O Que é Universidade

11
UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL CURSO DE GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA LICENCIATURA ADADÊMICO: FELIPE ALFREDO BOTH DISCIPLINA: INTRODUÇÃO A PRÁTICA CIENTÍFICA PROFESSOR: GERSON EGAS SEVERO WANDERLEY, Luiz Eduardo W. O que é universidade. 5 ed. São Paulo. Brasiliense, 1985. “O termo universidade está ligado a muitos outros – cultura, ciência, ensino superior, pesquisa, autonomia etc. que devem ser conjuntamente compreendidos. ” (p.7) “Certas funções, como as de qualificar os mais aptos para diversas profissões, diferenciar o saber científico e o pré-científico, a cultura erudita e a popular, tornar a universidade mais democrática, tanto no sentido do poder interno, quanto no sentido de abri-la para camadas mais vastas da população, transformaram-se em problemas. ” (p.7) Pode-se afirmar que a universidade, atualmente está ligada a funções que por muitas vezes não se tem o conhecimento, já que por muitos anos a universidade foi apenas para a aristocracia ou para clérigos. “Se encararmos as visões globais que se têm hoje da universidade, num plano bem geral, elas seguem distintas orientações. ” (p.8) “Nos países capitalistas, as universidades apresentam um grau de autonomia e de avanço tecnológico e científico variáveis, sendo condicionadas de modo diferenciado pelo tipo de desenvolvimento seguido, quer pelos países desenvolvidos, como do nosso país. ” (p.8) Ou seja, as universidades não possuem um meio de se organizar padronizado e de autonomia, sendo que nos pises capitalistas, assim como no Brasil, as universidades possuem certa autonomia, que nos casos dos países socialistas, as universidades são submetidas ao Estado, seguindo em certos casos a hierarquização e certa rigidez. “Existem aqueles que veem a universidade como lugar historicamente apropriado para a criação e divulgação do saber, para o desenvolvimento da ciência, para a formação de profissionais de nível superior, técnicos e intelectuais que os sistemas necessitam. ” (p.8) “Para mim, a universidade é um lugar mas não só ela privilegiado para conhecer a cultura universal e as várias ciências, para criar e divulgar o saber, mas deve buscar uma identidade própria e uma adequação à realidade nacional. ” (p.11) “Suas finalidades básicas são o ensino, a pesquisa e a extensão. ” (p.11)

description

Fichamento do livro o que é universidade

Transcript of O Que é Universidade

Page 1: O Que é Universidade

UNIVERSIDADE FEDERAL DA FRONTEIRA SUL

CURSO DE GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA – LICENCIATURA

ADADÊMICO: FELIPE ALFREDO BOTH

DISCIPLINA: INTRODUÇÃO A PRÁTICA CIENTÍFICA

PROFESSOR: GERSON EGAS SEVERO

WANDERLEY, Luiz Eduardo W. O que é universidade. 5 ed. São Paulo.

Brasiliense, 1985.

“O termo universidade está ligado a muitos outros – cultura, ciência, ensino

superior, pesquisa, autonomia etc. – que devem ser conjuntamente compreendidos. ” (p.7)

“Certas funções, como as de qualificar os mais aptos para diversas profissões,

diferenciar o saber científico e o pré-científico, a cultura erudita e a popular, tornar a

universidade mais democrática, tanto no sentido do poder interno, quanto no sentido de

abri-la para camadas mais vastas da população, transformaram-se em problemas. ” (p.7)

Pode-se afirmar que a universidade, atualmente está ligada a funções que por muitas

vezes não se tem o conhecimento, já que por muitos anos a universidade foi apenas para

a aristocracia ou para clérigos.

