pregação de João Batista tinha ocunho profético, porque anunciava com autori-dade a vinda do Messias, o homem aguardadohá séculos para salvar a humanidade.

Entre outras coisas, o soar da voz proféti-ca requer autenticidade, transparência e honesti-

dade, a fim de validar a autoridade do profeta.Com essas virtudes dificilmente o profeta deDeus terá envolvimento com as práticas quecontrariam Sua vontade. Assim sendo, o pro-feta não se curvará diante das ameaças dos po-derosos e das mazelas tramadas contra o povohumilde e menos favorecido da sociedade.Nessas condições o profeta deve ter ficha lim-

pa3 para não comprometer a missão para aqual foi vocacionado.

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3 Ficha limpa é uma expressão usada neste livro para referir-se aoprofeta que não se deixa envolver com elite religiosa mascaradae corrompida, mas mantém-se firme no anúncio da voz profé-tica.

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1.1. Compromisso com a verdade

Porquanto, para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro(Filipenses 1:21).

Lemos no Evangelho de João, capítulo 8,verso 32: “[...] e conhecereis a verdade e a ver-dade vos libertará”. O compromisso com averdade liberta as pessoas de qualquer atitudecontrária à vontade de Deus. Por isso, o apos-tolado de Jesus requer transparência espiritu-al, ou seja, não estar comprometido com a eli-te corrompida. Isso significa também não sedeixar influenciar pelo poder deste mundo.

João Batista, homem sem paradeiro fixo,não se deixou contaminar com as injustiças,vaidades e arrogâncias do mundo perverso por-que se preocupou em agradar a Deus e, não,aos saduceus e fariseus. Ademais, João Batistanão era um profeta profissional.

Homem de origem humilde não se im-portava com o luxo da elite e muito menos eraacostumado com banquetes exagerados. Pos-suía como maior patrimônio as suas vestes depelos de camelo, um cinto de couro e o seu ali-mento eram gafanhotos e mel silvestre(Mateus 3:4).

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Diante desse cenário, é prudente afirmarque o profeta do deserto não se interessava emmanter vínculo com a elite corrompida e des-moralizada. Aliás, sendo fiel a Deus, conde-nou com veemência as artimanhas dos deten-tores do poder. Despido de “status quo” dessemundo, preferiu preparar o caminho do cora-ção, do espírito, deixando de lado o mundo fí-sico corrompido e cheio de discriminação.

Em seu discurso pro-fético, anunciava comempolgação e reverência avinda do Messias (Jesus),o enviado de Deus, cujapresença penetraria nasestranhas mentes huma-nas. “O mestre da vidaqueria atingir um alvo queos tranquilizantes e os an-

tidepressivos mais modernos não conseguematingir” (CURY, 2001, p. 19).

É verdade, a vinda do Messias mudaria ocenário político e religioso desse mundo. Suamissão buscava desempenhar o papel que ja-mais fora alcançado por alguma ciência: trans-formar a personalidade humana, pois apesardas guerras, vaidades, arrogâncias, desonestidade

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É prudente afirmar queo profeta do deserto nãose interessava em man-ter vínculo com a elite

corrompida e desmorali-zada. Aliás, sendo fiela Deus, condenou comveemência as artima-nhas dos detentores do

poder.

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e assassinatos, a humanidade não era umprojeto falido.

Acreditando na transformação da huma-nidade, Jesus encarnou-se nesse projeto, semtemer a morte pela cruz que haveria de enfren-tar. Aliás, Ele veio ao mundo para inaugurarum novo tempo e um novo ser.

Em suma, o profeta que acredita na resta-uração da humanidade como João Batista, oprofeta do deserto acreditou, jamais fará calara voz profética. Mesmo que o sistema políticoe religioso tente influenciá-lo com atitudes ilí-citas e mascaradas, de maneira ousada e deste-mida confronta-os com o auxílio do EspíritoSanto de Deus.

1.2. Ousadia e firmeza no chamado

Portanto, meus amados irmãos, sede firmes, inabalá-veis, e sempre abundantes na obra do Senhor, sabendoque, no Senhor, o vosso trabalho não é vão (1 Coríntios15:58).

Só pode ser ousado alguém que não temeos perigos da função que exerce. Este foi o casode João Batista (Mateus 3:5,6). “O homem dodeserto não tinha medo de nada e de ninguém”

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(CURY, 2003, p. 18). Enfrentou os carrascos,líderes religiosos, por aprisionarem as pessoasno pequeno mundo das suas vaidades e suasverdades.

