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CURSO DE FORMAÇÃO DE GESTORES E EDUCADORES DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO
INCLUSIVA E DO DIREITO A DIVERSIDADE
PROF°. EDMARCIUS CARVALHO
edmarciuscarvalho.blogspot.com
Cachoeiro do Itapemirim – ES12 e 13 de setembro de 2011
EDMARCIUS CARVALHO NOVAES
Bacharel em Direito. Especialista em Docência para o Ensino Superior. Cursou disciplina isolada de Mestrado em Lingüística: Variações
Lingüísticas em Libras na UFMG. Pós-graduando em Direito Público; Administração Pública e Gestão de Cidades; Educação e Inclusão:
Libras.
Gerente da CAAD - Coordenadoria de Apoio e Assistência à Pessoa com Deficiência de Governador Valadares
Palestrante sobre Direitos Humanos, Inclusão SocialDireitos das Pessoas com Deficiência, Libras,
Educação Inclusiva.
Autor do livro: “SURDOS: Educação, Direito e Cidadania” (WAK Editora, 2010).
Blog:www.edmarciuscarvalho.blogspot.com
CURSO DE FORMAÇÃO DE GESTORES E EDUCADORES DO PROGRAMA DE EDUCAÇÃO
INCLUSIVA E DO DIREITO A DIVERSIDADE
O professor trabalhando com Libras no Ensino Regular e no Atendimento
Educacional Especializado
TEMPESTADE CEREBRAL
O que eu faço com meu aluno surdo na sala regular e no AEE?
UMA QUESTÃO INICIAL
SURDO:
Aquele que não escuta o mundo por meio de audição,
impossibilitando compreender a fala oral-auditiva. Possui
um código lingüístico codificado em sua mente e mãos, e
sente a necessidade de se expressar por meio deste.
MUDO:
Impossibilitado de usar a palavra falada por impedimento
orgânico ou virtude de inibição psíquica (emoção, medo,
ódio, etc.), não se expressando de modo algum, nem
emiti sons.
UMA QUESTÃO INICIAL
SURDO-MUDO:
Nomenclatura depreciativa ou discriminativa, dada aos surdos
antes do reconhecimento de seu meio de comunicação natural
e próprio da comunidade surda, a Libras.
DEFICIENTE AUDITIVO:
Pessoa com possui falta ou falha parcial da audição, não
passando com precisão no conduto auditivo as informações
por meio da transmissão oral. Este usa do seu resíduo
auditivo, da leitura labial e língua oral-auditiva para se
comunicar com o mundo.
A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DA LÍNGUA
BRASILEIRA DE SINAIS1. Linguagem – Concepção Saussuriana
É um sistema (elementos ordenados e relacionados entre si –
concepção pós estruturalista: organização e solidariedade)...
... Que visa comunicação (representação de experiência
específica)...
... A partir de elementos básicos, que são os signos
(significante –conceito, e significado/forma).
A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DA LÍNGUA
BRASILEIRA DE SINAIS1. 1. Língua:
Uma das manifestações da Linguagem.
Sistema composto por signos. Se dá a partir de palavras/unidades
básicas (itens lexicais), consideradas signos verbais.
1. 2. Língua Brasileira de Sinais:
Por ser composta por palavras, é considerada uma Língua, que
sendo sistemática, é também uma manifestação de Linguagem.
A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS
1. 3. Signo Lingüístico -Unidades:
Significante Significado(Forma) (Conteúdo)
Línguas oral auditivas:
Imagem Acústica Conceito de características que (som)definem as coisas
Línguas visual espaciais:
Imagem Cinética Conceito de características que (movimento) definem as coisas
A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DA LÍNGUA
BRASILEIRA DE SINAIS1. 3. Signo Lingüístico - Unidades:
Significante Significado(Forma) (Conteúdo)
Conclusões:
a) Nem todo significante é uma imagem acústica;
b) A diferença, a priori, entre as Línguas Orais Auditivas e Línguas
Visual Especiais é a natureza do significante, pois na última ela se
manifesta num movimento.
c) Quando se faz o movimento ‘casa’ com as mãos, o surdo capta
aquela imagem e o conceito subjetivo de casa que o surdo possui
é registro pelo cérebro, dando significado para aquele sinal.
A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DA LÍNGUA
BRASILEIRA DE SINAIS1. 3. Signo Lingüístico -Manifestações:
a) Arbitrária (sem relação de compromisso entre o significante e o significado) tornando-se Convencional (aceito numa determinada cultura).
b) Icônica (justifica relação entre significante e significado).
A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DA LÍNGUA
BRASILEIRA DE SINAISExemplos em LIBRAS – Sinais
Icônicos
A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DA LÍNGUA
BRASILEIRA DE SINAISExemplos em LIBRAS – Sinais
Arbitrários
A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DA LÍNGUA
BRASILEIRA DE SINAIS2. Níveis de Organização Gramatical:
Importante a análise de cada nível de organização gramatical no
estudo de qualquer língua.
