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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE A UTILIZAÇÃO DO DESENHO INFANTIL COMO INSTRUMENTO DE INVESTIGAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA Por: Fábia de Fátima Pereira Carvalho Orientador Profª. Maria Poppe Niterói 2004

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A UTILIZAÇÃO DO DESENHO INFANTIL COMO INSTRUMENTO

DE INVESTIGAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

Por: Fábia de Fátima Pereira Carvalho

Orientador

Profª. Maria Poppe

Niterói

2004

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

A UTILIZAÇÃO DO DESENHO INFANTIL COMO INSTRUMENTO

DE INVESTIGAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA

Apresentação de monografia à

Universidade Cândido Mendes como

condição prévia para a conclusão do

Curso de Pós-Graduação “Lato Sensu” em

Psicopedagogia.

Por: FÁBIA DE FÁTIMA P. CARVALHO

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AGRADECIMENTOS

A todos que de uma forma direta ou indireta

contribuíram para a realização deste trabalho. A

minha mãe, cientista da vida, minha maior

professora, por todas as lições que ensina até hoje.

A meu pai que colaborou para minha participação

neste curso de pós-graduação. A Rafael pelo

companheirismo. E ao Senhor Deus, que me

capacita e está comigo em todos os momentos.

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Rafael Leal Alves, que me

incentivou até o último instante da inscrição a

matricular-me neste curso de pós-graduação. Por ter

sido companheiro, carinhoso e amigo nas horas

difíceis de dedicação à este trabalho.

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RESUMO

O presente trabalho se propõe a analisar o desenho infantil na

perspectiva de ampliação de estratégias e instrumentos no trabalho de

investigação psicopedagógica. Ressalta a importância do desenho como

instrumento de investigação de conflitos, dificuldades, queixas que estão

presentes em determinados momentos da vida das crianças. Ao ver o desenho

como linguagem, revestido de seu caráter comunicativo, o que se busca neste

trabalho é descobrir como a criança usa dos recursos próprios que dispõe,à

serviço da expressão de suas emoções e dificuldades. Diante de desenhos

infantis, torna-se fundamental a leitura psicopedagógica de situações e

produtos que podem levar ao psicopedagogo detectar fatores que estão

empobrecendo a aprendizagem escolar.

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METODOLOGIA

O presente trabalho apresenta-se como um espaço de investigação e

reflexão sobre o desenho infantil no contexto psicopedagógico. Pretende-se

com este trabalho buscar subsídios para que o psicopedagogo amplie o seu

conhecimento acerca das questões relevantes na utilização desta estratégia

para a ação educativa e para a prática psicopedagógica.

O procedimento metodológico escolhido, utiliza-se de pesquisa

bibliográfica multidisciplinar, compreendendo uma investigação e posterior

análise do discurso psicopedagógico inserido neste contexto.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO CAPÍTULO I O DESENHO COMO SISTEMA DE COMUNICAÇÃO NOS PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE CAPÍTULO II OS PRIMEIROS ESTUDOS SOBRE A PRODUÇÃO GRÁFICA DAS CRIANÇAS CAPÍTULO III OS MÉTODOS PROJETIVOS CAPÍTULO IV A UTILIZAÇÃO DO DESENHO INFANTIL COMO INSTRUMENTO DE INVESTIGAÇÃO PEDAGÓGICA CONCLUSÃO BIBLIOGRAFIA ÍNDICE

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23

29

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37

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INTRODUÇÃO

Toda criança desenha. Mesmo que não seja adequadamente

instrumentada para tal, a criança quase sempre encontra uma maneira de

deixar, nas superfícies, os registros de seus gestos: se não tiver papel, pode ser

na terra, na areia, ou até mesmo na parede de casa; se não tiver lápis, serve

um pedaço de tijolo, uma pedra, ou uma lasca de carvão. Por isso, o desenho

propicia à criança um contato consigo mesmo e com o universo,sendo este uma

forma de entender o contexto ao seu redor e relacionar-se com ele.

O que é preciso considerar diante de uma criança que desenha é aquilo

que ela pretende fazer: contar-nos uma história, distrair-se, mas devemos

também reconhecer, nesta intenção, os múltiplos caminhos que ela se serve

para exprimir seus desejos, seus conflitos e receios. Porque o desenho é para a

criança uma linguagem como o gesto ou a fala.

Dentre os diversos planejamentos que orientam a prática pedagógica de

pré-escola, o desenho é uma constante no repertório de atividades que

constituem as diferentes práticas. Esta presença é uma das razões pelas quais

busca-se uma melhor compreensão do desenho, tendo em vista o importante

papel que este desempenha no desenvolvimento infantil.

O desenho, como manifestação espontânea e expressão do

pensamento, tende a conquistar novas formas com o crescimento, pois

proporciona o equilíbrio necessário entre o intelecto e as emoções. O desenho

pode tornar-se um instrumento de projeção e alcance aonde as palavras não

chegam.

Os capítulos foram organizados segundo as inter-relações das idéias

acima relatadas. Eles abordam questões relevantes como a compreensão do

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desenho enquanto sistema de comunicação nos primórdios; os estudos sobre a

produção gráfica das crianças bem como as fases de desenvolvimento do

desenho infantil; os métodos projetivos e os aspectos importantes na estrutura

e expressão do desenho. Aborda também, como não poderia faltar, a utilização

do desenho infantil como instrumento de investigação psicopedagógica. É um

pequeno recorte do imenso universo de questões concernentes à prática do

psicopedagogo.