O profeta de Deus deve sempre priorizarpessoas e não ansiar pelo poder. Quando issoocorre perdemos a sensibilidade para com osmenos favorecidos. No caso de saduceus e fa-riseus, João Batista chamou-os de filhos de ser-

pentes (Mateus 3: 7), por-que por fora mantinhamuma aparência de seremmansos, mas por dentroeram venenosos. Talvez aíesteja o sinal evidente dafalta do amor aos miserá-

veis e menos favorecidos da sociedade.

Amando a si mesmos, os fariseus e sadu-ceus sutilmente simularam uma conversãoinexistente, só para fugirem da ira de Deus,mas com ousadia e firmeza João Batista os ad-vertiu: “Raça de víbora, quem vos induziu afugir da ira vindoura”? (Mateus 3:7). Para mui-tos a reação do profeta foi inoportuna. Poderi-am até questionar: como um homem que ti-nham a missão de pregar o Evangelho da salva-ção poderia impedir a conversão de alguém?

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O profeta de Deus devesempre priorizar pessoase não ansiar pelo poder.Quando isso ocorre per-demos a sensibilidade

para com os menos favo-recidos.

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O que ele tinha contra os fariseus e saduceus?Todas essas perguntas podem até ser feitas,mas queremos crer que a intenção de João Ba-tista foi a de instigá-los a uma conversão genuí-na. O profeta do deserto criticou a falta de umaconversão verdadeira da parte dos fariseus esaduceus. Por isso, irritou-se com a falsa espiri-tualidade deles.

Assim, a indignação de João Batista fun-damenta-se no fato de os fariseus e saduceustransformarem o ato do batismo num mero ri-tual ou simbolismo de fé. Optavam pelo batis-mo só para conservar o status quo na socieda-de. Queriam ser batizados sem arrependimen-to e sem disposição de abandonar o pecado.Com urgência, João Batista chama-os parauma mudança de atitudes: “Produzi, pois, fru-to digno do arrependimento” (Mateus 3:8).

Confesso que, muitas vezes, o meu cora-ção se entristece quando as igrejas na atuali-dade relegam a mudançade atitudes que, aqui, cha-mo também de conversãoa segundo plano. A esserespeito fica notória aomissão de muitos líderesno que tange aos valores

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O meu coração se entris-tece quando as igrejas

na atualidade relegam amudança de atitudes

que, aqui, chamo tam-bém de conversão a

segundo plano.

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básicos da fé e, com isso, incentivam a buscade uma espiritualidade de vale tudo4.

Isso ocorre com frequência porque os lí-deres não têm coragem e firmeza para tratardo assunto. Outros fingem não saberem nada,levando as igrejas da pós-modernidade ao in-chaço em número, mas cada vez mais vaziasespiritualmente. As igrejas da pós-modernida-de tornaram-se pobres porque não são capazesde influenciar a sociedade em que estão inseri-das.

Adverte Mateus:

Vós sois o sal da terra; ora, se o sal vier a ser insípido,como lhe restaurar o sabor? Para nada mais prestasenão para, lançado fora, ser pisado pelos homens. Vóssois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edi-ficada sobre o monte; nem se acende uma candeia paracolocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumiaa todos que se encontram na casa (Mateus 5:13-15).

Ousadia e firmeza fazem do profeta umhomem decidido. João Batista, como profetade Deus, jamais ficou em cima do muro. Elechamou os fariseus e saduceus para uma con-

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4 “Espiritualidade de vale tudo” é o termo usado quando a pessoadiz ser cristã por ter passado pelo ritual do batismo, mas nãoapresenta mudança nenhuma. Às vezes a pessoa se consideracristã só por frequentar uma igreja cristã.

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versão genuína. Para ele não bastava simples-mente pertencer à descendência de Abraão,mas importava nascer de novo. “Não tentemescapar assim, pensando: Nós estamos salvos,porque somos judeus – somos descendentes deAbraão” (Mateus 3:9).

Não quero, aqui, ser pessimista. Mas, al-go me disse que João Batista, como profeta deDeus, na atualidade seria um fracasso. Suapregação, hoje, seria considerada pesada por-que não agradaria o cristão contemporâneo,acostumado com mensagens recheadas de no-vidades ou atrativos humanos para alegrar oseu ego.