Língua Portuguesa LIBRAS
Fonético/Fonológico Configuração de
Mãos
Morfológico Ponto de
Articulação
Sintaxe Movimento
Semântico/Pragmático Orientação
Textual Discursivo Expressões
A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DA LIBRAS PARA A COMUNIDADE SURDA
É através da Língua de Sinais que a comunicação das pessoas
surdas acontece com mais rapidez e eficiência. Isso tanto entre
surdos como também entre surdos e ouvintes. A Libras é
independente da Língua Portuguesa, mesmo sendo composta pelos
níveis lingüísticos: fonológico, morfológico, sintático e semântico.
Assim, também, como na língua oral, a Língua de Sinais possui o
REGIONALISMO, o que reforça sua legitimidade como língua. Então,
quando mais cedo uma pessoa surda aprender a Língua de Sinais,
mais facilmente ela terá conhecimento do mundo e mais rápido
será o seu desenvolvimento cognitivo.
A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DA LIBRAS PARA A COMUNIDADE SURDA
A aprendizagem da Língua de Sinais por uma pessoa surda acontece
naturalmente, assim como quem ouve aprende a língua oral de seu país. Logo, se
uma criança que nasceu surda não fizer parte de uma família também de surdos, é
importante que ela seja levada a uma comunidade de surdos, associação de surdos
e/ou uma escola bilíngüe (escola onde os alunos estão em contato com a Língua de
Sinais e com a Língua Portuguesa).
A Língua de Sinais não é universal. Muitos países possuem a sua própria língua de
sinais. Aqui no Brasil, a Libras foi oficialmente reconhecida como meio legal de
comunicação e expressão das pessoas surdas. Sancionada pelo Presidente da
Republica, no dia 24 de abril de 2002, a Lei nº 10.436 passou a garantir o seu uso
em lugares públicos e empresas como meio de comunicação. Em 22 de dezembro
de 2005, o Presidente da Republica assinou o Decreto nº 5626, que regulamentou
a Lei de Libras.
A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DA LIBRAS PARA A FAMÍLIA
A criança que nasce surda em uma família de pais surdos tem uma
comunicação natural e direta através da Língua de Sinais. Já para a
criança que nasce em família de pessoas ouvintes, sua comunicação
não será rápida e direta. Essa família depende de profissionais para
ensinar a Língua de Sinais e/ou para trabalhar a oralidade da criança.
O tempo e a fluência dessa comunicação familiar dependerá das
escolhas e da dedicação à criança. As aulas de Língua de Sinais
deverão ser ministradas por pessoas surdas e, sempre que possível,
que essas pessoas tenham formação em Instrutor de Libras, curso esse
que é oferecido por instituições da área da surdez preparadas para
isso.
A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DA LIBRAS PARA
A SOCIEDADENa sociedade, a forma de comunicação é fundamental para se
transmitir e receber informações. Para acompanhar a evolução do
mundo com a rapidez em que a comunicado acontece, uma pessoa
surda, também precisa estar recebendo informações tão rápidas
quanto necessário. A Língua de Sinais é a possibilidade de
acompanhar esse processo de comunicação não escrita, em um
grupo social.
Falta a essa sociedade disponibilizar meios para que isso aconteça.
A falta de informações sobre a língua também torna mais difícil
para a pessoa surda possa usufruir seus direitos de cidadania.
A IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DA LIBRAS PARA
A SOCIEDADE
O silencio torna-se uma barreira entre surdos e
ouvintes, e a Língua de Sinais pode quebrar essa
barreira. Ainda que muitos surdos façam uso da fala
(por isso não se usa mais o termo surdo-mudo), isso
não os tornam capazes de ouvir.
É através da Língua de Sinais e com a atuação de um
interprete de Libras que o sujeito surdo tem a
possibilidade de participar de eventos como cultos
religiosos, palestras, seminários, etc.
A HISTÓRIA DAS LÍNGUAS DE SINAIS
Não temos ainda, oficialmente, registros sobre o surgimento
da Língua de Sinais no mundo. O registro iconográfico mais
remoto encontrado é do ano de 1579, com a representação de
um alfabeto digital, numa gravura em madeira extraída da
obra de “Cosmas Rosselius” em Veneza. Segundo
historiadores, foi no século XVII, na Espanha, que as pessoas
surdas passaram a fazer uso do alfabeto manual durante as
aulas.
A HISTÓRIA DAS LÍNGUAS DE SINAIS
Os monges que faziam uso desse tipo de
comunicação nos mosteiros, por causa do voto
do silencio, passaram a ensinar o alfabeto dos
surdos. Em seguida, na França, Abade L’Epée,
ao fundar uma classe para pessoas surdas,
criou uma linguagem de gestos denominada A
LINGUAGEM DE SINAIS METÓDICOS.
A HISTÓRIA DAS LÍNGUAS DE SINAIS
A HISTÓRIA DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS
Essa linguagem, através de gestos, era diferente do alfabeto
manual usado pelos monges, por possuir códigos com
significados, em que cada gesto representava uma palavra ou até
uma frase. Foi o sucessor de Abade L’Epée, Abade Sicard, quem
escreveu o primeiro dicionário em sinais. Há um outro registro
importante do passado: o alfabeto que se encontra no livro do
“L’Abbé Deschamps” do século XVII.