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CAPÍTULO I

O DESENHO COMO SISTEMA DE COMUNICAÇÃO NOS

PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE

“Afirmar a existência de um sujeito significante inconsciente implica em ter tomado consciência da existência de alguém que inconscientemente se comunica, ‘fala’, desenha, ou imprimi uma linguagem, que transfere formas ideais e as encarna, as materializa em si mesmo, no mundo próprio ou em outro”.

L.A Chiozza

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O DESENHO COMO SISTEMA DE COMUNICAÇÃO NOS

PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE

O desenho, enquanto primeira manifestação gráfica, de linguagem e de

cultura na história da humanidade, é uma das primordiais formas de expressão.

Deixados através de vestígios e produtos culturais, contêm importantes

revelações sobre as primeiras tentativas de comunicação, que se fizeram por

meio de desenhos.

Os primeiros desenhos pintados, gravados ou esculpidos datam dos

tempos obscuros da Pré-História, quando os glaciares cobriam ainda a maior

parte da Europa Setentrional. Os arqueólogos descobriram vestígios de

desenhos em numerosos locais da Europa, África e Ásia. Os exemplos mais

conhecidos dos desenhos primitivos encontram-se em certos abrigos

subterrâneos e grutas do Sul da França e da Europa Setentrional e Oriental,

habitados no fim do Paleolítico ( período glacial ), isto é há cerca de doze mil a

vinte mil anos.

O clima, a fauna e a flora eram então muito diferentes dos atuais. Uma

parte desse período foi extremamente fria e seca: mamutes, bisontes, renas e

cavalos selvagens constituíam a caça abundante dos primeiros caçadores. É

por isso que predominam as figuras de animais gravados ou pintados,

principalmente nas grutas do norte da Espanha e da França. Os desenhos e

incisões foram muitas vezes realizados em salas quase inacessíveis do fundo

da gruta, o que permite pensar que essas salas eram santuários ou locais de

cerimônias e foram utilizadas como tal durante períodos muito longos. Os

assuntos representados são, com poucas exceções, os animais de que se

alimentavam esses povos primitivos. Pode-se ver nestes desenhos

representações destinadas a “assegurar” uma caça frutuosa.

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Para o homem pré-histórico, a arte cumpria uma função de domínio

mágico sobre as forças da natureza. Ao desenhar um bisão nas profundezas de

uma caverna , supunha ter poderes sobre ele.Não havia distinção clara entre o

objeto natural e o objeto artístico produzido. O homem pré-histórico não tinha

consciência da produção simbólica, seu raciocínio pré-mágico levava-o a não

diferenciar a ação artística da ação sobre a natureza. O desenho, surge como

uma forma do homem comunicar aspectos do mundo circuncidante, de sua

experiência, sua memória e sua imaginação, em uma relação de espaço-tempo

imediato.

“É um grande esforço de abstração, a partir da socialização e da comunicação, na tentativa de fixar, em um suporte físico duradouro, situado fora do seu próprio cérebro, fragmentos de suas percepções e experiências no mundo." 1

Na civilização egípcia, o desenho tinha uma função religiosa. Grande

parte dos desenhos, relevos e esculturas foram criadas para sustentar a

divindade do faraó, principalmente após a sua morte. Os relevos que

decoravam as paredes das capelas mortuárias no interior das pirâmides

mostram cenas da vida ideal que se desejava para os mortos na sua

eternidade. Através destes desenhos, os egípcios reasseguravam a crença na

imortalidade da alma e eternizava o “poder” dos faraós. A produção destes

desenhos eram administradas pelos sacerdotes e possuíam leis rígidas de

representação que se mantinham por várias dinastias.

Observando os exemplos anteriormente mencionados, pode-se notar

que o desenho sempre foi parte da vida do homem. Apresentando-se com

significados diferentes conforme a cultura onde foi produzido, porém

configurando-se como uma primeira manifestação do sistema de linguagem.

1FILHO, Erasmo B. de Souza. O desenho como sistema modelizante. Disponível em www.google.com.br. 1-4 p. 2004

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1.1- Os pictogramas e os ideogramas

A construção simbólica de uma rede de signos e de significações

organizados por meio de traços constitui o desenho como sistema semiótico e o

define como linguagem. Desenho é linguagem.

Um meio de expressão, uma imagem, um gesto, era um instrumento,

tanto quanto um machado ou uma faca, em um processo de imitação, portanto

de natureza comunicativa, o desenho era outra forma de estabelecer o poder do

homem sobre a natureza e o desenvolvimento das relações sociais.

No começo o homem utilizou o desenho , na sua expressão elementar de

traço, para construir e significar o seu mundo circundante, desenvolvendo

formas de apreensão e transmissão do conhecimento, de produção da cultura,

aperfeiçoando a comunicação escrita através dos pictogramas.

Os pictogramas são desenhos complexos ou uma série de desenhos que

fixam um conteúdo, sem se referirem à sua forma lingüística. Este tipo de

escrita, foi utilizado, por exemplo, pelos índios da América e pelos esquimós .

Era usado para ilustrar situações concretas. Esta forma de representação

naturalista e figurativa do mundo visível marcaria profundamente a evolução do

homem até as formas de escrita ideográfica.

A necessidade mais proeminente de comunicar feitos ou coisas, que se

deu por intermédio da representação de idéias abstratas, por meio de imagens,

fez com que surgisse a escrita, primeiramente, representando os objetos em si

mesmo. Posteriormente, com o desenho dos signos, surge a escrita ideográfica,

que consiste em representar as idéias e os objetos por imagens distintas,

evoluindo para a escrita fonética.