De fato, com o seu perfil profético de pre-gar, João Batista teria dificuldades de conven-cer o atual cristianismo, cujas mensagens prio-rizam em demasia a prosperidade material.Tem-se a falsa ideia de que um cristão próspe-ro é aquele que possui necessariamente bensmateriais. Nesse caso, João Batista não pode-ria nem pensar em pregar sobre a mordomia ouprosperidade cristã. Aliás, nem mesmo roupasele possuía e sua alimentação era semelhante àde um mendigo. Como pregar sobre a prospe-ridade e sobre a fidelidade de Deus?

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Sendo fiel a Deus, oprofeta do deserto não securvou diante dos podero-sos desse mundo. Arriscousua vida em obediência aochamado, mesmo sabendoque estava pisando emterra falsa e estranha.

Com ousadia enfrentou os poderosos da hu-manidade e denunciou os males que o sistemafora do projeto de Deus causava aos miseráveisda sociedade. Aliás, tão ousado João Batistaera que não evitou a morte premeditada. A man-do de Herodes sua cabeça foi decapitada (Ma-teus 14:1-12).

1.3. Sirvo a Deus, mas não possuo

imunidade nenhuma nas minhas

aflições

Em tudo dai graças, porque esta é a vontade de Deus emCristo Jesus para convosco. Não apagueis o Espírito (1Tessalonicenses 5:18,19).

Servir ao Senhor com a inteireza de cora-ção, não garante benefício extra para o cris-tão, que é amado por Deus, mas em hipótese

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Sendo fiel a Deus, oprofeta do deserto não securvou diante dos pode-

rosos desse mundo.Arriscou sua vida em

obediência ao chamado,mesmo sabendo que

estava pisando em terrafalsa e estranha.

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alguma está isento de lutas, das aflições, inclu-sive, da própria morte.

No mais, João Batista servia ao Senhor eem obediência e submissão abdicou de sua vi-da pessoal para dedicar-se ao chamado ou vo-cação, mas não foi capaz de evitar a morte tra-mada contra ele. A morte não o fez calar a vozprofética e nem podia separá-lo de Deus.Segundo o apóstolo Paulo nada pode nos se-parar do amor de Cristo. “Quem nos separarádo amor de Cristo? Será tribulação, ou angús-tia, ou perseguição, ou fome, ou nudez, ou pe-rigo, ou espada? (Romanos 8:35). Você estádisposto a sacrificar sua vida por amar a Cris-to?

Na visão de Paulo, como cristãos “somosentregues à morte o dia todo, fomos conside-rados como ovelhas para o matadouro” (Ro-manos 8:36). Mas apesar disso, o cristão devemanter-se firme na fé até a morte. O próprioJesus foi fiel até a morte, conforme escrito nolivro de Atos, capítulo 8, verso 32: “[...] foi le-vado como ovelha ao matadouro; e como umcordeiro, mudo perante o seu tosquiador, as-sim Ele não abre a sua boca”.

O profeta do deserto morreu por ser leal aDeus. Ele, acima de tudo, foi um cristão ho-

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nesto de consciência. Algoque perdeu valor no cris-tianismo de nossos dias.Mais vale a “aparência”que o “ser”. A pessoa podeestar pobre por dentro,mas tendo fama e dinheiroela é merecedora de hon-

rarias humanas. Enfim, o comportamento deJoão Batista nos ensina que o profeta do Se-nhor deve servir a Deus, sem temer os perigosou deixar-se levar pelas atitudes da falsa religi-osidade. Deve portar-se como defensor da jus-tiça e zeloso no exercício da vocação.

1.4. Defensores da justiça e da

integridade ministerial

Agora, pois, temei ao Senhor, e serve-O com integridadee com fidelidade [...]. Porém, se vos parece mal servir aoSenhor, escolhei hoje a quem sirvais: se aos deuses aquem serviram vossos pais, que estavam dalém do rioEufrates, ou aos deuses dos amorreus, em cuja terrahabitais. Eu e a minha casa serviremos ao Senhor(Josué 24:14,15).

O que mais entristece meu coração é vercristãos serem influenciados pelo meio em que

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O profeta do desertomorreu por ser leal aDeus. Ele, acima detudo, foi um cristão

honesto de consciência.Algo que perdeu valorno cristianismo de nos-

sos dias.