“Se encararmos as visões globais que se têm hoje da universidade, num plano bem

geral, elas seguem distintas orientações. ” (p.8)

“Nos países capitalistas, as universidades apresentam um grau de autonomia e de

avanço tecnológico e científico variáveis, sendo condicionadas de modo diferenciado

pelo tipo de desenvolvimento seguido, quer pelos países desenvolvidos, como do nosso

país. ” (p.8)

Ou seja, as universidades não possuem um meio de se organizar padronizado e de

autonomia, sendo que nos pises capitalistas, assim como no Brasil, as universidades

possuem certa autonomia, que nos casos dos países socialistas, as universidades são

submetidas ao Estado, seguindo em certos casos a hierarquização e certa rigidez.

“Existem aqueles que veem a universidade como lugar historicamente apropriado

para a criação e divulgação do saber, para o desenvolvimento da ciência, para a formação

de profissionais de nível superior, técnicos e intelectuais que os sistemas necessitam. ”

(p.8)

“Para mim, a universidade é um lugar – mas não só ela – privilegiado para conhecer

a cultura universal e as várias ciências, para criar e divulgar o saber, mas deve buscar uma

identidade própria e uma adequação à realidade nacional. ” (p.11)

“Suas finalidades básicas são o ensino, a pesquisa e a extensão. ” (p.11)

Page 2: O Que é Universidade

“Ela é a instituição social que forma, de maneira sistemática e organizada, os

profissionais, técnicos e intelectuais de nível superior que as sociedades necessitam. ”

(p.11)

“Estas interpretações sobre a missão e finalidade da universidade ressoam na

América Latina, cuja dependência cultural externa é estrutural, e são repetidas ou

recriadas com matrizes peculiares à situação de cada país. ” (p.11)

Universidade, na mente de muitos – população leiga – é o lugar onde se aprende

uma profissão, pilhar conhecimento, não obstante, o autor propõe que tias instituições

seriam, na sua concepção, ambientes onde se teria contato com a cultura universal, e que

essas universidades fossem projetadas para atender as necessidades da sociedade

nacional. Na américa latina, as universidades de forma geral estão estruturadas de acordo

com a necessidade de cada país.

“Como consequência desses movimentos e das novas ideias gestadas pelo

desenvolvimento científico e tecnológico dos países industrializados [...]. ” (p.12)

“Projetos tecnocráticos, que veem a educação coo instrumento para o

desenvolvimento econômico e social, [...]. ” (p.12-13)

“Projetos autonomistas, que veem a universidade em sua missão de crítica, de

formação da liderança e da ciência apropriadas a Nação. ” (p.13)

“Em termos gerais, que se aplicam a quase todos os projetos latino-americanos de

reforma universitária, a constatação é a de que eles têm sido geralmente parciais,

limitados, experimentais, sendo seu destino os arquivos, ou uma execução falha com

rápido abandono. ” (p.13)

A partir de do desenvolvimento científico e tecnológico, começou-se a discutir

mudanças buscando novas formas de educar, e reestruturar toda a comunidade

universitária. Contundo, pode-se afirmar que no contexto latino-americano essas

mudanças não correram de maneira completa.

“Herdeiras das instituições do mundo greco-romano, as universidades foram

assumindo uma forma específica no contexto religioso do Oriente islâmico e do Ocidente

cristão. ” (p.15)

“Para terem o direito de ensinar ou de conferir graus, eles precisavam uma licença

do papa, do rei ou do imperador. ” (p.15)

“Os estudantes, professores e clérigos desfrutavam de privilégios e imunidades, tais

como proteção contra prisão injusta, permissão para morar em segurança, direito de

interromper os estudos, proteção contra extorsão em negócios financeiros etc. ” (p.15)

“Criadas para formar uma elite aristocrática, depois complementadas por uma elite

de mérito, elas irão sofrendo mutações através dos tempos e se adequando às novas

condições impostas pela realidade. ” (p.18)

Page 3: O Que é Universidade

Pode-se destacar que ao longo de muitos anos as universidades era lugares de

poucos, havia a necessidade de se ter permissão para poder ingressar em uma faculdade

durante muito tempo, ou seja, havia uma classificação dos estudantes, portanto apenas

uma a alta aristocracia possuía condições de cursar uma graduação. Geralmente, no

contexto medieval, eram os clérigos que tinha acesso a essas oportunidades.