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Cada um dos ideogramas não representava apenas um só objeto, mas

muitas noções abstratas, que, de uma forma ou de outra estavam relacionadas

com ele. Este mesmo aspecto pode ser observado no desenho infantil, cuja

base evolui do traço ao ideograma, para a mais tarde se consolidar na

representação figurativa de modelos que são apreendidos culturalmente na

relação com o adulto, com a escola e com outras crianças. Este aspecto é de

fundamental importância pois representam em desenhos as interações com o

meio em que vivem.

É através da pictografia e dos ideogramas que se tem o “nascimento “ do

desenho e da arte, que se desenvolveria mais tarde com a pintura, escultura e

as artes plásticas. Com o desenho, o homem tornaria possível a manifestação

da idéia e do próprio desenvolvimento da cultura gráfica, na produção da

imagem. Assim, é com a internalização dos modelos gráficos, da representação

do espaço, da projeção, da perspectiva e , particularmente da imagem, mediada

pelos sistemas simbólicos e pela linguagem na comunicação e

conseqüentemente produção cultural, é que o desenho exerce importante

papel.

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CAPÍTULO II

OS PRIMEIROS ESTUDOS SOBRE A PRODUÇÃO

GRÁFICA DAS CRIANÇAS

“No ser, no simples ser, no viver, e

trabalhar e realizar conteúdos de vida, se

encontraria verdadeiramente a fonte da

criação, fonte de infinitas e ainda nem

sondadas possibilidades humanas no

homem.”

Fayga Ostrower

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OS PRIMEIROS ESTUDOS SOBRE A PRODUÇÃO

GRÁFICA DAS CRIANÇAS

Os primeiros estudos sobre a produção gráfica das crianças datam do

final do século passado e estão fundadas nas concepções psicológicas e

estéticas de então. A psicologia da criança surge ocupando um lugar

privilegiado no meio da psicologia geral e da filosofia geral. Está na confluência

das diversas psicologias especiais desenvolvidas no século XIX.

São os psicólogos portanto que, no final do século XIX ( época em que a

criança pôde ter acesso a papel e lápis, materiais que até então eram muito

caros e, consequentemente, de uso restrito) descobrem a originalidade dos

desenhos infantis e publicam as primeiras “notas” e observações sobre o

assunto. O interesse pelo grafismo infantil também coincide com estudos

voltados para a infância e suas especificidades. De certa forma eles transpõem

para o domínio do grafismo descobertas como a de Jean Jacques Rosseau

sobre a maneira própria de ver e pensar a criança.

No entanto é Karl Lamprecht, que entre 1901 e 1904 realiza a mais vasta

a pesquisa comparando desenhos de crianças de várias nacionalidades com

produções pré-históricas e de povos primitivos. James Sully (1895-Inglaterra)

no seu livro Studies in Childhood inlcui um capítulo sobre o desenho infantil

onde relaciona a produção da criança com a dos povos primitivos e estabelece

três grandes fases : a fase da garatuja informe, o desenho primitivo ou

esquema, os desenhos mais elaborados de personagens e animais. Sully é o

primeiro a utilizar o termo esquema em relação ao desenho infantil.

Os primeiros estudos não estabelecem as idades relativas a cada fase.

Esta preocupação só passa a existir a partir de 1926 com os estudos de

Charlotte Buhler e depois de Helga Eng que coincidem com os primeiros

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estudos sobre as fases de desenvolvimento de Piaget. As concepções de arte

que permearam os primeiros estudos estavam calcadas na produção estética

idealista e naturalista de representação da realidade. Sendo a habilidade

técnica, portanto , um fator prioritário. Foram poucos os pesquisadores que se

ocuparam dos aspectos estéticos dos desenhos infantis.

Não existe uma abordagem única sobre o desenvolvimento do desenho e

diversos autores têm estudado este tema privilegiando um ou outro dos

seguintes aspectos: cognitivo, afetivo, motor gráfico e estético. Apesar das

diferenças, parece haver um consenso, entre a maioria dos estudiosos, em

relação a alguns pontos desse desenvolvimento. Em seus aspectos mais

gerais, a descrição das mudanças ocorridas no desenho infantil parece

coincidir com autores como Lowenfeld (1977) e Luquet (1981).

Lowenfeld, teórico muito difundido entre nós, com uma base fortemente

influenciada pelo inatismo, propõe uma caracterização de etapas que se apóia

em uma visão maturacionista do desenho, cuja produção é concebida como

desvinculada do meio social e da cultura. Trata a questão da representação da

realidade no desenho infantil quando estabelece diferentes etapas evolutivas do

desenho: etapa da garatuja, etapa pré-esquemática, etapa esquemática, etapa

do começo do realismo. A maneira de representar as coisas é um indício das

experiências que a criança tem com elas. Assim, o esquema de um objeto

representa o conhecimento ativo que se tem dele. Viktor Lowenfeld nos diz que:

“O desenho de uma criança não é a representação de um objeto em si, ou seja,

uma representação visual. O desenho de uma criança é a representação da

experiência que a criança tem com o objeto em particular”. (Lowenfeld, apud

FERREIRA, 2003, p.23).

Luquet (1981) reúne produções de crianças de diferentes países para

narrar o desenvolvimento do grafismo, que assim adquire um caráter universal.