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vivem e (ou) trabalham. Na maioria das vezes,preferem calar-se que enfrentar o mal em obe-diência à vocação. Josué e João Batista agiramem defesa da integridade ministerial. Emborao povo se rebelasse contra Deus, eles não secalaram. Ergueram suas vozes exigindo doscristãos a fidelidade a Deus. Denunciaram opecado, sem olhar para o conforto proporcio-nado pela elite, dando o exemplo de que a fi-delidade ministerial independe da condiçãosocial e externa do profeta.

Uma análise minuciosa do Evangelho deMateus, em especial, o capítulo 3, versos 3 a10, mostra que João Batista ousadamenteafrontou o sistema religioso judaico e o intocá-vel império romano. Ele criticou os erros, a in-justiça, a manipulação dos grandes sobre ospequenos. Por sua coragem não poupou nem orei Herodes Antipas. Denunciou-o por man-ter relacionamento ilícitocom sua cunhada: “Por-que Herodes, havendoprendido e atado a João, ometera no cárcere, por ca-usa de Herodias, mulherde Filipe, seu irmão, pois

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Qual tem sido sua pos-tura quando o assunto épromover a justiça aosmenos favorecidos da

sociedade? Em socieda-de depravada é possívelmanter a integridade

ministerial?

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João lhe dizia: Não é lícito possuí-la” (Mateus14:3,4).

João Batista portou-se dessa maneira emdefesa da justiça e da integridade ministerial.Qual tem sido sua postura quando o assunto é

promover a justiça aosmenos favorecidos da so-ciedade? Em sociedade de-pravada é possível mantera integridade ministerial?

Não deixe que a in-teligência meramente hu-mana interfira no seu cha-mado. Na concepção doprofeta do deserto, os farise-us, apesar de famosos e

versados na lei de Deus, eram hipócritas. Umaespiritualidade hipócrita foi a causa que fezcom que Jesus os advertisse:

Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque limpaiso exterior do copo, e do prato, mas estes por dentro estãocheios de paina e intemperança. Ai de vós, escribas efariseus, hipócritas! Porque sois semelhantes aos sepul-cros caiados, que por fora se mostram belos, mas interi-ormente estão cheios de ossos de mortos e de toda imundí-cia (Mateus 23:25, 27).

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De onde veio à autenti-cidade do seu ministé-

rio? Sem dúvida, de suadependência a Deus.

Foi Deus quem o cha-mou e o capacitou noexercício do chamadoprofético, razão pela

qual sempre defendeu ajustiça e a integridade

ministerial.

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No plano espiritual a aparência externanão é garantia de uma vida cristã saudável.Se considerar a aparência como condição bá-sica para o exercício da vocação, o profetismode João Batista jamais teria logrado êxitos e re-putação entre os escribas, fariseus e saduceus.Isso implica dizer que se fosse pela condiçãosocial, João Batista como profeta não teria cre-dibilidade nenhuma. Agora, pergunta-se: De on-de veio à autenticidade do seu ministério? Semdúvida, de sua dependência a Deus. Foi Deusquem o chamou e o capacitou no exercício dochamado profético, razão pela qual sempre de-fendeu a justiça e a integridade ministerial.Assim, é importante reafirmar que quando ocristão vive realmente na dependência do Se-nhor, Ele o capacita, o sustenta e o prepara pa-ra surpreender os orgulhosos e poderosos destemundo.

Estando Deus no centro da vocação doprofeta, todas as expectativas ministeriais se-rão superadas, isto porque é Deus quem deter-minava o que falar, como falar, quando falar epara que falar.

Ora, os escribas e fariseus, além de hipó-critas, podem também ser chamados de pedra

de tropeço na fé de muitos cidadãos. Eles não

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serviam a Deus com fidelidade, mas não dei-xavam que os outros o fizessem. Por causa des-se comportamento Jesus os exortou: “Ai devós, escribas e fariseus hipócritas! Porque fe-chais o reino dos céus diante dos homens, poisvós não entrais, nem deixais entrar os que es-tão entrando” (Mateus 23:13).

A propósito, devemos reconhecer que aousadia e a firmeza de João Batista como pro-feta permitiu anunciar a vinda do Messias, ohomem que tiraria o pecado do mundo. Jesusveio, e há de voltar. Quais as expectativas desua volta? Você está realmente preparado pa-ra recepcioná-Lo? Enquanto é tempo prepa-re-se, Jesus está voltando! Mãos à obra, poistoda a árvore que não produzir bom fruto serácortada e lançada ao fogo (Mateus 3:10).

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