“Sob o influxo e a disseminação das ideias liberais, buscou-se a integração entre o

ensino e a pesquisa, e nesta perspectiva vai nascer a Universidade de Berlim, em 1810. ”

(p.15)

“Pouco a pouco elas se transformam no lugar apropriado para conceder a permissão

para o exercício das profissões, através do reconhecimento dos títulos e diplomas

conferidos por órgãos de classe e governamentais. ” (p.18)

Neste contexto, vê-se que as universidades passaram a se adequar aos processos

ocorrentes na sociedade, ou seja, ao passar tempo coma ascensão da burguesia e também

pela crescente necessidade de mão-de-obra qualificada, as universidades passaram a

exercer a função de preparar e de certa forma autorizar – por meio te títulos expedidos –

profissionais qualificados para as necessidades da sociedade.

“Diferentemente de Portugal, o sistema universitário da Espanha foi trazido para a

América Latina desde o início do século XVI, [...]. ” (p.19)

“No Brasil, o sistema implantado foi fragmentado em escolas de ensino superior, e

a criação da primeira universidade se deu em 1920 no Rio de Janeiro, sem ser

concretizada. ” (p.19)

As universidades propriamente ditas surgem, no brasil, já no século XX, ou seja, os

intelectuais brasileiros até essa época, recorriam a universidade no exterior, geralmente

portuguesas, ao contrário dos países vizinhos que desde muito sedo, ainda no período

colonial já possuíam instituições de ensino superior para atender as demandas locais.

“Com o esvaziamento progressivo da Inquisição, os novos ares de mudança que

sacudiam a Europa chegam à Espanha e foram criadas instituições ais liberais fora das

universidades. ” (p.19)

“Posteriormente às guerras de independência, houve mudanças nas universidades

latino-americanas, que seguiram o modelo napoleônico francês. ” (p.19)

“O exemplo que o modelo francês trouxe para a América Latina foi o

estabelecimento de faculdades para cada profissão, que diplomam os alunos para o

exercício profissional outorgando títulos e qualificações, com reconhecimento dado pelo

governo. ” (p.20)

“Dois problemas crônicos agitam a universidade na América Latina, que se ligam

a influência de modelos do exterior. Um deles é o de como conciliar o ensino profissional

com a atividade científica. ” (p.20)

Page 4: O Que é Universidade

“Outro problema diz respeito à formação de dirigentes de alto nível e se ela está

afeta às instituições universitárias. ” (p.21)

Percebe-se que numa Europa em marcada pela Inquisição, as instituições de ensino

possuíam padrões nos quais visavam a doutrinação dos alunos passando por cima da

ciência, ou seja, a ciência moderna encontrava-se excluída das universidades que eram

dominadas elo clero. As universidades latino-americanas, por muito tempo seguiram e de

certa forma ainda seguem o padrão francês, no qual visava a obtenção de um título, no

qual a prioridade exclusiva era de formar trabalhadores qualificados.

“Com os acontecimentos universitários e políticos que se sucederem em Córdoba

(1918), e a publicação do ‘Manifesto de Córdoba’, surge naquela cidade o movimento

reformista que abalou a universidade de toda a América Latina. ” (p.23)

“Criado e impulsionado pelo movimento estudantil, o movimento de reforma

universitária ultrapassa seus limites e tem por contexto condicionante dois

acontecimentos externos – a guerra europeia e a Revolução Russa – em um acontecimento

que irrompeu no continente latino-americano – Revolução Mexicana. ” (p.23)

“Com a Revolução Mexicana, a consciência nacionalista alcança o seu ápice,

floresce uma visão americana a partir daquela experiência vitoriosa, e ela se expandirá

em forma de uma ideologia para os setores médios, na esperança de um renascimento

cultural do continente. ” (p.24)

“Como pano de fundo se pode afirmar que o movimento refletiu o inconformismo

das classes médias na América Latina, [...]. ” (p.24)

“Assim, desde a reforma universitária funcionou como reduto político da classe

média. ” (p.24).