Afirma que uma criança completamente isolada poderia, sozinha, chegar à

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intenção de realizar traços; entretanto, reconhece que na maioria dos casos

isso acontece por imitação dos adultos e/ou outras pessoas que a criança vê

desenhando. Luquet, apresenta as fases de desenvolvimento infantil

submetidas à representação do real e caracterizadas pelo realismo de uma

forma absoluta: realismo fortuito, realismo falhado, realismo intelectual e

realismo visual. Para este teórico, a criança ao desenhar tem uma intenção

realista. Refere-se a essa intenção demonstrando, de acordo com seu ponto de

vista, como o realismo evolui nas diferentes fases do desenho infantil até

chegar ao realismo visual propriamente dito, que é o realismo do adulto.

O trabalho de Lowenfeld (1977) apresenta uma detalhada descrição da

evolução gráfica, dada como natural, das primeiras garatujas aos desenhos dos

adolescentes. O ambiente entra em cena na sugestão de temas, como por

exemplo no caso de uma criança que caminhou descalça sobre a grama

molhada e registrou sua experiência no papel. Em outra obra, o mesmo autor

expõe sua opinião sobre a influência dos adultos:

“Admito que a maior contribuição do ambiente familiar a favor da arte infantil consiste em não interferir no desenvolvimento natural das crianças. A maioria delas se expressa livremente e de forma original, quando não sofre inibição provocada pela interferência dos adultos” ( LOWENFELD, 1977, p.21)

Mostrando um pequeno histórico sobre o estudo do desenho, Merèdieu

(1979) baseia-se em Luquet, Berson e Piaget para apontar os estágios no

desenvolvimento do grafismo. Mais sensível o meio social, essa autora, ao

abordar a questão da representação da perspectiva, reconhece que não se

pode considerá-la como produto obrigatório de uma evolução universal. Outro

aspecto mencionado, que se vincula às experiências da criança em seu

contexto social é a dimensão afetiva do desenho, como expressão de

conteúdos inconscientes, que são investigados pela psicanálise.

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A grande quantidade de estudos da linha maturacionista enfatiza as

etapas que todas as crianças devem percorrer rumo ao último estágio do

desenho figurativo. O enfoque é dado à criança, pensada individualmente, e

aos passos percorridos no caminho entre as diversas fases. Tal concepção

mostra-se incompatível com a perspectiva histórico-cultural, segundo a qual a

constituição do homem se dá no plano da intersubjetividade. De acordo com

(SILVA, 2002, p.23) “Desse modo, as relações interpessoais, que são a base do

desenvolvimento, têm que fundar também a análise da evolução da atividade

gráfica”.

Um dos principais proponentes da perspectiva histórico-cultural, o teórico

L.S. Vygostsky, não explora consistentemente a constituição social do desenho.

No livro Imaginacion y el arte em la infância, o autor apresenta uma abordagem

baseada em etapas, ao dividir em quatro fases o desenvolvimento do grafismo.

Sem abordar as garatujas, e rabiscos, inicia sua análise a partir do desenho

figurativo, que se desdobra nas etapas de esquema, representação

esquemático-formalista, desenho realista e o estágio final, da imagem plástica,

em que o objeto é representado em perspectiva , refletindo seu aspecto real. Há

um correspondência entre fases e idade cronológica , de acordo com as

modificações que a criança vai fazendo em seus desenhos.

As descrições dos autores se fazem pelos caminhos da experiência, da

significação, explicados por uma linha maturacionista. Em termos teóricos,

possuir um substrato biológico não parece ser a única (ou principal) condição

para o desenvolvimento da atividade gráfica. O funcionamento individual

pressupõe a participação do outro, isto se dá em toda a atividade humana. No

caso do desenho, a contribuição do outro precisa ser examinada e valorizada,

não porque seja necessariamente boa (em oposição às formulações

maturacionistas), mas porque participa inevitavelmente do funcionamento do

sujeito.

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2.1- O desenvolvimento do desenho infantil

No processo de crescimento bio-psíquico, existem naturalmente etapas

que se seguem, avançam, recuam, sedimentam-se. Ao identificar uma forma, a

criança identifica outras formas semelhantes. Nascem os agrupamentos, as

coleções, as séries, estabelecendo-se correspondências e equivalências. As

fases ou estágios de desenvolvimento do desenho infantil serão apresentadas,

a seguir, na visão de dois teóricos: Lowenfeld e Luquet.

Com um ano e meio a criança está envolvida em suas primeiras

garatujas, constituídas por traços casuais, sem qualquer tipo de controle.

Inicialmente , a criança pode nem perceber que gerou um determinada marca,

mas aos poucos passa dar atenção aos rabiscos produzidos e começa a

apresentar uma atenção intencional. Inicia-se o controle do traço: o olho guia a

mão.

Sobre as primeiras manifestações gráficas da criança diz Viktor

Lowenfeld (1977, p.151)

“As primeiras experências representativas,de um homem, não devem ser consideradas uma representação imatura, pois, na realidade, um desenho é, principalmente, uma abstração ou um esquema de uma vasta gama de estímulos complexos e o início de um processo mental organizado.”

Lowenfeld distingue os seguintes estágios de desenvolvimento gráfico:

A fase da Garatuja (02 a 04 anos): a criança transmitirá seu

desenvolvimento intelectual e emocional em seus trabalhos criadores. Se

dedicará com muito entusiasmo, aos seus rabiscos, sendo flexível para mudar

seus movimentos sempre que novas experiências exigirem essa mudança.

Desfrutará também seu desenvolvimento cinestésico, através de suas

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garatujas, e irá adquirindo, gradualmente, o controle visual sobre esses

desenhos.

