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TALITA BEDINELLI São Paulo 12 JUN 2015 - 20:42 BRT

DAVID HARVEY | GEÓGRAFO BRITÂNICO

“O que aconteceu em junho de 2013 noBrasil ainda não acabou”

Estudioso crê que protestos podem gerar forças à esquerda, mas teme sectarismos

Arquivado em:   Revoltas sociais   David Harvey   Syriza   São Paulo   Estado São Paulo  

Podemos   Mal-estar social   Brasil   Movimentos sociais   Conflitos políticos   América do Sul  

 A multidão de jo vens que se aglomerava na última terça-

feira na porta do Sesc Pinheiros, na zona oeste de SãoPaulo, poderia dar a impressão de que alguma grande

 banda descolada se apresentaria em breve. Mas a grandeatração do dia era o geógrafo marxista David Harvey  (Kent,1935), professor de antropologia da Universidade da Cidadede Nova York (Cuny), que veio ao Brasil para participar doSeminário Internacional Cidades Rebeldes, promovido pelaBoitempo Editorial. Na programação, quatro aulas deintrodução a sua obra ministradas pelos principais nomesda geografia, do urbanismo e da filosofia do Brasil, comoRaquel Rolnik  e Erminia Maricato.

 Apresentando a edição traduzida de sua obra “Paris, capitalda modernidade”, que chega agora às livrarias brasileiras, opróprio Harvey tomou o palco naquela tarde paraapresentar sua análise de como a exclusão promovida pelaurbanização de massa nas cidades desencadeia odescontentamento e as revoltas populares. E, como emalguns casos, a consequência se dá nos cenários políticos.Foi assim na Paris de 1848, analisada por ele em seu livro,na Baltimore de 1968 pós-morte do líder negro MartinLuther King, também estudada por ele, e na “pandemia derevoltas populares” vividas nos últimos anos em países

como Espanha (com o movimento dos Indignados),Turquia (com os jovens em defesa do parque Gezi) e oBrasil, com as revoltas de junho de 2013, que teve seu augehá exatos dois anos neste dia 13, quando o ato, em SãoPaulo, foi reprimido violentamente pela polícia, deixou

BRASIL

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centenas de feridos, e incendiou os protestos pelo país.

Dois dias depois de sua palestra, um otimista Harvey conversou com o EL PAÍS sobre esses movimentos e suasconsequências.

Pergunta. Na sua palestra você fez um paralelo entre osdistúrbios de Baltimore após a morte de Luther King, em1968, e os ocorridos em 2015, após a morte de Freddie Gray 

pela polícia. Como esses episódios tão distantes no temposão semelhantes?

Resposta. Em 1968, basicamente, estávamos lidandocom a situação do surgimento do movimento pelos direitoscivis nos Estados Unidos. O movimento de massa que havialá era organizado de uma forma muito poderosa. No finaldos anos 1960, isso começou a ficar muito perigoso para aestrutura política de poder e o perigo foi aumentandoporque estava emergindo uma conexão entre amarginalização racial e a distinção de classe. E, quando

 você coloca raça e classe juntas, é como uma dinamite. Foiisso que os Panteras Negras fizeram e eles eram,

 basicamente, perseguidos e mortos. Malcolm X e LutherKing foram mortos. De forma muito simplificada, umaforça política muito poderosa foi suprimida. A resposta, emalgum nível, foi que alguma pressão teve que ser retirada darepressão sofrida pelos negros. Então, seguimos por umnúmero de anos em que a classe média negra, educada,pode desabrochar. É uma minoria, mas ainda assimimportante. E chegamos ao ponto de termos um presidentenegro saindo disso.