“ Dentre os objetivos estabelecidos pela reforma, as reivindicações básicas giravam

em torno de maior democratização interna e de autonomiza frente ao Estado. ” (p.24)

“A derrota trouxe uma radicalização, as reivindicações adquiriam um cunho mais

político, buscando-se a obtenção de mais aliados e atravessar as fronteiras da província.

” (p.25)

“Os estudantes elaboraram um documento (21 de junho de 1918), que se

transformou no ‘Documento Preliminar’ da reforma universitária, assinado pela direção

da Federação Universitária de Córdoba e redigido por Deodoro Roca, [...]. ” (p.25)

“Os acontecimentos de Córdoba extravasaram para outros países, dando razão aos

anseios dos estudantes argentinos de alcançar uma dimensão americana para a reforma

universitária. ” (p.26)

“Em cada país ela adquirirá características singulares. ” (p.26)

“A reforma universitária constituiu-se na maior escola ideológica para os setores

avançados da pequena burguesia, no espaço de onde se recrutaram as oligarquias. ” (p.26)

Page 5: O Que é Universidade

As reivindicações da juventude acadêmica de Córdoba eram de possuir maior

terminar com as interferências do clero nas atividades acadêmicas que não eram de agrado

a igreja. Ou seja, aproveitando o cenário mundial e também regional de fortalecimento da

cultura nacional, foi um momento decisivo para se mudar as estruturas universitárias, as

quais se mantinham num estilo europeu. Sendo assim, as classes medias, aproveitam-se

desta reforma num caráter político, passando para outros países, cada qual ocorria de

maneiras distintas.

“Se há consenso unânime no sentido de e conferir à universidade a função de

produzir e difundir conhecimentos, há também uma aceitação válida para a maioria dos

países, de que é nela que se pode ter contato sistemático com a cultura universal. ” (p.29)

“E a troca de informações, experiências e saberes é aprofundada em debates,

seminários, conferências, encontros, simpósios, nacionais e internacionais, ademais do

intercâmbio permanente entre cientistas, técnicos, professores e estudantes, e do comércio

da literatura publicada a nível mundial. ” (p.30)

A universidade é o lugar onde se produz e repassa o conhecimento, a cultura, usando

da troca de saberes e práticas entres técnicos, professores, alunos e cientistas para

enriquecer ainda mais o conhecimento de ambos.

“ [...]a cultura, que possui uma autonomia relativa, está em correspondência com as

relações sociais que os homens estabelecem em função do desenvolvimento de sua

produção material. ” (p.30)

“Quaisquer que sejam os indicadores e a concepção que se tenha desta condição de

um e de outro, o importante é registrar que a cultura dos países dominantes atravessa a

dos países dependentes. ” (p.31)

“Se a cultura domina as mentes e as ações da população em geral, ela vai atingir

também a universidade e as atividades dos cientistas, negando a tese da ciência neutra. ”

(p.31)

A cultura capitalista é generalizada, ou seja, ela se encontra em todos os lugares, ao

mesmo tempo que de pensar e agir dadas pela exigência da reprodução do capital. Suas

ideias e valores dos países dominantes se impõem sobre os países dependentes.