Na fase Pré-Esquemática (04 à 07 anos) trata-se do início da

compreensão gráfica. Os traços e as garatujas perdem, continuamente, suas

relações com os movimentos corporais e passam a ser controlados,

relacionando-se com objetos visuais.Geralmente, por volta dos quatro anos, as

crianças já estão fazendo certas formas reconhecíveis.Aos cinco anos, esses

traços já são, com freqüência, distinguíveis como pessoas, casas, árvores;

Quando a criança atinge seis anos, essas formas evoluem para desenhos com

tema claramente identificáveis.

A fase do Esquematismo (07 a 09 anos): já tem um conceito definido

quanto à figura humana, porém aparecem desvios do esquema como o

exagero, omissão, ou mudança de símbolo. Existe a descoberta das relações

quanto a cor e cor-objeto. Ocorre melhora no acabamento e com detalhes, mas

não evolui muito. A grande evolução agora é na escrita e é comum aparecer

balões representando conversas.

Fase do início do Realismo (09 à 11 anos): existe uma consciência maior

do sexo. No espaço é descoberto o plano e a superposição. Maior rigidez e

formalismo. Acentuação de roupas diferenciando os sexos .Estágio subjetivo da

cor. É usada em relação a experiência subjetiva.

O estágio Pseudorealístico (11 a 13 anos): caracterizam o amor à ação e

a dramatização. Introdução das articulações na figura humana, atenção visual

às mudanças de movimento. Aparecem aqui dois tipos de tendência: visual

(realismo, objetividade); háptico (expressão da subjetividade).

Outro teórico, Luquet distingue quatro estágios:

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Realismo fortuito: começa por volta dos 02 anos e põe fim ao período

chamado rabisco. A criança que começou por traçar signos sem desejo de

representação descobre por acaso uma analogia com um objeto e passa a

nomear seu desenho.

Realismo falhado: geralmente entre 03 e 04 anos tendo descoberto a

identidade forma-objeto, a criança procura reproduzir esta forma.

Realismo intelectual: estendendo-se dos 04 aos 12 anos, a criança

reproduz não só o que vê do objeto, mas tudo o que “ali existe” e não é

visto.Assim a criança desenha de acordo com o seu modelo interno, a imagem

que sabe do objeto que vê.

Realismo visual: por volta dos 12 anos, marcado pela descoberta da

perspectiva e a submissa às suas leis, decorrendo disto um empobrecimento,

um enxugamento progressivo do grafismo que tende a se juntar as produções

adultas. Um desenho para ser parecido, deve ser a fotografia do objeto.

Nos diferentes tratamentos teóricos apresentados pelos autores,

constatam-se pontos comuns nas explicações do desenvolvimento do desenho:

eles iniciam com a garatuja, passam pelo esforço da representação dos objetos

e caminham para uma representação cada vez mais próxima da realidade

material. As crianças não desenham o que vêem as crianças desenham o que

sabem do objeto.

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CAPÍTULO III

OS MÉTODOS PROJETIVOS

“O desenho é um pedacinho da alma da criança jogado no papel”.

Claparède

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OS MÉTODOS PROJETIVOS

O sentido de método projetivo que será abordado neste capítulo, remete

a idéia de transferência. Isto é, de projetar uma carga de energia afetiva e

sentimentos inicialmente vividos pela criança. Os métodos projetivos abrangem

uma infinidade de processos que permitem a uma criança (ou um adulto)

revelar sua percepção das coisas, suas fantasias, pensamentos e sentimentos,

sem falar diretamente sobre si mesmo. Elucidando a idéia acima a afirmação de

FERREIRA nos mostra que: “A forma de interagir com o meio não só se amplia

consideravelmente, mas se transforma qualitativamente, com o ingresso na

dimensão simbólica” (FERREIRA, 2003, p.17).

As tarefas propostas permitem uma diversidade de respostas, havendo,

portanto o livre jogo da imaginação, da fantasia, dos desejos. O princípio básico

é de a maneira do sujeito perceber, interagir e estruturar o material ou situação

reflete os aspectos fundamentais do seu psiquismo. Os aspectos do processo

simbólico aparecem nas produções gráficas,como o desenho, nos relatos de

histórias criadas, no uso do gesto e do próprio corpo nas dramatizações.

Desde a escala métrica de inteligência elaborada por Binet e Simon em

1905, o desenho tem sido empregado em e como teste de desenvolvimento

mental e de aptidões específicas, assim como testes para diagnósticos

especiais. De acordo com a teórica Odete Lourenção Van Kolck no plano da

avaliação da personalidade, por exemplo, o desenho desempenha inestimável

papel.

O uso projetivo do desenho se constitui em condição favorável para

projeção da personalidade e seus conflitos, emoções, desejos entre outros.

Possibilita a manifestação mais direta de aspectos de que o sujeito não tem

conhecimento, não quer ou não pode revelar, isto é, aspectos mais profundos e

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inconscientes; isso porque sendo um meio menos usual de comunicação do

que a linguagem tem conteúdo simbólico menos reconhecido.

O desenho da família é um teste de personalidade cuja interpretação

baseia-se nas leis da projeção. É um teste de fácil aplicação; sua avaliação

depende, porém, de um bom conhecimento das leis da projeção e de uma

prolongada prática. Solicita-se que ao sujeito que desenhe uma família. Através

desse desenho se pode apreciar a percepção que o sujeito tem de si mesmo

em relação aos outros no núcleo familiar (sujeitos participantes do contexto

psicopedagógico, no qual esse trabalho é versado).Como um meio de

expressão livre, o desenho permite ao sujeito “projetar no exterior as tendências

reprimidas no inconsciente e, desse modo revelar os verdadeiros sentimentos

que professa aos seus”.(Corman apud BOSSA, 2000, p.39).