A HISTÓRIA DA LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS
Aqui no Brasil, do que temos conhecimento, o registro mais
remoto é do ano de 1875, produzido pelo aluno do Instituto
(INES), Flausino José da Gama, intitulado “Iconographia dos
Signaes dos Surdos-Mudos”, estando seu original na
Biblioteca Nacional e uma cópia na Biblioteca do INES.
22 Setembro de 1857Criação do Instituto de Surdos Mudos
PRÁTICAS E
FILOSOFIAS
EDUCACIONAIS
PARA
PESSOAS
SURDAS
ORALISMO
Preocupa-se com o ensino
da língua oral através de
vários métodos. Tais como:
verbo tonal, leitura labial e
outros. Aqui no Brasil, as
pessoas que seguem a
filosofia oralista só ensinam
a língua portuguesa e
geralmente não aceita a
LIBRAS.
GRAUS DE PERDA AUDITIVA E RELAÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM E DA FALA
Audição normal - de 0 a 25 dB
Surdez leve — de 26 a 40 dB
(Som do relógio, ou mesmo uma conversação silenciosa, cochicho).
Surdez moderada — de 41 a 70 dB.
(Voz fraca ou o canto de um pássaro, conversação normal).
Surdez severa — de 71 a 90 dB
(Telefone tocando ou ruídos das máquinas de escrever).
Surdez profunda — acima de 91 dB.
(Ruído de caminhão, boate, de uma máquina de serrar madeira ou, ainda, o ruído de um avião decolando)
TRATAMENTOS CLÍNICOS
Próteses Auditiva
Implante Coclear
Fonoaudióloga
COMUNICAÇÃO TOTAL
É a filosofia educacional que
procura desenvolver todas
as habilidades de
comunicação. Tais como: a
fala, a audição, os sinais, a
leitura, escrita e outros
recursos. Aqui no Brasil e
em outros países, a
comunicação total utiliza-se
muito do Bimodalismo (É a
utilização simultânea das
duas modalidades de
língua: oral-auditiva e a
gestual-visual, misturando
as duas e deformando-as).
BILINGUISMO
Uso de duas línguas por uma
pessoa. O surdo que sabe
LIBRAS e o Português é
“bilíngüe”.
O Bilingüismo tem por
finalidades: facilitar a
aquisição de conceitos pelo
aluno surdo; facilitar a
assimilação de conteúdos
de currículo básico;
proporcionar um real e
efetivo meio de informações
a estes indivíduos; busca de
uma educação que se
preocupa com indivíduos e
não somente com sistemas
que precisam ser
aprovados.
TREINANDO UM POUCO...
TREINANDO UM POUCO...
QUEM É O NOSSO PÚBLICO ALVO?
Pessoa surda é aquela que se reconhece
como surda, que possui uma cultura
surda, vive na comunidade surda e
utiliza a Língua Brasileira de Sinais para
se comunicar.
QUEM É O NOSSO PÚBLICO ALVO?
Entre os surdos, o que diferencia o sujeito
surdo é “o pertencimento ao grupo usando a
língua de sinais e a cultura surda, que
ajudam a definir as suas identidades
surdas”.
QUEM É O NOSSO PÚBLICO ALVO?
Cultura Surda é “o jeito de o sujeito surdo
entender o mundo e de modificá-lo a fim de se
torná-lo acessível e habitável ajustando-os com
as suas percepções visuais, que contribuem para
a definição das identidades surdas e das almas
das comunidades surdas. Isto significa que
abrange a língua, as idéias, as crenças, os
costumes e os hábitos de povo surdo” (STROBEL,
2008, p. 24)
QUEM É O NOSSO PÚBLICO ALVO?
Comunidade surda é “um grupo de
pessoas que vivem num determinado
local, partilham os objetivos comuns
dos seus membros, e que por diversos
meios trabalham no sentido de
alcançarem estes objetivos” (PADDEN e
HUMPHIRES, 2005, p. 5).
QUEM É O NOSSO PÚBLICO ALVO?
Identidade Surda surge por intermédio
de transmissão coletiva de
comportamentos pelo povo surdo nas
comunidade surdas, ocorrendo
naturalmente quando os membros
surdos se encontram nestas
comunidades (NOVAES, 2010, p. 58).
QUEM É O NOSSO PÚBLICO ALVO?
A necessidade de se transmitir a identidade e a
cultura surdas é que “os sujeitos surdos, quando se
identificavam com a comunidade surda, estão mais
motivados a valorizar a sua condição cultural e, assim,
passariam a respirar com mais orgulho e
autoconfiantes na sua construção de identidade e
ingressariam em uma relação intercultural (com os
ouvintes), iniciando uma caminhada sendo respeitado
como sujeito ‘diferente’ e não como ‘deficiente’
(inserção nossa)” (STROBEL, 2008, p. 31).
REFLEXÃO
“Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas. Escolas
que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a
arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle.
Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser.
Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser
pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo. Escolas que
são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam
são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem
para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o
vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser
ensinado. Só pode ser encorajado.” (Rubem Alves)