“A universidade sempre importou o pensamento, as teorias e os métodos do

exterior. ” (p.32)

“No Brasil, a dependência cultural perpassa toda a história do ensino superior,

desde o período colonial em que tudo se resumia em copiar o que se produzia nas

universidades europeias, passando pelas ideias liberais e positivistas que formavam a

ideologia de muitos estudantes e professores e que influenciavam os setores progressistas

das classes dominantes e média. ” (p.33)

“As escolas superiores livres transferiram modelos didáticos estrangeiros. ” (p.33)

Page 6: O Que é Universidade

“O que se pode afirmar é que, em nossa tradição universitária, como nos demais

espaços intelectuais, sempre houve um predomínio dos modelos e soluções importados,

inadequados à nossa realidade. ” (p.34)

“Processo de evasão de cérebros, resultante do fato da saída do país de pessoas que

vão aprofundar seus estudos no estrangeiro e lá permanecem, por encontrarem ali os

meios apropriados e facilidades ao seu desenvolvimento cientifico e atividades criativas,

retirando assim de nosso país e dos países dependentes em geral as pessoas com

capacidade e preparo. ” (p.34)

“Ainda há a considerar o expressivo contingente de professores e estudantes que

foram expulsos e obrigados a ir para o exílio, por força de repressão e da perseguição que

marcam a triste história política da vida do nosso país. ” (p.36)

“Uma universidade que não objetive se dedicar exclusivamente à formação de

profissionais para o mercado de trabalho, mas que queira educar, não pode ficar

circunscrita à realidade de uma só cultura. ” (p.36)

As universidades latino-americana não seguiam padrões próprios, elas se usufruíam

de modelos do exterior, o mais empregado foi modelo francês, que visava preparar

profissionais para o mercado de trabalho. Durante o período da ditadura militar, muitas

das figuras intelectuais do Brasil tiveram que deixar o país, sendo que alguns deixavam o

Brasil para aprofundar o conhecimento porem não voltavam mais, ou seja, o país careceu

de mentes pensantes e com capacidade e preparo, além disso vários professores e alunos

também foram obrigados a se exilar.

“As universidades de todo o mundo foram buscando articular o ensino com a

pesquisa, e sem sombras de dúvida, naqueles onde recursos substanciais foram

concedidos à pesquisa, houve um crescimento seguro e o aprendizado científico avançou.

” (p.38)

“Ainda que não dependa exclusivamente destes dois fatores, os países que alcançam

alto grau de industrialização e de desenvolvimento privilegiam, com recursos e aplicação

de políticas bem elaboradas, uma dinamização do ensino e da pesquisa. ” (p.38)

Com a necessidade de ampliação e descoberta, passou a dar ênfase a pesquisa, como

método de ensino, enfatiza ainda a grande importância do impulso que é necessário, para

que o estudo e a pesquisa mantenham um elevado padrão de qualidade, sendo que

separado, deve ser supervisionado e questionado, em função e sua importância social.

“Nas últimas décadas, em virtude da supervalorização dada universalmente às

ciências tecnológicas, as ciências humanas e sociais, a quem sempre coube mais

diretamente a crítica da sociedade [...], passaram a ser também minimizadas e até

desconsideradas. ” (p.40)

“Com relação ao ensino privado, pode-se encontrar um equilíbrio, estabelecendo

fórmulas adequadas de avaliação substantivas de cursos e programas, elaborando critérios

Page 7: O Que é Universidade

para a aplicação dos recursos, estudando mecanismos para bolsas de estudos, para fundos

de pesquisa etc. ” (p.42)

“A variedade e complexidade das exigências profissionais se alteram de país para

país, havendo partes comuns existentes em quase todos, que resultaram da similitude de

objetos e de condições requeridas por determinado campo profissional dentro do atual

desenvolvimento científico e tecnológico a nível mundial. ” (p.42)

“Um ensino que se preocupa quase exclusivamente em outorgar diplomas legais

para o exercício de profissões, com predominância das liberais. ” (p.43)

“Criou uma oferta de mão-de-obra qualificada bem superior à demanda do sistema

produtivo, trouxe em muitos casos uma deterioração no nível de ensino, engendrou a

desvalorização de certas profissões. ” (p.43)

A formação dos profissionais, das diversas carreiras de base técnica, cientifica e

intelectual, para o qual são compostos currículos. Uma questão ainda acentuada, nas

universidades latino-americanas é de se preocupar exclusivamente em expedir diplomas

legais para o exercício das funções. A também uma certa dificuldade do estudante de

optar por uma área, levando em conta os poucos elementos para conhecê-la.