Outro exemplo de método projetivo, o desenho da figura humana “busca-

se observar a imagem corporal que o sujeito possui de si mesmo, a estrutura

psíquica que o constitui e a capacidade de o indivíduo orientar-se e conduzir-se

em uma situação determinada, adaptando-se a ela”. (Safra apud BOSSA, p.

40).

Entre as técnicas mais conhecidas está o Teste de Desenho de uma

Pessoa, de Machover. Nele, pede-se ao sujeito que desenhe uma pessoa.

Depois pede-se que desenhe uma pessoa do sexo oposto ao daquela do

primeiro desenho. Enquanto este desenha, o examinador anota as suas

observações, a seqüência em que executa a tarefa e outras observações que

julgar importante, como o tamanho de desenho, posição na página, qualidade

do grafismo, uso de roupas e tratamento dado ao fundo e ao chão.Além de

instrumento de avaliação da personalidade, o desenho da figura humana é

utilizado como indicador do nível de desenvolvimento mental e maturação

visomotora.

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Enfim, será citado a técnica projetiva de desenho do Teste da Casa,

Árvore e Pessoa – HTP, por serem estas figuras tão presentes nos desenhos

infantis. Através dos desenhos de uma casa, uma árvore e uma pessoa em

inglês: House, Tree and Person, pretende-se observar a imagem interna que o

sujeito tem de si mesmo e de seu ambiente. “Os desenhos têm grande poder

simbólico, saturados de experiência emocionais e ideacionais ligadas ao

desenvolvimento da personalidade”. (Safra apud BOSSA, 2000, p. 41).

A casa desperta associações ligadas ao lar do sujeito e aos que aí

vivem; a árvore se liga ao seu papel na vida e à sua capacidade de obter

satisfação em seu ambiente, enquanto a figura humana se refere a relações

interpessoais.

Considera-se que sua aplicação pode dar-se em dois momentos: um

primeiro, não verbal, onde o sujeito se expressa por meio da realização

pictórica; e um segundo momento, verbal, onde o sujeito define descreve e

interpreta os objetos desenhados fazendo associações livres sobre os mesmos.

Assim, a afirmação de que o sujeito desenha o que sente, em vez de

somente o que vê resume as observações dos métodos mencionados. O

sujeito, pelo tamanho, localização, pressão do traço, conteúdo do desenho, etc.

comunica o que sente, em adição ao que vê.

Pelas indicações acima mencionadas, conclui-se que é de fundamental

importância extrair, refinar e transformar numa ferramenta manejável ao âmbito

psicopedagógico, o rico mineral desses movimentos, pois os aspectos

expressivos projetados nos desenhos constituem “uma verdadeira escritura

cerebral”.

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3.1- Aspectos importantes na estrutura e expressão do

desenho

Demonstram-se a seguir alguns aspectos importantes resultantes de

estudos sobre as produções gráficas de maneira geral de acordo com

Lourenção Van Kolck (1981).

Localização – O lugar em que o sujeito coloca seu desenho revela muito

de sua orientação geral no ambiente e consigo próprio.

Tamanho – Exprime a relação dinâmica do sujeito com seu ambiente;

como está reagindo às pressões do mesmo. Se com sentimentos de

inadequação e inferioridade, em um extremo, se com fantasias compensatórias

de supervalorização em outro. De maneira geral, quanto maior o desenho,

maior a valorização desse mesmo. Em linhas esquemáticas podem ser

atribuídos os significados seguintes aos diferentes tamanhos. O grande,

demonstrando evidência de agressividade e descarga motora. O pequeno,

inferioridade, inibição, comportamento emocionalmente dependente e ansioso.

Ressalta-se, pela autora, que a tentativa de elucidar o significado do tamanho é

bem complexa.

Traços – Verifica-se que as crianças que desenham com traços longos

se sobressaíram pelo seu comportamento controlado, ao passo que crianças

que trabalhavam com traços curtos mostraram um comportamento mais

impulsivo. Observa-se que um bom ajustamento se percebe, implicitamente, por

desenhos feitos predominantemente com linhas decisivas, bem controladas e

livres.

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Pressão – Crianças cujos desenhos apresentam traços fortes geralmente

demonstram ser mais afirmativas do que outras crianças. Traços leves são

resultantes de um baixo nível de energia ou restrição e repressão.

Em todos os casos, porém, convém assinalar que para compreender o

significado individual é necessário saber se não se trata de característica

comum ao grupo etário, sexual, étnico-cultural. Estes aspectos comuns são

importantes na medida em que definem a participação do desenhista no

contexto a que pertencem, mas a atribuição do significado ao sinal

propriamente individual é que vai definir o quadro de referência para

interpretação da expressão do desenho.

Neste trabalho deve se ter bem presente que um traço gráfico isolado no

desenho da criança, nada significa. Porque cada traço gráfico deve ser

considerado em conexão com os demais e no contexto geral do desenho.

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CAPÍTULO IV

A UTILIZAÇÃO DO DESENHO INFANTIL COMO INSTRUMENTO DE INVESTIGAÇÃO

PSICOPEDAGÓGICA

“É pelo conteúdo latente, como

representação do inconsciente, que o

desenho atingiu sua maior expressão

como instrumento de investigação”.

Elaine Maria de Oliveira

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A UTILIZAÇÃO DO DESENHO INFANTIL COMO

INSTRUMENTO DE INVESTIGAÇÃO

PSICOPEDAGÓGICA

Pesquisas e trabalhos variados vêm ressaltando as inúmeras

possibilidades psicodiagnósticas do desenho. O grafismo de maneira geral

pode ser usado como forma de comunicação, principalmente entre as crianças

para as quais se constitui em atividade tão essencial quanto o jogo ou o

brinquedo.