Mas a distinção de classe sempre esteve lá e a camada maispobre da sociedade americana continua sendo negra ouhispânica. Não é por acaso que elas ainda vivem sob osmesmos tipos de condição, de repressão e isolamento. Emalguns aspectos, vivem em situação pior que a que viviamno final dos anos 1960 porque os trabalhos industriais,decentes, desapareceram agora. Então, quando uma novafase de distúrbios aconteceu em 2015, o que vimos foi umarevolta dessa população contra sua condição de vida. O queé verdade em todos os eventos urbanos que vimos ao redordo mundo recentemente é que o gatilho da revolta, em

muitos casos, é a morte de jovens negros pela ação policial.Mas a situação não tomaria as dimensões que tomou nãofosse a existência desse amplo senso de descontentamento ealienação, que está bastante espalhado na comunidade.Todo esse descontentamento aparece após um incidentecomo esse. Então, não é possível dizer que é por causa desseincidente que a revolta acontece, mas por causa dascondições de vida daquela população naquele momentohistórico.

P. Esse gatilho da violência policial apareceu em diversasoutras ocasiões. Aqui no Brasil, na Turquia, na Espanha. Osprotestos começam pequenos, segmentados, a polícia agecom violência e eles se tornam algo grande. Por que?

R. É muito difícil dizer porque acontece. A maioria de nós,inclusive eu, ficamos bastante surpresos com o que

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 As pessoas sesentemtrancadas emsua parte da

cidade e háessascomunidadesmuradas ondeelas não podem ir. Muitas pessoas

sentem que acidade estásendo tiradadelas

aconteceu, por exemplo, emFerguson, no Missouri, onde umprotesto de rua é seguido poruma força policial que pareceque está invadindo o Iraque. Eque, de fato, usou oequipamento militar do Iraquena rua, contra uma populaçãocivil que está simplesmenteprotestando, de forma legítima.O que acontece é que há umaintenção crescente de militarizaro descontentamento popular. Ereceber o descontentamentopopular com repressão. Isso élegitimado, cada vez mais, poressa retórica antiterrorismo,essa mentalidade antiterroristade que todos que não estãoagindo em conformidade com o

sistema são potencialmenteterroristas. Há essa mentalidadee a tendência de usar a forçapolicial, e usá-lainstantaneamente, para conter odescontentamento. Omovimento Occupy , de Nova

 York, que era muito pequeno e,em muitas maneiras, até inocente, foi recebido por umaferoz repressão policial. E todos ficaram se questionandoporque. No Brasil, assim como em Istambul, a violência da

resposta policial se tornou parte do problema e criou umaguerra urbana, entre as forças militares e os manifestantes,que também se tornaram cada vez mais sofisticados paralutar batalhas de rua.

P. Essa resposta pode ser um sinal de que os Estados nãoestão conseguindo compreender o que de fato estáacontecendo?

R. Acho que há uma distância em relação ao povo e aossentimentos do povo. Parte do que está movendo a raiva dapopulação é a sensação de que não há de fato uma

democracia, canais reais de consulta e de engajamento aoprocesso político. O Estado e um pequeno grupo de líderesde negócios poderosos tomam decisões sobre a construçãode um novo estádio de futebol, ou outros megaprojetos. Háum sentimento de alienação do processo político. E issoconstrói uma importante base para a frustração e a raiva.Pessoas alienadas tendem a ser muito passivas até quealguma coisa aconteça e elas se tornem bravas. E aí secomeça a ver protestos desse tipo, seguidos dessarepressão. Vimos isso em muitas cidades.

P. As próprias condições de vida e o processo de

urbanização também contribuem?

R. Acho que como residente de uma cidade, eu sempregostei de me sentir confortável na rua que eu vivo, de saberque eu tenho algo a dizer sobre a vida diária que se passa ao

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Há essamentalidadeantiterrorista

meu redor, e de ser capaz de desfrutar dessa vida. Aspessoas não têm o tempo para desfrutar a vida. Esse tempoé tomado por uma série de demandas, como obrigaçõesfamiliares e todo o resto. As pessoas estão estressadas. Epessoas estressadas tendem a ser revoltadas com ascondições da vida. Ao mesmo tempo, elas se encontramfrequentemente exploradas. Eu falo para os meusestudantes: ‘vocês podem não sentir isso na força detrabalho, mas e a companhia telefônica te explora? A empresa de cartão de crédito te explora?’ E eles dizem: ‘sim,sim! O proprietário do meu apartamento subiu o aluguelem mais de 30%!’ A vida é impossível. As pessoas vão a umtrabalho, que muitas vezes sentem sem significado. Há umalacuna de significado na vida. Há um descontentamentogeral com as condições. E, ao mesmo tempo, elas pensam:‘não há motivos para eu votar, se eu votar eles vãocontinuar fazendo a mesma coisa do mesmo jeito, não vãome consultar’. Há uma alienação com o processo político.Somando a isso, a segregação entra no quadro. As pessoasse sentem trancadas em sua parte da cidade e há essas