“Ela surgiu da crítica da função da universidade e da constatação de que ela pode

e deve cumpro tarefas sociais relevantes por suas características especiais. ” (p.45)

“Sua aplicação consequentemente já tem levado a redefinir os conteúdos de

programas e cursos, reorientar as pesquisas, prestar serviços profissionais e outros que

redescobrem o sentido a ser dado à ciência e ao conteúdo da formação profissional. ”

(p.46)

Luiz E. Wanderley afirma que a extensão universitária, nasceu, pela crítica a função

da universidade e da constatação de que deve cumprir tarefas sociais relevantes por suas

características especiais, contudo essa extensão tem assumido perspectivas diferenciadas

de sua atuação, sendo assim, a esta não é pensada como função da universidade, mas

como um serviço prestado.

“A noção de educação como prática da liberdade, que redundou no Sistema Pulo

Freire de educação de adultos e questionou a tradicional visão que se tinha de relação

pedagógica entre professor e aluno e da educação na sociedade. ” (p.47)

Há duas fases, uma pré-64 onde havia uma hierarquia severa e ultrapassada, nessa

organização havia uma figura de catedrático, figura essa que exercia o mais alto grau de

docência. Porém, após o golpe de 1964, com a Lei da Reforma Universitária, extingue-se

essa função e estabelece uma universidade com estruturas orgânicas com base em

Departamentos reunidos.

“Até a bem pouco tempo, quando se pensava em comunidade universitária, a

referência básica contemplava os corpos docente e discente. ” (p.51)

Page 8: O Que é Universidade

“A regra hoje, com raras exceções, é no sentido de que um professor seja escolhido

por concurso, usualmente aberto por um Departamento, com exigências de títulos e

provas. ” (p.52)

“As universidades em quase sua totalidade admitem uma carreira universitária que,

com maiores ou menores variações, segue o seguinte padrão, por ordem crescente de

qualificação: auxiliar de ensino, assistente mestre, assistente doutor, adjunto (associado)

e titular. ” (p.52)

“A tomada gradual de consciência da necessidade da participação ativa e

responsável por parte de muitos, [...] conduziu-os a encontrar formas de organização da

categoria. ” (p.54)

Para o autor a comunidade universitária é formada por professores, estudantes e

funcionários. No âmbito dos docentes, o autor trata dos meios de admissão dos

professores, sendo o método atualmente vigente o de seleção por concurso com exigência

de títulos e provas. Para ao autor atualmente, as universidades quase em sua totalidade,

admitem um padrão de carreiras, seguidas por uma ordem crescente de qualificação:

auxiliar de ensino (formado em graduação), assistente mestre (título de mestre), assistente

doutor (título de doutor), adjunto (livre-docente) e titular (livre-docente).

“Com relação aos estudantes, uma questão inicial é do seu ingresso na

universidade, [...]. ” (p.54)

“[...], exame de madureza, a que os estudantes da última serie eram submetidos e

que, havendo aprovação, poderiam ingressar em qualquer ensino superior no país, [...].”

(p.55)

“[...] só a integração do ensino superior com os outros níveis de ensino numa

política concertada, o estabelecimento de outras alternativas educacionais, a separação de

formação geral e profissional, [...]são fatores que, devidamente implementados,

ajudariam a solucionar a questão do ingresso. ” (p.56)

“No Brasil, o movimento sempre esteve presente ativamente nos grandes momentos

políticos nacionais, com lutas memoráveis ao lado das forças progressistas, sem contar as

exceções de uns poucos grupos. ” (p.58)

“Permanece um distanciamento entre a base estudantil, com a maioria atomizada e

passiva, e boa parte das lideranças, ativas e críticas. ” (p.58)

Luiz aponta que o método de ingresso nas universidades realizado pelo vestibular,

é um momento crítico não só para o vestibulando, mas sim para a família dele também.