O desenho infantil tem sido objeto de estudo de psicólogos, psiquiatras,

pedagogos, psicopedagogos entre outros especialistas, pelo fato de a

representação gráfica ser considerada um meio para o acompanhamento e a

compreensão do desenvolvimento da criança. Constitui-se um original campo de

estudos para a psicopedagogia, fazendo com que se redobrem as atenções

sobre esse objeto. O desenvolvimento nesse campo de estudo se dá por conta

de que a imagem, em todas as suas formas, vem ocupando cada vez mais papel

importante na comunidade e na interação social. Segundo Sueli Ferreira:

“As imagens figurativas, indicadoras e testemunhas do

valor simbólico do desenho, têm significados atribuídos

pela própria criança que desenha, e esta tem a intenção

de representar simbolicamente alguma coisa, dirigida por

uma série de representações e crenças advindas de seu

meio cultural” (FERREIRA, 2003, p.18).

A atividade do desenho pode indicar os múltiplos caminhos que a

criança usa para registrar percepções, conhecimento, emoções, imaginação,

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memória no desenvolvimento de uma forma de interação social, apropriada a

suas condições físicas, psíquicas, históricas e culturais.

FERREIRA (2003) considera que o desenho da criança não reproduz

uma realidade material, mas a realidade conceituada. Ou seja, o desenho da

criança exprime o conhecimento conceitual que a criança tem de uma dada

realidade.

As crianças acham muito mais fácil expressarem-se através de desenhos

do que de palavras. As representações simbólicas conduzem a uma

descentralização progressiva, na qual tanto a criança como os objetos se

transformam em sistemas abertos cada vez mais dinâmicos e interativos. A

utilização do desenho no diagnóstico e investigação psicopedagógica tem a

grande vantagem de ser de fácil administração, não exige outros materiais

além de papel e lápis, pode ser usado em qualquer lugar de poucos recursos

econômicos. É bem recebido pelas crianças e às vezes com restrições por

adolescentes. Não existe contra indicação ou limite quanto à idade, sexo,

classe social, nível de inteligência, etc.

Segundo Weiss: “O uso do desenho em psicopedagogia aproveita uma

forma da criança expressar-se espontaneamente, satisfazendo seus desejos de

atividade lúdica” (2004, p.120).

A psicopedagogia tem por objetivo compreender, estudar e pesquisar a

aprendizagem nos aspectos relacionados com o desenvolvimento e ou

problemas de aprendizagem. Neste âmbito, a aprendizagem é entendida como

decorrente de uma construção, de um processo, o qual implica em

questionamentos, hipóteses, reformulações, enfim, implica um dinamismo.

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Edith Rubinstein (1996) nos diz que: “A psicopedagogia tem como meta

compreender a complexidade dos múltiplos fatores envolvidos neste processo”.

(in SISTO; 1996, p. 120)

A consideração acima demanda que na avaliação das dificuldades de

aprendizagem se utilizem e ampliem procedimentos que possam trazer, além de

elementos sobre aspectos instrumentais, dados sobre os movimentos

transferenciais do aprendiz em relação à tarefa, à aprendizagem e ao professor,

capazes de orientar melhor o trabalho psicopedagógico.

“O psicopedagogo-investigador deverá ir fazendo uma

ponte entre as diferentes modalidades expressivas do

sujeito, procurando entender o sentido das mesmas, as

possibilidades e recursos do aprendiz, quais as melhores

condições para aprender, além de observar as suas

possíveis limitações”.(E.Rubinstein in SISTO; 1996, p.136)

O espaço gráfico é um “espaço do gesto” que evolui por etapas, em

movimento até o traçado. Existe uma aquisição lenta e progressiva por parte da

criança da noção de espaço. Não se trata apenas de um conceito a ser

reconhecido intelectualmente, mas de um valor a ser investido na dinâmica do

desenho. O reconhecimento seguro do campo visopercepetivo, elaborado,

permite uma maior integração da noção de espaço em geral e espaço gráfico

em particular.Certos desenhos infantis, como as letras do alfabeto, quando as

crianças ainda não atingiram a fase de representação mais evoluída,

constituem um modo de elaboração da noção de espaço, pois são as imitações

que ocupam um espaço na folha de papel.

O desenho infantil pelo seu grafismo é também utilizado como meio de

verificação do desenvolvimento gráfico da criança, se ela segue normalmente

sua evolução e maturação na organização motora, orientação espaço-temporal

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esquema corporal. Basicamente, coloca-se aqui os problemas de orientação

espaço-temporal, de dominância lateral esquerda e direita, por assim serem

aspectos muito inter-relacionados.

O estudo do esquema corporal , importante aspecto da integração

motora, tem sido feito principalmente atrvés de desenhos. A técnica de

Machover, o desenho da figura humana, tem o pressuposto básico que esse

tema favorece a projeção do esquema corporal que a criança tem de si. Esses

desenhos refletem quanto ao aspecto da construção de consciência corporal,

pois existem crianças que não fazem o desenho completo.

OLIVEIRA (1978), comenta que Head constata a relação muito nítida

entre a linguagem e o desenho nas crianças com afasia2 . Lurçat, nos conta

que:

“O desenho da criança é o resultado de síntese

interfuncionais que operam nos diferentes níveis de

atividade: nível motor, nível perceptivo e nível de

representação”. (Lurçat apud OLIVEIRA, 1978, p.18).