comunidades muradas onde elas não podem ir, todos esseslocais proibidos onde as pessoas não podem circular aoinvés de a cidade ser um ambiente aberto, onde as pessoaspodem circular, interagir.

P. Como o centro das cidades, que expulsam as populaçõespobres por se tornarem cada vez mais caros?

R. Muitas pessoas sentem que a cidade está sendo tiradadelas. Que a cidade que antes elas sentiam ser delas, dealguma forma está sendo roubada delas. O que éinteressante é que esse era um dos grandes sentimentos que

existia já na comunidade de Paris em 1871, de que areconstrução da cidade em volta de coisas muito burguesasforçou a massa da população para os subúrbios. Então

 vemos esses movimentos em que as pessoas, de formarevolucionária, tentam retomar a cidade.

P. Como em Istambul, como o parque Gezi, aqui no Brasil,com o Ocupe Estelita...

R. Sim, passei uma manhã muito agradável com eles emRecife, aliás.

P. A área, no fim, deve mesmo se tornar empreendimentoimobiliário.

R. As pessoas vão lá e lutam e é muito raro que elas de fatoganhem. Mas o outro sinal importante de tudo isso, que foi

 verdade aqui no Brasil, em 2013, é que quando algo queemerge em uma só cidade acaba contagiando outrascidades paralelamente é um sinal importante de que há algoerrado com toda a forma como o processo estáfuncionando. São as pessoas dizendo: ‘temos que mudar oprocesso radicalmente’.

P. E como mudar? Aqui noBrasil o aumento da tarifadesencadeou os protestos em

 várias cidades. Diferentesdemandas surgiram, mas não

 vivemos uma mudança política

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de que todosque não estãoagindo emconformidadecom o sistema

são potencialmenteterroristas e atendência deusar a força policial, e usá-la

instantaneamente, para conter odescontentamento

como ocorreu na Espanha, como Podemos, ou na Grécia, com oSyriza. Por acha que issoaconteceu?

R. Eu não sei. É algo que eugostaria de saber de você. Achoque a questão que euperguntaria é: tem certeza de

que nada mudou? As pessoas vão para as ruas, a memóriadaquilo não desaparece da noitepara o dia. Neste momento,provavelmente, tudo está umpouco confuso pelos protestosliderados pela ala da direita[contra a presidenta DilmaRousseff] e ninguém sabe qual aforma política que os protestosde esquerda vão tomar. Ainda

não se produziu um Podemos,um Syriza. Na Turquia, esseprocesso também promoveu umnovo partido político, que é ocurdo HDP, que foi eleito agorapara o Parlamento e evitou queo presidente reescrevesse a

Constituição para ter poderes absolutos, o que foi ummomento importante para a democracia do país e que nãoteria acontecido sem o chamado processo Gezi [emreferência à revolta gerada pela intenção de construir um

shopping no local do parque Gezi]. Aqui, eu acho que oproblema é que vocês têm a Dilma e o PT no poder. O PT setornou mais neoliberal, está implementando uma série depolíticas de austeridade e ninguém se sente animado aapoiar isso, a ir às ruas e apoiar Dilma e as políticas deausteridade. As pessoas gostariam de sair às ruas e apoiaralgo diferente. Mas, no momento, esse algo diferente nãoexiste. Pode vir no futuro, quem sabe. Eu suspeito que vaiemergir.