No contexto brasileiro, o ingresso às universidades no período republicano era feito por

meio de um exame de madureza submetido aos alunos da última série, obtendo aprovação,

poderiam entrar em qualquer ensino superior do país. A integração das universidades

com os outros níveis de ensino, estabelecimento de outras alternativas educacionais, a

separação da formação profissional da geral, reconhecimento do valor de capacitação e

Page 9: O Que é Universidade

não do título acadêmico, seriam fatores que ajudariam a resolver a problemática do

ingresso.

“Em todos os países as estruturas organizacionais da universidade e as relações de

poder interno tendem a reproduzir as estruturas da sociedade global. ” (p.60)

“Tendo como referência a situação das universidades brasileiras, as críticas

centrais, neste ponto sempre foram as de seu caráter hierarquizado, rígido, e de ser um

mero conglomerado de escolas superiores. ” (p.60)

“O poder estava centralizado na figura do catedrático, uma figura de ‘coronel’

universitário que mantinha sua cátedra como feudo e se multiplicava nos vários órgãos

colegiados. ” (p.61)

“[...] integração, quer das funções quer da estrutura, cujas consequências foram a

necessidade do estabelecimento de uma administração central, [...], o da racionalidade de

recursos, que almejava evitar a duplicação de meios para fins idênticos ou equivalentes,

que ocorriam normalmente no passado, e que pretendia atender a demanda crescente de

vagas; e o da flexibilidade de métodos e critérios, o que exigia uma administração ágil. ”

(p.61)

“Administrar uma instituição que cresce, cada vez mais complexa e especializada,

exige a tomada de medidas administrativas novas e imaginativas, um desafio crescente

para as comunidades universitárias. ” (p.62)

“No passado predominava o chamado regime de cátedra, encarado como ‘repartição

administrativa’ do ensino superior e mesmo de outros níveis, [...]. ” (p.62)

O autor expõe a afirmativa de que em todos os países, a estrutura organizacional

das universidades segue o padrão de organização da sociedade global. Luiz Eduardo

Wanderley usa como referência o caráter hierarquizado, rígido das universidades

brasileiras, algumas tentativas de construir algo novo sendo que convergiram para

experiências frustradas, já que não conseguiram concretizar seus objetivos, ou por não

terem que compactuar com elementos do passado, ou pelas pressões externas.

“Com a Lei da Reforma Universitária, estabeleceu-se que a universidade teria

como unidade básica uma ‘estrutura orgânica com base em Departamentos reunidos ou

não unidades mais amplas’. ” (p.64)

“O maior peso dado aos docentes com categorias mais elevadas e o antigo

catedrático assumindo o controle do Departamento, gerando a ‘catedralização do

Departamento’. ” (p.65)

Com o pós-68, o autor destaca os critérios adotados para a modernização

administrativa da universidade, ressaltando a integração das funções com também da

estrutura, no qual foi necessário estabelecer uma administração central, a racionalização

de recursos que pretendia eliminar a duplicação de funções com fins idênticos e a

flexibilidade de métodos e critérios que exigia uma administração ágil.

Page 10: O Que é Universidade

Entretanto o autor relata que de certa forma, ouve poucas mudanças nos já que o

antigo catedrático assumiu o controle do Departamento, levando assim, a uma

“catedralização do Departamento”, sendo que ainda houve a resistência dos docentes

contra integração e a burocratização geral reinante na estrutura universitária.