Com referência a leitura de OLIVEIRA, sobre os distúrbios de linguagem

associados a dificuldades na evolução motora e psicomotora da criança,

encontra-se fundada na verificação de um certo número de casos, de que

existe, na esfera conflitual, uma relação de analogia entre a expressão

simbólica/ verbal e a simbólica/escrita.

O desenho, através de toda a sua simbólica, constitui um meio de

liberação, de exercício criador, e facilita a tomada de consciência dos conflitos.

Sobretudo, permite uma relação afetiva com a criança dando condições para

que sua afetividade venha à tona e estabeleça com outros: escola, professor,

2 Afasia:distúrbios na compreensão ou na produção da linguagem falada ou escrita.

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psicopedagogo, uma relação de amizade, pela qual exprime, enquanto

descarga afetiva, representações já vivenciadas em atitudes e atividades junto

aos pais.

Em face das primeiras experiências de aprendizagem escolar, a criança

atualiza e expressa sua maneira pessoal e particular de lidar com a realidade,

maneira esta que é a reedição das histórias de suas relações. Com isto a

própria situação de aprendizagem coloca à criança, novamente, todas as

questões vividas anteriormente em seu contexto.

Campo vasto de aplicações variadas, o desenho, pela sua simbólica, é

utilizado como instrumento de diagnóstico. Todo diagnóstico psicopedagógico é

em si, uma investigação, é uma pesquisa do que não vai bem com o sujeito em

relação a uma conduta esperada. Será, portanto, o esclarecimento de uma

queixa, do próprio sujeito, da família, e, na maioria das vezes, da escola.

Cabe, porém, a colocação de até que ponto seria permitido utilizar tal

forma de expressão gráfica para investigar sobre os conflitos, lacunas de

conhecimento, ou dificuldades dentro do contexto psicopedagógico. Sabe-se ,

entretanto o quanto se utiliza o desenho como instrumento no diagnóstico e

na investigação psicopedagógica. É de se esperar que as lacunas e falhas no

percurso escolar encontrem um substituto, nessa atividade complementar tão

apreciada pelas crianças que é o desenho.

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CONCLUSÃO

Há um sentido múltiplo na expressão gráfica do desenho infantil, pois

nele, a criança projeta seu físico, seu corpo tal como ela o sente e o vive , sua

pessoa social e moral, suas atitudes afetivas face aos outros e às pessoas de

sua família, os acontecimentos da escola, momentos que marcaram sua

sensibilidade.A criança exprime, em suas relações gráficas, as situações de seu

meio sócio-cultural e a influência que sofre em tais condições.

A figura humana, a casa e a árvore são os clássicos desenhos infantis

que vão amadurecendo a partir da coodenação motora quanto no

desenvolvimento emocional. Esses desenhos que a primeira vista apresentam-

se simples, despretenciosos ou quase ingênuos, são capazes de conter um

valiosa carga comunicativa e emocional que pode “ilustrar” o perfil emocional

do ser humano em qualquer idade ou contexto social.

Na prática psicopedagógica, enfrentamos , inúmeras vezes, episódios

com crianças que nos revelam através do desenho, do traço, da posição,as

suas limitações ou dificuldades reais em relação à escola, a seus colegas, ou a

sua vida familiar. Ao analisar o desenho infantil, cabe os psicopedagogos

levantar indícios que poderão levá-lo a uma evidência ou seja, ao desenhar a

criança utiliza a folha de papel em branco para registrar, contar sua história.

Seja através de riscos, linhas, garatujas, entre outros. Ao elaborar ou

expressar a mensagem/desenho a criança pode fazê-lo conscientemente ou

não, e o papel em branco passa a ser o elo de ligação, o interlocutor , o

mediador entre quem desenha e a quem o desenho é mostrado.

Portanto o psicopedagogo necessita além da formação acadêmica,

utilizar-se de sutileza e sensibilidade no trato com crianças. Principalmente pela

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perspicácia pois, mudanças de humor, problemas familiares, dificuldades em

relação à tarefa, desafeto ou não identificação com a figura do

professor,desinteresse, são algumas reações, e sinais que podem ser

expressados através do desenho.

Ao utilizar o desenho infantil na investigação psicopedagógica, o

psicopedagogo deve observar os elementos que o compõem o desenho para

que se possa então, estabelecer os aspectos expressivos e projetivos que

permitirão uma análise mais ampla que possibilitará ao psicopedagogo traçar

estratégias de intervenção.

Assim, podemos dizer que o traço do lápis ao se apoiar sobre a folha de

papel traz consigo, inevitavelmente, o exato estado em que a criança se

encontra neste momento; esse estado aí permanece, pronto para que o vejam e

leiam todos aqueles que são capazes de compreender tal linguagem.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO

AGRADECIMENTO

DEDICATÓRIA

RESUMO

METODOLOGIA

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO

CAPÍTULO I

O DESENHO COMO SISTEMA DE COMUNICAÇÃO

NOS PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE

1.1 – Os pictogramas e os ideogramas

CAPÍTULO II

OS PRIMEIROS ESTUDOS SOBRE A PRODUÇÃO

GRÁFICA DAS CRIANÇAS

2.1 – O desenvolvimento do desenho infantil

CAPÍTULO III

OS MÉTODOS PROJETIVOS

3.1 – Aspectos importantes na estrutura e expressão do

desenho

CAPÍTULO IV

A UTILIZAÇÃO DO DESENHO INFANTIL COMO

INSTRUMENTO DE INVESTIGAÇÃO

PSICOPEDAGÓGICA

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CONCLUSÃO

BIBLIOGRAFIA

ÍNDICE

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