P. Seria possível, a essa altura, o PT voltar a ser o que era?

R. O PT poderia mudar. Mas a gente vê exemplos de outrospaíses, como a Inglaterra, onde o Partido Trabalhistamudou para ser um partido mais radical e a resposta foinegativa. Eu suspeito que para o PT não vai ser maispossível. Isso iria requerer uma grande revolução dentro dopartido. Há outros partidos de esquerda menores quetendem a ser mais sectários e que poderiam se unir, comoaconteceu com o Syriza, em uma força política maiscoerente. Nesse caso, eles com certeza invocariam o espíritode junho de 2013, sendo a base do que eles gostariam defazer. Acho que o aconteceu em junho de 2013 ainda nãoacabou e as consequências ainda estão para ser conhecidas.

P. O Estado pode agir para mudar o que tem provocadoesse descontentamento geral?

R. Depende da base social do aparato estatal. O aparatoestatal tem uma burocracia que tende a operar de uma

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Essa abertura para aesquerda na política é muito maisdifícil e as pessoas, àsvezes, têm quedeixar de ladoas suas visões

sectárias edizer: ‘ok, é maisimportante ser solidário doque estar certo’

maneira própria, independentemente do poder político.Essa burocracia é mais alinhada com o que osdesenvolvedores querem. Quando se trata de um poder comuma base política muito forte, então o lado político tende aser mais combativo contra os grandes projetos. Pode pararalguns dos megaprojetos, começar a se colocar em parceriacom os movimentos sociais. Então, um movimento de

 bairro que está demandando melhorias na qualidade de vida poderá achar um Estado que é parceiro, em oposição aum contra o qual ele tem que entrar em confronto. Serámuito interessante de ver o que vai acontecer em Madri eem Barcelona, por exemplo, onde duas prefeitas forameleitas com base em uma força social que dizia que é precisofazer alguma coisa diferente. E vamos ver o quanto o queelas conseguem fazer é, de fato, diferente. Vimos em Nova

 York, um prefeito mais inclinado à esquerda sendo eleito.Mas, até agora, ele ainda não foi capaz de fazer muitoporque os poderes financeiros o pararam.

P. Temos um processo parecido em São Paulo, com o

prefeito Fernando Haddad. Como consequência, parece quehouve um afastamento dos movimentos sociais que oapoiaram.

R. É sempre muito difícilmanter essa conexão viva. Oprefeito se transformar noparceiro dos movimentos sociaisé sempre um pouco perigosoporque as pessoas que financiamas eleições não vão maisfinanciar aquele prefeito. É

assim que a política local é dada.Mas, por outro lado, se osmovimentos sociais são fortes epoderosos o suficiente, elespodem garantir a eleição doprefeito. É assim que a luta declasse pode começar a retomaras coisas. Los Angeles e Seattleestão agora demandando umsalário mínimo para todos osque trabalham naquelas cidades.

O salário mínimo federal é de 7dólares a hora e eles estãoelevando para 15,progressivamente. É a cidade semovendo porque a populaçãodecidiu eleger pessoasprogressistas. E para elescontinuarem a ser reeleitos, elestêm que continuar fazendocoisas progressistas, como issode elevar o salário mínimo.

P. Você, então, parece otimista em relação a essesmovimentos ao redor do mundo.

R. Acho que coisas interessantes estão acontecendo nomomento, como o que aconteceu em Barcelona, como o que

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aconteceu em Madri, em Los Angeles, em Seattle. Hámuitos movimentos acontecendo no momento. Passamospor dez anos em que não houve nenhum movimento nessadireção. Agora há um movimento que está indo na direçãocerta e que tende a se fortalecer e ir para algum lugar.

P. Mas você também destacou na sua palestra que a falhadesses movimentos pode dar espaço para o fortalecimentoda extrema direita.

R. Acho que essa é a outra possibilidade. E é por isso queeu acho que é crucial para as pessoas começarem areconhecer que esse é um momento histórico importante,que essa abertura para a esquerda na política é muito maisdifícil e as pessoas, às vezes, têm que deixar de lado as suas

 visões sectárias e dizer: ‘ok, é mais importante ser solidáriodo que estar certo’.

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