“A vivência e a análise da estrutura universitária mostram que [...] as formas de

poder dominantes na estrutura da sociedade são transportadas para o interior da

universidade e recriadas com seus atributos próprios. ” (p.67)

“Parece-me que cada segmento universitário deveria ter um peso diferenciado e

qualificado nos órgãos e nas discussões que dizem respeito a questões especificas de cada

segmento. ” (p.68)

Na opinião do autor, essa experiência deve continuar, e com o amadurecimento

político-intelectual da comunidade como um todo e de cada segmento em especial, poder-

se-á estabelecer as condições para sua concretização. Destaca ainda que cada segmento

deveria ter um peso diferenciado e qualificado nos órgãos e nas discussões que dizem

respeito a questões específicas do segmento. No entanto, segundo o autor, é preciso

pensar na universidade em sua globalidade, ter acesso às informações, aos

esclarecimentos, ter liberdade de discutir seus pontos de vista, ter direito a defender ideias

e formas de atuação divergentes das assumidas oficialmente pelas diversas instancias.

“A reivindicação de autonomia constitui um dos pilares da vida universitária

através dos tempos e, ao mesmo tempo que ela foi considerada uma condição de

existência da própria universidade [...]. ” (p.70)

“A autonomia exige responsabilidade da universidade com todas as outras

instancias da sociedade e dela como um todo. ” (p.70)

“Na realidade latino-americana e brasileira, o controle das verbas, das pesquisas, da

orientação político-ideológica, normas curriculares, exercido pelos governos, igrejas,

grupos privados mantenedores, fez e faz da autonomia uma quase utopia. ” (p.71)

Na realidade latino-americana e brasileira, é uma quase utopia afirmar que a

universidade possui controle das verbas, das pesquisas, da orientação político-ideológica,

das normas curriculares, exercidas pelos governos, igrejas, grupos privados

mantenedores.

“A dura realidade da universidade latino-americana mostra que sua influência

social tem sido pequena e de tendências conservadora, com alguns momentos inovadores

e ações concretas de mudança mas de reduzido alcance. ” (p.76)

“A inexistência de uma verdadeira universidade[...] estão exigindo uma reforma eu

seja a expressão de toda a comunidade universitária do país e que se insira na necessária

construção de um sistema democrático para toda a sociedade. ” (p.77)

“[...]no Brasil, em particular, o relacionamento da universidade com a sociedade e

o desenvolvimento passa pela questão da democracia. ” (p.78)

Page 11: O Que é Universidade

“Um esforço dirige-se para reestudar a história a partir do prisma dos grupos e

classes populares [...] para criar novos conceitos adaptados às novas situações concretas.

” (p.79)

“Surgem sinais positivos de que alguns setores da universidade brasileira estão

vencendo a crise que debilita e procuram apontar caminhos que a ajudem elaborar um

projeto próprio de emancipação e de colaboração efetiva na construção de um

desenvolvimento democrático para o país. ” (p.80)

No Brasil a falta de uma verdadeira universidade, estão exigindo uma reforma em

toda a comunidade universitária do país, inserindo-se na necessidade da construção de

um sistema democrático para toda a sociedade. A ciência deve responder aos interesses

nacionais, assimilando-se o saber produzido no exterior para ser empregado de acordo

com o desejo da Sociedade Civil.

Sendo que a comunidade universitária tem a responsabilidade de defender e de

fortalecer o regime democrático na sociedade, professores, alunos e funcionários tem

procurado atuar visando à democratização da universidade, no entanto, observa-se que

essas discussões vou muito além do modelo liberal, constituindo um avanço ponderável.

A universidade é uma das instituições que apresentam um grau substancial de

autonomia, porem nas conjunturas das crises ela passa a ser cada vez mais limitada e

controlada. No entanto essas contradições estão em toda parte, sendo que na universidade

também é um campo de luta pela democratização e pelo desenvolvimento do país.

Luiz Eduardo Wanderley conclui, que as universidades assim como outras

instituições, necessitam adequar gradativamente aos processos de desenvolvimento

econômico e social. Essas instituições, por muito tempo exerceram a função de formar

apenas uma elite aristocráticas, sendo que depois foi complementada por uma elite de

mérito. As instituições sofreram grandes mutações ao longe do tempo, e necessitam cada

vez mais de estratégias para que se adequem às novas condições impostas pela sociedade.